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a revista do engenheiro civil


téchne 125 agosto 2007

www.revistatechne.com.br

apoio
IPT techne
Edição 125 ano 15 agosto de 2007 R$ 23,00
■ Especial concreto ■ Auto-adensável ■ Aparente ■ Rolado ■ Reação álcali-agregado ■ Deformação lenta ■ Arnold Van Acker

ENTREVISTA
ARNOLD VAN ACKER
Edifícios altos
pré-moldados
ARTIGO
Fluência do concreto

Galeria Leme
(SP)

00125

Concreto:
9 77 0 1 04 1 0 50 0 0

estado-da-arte
ISSN 0104-1053

 Auto-adensável  Aparente
 Compactado com rolo  Reforço estrutural
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SUMÁRIO
CONCRETO APARENTE
36 Acabamento final
Como produzir e aplicar concreto para
uso sem revestimento

52 DEFORMAÇÃO LENTA
Variável concreta
Como considerar a fluência do concreto
e evitar deformações exageradas
nas estruturas

58 ARTIGO
Considerações sobre fluência
de concretos
Selmo Chapira Kuperman explica esse
Nelson Kon

fenômeno e como domá-lo

76 COMO CONSTRUIR
Reforço de estruturas de concreto
32 CONCRETO com fibras de carbono
ROLADO Veja passo a passo como calcular
Mistura quase seca e executar reforços com manta
Pavimentos, usinas e barragens
ganham rapidez com método
de concretagem quase a seco SEÇÕES
Acervo pessoal

Editorial 4
24 40 ÁLCALI-AGREGADO
Reação perigosa
Web
Área Construída
8
10
ENTREVISTA Britas e areia podem reagir com Índices 14
Torres pré-moldadas alguns cimentos e provocar IPT Responde 16
Especialista belga Arnold Van Acker fala patologias no concreto Carreira 18
sobre a construção de edifícios altos Melhores Práticas 20
com pré-fabricados 46 CONCRETO AUTO- P&T 64
ADENSÁVEL Obra Aberta 70
30 TÉCNICA E AMBIENTE Mistura plástica Agenda 72
Sustentável desde o canteiro Propriedades ajudam execução
Unidade bancária tem projeto de estruturas com altas taxas Capa
diferenciado desde o planejamento do de aço e que necessitam Layout: Lucia Lopes
canteiro até os sistemas agregados de acabamento final Foto: Marcelo Scandaroli

2 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007

É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver
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EDITORIAL
Pela volta da Engenharia à vida nacional
VEJA EM AU
á um traço comum entre os vários episódios dramáticos que
H têm ocupado espaço na mídia nos últimos meses. Acidentes,
tragédias e outras ocorrências de causas díspares têm evidenciado
a falta de valorização da Engenharia pela sociedade brasileira.
Parece haver em nossas obras, órgãos públicos, agências
reguladoras, concessionárias e até nas empresas privadas, uma
prevalência de aspectos econômicos e políticos (muitas vezes
partidários) em detrimento dos parâmetros técnicos. O fenômeno  Condomínio Iracema
começa desde a seleção e escolha dos profissionais: controllers,  Ponte em Rio das Ostras
 Planetário do Ibirapuera
assessores especiais e até lobistas costumam ser mais valorizados do  Siegbert Zanettini
que técnicos capacitados e experimentados em projetos e execução.
Manifestar-se contra tal realidade tornou-se, inclusive, sinônimo VEJA EM CONSTRUÇÃO
de ingenuidade ou idealismo infantil. Não devemos, entretanto, MERCADO
apenas lamentar o afastamento de nossos melhores técnicos do
poder de decisão. Nossos profissionais precisam defender, à luz dos
recentes fatos, o retorno de nossa Engenharia ao centro das questões
nacionais. Sem o tecnicismo desprovido de bom senso que prefere
ignorar a política. Mas com uma balança equilibrada, sobre a qual
os parâmetros técnicos sejam vistos com o respeito que merecem
em qualquer país civilizado do mundo. O Brasil precisa saber se a
pista do aeroporto está em condições de operação; se as contenções
do emboque de um túnel são seguras; se as curvas de uma nova  Qualificação de mão-de-obra
 Terceirização
rodovia foram bem projetadas. E é assim que a História nos coloca  Treinamento
o desafio do crescimento e da necessidade premente de infra-  Empresas na Bovespa
 Segurança no trabalho
estrutura. Em nome do País, engenheiros, arquitetos e demais
profissionais da construção civil devem se colocar à disposição para
que as obras das quais necessitamos sejam projetadas e executadas
com qualidade, segurança e dentro da ética. O momento requer
uma verdadeira convocação. Que os bons profissionais saibam
atendê-la com determinação e coragem.

4 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007


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´
techne
Vendas de assinaturas, manuais técnicos, Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)
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Segunda a sexta das 9h às 18h Diretor Geral
Ademir Pautasso Nunes
4001-6400
principais cidades*
´
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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Reação álcali-agregado
Nos extras da reportagem "Reação perigosa", o engenheiro civil Ercio Thomaz,
Fórum Téchne
pesquisador do Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído do O recebimento de comissão para a
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo), responde a dez especificação de materiais (reserva
perguntas freqüentes sobre reação álcali-agregado (RAA). técnica) é um procedimento correto?
Entendo que a especificação de qualquer
material deve ter como finalidade a
melhor solução para o projeto do cliente
(qualidade, durabilidade, preço e
adequação às características do local).
Se o especificador recebe "comissão",
coloca em dúvida o próprio projeto e os
materiais especificados, pois, para auferir
maior lucro, poderá optar pelos produtos
mais caros e/ou até dispensáveis.
Maria Alice Rodrigues Pereira
Acervo pessoal de Tibério Andrade

24/07/2007 15:40

Não existe "o melhor" produto/serviço,


mas sim o de melhor desempenho para
cada necessidade. O conhecimento deve
ser o norte de quem especifica, e não o
canto de sereia do ganho aparentemente
fácil da comissão. Quem quiser se expor
Método chinês exigindo ou aceitando comissão, que o
Aprenda sobre as peculiaridades do faça, assuma a responsabilidade, mas
Acervo pessoal de Francisco Rodrigues Andriolo

CCR (Concreto Compactado com Rolo) tenha o zelo de guardar a reserva técnica
executado de acordo com o método para eventuais necessidades de bancar
chinês rampado. A técnica proporciona, os reparos materiais que venham a surgir.
basicamente, uma movimentação otimizada Já o reparo moral ...
das fôrmas e a eliminação da argamassa de Eduardo Muzzolon
ligação entre as subcamadas de concreto. 27/07/2007 11:43
Material disponível como conteúdo extra da
reportagem "Mistura quase seca", sobre CCR. Os softwares de cálculo banalizaram
os projetos de estruturas e
prejudicaram profissionais
experientes?
Agência sustentável Não. Os softwares são apenas uma
Divulgação: Trieme Construção e Gerenciamento

Confira mais fotos das principais soluções ferramenta que na mão dos grandes
sustentáveis da agência do Banco Real na profissionais propiciam a elaboração de
Granja Viana, região Metropolitana de São grandes projetos. Mas a criatividade e a
Paulo. A agência, apresentada na seção experiência continuam sendo qualidades
Técnica e Ambiente, recebeu certificado básicas que devem ter os bons
Leed (Leadership in Energy and profissionais da área, às quais software
Environmental Design) de empreendimento nenhum consegue substituir.
sustentável, o primeiro concedido pela Cesar Eduardo Dantas
entidade na América do Sul. 19/06/2007 14:21

8 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007


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ÁREA CONSTRUÍDA
Passarela metálica estaiada é entregue
Em julho foi entregue a passarela es- ras, piso tátil e elevador – e sua estru-
taiada que atravessa a avenida Cidade tura é suportada por 21 hastes metá-
Jardim, próxima à ponte de mesmo licas. A mais longa mede 53,5 m e a
nome, na cidade de São Paulo. A menor, 23,2 m. O aço da estrutura da
obra, batizada Miguel Reale, atende- passarela é do tipo Corten, material
rá cerca de cinco mil usuários da es- resistente à ação das intempéries. A
tação de trem anexa à obra. A passa- altura da passarela é de 6,10 m, que

Milton Michida
rela é equipada com itens de acessibi- atende à necessidade de passagem de
lidade – como corrimão de duas altu- caminhões altos.

Construção quer acabar com balancim catraca


Os empresários do setor da construção tal-Trabalho do SindusCon-SP (Sindi- na sede da entidade. Segundo Ishika-
civil querem acabar, em cinco anos, cato da Indústria da Construção Civil wa, a eliminação desse tipo de balan-
com a utilização de andaimes suspen- do Estado de São Paulo), Haruo Ishi- cim visa preservar os trabalhadores do
sos tipo catraca. A informação partiu kawa, durante um seminário sobre se- intenso esforço ergonômico necessá-
do diretor do setor de Relações Capi- gurança em manutenção de fachadas rio para deslocar o equipamento.
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dos como o engenheiro Roberto de


Soluções estruturais Oliveira Alves (Téchne 94), da Fi-
em foco gueiredo Ferraz, Flávio Correia
O Construtech 2007 – Fórum PINI D'Alambert, Virgílio Augusto Ramos
de Tecnologias & Negócios da Cons- e Marcelo Waimberg fazem parte do
trução trará no dia 24 de outubro, time de palestrantes. O evento será

Luciano Candisani
em São Paulo, um ciclo de palestras realizado no Centro de Convenções
sobre cases de projetos estruturais di- Frei Caneca, na região central da capi-
ferenciados. Foram selecionadas tal paulista. Para mais informações e
obras como a "Ponte do Gênesis II" inscrições, acessar www.piniweb.com/
(Téchne 113), o "Hospital Materni- na Venezuela, e o "Centro de Con- ConstruTech/, enviar um e-mail para
dade São Luiz Anália Franco", a "Se- venções do World Trade Center". eventos@pini.com.br ou ligar para
gunda Ponte sobre o rio Orinocco", Profissionais reconhecidos e premia- (11) 2173-2396.

Pavimento de concreto em Curitiba


A avenida Santa Bernadethe, trecho de 6 o acompanhamento de todo o processo
km que liga o centro de Curitiba à rodo- de execução da construção da via.A obra
via BR-476,é mais uma via da capital pa- contemplou ainda a utilização de piso
ranaense que recebe pavimentação em intertravado em todos os cruzamentos e
concreto. Para a obra, a Prefeitura con- travessias e concreto compactado com
tou com a consultoria e o apoio técnico rolo na sub-base do pavimento.A aveni-

Divulgação: Prefeitura
da ABCP (Associação Brasileira de Ci- da teve uma área total pavimentada de
mento Portland), incluindo a elabora- 43.195 m², que consumiu 9.476 m³ de
ção do projeto, o treinamento de execu- concreto,além dos 4.980 m³ de concreto
ção para os técnicos e mestres-de-obras e compactado com rolo.
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ÁREA CONSTRUÍDA

Seminário discute integração de projetos


A integração digital entre as diver- to um mesmo projeto. Nessa etapa construção, o principal desafio
sas etapas do processo produtivo da da obra, o recurso, já disponível em apontado pelos participantes deve
indústria da construção foi o tema programas comercializados no ser a superação da resistência a mu-
central do Seminário Internacional mercado, tende a reduzir a ocorrên- danças e o treinamento dos enge-
de Tecnologia de Informação e Co- cia de interferências entre projetos nheiros. O seminário, que teve a
municação na Construção Civil. de naturezas diferentes – como de participação de pesquisadores e
Considerado uma tendência irre- estruturas e instalações hidráulica profissionais sul-americanos e eu-
versível na indústria da construção, ou elétrica. Em estágio avançado de ropeus, ocorreu durante o 3o En-
o conceito de modelagem de infor- desenvolvimento estão as pesquisas contro de Tecnologia de Informa-
mação na construção (BIM, na sigla para integrar a etapa de projetos e ção e Comunicação na Construção
em inglês) promete a realização de orçamento, controle de consumo Civil, realizado em Porto Alegre em
projetos de forma colaborativa de materiais e outras atividades ca- julho. O evento foi organizado pelo
entre os diversos profissionais en- racterísticas do canteiro de obras. Norie (Núcleo Orientado para a
volvidos no processo de produção Entretanto, como ainda não se trata Inovação da Edificação) da UFRGS
de um edifício. Dessa forma, todos de uma tecnologia tão difundida (Universidade Federal do Rio
os especialistas moldam em conjun- entre os membros da indústria da Grande do Sul).

Altura de construções em torno de parques é limitada em SP


O Conpresp (Conselho Municipal zona Sul da capital. De acordo com as tura. Nos quarteirões mais afastados,
do Patrimônio Histórico de São regulamentações, as construções lo- as construções poderão ter até 25 m
Paulo) aprovou novas regras para as calizadas nas ruas imediatamente de altura. O topo das antenas instala-
construções no entorno dos Parques contíguas a essas áreas verdes não das na região também não poderá ul-
da Aclimação e da Independência, na poderão ter mais do que 10 m de al- trapassar os limites estabelecidos.
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Metrô paulistano tem nova estação


A estação Alto do Ipiranga, locali- tindo a economia de energia. O úl-
zada na linha verde do Metrô da timo nível de piso antes das plata-
capital, foi inaugurada no final do formas é um mezanino de distri-
mês de junho. Com um fluxo de buição em estrutura metálica com
cerca de 40 mil entradas por dia, laje em steel deck. A estrutura está
possui dois acessos que permitem sustentada por 44 tirantes no túnel
chegar ao corpo da estação e às pla- do corpo da estação. De acordo
taformas de embarque, que ficam a com o Metrô, esse tipo de estrutu-
25 m abaixo do nível da rua. A esta- ra será utilizado na maioria das es-
ção conta com dois elevadores es- tações da Linha 4 – Amarela. Uma
peciais, sete escadas fixas e dez ro- pintura especial protege a laje da
lantes – cinco para subida e cinco ação do fogo por até 90 minutos: a
para descida. Essas escadas rolan- tinta utilizada é intumescente e,
tes são "inteligentes" e funcionam sob a ação do fogo, transforma-se

Ciete Silvério
com velocidade reduzida quando em uma densa espuma que prote-
não há usuários sobre elas, permi- ge a estrutura.

Índices de qualidade para habitação popular


Uma equipe da UFRGS (Universidade logias para avaliação do processo de gias em obras do Rio Grande do Sul. A
Federal do Rio Grande do Sul) vai de- execução de obras, da satisfação de pesquisa contará com o apoio finan-
senvolver um sistema de indicadores usuários e gestão da operação e ma- ceiro da Finep (Financiadora de Estu-
de qualidade para a habitação de inte- nutenção do produto final. A equipe dos e Projetos) e do Programa de Tec-
resse social. A idéia é propor metodo- de pesquisadores testará as metodolo- nologia de Habitação (Habitare).
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ÍNDICES
Custos de Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
Edificações 35
em São Paulo 30
IPCE materiais
IPCE global
Preços de construção sobem em julho,
mas alta acumulada é inferior à variação IPCE mão-de-obra
do IGP-M 25

Índice PINI de Custos de Edifica-


O ções encerrou o mês registrando
alta de 0,15%, percentual inferior à
20

15
inflação, que segundo o IGP-M (Índi-
ce Geral de Preços de Mercado) foi de 10 8,39 8 8
0,28%. Nos últimos 12 meses, a alta 8 8 8
7,20 7 7 7 7 7 7 6 6 6
do IPCE já chega a 3,31%, porém a va- 6 5
5 6,12 6 6 6 6 6 7 6 5 6 6 5,82
6 6 5 5 4
riação também é inferior à do IGP-M, 5 3,31
que no mesmo período soma 4%. 3 0,62
0
Dos reajustes ocorridos, o da cal Jul/06 Set Nov Jan Mar Mai Jul/07
hidratada foi um dos mais significati-
vos, chegando a 3,78%. Em junho o Data-base: mar/86 dez/92 = 100
saco da cal hidratada custava R$ 5,09 Mês e Ano IPCE – São Paulo
e este mês pulou para R$ 5,29. global materiais mão-de-obra
Em julho não ocorreram deflações Jul/06 110.411,03 53.220,27 57.190,76
significativas que contribuíssem para ago 110.432,28 53.241,52 57.190,76
a queda do índice e apenas o preço do set 110.443,36 53.252,61 57.190,76
fio isolado com PVC permaneceu em out 110.677,85 53.487,10 57.190,76
queda pelo segundo mês consecutivo nov 110.937,11 53.746,35 57.190,76
devido à instabilidade no preço do dez 111.010,59 53.819,83 57.190,76
cobre. Em junho o rolo de 100 m do jan 110.759,12 53.568,36 57.190,76
fio isolado custava R$ 94,49, caindo fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76
em seguida para R$ 89,55, o equiva- mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76
lente a 5,23%. abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76
Insumos como a areia lavada, a mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13
barra de aço CA-50 3/8" e o cimento jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13
Portland CP II apresentaram discreta Jul/07 114.065,53 53.547,83 60.517,71
variação de preço, enquanto a pedra Variações % referente ao último mês
britada e a tinta látex PVA mantiver- mês 0,15 -0,23 0,48
am-se com preços estáveis. acumulado no ano 2,75 -0,51 5,82
acumulado em 12 meses 3,31 0,62 5,82
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
pesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com
pesquisa na última semana do mês de referência.
Fonte: PINI

Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com

14 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007


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IPT RESPONDE
Envie sua pergunta para a Téchne.
Utilize o cartão-resposta encartado
na revista.

Ensaio de arrancamento
O que é e como é feito o teste de
arrancamento de revestimentos
argamassados para fachadas? Existem
tabelas de avaliação com resistências
admissíveis? Quais equipamentos são
utilizados nesse teste?
Reges F. M. da Cunha
Blumenau (SC)

O Teste de Arrancamento é um ensaio


realizado segundo o método prescrito
na norma NBR 13528:1995 – Revesti-

Marcelo Scandaroli
mentos de paredes e tetos de argamassas
inorgânicas – Determinação da resistên-
cia de aderência à tração – Método de
ensaio. A avaliação da aderência é feita
segundo a NBR 13749:1996 – Revesti-
Tabela 2 – LIMITES DE RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO (RA) PARA EMBOÇO
mentos de paredes e tetos de argamassas
E CAMADA ÚNICA
inorgânicas – Especificação, que diz:
Local Acabamento Ra
Parede Interna Pintura ou base para reboco ≥ 0,20
"5.7 Aderência
Cerâmica ou laminado ≥ 0,30
O revestimento de argamassa deve
Externa Pintura ou base para reboco ≥ 0,30
apresentar aderência com a base e
Cerâmica ≥ 0,30
entre suas camadas constituintes, ava-
Teto ≥ 0,20
liada conforme 5.7.1 e 5.7.2.
(Unidades em megapascal)
5.7.1 Avaliar a aderência dos revesti-
mentos acabados por ensaios de per-
cussão, realizados através de impactos 5.7.2 Sempre que a fiscalização julgar menos quatro valores forem iguais ou
leves, não contundentes, com martelo necessário, devem ser realizados ou so- superiores aos indicados na tabela 2".
de madeira ou outro instrumento rijo. licitados a laboratório especializado a Existem diversos fornecedores de equi-
A avaliação deve ser feita em cerca de 1 execução de pelo menos seis ensaios de pamentos para execução dos testes de
m², sendo a cada 50 m² para tetos e a resistência de aderência à tração, con- aderência, sendo recomendável busca
cada 100 m² para paredes. Os revesti- forme NBR 13528, em pontos escolhi- em catálogos especializados ou mesmo
mentos que apresentarem som cavo dos aleatoriamente, a cada 100 m² ou via internet. Alguns deles: Dinateste;
nesta inspeção, por amostragem, menos de área suspeita. O revestimen- Consulcret; Panambra; Solotest.
devem ser integralmente percutidos to desta área deve ser aceito se de cada Cristina Kanaciro
para se estimar a área total com falha grupo de seis ensaios realizados (com IPT – Cetac (Centro de Tecnologia do
de aderência, a ser reparada. idade igual ou superior a 28 dias) pelo Ambiente Construído)

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CARREIRA

Selmo Kuperman
Engenheiro especializou-se em tecnologia do concreto e trabalhou
na construção das principais hidrelétricas do País

uando partiu para a graduação, ria em obras de barragens, anunciou


Q em 1963, não havia para Selmo
Kuperman muitas opções além dos
uma vaga - que ficou com Selmo - para
pesquisa de tecnologia de concreto em
principais cursos das áreas de Exatas, barragens. Foi o momento de partici-
Humanas e Biológicas. Direito não es- par de obras de porte, entre elas Ilha
tava em seus planos; Medicina, talvez Solteira e Jupiá.
estivesse, mas a longa extensão do Prestes a concluir o mestrado, em
curso não atraía o vestibulando. 1973, o engenheiro quis estudar fora
Como pretendia trabalhar na indús- do País. Quando sua empresa lhe ga-
tria automobilística, carro-chefe da rantiu que não perderia seu posto, soli-
Marcelo Scandaroli

política desenvolvimentista de Jusceli- citou bolsa de estudos em Portugal e


no Kubitschek, Selmo partiu para a na Inglaterra. Quase ao mesmo tempo,
Engenharia Mecânica da FEI (Facul- teve seu pedido atendido pela Funda-
dade de Engenharia Industrial), que ção Calouste Gulbenkian portuguesa e
PERFIL
cursou durante um ano. pelo CBI (Confederação das Indús-
Nome: Selmo Chapira Kuperman Não se adaptou ao curso, prestou trias Britânicas, em inglês). Para não
Idade: 61 anos novo vestibular e entrou na Escola Poli- perder as duas oportunidades, pediu o
Graduação: Engenharia Civil, técnica da USP (Universidade de São adiamento da bolsa inglesa e partiu
em 1969, pela Escola Politécnica Paulo). Durante o ciclo básico do pri- para Portugal, onde ficou por um ano
da Universidade de São Paulo meiro ano, assistiu a algumas aulas em pesquisando concretos expansivos no
Pós-graduações: especialização Mecânica, Minas e Civil, e finalmente LNEC (Laboratório Nacional de Enge-
em Materiais de Construção pelo escolheu a última. "Talvez eu tenha ido nharia Civil). E jogando futebol. Nos
Laboratório Nacional de Engenharia para a Engenharia Civil porque tinha o dois semestres, foi bicampeão do cam-
Civil de Portugal; em Materiais para melhor time de futebol da faculdade", peonato do LNEC com o time de bra-
Construção Civil na Taylor Woodrow brinca."A engenharia civil não estava no sileiros de que fazia parte.
Research Laboratories da Grã- sangue. Na verdade, aconteceu por Encerrada a temporada em Portu-
Bretanha; em Concrete Construction acaso." Durante o curso, estagiou em gal, Selmo partiu para a Inglaterra,
na Universidade da California – uma construtora e no escritório de cál- onde estagiou por mais um ano no la-
Berkeley (EUA); mestrado e doutorado culo estrutural de Julio Kassoy e Mário boratório de pesquisas da empreiteira
em Engenharia Civil pela Escola Franco. Concluiu a graduação e foi para Taylor Woodrow.Participou do projeto
Politécnica da USP o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológi- de construção de um reator de plutô-
Empresas em que trabalhou: IPT, cas do Estado de São Paulo), trabalhar nio de uma usina nuclear, cujo concre-
Themag Engenharia, USP e Desek como pesquisador na área de tecnologia to exigia altíssima condutividade tér-
Cargos exercidos: membro de de concreto e materiais de construção. mica. "Trabalhávamos para conseguir
comitês técnicos da ABNT, do American No início da década de 1970 veio o o recorde mundial de condutividade, e
Concrete Institute e da American "Milagre Econômico" e o período de conseguimos", explica. O concreto
Society for Testing and Materials, investimentos em infra-estrutura. A final, além de água, aditivos superplas-
presidente do Ibracon e professor demanda por engenheiros civis cres- tificantes e cimento Portland, tinha aço
convidado da USP ceu e a Themag, que prestava consulto- como agregado graúdo e hematita

