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téchne 125 agosto 2007
www.revistatechne.com.br
apoio
IPT techne
Edição 125 ano 15 agosto de 2007 R$ 23,00
■ Especial concreto ■ Auto-adensável ■ Aparente ■ Rolado ■ Reação álcali-agregado ■ Deformação lenta ■ Arnold Van Acker
ENTREVISTA
ARNOLD VAN ACKER
Edifícios altos
pré-moldados
ARTIGO
Fluência do concreto
Galeria Leme
(SP)
00125
Concreto:
9 77 0 1 04 1 0 50 0 0
estado-da-arte
ISSN 0104-1053
Auto-adensável Aparente
Compactado com rolo Reforço estrutural
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SUMÁRIO
CONCRETO APARENTE
36 Acabamento final
Como produzir e aplicar concreto para
uso sem revestimento
52 DEFORMAÇÃO LENTA
Variável concreta
Como considerar a fluência do concreto
e evitar deformações exageradas
nas estruturas
58 ARTIGO
Considerações sobre fluência
de concretos
Selmo Chapira Kuperman explica esse
Nelson Kon
76 COMO CONSTRUIR
Reforço de estruturas de concreto
32 CONCRETO com fibras de carbono
ROLADO Veja passo a passo como calcular
Mistura quase seca e executar reforços com manta
Pavimentos, usinas e barragens
ganham rapidez com método
de concretagem quase a seco SEÇÕES
Acervo pessoal
Editorial 4
24 40 ÁLCALI-AGREGADO
Reação perigosa
Web
Área Construída
8
10
ENTREVISTA Britas e areia podem reagir com Índices 14
Torres pré-moldadas alguns cimentos e provocar IPT Responde 16
Especialista belga Arnold Van Acker fala patologias no concreto Carreira 18
sobre a construção de edifícios altos Melhores Práticas 20
com pré-fabricados 46 CONCRETO AUTO- P&T 64
ADENSÁVEL Obra Aberta 70
30 TÉCNICA E AMBIENTE Mistura plástica Agenda 72
Sustentável desde o canteiro Propriedades ajudam execução
Unidade bancária tem projeto de estruturas com altas taxas Capa
diferenciado desde o planejamento do de aço e que necessitam Layout: Lucia Lopes
canteiro até os sistemas agregados de acabamento final Foto: Marcelo Scandaroli
É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver
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EDITORIAL
Pela volta da Engenharia à vida nacional
VEJA EM AU
á um traço comum entre os vários episódios dramáticos que
H têm ocupado espaço na mídia nos últimos meses. Acidentes,
tragédias e outras ocorrências de causas díspares têm evidenciado
a falta de valorização da Engenharia pela sociedade brasileira.
Parece haver em nossas obras, órgãos públicos, agências
reguladoras, concessionárias e até nas empresas privadas, uma
prevalência de aspectos econômicos e políticos (muitas vezes
partidários) em detrimento dos parâmetros técnicos. O fenômeno Condomínio Iracema
começa desde a seleção e escolha dos profissionais: controllers, Ponte em Rio das Ostras
Planetário do Ibirapuera
assessores especiais e até lobistas costumam ser mais valorizados do Siegbert Zanettini
que técnicos capacitados e experimentados em projetos e execução.
Manifestar-se contra tal realidade tornou-se, inclusive, sinônimo VEJA EM CONSTRUÇÃO
de ingenuidade ou idealismo infantil. Não devemos, entretanto, MERCADO
apenas lamentar o afastamento de nossos melhores técnicos do
poder de decisão. Nossos profissionais precisam defender, à luz dos
recentes fatos, o retorno de nossa Engenharia ao centro das questões
nacionais. Sem o tecnicismo desprovido de bom senso que prefere
ignorar a política. Mas com uma balança equilibrada, sobre a qual
os parâmetros técnicos sejam vistos com o respeito que merecem
em qualquer país civilizado do mundo. O Brasil precisa saber se a
pista do aeroporto está em condições de operação; se as contenções
do emboque de um túnel são seguras; se as curvas de uma nova Qualificação de mão-de-obra
Terceirização
rodovia foram bem projetadas. E é assim que a História nos coloca Treinamento
o desafio do crescimento e da necessidade premente de infra- Empresas na Bovespa
Segurança no trabalho
estrutura. Em nome do País, engenheiros, arquitetos e demais
profissionais da construção civil devem se colocar à disposição para
que as obras das quais necessitamos sejam projetadas e executadas
com qualidade, segurança e dentro da ética. O momento requer
uma verdadeira convocação. Que os bons profissionais saibam
atendê-la com determinação e coragem.
´
techne
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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista
Reação álcali-agregado
Nos extras da reportagem "Reação perigosa", o engenheiro civil Ercio Thomaz,
Fórum Téchne
pesquisador do Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído do O recebimento de comissão para a
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo), responde a dez especificação de materiais (reserva
perguntas freqüentes sobre reação álcali-agregado (RAA). técnica) é um procedimento correto?
