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Julianne Fischer
Universidade Regional de Blumenau
july@furb.br
Abstract. The presented research, developed with blind educandos and professors
of arts of municipal public schools of Blumenau, searched to reflect on as if they give
to the directions and the actions of inclusion of blind pupils and professors in the
lessons of visual arts. The research, of qualitative matrix, had as instrument of
collection of data, half-structuralized interview e, as it arrives in port theoretical, the
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ISSN 1809– 0354 v. 3, nº 1, p. 153-168, jan./abr. 2008
1. Introdução
Desde o tempo das cavernas, o homem já representava o mundo
artisticamente, a fim de comunicar e expressar suas idéias. A arte está presente na
vida do homem não apenas como meio de comunicação e expressão, mas também
como área de conhecimento. Por meio da arte, o homem desenvolve uma rede de
conexões que permite o desenvolvimento da linguagem proporcionando o
conhecimento de si mesmo, da sua cultura e do mundo. Arte envolve a construção
de linguagem, modo singular de reflexão humana, onde interagem o racional e o
sensível. (CASTANHO, 1982).
Por envolver a construção da linguagem e o conhecimento sensível e cultural,
de maneira singular, o ensino da arte nas escolas deverá ser pensado da mesma
forma e ser desenvolvido para que propicie o contato com a diversidade e o respeito
por ela. Puccetti (2008, site) defende que as produções artísticas devem ser
pensadas no sentido de propiciarem a inclusão, sob a perspectiva da diversidade, e
de possibilitarem diferentes percepções do mundo, “pois a diferença é o olhar que se
tem para a diversidade”.
A partir de uma perspectiva de educação para todos, é necessário possibilitar
condições viáveis e ao mesmo tempo desafiadoras para cada aluno, explorando a
aprendizagem nas possibilidades, e não nas deficiências. Mantoan (2003) e
Carvalho (2004) consideram a proposta de educação inclusiva como fundante de
uma escola igualmente inclusiva, acolhedora dos alunos, de suas singularidades e
diferenças, cujo alvo básico é a dissipação das barreiras para uma aprendizagem
efetiva.
No contexto de inclusão escolar, aqui especificamente nas aulas de artes,
realizou-se uma pesquisa cuja questão norteadora foi a seguinte: Como se dão os
sentidos e as ações de inclusão de alunos cegos e professores nas aulas de artes
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Eu vejo assim que, nas outras matérias, nas outras disciplinas, ele, ele
participa através dos, através dos livros que ele tem, né que já tem
algumas coisas escritas e também é ditado pra ele a matéria, o
conteúdo e através daquela máquina né, ele digita, ele registra o que
ouve. Agora na matéria de artes eu tenho bastante dificuldade porque
realmente eu não sei, sabe, o que fazer [...].
Como se pode observar, por meio dos dizeres da Professora B, para ela, os
instrumentos e as estratégias de trabalho em outras aulas não são possíveis de
utilização e adequação para as suas e, principalmente, a ausência de visão traz
restrições ao trabalho, inviabilizando grande parte das propostas sugeridas pela
professora.
A história do ensino da arte na escola não é recente. Hoje, se pode afirmar que
a arte-educação vem ganhando espaço e reconhecimento por se tratar de área de
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Da outra vez que a gente fez uma boneco, também costurado assim,
as outras crianças do grupo fizeram um bonequinho pra ela e deram
pra ela, pra ela mexer, pra ela manusear. Aí ela disse o que é um
boneco. Ela não sabia, ela não tem noção entende, do que é um
boneco, do que é um fantoche. Daí a gente deu o bonequinho, as
crianças apresentaram o teatro e ela foi junto também.
conceito de “bonito”. Cabe refletir, nesse momento, sobre o modo como possíveis
julgamentos de beleza podem interferir no planejamento dos professores de arte,
muitas vezes subestimando a capacidade dos alunos.
Sobre a produção artística, Puccetti, lembra:
É, formas geométricas.
Sim, quadrado, retângulo, triângulo e círculo.
É , círculo.
3. Considerações finais
A partir da pesquisa desenvolvida sobre as práticas pedagógicas em artes
visuais para alunos cegos, compreendeu-se que a amizade entre as crianças e sua
interação com o grupo são fatores fundamentais para o desenvolvimento de todas
as crianças, como diferenciais no processo de inclusão, de ensino e de
aprendizagem e que, para trabalhar as artes visuais com cegos, o profissional da
educação necessita criar estratégias e adaptações que utilizem outros meios de
comunicação e informação, além de descentralizar a idéia de que artes visuais
estaria vinculada apenas a utilização da visão como meio de apropriação das
informações nelas constadas. Faz-se necessário também que este mesmo
profissional atente principalmente as práticas pedagógicas que instigue à construção
humana sensível das pessoas. O papel da arte é desenvolver o conhecimento
sensível, proporcionar a esses alunos momentos de reflexão sobre o mundo onde
estão inseridos para que possam perceber, sentir, imaginar e criar perante a vida.
JULIANNE FISCHER
Pedagoga pela Fundação Universidade Regional de Blumenau FURB (1985),
mestrado, Mestre em Educação pelo FURB (1995) e doutora em Engenharia de
Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2001) Atua como
professora e pesquisadora no Departamento de Pedagogia e no Programa de Pós-
Graduação, Mestrado em Educação, da FURB, com ênfase em Alfabetização,
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