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lia ajudar a desenvolver um Programa


de Controle de Operação de Manu-
Dez questões para Selmo Chapira Kuperman tenção de Barragens com a Eletronor-
1 Obras marcantes das quais Politécnica da Universidade te. Lá, também elaborou um dos pou-
participou: Usinas Hidrelétricas de São Paulo cos memoriais de construção de bar-
de Ilha Solteira, Itaipu, Tucuruí, ragens do País, com informações deta-
Lajeado, Peixe Angical e 7 Conselho ao jovem profissional: lhadas da fase de projeto da hidrelétri-
Porto Primavera estudar sempre, procurar coisas ca de Tucuruí às informações técnicas
novas, não esmorecer e estar de operação. Tudo reunido em sete
2 Obra mais significativa da sempre a par do que já foi feito volumes, hoje encontrados em poucas
engenharia brasileira: Usinas no passado bibliotecas. Selmo lamenta que traba-
hidrelétricas de Itaipu, pela dimensão lhos como esse não sejam prática
e pela preocupação com a logística 8 Principais avanços comum em obras desse tipo. "Docu-
que exigiu, e de Tucuruí, pela tecnológicos recentes: concreto mentos como esse são fundamentais
dimensão e pelo desafio de se compactado com rolo, os avanços para os engenheiros saberem como
trabalhar na região Amazônica nos aditivos para concreto, o foram executados projetos dessa mag-
advento de softwares que tornam nitude", explica. Na época da publica-
3 Realização profissional: ver possíveis cálculos que eram ção, a Eletronorte distribuiu exempla-
que trabalhos que desenvolveu impossíveis de serem realizados res entre quase todas as bibliotecas de
ao longo da carreira foram úteis no passado engenharia civil do País, mas hoje a
para outros engenheiros obra é pouco conhecida. "Nas poucas
9 Indicação de livro: Concreto – bibliotecas que têm esses exemplares,
4 Mestres: os engenheiros Roy Carlson, Ensino, Pesquisa e Realização, poucos lêem o material, que é riquíssi-
José Carlos Gam, Mikos Polivka, organizado por Geraldo C. Isaia mo. Assim, não há uma transferência
Eladio Petrucci e Milton Vargas e editado pelo Ibracon em 2005 efetiva de conhecimento de uma gera-
ção para outra."
5 Porque escolheu ser engenheiro: 10 Um mal da engenharia: Um ano após a conclusão do dou-
quando prestou vestibular, não a engenharia não faz mal, torado, foi convidado para dar aulas
queria ser médico ou advogado, algumas pessoas fazem mal à em tempo integral na USP, onde havia
as outras opções de carreira mais engenharia. A formação dos se formado. Selmo recusou o convite,
atraentes na época engenheiros preza a busca por mas fez um acordo com a Politécnica
imediatismo e a solução dos para dar aulas como professor convi-
6 Melhor instituição de ensino problemas sem diagnosticá-los dado na pós-graduação, tudo sem cus-
de engenharia: Escola da forma correta tos para a Universidade. "Achei que
seria uma retribuição à Escola onde eu
estudei de graça, onde eu tive bons
como agregado miúdo. "Foi necessário toria durante a construção da barra- professores, bons laboratórios", conta.
estudar muito concreto pesado e radia- gem de Ilha Solteira – para estudar na O curso é dado até hoje.
ção." Voltou ao Brasil em 1978, con- Universidade da Califórnia, em Berke- Em 2006, também se desligou da
cluiu seu mestrado e foi chamado para ley. O então doutorando não hesitou empresa em que trabalhou durante 36
trabalhar nos projetos das barragens de em partir para a instituição que havia anos para dedicar-se apenas à Desek.
Itaipu, Porto Primavera e Tucuruí. desenvolvido os primeiros concretos Essa consultoria, Selmo montou em
Ciclo parecido ele enfrentou du- expansivos. Visitou ali a primeira bar- 2002, quando ainda trabalhava na
rante seu doutorado. Depois que com- ragem construída com concreto com- Themag. Mais uma vez, entrou em
pletou os créditos necessários, recebeu pactado com rolo. Voltou ao Brasil e acordo com a empresa – manteria os
em 1981 convite de Roy Carlson – pro- concluiu o doutorado em 1983. dois empregos, desde que não concor-
fessor americano que prestou consul- Na década de 1980, foi para Brasí- ressem pelos mesmos projetos.

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MELHORES PRÁTICAS
Contrapiso
Embora simples e usual, execução do contrapiso demanda atenção
tanto a detalhes como aos tempos de execução

Preparo da base
Resíduos, restos de argamassa e outros
materiais devem ser retirados, assim
como devem ser removidos óleos,
graxas, colas, tintas ou produtos
químicos eventualmente presentes na
superfície da base. Resíduos aderidos
podem ser removidos com uso de picão,
vanga ou ponteira e marreta. Pó e
partículas soltas são eliminados com
vassoura dura, tipo piaçaba.

Taliscas
Limpos e umedecidos, os pontos ao longo ter composição, dosagem e umidade
do perímetro que receberão as taliscas idênticas à do contrapiso. Executando
Fotos: Sofia Mattos

devem ser polvilhados com cimento para essa etapa previamente ao contrapiso,
formar uma nata que garanta a aderência é possível treinar as equipes e controlar
da argamassa de assentamento, que deve os níveis das taliscas.

Camada de
aderência
Com a superfície limpa e livre do
trânsito de pessoas, a base deve ser
lavada com água em abundância.
No dia seguinte, retirado o excesso
de água, a camada de aderência é
criada polvilhando-se cimento com
peneira numa quantidade de 0,5 kg/m2
e espalhando com vassoura até obter
uma fina película. Uma vez que a nata
de cimento não pode endurecer, o
procedimento deve ser realizado
em etapas e imediatamente antes
do lançamento da argamassa.

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Aplicação da
argamassa
Se o contrapiso tiver até 30 mm de
espessura, a argamassa pode ser
espalhada, com enxada, de uma só vez.
Caso contrário, em duas ou mais camadas.
De qualquer maneira, é importante
compactar cada camada de argamassa
com soquete, eliminando vazios e, assim,
proporcionando maior resistência do
contrapiso aos esforços mecânicos.

Construção das mestras


Auxiliares ao nivelamento, as mestras soquete, compactar energicamente
devem ser executadas imediatamente o material contra a base até atingir
antes da execução do contrapiso. o nível estabelecido, o que ocorre
Para tanto, ao concluir a camada de ao cortar os excessos com auxílio
aderência, espalha-se argamassa de uma régua de alumínio apoiada
entre as taliscas. Com auxílio de um sobre as taliscas.

Acabamento
superficial
O acabamento mais comum é o
desempenado, realizado após o
sarrafeamento com régua metálica
e obtido com desempenadeira de
madeira, passada em movimentos
circulares. Elimina pequenas
irregularidades e é indicado para quando
o revestimento é fixado com dispositivos
ou argamassa colante. Nos casos em
que a fixação é com adesivo à base de
resina, o mais adequado é o acabamento
alisado, obtido com desempenadeira
de aço ou colher de pedreiro.

Colaboração: engenheira Mércia Bottura de Barros, professora doutora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,
engenheiros José Tadeu Capelossi, Elayne Rodrigues de Matos, Oswaldo Nannini e Alexandre Britez, da Cyrela Brazil Realty

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ENTREVISTA
Torres pré-moldadas
Nos últimos anos, o desenvolvimento dos pré-fabricados de concreto
possibilitou sua utilização mais intensiva em estruturas de edifícios altos

ARNOLD VAN ACKER


Mestre em Engenharia Civil pela
Universidade de Ghent, na Bélgica,
Van Acker trabalhou por 45 anos na
indústria de pré-moldados de
concreto, em pesquisa e
desenvolvimento de produtos e
estruturas; participou também de
comitês de padronização técnica
europeus. Aposentou-se em 2001,
mas ainda participa de atividades do
setor na Febe (Federação Belga de
Concreto Pré-moldado) e na FIB
(Federação Internacional do

Acervo pessoal
Concreto). Foi condecorado pela FIP
(Federação Internacional da
Protensão, na tradução livre) por sua
contribuição ao desenvolvimento do
á ainda um certo receio de se utili- elementos pré-moldados do restante da
concreto protendido e pré-moldado.
Foi premiado pela Federação
H zar elementos pré-fabricados em
construções altas e esbeltas, como edifí-
estrutura. Esse núcleo monolítico é um
dos principais responsáveis pela garan-
Internacional do Concreto
cios comerciais ou residenciais.Não sem tia da estabilidade horizontal da torre.
Protendido, pelo Comitê Europeu
razão,uma vez que não faltam dificulda- Outros aspectos, entretanto, norteiam
de Padronização e outras entidades
des técnicas para garantir a estabilidade os projetos que empregam esse sistema
belgas e internacionais.
estrutural de todo o conjunto,principal- construtivo. De acordo com o enge-
mente à ação de forças horizontais, nheiro belga, após os ataques terroris-
como as do vento.Mas a tendência pode tas de 11 de setembro, desenvolveram-
estar mudando: Arnold Van Acker, se os estudos sobre colapso progressi-
membro da FIB (Federação Internacio- vo em estruturas pré-moldadas. Uma
nal do Concreto), tem acompanhado a série de dispositivos deve ser prevista
explosão do uso da pré-fabricação nos em projeto para permitir que, caso
países europeus, sobretudo em seu país, qualquer elemento seja retirado da es-
a Bélgica, e na Holanda. Em Rotterdam, trutura, ela seja capaz de redistribuir
recentemente foi erguido um edifício de as cargas sem colocar em risco os
142 m de altura e 42 andares,37 deles em usuários. Foi convidado pela ABCIC
pré-moldados. A concepção estrutural (Associação Brasileira da Construção
mais comum desse tipo de construção Industrializada de Concreto) para
compreende uma espécie de "espinha palestra na feira Concrete Show (São
dorsal", moldada in loco, cercada pelos Paulo, 15 a 17 de agosto).

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Como tem evoluído o uso de de ruído e maior facilidade de con-


pré-moldados de concreto em “A aplicação cretagem de elementos densamente
edifícios altos? armados ou com reentrâncias com-
Nos últimos cinco anos, na Bélgica e
do concreto plicadas. A aplicação do concreto
na Holanda, houve uma verdadeira auto-adensável auto-adensável na indústria de pré-
explosão de construções de edifícios fabricados está crescendo com rapi-
pré-moldados, que chegam hoje a al-
na indústria de dez e espera-se que, dentro de alguns
turas de mais de 142 m. Até os anos pré-fabricados anos, uma considerável parte da pro-
1990, o concreto pré-moldado não dução empregue essa tecnologia.
era muito usado nesse segmento de
está crescendo
mercado, mas recentes avanços na in- com rapidez e Em que tipos de edifícios
dústria de pré-moldados mudaram os pré-fabricados têm sido
muito esse quadro.
espera-se que, mais empregados?
dentro de alguns Na Bélgica, principalmente em pré-
Quais as vantagens da utilização dios de escritórios de até 37 anda-
desse sistema construtivo?
anos, uma res. Geralmente, eles têm um núcleo
Com o uso de elementos protendidos considerável parte da moldado in loco, com fôrmas tre-
em vigas e lajes, podem-se obter vãos pantes, para se conseguir maior
maiores e construções mais esbeltas. Em
produção empregue economia na construção. Ele é cer-
construções industriais e comerciais, os essa tecnologia” cado por uma estrutura toda em
vãos da cobertura podem chegar a 40 m. pré-moldados, compreendendo pi-
Em garagens, o pré-moldado possibilita lares, vigas e lajes protendidas. Por
que os usuários coloquem mais carros Por exemplo, os concretos com resis- esse núcleo passam todas as instala-
no mesmo espaço, em função não ape- tências acima de 100 MPa, que já são ções do prédio, e a área útil dos es-
nas dos maiores vãos, mas também das bem conhecidos pela indústria de critórios localiza-se na parte pré-
menores seções dos pilares. Em prédios pré-fabricados. A maioria das fábricas moldada do edifício. Na Holanda, a
de escritórios, a tendência é a de cons- européias os utiliza diariamente. O estrutura pré-moldada mais alta é
truir espaços amplos e abertos, com os maior benefício para grandes estrutu- um prédio de apartamentos de 142
ambientes separados por divisórias. ras diz respeito à melhoria da eficiên- m de altura com fechamento estru-
cia estrutural, implicando a produção turado. Os cinco primeiros andares
Isso tem impacto sobre o valor de peças mais esbeltas e a maior oti- são moldados in loco, e os outros 37
dos edifícios? mização do uso de materiais. Outra pavimentos feitos com pré-molda-
Atualmente é muito comum edifícios característica positiva é a maior resis- dos. O projeto foi executado no ano
de escritórios de médio porte terem tência contra o frio e contra a ação de passado na cidade de Rotterdam.
vãos de até 16 m entre fachadas e lajes de agentes químicos. As maiores vanta-
apenas 400 mm de espessura, sem colu- gens são obtidas em componentes Qual o limite de altura para esse
nas internas. O conceito se encaixa per- verticais, especialmente em pilares. tipo de estrutura?
feitamente nas atuais demandas do O limite depende de vários fatores,
mercado por flexibilidade e adaptabili- E como a indústria recebeu o como a área das lajes, a seção dos pi-
dade, mesmo depois de um longo pe- concreto auto-adensável? lares, o tipo de fachada, a capacida-
ríodo de uso. A maior adaptabilidade Esse tipo de concreto é uma solução de de carga das gruas, entre outros.
implica aumento da vida útil do edifício nova e bastante promissora para a Pessoalmente, eu creio que, com as
e, dessa maneira, o edifício mantém seu pré-fabricação. Ele dispensa a vibra- soluções atuais, o limite gire em
valor comercial por um período maior. ção e, dessa forma, apresenta diversas torno de 50 pavimentos.
vantagens, como a facilidade de
Que avanços proporcionaram o bombeamento, a redução de porosi- Quais os principais desafios
aumento do uso de pré-fabricados dade superficial, concretagem mais enfrentados pelos projetistas
em edifícios altos? rápida das peças e com menor nível de edifícios pré-moldados?

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ENTREVISTA

Quando um esqueleto pré-molda- mentos afetados sobre os inferiores –


do é usado em combinação com “Pessoalmente, o colapso progressivo geralmente
uma estrutura central moldada in ocorre pelo efeito cumulativo da
loco, as dificuldades de projeto não
eu creio que, com queda dos escombros dos pavimen-
são muito diferentes do que as tra- as soluções atuais, tos mais altos sobre os mais baixos. O
dicionais estruturas moldadas in atirantamento longitudinal ancoran-
loco. No caso de uma estrutura
o limite [de altura] do os painéis das lajes à estrutura de
completamente pré-moldada, in- gire em torno apoio deve desempenhar essa função.
clusive com paredes pré-fabricadas,
uma das preocupações deve ser ve-
de 50 pavimentos” O que a indústria de pré-fabricados
rificar a deformação da estrutura pode fazer para se tornar
sob a ação extrema de ventos. En- ambientalmente sustentável?
tretanto, programas de computador as medidas necessárias para evitar Atualmente a maior parte das ativi-
modernos permitem elaborar pro- o colapso progressivo após danos dades da construção civil ainda
jetos bem detalhados. pontuais na estrutura, em função impõe ao ambiente um pesado ônus
do mau uso ou de atos terroristas em termos de consumo de energia,
Como garantir a estabilidade no edifício. Uma estrutura é nor- uso de recursos naturais, poluição,
estrutural desses edifícios? malmente projetada para suportar ruídos e geração de resíduos. No
Nas estruturas mistas, a estabilidade os carregamentos de uso normal contexto da construção sustentável,
estrutural dos edifícios é garantida do edifício, mas possivelmente ela a indústria de pré-moldados na Eu-
pelo núcleo central moldado in loco. não vai ruir catastroficamente no ropa vem dando exemplo: reduziu o
Um aspecto fundamental a ser con- caso de mau uso ou acidentes mo- consumo de materiais em 45%, o
siderado em projetos estruturais derados. Não se pode exigir que uso de energia em 30% e a geração
com pré-fabricados é o de garantir a uma estrutura resista a carrega- de resíduos em 40%. Muitas fábricas
estabilidade com a combinação dos mentos excessivos ou forças origi- estão reciclando todo o concreto –
sistemas adequados: núcleo molda- nadas de causas extremas, mas os fresco e endurecido – perdido du-
do in loco, paredes-diafragma rígi- danos não devem ser despropor- rante a produção, e, no futuro, as fá-
das, contraventamentos, lajes e co- cionais à causa original. Para tanto, bricas de pré-moldados trabalharão
berturas diafragma. Esforços resul- o projeto deve considerar, por como um sistema de produção fe-
tantes da ação do vento, entre ou- exemplo, que, se um elemento crí- chado, no qual todo o resíduo gera-
tros, são normalmente transmitidos tico é retirado da estrutura devido do será processado e reutilizado.
aos elementos de estabilização pelas a um carregamento anormal, ela
lajes e coberturas diafragma. seja capaz de redistribuir os esfor- E na obra, o que é possível fazer?
ços para os demais elementos es- No passado, e ainda hoje, as constru-
Qual o papel desses elementos truturais não danificados. ções eram concebidas para um tipo de
diafragma? destinação claro e definido, sem muita
Sua função principal é transferir esses Que pontos devem ser observados preocupação com futuras restaura-
esforços horizontais, atuantes em di- para evitar o colapso progressivo ções ou mudanças de utilização. En-
versos pontos da estrutura, para os das estruturas? tretanto, ao longo do tempo essas
componentes de estabilização vertical As ligações e as armaduras de amar- construções não atenderão às novas
a que estão ligados. Lajes e coberturas ração devem ser projetadas para re- exigências dos usuários: a única solu-
pré-moldadas são projetadas para sistirem a esses esforços. A amarra- ção que lhes restará será sua completa
funcionar como grandes vigas hori- ção horizontal das vigas deve garan- readaptação ou a demolição de toda a
zontais. O núcleo, as paredes-dia- tir a sustentação, em balanço, da es- estrutura. Ambas as soluções são
fragma e os demais componentes de trutura circundante e, dessa forma, caras, despendem tempo e não são
estabilização agem como apoios para precisa estar firmemente conectada. amigáveis ao meio ambiente. No futu-
essa espécie de viga, absorvendo os A suspensão da estrutura acima da ro, isso se tornará mais difícil em fun-
esforços laterais. região danificada é assegurada por ção das cada vez mais severas regula-
meio da instalação de tirantes verti- mentações sobre geração de ruídos,
A queda dos edifícios do World cais em todas as colunas e paredes, resíduos, restrições de tráfego e outras
Trade Center impactaram a do térreo à cobertura. Além disso, as inconveniências.
indústria de pré-fabricados? vigas devem apresentar resistência,
Depois da queda catastrófica das deformabilidade e ancoragem sufi- Como mudar essa prática?
torres gêmeas em Nova York, as se- cientes para suportar a área danifica- A solução para o problema reside já
guradoras pediram que os fabri- da acima delas. É necessário, ainda, na etapa de concepção do edifício. O
cantes de pré-moldados tomassem prevenir o desabamento dos pavi- projeto básico deve facilitar remode-

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lagens e redestinações posteriores, Como é possível reduzir os custos


sem a demolição da estrutura. Esse “Não se pode exigir de construção com pré-fabricados?
projeto deve distinguir claramente a Todo sistema construtivo tem suas
parte estrutural do edifício de seu
que uma estrutura características que – as de alguns
acabamento. A parte estrutural com- resista a mais, as de outros, menos – influen-
preende todas as funções principais ciam o custo global da obra. A pré-
do edifício, como a estrutura subme-
carregamentos fabricação é freqüentemente consi-
tida a cargas, os corredores princi- excessivos ou forças derada por projetistas inexperientes
pais, as principais tubulações. O aca- como uma variante da moldagem in
bamento compreende as divisórias,
originadas de loco. Nessa abordagem, a pré-fabri-
equipamentos técnicos, elementos causas extremas, cação é tomada como um tipo de
de fachada não-estruturais etc. construção em que as partes separa-
mas os danos não das da estrutura são moldadas em
Em termos de qualidade, quais os devem ser fábricas especializadas e, posterior-
ganhos obtidos com as estruturas mente, montadas no canteiro de ma-
pré-moldadas comparadas às
desproporcionais à neira tal que o conceito inicial de es-
estruturas metálicas? causa original” truturas moldadas in loco é nova-
Em comparação com as estruturas mente obtido. Esse ponto de vista é
metálicas, as estruturas em concreto falso e conduz a uma pré-fabricação
pré-moldado têm algumas vantagens. de duas torres gêmeas – originalmen- menos racional e mais cara.
Entre elas, a resistência de duas horas te concebidas em estrutura metálica e
ao fogo sem qualquer outra proteção steel deck –, a aplicação dos pré- E para diminuir os custos
complementar, menor deformação moldados resultou não apenas em de produção das peças, na
das lajes protendidas em comparação uma economia de 7% no custo da etapa industrial?
com o steel deck e melhor isolamento obra, mas também em uma execução Com a mudança do local de traba-
acústico. Em Bruxelas, na construção na metade do tempo previsto. lho dos canteiros para as fábricas
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ENTREVISTA

permanentes, será possível indus- Quais foram os resultados?


trializar o negócio da construção “No futuro, as Quando se toma o comportamento
civil. Produção industrial significa real da estrutura como um todo sob a
processos de fabricação racionais e
fábricas de pré- ação do fogo, chegou-se à conclusão
eficientes, trabalhadores mais qua- moldados trabalharão de que as estruturas pré-moldadas
lificados, repetitividade das ações, freqüentemente apresentam melhor
controle da qualidade etc. A compe-
como um sistema de resistência a deformações resultantes
tição e as demandas do mercado produção fechado, de expansão térmica do que as simila-
estão forçando a indústria a conti- res monolíticas. Isso ocorre, entre ou-
nuamente se empenhar pela melho-
no qual todo tros, em função do conceito específi-
ra da eficiência e das condições de o resíduo gerado co de estabilidade das estruturas pré-
trabalho, por meio do desenvolvi- moldadas, com suas ligações articula-
mento e inovação de produtos, sis-
será processado das entre vigas e pilares. Hoje é usual
temas e processos. e reutilizado” que as estruturas pré-moldadas de
concreto armadas e protendidas atin-
O que a indústria tem feito para jam níveis de resistência ao fogo de 60
garantir a resistência ao fogo dos de resistência ao fogo para seus pro- a 120 minutos. Para construções in-
pré-moldados? dutos, a indústria de pré-fabricados dustriais, todos os componentes es-
A resistência ao fogo de elementos e foi forçada a realizar pesquisas e nu- truturais pré-moldados cumprem as
estruturas pré-moldadas já foi bas- merosos testes nos vários tipos de exigências mínimas de resistência de
tante questionada por projetistas produtos. Entre eles, ensaios de 60 minutos. Para outros tipos de
em função da falta de monolitismo e vigas, pilares, paredes e lajes em for- obras, resistências de 90 a 120 minu-
da percepção de que os elementos nos; testes em edifícios industriais tos são facilmente obtidas aumen-
protendidos apresentariam pior inteiros; ensaios e análises teóricas tando o cobrimento do concreto
comportamento sob o fogo. Para de cisalhamento de lajes alveolares sobre a armadura.
conseguir a certificação necessária protendidas. Renato Faria
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TÉCNICA E AMBIENTE
Sustentável desde o canteiro
Projeto de agência bancária é baseado em soluções para minimizar
impactos no meio ambiente. Nem rotina de obra escapa às medidas

agência do Banco Real na Granja


A Viana, região metropolitana de São
Paulo,foi idealizada para ser um produ-
to essencialmente sustentável. Decidiu-
se, então, contratar uma empresa que
desenvolvesse um plano específico de
sustentabilidade, atrelado ao projeto
convencional do empreendimento.
A diretora da Sustentax, Paola Pe-