Entendo que a especificação de qualquer
material deve ter como finalidade a
melhor solução para o projeto do cliente
(qualidade, durabilidade, preço e
adequação às características do local).
Se o especificador recebe "comissão",
coloca em dúvida o próprio projeto e os
materiais especificados, pois, para auferir
maior lucro, poderá optar pelos produtos
mais caros e/ou até dispensáveis.
Maria Alice Rodrigues Pereira
Acervo pessoal de Tibério Andrade
24/07/2007 15:40
CCR (Concreto Compactado com Rolo) tenha o zelo de guardar a reserva técnica
executado de acordo com o método para eventuais necessidades de bancar
chinês rampado. A técnica proporciona, os reparos materiais que venham a surgir.
basicamente, uma movimentação otimizada Já o reparo moral ...
das fôrmas e a eliminação da argamassa de Eduardo Muzzolon
ligação entre as subcamadas de concreto. 27/07/2007 11:43
Material disponível como conteúdo extra da
reportagem "Mistura quase seca", sobre CCR. Os softwares de cálculo banalizaram
os projetos de estruturas e
prejudicaram profissionais
experientes?
Agência sustentável Não. Os softwares são apenas uma
Divulgação: Trieme Construção e Gerenciamento
Confira mais fotos das principais soluções ferramenta que na mão dos grandes
sustentáveis da agência do Banco Real na profissionais propiciam a elaboração de
Granja Viana, região Metropolitana de São grandes projetos. Mas a criatividade e a
Paulo. A agência, apresentada na seção experiência continuam sendo qualidades
Técnica e Ambiente, recebeu certificado básicas que devem ter os bons
Leed (Leadership in Energy and profissionais da área, às quais software
Environmental Design) de empreendimento nenhum consegue substituir.
sustentável, o primeiro concedido pela Cesar Eduardo Dantas
entidade na América do Sul. 19/06/2007 14:21
ÁREA CONSTRUÍDA
Passarela metálica estaiada é entregue
Em julho foi entregue a passarela es- ras, piso tátil e elevador – e sua estru-
taiada que atravessa a avenida Cidade tura é suportada por 21 hastes metá-
Jardim, próxima à ponte de mesmo licas. A mais longa mede 53,5 m e a
nome, na cidade de São Paulo. A menor, 23,2 m. O aço da estrutura da
obra, batizada Miguel Reale, atende- passarela é do tipo Corten, material
rá cerca de cinco mil usuários da es- resistente à ação das intempéries. A
tação de trem anexa à obra. A passa- altura da passarela é de 6,10 m, que
Milton Michida
rela é equipada com itens de acessibi- atende à necessidade de passagem de
lidade – como corrimão de duas altu- caminhões altos.
Luciano Candisani
em São Paulo, um ciclo de palestras realizado no Centro de Convenções
sobre cases de projetos estruturais di- Frei Caneca, na região central da capi-
ferenciados. Foram selecionadas tal paulista. Para mais informações e
obras como a "Ponte do Gênesis II" inscrições, acessar www.piniweb.com/
(Téchne 113), o "Hospital Materni- na Venezuela, e o "Centro de Con- ConstruTech/, enviar um e-mail para
dade São Luiz Anália Franco", a "Se- venções do World Trade Center". eventos@pini.com.br ou ligar para
gunda Ponte sobre o rio Orinocco", Profissionais reconhecidos e premia- (11) 2173-2396.
Divulgação: Prefeitura
da ABCP (Associação Brasileira de Ci- da teve uma área total pavimentada de
mento Portland), incluindo a elabora- 43.195 m², que consumiu 9.476 m³ de
ção do projeto, o treinamento de execu- concreto,além dos 4.980 m³ de concreto
ção para os técnicos e mestres-de-obras e compactado com rolo.
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ÁREA CONSTRUÍDA
Ciete Silvério
com velocidade reduzida quando em uma densa espuma que prote-
não há usuários sobre elas, permi- ge a estrutura.