Fotos: divulgação Trieme Construção e Gerenciamento


terle Figueiredo, manteve-se à frente do
projeto. Para imprimir credibilidade ao
trabalho, atendeu-se a uma cartilha in-
ternacional de requisitos chamada Leed
(Leadership in Energy and Environ-
mental Design),confeccionada pela en-
tidade americana USGBC (United Sta-
tes Green Building Council).
A cartilha possui seis categorias a
serem seguidas pelo empreendimen-
to: sustentabilidade do espaço, racio-
nalização do uso da água, eficiência Sedimentação e Erosão. "É um pré-
energética, sustentabilidade dos mate- requisito da Leed, e determina que a
FICHA TÉCNICA
riais, qualidade ambiental interna e construtora instale um lavatório na
inovação. Mesmo a etapa de constru- saída dos caminhões, coloque lonas Agência do Banco Real na
ção do prédio precisou se adequar a nas caçambas, para não sujar de terra Granja Viana
alguns desses itens. A separação e ar- as ruas próximas, entre outras exigên- Localização: Rodovia Raposo
mazenagem de componentes reciclá- cias", explica a diretora da Sustentax. Tavares, 700, km 23,3, Cotia (SP)
veis, cumpridas na rotina da agência Ela complementa que também o Construtora: Trieme
depois de pronta, tiveram início ainda pessoal do departamento de compras Pavimentos: 2, mais subsolo
durante as obras, executadas pelos da construtora sofreu alteração de Início das obras: junho de 2006
próprios operários. costumes, com demandas especiais do Término: fevereiro de 2007
"Essa é a parte mais difícil do pro- empreendimento: 59% dos materiais Área construída: 1.233,46 m²
jeto: mudar a consciência de toda a utilizados na obra vieram de um raio Área do terreno: 902,9 m²
equipe de obra, estimular que traba- de menos de 800 km, 17% do total são
lhem sob regras com as quais não de rápida renovação na natureza, e
estão acostumados", aponta Paola. A todos possuem baixo índice de COVs tou à agência do Banco Real obter o
reciclagem chegou a 77% do lixo e do (compostos orgânicos voláteis). certificado Leed de empreendimen-
entulho produzidos no canteiro. to sustentável – primeiro concedido
A mudança de postura dos profis- Certificação pela entidade na América do Sul.
sionais esteve presente ainda no cum- O atendimento dos seis critérios Entre as dezenas de medidas im-
primento de um Plano de Controle de estabelecidos pelo USGBC possibili- plantadas no edifício, Paola Figuei-

30 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007


tecnicaxx.qxd 6/8/2007 10:53 Page 31

redo destaca como mais relevantes


aquelas com foco na eficiência ener- Soluções combinadas
gética. "Esse é o item que, segundo as
Conheça alguns sistemas sustentáveis do empreendimento.
normas da certificadora, traduz o
conceito de sustentabilidade", afir-
ma a diretora da Sustentax.
O projeto concentrado no melhor
aproveitamento e na redução da
energia do prédio lançou mão de re-
cursos conhecidos, como sensores de
presença, além de módulos fotovol-
taicos para obtenção de energia solar.
Esse processo alternativo de gera-
ção ficou encarregado pelo abasteci-
mento do setor em que se localizam
os caixas eletrônicos. Para operação
segura dos equipamentos, todos os
funcionários da agência receberam Sistema de captação e reúso de águas Filtros de carvão de bambu ativado,
treinamento de acordo com manuais pluviais e de tratamento e reúso de esgoto do sistema de tratamento de esgoto
correspondentes, que também trans-
mitiram conhecimentos de manu-
tenção dos sistemas.
Outra maneira de se buscar efi-
ciência energética fundamentou-se
no projeto de arquitetura. Foram
usadas tintas de cores claras, aliadas
a áreas e telhados verdes, em pontos
concentrados de calor no edifício. O
resultado foi uma diminuição de
84% de aquecimento nessas áreas, o
que contribuiu com a mitigação de
gastos com ar-condicionado.
Outro dado: 78% dos ambientes Placas de captação solar do sistema Uso de entulho da própria obra como
internos da agência têm acesso a ilumi- fotovoltaico enchimento de piso
nação natural, fato que naturalmente
amenizou custos com equipamentos
para geração artificial de energia. Num ção das diferentes soluções adotadas criação de uma central de tratamen-
balanço geral, estima-se que a eficiên- no prédio. to no subsolo do edifício. Tanto o es-
cia energética tenha sido 15% superior Para se conseguir tal índice de eco- goto, a água de infiltração e a água de
à de um projeto convencional. nomia, não houve segredo. Regulado- chuva são submetidos a essa central,
res de vazão nas torneiras,bacias sanitá- que combina filtros de carvão de
Racionalização de água rias com duplo fluxo (3 l e 6 l) e capta- bambu e filtros biológicos. "Quando
Uma segunda categoria citada por ção da água de chuva para uso em irri- não pode mais ser usada ou se o siste-
Paola Figueiredo como importante gação e descargas. Todos eles recursos ma de armazenamento está cheio,
no projeto da agência bancária foi o de fácil acesso no mercado. essa água é direcionada à rede públi-
uso racional da água. A Sustentax cal- A consolidação do rótulo de pri- ca, porém tratada", assinala a direto-
cula que 85% do consumo de água meiro empreendimento sustentável ra da Sustentax.
potável tenha sido reduzido em fun- da América do Sul passou ainda pela Thiago Oliveira

31
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CONCRETO ROLADO

Mistura quase seca


Útil na construção de barragens, concreto compactado com rolo ganha
espaço como pavimento, na construção de estradas

o comportamento são semelhantes


aos do concreto convencional. Para
evitar qualquer dúvida nesse senti-
do, o engenheiro e consultor Fran-
cisco Rodrigues Andriolo faz ques-
tão de afirmar, por mais óbvio que
possa parecer, que "o CCR é um con-
creto, cujo ponto fraco é o desconhe-
Fotos: acervo pessoal de Selmo Chapira Kuperman

cimento". Kuperman salienta que o


que muda em relação ao convencio-
nal é a metodologia de compactação.
"O resto é igual", simplifica.
Conforme conta, devido à simpli-
cidade, havia desconfiança acerca da
tecnologia quando do surgimento.
Ainda assim, o Brasil foi um dos países
que mais estudou a técnica, a ponto de
Eficiente e bastante viável para obras de grande porte, o CCR não tem limitação de
ser o segundo país com maior número
altura, existindo barragens com até 200 m executadas a partir dessa técnica, e conta
de barragens em CCR no mundo (veja
com propriedades mecânicas semelhantes às do concreto convencional
quadro). Para ele, o grande estímulo à
técnica foi a construção da barragem
técnica não é nova – e tampouco, ou esteiras, tem propriedades elásti- da Derivação do rio Jordão, no Para-
A sofisticada. Foi baseado na simpli-
cidade que, no início dos anos 70, o
cas, mecânicas e térmicas semelhantes
às do concreto convencional, apenas
ná, pela Copel (Companhia de Ener-
gia Elétrica do Paraná). "A alternativa
professor Jerome Raphael, da Universi- com pouca água. mostrou-se vantajosa por permitir re-
dade da Califórnia,em Berkeley,conce- Também atinge índices de resis- dução de custos, prazos e de contin-
beu uma metodologia construtiva para tência equivalentes aos concretos co- gente de mão-de-obra", lembra.
execução de barragens, pensando ini- muns com a mesma dosagem de ci- O CCR mostra-se vantajoso quan-
cialmente no emprego de solo-cimen- mento. "A resistência de 30 MPa é fácil do há necessidade de usar grandes vo-
to. O CCR (Concreto Compactado de conseguir desde que os materiais e lumes de concreto e onde não há gran-
com Rolo) se desenvolveu a partir des- a dosagem sejam adequados", atesta des exigências de resistência à tração e
sas misturas iniciais de agregados, ci- Selmo Chapira Kuperman, consultor à flexão, já que, geralmente, não é ar-
mento, areia e pouca água. da Desek. Ele conta, ainda, que há ex- mado ou protendido. "Embora seja
Um concreto, em suma, mas com periências estrangeiras de pavimenta- possível em alguns casos, não se usa ar-
aspecto muito mais seco que o con- ção que comprovam a viabilidade de madura para não perder a facilidade de
vencional e transportado e aplicado obter CCR de até 70 MPa. "Basta me- aplicação", comenta Andriolo.
de forma semelhante a um enroca- lhorar a dosagem para alcançar a re- Assim sendo, resistente à compres-
mento ou uma obra de terra. Com sistência desejada." são, é ideal para construção de barra-
consistência suficiente para ser trans- Embora o aspecto do CCR seja gens – situação que consagrou a tecno-
portado em caminhões basculantes bastante diferente, o desempenho e logia –, estacionamentos em geral, in-

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Ranking
Países com mais barragens construídas
com CCR
1o China: 59 (19%)
2o Brasil: 54 (17%)
3o Japão: 42 (13%)
4o Estados Unidos: 37 (12%)
5o Espanha: 22 (7%)
Esses cinco países mantêm cerca de 70%
das barragens em concreto compactado
com rolo do mundo. Estima-se que existam
Com procedimentos bastante repetitivos e totalmente baseados no uso de
cerca de 320 barragens desse tipo.
equipamentos de grande porte, tem na alta velocidade de execução uma das
maiores vantagens em relação aos métodos tradicionais Fonte: Francisco Rodrigues Andriolo

clusive para equipamentos pesados, No Brasil, as barragens têm se be- ção técnica, incluindo a dosagem
rodovias de acesso a áreas industriais, neficiado dos "inúmeros estudos fei- adotada, deve-se adaptar aos mate-
estações de pesagem em rodovias, por- tos em universidades em parceria com riais existentes na região e considerar
tos, acostamentos, rodovias para velo- empresas", conta Kuperman. o transporte. Também por isso não
cidades até 60 km/h, pátios de aero- há um traço básico para o concreto
portos, ruas urbanas, base de rodovias, Preparo e execução rolado, outro nome pelo qual é co-
dentre outras aplicações. "Por apresen- O CCR é bastante adequado para nhecido o CCR.
tar pouca fluidez, só pode ser aplicado obras de grande volume por apresen- Apesar de ser possível utilizar qual-
para executar elementos de grandes di- tar, além de facilidade operacional, quer cimento para compor o traço, o
mensões", resume Andriolo. custos competitivos. "É menor porque pozolânico é o mais indicado por gerar
Não há limite de altura para bar- consideramos não só o custo dos ma- menos calor e viabilizar uma das gran-
ragens, mas a média brasileira é de 60 teriais, mas também do transporte e des vantagens do CCR – a rapidez de
m a 70 m de altura, com a mais alta da aplicação", explica Andriolo. Sendo execução. Seja no cimento ou em
chegando aos 95 m. "No exterior há assim, é necessário potencializar as forma de adição, a pozolana é necessá-
barragens com mais de 200 m", ilus- vantagens que propõe. E isso depende, ria para evitar reações álcali-agregados
tra Andriolo. Apesar de ser larga- em grande monta, dos custos envolvi- prejudiciais ao concreto (veja matéria
mente difundido o uso do CCR dos na produção do concreto em si. também nesta edição), além de melho-
como base de estradas, as de alta ve- Por isso é imprescindível, ao de- rar características mecânicas.
locidade ainda não podem se benefi- terminar o traço e mesmo o tipo da De acordo com Selmo Kuperman,
ciar das características do CCR en- barragem, conhecer o local e os mate- a melhora na granulometria dos agre-
quanto revestimento. "O uso como riais disponíveis na região, além de gados se deve à tendência em aumen-
capa rodante é prejudicado devido a considerar prazos executivos. A solu- tar a quantidade de agregados miúdos
problemas de textura e uniformida-
de, que podem trazer desconforto
em velocidades superiores a 80
km/h", explica Kuperman.
Para tanto, algumas são as solu-
ções possíveis, que estão sendo desen-
volvidas principalmente no exterior.
Dentre elas, a melhora nas dosagens, o
uso de pequena camada de concreto
convencional para revestimento, a so-
fisticação no uso de equipamentos de Sujeitas a pressões hidrostáticas laterais Para garantir que sejam baixos
pavimentação e, até mesmo, o lixa- mais acentuadas, as fôrmas devem ser os custos de produção do concreto,
mento superficial. Essa última possi- reforçadas. Com altura de 2 m, em geral, é recomendável adequar o traço
bilidade é menos estudada por ser são movimentadas após a conclusão de às características dos materiais
pouco econômica. seis camadas de 0,30 m existentes na região

33
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CONCRETO ROLADO

poderia haver passagem de água", ex-


Misturas plica Kuperman. Essa argamassa deve
CCR pobre: com baixo teor de material superiores a 150 kg/m3, visando à ser aplicada no máximo uma hora
cimentício, menor que 100 kg/m3, permeabilidade semelhante à do antes da nova camada ser lançada.
é razoavelmente permeável e pouco concreto convencional Juntas de dilatação verticais exis-
homogêneo ao longo da espessura da Concreto com teor médio de tem para que a estrutura seja dividida
camada, podendo apresentar caminhos argamassa: com teor cimentício entre em blocos e, assim, seja evitado – ou
preferenciais de percolação 100 kg/m3 e 149 kg/m3, alia economia minimizado – o aparecimento de fis-
RCD: desenvolvido no Japão, o método à homogeneidade suras de origem térmica na direção
utiliza concreto mais argamassado Concreto com alto teor de finos montante-jusante. "Podem haver jun-
e úmido a fim de assemelhar-se ao (ATF): desenvolvido no Brasil, procura tas de construção verticais, realizadas
material convencional driblar a limitação de disponibilidade na direção perpendicular ao fluxo de
CCR com alto teor de pasta: usa mais de cinza volante ou outros tipos água, para dividir a execução devido à
material cimentício, com teores de pozolanas logística", comenta Kuperman.
Já as juntas de construção hori-
Fonte: Caracterização de concreto compactado com rolo em laboratório. Vladmir A.
zontais, inevitáveis em barragens por
Paulon, Denise Dalmolin, José Marques Filho e Walter Pacelli de Andrade.
constituírem um ponto fraco quanto à
passagem de água, devem ser tratadas
CCR - Método tradicional com um uso mais amplo de esteiras, e com tecnologia adequada e que possi-
6 Subcamadas com h = 0,33 m na qualidade dos materiais em si. bilite a ligação perfeita entre as cama-
No entanto, os procedimentos bá- das. No caso de pavimentos, as juntas
sicos se mantêm. Uma betoneira des- devem obedecer às recomendações
2m

peja o concreto no sistema de trans- preconizadas pelas normas pertinen-


porte – caminhões basculantes ou cor- tes ao uso de concreto convencional.
reias transportadoras – que o leva até o A cura, que inicia cerca de cinco
Substrato
local da aplicação; tratores com lâmi- horas após a compactação, exige os
Camada de CCR
nas frontais espalham a mistura e rolos mesmos cuidados que o concreto con-
Argamassa de ligação
compressores a compactam. Estes vencional. Mesmo porque, explica An-
devem ter pelo menos 10 t e só devem driolo, "as tecnologias desenvolvidas
e de agregado pulverizado. "A maioria vibrar após a primeira passagem. no Brasil permitem utilizar uma dosa-
dos projetos atuais exige uma porcen- Em geral, cada camada tem 0,33 m gem de cimento bastante baixa", redu-
tagem de finos até maior do que o antes da compactação e passa a ter 0,30 zindo a incidência de patologias decor-
permitido em norma para concreto m após a passagem dos rolos. Caso a rentes de problemas durante a cura.
convencional", conta. Isso, comple- execução da camada seguinte extrapole Como características executivas o
menta, melhora a qualidade do con- o tempo previsto em projeto, uma ca- CCR apresenta o intenso uso de equi-
creto porque otimiza a compactação, mada de argamassa, com desde 0,5 cm pamentos para espalhamento e com-
aumenta a impermeabilidade e me- até 1 cm, é aplicada para selar e colar as pactação do concreto, diminuindo a
lhora as características mecânicas, camadas de concreto. "Não existindo, a quantidade de mão-de-obra mobiliza-
como a resistência. São observadas, depender do tipo de CCR, a ligação da e resultando num processo indus-
ainda, melhoras nos equipamentos, entre as camadas ficaria prejudicada e trial repetitivo e, portanto, eficiente.
Mesmo em relação às fôrmas não há
diferenças significativas no que tange
ao concreto convencional, devendo
Acervo pessoal de Francisco Rodrigues Andriolo
Acervo pessoal de Selmo Chapira Kuperman

apenas suportar as pressões hidrostáti-


cas laterais, mais acentuadas.
Bruno Loturco

LEIA MAIS
The use of roller compacted
concrete. Francisco Rodrigues Andriolo.
Após o lançamento da mistura no campo Feita a compactação, as juntas são Editora Oficina de Textos, 554 págs.
de trabalho, tratores a espalham cortadas de acordo com o determinado Compra pelo site www.piniweb.com,
uniformemente, seguidos pelos rolos pelas normas que regem o uso do concreto pelo fone 4001-6400 (regiões
compressores de pelo menos 10 t, que convencional. Têm a função de evitar a metropolitanas) ou 0800-5966400
não devem vibrar na primeira passagem fissuração e, assim, impedir infiltrações (demais regiões)

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CONCRETO APARENTE
Nelson Kon

Acabamento final
Engenheiros e arquitetos elogiam a versatilidade e resistência do concreto
aparente, destacando obras que se tornaram ícones. É preciso, porém,
protegê-lo de intempéries e agentes agressivos, para garantir durabilidade

oi no fim do século XVIII que a por Oscar Niemeyer e as de Ruy Ohta- construído em pré-moldados de con-
F mistura cimento, areia, agregados e
água tornou-se um dos materiais mais
ke, que tiram bastante proveito da be-
leza plástica do concreto. Em São
creto, e a Cidade da Música. Em fase
de finalização, a Fundação Iberê Ca-
adotados na construção civil. Com a Paulo, encontram-se edifícios emble- margo, em Porto Alegre, diferencia-se
evolução dos estilos de arquitetura e a máticos como o da IBM, o Tribunal por usar o concreto aparente branco.
supressão dos excessos, sua trabalhabi- Regional do Trabalho de São Paulo O concreto aparente caracteriza-se
lidade e aparência neutra possibilita- (acima), a sede dos Correios, a Fiesp por deixar à vista sua coloração e tex-
ram a arquitetos modernos e contem- (Federação das Indústrias do Estado tura naturais. A superfície pode ser
porâneos explorar a forma e a volume- de São Paulo), o Masp (Museu de Arte protegida por uma película, desde que
tria dos edifícios, sem a necessidade do de São Paulo) e o Hotel Unique, que seja transparente e incolor. "Tal e qual
uso de acabamentos ou revestimentos. utiliza três cores de concreto aparente. o concreto revestido, o material deve
No Brasil, não faltam exemplos No Rio de Janeiro, duas novas obras se resistir a agentes agressivos, que levam
marcantes, como as obras idealizadas destacam: o Estádio João Havelange, à corrosão das armaduras e compro-

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Museu da Fundação Iberê Camargo,


projeto do arquiteto português
Álvaro Siza para a cidade de Porto
Alegre. Obra de concreto aparente
com cimento branco

metem a estrutura", destaca Cláudio


Oliveira, gerente do Projeto Indústria
da ABCP (Associação Brasileira de Ci-
mento Portland).
"Não há limites técnicos para uso
do concreto aparente", diz o engenhei- Marcelo Scandaroli

ro civil Thomas Garcia Carmona, di-


retor da Abece (Associação Brasileira
de Engenharia e Consultoria Estrutu-
ral) e da Exata Engenharia e Assessoria
SS. Plasticidade, resistência e durabili- samento do concreto, pela cura e pelo O mix certo
dade fazem o material altamente con- cobrimento da armadura (distância A mistura utilizada no concreto
veniente na versão aparente. "No en- entre a armadura e a superfície), com- aparente deve ter baixíssima relação
tanto, quando em contato direto com patível com as condições de exposição. água/cimento, algumas adições espe-
agentes agressivos, não se recomenda "Infelizmente, por enquanto, não ciais e aditivos que lhe confira as ca-
essa alternativa", alerta o arquiteto Ri- há na Norma Brasileira qualquer espe- racterísticas desejadas e assegure pro-
cardo Alencar, consultor de concreto e cificação de durabilidade de projeto. teção à superfície que ficará exposta às
membro do Comitê Técnico Pré- Em princípio, subentende-se que 50 intempéries e agentes agressivos.
Moldados do Ibracon (Instituto Brasi- anos é o mínimo razoável", destaca "Qualquer tipo de cimento Por-
leiro do Concreto). Paulo Helene. No Brasil, encontram-se tland pode ser adotado no concreto
"Trabalhabilidade, coesão, baixíssi- edifícios bastante antigos de concreto aparente", afirma Oliveira. Mas, para
ma exsudação, baixa carbonatação e aparente e que, com gastos normais de cada situação, o presidente do Ibracon
alta resistência são as principais carac- manutenção, têm durabilidade muito recomenda um tipo diferente. Os ci-
terísticas que o concreto aparente deve superior a 50 anos. mentos com adições tipo CP III e CP
apresentar", resume o engenheiro civil Na falta de ensaios comprobató- IV garantem resistência à lixiviação e
Paulo Roberto do Lago Helene, profes- rios de desempenho da durabilidade aumentam a impermeabilidade do
sor titular do departamento de enge- da estrutura frente ao tipo e nível de material. Os pozolânicos tipo CP IV
nharia de construção civil da Escola Po- agressividade previsto em projeto, a minimizam o risco de reações álcali-
litécnica da USP e presidente do Ibra- NBR 6118 estabelece para cada classe agregado. Os do tipo CP I e CP V sem
con. O concreto deve ter baixa porosi- de agressividade prevista (fraca,média, adições reduzem a profundidade de
dade, baixo índice de fissuração, além forte e muito forte) valores mínimos carbonatação. Já os cimentos com
de coloração e textura compatíveis com de relação água/cimento, resistência à adições tipo CP III e CP IV com adi-
a aparência que se deseja. Para resultar compressão e cobrimento nominal. ção extra de sílica ativa e cinza de
na estética intencionada pelo projeto Também por questões de durabi- casca de arroz diminuem a penetra-
de arquitetura, Ricardo Alencar ressalta lidade, em ambientes rurais com ção de cloretos.
que "o material deve possuir um nível agressividade fraca, deve-se usar con- A escolha do cimento também
superior de acabamento superficial e cretos de resistências superiores a 20 pode levar em conta fatores estéticos,
ser isento de imperfeições". MPa. No caso de um edifício em orla pois normalmente está associada à cor
marítima com agressividade forte, da matéria-prima. No concreto apa-
Durabilidade e resistência aconselha-se o concreto com resistên- rente com pigmentos – que devem ser
A vida útil de uma estrutura de cia mínima de 30 MPa. de base inorgânica –, o cimento Por-
concreto, seja aparente ou não, é de- "Com o desenvolvimento de aditi- tland branco estrutural é o mais indi-
terminada pela qualidade dos mate- vos plastificantes de alta eficiência, já é cado para a obtenção de cores mais
riais utilizados na composição e pela possível produzir concretos com resis- claras. Para produzir pré-fabricados,
Regra dos 4 C. Ou seja, pela composi- tências acima de 100 MPa, como os no entanto, o fator preponderante é o
ção do traço do concreto – principal- utilizados em alguns pilares do edifício tempo de desenforma. Por isso, para se
mente em função da relação água/ci- e-Tower em São Paulo", exemplifica o conseguir um saque mais rápido, re-
mento –, pela compactação ou aden- gerente da ABCP, Cláudio Oliveira. comenda-se o uso do CP V (ARI), que

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CONCRETO APARENTE

proporciona alta resistência inicial em


tempo curto. "Porém, quando o con-
creto está exposto a águas residuais in-
dustriais, esgoto ou solos contamina-
dos (sulfatados) a opção é o ARI-RS."

Adições e aditivos
As adições minerais (metacaulim,
nome comercial de silícia ativa, sílica
ativa, fíler calcário etc.) são recomen-

Divulgação Real Mix


dadas por possibilitarem o refinamen-
to dos poros, tornando a microestru-
tura do concreto mais compacta e au-
mentando a sua durabilidade.
Aditivos plastificantes, além da função
O aditivo inibidor químico de ação
de aumentar a trabalhabilidade do
mista,que pode ser tanto incorporado à
concreto, em obras com altas taxas

Carlos Chaves/ABCP
massa do concreto quanto aplicado di-
de armadura ou muito esbeltas,
retamente sobre a superfície do concre-
contribuem também para melhorar
to endurecido,evita as reações anódicas
o acabamento final da estrutura
e catódicas de corrosão das armaduras.
Aditivos plastificantes, polifun-
cionais, super ou hiperplastificantes ginal do concreto e não evidenciam as macroporosidades. Atualmente, o
são recomendáveis para tornar o con- imperfeições do material bruto. concreto auto-adensável ganha espa-
creto mais fluido e facilitar o adensa- ço, por atender todos esses requisitos,
mento em peças esbeltas e/ou com Cuidados na execução com vantagem de dispensar o uso de
alta taxa de armadura. A execução de estruturas de concre- vibrador e incrementar a qualidade do
Dependendo das características da to aparente requer os mesmos cuidados produto acabado.
obra e dos elementos a serem concreta- que as estruturas revestidas. Ou seja, A utilização de películas de prote-
dos, aditivos aceleradores ou controla- montagem de fôrmas, preparação da ção ou, dependendo do ambiente, de
dores de hidratação podem ser necessá- armadura,ajuste da fôrma,aplicação de inibidores de corrosão e retração, in-
rios para tornar o material mais traba- desmoldante, lançamento do concreto, corporados na massa de concreto
lhável. Nessa situação, o concreto deve adensamento, cura e desenforma. fresco, proporcionam maior durabili-
ser dosado com um nível apropriado de O sucesso ou não da execução de- dade ao concreto.
argamassa e agregado graúdo com di- pende de alguns cuidados, começando "A qualidade das fôrmas é funda-
mensão máxima, adequando-se aos es- pelo projeto. "Tanto o arquitetônico mental, pois tudo fica registrado no
paçamentos entre as amaduras. como o estrutural deve considerar as concreto", justifica Alencar. Por isso,
condições de exposição", enfatiza Car- antes do lançamento devem ser confe-
Películas de proteção mona. Detalhes de projeto que modifi- ridas dimensões, nivelamento e
Vernizes e hidrofugantes, ambos cam o fluxo da água de chuva – como prumo, em conformidade com as tole-
possuem suas vantagens e desvanta- chapins nos topos de platibandas e pa- râncias. As superfícies internas devem
gens para garantir a proteção superfi- redes, pingadeiras nos beirais etc. – evi- estar limpas e ser suficientemente es-
cial do concreto aparente. A escolha tam acumulação de água sobre a su- tanques e seladas, evitando fuga de ar-
correta depende do tipo de aplicação. perfície do concreto. gamassa pelas juntas. A utilização cor-
Os vernizes formam filme contínuo e O uso do mesmo tipo de cimento, reta das armaduras e a rigidez das fôr-
são mais eficientes na proteção de que garante a homogeneidade da cor, a mas proporcionam o cobrimento mí-
agentes agressivos. Já os hidrofugantes aplicação uniforme de desmoldante, nimo da estrutura exposta.
são capazes de penetrar alguns milíme- os cuidados com o lançamento e aden- Quando utilizadas fôrmas de ma-
tros nos poros do concreto, impedindo samento do concreto, para evitar fa- deira, são indicados os desmoldantes
a penetração de água e de substâncias lhas de concretagens, e o cumprimen- à base de água. Alencar recomenda
agressivas nela dissolvidas. Em relação to do tempo de cura vão definir a qua- que sejam saturadas com água, para
ao verniz, o hidrofugante permite a cir- lidade final da obra. O estudo de dosa- minimizar a desidratação do concre-
culação de vapor d'água e com isso gem – talvez o mais importante – asse- to. Já nas metálicas devem ser aplica-
reduz a formação de bolhas e bolor. gura um concreto com consistência dos produtos à base de óleo vegetal,
Vernizes foscos, apesar de serem mais adequada,capaz de preencher todos os que preservam a superfície.
caros, têm a vantagem sobre os bri- espaços das fôrmas e armaduras e im- Na etapa da cura, convém prote-
lhantes, pois não alteram o aspecto ori- pedir a ocorrência de segregações e ger as estruturas da incidência direta

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do sol e de correntes de vento. "A eva-


poração da água pode provocar fissu-
ras na superfície do concreto", alerta
o arquiteto Ricardo Alencar, que re-
comenda o uso de agentes de cura
nessa etapa.
Sempre que necessário, deve-se
realizar reparo na estrutura que apre-
sente problemas de fissuras, bolhas ou
bicheiras, que possam causar prejuízos
estéticos ao concreto aparente. A estu-
cagem é necessária para preencher os
pequenos defeitos de execução e o cal-
deamento é aplicado na superfície do
concreto para conferir maior homoge-
Marcelo Scandaroli

neidade às superfícies acabadas.


Particularmente, na produção de
elementos pré-fabricados, onde quase
todas as peças são empregadas apa-
rentes, em geral os moldes são metáli-
Obras como a do Estádio João
cos, pois proporcionam melhor aca-
Havelange, no Rio de Janeiro, e
bamento. De acordo com Alencar,
estações de metrô de São Paulo,
quando empregadas fôrmas de cha-
construídas com pré-moldados,
pas de madeira, é comum revestir a
exigem emprego de fôrmas com
superfície com material plastificado,
superfícies perfeitas, como chapas
para atender aos requisitos de quali-
plastificadas ou fôrmas metálicas
dade superficial.

Riscos e soluções
Os principais mecanismos de de-
terioração que podem atuar em obras um programa de inspeções periódi-
de concreto aparente são corrosão de cas, além de limpeza adequada e rea-
armaduras, acúmulo de fuligem, pro- plicação de eventuais sistemas de pro-
liferação de fungos e lixiviação super- teção superficial existentes.
Wanderley Bailoni

ficial. A solução para a maioria dos No caso de intervenção e reparos


problemas está na "alteração das pro- em estruturas com problema de corro-
priedades superficiais do concreto", são, deve-se evitar alterações estéticas
ensina Alencar. Reduzir a relação no resultado final", aconselha Alencar.
água/cimento, incorporar adições mais profundas, deve-se injetar mate- Na maioria dos reparos, pode ser mais
minerais e utilizar película de prote- rial de baixa viscosidade, geralmente viável o emprego de microconcretos e
ção e impermeabilização das superfí- resina epóxi, como medida para re- argamassas industrializadas, adequa-
cies modificam a absorção de água, duzir o risco de corrosão. damente formuladas para cada tipo de
capilaridade, porosidade e rugosida- O possível contato do concreto patologia em questão.
de do material, minimizando o surgi- com ácidos pode desintegrar a pasta O consultor recomenda o uso de
mento de manchas e reduzindo a ma- de cimento e expor o agregado. argamassas poliméricas, que são tixo-
nutenção corretiva. Como efeito secundário, a alcalinida- trópicas, para superfícies verticais,
Para evitar a corrosão de armadu- de é reduzida, eliminando a passivi- quando a área a ser reconstituída é
ras, deve-se conferir os cobrimentos dade das armaduras, que ficam sujei- rasa e envolve apenas a armadura.
mínimos com medidas preventivas e tas a fenômenos corrosivos. Quando se exige uma profundidade
controle da qualidade adequado. Na maior da área a ser reparada, de difícil
ocorrência de fissuras na superfície Manutenção acesso ou densamente armada, é in-
do concreto, seja por retração ou por "O concreto bem projetado não dicado o graute com características
outros esforços, indica-se a estuca- necessita de nenhum tipo de manu- autonivelantes. Os produtos são en-
gem (argamassa) que tampa os va- tenção", garante o gerente da ABCP. contrados no mercado na própria cor
zios, obstruindo a entrada dos agen- Como em qualquer obra existente, no do concreto.
tes agressivos. Em fissuras ou trincas entanto, é altamente recomendável Silvana Rosso

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ÁLCALI-AGREGADO

Reação perigosa
Ainda pouco estudada pelo meio técnico, reação álcali-agregado em estruturas
é de recuperação cara e complexa

m julho de 2005, nove meses após o


E surpreendente colapso do edifício
Areia Branca ocorrido em outubro de
2004 na praia de Piedade,região metro-
politana do Recife, a comissão designa-
da pelo Crea-PE (Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia
de Pernambuco) para elucidar o aci-
dente constatou indícios de reação ál-

Acervo pessoal de Selmo Chapira Kuperman


cali-agregado (RAA) na edificação.
Longe de ser a causa principal da
queda – causada por falhas durante a
concretagem que propiciaram a dete-
rioração progressiva das armaduras –,
a presença de RAA no Areia Branca
causou histeria na sociedade civil e em
vários setores ligados à construção,
A RAA consiste numa reação química lenta entre constituintes do agregado e
culminando em uma onda de inspe-
hidróxidos alcalinos, na presença de água. Na foto, topo de pilar de vertedouro de
ções sistemáticas nas fundações dos
barragem afetado por RAA
edifícios da região.
Até então associados a obras de
barragens e pontes, os diagnósticos de xidos alcalinos, provenientes dos ci- Conseqüências
RAA no Recife (leia boxe) vêm se tor- mentos ou de outras fontes, formando A existência de uma quantidade
nando parâmetros para a investigação um gel expansivo. mínima de álcalis, do cimento ou de
e solução do problema em edificações De acordo com especialistas con- outras fontes, existência de um agre-
comerciais e residenciais Brasil afora. sultados, casos de colapso repentino gado reativo e a presença da água são
"Caso não tivesse ocorrido o desaba- da estrutura em decorrência da RAA as condições fundamentais para de-
mento do Areia Branca, provavelmen- são extremamente raros. Selmo Cha- sencadear a reação. "Vale lembrar que
te o problema ainda estivesse oculto", pira Kuperman, diretor da Desek e es- sem um mínimo de 80% de umidade
afirma Tibério Wanderley Correia de tudioso da reação há mais de 30 anos, relativa não há reação expansiva signi-
Oliveira Andrade, mestre em Cons- afirma que, em geral, a reação álcali- ficativa", explica Kuperman.
trução Civil pela USP e professor do agregado costuma se processar ao O principal sintoma da existência
Departamento de Engenharia Civil da longo da vida da obra, até que algum de RAA em peças de concreto armado
Universidade Federal de Pernambuco. dos reagentes seja consumido ou que é a fissuração. Entretanto, cabe ressal-
Fenômeno mal-interpretado e a umidade relativa no interior do con- tar que a ocorrência de fissuras tam-
ainda pouco estudado pelo meio téc- creto seja substancialmente reduzida, bém pode estar associada a diversas
nico, a RAA consiste, basicamente, havendo inúmeros casos em que a outras causas como retração por seca-
numa reação química lenta na qual al- reação continua por pelo menos 60 gem ou por origem térmica, ataque de
guns constituintes do agregado, em anos, tempo suficiente para identifi- sulfatos e carregamento (relacionado
presença de água, reagem com hidró- cação e adoção de medidas corretivas. ao dimensionamento das peças).

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Sem o histórico do concreto e sem


informações sobre o projeto estrutural,
torna-se ainda mais difícil avaliar qual a
contribuição da RAA no aparecimento
das fissuras das peças. Além do ensaio
petrográfico, o diagnóstico preciso do
problema exige a avaliação da tipologia
do quadro fissuratório, muito influen-
ciado pelo estado de tensão da peça e
pela densidade e distribuição das arma-
duras. "Deve-se, entretanto, tomar cui-
dado na interpretação dessas informa-
ções", insiste Andrade.
As principais conseqüências da

Acervo pessoal de Tibério Andrade


RAA sobre as propriedades do concre-
to são as perdas de certas característi-
cas mecânicas. No caso de expansão
livre, a reação pode acarretar redução
de 40% a 60% na resistência à com-
pressão, redução de 60% a 80% na re-
Casos de colapso na estrutura por RAA são raros, mas a reação possibilita uma
sistência à tração e iguais índices de re-
perigosa entrada para outras formas de deterioração da estrutura
dução no módulo de elasticidade.
A grande maioria dos trabalhos in-
ternacionais conclui, no entanto, que
existe um comportamento bastante Principais métodos de detecção de RAA
diferenciado do concreto sem restrição
à expansão (isto é, livre para expandir)  Análise petrográfica: ASTM C-295 argamassa: ASTM C-1260, com limites de
e NBR 7389 expansão estabelecidos para as idades de
se comparado ao concreto sob efeito
de restrição pelo estado de compressão  Método químico: ASTM C-289 e 16 e 28 dias

e pela existência das armaduras.


NBR 9774  Método das barras de concreto: ASTM
"O efeito de restrição nos dá  Método da barras de argamassa: 1293 e CSA A23.2, com limites de
ASTM C-277 e NBR-9773 expansão de prismas de concreto para a
certa segurança para afirmar que as
peças de concreto armado afetadas  Método acelerado das barras de idade de um ano

pela reação conservam a sua capaci- Fonte: Comitê de Especialistas do Ibracon para Reações Expansivas em Estruturas de
dade resistente, mesmo em um esta- Concreto/2o semestre de 2005

Classificação
A reação álcali-agregado tem sido sílico-alcalino, altamente instável, que quartzo microcristalino a
comumente divida em três tipos: Reação começa a absorver água e a se expandir, criptocristalino e minerais expansivos
Álcali-Sílica (RAS), Reação Álcali-Silicato ocupando um volume maior que os do grupo dos filossilicatos.
(RASS) e Reação Álcali-Carbonato (RAC). materiais que originaram a reação.  Reação Álcali-Carbonato (RAC):
Em todos os casos, a conseqüência  Reação Álcali-Silicato (RASS): é a mais rara de todas e acontece
principal é a expansão continuada do é o tipo de RAA mais encontrado em quando certos calcários dolomíticos
concreto ao longo de 60 anos e sua barragens construídas no Brasil e em são usados como agregado em
conseqüente fissuração. blocos de fundação na região do concreto e são atacados pelos álcalis
 Reação Álcali-Sílica (RAS): é a Grande Recife. Consiste na reação do cimento, originando uma reação
principal e mais recorrente no Brasil e entre álcalis disponíveis e alguns tipos denominada desdolomitização. Trata-
acontece quando os vários tipos de sílica de silicatos eventualmente presentes se de uma reação bem complexa,
reativa presentes nos agregados reagem em certas rochas sedimentares, rochas cujas conseqüências são bem mais
com os íons hidroxilia existentes nos metamórficas e ígneas. É uma reação graves, mas ainda existem várias
poros do concreto. A sílica reage com os que está basicamente relacionada à divergências sobre o provável
álcalis sódio e potássio formando um gel presença de quartzo tensionado, mecanismo da reação.

Fonte: Comitê de Especialistas do Ibracon para Reações Expansivas em Estruturas de Concreto/2o semestre de 2005

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ÁLCALI-AGREGADO

Acervo pessoal de Sérgio Osório de Cerqueira


Acervo pessoal de Tibério Andrade

Detalhe de reação álcali-agregado: a


Quadro fissuratório em bloco de fundação de edifício de 23 pavimentos: recuperação seta indica a borda de reação
de estruturas comprometidas por RAA é cara e complexa circundando o agregado graúdo

ção. Para recuperar a estrutura afeta-


Norma deve entrar em vigor ainda em 2007 da, o primeiro passo é a injeção de re-
sina epóxica ou microcimento.
Dentro dos esforços para diagnóstico e "Será uma forma do fenômeno ser
De acordo com Sérgio Osório de
solução da RAA, o CB-18 da ABNT, por tratado preventivamente, evitando,
Cerqueira, professor da UFRPE (Uni-
meio da Comissão de Estudos de desse modo, prejuízos técnicos e
versidade Federal Rural de Pernambu-
Requisitos e Métodos de Ensaios de econômicos à construção civil", explica
co),projetista e diretor técnico da Enge-
Agregados, está elaborando o "Guia para o professor Dr. Claudio Sbrighi Neto,
data Engenharia Estrutural, os serviços
avaliação da reatividade potencial e coordenador da Comissão de Estudos
de recuperação, em geral, são caros pois
medidas preventivas para uso de de Agregados do CB-18 da ABNT.
envolvem procedimentos específicos
agregados em concreto", cuja conclusão Contextualizado a partir da experiência
como injeção, protensão e encamisa-
deve acontecer ainda em 2007. nacional e dos textos normativos da
mento, além de materiais dispendiosos.
Segundo especialistas, a norma pretende Comunidade Européia, Estados Unidos
Osório, que também é delegado
ser um referencial especializado e Canadá, o texto-base incluirá
regional da Abece em Recife, lembra
contendo o resumo dos conceitos parâmetros inovadores como a
que até pouco tempo atrás acreditava-
atualizados sobre a avaliação da reação classificação de riscos, os conceitos
se que o uso de cimentos com teor de
álcali-agregado e terá grande impacto no petrográficos específicos entre
álcalis até 0,6% não acarretaria ne-
segmento da construção civil. outras orientações.
nhum risco de reação. "Atualmente,
sabe-se que, mesmo com teores me-
do superficial de intensa fissura- armadura e causando, conseqüente- nores, o risco está presente desde que
ção", explica Andrade. mente, a quebra do concreto. "O fissu- os agregados sejam potencialmente
ramento do concreto também exporá reativos", completa.
Diagnóstico e recuperação a armadura, facilitando a sua corro- A adoção de agregados não reati-
Entretanto, cabe salientar que em são", completa Eduardo Quitete, geó- vos tem sido considerada a maneira
edificações onde há fissuração inten- logo pesquisador do Centro de Tecno- mais eficiente de evitar a ocorrência da
sa, é altamente recomendável que os logia de Obras de Infra-estrutura do reação. Se por questões econômicas
condôminos procedam à imediata in- IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológi- isso não for possível, uma boa alterna-
tervenção de reforço e proteção. So- cas do Estado de São Paulo). tiva é lançar mão de materiais que per-
bretudo porque as fissuras represen- A recuperação de estruturas com- mitam a neutralização da reatividade
tam uma porta de entrada para atua- prometidas pela RAA é cara, comple- como o cimento Portland pozolânico
ção de outros mecanismos de deterio- xa e exige estudos detalhados de cada (com quantidade de pozolana que
ração do concreto e da armadura. caso. Uma vez instalado o processo comprovadamente neutralize a rea-
Agentes corrosivos – como o clo- reativo, é possível minimizar as ex- ção) ou cimento Portland de alto-
reto, por exemplo – podem ingressar pansões futuras com encapsulamento forno (com quantidades de escórias
pelas rachaduras, comprometendo a ou outras formas de impermeabiliza- suficientes para neutralizar a reação).

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RAA no Recife
Desde a queda do Areia Branca, ensaios Além das inspeções em elementos fundações dos edifícios", lembra Andrade.
específicos já confirmaram 15 casos de de fundação dos edifícios na região Segundo Francisco Bacelar, diretor
edificações diagnosticadas com a RAA na metropolitana do Recife, o Sinduscon-PE, de ciência e tecnologia do Sinduscon-PE
região metropolitana do Recife. Outros 25 com apoio do Sebrae-PE (Serviço e diretor da divisão imobiliária do Grupo
casos, ainda não submetidos a ensaios, Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas JCPM, após a queda do Areia Branca,
mostram quadros fissuratórios de Empresas de Pernambuco), sob a a primeira preocupação da entidade foi
intensidade variada em blocos e sapatas que coordenação da Universidade Federal promover um debate técnico com os
também podem estar associados a RAA. de Pernambuco, realizou um estudo para especialistas, construtores, calculistas,
A existência do que os especialistas identificar o potencial de reatividade universidades e fornecedores de materiais.
denominam como "tríplice aliança" – dos principais agregados da região. Além Na tentativa de combater o problema,
o uso de agregado reativo no concreto, dessa identificação, foram pesquisados os o Sinduscon-PE elaborou uma cartilha
a presença de álcalis no cimento e a cimentos e adições minerais disponíveis intitulada "Reação álcali-agregado e
existência de umidade no solo, bastante na região capazes de mitigar a reação dos diagnóstico do potencial de reatividade
intensa em Recife – são os fatores que agregados mais reativos. dos agregados e do potencial de inibição
possibilitaram o desencadeamento da Os ensaios, realizados em Furnas, de RAA com uso de cimentos e adições
reação de forma intensa nessa cidade. identificaram algumas jazidas de minerais disponíveis na região
Entretanto, como alerta Andrade, agregados potencialmente reativas. Os metropolitana do Recife", documento que
"provavelmente nas cidades brasileiras casos mais graves, sob o ponto de vista contém recomendações para prevenção
onde os fatores essenciais para o de fissuração, coincidiram com as jazidas da RAA em futuras obras. Além dessa
desenvolvimento da RAA estejam que apresentaram os maiores níveis de iniciativa, estão sendo promovidas diversas
presentes, o mesmo problema pode reatividade. "Essa correlação reforçou palestras e cursos cujo objetivo principal
estar acontecendo sem, contudo, serem o diagnóstico da influência da RAA nos é promover a conscientização do meio
submetidos a investigações". quadros fissuratórios encontrados nas técnico para a existência do problema.