ÍNDICES
Custos de Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
Edificações 35
em São Paulo 30
IPCE materiais
IPCE global
Preços de construção sobem em julho,
mas alta acumulada é inferior à variação IPCE mão-de-obra
do IGP-M 25
15
inflação, que segundo o IGP-M (Índi-
ce Geral de Preços de Mercado) foi de 10 8,39 8 8
0,28%. Nos últimos 12 meses, a alta 8 8 8
7,20 7 7 7 7 7 7 6 6 6
do IPCE já chega a 3,31%, porém a va- 6 5
5 6,12 6 6 6 6 6 7 6 5 6 6 5,82
6 6 5 5 4
riação também é inferior à do IGP-M, 5 3,31
que no mesmo período soma 4%. 3 0,62
0
Dos reajustes ocorridos, o da cal Jul/06 Set Nov Jan Mar Mai Jul/07
hidratada foi um dos mais significati-
vos, chegando a 3,78%. Em junho o Data-base: mar/86 dez/92 = 100
saco da cal hidratada custava R$ 5,09 Mês e Ano IPCE – São Paulo
e este mês pulou para R$ 5,29. global materiais mão-de-obra
Em julho não ocorreram deflações Jul/06 110.411,03 53.220,27 57.190,76
significativas que contribuíssem para ago 110.432,28 53.241,52 57.190,76
a queda do índice e apenas o preço do set 110.443,36 53.252,61 57.190,76
fio isolado com PVC permaneceu em out 110.677,85 53.487,10 57.190,76
queda pelo segundo mês consecutivo nov 110.937,11 53.746,35 57.190,76
devido à instabilidade no preço do dez 111.010,59 53.819,83 57.190,76
cobre. Em junho o rolo de 100 m do jan 110.759,12 53.568,36 57.190,76
fio isolado custava R$ 94,49, caindo fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76
em seguida para R$ 89,55, o equiva- mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76
lente a 5,23%. abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76
Insumos como a areia lavada, a mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13
barra de aço CA-50 3/8" e o cimento jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13
Portland CP II apresentaram discreta Jul/07 114.065,53 53.547,83 60.517,71
variação de preço, enquanto a pedra Variações % referente ao último mês
britada e a tinta látex PVA mantiver- mês 0,15 -0,23 0,48
am-se com preços estáveis. acumulado no ano 2,75 -0,51 5,82
acumulado em 12 meses 3,31 0,62 5,82
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
pesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com
pesquisa na última semana do mês de referência.
Fonte: PINI
Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com
IPT RESPONDE
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Utilize o cartão-resposta encartado
na revista.
Ensaio de arrancamento
O que é e como é feito o teste de
arrancamento de revestimentos
argamassados para fachadas? Existem
tabelas de avaliação com resistências
admissíveis? Quais equipamentos são
utilizados nesse teste?
Reges F. M. da Cunha
Blumenau (SC)
Marcelo Scandaroli
mentos de paredes e tetos de argamassas
inorgânicas – Determinação da resistên-
cia de aderência à tração – Método de
ensaio. A avaliação da aderência é feita
segundo a NBR 13749:1996 – Revesti-
Tabela 2 – LIMITES DE RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO (RA) PARA EMBOÇO
mentos de paredes e tetos de argamassas
E CAMADA ÚNICA
inorgânicas – Especificação, que diz:
Local Acabamento Ra
Parede Interna Pintura ou base para reboco ≥ 0,20
"5.7 Aderência
Cerâmica ou laminado ≥ 0,30
O revestimento de argamassa deve
Externa Pintura ou base para reboco ≥ 0,30
apresentar aderência com a base e
Cerâmica ≥ 0,30
entre suas camadas constituintes, ava-
Teto ≥ 0,20
liada conforme 5.7.1 e 5.7.2.
(Unidades em megapascal)
5.7.1 Avaliar a aderência dos revesti-
mentos acabados por ensaios de per-
cussão, realizados através de impactos 5.7.2 Sempre que a fiscalização julgar menos quatro valores forem iguais ou
leves, não contundentes, com martelo necessário, devem ser realizados ou so- superiores aos indicados na tabela 2".
de madeira ou outro instrumento rijo. licitados a laboratório especializado a Existem diversos fornecedores de equi-
A avaliação deve ser feita em cerca de 1 execução de pelo menos seis ensaios de pamentos para execução dos testes de
m², sendo a cada 50 m² para tetos e a resistência de aderência à tração, con- aderência, sendo recomendável busca
cada 100 m² para paredes. Os revesti- forme NBR 13528, em pontos escolhi- em catálogos especializados ou mesmo
mentos que apresentarem som cavo dos aleatoriamente, a cada 100 m² ou via internet. Alguns deles: Dinateste;
nesta inspeção, por amostragem, menos de área suspeita. O revestimen- Consulcret; Panambra; Solotest.
devem ser integralmente percutidos to desta área deve ser aceito se de cada Cristina Kanaciro
para se estimar a área total com falha grupo de seis ensaios realizados (com IPT – Cetac (Centro de Tecnologia do
de aderência, a ser reparada. idade igual ou superior a 28 dias) pelo Ambiente Construído)
CARREIRA
Selmo Kuperman
Engenheiro especializou-se em tecnologia do concreto e trabalhou
na construção das principais hidrelétricas do País
19
melhores praticas.qxd 6/8/2007 10:51 Page 20
MELHORES PRÁTICAS
Contrapiso
Embora simples e usual, execução do contrapiso demanda atenção
tanto a detalhes como aos tempos de execução
Preparo da base
Resíduos, restos de argamassa e outros
materiais devem ser retirados, assim
como devem ser removidos óleos,
graxas, colas, tintas ou produtos
químicos eventualmente presentes na
superfície da base. Resíduos aderidos
podem ser removidos com uso de picão,
vanga ou ponteira e marreta. Pó e
partículas soltas são eliminados com
vassoura dura, tipo piaçaba.