Segundo documento do Comitê de negativo", ou seja, induzir à falsa con-


Especialistas do Ibracon para Reações clusão de que o agregado não é reativo.
Expansivas em Estruturas de Concreto, O consultor aponta o método dos
outra possibilidade é a adição de sílica prismas de concreto como um dos
ativa, metacaulim, cinza volante, cinza mais eficientes para a detecção de rea-
de casca de arroz ou material polozâni- tividade do agregado. Porém, uma
co ao concreto,na central ou na própria desvantagem é o tempo de conclusão
obra, em teores compatíveis e previa- dos testes, que pode levar um ano. Na
Divulgação: IPT

mente estudados. "A adoção de com- tentativa de solucionar o problema,


postos de lítio no concreto é uma outra alguns laboratórios vêm estudando a
opção,porém deve ser muito bem estu- adoção de um método acelerado de
A análise petrográfica é um dos
dada", lembra Kuperman. prisma de concreto cujos resultados
principais métodos para detecção
seriam concluídos em três meses.
da reatividade entre agregados e
Diagnóstico Outros esforços estão sendo realiza-
hidróxidos de sódio ou potássio
Embora haja vários métodos para dos no sentido de promover métodos
identificar a presença da reação álcali- mais seguros e rápidos para o diagnósti-
agregado no concreto, os esforços métodos de prismas de concreto co da reatividade. Uma parceria entre
para a recuperação ou reforço de es- (CPT) e o método acelerado de pris- laboratórios canadenses, americanos,
truturas problemáticas são tão custo- mas de concreto (ACPT). australianos e europeus e os laborató-
sos e difíceis que a prevenção acaba De acordo com Kuperman, ne- rios nacionais de Furnas (GO), da
sendo o melhor remédio para evitar a nhum desses métodos é totalmente se- ABCP (Associação Brasileira de Ci-
sua manifestação. guro. "Alguns são mais precisos para mento Portland),da escola Politécnica e
Entre os métodos para a detecção determinado tipo de agregado e não da Cesp (Companhia Energética do Es-
prévia da reatividade de agregados para outro, por exemplo", enfatiza. tado de São Paulo) – Ilha Solteira parti-
frente aos hidróxidos de sódio ou po- Tanto o método químico (NBR 9774) cipam,desde março de 2006,de estudos
tássio presentes na pasta de cimento quanto o de barras de argamassa em âmbito internacional cujos resulta-
hidratada estão: a análise petrográfica, (NBR 9773) não são considerados dos visam diminuir o tempo de conclu-
o método químico, o método acelera- como totalmente confiáveis pois são das análises dos testes realizados.
do de barras de argamassa (AMBT), podem induzir a conclusões de "falso- Gisele C. Cichinelli

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CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL

Mistura plástica
Inovador por eliminar etapas e alterar rotina de canteiro, tecnologia do
concreto auto-adensável ainda é prejudicada pelo desconhecimento acerca
de suas propriedades

Repette, do ECV-UFSC (Departa-


mento de Engenharia Civil da Uni-
versidade Federal de Santa Catarina).
O material também deve apresentar
três propriedades básicas: coesão su-
ficiente para escoar intacto e preen-
cher espaços, habilidade de passar
por restrições e capacidade de resistir
à segregação. Estas, conforme explica,
dependem tanto da fluidez quanto da
estabilidade da mistura.
O CAA é obtido a partir dos mes-
mos materiais utilizados para a pro-
Fotos: acervo pessoal de Wellington Repette

dução do concreto convencional – ci-


mento, agregados graúdo e miúdo,
material fino coesivo e água, porém
com maior adição de finos, de aditi-
vos superplastificantes e, eventual-
mente, moderadores de viscosidade.
Embora, conforme lembra Repette,
exista uma ampla discussão acadêmi-
O espalhamento entre 600 mm e 700 mm, obtido em ensaio específico, é ideal ca em torno das metodologias para
para evitar que o concreto se mova demais a partir do ponto de lançamento, obtenção do traço. Tutikian recomen-
permitindo preencher primeiro vigas e depois a laje em si da a adoção de "algum método de do-
sagem", referindo-se aos inúmeros
desenvolvidos pelos pesquisadores
ambém chamado autocompactá- mogeneidade adequada, conforme brasileiros (veja quadro).
T vel, o concreto auto-adensável é,
sobretudo, um material fluido – em-
explica o engenheiro Bernardo Tuti-
kian, doutorando do Norie (Núcleo Traço refinado
bora sua definição extrapole tal carac- Orientado para a Inovação da Edifica- Repette reforça a importância do
terística, como veremos. Por ser um ção), da Universidade Federal do Rio refinamento do traço, baseado em mé-
concreto de alto desempenho, tem a Grande do Sul. todos de dosagem adequados. Segundo
capacidade de se moldar às fôrmas Embora geralmente seja autoni- afirma, mesmo que o CAA seja aprova-
valendo-se apenas do peso próprio, da velante, esse não é um requisito para do pelos ensaios realizados em cantei-
ação da gravidade, dispensando com- que um concreto seja considerado ro, "o uso sem critério de aditivos, finos
pactação ou vibração externas. auto-adensável. Mais, "as característi- ou cimento pode trazer problemas fu-
Ou seja, é capaz de preencher es- cas do concreto fresco é que diferen- turos de desempenho", alerta.
paços e envolver barras de aço e ou- ciam o CAA do concreto convencio- Como se vê, comparativamente
tros obstáculos mantendo uma ho- nal", salienta o professor Wellington aos concretos convencionais, o CAA

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demanda ainda mais atenção quan- de sais de ácido policarboxílico, ou dade plástica. Como é pouco disponí-
do da definição do traço, uma vez simplesmente policarboxilatos. "É o vel em campo, as propriedades do
que é imprescindível obter fluidez, supra-sumo da indústria, mas exis- material no estado fresco são avalia-
evitar qualquer segregação e adequar tem experimentos com aditivos mais das por três outros testes: caixa "L",
custos. "É possível fazer CAA apenas baratos que mostram resultados fa- funil "V" e ensaio de espalhamento.
com cimento, mas se tornaria muito voráveis", pondera. Enquanto o espalhamento se relacio-
caro", ilustra Repette referindo-se à O equipamento ideal para avaliar na mais diretamente com a tensão de
necessidade dos finos, que pode ser a qualidade do CAA no estado fresco é escoamento, o funil traz mais infor-
pó-de-brita, resíduo da britagem de o reômetro, que permite a obtenção mações pertinentes à viscosidade. Já a
rocha e da lavagem de areia artificial. da tensão de escoamento e da viscosi- caixa "L" verifica a fluidez, a capacida-
A recomendação do professor da
UFSC é que o ajuste do traço seja
feito em laboratório a partir da pasta, Materiais para obtenção do CAA
seguido da adequação da argamassa
e, por fim, do concreto.
Cimento  Fração fina dos agregados
Todos esses procedimentos visam  São preferíveis os cimentos mais industrializados: o tipo de rocha e a
finos e com teores mais baixos de forma de britagem e classificação
à obtenção de um concreto fluido
álcalis e de C3A. No entanto, a influenciam as características próprias e
cuja homogeneidade – especialmen-
princípio, qualquer tipo de cimento a adequação do CAA.
te após a aplicação – depende, princi-
empregado na produção do concreto
palmente, da viscosidade plástica e
convencional pode ser utilizado para Aditivos
da tensão de escoamento. Ambas são
determinadas pela dosagem da mis-
obtenção do CAA.  Superplastificantes: reduzem em pelo
menos 20% o consumo de água. Mesmo
tura, pelo tipo e teor do aditivo su-
Adições os de base policarboxilato, mais
perplastificante, pelo teor de finos e
pela distribuição granulométrica dos  Filler calcário: embora o de natureza indicados, provocam perdas de fluidez
calcítica seja o mais indicado, não é um exigindo compatibilização com os fios
materiais. Há necessidade de que a
material verdadeiramente inerte, da mistura.
viscosidade seja moderada e a tensão
de escoamento, baixa. Repette lem-
principalmente se em contato com C3A,  Promotores de viscosidade:
além de aumentar a velocidade de normalmente à base de
bra que o que dá fluidez à mistura é o
hidratação do cimento. Deve ter finura polissacarídeos, melhoram a
teor de água e/ou de aditivo super-
igual ou menor que a do cimento. resistência à segregação. São
plastificante. Este geralmente à base
 Cinza volante: com forma esférica, dispensáveis quando os teores de finos
diminui o atrito interno entre agregados são adequados. Aumentam a retração
e cimento, reduzindo o consumo de quando em doses elevadas.
superplastificante por aumentar a fluidez
e a viscosidade. Deve ter finura entre Agregados
500 m2/kg e 600 m2/kg.  Miúdo: os mesmos do concreto
 Sílica ativa: comum para obtenção de convencional, o ideal é que
elevada resistência à compressão, representem entre 40% e 50% da
promove aumento da resistência à argamassa do CAA.
segregação quando representa entre  Graúdo: também semelhantes ao do
2% e 5% da massa de cimento. Nesses concreto convencional, são preferíveis
casos também aumenta a demanda por os de forma regular. O de 10 mm é o
Por ser fluido, o concreto auto-
aditivo superplastificante e a tensão mais difundido por resultar numa
adensável não é recomendado para
de escoamento. composição mais econômica.
preenchimento de escadas ou lajes com
desníveis. Nesses casos, é possível Fonte: Concreto de Última Geração: Presente e Futuro, Capítulo 49, Vol. 2, pp.1509-
construir um dique de argamassa para 1550, W. L.Repette. In: Concreto: Ensino, Pesquisa e Realizações, Editor: Geraldo C.
evitar nivelamento Isaia, Ibracon, 2005.

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CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL

de de ocupar espaços e passar por res- palhamento. Por ser difícil de perce- Até mesmo o comportamento do
trições e o grau de nivelamento, sendo ber no momento do recebimento ou elemento a ser moldado, ao longo
quase um ensaio de desempenho. "É da aplicação, é mais seguro evitá-la da espessura, é influenciado pela se-
importante fazer os três para ter uma realizando uma adequação prévia gregação ou não do concreto. "Caso
visão do material como um todo", em laboratório. Dessa forma im- haja exsudação, pode haver dificul-
afirma Repette. pede-se a exsudação da mistura e, dades no lançamento, pois também
Também é essencial verificar a conseqüentemente, a perda de resis- afeta a capacidade do CAA se mover
segregação do material, que, quan- tência na superfície superior e até adequadamente, e a heterogeneida-
do exagerada, pode ser vista no es- mesmo a exposição das armaduras. de das propriedades mecânicas", re-
sume Repette.
Dentre os motivos para a exsuda-
ENSAIOS E REQUISITOS PARA O CAA ção, conta Tutikian, estão a falta de
Métodos de ensaio Valores limites ajuste do traço e o excesso de aditivo
Espalhamento Entre 600 e 800 mm superplastificante, com possibilidade
Funil "V" Entre 5 e 10 segundos de manifestações patológicas. O CAA
Caixa "L" H2/H1 entre 0,8 e 1,0 é um material que exige dosagem cri-
Segregação avaliada no ensaio de espalhamento Ausente teriosa e focada na estabilidade da
Fonte: Concreto auto-adensável – Conceitos e características, Prof. Dr. Wellington mistura, que é o ponto mais suscetível
Repette, UFSC. a problemas no momento da aplica-
ção. "É um concreto fluido, mas essa
não pode ser sua única característica",
Custos conclui Repette.
Segundo o engenheiro Wellington (como ninhos e acúmulo de bolhas na
Aplicação simplificada
Repette, o CAA permite a redução de superfície)
Desenvolvido no Japão no final
custos devido aos seguintes motivos:  Estima-se ocorrer um menor custo para da década de 80, o CAA visava à eli-
 Dispensa o emprego de vibradores, as operações de desenforma, uma vez que
minação da etapa de adensamento
com economia na aquisição, manutenção o concreto adere menos devido ao não-
em concretagens, pois havia dificul-
e operação desses equipamentos adensamento
dade em encontrar mão-de-obra
 Permite maior reutilização das fôrmas  Possibilidade de redução das seções de qualificada para executar essa etapa,
em função da inexistência da operação de peças densamente armadas, uma vez que
o que desencadeava problemas com
adensamento e pela maior facilidade de preenche espaços com mais facilidade
o acabamento final. Atualmente,
lançamento do concreto  Possibilidade de haver maiores turnos com a onda da racionalização da
 Eliminam-se ou minoram-se os custos de concretagem, principalmente quando
mão-de-obra – no Brasil mais devi-
de correção de falhas de concretagem há restrições quanto à poluição sonora
do às dificuldades em encontrar
Fonte: Prof. Dr. Wellington Repette. UFSC. qualificação do que visando à redu-
ção de custos – o CAA pode encon-
trar espaço para crescer. Claro que
Vantagens diretas desde que os problemas iniciais en-
frentados, comuns a qualquer tecno-
Se corretamente especificado, projetado e  Acelerar a construção logia, não distorçam as característi-
aplicado, o concreto auto-adensável pode  Reduzir a mão-de-obra no canteiro cas e destruam o potencial que o ma-
propiciar uma série de ganhos diretos e  Melhorar o acabamento final da superfície terial tem. "É um material promis-
objetivos, tanto na qualidade final da  Aumentar a durabilidade por ser mais sor, mas pode ser prejudicado por
estrutura quanto no orçamento da obra. fácil de adensar
problemas iniciais de dosagem", la-
Além desses, listados abaixo, há a  Permitir grande liberdade de formas e menta Repette.
possibilidade de ganhos indiretos, dimensões
Aumenta a rapidez da obra por
relativos a incrementos na qualidade,  Permitir concretagens em peças de eliminar a etapa de vibração, even-
ausência de patologias futuras e seções reduzidas
tuais retrabalhos decorrentes do
diminuição de riscos e desgaste de  Eliminar o barulho de vibração preenchimento de vazios na super-
trabalhadores e equipamentos.  Tornar o local de trabalho mais seguro fície causados por incorporação de
Dentre os benefícios que tornam o CAA em função da diminuição do número de
ar ou falhas de concretagem e por
um material vantajoso, segundo o trabalhadores
reduzir significativamente as etapas
engenheiro Bernardo Tutikian, destacam-se  Reduzir o custo final do concreto e/ou de nivelamento e acabamento. Por
as possibilidades de: da estrutura
isso, e também por contar com ade-
Fonte: Bernardo Tutikian (2004). quado controle tecnológico, a in-

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Os ensaios do funil "V" e da caixa "L" dão indícios relativos à viscosidade plástica e à tensão de escoamento. O ensaio de espalhamento
mostra a capacidade do concreto de se mover, além de dar indícios referentes à segregação

dústria de pré-fabricados tende a ser


a primeira interessada por esse con-
creto. Além disso, o tempo entre
Aplicações
produção e aplicação é menor nes- Tão versátil quanto o concreto  Lajes de pequena espessura ou lajes
ses casos, o que tende a minimizar convencional, pode ser aplicado in loco, nervuradas
custos. Esse dado é importante, con- em pré-fabricados, ser dosado em canteiro  Fundações em hélice contínua
forme Repette, porque a manuten- ou centrais e ser transportado por  Paredes, vigas e colunas
ção das características desse concre- caminhões betoneira. Pode ser bombeado,  Parede-diafragma
to é mais difícil de obter. "Pode ser lançado por meio de gruas ou espalhado.  Estações de tratamento de água e
CAA na concreteira, mas perde ca- Por ser fluido, tende a se nivelar. Portanto, esgoto
racterísticas até o momento da apli- não é indicado para locais com desníveis,  Reservatórios de águas e piscinas
cação", explica. como sacadas e escadas, ou mesmo lajes  Pisos, contrapisos, muros, painéis
Em relação às construtoras, Ber- com contraflecha elevada. Para degraus e  Obras com acabamento em concreto
nardo Tutikian salienta que elas preci- desníveis em lajes é possível lançar mão aparente
sam estar atentas e atualizadas "com as de diques, barreiras de argamassa  Locais de difícil acesso
tendências positivas que visam a me- executadas antes da concretagem.  Peças pequenas, com muitos detalhes
lhorar o processo produtivo racionali- A seguir, locais passíveis do uso do ou formato não convencional em que seja
zado, ambiente, custos e segurança". A concreto auto-adensável: difícil utilizar vibradores
afirmação remete também à influên-  Obras convencionais onde seja  Elementos com grande concentração
cia do uso do CAA sobre deformações, necessária maior velocidade de ferragens
módulos de elasticidade, rapidez e
Fonte: Utilização de concreto auto-adensável em estruturas de edifícios com custos
execução, tempo de escoramento, as-
inferiores ao concreto convencional. 12o Concurso Falcão Bauer. Câmara Brasileira da
pectos ambientais, dentre outras.
Indústria da Construção Civil.
Os pesquisadores concordam
que a tecnologia proporciona uma
maior racionalização da obra que mais de 500 m2, com aproximada- não para concretagens em geral,
certamente pode desencadear ou- mente 60 m3 de concreto. como esperam os entusiastas da
tros benefícios à cadeia da constru- Os construtores, no entanto, tecnologia. "São adequados para
ção. "Com divulgação e conheci- ainda não conseguem observar as re- peças densamente armadas, estru-
mento, o CAA virá a fazer parte da duções de custos indiretas que o ma- turas elaboradas, com alto relevo,
realidade do setor", aposta Tutikian. terial propõe. Para o diretor técnico fachadas em concreto aparente e
"O custo, em princípio mais elevado da Hochtief do Brasil, o engenheiro painéis arquitetônicos", conta Oli-
para a produção do material, pode Alexandre Safar de Oliveira, o que veira. Um uso mais amplo depende,
ser compensado pela redução de impede a ampla disseminação do para Tutikian, de divulgação. "Falta
gastos com sua aplicação e com a CAA entre as construtoras é "o custo, conhecimento de construtores,
manutenção das estruturas", afirma cerca de 8% a 10% maior". Além projetistas, concreteiras e profissio-
Repette na Ação no 6 da Comunida- disso, por ser um material novo, le- nais responsáveis pela dosagem e
de da Construção: Implementação vanta preocupações dentre os cons- definição do tipo de concreto para
do concreto auto-adensável na exe- trutores, que se mostram cientes da cada aplicação", lamenta.
cução de estrutura de concreto ar- demanda acentuada por rigoroso Bruno Loturco
mado. Nesse experimento, apenas controle da qualidade.
Fotos publicadas inicialmente no Relatório
dois operários trabalharam na con- Assim, ainda consideram o Comunidade da Construção Florianópolis. Ação 6 –
cretagem de um pavimento com CAA apenas para casos específicos e Concreto auto-adensável

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DEFORMAÇÃO LENTA

Variável concreta
A fluência, fenômeno próprio do material, pode ser minimizada
com projeto e execução adequados

iversos pesquisadores têm-se em- Como o próprio nome sugere, a Inês, a perda da água intracristalina,
D penhado em conhecer as proprie-
dades do concreto, dentre elas a fluên-
deformação lenta do concreto ocorre
ao longo de muitos anos. Estudos rea-
sob pressão constante, parece ser uma
das relações de grande importância
cia. Trata-se de uma propriedade lizados pelo ACI (American Concrete na determinação do grau de fluência
comum a diversos materiais. O fenô- Institute) demonstram que as defor- no concreto, o que pode sugerir que
meno caracteriza-se pelo aumento mações em corpos-de-prova de con- elevadas relações água/cimento sejam
gradual da deformação do material creto são verificadas mesmo após 30 indesejáveis no que se refere ao con-
quando sujeito a uma tensão constante anos. Esses registros sugerem a ten- trole do fenômeno. Assim como a
ao longo do tempo.No caso do concre- dência assintótica a um valor cons- fluência é sensivelmente influenciada
to, pode-se concluir que, exatamente tante de deformação, se não houver pela disponibilidade de água do com-
por aliviar as concentrações de tensões, modificações no carregamento ao posto, diversas outras propriedades
a fluência possibilita que o concreto longo do tempo. "No entanto, como o como módulo de elasticidade e resis-
seja utilizado como material estrutu- incremento de deformação após tência à compressão também geram
ral. "Essa propriedade é extremamente algum tempo passa a ser muito pe- variações nas deformações. A fluência
importante e benéfica, sob esse ponto queno, esse conhecimento serve ape- é diretamente proporcional à relação
de vista", explica a engenheira Inês Ba- nas a pesquisas acadêmicas", conclui. água/cimento e inversamente propor-
taggin, superintendente da ABNT (As- Algumas das causas básicas do fe- cional aos valores de módulo de elas-
sociação Brasileira de Normas Técni- nômeno já foram determinadas, mas ticidade e resistência à compressão. É
cas) e pesquisadora da ABCP (Associa- ainda há muitos pontos de relação a importante que o concreto continue a
ção Brasileira de Cimento Portland). serem mensurados. De acordo com apresentar ganhos de resistência após
a aplicação de carga na estrutura, já
que o peso próprio constitui um pri-
meiro carregamento. Sabe-se ainda
que a fluência diminui com o aumen-
to das dimensões do elemento estru-
tural, portanto estruturas mais esbel-
tas requerem mais atenção.
É importante ressaltar que a varia-
ção volumétrica resultante da reação
exotérmica de hidratação do cimento
não interfere na fluência. É um fenô-
meno de comportamento não-linear
do concreto quando submetido a uma
tensão que ultrapassa a fase elástica.
Quando a retirada da carga atuante dá
Marcelo Scandaroli

lugar à volta de uma parte da defor-


mação, o material está na fase elástica,
enquanto que a parte correspondente
Justamente por aliviar concentrações de tensões, o concreto tem ótimas à deformação além do limite elástico é
propriedades estruturais, mas as deformações devem ser previstas a longo prazo irreversível. Do ponto de vista desse

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comportamento, o concreto é um ma-


terial visco-elástico que tem sua defor-
mação diferida ao longo do tempo.
Além de decisões de projeto, na
hora de executar a estrutura é indis-
pensável considerar a maturidade do
concreto no momento de aplicação
das cargas e a magnitude desses carre-
gamentos. Segundo experimentos, a
fluência dos concretos carregados a
baixas idades é maior do que a verifi-
cada em concretos carregados a idades
maiores. "Esse comportamento é de-
vido ao maior grau de hidratação dos
concretos com maior idade, que apre-
sentam estrutura interna mais com-
pacta e menos água disponível", expli-

Divulgação: Tecno Logys


ca Inês. "Cerca de uma quarta parte da
fluência ocorre nas duas primeiras se-
manas de carregamento", conclui.
De acordo com o engenheiro José
Zamarion,do Ibracon (Instituto Brasi- O edifício Mandarim, em São Paulo, foi uma das primeiras estruturas monitoradas
leiro do Concreto), a idade fictícia do nas primeiras idades de carregamento
concreto no instante de aplicação da
carga, tempo zero e no instante consi-
derado (tempo t), leva em conta o his- medida empiricamente. A norma bra- (slump), podem ser utilizados aditivos
tórico de desenvolvimento da resistên- sileira de ensaios, a NBR 8224, deter- plastificantes ou superplastificantes
cia do concreto. Zamarion ressalta que mina modelos de ensaios de longa du- na mistura, no lugar do aumento da
as condições para estimativa (cálculo) ração, cerca de 400 dias, mas poucos la- relação água/cimento. Esse é o proce-
do coeficiente de fluência pressupõem boratórios dispõem do equipamento dimento usual para se obter concretos
uma tensão de 0,4 x tensão de ruptura necessário à sua execução. O tempo de de elevada resistência à compressão e
por ocasião do carregamento e são vá- duração do ensaio e seu alto custo tor- de fácil aplicação em estruturas com
lidas após a idade de três dias. nam restritivo seu uso corrente, sendo alta densidade de armadura (espaços
pouco solicitado pelo meio técnico. "A reduzidos), pois um aumento na rela-
Controle de projeto não ser no caso da construção de bar- ção água/cimento fatalmente provoca
No Brasil, a NBR 6118 estabelece ragens, onde essa propriedade é funda- uma expressiva queda na resistência.
como deve ser realizado o projeto de mental para o sucesso do empreendi- Os concretos atuais com abatimentos
estruturas de concreto. A versão publi- mento", explica Inês Battagin. No Bra- entre 16 e 20 cm, conseguidos com
cada em 2003 prevê as análises global e sil, assim como em grande parte dos uso de superfluidificantes, e os cha-
localizada das deformações, de manei- países, a fluência ainda é determinada mados auto-adensáveis, com aditivos
ra que a estrutura seja verificada como por estimativas teóricas a partir de químicos, conferem resistência mais
um todo e em partes, e estabelece limi- dados mais facilmente obtidos. "Não alta e módulo de elasticidade adequa-
tes de deformabilidade. A considera- apenas a previsão da fluência, mas do, desde que o agregado graúdo
ção da fluência no cálculo estrutural é muitas outras especificações e premis- apresente modo de elasticidade com-
obrigatória por essa norma e pode ser sas exigidas em norma devem ser ex- patível. "Esses concretos devem apre-
obtida por uma análise simplificada ou plicitadas nos documentos que acom- sentar boa coesão em estado plástico e
complexa. A norma técnica nacional panham o projeto estrutural", conclui. dispensam o adensamento, além de
correlaciona o valor da fluência do Para Zamarion, a deformabilida- superarem os concretos convencio-
concreto aos valores de módulo de de da estrutura pode ser controlada nais do ponto de vista da fluência", ex-
elasticidade, dimensões do elemento com o uso de concretos com resistên- plica. Já concretos mais argamassa-
estrutural, umidade e outros, em fun- cia e módulo de elasticidade corretos, dos, como é o caso do bombeável, ten-
ção do conhecimento já adquirido nas e o seu lançamento pode ser realizado dem a apresentar menores valores de
pesquisas realizadas. Apesar do conhe- com a escolha adequada dos elemen- módulo de elasticidade do que os
cimento de importantes variáveis que tos enrijecedores. Para se obter uma convencionais, e conseqüentemente
determinam o fenômeno, a fluência maior trabalhabilidade do concreto, maiores valores de fluência. Esse tipo
ainda é uma propriedade difícil de ser ou maiores valores de abatimento de concreto, indicado para aplicação

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DEFORMAÇÃO LENTA

Flechas imediatas Flechas diferidas 4 tf/m


A A
-1,2 -1,2 10 m 10 m
B B -3,3 -3,3
-1,7 -1,7 -2,2 -2,2 1,40
C C 0,10
-1,5 -1,5 -3,1 -3,1
D 0,50
A Análise linear -2,0 -2,0
0,20
B Não-linear – NBR 6118/2003 A NBR 6118/2003 com fluência 1 (seção)
C Não-linear – CEB 90 B NBR 6118/2003 com fluência 2
Parcela permanente imediata = 40%
C CEB 90 com fluência 1
Parcela permanente após seis meses = 40%
em locais de difícil acesso, deve ser
D CEB 90 com fluência 2
Parcela variável = 20%
utilizado com o conhecimento prévio
de suas características físicas, obtidas Fluência 1 = majoração direta
por ensaio e consideradas em projeto. nas flechas imediatas mática a rigidez da seção transversal
De acordo com o engenheiro Fran- Fluência 2 = correção no diagrama da peça à quase metade da grandeza
cisco Graziano, do escritório de en- tensão-deformação do concreto apresentada antes da ocorrência. A
genharia Pasqua e Graziano, a inde- fissuração depende da qualidade do
terminação real da fluência, também concreto utilizado, da quantidade de
condicionada a fatores de origem forma uma contracurvatura mecâ- armadura da peça, da grandeza das
climática como umidade do ar e nica que pode neutralizar o efeito cargas aplicadas, das condições de
temperatura ambiente, requer dis- deletério da fluência", explica. cura, da desenforma e reescoramento.
positivos estruturais de compensa- Graziano também alerta para
ção. Nos casos em que o conheci- uma confusão comum entre enge- Controle da execução
mento da deformação de uma viga é nheiros: considerar como fluência a Todos os especialistas concordam
indispensável para garantir seu bom deformabilidade de uma peça resul- que para minimizar os efeitos da
desempenho em serviço, como em tante de um estado de fissuração. fluência as soluções construtivas
vigas fletidas de grandes vãos, e exis- "Esse fenômeno pode ser responsável devem contemplar o comportamento
tem dúvidas sobre a variabilidade da pela amplificação de até duas vezes na sistêmico do edifício, de maneira a
grandeza referente ao deslocamento, deslocabilidade da peça, resultando prever o bom funcionamento conjun-
lança-se mão de alterações do siste- em deslocamentos extremamente ines- to dos componentes. "As mudanças
ma estrutural por meio do uso de perados", explica. Isso se deve ao fato nos sistemas executivos levaram ao
sistemas protendidos. "A protensão de a fissuração reduzir de forma dra- aparecimento de problemas na inter-

FLUÊNCIA DE CONCRETOS PRODUZIDOS COM GRANITO COMO AGREGADO GRAÚDO E CIMENTOS COM ADIÇÃO.
RELAÇÕES ÁGUA/CIMENTO VARIÁVEIS
Idade Fluência básica
Carre- específica (10-6/MPa)(1) 1/E F(k)
Origem dos Pasta Consumo (kg/m3) Dmáx gamento (dias após o carregamento) (10-6/ (10-6/
agregados a/c (%) Adição Cimento Total (mm) (dias) 5 10 30 100 300 400 MPa) MPa)
Dosagem 2936
Serra 0,66 22,97 39 (POZ) 235 274 19 2 35 46 66 89 110 116 127,21 19,35
Mesa 5 33 44 63 85 106 111 67,68 18,49
Dosagem 4697
Serra 0,52 26,41 28 (SA) 315 343 19 1 193 258 370 497 616 646 199,20 107,88
Mesa 3 38 51 74 99 123 129 93,20 21,49
7 21 28 40 53 66 69 86,73 11,52
28 14 18 26 35 44 46 56,18 7,66
Dosagem 4731
Serra 0,57 28,23 28 (SA) 320 348 19 1 31 42 60 80 100 105 133,16 17,46
Mesa 3 24 33 47 63 78 82 80,71 13,64
7 18 25 35 48 59 62 66,18 10,31
28 13 18 25 34 42 45 55,28 7,43
Obs.: (1) fluência básica específica = fluência básica/carga aplicada.
Nesses ensaios à fluência básica está adicionada a deformação autógena (ensaios realizados no Laboratório de Furnas)

POZ = material pozolânico SA = sílica ativa

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face estrutura-vedações e na deforma-


ção das estruturas, com deslocamen-
tos além do esperado", explica Zama-
rion. Sistemas com comportamento
similar são especialmente indicados
para uso conjunto, como revestimen-
tos de argamassa em alvenaria de blo-
cos de concreto, onde se verifica não
apenas a aderência física do revesti-
mento (ranhuras e reentrâncias
preenchidas), mas também a aderên-
cia química por similaridade do mate-
rial. Além disso, as vedações devem ser
capazes de absorver as deformações da

Divulgação: Tecno Logys


estrutura sem gerar tensões internas.
Com relação à estrutura, o cuidado
com o concreto nas primeiras idades é
determinante para sua vida útil. A ma-
nutenção da relação tensão-resistência Com as medições efetuadas, os projetistas do edifício Mandarim puderam determinar
dentro de limites aceitáveis exige esco- o melhor momento para execução das alvenarias internas sem o risco de ocorrência
ramento adequado e a não-colocação de patologias devidas a deformações
de materiais de construção sobre a es-
trutura recém-concretada, ou seja, o
adiamento do início de execução das
vedações. Em todos os casos, recomen-
da-se um plano de escoramento onde
se considere, para cada etapa, o binô-
mio "resistência à compressão-módu-
lo de elasticidade" como base para a
definição das escoras que devem per-
manecer em sua posição original até
que possam ser removidas, sem prejuí-
zo para o elemento estrutural e para o
concreto. "Nesse sentido, encontra-se
em desenvolvimento um projeto de

Fernando Henrique Sabattini


norma que trata especificamente de
fôrmas e escoramentos para estruturas
Marcelo Scandaroli

de concreto, visando estabelecer com


maior propriedade as exigências a res-
peito do tema", explica Inês.
De acordo com a pesquisadora, os
O escoramento e o reescoramento Com mais lajes executadas em
principais fatores que elevam as de-
residual são etapas decisivas para o intervalos curtos e o fato de as
formações por fluência no momento
controle das deformações, até que o estruturas serem mais delgadas
da execução estão relacionados ao
concreto atinja as resistências desejadas provocaram há alguns anos patologias
processo de secagem do elemento es-
e flexões admissíveis em uma série de obras
trutural, por falta de cura ou cura in-
suficiente. A cura, especialmente nas
primeiras idades, propicia aumentos vamente a fluência. Apesar de nor- pretende utilizar, de maneira a asse-
da resistência e do módulo de elasti- malizado há mais de duas décadas, o gurar os valores adotados em projeto.
cidade do concreto. No entanto, con- ensaio de módulo de elasticidade era "O acompanhamento desse parâme-
tra isso pode pesar o aumento da pouco utilizado. Com a revisão da tro no decorrer da obra é necessário
temperatura, acentua a secagem, e a NBR 8522, em 2003, o ensaio ficou apenas se houver troca de materiais,
elevada relação tensão-resistência no mais fácil e confiável (menor variabi- especialmente do agregado graúdo,
instante de aplicação da carga, que lidade de resultados), sendo aconse- ou expressiva modificação no traço
acima de 0,4 produz microfissuras no lhável sua determinação antes do iní- do concreto", conclui.
concreto que aumentam significati- cio da obra, para os materiais que se Simone Sayegh

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Envie artigo para: techne@pini.com.br.


O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).

ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


separadamente em JPG.

Considerações sobre
fluência de concretos
objetivo deste artigo é, por uma A aplicação de uma tensão constan-
O revisão da bibliografia, indicar os
principais fatores que afetam a fluên-
Selmo Chapira Kuperman
Desek/PCC-Epusp
te em uma peça de concreto sob condi-
ções de umidade relativa de 100% leva a
cia do concreto e apontar medidas selmo@desek.com.br um aumento da deformação ao longo
práticas no sentido de reduzir as de- do tempo, chamada fluência básica.
formações em estruturas de edifícios. "fluência", "deformação estrutural", Considera-se que na fluência básica já
O advento de novas técnicas de "retração" e os resultados traduziram- está embutida a deformação autógena
cálculo, a introdução de uma série de se em equações, ábacos, fórmulas, etc. sofrida pelo concreto.A fluência adicio-
modificações na produção das edifica- que têm sido utilizados nos diversos nal que ocorre quando a peça sob carga
ções de concreto, a ênfase crescente na critérios de cálculo, normas, procedi- também está submetida a secagem é
redução dos prazos construtivos e o mentos de cálculo e construção de di- chamada fluência por secagem.
uso já consagrado de diversos tipos de versos países, incluindo o Brasil. A fluência total é a soma das fluên-
cimentos e aditivos nos concretos pro- cias básica e por secagem. O termo
duzidos atualmente, se comparados Conceituação da fluência "fluência específica" é aqui definido
aos de 40 anos atrás, têm provocado Um material apresenta fluência como a deformação de fluência por
enorme impacto nas técnicas da cons- se, sob tensão constante, sua deforma- unidade de tensão aplicada e "coefi-
trução civil. Os resultados têm refleti- ção aumenta no tempo, como indica- ciente de fluência" é definido como a
do economias geradas muitas vezes do esquematicamente na figura 1. relação entre a deformação por fluên-
por estruturas mais esbeltas e prazos Inicialmente, há uma relação pro- cia e a deformação elástica.
construtivos menores. porcional entre tensão e deformação e, Após um ano sob carga mantida a
Os carregamentos atuantes em adicionalmente, há uma deformação deformação do concreto, devido à
peças de concreto armado durante a cuja presença e magnitude são influen- fluência, pode atingir até três vezes o
construção, devido aos avanços dos ciadas pelo tempo durante o qual a ten- valor da deformação observada no
processos construtivos, podem chegar são aplicada atua. A relação tensão-de- instante de aplicação da carga.
a ser tão significativos quanto as cargas formação é uma função do tempo. L'Hermite esquematizou de ma-
de serviço.É sabido que as deformações neira simples, conforme apresentado
sofridas pelas edificações dependem de na figura 2, a fluência. Mostrou, tam-
uma série de fatores, entre os quais está Fluência bém, que a fluência é significativa até
a fluência que, por sua vez, depende por secagem os seis anos de idade e que continua
muito da retração por secagem e que pelo menos até os 20 anos.
Deformação

Fluência básica
exercem marcante influência no com- O concreto é um material de es-
portamento estrutural a longo prazo. trutura extremamente complexa, he-
Retração
Desde 1905, quando o fenômeno terogênea e que varia com o tempo.
da fluência do concreto foi referido Deformação Conforme as inúmeras pesquisas efe-
pela primeira vez numa publicação, elástica nominal tuadas a porosidade do material e a
milhares de pesquisas e ensaios têm to água nele presente são decisivas na
Tempo
sido realizados sobre o tema estando magnitude da fluência do concreto.
os trabalhos à disposição do meio téc- Figura 1 – Deformação de concreto Inúmeras teorias têm sido propos-
nico mundial. Centenas de estudiosos submetido a carregamento constante e tas ao longo dos anos tentando expli-
debruçaram-se sobre os assuntos secagem (cf. Neville, 1997) car o mecanismo da fluência do con-

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Figura 3 – Curva típica da fluência de


concreto carregado até 40% da carga de
ruptura e posteriormente descarregado
(cf. Scandiuzzi e Andriolo, 1986)

exemplo, quando ocorre uma redução


sensível dos valores de fluência, varian-
do numa faixa de 25% a 80%. Compro-
vou-se que a partir dos 28 dias de idade
de carregamento os valores de fluência
não são significativamente alterados
quando comparados aos concretos car-
regados aos 90,180 ou 365 dias de idade.
Figura 2 – Esquema de fluência (cf. L'Hermite – tradução de L. A. Falcão Bauer)

Relação tensão-resistência
creto, mas nenhuma é capaz de levar ção dos concretos mais velhos, que Para misturas iguais de concreto e
em conta todos os fatores envolvidos e apresentam estrutura interna mais mesmo tipo de agregado, a fluência é
observados. A perda da água adsorvida compacta e menos água disponível. proporcional à tensão aplicada e inver-
ou intracristalina, sob pressão constan- Em geral, após aproximadamente samente proporcional à resistência do
te, parece ser a causa mais importante. um mês sob carregamento, a deforma- concreto na época da aplicação da carga.
Tanto a retração por secagem ção do concreto torna-se independen- Com base em inúmeros resultados
quanto a fluência do concreto apresen- te da idade de carregamento. Para car- experimentais, há evidência substancial
tam um certo grau de reversibilidade, regamento em épocas superiores a 28 de existir uma relação linear entre a
conforme mostrado na figura 3. dias, a influência da idade é muito pe- fluência e a relação tensão aplicada-re-
quena, como mostra a figura 4, para sistência até um valor de 0,40, exceto
Efeito dos principais fatores concretos carregados com a mesma re- para concretos carregados com pouca
Idade de carregamento lação tensão-resistência, a cada idade. idade: um a três dias. O que ainda não
A fluência dos concretos carrega- Análise sucinta de uma série de va- está bem definido é o limite superior
dos a baixas idades é maior nas pri- lores de resultados de ensaios realizados dessa relação. Com respeito a esse limi-
meiras semanas de carregamento se pelo Laboratório de Furnas mostrou te, é relevante notar que, a partir de rela-
comparada com concretos carregados uma pronunciada importância da mu- ções tensão-resistência entre 0,40 e 0,60,
a idades maiores. Esse comportamen- dança da idade de carregamento dos ocorre intensa microfissuração interna
to é devido ao maior grau de hidrata- dois ou três dias para os 28 dias, por no concreto e o comportamento na

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ARTIGO

fluência altera-se significativamente, Influência dos agregados


conforme pode ser visto na figura 5. Os agregados exercem uma in-
fluência profunda e importante nas
Geometria da peça propriedades do concreto endurecido.
Devido à resistência ao transporte As características de deformabilidade
da água do interior do concreto para a do concreto são afetadas em virtude
atmosfera, a taxa de perda de água é de uma combinação de efeitos relacio-
controlada pelo comprimento do cami- nados à quantidade de água requerida,
nho percorrido pela água seja durante a à resistência, módulo de elasticidade e
retração por secagem e/ou a fluência. volume dos agregados e à interação
Para umidade relativa constante, tanto pasta-agregado. A granulometria, di-
o tamanho quanto a forma de peça de mensão máxima, forma e textura do
concreto determinam a magnitude da agregado também são fatores que in-
retração por secagem e da fluência. fluenciam a retração por secagem e a
Figura 4 – Influência da idade de
fluência. Há um consenso, entretanto,
carregamento na fluência, para concreto
Efeito do tempo que o módulo de elasticidade do agre-
com relação água/cimento de 0,52 (cf.
Foi constatado que para uma larga gado é o fator mais importante.
Kalintzis e Kuperman, 2005)
faixa de dosagens de concreto, tipos Para a mesma resistência à com-
de agregado e condições ambientais e pressão, concretos com maior teor de
10
Fluência em unidades arbitrárias

de carregamento, cerca de 20% a 25% agregados apresentam menor deforma-


9 da retração por secagem e da fluência ção ao longo do tempo. Para uma dada
8 total aos 20 anos acontecem em duas dosagem,constatam-se valores crescen-
Tempo de carga
7 semanas, 50% a 60% em três meses e tes de fluência e retração para concretos
87 dias
6 75% a 80% em um ano. contendo agregados com módulos de
20 dias
5 elasticidade decrescentes,sendo o calcá-
10 dias
4 Efeito da umidade rio a única exceção. A importância do
5 dias
3 Para concretos em ambientes com módulo do agregado no controle das
2 umidade relativa de 50% a fluência deformações do concreto é confirmada
1 pode ser de duas a três vezes maior do por estudos que mostram que tanto a
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 que para concretos a 100% de umida- retração por secagem quanto a fluência
Tensão aplicada de relativa, conforme pode ser obser- do concreto aumentam 2,5 vezes quan-
(fração da tensão de ruptura) vado na figura 6. do um agregado com alto módulo de
Ensaios efetuados nos laborató- elasticidade é substituído por um agre-
Figura 5 – Proporcionalidade entre
rios da Itaipu mostraram aumento de gado com baixo módulo de elasticida-
fluência e a relação tensão aplicada-
2,5 vezes no coeficiente de fluência de de.A figura 8 ilustra o fato.
resistência do concreto (Gvozdev, cf.
corpos-de-prova submetidos a ensaio Apenas o conhecimento do tipo de
Coutinho, 1974)
na câmara com 50% de umidade rela- agregado utilizado pode não ser sufi-
tiva, em relação aos estocados em sala ciente para que se saiba seu efeito na
climatizada e protegidos contra a fluência, como pode ser visto na figura
16 perda de umidade. 9, relativa a concretos produzidos com
Umidade relativa agregados da África do Sul. O coefi-
50% Efeito do cimento ciente de fluência de concretos simila-
70%
Fluência (10-4)

A fonte principal de deformações res produzidos com o mesmo tipo de


100% relacionadas à umidade no concreto é agregado, quartzito, por exemplo,
8 a pasta endurecida de cimento. As pode apresentar variações de 50%.
propriedades do cimento que mere-
cem maior destaque por, teoricamen- Efeito dos aditivos
te, afetarem com mais intensidade a O efeito dos aditivos químicos é
fluência são a finura, a resistência à controverso, havendo resultados de
10 28 90 1 2 5 10 2030 compressão e a composição química. ensaios mostrando que a fluência
Entretanto, não se conseguiu estabe- pode ser menor, igual ou maior que a
Dias Anos
lecer uma correlação entre fluência e dos respectivos concretos de referên-
Tempo sob carga
composição química do cimento. cia. De maneira geral há escassez de in-
Figura 6 – Efeito da umidade relativa na Quanto maior for a relação água/ci- formações sobre o efeito dos diversos
fluência de concretos (cf. Neville,1997) mento maior será a fluência, como tipos de aditivos, principalmente os
mostrado na figura 7. mais modernos, pois os dados dispo-

60 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007


artigo.qxd 6/8/2007 10:34 Page 61

Aggregate type
Gran. (J)
Dolomite (S)
níveis representam uma enorme gama Doler. (Ng)
de diferentes ensaios, realizados sob Dolomite (O)
diferentes condições, não permitindo Gran. (Ro)
uma generalização. Gran. (Rh)
Greywacke (P)
Efeito das adições Quartzites (B)
Os dados existentes sobre o efeito Quartzites (S)
das adições tais como sílica ativa, escó- Doler. (NC)
rias de alto-forno e materiais pozolâni- Quartzites (F)
cos na fluência de concretos são con- Fels. (M)
traditórios, havendo resultados de en- Figura 7 – Influência da relação Fels. (Z)
saios mostrando que a fluência pode água/cimento na fluência de concretos Tillite (UR)
ser menor, igual ou maior que a dos (cf. Hummell) Siltstone (LB)
respectivos concretos de referência. Quartzites (C)
Na maioria das investigações Quartzites (Ve)
15
sobre o efeito de materiais adicio- Andes. (E)
nados ao concreto, a fluência é Doler. (LB)
quantificada em valores relativos,
Fluência (10-4)

Quartzites (D)
isto é, a deformação do concreto 10
Quartzites (MB)
contendo a adição como uma por- Andes (V)
centagem da deformação do con- Quartzites (VI)
creto sem a mesma. Essa aborda- 5
0 0,4 0,8 1,2 1,6
gem deixa margens a dúvidas, pois
Relative creep coefficient
os dois concretos, em outros aspec-
tos, têm diferentes propriedades. 10 28 90 1 2 5 10 2030 Tillite
Siltstone
Previsão da fluência Dias Anos
Dolomite
A compreensão da fluência é im- Tempo sob carga
Gran./Fels.
portante para que sejam considerados Sandstone Granite Doler./Andes
e avaliados seus efeitos sobre as estru- Basalt Quartz Greywacke
turas. Contudo, os problemas enfren- Gravel Limestone Quartzites
tados para consideração da fluência
Figura 8 – Efeito da mineralogia do Figura 9 – Coeficiente de fluência para
não são fáceis, devido ao fato de o con-
agregado na fluência do concreto (cf. concretos elaborados com diversos tipos
creto ser um material visco-elástico
Davis) de agregados (cf. Alexander, 1996)
que se altera com o tempo e, também,
devido à necessidade de se considerar
seus efeitos sobre a interação concreto- didos e os calculados pelo CEB, pelo Da mesma forma, as equações uti-
aço (concreto armado ou protendido). ACI 209 e a própria proposição dos lizadas para caracterizar a fluência não
Houve progressos nos estudos pesquisadores. É notável a grande dis- são perfeitas e é sabido que embutem
com observações de estruturas e des- persão de valores, principalmente erros. As tabelas 1 e 2 apresentam uma
crições empíricas do comportamento para os concretos que apresentam comparação entre três métodos de
observado, nos estudos dos compo- maiores valores de fluência. previsão, indicando os coeficientes de
nentes do cimento e do concreto e na Milhares de medições de valores de variação de erros na determinação da
formulação de hipóteses. Contudo, fluência foram realizadas, tanto em la- fluência básica e por secagem.
ainda não há nenhuma formulação boratórios como no campo, ao longo A tabela 2 indica, também, os coe-
teórica completa capaz de descrever, de dezenas de anos.Esses valores deram ficientes de variação de erros, da
com perfeição, a fluência. origem às diversas hipóteses sobre o fe- fluência básica de três formulações
As discussões a respeito das me- nômeno bem como às equações empí- importantes, ao se comparar os resul-
lhores equações práticas que repre- ricas que tentam traduzir o comporta- tados obtidos por diversos pesquisa-
sentem a fluência iniciaram-se há mento de um concreto quando sujeito dores, com os calculados.
muito tempo e estão longe de termi- a carregamentos constantes. Muitas Conclui-se que para obras que de-
nar. Periodicamente, surgem novas dessas medições não seguiram as práti- mandem um conhecimento preciso da
tentativas de obtenção de uma equa- cas atualmente adotadas, e muitas nor- fluência há absoluta necessidade da
ção que mais se aproxime da realida- malizadas, de modo que a comparação realização de ensaios, segundo as me-
de. Uma dessas tentativas, apresenta- entre valores obtidos em países diferen- lhores técnicas disponíveis, nos concre-
da na figura 10, compara valores me- tes pode carecer de significado. tos que efetivamente serão utilizados.