Taliscas
Limpos e umedecidos, os pontos ao longo ter composição, dosagem e umidade
do perímetro que receberão as taliscas idênticas à do contrapiso. Executando
Fotos: Sofia Mattos
devem ser polvilhados com cimento para essa etapa previamente ao contrapiso,
formar uma nata que garanta a aderência é possível treinar as equipes e controlar
da argamassa de assentamento, que deve os níveis das taliscas.
Camada de
aderência
Com a superfície limpa e livre do
trânsito de pessoas, a base deve ser
lavada com água em abundância.
No dia seguinte, retirado o excesso
de água, a camada de aderência é
criada polvilhando-se cimento com
peneira numa quantidade de 0,5 kg/m2
e espalhando com vassoura até obter
uma fina película. Uma vez que a nata
de cimento não pode endurecer, o
procedimento deve ser realizado
em etapas e imediatamente antes
do lançamento da argamassa.
Aplicação da
argamassa
Se o contrapiso tiver até 30 mm de
espessura, a argamassa pode ser
espalhada, com enxada, de uma só vez.
Caso contrário, em duas ou mais camadas.
De qualquer maneira, é importante
compactar cada camada de argamassa
com soquete, eliminando vazios e, assim,
proporcionando maior resistência do
contrapiso aos esforços mecânicos.
Acabamento
superficial
O acabamento mais comum é o
desempenado, realizado após o
sarrafeamento com régua metálica
e obtido com desempenadeira de
madeira, passada em movimentos
circulares. Elimina pequenas
irregularidades e é indicado para quando
o revestimento é fixado com dispositivos
ou argamassa colante. Nos casos em
que a fixação é com adesivo à base de
resina, o mais adequado é o acabamento
alisado, obtido com desempenadeira
de aço ou colher de pedreiro.
Colaboração: engenheira Mércia Bottura de Barros, professora doutora da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,
engenheiros José Tadeu Capelossi, Elayne Rodrigues de Matos, Oswaldo Nannini e Alexandre Britez, da Cyrela Brazil Realty
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melhores praticas.qxd 6/8/2007 10:51 Page 23
entrevista.qxd 6/8/2007 10:52 Page 24
ENTREVISTA
Torres pré-moldadas
Nos últimos anos, o desenvolvimento dos pré-fabricados de concreto
possibilitou sua utilização mais intensiva em estruturas de edifícios altos
Acervo pessoal
Concreto). Foi condecorado pela FIP
(Federação Internacional da
Protensão, na tradução livre) por sua
contribuição ao desenvolvimento do
á ainda um certo receio de se utili- elementos pré-moldados do restante da
concreto protendido e pré-moldado.
Foi premiado pela Federação
H zar elementos pré-fabricados em
construções altas e esbeltas, como edifí-
estrutura. Esse núcleo monolítico é um
dos principais responsáveis pela garan-
Internacional do Concreto
cios comerciais ou residenciais.Não sem tia da estabilidade horizontal da torre.
Protendido, pelo Comitê Europeu
razão,uma vez que não faltam dificulda- Outros aspectos, entretanto, norteiam
de Padronização e outras entidades
des técnicas para garantir a estabilidade os projetos que empregam esse sistema
belgas e internacionais.
estrutural de todo o conjunto,principal- construtivo. De acordo com o enge-
mente à ação de forças horizontais, nheiro belga, após os ataques terroris-
como as do vento.Mas a tendência pode tas de 11 de setembro, desenvolveram-
estar mudando: Arnold Van Acker, se os estudos sobre colapso progressi-
membro da FIB (Federação Internacio- vo em estruturas pré-moldadas. Uma
nal do Concreto), tem acompanhado a série de dispositivos deve ser prevista
explosão do uso da pré-fabricação nos em projeto para permitir que, caso
países europeus, sobretudo em seu país, qualquer elemento seja retirado da es-
a Bélgica, e na Holanda. Em Rotterdam, trutura, ela seja capaz de redistribuir
recentemente foi erguido um edifício de as cargas sem colocar em risco os
142 m de altura e 42 andares,37 deles em usuários. Foi convidado pela ABCIC
pré-moldados. A concepção estrutural (Associação Brasileira da Construção
mais comum desse tipo de construção Industrializada de Concreto) para
compreende uma espécie de "espinha palestra na feira Concrete Show (São
dorsal", moldada in loco, cercada pelos Paulo, 15 a 17 de agosto).
25
entrevista.qxd 6/8/2007 10:52 Page 26
ENTREVISTA
ENTREVISTA
TÉCNICA E AMBIENTE
Sustentável desde o canteiro
Projeto de agência bancária é baseado em soluções para minimizar
impactos no meio ambiente. Nem rotina de obra escapa às medidas
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materia_compactado.qxd 6/8/2007 11:20 Page 32
CONCRETO ROLADO
Ranking
Países com mais barragens construídas
com CCR
1o China: 59 (19%)
2o Brasil: 54 (17%)
3o Japão: 42 (13%)
4o Estados Unidos: 37 (12%)
5o Espanha: 22 (7%)
Esses cinco países mantêm cerca de 70%
das barragens em concreto compactado
com rolo do mundo. Estima-se que existam
Com procedimentos bastante repetitivos e totalmente baseados no uso de
cerca de 320 barragens desse tipo.
equipamentos de grande porte, tem na alta velocidade de execução uma das
maiores vantagens em relação aos métodos tradicionais Fonte: Francisco Rodrigues Andriolo
clusive para equipamentos pesados, No Brasil, as barragens têm se be- ção técnica, incluindo a dosagem
rodovias de acesso a áreas industriais, neficiado dos "inúmeros estudos fei- adotada, deve-se adaptar aos mate-
estações de pesagem em rodovias, por- tos em universidades em parceria com riais existentes na região e considerar
tos, acostamentos, rodovias para velo- empresas", conta Kuperman. o transporte. Também por isso não
cidades até 60 km/h, pátios de aero- há um traço básico para o concreto
portos, ruas urbanas, base de rodovias, Preparo e execução rolado, outro nome pelo qual é co-
dentre outras aplicações. "Por apresen- O CCR é bastante adequado para nhecido o CCR.
tar pouca fluidez, só pode ser aplicado obras de grande volume por apresen- Apesar de ser possível utilizar qual-
para executar elementos de grandes di- tar, além de facilidade operacional, quer cimento para compor o traço, o
mensões", resume Andriolo. custos competitivos. "É menor porque pozolânico é o mais indicado por gerar
Não há limite de altura para bar- consideramos não só o custo dos ma- menos calor e viabilizar uma das gran-
ragens, mas a média brasileira é de 60 teriais, mas também do transporte e des vantagens do CCR – a rapidez de
m a 70 m de altura, com a mais alta da aplicação", explica Andriolo. Sendo execução. Seja no cimento ou em
chegando aos 95 m. "No exterior há assim, é necessário potencializar as forma de adição, a pozolana é necessá-
barragens com mais de 200 m", ilus- vantagens que propõe. E isso depende, ria para evitar reações álcali-agregados
tra Andriolo. Apesar de ser larga- em grande monta, dos custos envolvi- prejudiciais ao concreto (veja matéria
mente difundido o uso do CCR dos na produção do concreto em si. também nesta edição), além de melho-
como base de estradas, as de alta ve- Por isso é imprescindível, ao de- rar características mecânicas.
locidade ainda não podem se benefi- terminar o traço e mesmo o tipo da De acordo com Selmo Kuperman,
ciar das características do CCR en- barragem, conhecer o local e os mate- a melhora na granulometria dos agre-
quanto revestimento. "O uso como riais disponíveis na região, além de gados se deve à tendência em aumen-
capa rodante é prejudicado devido a considerar prazos executivos. A solu- tar a quantidade de agregados miúdos
problemas de textura e uniformida-
de, que podem trazer desconforto
em velocidades superiores a 80
km/h", explica Kuperman.
Para tanto, algumas são as solu-
ções possíveis, que estão sendo desen-
volvidas principalmente no exterior.
Dentre elas, a melhora nas dosagens, o
uso de pequena camada de concreto
convencional para revestimento, a so-
fisticação no uso de equipamentos de Sujeitas a pressões hidrostáticas laterais Para garantir que sejam baixos
pavimentação e, até mesmo, o lixa- mais acentuadas, as fôrmas devem ser os custos de produção do concreto,
mento superficial. Essa última possi- reforçadas. Com altura de 2 m, em geral, é recomendável adequar o traço
bilidade é menos estudada por ser são movimentadas após a conclusão de às características dos materiais
pouco econômica. seis camadas de 0,30 m existentes na região
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CONCRETO ROLADO
LEIA MAIS
The use of roller compacted
concrete. Francisco Rodrigues Andriolo.