61
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ARTIGO

Para a maioria das estruturas civis lica ativa, escória de alto-forno, mate-
convencionais tais ensaios não têm sido rial carbonático, etc.) e os aditivos.
necessários, até agora, podendo ser Tanto podem proporcionar dosagens
substituídos pelas equações correntes. que diminuam a fluência ou vice-
versa, dependendo das características
Redução da fluência impostas ao produto final, mas, prin-
Considerações gerais cipalmente, pela sua maior ou menor
De maneira geral, os principais fa- capacidade de aumentar a quantidade
tores que causam ou afetam as defor- de água no concreto.
mações por fluência do concreto Se, por exemplo, o fator água/ci-
estão relacionados a seguir. A redução mento for reduzido de 0,70 para
do efeito da fluência, principalmente Figura 10 – Comparação de 0,50, a fluência pode sofrer redução
do ponto de vista dos materiais, passa deformações de fluência, medidas e de até 45%, mantidas constantes as
pelo controle desses fatores: calculadas (cf. Gardner e Zhao, 1993) demais variáveis.
 A fluência ocorre na pasta de ci-
mento e está relacionada com os mo- tos, gerais, dos aditivos e das adições, Técnicas construtivas
vimentos internos da água adsorvida sobre a fluência  Cura: a cura do concreto bem como
ou intracristalina Não há razão para se supor que os a manutenção de um ambiente local
 A fluência é um fenômeno elástico concretos atuais apresentem maior com elevada umidade traz como be-
com retardamento, cuja recuperação fluência do que os concretos de déca- nefícios um maior ganho de resistên-
total é impedida pela hidratação pro- das atrás. Não há, também, evidência cia do concreto, principalmente nas
gressiva do cimento de que os cimentos de hoje impli- primeiras idades, maior módulo de
 O processo de secagem tem efeito quem maior fluência dos concretos elasticidade às primeiras idades, uma
direto sobre a fluência com eles produzidos, em relação aos redução da retração por secagem e re-
 A fluência cresce com o aumento da cimentos de décadas passadas. dução da fluência. Ensaios de labora-
temperatura Entretanto, é necessário apontar tório mostraram que, se a umidade
 A fluência diminui com o aumento para o fato de que muitas vezes as cargas relativa média do ambiente onde se
das dimensões da peça construtivas atuantes nas estruturas de encontra a estrutura passar, por
 Em média, 25% da fluência total concreto podem ser superiores às de ser- exemplo, de 50% para 70% durante
ocorre após duas semanas, 55% após viço. Tais cargas, agindo em concretos 28 dias, a fluência do concreto pode
três meses e 75% após um ano, ten- jovens podem causar maiores deforma- sofrer uma redução de até 30%.
dendo a um limite após um tempo in- ções e, embora tais carregamentos pos-  Carregamento: talvez o aspecto mais
finito de carregamento sam perdurar apenas por curto interva- importante ao se tratar da fluência de
 A fluência é inversamente propor- lo de tempo, podem causar efeitos ad- estruturas de concreto armado diz res-
cional à resistência do concreto no versos nas deformações, devido ao fato peito às tensões aplicadas e,conseqüen-
instante de aplicação da carga da fluência não ser totalmente reversível. temente, das relações tensão-resistên-
 A relação tensão-resistência no ins- cia. Considera-se que para valores
tante de aplicação da carga é um dos Aspectos práticos para redução da fluência dessa relação inferiores a 0,40, a redu-
fatores fundamentais na magnitude A redução do fenômeno da fluên- ção da fluência é aproximadamente li-
da fluência. Em geral, quando a rela- cia em estruturas, principalmente nas near. Ou seja, se a relação tensão-re-
ção tensão-resistência atinge valor de concreto armado de edificações sistência for reduzida de 0,40 (valor ha-
acima de 0,4 surgem microfissuras no passa por três aspectos gerais: projeto, bitual de ensaio) para 0,20, a redução
concreto que aumentam significati- materiais e técnicas construtivas. A se- da fluência pode ser também de cerca
vamente a fluência guir são relacionados alguns dos pon- de 50%, mantidas constantes as demais
 A variação da resistência do concre- tos mais importantes no que se refere variáveis. Por outro lado, para valores
to durante o tempo de atuação da aos materiais e às técnicas construtivas. da relação tensão-resistência acima de
carga é importante e a fluência será 0,40, a fluência aumenta exponencial-
tanto menor quanto maior for o au- Materiais mente com a mesma. Assim, se a rela-
mento relativo de resistência depois A utilização de materiais e dosa- ção tensão-resistência passar de 0,40
da aplicação da carga gens que reduzam a retração por seca- para 0,60, a fluência pode dobrar de
 Mantidas as demais características, gem e aumentem a resistência e o mó- valor. Para manter essa relação dentro
o aumento do teor de agregado reduz dulo de elasticidade do concreto leva- de limites aceitáveis deve-se controlar
a fluência do concreto.Agregados com rá a uma diminuição da fluência. as operações de escoramento e reesco-
maior módulo de elasticidade tendem Os materiais que têm um pronun- ramento e adiar ao máximo possível os
a reduzir a fluência do concreto ciado efeito nessas propriedades são os primeiros carregamentos a serem su-
 Não há um consenso sobre os efei- agregados, os cimentos, as adições (sí- portados pelo concreto.

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Tabela 1 – COEFICIENTES DE VARIAÇÃO DE ERROS (EXPRESSOS COMO serem construídas deveriam ser dota-
PORCENTAGEM) DE MODELOS DE PREVISÃO DA FLUÊNCIA POR SECAGEM das de instrumentação embutida, para
Dados de Ensaios BAZANT ACI CEB medição de deformações de peças es-
Hansen e Mattock 5.8 32.1 11.9 pecialmente selecionadas, tais como
Keeton 31.4 46.3 37.9 pilares. Tal instrumentação, de uso
Troxell et al. 5.9 33.0 7.9 corrente em obras de barragens de
L'Hermite et al. 14.0 55.8 25.5 concreto, no Brasil, e de barragens,
Rostasy et al. 6.5 20.9 14.8
pontes, edifícios, em outros países, po-
York et al. 5.8 42.1 45.1
deria ser constituída por sensores ro-
McDonald 10.9 40.4 38.9
Hummel 15.3 46.2 24.6 bustos, tais como os embutidos em
L'Hermite e Mamillan 20.6 62.5 15.2 obras barrageiras, com previsão de
Mossinssian e Gamble 11.3 71.7 30.8 durabilidade de cerca de 20 anos.A ca-
Maity e Meyers 62.8 45.9 83.7 blagem seria ligada em terminais ins-
Russel e Burg 10.7 41.2 19.1 talados em algum ponto da obra e as
v (todos) 23.1 46.8 35.5 leituras seriam efetuadas sem interfe-
rir nas atividades normais da edifica-
Tabela 2 - COEFICIENTES DE VARIAÇÃO DE ERROS (EXPRESSOS COMO ção e sem causar transtornos aos con-
PORCENTAGEM) DE MODELOS DE PREVISÃO DA FLUÊNCIA BÁSICA dôminos. A instalação dos instrumen-
Dados de Ensaios BAZANT ACI CEB tos dar-se-ia apenas em locais em que
Keeton 19.0 37.5 42.8 o tipo de concreto seria ensaiado à
Kommendant et al. 15.3 31.8 8.1 fluência e onde os cálculos permitis-
L'Hermite et al. 49.4 133.4 66.2 sem uma previsão razoável das ten-
Rostasy et al. 15.2 47.6 5.0 sões e deformações lá atuantes.
Troxell et al. 4.6 13.9 6.2
O autor agradece a colaboração
York et al. 5.6 37.7 12.8
dos engenheiros Marcelo Cardoso
McDonald 6.9 48.4 22.2
Maity and Meyers 33.8 30.0 15.7 Gontijo e Luiz Prado Vieira Junior na
Mossinossian and Gamble 18.6 51.5 47.3 revisão da literatura.
Hansen and Harboe et al. 14.1 51.2 31.1
Browne et al. 44.7 47.3 53.3
Hansen and Harboe et al. 22.7 107.8 43.1
Brooks and Wainwright 12.6 14.9 15.4
Pirtz 12.5 58.2 32.5 LEIA MAIS
Hansen and Harboe et al. 33.3 70.2 56.9 Fabrico e propriedades do betão.
Russel and Burg 15.7 19.3 31.5 A. de Souza Coutinho, 1974.
Hanson J. A. 14.1 63.3 12.1
Creep of plain and structural
v (todos) 23.6 58.1 35.0
concrete. A. Neville, 1986.
Fonte: Bazant e Baweja Fluência e retração por secagem
do concreto de elevado
Investigações pelo mercado da construção de edifica- desempenho. C. A. Kalintzis, S. C.
A necessidade de pesquisas sobre o ções. Tais ensaios devem restringir-se, Kuperman. Revista Concreto 38,
assunto, no Brasil, fica clara a partir da num primeiro momento, apenas à ca- Ibracon, mar/abr/mai 2005.
consideração de que os concretos racterização da fluência do material Aggregates and the deformation
atualmente utilizados diferem muito concreto, obedecendo aos métodos de properties of concrete. M.
dos que já foram objeto de ensaios no ensaio internacionalmente reconheci- Alexander. Materials Jornal, ACI, 1996.
passado, mesmo recente. Além disso, dos como adequados.Poucos laborató- Creep and shrinkage revisited. N.
as condições brasileiras são totalmen- rios brasileiros têm equipamento para J. Gardner, J. W. Zhao. Materials
te diferentes que as existentes nos lo- esse tipo de ensaio, que requer o isola- Journal, ACI, 1993.
cais onde a maior parte das pesquisas mento de fatores externos que pode- Prediction of concrete creep and
se concentrou: Estados Unidos, Euro- riam comprometer os resultados de shrinkage: past, present and
pa, Austrália e Japão. longo prazo, tais como umidade relati- future. Nuclear Engineering and
Dois tipos de investigação são ne- va, temperatura, manutenção da carga, Design no 203. Z. Bazant, 2000.
cessários: etc.No entanto,tais laboratórios teriam Concreto e seus materiais. L.
a) Ensaios laboratoriais: devem ser rea- condições de executá-los dentro de pa- Scandiuzzi, F. R. Andriolo. Editora
lizados ensaios de determinação da drões de reconhecida competência. PINI,1986.
fluência, de vários tipos de concretos b) Instrumentação de edificações: al- Ao pé do muro. R. L'Hermite.
mais representativos, dos utilizados gumas estruturas de edificações a Tradução e adaptação por L. A. F. Bauer.

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PRODUTOS & TÉCNICAS


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PRODUTOS & TÉCNICAS


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67
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PRODUTOS & TÉCNICAS


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www.formeq.com.br

69
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OBRA ABERTA
Livros

Instalações hidráulicas e o 4 edifícios, 5 locais de Imóveis urbanos – Linguagem do laudo


projeto de arquitetura * implantação, 20 soluções avaliação de aluguéis * pericial *
Roberto de Carvalho Júnior de fundações * Mônica D'Amato e Nelson José Fiker
226 páginas Manoel Henrique Campos Roberto Pereira Alonso 216 páginas
Editora Edgard Blücher Botelho e Luis Fernando 312 páginas Livraria e Editora Universitária
Vendas pelo portal Meirelles Carvalho Livraria e Editora Universitária de Direito
www.piniweb.com 156 páginas de Direito Vendas pelo portal
Os recorrentes problemas de Editora Edgard Blücher Vendas pelo portal www.piniweb.com.br
interface e compatibilização Vendas pelo portal www.piniweb.com.br Técnicas de Comunicação e
entre projetos arquitetônicos, www.piniweb.com Contemplando até mesmo Persuasão, subtítulo do livro,
estruturais e hidráulicos Como ponto de partida para os pontos de encontro do visam a criar instrumentos
levaram o engenheiro e uma discussão didática, essa tema-título com o Direito para melhor utilizar a
professor da disciplina de publicação tem quatro e a Administração, a obra ferramenta textual quando
instalações prediais, Roberto edificações diferentes: uma é rica em experiências reais da produção de laudos e
de Carvalho Júnior, a casa térrea isolada, um herdadas da vivência dos pareceres didáticos. Isso sem
desenvolver essa publicação. sobrado geminado, um prédio autores e respectivos mestres. deixar de lado os requisitos
Assim, tem o objetivo de de apartamentos e um galpão Profissionais interessados em técnicos essenciais. Visto
apresentar ao arquiteto – industrial com vento. Os locais ampliar a visão acerca das que trata de metodologia
formado ou em formação – de implantação – cinco para atividades exercidas no contexto e estruturação, é válido
uma visão conceitual, porém cada um – são diversos para mercadológico imobiliário, sem para qualquer ramo do
didática, prática e simplificada esmiuçar o mundo da perder o foco específico da conhecimento. Traz recursos
dos vários subsistemas das engenharia de fundações para atuação, compõem o público- para que o perito, quando
instalações hidráulicas maior parte das estruturas alvo do livro. Na primeira parte da elaboração de laudos,
prediais. Fica clara, portanto, brasileiras, as pequenas e apresenta conceitos gerais, enriqueça a argumentação
a importância de integrar a médias. As metodologias de normas e procedimentos. e torne o texto o mais claro
parte hidráulica com as fundação adotadas também A segunda traz critérios de possível e menos sujeito a
demais instalações foram as mais comuns: avaliação de imóveis urbanos; erros de interpretação por
componentes de um edifício. fundação direta por sapatas a terceira e última, avaliação parte do juiz. Visa a preencher
Pretende preencher a lacuna corridas ou isoladas, brocas de aluguéis em diversas a lacuna existente na
bibliográfica existente no ou estacas "Strauss", estacas modalidades. Os casos reais são formação em engenharia,
processo de aprendizado pré-moldadas de concreto e apresentados ao final de cada carente em redação.
acadêmico referente às tubulões a céu aberto. Obra um dos oito capítulos como
instalações prediais. que parte de casos práticos forma de consolidar os
para embasar conceitos e conceitos apresentados e
auxiliar na definição e escolha amenizar a leitura, trazendo o
por soluções adequadas. universo prático para a teoria.

70 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007


obra aberta-modelo.qxd 6/8/2007 11:07 Page 71

Web

O Guia Weber 2007 A escola brasileira do URBANMAP AECweb


186 páginas concreto armado Urban Systems Brasil Fone: (11) 3879-7777
Weber Quartzolit Augusto Carlos de www.urbansystems.com.br www.e-construmarket.com.br/aec
www.weberquartzolit.com.br Vasconcelos, Renato Carrieri Fone: (11) 5181-4696 O AECweb é o portal do
Tradicional publicação da Junior e Lamberto Scipioni A empresa de estudos e E-Construmarket voltado para
construção civil, o Guia Weber 208 páginas pesquisas de mercado Urban arquitetura, engenharia e
é editado anualmente desde Editora Axis Mundi Systems acaba de lançar uma construção. Reúne uma
o ano 2000, acumulando www.axismundieditora.com.br nova ferramenta de comunidade segmentada,
cerca de 14 milhões de Uma amostra do que há de apresentação de mapas composta por empresas que
unidades distribuídas. Para a belo e histórico em termos de digitais interativos via utilizam as ferramentas do
edição atual foram impressos arquitetura e uso do concreto internet, o UrbanMap. Com novo portal, fornecedores e
1,5 milhão de exemplares. Há armado no Brasil, o livro foco na contextualização de profissionais que, cadastrados,
dois anos existe também uma apresenta na primeira parte dados, mapas e imagens das acessam o portal em busca de
versão digital, em CD, com um histórico das estruturas cidades, a companhia integra negócios, colaboração e
cerca de 200 mil cópias desenvolvidas pela informações de todos os informações técnicas e
disponibilizadas em revendas humanidade ao longo do municípios brasileiros com comerciais para projetos
a pedreiros, aplicadores, tempo até chegar ao concreto. pesquisa de mercado e e obras. Além dos serviços já
especificadores e o Em seguida, um cardápio de geoprocessamento para anteriormente oferecidos pelo
consumidor final. Nas páginas obras, organizadas de acordo produzir o que denominam site, incorpora canais de busca
do Guia são encontradas com a tipologia. Sendo assim, "análise da lógica urbana". de fornecedores e envio de
diversas soluções para fases há capítulos repletos de O objetivo é oferecer leituras cotações, canais técnicos,
da construção que envolvam edifícios públicos e outros de mercado e das demandas fóruns, canais voltados à
a utilização de produtos com residências, por exemplo. existentes no contexto da comunidade e à carreira.
comercializados pela Weber Inclui também capítulos evolução econômica das A iniciativa não conta com
Quartzolit. Traz também dedicados a pontes e a cidades. O UrbanMap pode ser a participação da PINI, com
fichas técnicas, tabelas equipamentos urbanos. Todas acessado remotamente pelos a qual o E-construmarket
de consumo e cartela de as obras são acompanhadas clientes, via login e senha, manteve recentemente uma
cores dos produtos, além de um breve resumo e de a partir do site da associação comercial.
de dicionário técnico plantas, além de belas fotos Urban Systems.
e informações sobre que traduzem a importância
ferramentas e instruções do material para as formas.
de segurança.

* Vendas PINI
Fone: 4001-6400 (regiões metropolitanas)
ou 0800-5966400 (demais regiões)

71
agenda.qxd 6/8/2007 10:38 Page 72

AGENDA
setor. Direcionada a revendedores,
Seminários e empresários, fabricantes e construtores.
Feiras e exposições
conferências Fone: (11) 5585-4355 28 a 30/8/2007
30 e 31/8/2007 www.cipanet.com.br Termotech 2007
X Simpósio de Sistemas Prediais: São Paulo
Desenvolvimento e Inovação 24 a 26/10/07 Os visitantes conhecerão os equipamentos,
São Carlos (SP) 10o Congresso Internacional de Tintas produtos e serviços do segmento com a
Será realizado na UFSCar (Universidade São Paulo realização da Joterm – Jornada de
Federal de São Carlos) e volta-se ao estudo O Congresso, realizado pela Abrafati Atualização em Tecnologias Térmicas.
e pesquisa dos diversos sistemas que (Associação Brasileira dos Fabricantes de Fone: (11) 3868-1818
compõem o item "serviços" das edificações. Tintas), ocorre paralelamente à 10a E-mail: eventos@termotech.net
Fone: (16) 3351-8262 R.: 212 Exposição Internacional para Fornecedores www.termotech.net/
E-mail: simar@power.ufscar.br para Tintas. Serão cerca de 60 palestras e
www.deciv.ufscar.br/sispred10 profissionais apresentando seus trabalhos. 1o a 5/9/07
Fone: (11) 3812-1985 49o Congresso Brasileiro do Concreto
3 a 5/10/2007 E-mail: congresso@abrafati.com.br Bento Gonçalves (RS)
79o Encontro Nacional da Indústria www.abrafati.com.br O Congresso terá palestras técnico-
da Construção científicas, painéis de temas, conferências
Brasília 25 a 26/10/07 sobre os recentes avanços tecnológicos
O 79o Encontro Nacional da Indústria da VII Seminário da Lares – Real Estate nas áreas de pesquisa de materiais e de
Construção (Enic), promovido pela CBIC São Paulo estruturas, cursos, feira de produtos e
(Câmara Brasileira da Indústria da A Lares (Sociedade Latino-Americana de serviços para a construção, palestras.
Construção), reunirá profissionais do Estudos Imobiliários) promoverá seminário Fone: (11) 3735-0202
setor para discutir diversos temas. envolvendo temas de interesse em Real E-mail: office@ibracon.org.br
Fone: (61) 3327-1013 Estate como: investimentos internacionais, www.ibracon.org.br
www.cbic.org.br projeções e análises dos mercados,
planejamento de produtos, habitação e 25 a 29/9/2007
12 a 14/10/2007 política urbana. O evento possui apoio do Intercon
II Congresso Brasileiro de Pontes e Núcleo de Real Estate da Escola Politécnica Joinville (SC)
Estruturas da Universidade de São Paulo e da Abecip Reúne fabricantes, distribuidores,
Rio de Janeiro (Associação Brasileira das Entidades de revendedores, construtores,
Promovido pela ABPE (Associação Crédito Imobiliário e Poupança). engenheiros, arquitetos e entidades de
Brasileira de Pontes e Estruturas), divulga Fone: (11) 3091-5420 todo o Brasil e do exterior, promovendo a
trabalhos recentes e relevantes. Aberto a www.lares.org.br divulgação e, sobretudo, a realização de
engenheiros, projetistas, arquitetos, negócios. A Intercon terá sua área
pesquisadores e professores. 8 e 9/11/2007 ampliada e deverá contar com a
Fone: (21) 2232-8334 Fire Design of Concrete Structures – participação de mais de 200 expositores,
www.abpe.org.br from materials modelling to superando o número de 30 mil visitantes
structural performance registrados no evento anterior.
2 a 4/10/2007 Coimbra (Portugal) Fone: (11) 3451-3000
Cobtech – II Feira Nacional de A Universidade de Coimbra realizará E-mail: feiras@messebrasil.com.br
Cobertura de Edificações workshop com renomados especialistas
São Paulo para partilhar idéias e conhecimentos do 27 a 30/9/07
Desenhada para ser um ponto de comportamento de estruturas e do 2o Salão Imobiliário São Paulo
encontro do setor de coberturas e concreto expostos ao fogo. São Paulo
importante ferramenta de promoção Fone: 351 239797245 O evento pretende mostrar as novidades
comercial segmentada para fomentar o E-mail: lurdes@dec.uc.pt do mercado imobiliário brasileiro, assim
crescimento e a profissionalização do fib2007.dec.uc.pt como identificar as novas oportunidades

72 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007


agenda.qxd 6/8/2007 10:38 Page 73

de investimentos em toda América Latina.