Após o lançamento da mistura no campo Feita a compactação, as juntas são Editora Oficina de Textos, 554 págs.
de trabalho, tratores a espalham cortadas de acordo com o determinado Compra pelo site www.piniweb.com,
uniformemente, seguidos pelos rolos pelas normas que regem o uso do concreto pelo fone 4001-6400 (regiões
compressores de pelo menos 10 t, que convencional. Têm a função de evitar a metropolitanas) ou 0800-5966400
não devem vibrar na primeira passagem fissuração e, assim, impedir infiltrações (demais regiões)
CONCRETO APARENTE
Nelson Kon
Acabamento final
Engenheiros e arquitetos elogiam a versatilidade e resistência do concreto
aparente, destacando obras que se tornaram ícones. É preciso, porém,
protegê-lo de intempéries e agentes agressivos, para garantir durabilidade
oi no fim do século XVIII que a por Oscar Niemeyer e as de Ruy Ohta- construído em pré-moldados de con-
F mistura cimento, areia, agregados e
água tornou-se um dos materiais mais
ke, que tiram bastante proveito da be-
leza plástica do concreto. Em São
creto, e a Cidade da Música. Em fase
de finalização, a Fundação Iberê Ca-
adotados na construção civil. Com a Paulo, encontram-se edifícios emble- margo, em Porto Alegre, diferencia-se
evolução dos estilos de arquitetura e a máticos como o da IBM, o Tribunal por usar o concreto aparente branco.
supressão dos excessos, sua trabalhabi- Regional do Trabalho de São Paulo O concreto aparente caracteriza-se
lidade e aparência neutra possibilita- (acima), a sede dos Correios, a Fiesp por deixar à vista sua coloração e tex-
ram a arquitetos modernos e contem- (Federação das Indústrias do Estado tura naturais. A superfície pode ser
porâneos explorar a forma e a volume- de São Paulo), o Masp (Museu de Arte protegida por uma película, desde que
tria dos edifícios, sem a necessidade do de São Paulo) e o Hotel Unique, que seja transparente e incolor. "Tal e qual
uso de acabamentos ou revestimentos. utiliza três cores de concreto aparente. o concreto revestido, o material deve
No Brasil, não faltam exemplos No Rio de Janeiro, duas novas obras se resistir a agentes agressivos, que levam
marcantes, como as obras idealizadas destacam: o Estádio João Havelange, à corrosão das armaduras e compro-
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CONCRETO APARENTE
Adições e aditivos
As adições minerais (metacaulim,
nome comercial de silícia ativa, sílica
ativa, fíler calcário etc.) são recomen-
Carlos Chaves/ABCP
massa do concreto quanto aplicado di-
de armadura ou muito esbeltas,
retamente sobre a superfície do concre-
contribuem também para melhorar
to endurecido,evita as reações anódicas
o acabamento final da estrutura
e catódicas de corrosão das armaduras.
Aditivos plastificantes, polifun-
cionais, super ou hiperplastificantes ginal do concreto e não evidenciam as macroporosidades. Atualmente, o
são recomendáveis para tornar o con- imperfeições do material bruto. concreto auto-adensável ganha espa-
creto mais fluido e facilitar o adensa- ço, por atender todos esses requisitos,
mento em peças esbeltas e/ou com Cuidados na execução com vantagem de dispensar o uso de
alta taxa de armadura. A execução de estruturas de concre- vibrador e incrementar a qualidade do
Dependendo das características da to aparente requer os mesmos cuidados produto acabado.
obra e dos elementos a serem concreta- que as estruturas revestidas. Ou seja, A utilização de películas de prote-
dos, aditivos aceleradores ou controla- montagem de fôrmas, preparação da ção ou, dependendo do ambiente, de
dores de hidratação podem ser necessá- armadura,ajuste da fôrma,aplicação de inibidores de corrosão e retração, in-
rios para tornar o material mais traba- desmoldante, lançamento do concreto, corporados na massa de concreto
lhável. Nessa situação, o concreto deve adensamento, cura e desenforma. fresco, proporcionam maior durabili-
ser dosado com um nível apropriado de O sucesso ou não da execução de- dade ao concreto.
argamassa e agregado graúdo com di- pende de alguns cuidados, começando "A qualidade das fôrmas é funda-
mensão máxima, adequando-se aos es- pelo projeto. "Tanto o arquitetônico mental, pois tudo fica registrado no
paçamentos entre as amaduras. como o estrutural deve considerar as concreto", justifica Alencar. Por isso,
condições de exposição", enfatiza Car- antes do lançamento devem ser confe-
Películas de proteção mona. Detalhes de projeto que modifi- ridas dimensões, nivelamento e
Vernizes e hidrofugantes, ambos cam o fluxo da água de chuva – como prumo, em conformidade com as tole-
possuem suas vantagens e desvanta- chapins nos topos de platibandas e pa- râncias. As superfícies internas devem
gens para garantir a proteção superfi- redes, pingadeiras nos beirais etc. – evi- estar limpas e ser suficientemente es-
cial do concreto aparente. A escolha tam acumulação de água sobre a su- tanques e seladas, evitando fuga de ar-
correta depende do tipo de aplicação. perfície do concreto. gamassa pelas juntas. A utilização cor-
Os vernizes formam filme contínuo e O uso do mesmo tipo de cimento, reta das armaduras e a rigidez das fôr-
são mais eficientes na proteção de que garante a homogeneidade da cor, a mas proporcionam o cobrimento mí-
agentes agressivos. Já os hidrofugantes aplicação uniforme de desmoldante, nimo da estrutura exposta.
são capazes de penetrar alguns milíme- os cuidados com o lançamento e aden- Quando utilizadas fôrmas de ma-
tros nos poros do concreto, impedindo samento do concreto, para evitar fa- deira, são indicados os desmoldantes
a penetração de água e de substâncias lhas de concretagens, e o cumprimen- à base de água. Alencar recomenda
agressivas nela dissolvidas. Em relação to do tempo de cura vão definir a qua- que sejam saturadas com água, para
ao verniz, o hidrofugante permite a cir- lidade final da obra. O estudo de dosa- minimizar a desidratação do concre-
culação de vapor d'água e com isso gem – talvez o mais importante – asse- to. Já nas metálicas devem ser aplica-
reduz a formação de bolhas e bolor. gura um concreto com consistência dos produtos à base de óleo vegetal,
Vernizes foscos, apesar de serem mais adequada,capaz de preencher todos os que preservam a superfície.
caros, têm a vantagem sobre os bri- espaços das fôrmas e armaduras e im- Na etapa da cura, convém prote-
lhantes, pois não alteram o aspecto ori- pedir a ocorrência de segregações e ger as estruturas da incidência direta
Riscos e soluções
Os principais mecanismos de de-
terioração que podem atuar em obras um programa de inspeções periódi-
de concreto aparente são corrosão de cas, além de limpeza adequada e rea-
armaduras, acúmulo de fuligem, pro- plicação de eventuais sistemas de pro-
liferação de fungos e lixiviação super- teção superficial existentes.
Wanderley Bailoni
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ÁLCALI-AGREGADO
Reação perigosa
Ainda pouco estudada pelo meio técnico, reação álcali-agregado em estruturas
é de recuperação cara e complexa
pela reação conservam a sua capaci- Fonte: Comitê de Especialistas do Ibracon para Reações Expansivas em Estruturas de
dade resistente, mesmo em um esta- Concreto/2o semestre de 2005
Classificação
A reação álcali-agregado tem sido sílico-alcalino, altamente instável, que quartzo microcristalino a
comumente divida em três tipos: Reação começa a absorver água e a se expandir, criptocristalino e minerais expansivos
Álcali-Sílica (RAS), Reação Álcali-Silicato ocupando um volume maior que os do grupo dos filossilicatos.
(RASS) e Reação Álcali-Carbonato (RAC). materiais que originaram a reação. Reação Álcali-Carbonato (RAC):
Em todos os casos, a conseqüência Reação Álcali-Silicato (RASS): é a mais rara de todas e acontece
principal é a expansão continuada do é o tipo de RAA mais encontrado em quando certos calcários dolomíticos
concreto ao longo de 60 anos e sua barragens construídas no Brasil e em são usados como agregado em
conseqüente fissuração. blocos de fundação na região do concreto e são atacados pelos álcalis
Reação Álcali-Sílica (RAS): é a Grande Recife. Consiste na reação do cimento, originando uma reação
principal e mais recorrente no Brasil e entre álcalis disponíveis e alguns tipos denominada desdolomitização. Trata-
acontece quando os vários tipos de sílica de silicatos eventualmente presentes se de uma reação bem complexa,
reativa presentes nos agregados reagem em certas rochas sedimentares, rochas cujas conseqüências são bem mais
com os íons hidroxilia existentes nos metamórficas e ígneas. É uma reação graves, mas ainda existem várias
poros do concreto. A sílica reage com os que está basicamente relacionada à divergências sobre o provável
álcalis sódio e potássio formando um gel presença de quartzo tensionado, mecanismo da reação.
Fonte: Comitê de Especialistas do Ibracon para Reações Expansivas em Estruturas de Concreto/2o semestre de 2005
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ÁLCALI-AGREGADO
RAA no Recife
Desde a queda do Areia Branca, ensaios Além das inspeções em elementos fundações dos edifícios", lembra Andrade.
específicos já confirmaram 15 casos de de fundação dos edifícios na região Segundo Francisco Bacelar, diretor
edificações diagnosticadas com a RAA na metropolitana do Recife, o Sinduscon-PE, de ciência e tecnologia do Sinduscon-PE
região metropolitana do Recife. Outros 25 com apoio do Sebrae-PE (Serviço e diretor da divisão imobiliária do Grupo
casos, ainda não submetidos a ensaios, Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas JCPM, após a queda do Areia Branca,
mostram quadros fissuratórios de Empresas de Pernambuco), sob a a primeira preocupação da entidade foi
intensidade variada em blocos e sapatas que coordenação da Universidade Federal promover um debate técnico com os
também podem estar associados a RAA. de Pernambuco, realizou um estudo para especialistas, construtores, calculistas,
A existência do que os especialistas identificar o potencial de reatividade universidades e fornecedores de materiais.