O evento é apoiado pelo Secovi-SP. Construtech – 23 a 25/10/07
Fone: (11) 5502-7272
FÓRUM PINI DE TECNOLOGIAS 24/10/2007
E-mail: info@sisp.com.br
& NEGÓCIOS DA CONSTRUÇÃO SOLUÇÕES ESTRUTURAIS
www.sisp.com.br
Três dias de palestras técnicas com  "Ponte do Gênesis II", Santana do
foco nas soluções práticas de Parnaíba-SP – Eng. Marcelo Waimberg, da
17 a 21/10/2007
planejamento, projeto, execução e EGT Engenharia
Constrói Angola 2007
Luanda (Angola)
gerenciamento de obras e  “Segunda Ponte sobre o rio Orinocco”,
empreendimentos no Brasil e no Puerto Ordaz, Venezuela – Eng. Roberto de
A quinta edição da Feira Internacional de
Exterior. Construtores, incorporadores, Oliveira Alves, da Figueiredo Ferraz
Materiais de Construção e Obras Públicas
de Angola reunirá fabricantes,
projetistas e especialistas vão  "Hospital Maternidade São Luiz Anália
apresentar cases de sucesso com Franco", São Paulo – Eng. Virgilio Augusto
importadores, distribuidores de
diferentes abordagens: gestão de Ramos, da Cia de Engenharia Civil
máquinas, equipamentos e materiais para
a indústria da Construção Civil,
custos, sustentabilidade, arrojo  “Centro de Convenções WTC”, São Paulo
estrutural, questões socioambientais, – Eng. Flávio Correia D’Alambert – Alpha
Telecomunicações, Tecnologias de
sistemas construtivos, legislação etc. Engenharia de Estruturas
Informação, Proteção e Segurança.
Confira programação completa.
Fone: 244 222 39-3369
25/10/2007
E-mail: info@arenaangola.com
23/10/2007 OBRAS DE INFRA-ESTRUTURA
www.arenaangola.com/
EMPREENDIMENTOS RESIDENCIAIS,  "Complexo Viário Real Parque – Ponte
COMERCIAIS E INSTITUCIONAIS sobre o Rio Pinheiros", São Paulo – Eng.
25 a 28/10/2007
Construsul Acabamento e Iluminação
 “Museu Iberê Camargo”, Porto Alegre Fernando Rebouças Stucchi
Porto Alegre
Eng. Jose Luiz Canal, da Camargo Corrêa  "Eixo Multimodal Amazonas Norte
A feira, um dos maiores encontros de
 "Edifício Residencial Mandarim", (IIRSA Norte)", no Peru – Eng. Eleuberto
São Paulo – Eng. Antonio Carlos Zorzi, Antonio Martorelli, da Odebrecht
negócios da região Sul, reunirá indústrias de
acabamento, revestimento e iluminação.
diretor de Engenharia da Cyrela  “Trecho Sul do Rodoanel Mario Covas”,
Brazil Realty na Região Metropolitana de São Paulo –
Fone: (51) 3347-8787
www.feiraconstrusul.com.br
 "Ventura Corporate Towers", Rio de Eng. Paulo Vieira de Souza, diretor de
Janeiro – Eng. Luiz Henrique Ceotto, Engenharia do Dersa
diretor técnico da Tishman Speyer
5 a 10/11/2007
Batimat 2007
 “Condomínio Residencial Palm Hill”, Informações e inscrições
São Paulo – Eng. Francisco Fone: (11) 2173-2395
Paris
de Vasconcellos Neto, diretor E-mail: eventos@pini.com.br
As demonstrações dessa edição irão
da DP Engenharia www.piniweb.com/construtech
abordar os grandes temas específicos para
esse setor: domínio da energia, segurança,
acessibilidade e conforto. Direcionada Cássia Antunes Bose. A novidade para os globais de modernização do setor e o
a construtores e fabricantes de inscritos no ciclo é o I Prêmio Valmex nível atual de desenvolvimento dos
equipamentos e materiais. Deve receber Structure Mehler Texnologies GmbH, sistemas pré-fabricados em concreto.
cerca de 400 mil visitantes de 141 países que pretende reconhecer o melhor autor Fone: (11) 2626-0101
e reunir 2.800 expositores de 45 países. de projeto de arquitetura têxtil para E-mail: cursos@aeacursos.com.br
Fone: (11) 3168-1868 uma obra não-executada. O julgamento www.aeacursos.com.br
E-mail: brazil@promosalons.com será realizado na Alemanha, em 2008.
www.promosalon-brazil.com Fone: (11) 4153-5853 27/9, 25/10 e 29/11
Email: Treinamento Teórico e Prático:
marketexport.premio.valmex@gmail.com Tecnologias de Impermeabilização
Cursos e treinamentos www.tecnostaff.com.br Tamboré (SP)
15/8 a 22/9/2007 Oferecido gratuitamente pela Lwart Proasfar
2o Ciclo de Palestras sobre 29/8 a 1o/9/2007 Química, empresa especializada em
Estruturas Tensionadas A industrialização da construção e a impermeabilizantes, trata de patologias,
Maceió, Aracaju, Palmas e Brasília pré-fabricação em concreto produtos e suas diversas aplicações,
A segunda parte do ciclo de palestras São Paulo discutindo temas relevantes, dentre eles,
acontece em diversas datas, com apoio O curso oferecerá informações e projetos e comparativo de custos, o código
do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) elementos técnicos a respeito da civil e sanitário e casos de obras.
dos Estados agendados, e serão Industrialização da Construção e buscará Fone: 0800-7274343
ministradas pela engenheira Rita de uma inter-relação entre as necessidades E-mail: atecnica@lwartproasfar.com.br

73
agenda.qxd 6/8/2007 10:38 Page 74

AGENDA

31/8 e 1o/9/2007 apresenta discussões sobre diversos temas, comissão julgadora da premiação será
A concepção estrutural na arquitetura como a importância econômica e aspectos composta pelas duas instituições e por
em concreto armado ambientais da corrosão das estruturas e um representante da Editora PINI.
Brasília coberturas metálicas, o mecanismo Fone: 3097-8591
Com metodologia baseada em aula eletroquímico da corrosão, as formas de www.abece.com.br
expositiva com visualização do corrosão e como fazer a proteção – aço inox www.gerdau.com.br
comportamento estrutural pelo ensaio de e aço carbono.
modelos, o palestrante Prof. Dr. Yopanan C. Fone: (21) 3325-9942 Outubro/2007
P. Rebello, engenheiro civil e doutor pela E-mail: cursos@ntt.com.br Prêmio MasterInstal
FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e www.abcem.com.br São Paulo
Urbanismo da Universidade de São Paulo), Com o objetivo de destacar cases de
pretende desenvolver junto aos sucesso, reúne as diversas empresas e
participantes um entendimento sobre o
Concursos profissionais do setor de instalações, o
comportamento da estrutura por 17/10/2007 prêmio tem a proposta de ampliar as
deformações apresentadas pelos modelos V Prêmio Talento Engenharia Estrutural soluções e experiências de destaque do
quando carregados. São Paulo setor. Realizada pela Abrinstal (Associação
Fone: (11) 3816-0441 A premiação, que destaca profissionais Brasileira pela Conformidade e Eficiência
E-mail: cursos@ycon.com.br de engenharia de estruturas que das Instalações), a premiação é destinada
www.ycon.com.br desenvolveram projetos diferenciados às empresas construtoras, incorporadoras,
e de qualidade, traz uma inovação nesta instaladoras, concessionárias, fabricantes
24 a 28/9/2007 quinta edição: uma categoria para obras e fornecedores de materiais e
Resistência à Corrosão – Teoria e de pequeno porte e estruturas especiais. equipamentos para instalações.
Prática Promovida pela Abece (Associação Fone: (11) 3865-0944
Rio de Janeiro Brasileira de Engenharia e Consultoria E-mail: premio@premiomasterinstal.com.br
Com abordagem teórica-prática, o curso Estrutural) e pelo Grupo Gerdau, a www.premiomasterinstal.com.br
agenda.qxd 6/8/2007 10:38 Page 75
como construir.qxd 6/8/2007 10:47 Page 76

Ari de Paula Machado


diretor da Paula Machado Engenharia
e Projetos, de Belo Horizonte.
Consultor Técnico para o Brasil e
América Latina do Sistema MBrace®
COMO CONSTRUIR da Basf – The Chemical Company
ari@paulamachado.eng.br

Reforço de estruturas
de concreto com fibras
de carbono
struturas de concreto armado fre-
E

Fotos: acervo pessoal de Ari de Paula Machado


qüentemente necessitam ser re-
forçadas. A maioria das vezes a neces-
sidade de reforço é decorrente de ví-
cios construtivos em alguma ou em
várias fases da execução.
Outras vezes a necessidade de re-
forço é conseqüência da alteração da
destinação da estrutura ou da necessi-
dade de adequação a novas condições Foto 1 – Viaduto de Santa Teresa, Belo Horizonte
de carregamento.
Os reforços aderidos externamen-
te aos elementos estruturais represen-
tam uma alternativa moderna e de
grande eficiência, com utilização cada
vez mais difundida pelas grandes van-
tagens que oferecem.
Destacam-se nessa categoria de
reforços os sistemas compostos es-
truturados com plásticos, particu-
larmente aqueles que utilizam as fi-
Foto 2 – Sistema com fibras de carbono
bras de carbono como componente
resistente. Esses sistemas são colados
nas faces dos elementos estruturais Materiais do sistema terem o gráfico (tensão x deforma-
com resinas especialmente desenvol- Os sistemas compostos com fi- ção) linear até à ruptura, característi-
vidas que permitem a transferência bras de carbono são constituídos por ca dos materiais frágeis, como mostra
dos esforços da massa de concreto dois materiais principais: a fibra de a figura 1.
para o sistema composto, mobi- carbono, elemento resistente do siste- Todos os sistemas de fibras de car-
lizando-se as tensões tangenciais de- ma, e a resina saturante, que confor- bono têm os seus materiais constituin-
senvolvidas quando da atuação dos ma a matriz epoxídica do sistema. A tes desenvolvidos após exaustivos tes-
esforços solicitantes. representação esquemática do siste- tes materiais e estruturais, incluindo aí
O sistema composto foi introduzi- ma com fibras de carbono e a sua am- todas as resinas, tais como os impri-
do no Brasil em 1998 com o reforço pliação em microscópio eletrônico madores primários, os regularizadores
pioneiro do Viaduto de Santa Teresa, são mostradas na foto 2. de superfície, os saturantes, os adesi-
em Belo Horizonte (foto 1), ao qual Os plásticos utilizados nos siste- vos, os revestimentos protetores e as fi-
sucederam-se aplicações diversas. mas compostos caracterizam-se por bras que os estruturam.

76 TÉCHNE 125 | AGOSTO DE 2007


como construir.qxd 6/8/2007 10:47 Page 77

Os imprimadores primários são

Fotos do arquivo pessoal: Ari de Paula Machado


utilizados com o objetivo de penetrar 4000

id a
CF 130
no substrato de concreto para permi- CF 530

am
o
3500

Ar
tir, com o seu adesivo específico, a

rbo
Grafite
3000

Ca
construção de uma ponte de aderên- o
dr

Tensão (MPa)
cia para a resina de saturação ou ou- Vi 2500
tros adesivos a serem aplicados poste- r 2000
lié ste EG 900
riormente. Po 1500
O imprimador utilizado pode ser 1000
Aço
um composto epóxi-poliamina cura- Aço CA-50A
500
da, bi-componente de baixa viscosi-
dade e com 100% de sólidos, com as 0
5 10 15 20 25
seguintes características: Deformação específica (x103)
 resistência à tração: 13,0 a 15,8 MPa Figura 1 – Diagrama (tensão x deformação) dos plásticos
 alongamento máximo à tração: 10
a 30%
 módulo tangencial: 689,0 a 826,8 base no alcatrão derivado do petróleo FIBRAS DE CARBONO CF- 160
MPa ou do carvão (PITCH), em um am- Módulo de elasticidade 228.000 MPa
Os regularizadores de superfície biente inerte. Nesse processo térmico Deformação específica
são utilizados para o preenchimento as fibras resultantes apresentam os de ruptura 1,7% (0,017)
de vazios ou correção de imperfeições átomos de carbono perfeitamente ali- Resistência última
superficiais objetivando uma superfí- nhados ao longo da fibra precursora, de tração 3.790 MPa
cie lisa e desempenada sobre a qual o característica que confere extraordi- Espessura da lâmina
sistema será colado. O regularizador nária resistência mecânica ao produto por camada 0,330 mm
de superfície do sistema é denomina- final. Quanto maior a temperatura
do pasta, adesivo bi-componente com maior será o módulo de elasticidade Processo construtivo dos sistemas
100% de sólidos e consistência firme, do material resultante, que varia compostos
com as seguintes características: desde 100 a 300 GPa para as fibras de Para a instalação dos sistemas com
 resistência à tração: 23,0 MPa carbono até 650 GPa para as fibras de fibras de carbono é utilizada a se-
 alongamento máximo de tração: grafite. Quanto maior o módulo de qüência de procedimentos:
1,6% elasticidade, maior é o custo do mate-
 módulo de tração: 262,0 MPa rial. O produto de maior módulo de Recuperação do substrato de concreto
As resinas de saturação são utili- elasticidade (grafite) é cerca de 15 a 20 Para que seja garantida a instala-
zadas para a impregnação das fibras vezes mais caro do que a fibra de car- ção do sistema é fundamental que o
que constituem o elemento estrutu- bono com o módulo de elasticidade substrato ao qual ele será aderido es-
ral dos compostos, fixando-as no situado no extremo inferior da faixa. teja íntegro e são, ou seja, que dispo-
local e garantindo um meio efetivo Os sistemas compostos que utilizam nha de suficiente resistência mecâni-
para a transferência das tensões de as fibras de carbono como elementos ca para que sejam procedidas as
cisalhamento entre as mesmas. A re- resistentes apresentam as seguintes transferências de esforços que acon-
sina influi muito pouco para a resis- características básicas: tecem na interface entre o concreto e
tência final do sistema, mas exerce  extraordinária resistência mecânica o sistema composto.
relevante função para a absorção dos  elevada resistência a ataques quími- Torna-se necessária a recupera-
esforços de flexão e cisalhamento. O cos diversos ção e a passivação das barras de aço
sistema utilizado nas obras descritas  não são afetados pela corrosão por afetadas pelo processo corrosivo e a
contém resina epoxídica de baixa se tratar de um produto inerte remoção e posterior recuperação das
viscosidade, bi-componente, com  extraordinária rigidez superfícies de concreto degradadas
100% de sólidos, com as seguintes  estabilidade térmica e reológica pela manifestação.
características técnicas:  bom comportamento à fadiga e à Todas as trincas existentes na es-
 resistência à tração por flexão: atuação de cargas cíclicas trutura a ser reforçada deverão ser re-
43,0 MPa O peso específico das fibras de cuperadas.Além delas, as fissuras com
 resistência direta à tração: 78,0 MPa carbono varia de 1,6 a 1,9 g/cm3. Ob- aberturas maiores que 0,25 mm tam-
 resistência à compressão: 88,0 MPa serva-se que o material tem um peso bém deverão ser tratadas. Podem ser
As fibras de carbono resultam do específico cerca de cinco vezes menor utilizados para essas recuperações os
tratamento térmico (carbonização) do que o do aço estrutural, da ordem procedimentos convencionais de in-
de fibras precursoras orgânicas, tais de 7,85 g/cm3. Suas principais caracte- jeção de epóxi sob pressão. Esses pro-
como o poliacrilonitril (PAN) ou com rísticas são: cedimentos são mostrados na foto 3.

77
como construir.qxd 6/8/2007 10:47 Page 78

COMO CONSTRUIR

areia ou limalhas metálicas para a


limpeza da superfície onde deverá
ser aderido o sistema. Essa limpeza
Fotos: acervo pessoal de Ari de Paula Machado

deve contemplar a remoção de poei-


ra, pó, substâncias oleosas e graxas,
partículas sólidas não totalmente
aderidas, recobrimentos diversos
como pinturas, argamassas etc. Tam-
bém deverão ficar totalmente expos-
tos quaisquer nichos ou imperfei-
ções superficiais significativos
Foto 3 – Passivação de armaduras e injeção de fissuras com epóxicos  no caso de o reforço exigir o reco-
brimento de mais de uma superfície
lateral da peça, ocorrerá a necessidade
de arredondamento das quinas envol-
vidas nessa aplicação, visando com
raio = 1 cm
isso evitar concentração de tensões na
fibra de carbono e eliminar eventuais
"vazios" entre o concreto e o sistema
por deficiência na colagem. Os proce-
dimentos são mostrados na figura 2
No caso de contato crítico, nas
aplicações que envolvam o confina-
mento das peças de concreto arma-
Figura 2 – Preparação da superfície e arredondamento dos cantos vivos (quinas) do, a preparação das superfícies deve
ser fundamentalmente direcionada
no sentido de que seja estabelecido
um contato íntimo contínuo entre as
superfícies envolvidas. Essas superfí-
cies não podem apresentar concavi-
dades ou convexidades que impe-
çam o carregamento correto do sis-
tema. Irregularidades superficiais
expressivas devem ser corrigidas
preenchendo-se as concavidades
(caso de nichos) com material de re-
paração compatível com as caracte-
rísticas mecânicas do concreto exis-
Foto 4 – Regularização das superfícies e imprimação
tente ou pela sua remoção (caso das
juntas de fôrmas).
As fissuras com aberturas meno- As aplicações para os reforços de Uma vez concluída a recuperação
res que 0,25 mm, expostas ao meio flexão e de cisalhamento exigem que do substrato de concreto inicia-se a
ambiente, podem exigir injeção de re- seja estabelecido um sistema de cola- aplicação do sistema, obedecendo-se
sinas ou seladores para prevenir futu- gem bastante eficiente para uma ade- as etapas:
ra corrosão da armadura da peça. quada transferência de esforços entre
os meios aderidos, caracterizando a Aplicação do imprimador e do
Preparação da superfície condição crítica de colagem. O confi- regularizador de superfícies
A preparação das superfícies de namento de colunas, por sua vez, exige Os imprimadores primários têm
concreto onde será aplicado o sistema mais uma condição de contato eficien- como objetivo penetrar nos poros do
será determinada em função das duas te entre o concreto e o sistema com- concreto, colmatando-os para que,
hipóteses possíveis de funcionamento posto, caracterizando a condição de juntamente com a película aderida à
estrutural: contato íntimo. superfície do concreto, seja estabeleci-
 predominância da condição crítica No caso da colagem crítica, a su- da uma ponte de aderência eficiente,
de colagem perfície do concreto sofre as seguin- sobre a qual será instalado o sistema.
 predominância da condição crítica tes preparações: As massas regularizadoras de su-
de contato íntimo  utilização de abrasivos ou jatos de perfície são utilizadas para a calafeta-

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ção e regularização das superfícies de


concreto onde serão aplicados os sis-
temas, garantindo o estabelecimento
de uma superfície desempenada con-
tínua. Quanto maior a irregularidade
superficial maior será o consumo
desse material. Essas operações são
mostradas na foto 4.

Corte e imprimação das fibras de carbono


As lâminas de fibra de carbono
serão cortadas em bancadas espe- Foto 5 – Corte e primeira imprimação da fibra
cialmente montadas para isso. São
utilizadas régua metálica, tesoura de
aço (para o corte transversal) e faca
de corte ou estilete (para o corte
longitudinal).
Existem duas maneiras distintas
para a imprimação das fibras:
 saturação via úmida – nessa alter-
nativa a lâmina de fibra de carbono é
saturada em bancada própria, sendo
depois transportada para a sua aplica-
ção na peça a ser reforçada
 saturação via seca – nessa alternati- Foto 6 – Aplicação da fibra e segunda camada de saturação
va a saturação é feita diretamente
sobre o concreto da peça a ser reforça-
da para em seguida ser colada a lâmi-
na de fibra de carbono
A foto 5 mostra o corte da fibra e
a saturação via úmida, opção mais
utilizada por facilitar o manuseio e o
transporte da fibra até o local de sua
aplicação.
Uma recomendação fundamental
é que se deve utilizar estritamente a
quantidade de resina necessária à im-
pregnação ou à colagem, para que não
Foto 7 – Aplicação da camada de proteção e/ou estética (Top Coat)
ocorram alterações sensíveis nas ca-
racterísticas do composto. Um exces-
so de resina acarreta uma menor re- Terminado o posicionamento da independentes, não podendo a última
sistência final. lâmina de fibra de carbono é feita a se- camada de imprimação da lâmina an-
gunda saturação por sobre a lâmina terior ser utilizada para a colocação da
Aplicação da lâmina de fibra de carbono e instalada, para garantir que a fibra de próxima lâmina.
segunda camada de saturação carbono esteja totalmente imersa (en-
A colocação da lâmina de fibra capsulada). Normalmente, espera-se Aplicação de camada protetora ou estética
de carbono, independentemente do cerca de 30 minutos para a segunda Terminada a aplicação do sistema,
tipo de imprimação utilizada, deve operação de saturação (foto 6). este pode ser recoberto por camada
ser imediata, uma vez que o tempo Estruturalmente, está encerrada a protetora ou estética (Top Coat), ma-
de aplicação da resina saturante aplicação do sistema. terial disponibilizado em diversas co-
(pot-life) é muito curto, no máximo Como podem ser necessárias vá- res e texturas. Se necessário atender as
25 a 30 minutos. Dentro desse inter- rias camadas de lâminas de fibra de condições específicas de agressões físi-
valo de tempo é possível fazer ajustes carbono para o reforço da peça, essas cas, mecânicas e ambientais, o revesti-
de alinhamento e prumo das lâmi- operações são repetidas sucessiva- mento pode ser projetado especial-
nas de fibra de carbono para o seu mente para cada camada adicional. mente para cada caso, conforme mos-
posicionamento. Cada lâmina exige duas imprimações trado na foto 7.

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COMO CONSTRUIR

Case de aplicação do sistema


Fotos: acervo pessoal de Ari de Paula Machado

Apresenta-se de maneira resu-


mida o reforço do Edifício do Anexo
III da Secretaria da Fazenda do Esta-
do de Minas Gerais. O objetivo da
aplicação foi reforçar as estruturas
de concreto armado da edificação
para que fossem corrigidas as defi-
ciências originais de projeto e per-
mitir o aumento da carga acidental
de 150 kgf/m2 para 300 kgf/m2. Foram
utilizados 710 m2 de membrana para
os 13 pavimentos do bloco principal
do edifício.
Na seqüência fotográfica (foto 8)
são mostradas, da esquerda para a
direita e de cima para baixo, as diver-
sas etapas construtivas necessárias:
reforço da armadura superior das
vigas para permitir o seu macaquea-
mento; macaqueamento das vigas;
corte e saturação das fibras; impri-
mação das vigas; aplicação da fibra
de carbono; segunda etapa de satu-
ração; reforço ao corte, etapas infe-
rior e superior conjugadas.
Esse projeto mereceu do ICRI
(International Concrete Repair Ins-
titute) o prêmio de Excelência em
Reforço, em sua reunião de 2003,
realizada em Tampa, Flórida, Esta-
dos Unidos.
A foto 9 mostra o edifício antes
do reforço (esquerda) e após o refor-
ço (direita).

Foto 8 – Reforço do Edifício Anexo III em Belo Horizonte


LEIA MAIS
Para mais informações sobre o
sistema MBrace, principalmente
os critérios de dimensionamento
dos reforços, indica-se a
seguinte bibliografia:
Reforço de Estruturas de
Concreto Armado com Fibras
de Carbono. Ari de Paula
Machado, Editora PINI, 2002.
Fibras de Carbono – Manual
Prático de
Dimensionamento. Ari
de Paula Machado – Edição
da BASF – The Chemical
Foto 9 – Edifício Anexo III, antes e após o reforço Company, 2006.

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