denominam como "tríplice aliança" – dos principais agregados da região. Além Na tentativa de combater o problema,
o uso de agregado reativo no concreto, dessa identificação, foram pesquisados os o Sinduscon-PE elaborou uma cartilha
a presença de álcalis no cimento e a cimentos e adições minerais disponíveis intitulada "Reação álcali-agregado e
existência de umidade no solo, bastante na região capazes de mitigar a reação dos diagnóstico do potencial de reatividade
intensa em Recife – são os fatores que agregados mais reativos. dos agregados e do potencial de inibição
possibilitaram o desencadeamento da Os ensaios, realizados em Furnas, de RAA com uso de cimentos e adições
reação de forma intensa nessa cidade. identificaram algumas jazidas de minerais disponíveis na região
Entretanto, como alerta Andrade, agregados potencialmente reativas. Os metropolitana do Recife", documento que
"provavelmente nas cidades brasileiras casos mais graves, sob o ponto de vista contém recomendações para prevenção
onde os fatores essenciais para o de fissuração, coincidiram com as jazidas da RAA em futuras obras. Além dessa
desenvolvimento da RAA estejam que apresentaram os maiores níveis de iniciativa, estão sendo promovidas diversas
presentes, o mesmo problema pode reatividade. "Essa correlação reforçou palestras e cursos cujo objetivo principal
estar acontecendo sem, contudo, serem o diagnóstico da influência da RAA nos é promover a conscientização do meio
submetidos a investigações". quadros fissuratórios encontrados nas técnico para a existência do problema.
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CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL
Mistura plástica
Inovador por eliminar etapas e alterar rotina de canteiro, tecnologia do
concreto auto-adensável ainda é prejudicada pelo desconhecimento acerca
de suas propriedades
demanda ainda mais atenção quan- de sais de ácido policarboxílico, ou dade plástica. Como é pouco disponí-
do da definição do traço, uma vez simplesmente policarboxilatos. "É o vel em campo, as propriedades do
que é imprescindível obter fluidez, supra-sumo da indústria, mas exis- material no estado fresco são avalia-
evitar qualquer segregação e adequar tem experimentos com aditivos mais das por três outros testes: caixa "L",
custos. "É possível fazer CAA apenas baratos que mostram resultados fa- funil "V" e ensaio de espalhamento.
com cimento, mas se tornaria muito voráveis", pondera. Enquanto o espalhamento se relacio-
caro", ilustra Repette referindo-se à O equipamento ideal para avaliar na mais diretamente com a tensão de
necessidade dos finos, que pode ser a qualidade do CAA no estado fresco é escoamento, o funil traz mais infor-
pó-de-brita, resíduo da britagem de o reômetro, que permite a obtenção mações pertinentes à viscosidade. Já a
rocha e da lavagem de areia artificial. da tensão de escoamento e da viscosi- caixa "L" verifica a fluidez, a capacida-
A recomendação do professor da
UFSC é que o ajuste do traço seja
feito em laboratório a partir da pasta, Materiais para obtenção do CAA
seguido da adequação da argamassa
e, por fim, do concreto.
Cimento Fração fina dos agregados
Todos esses procedimentos visam São preferíveis os cimentos mais industrializados: o tipo de rocha e a
finos e com teores mais baixos de forma de britagem e classificação
à obtenção de um concreto fluido
álcalis e de C3A. No entanto, a influenciam as características próprias e
cuja homogeneidade – especialmen-
princípio, qualquer tipo de cimento a adequação do CAA.
te após a aplicação – depende, princi-
empregado na produção do concreto
palmente, da viscosidade plástica e
convencional pode ser utilizado para Aditivos
da tensão de escoamento. Ambas são
determinadas pela dosagem da mis-
obtenção do CAA. Superplastificantes: reduzem em pelo
menos 20% o consumo de água. Mesmo
tura, pelo tipo e teor do aditivo su-
Adições os de base policarboxilato, mais
perplastificante, pelo teor de finos e
pela distribuição granulométrica dos Filler calcário: embora o de natureza indicados, provocam perdas de fluidez
calcítica seja o mais indicado, não é um exigindo compatibilização com os fios
materiais. Há necessidade de que a
material verdadeiramente inerte, da mistura.
viscosidade seja moderada e a tensão
de escoamento, baixa. Repette lem-
principalmente se em contato com C3A, Promotores de viscosidade:
além de aumentar a velocidade de normalmente à base de
bra que o que dá fluidez à mistura é o
hidratação do cimento. Deve ter finura polissacarídeos, melhoram a
teor de água e/ou de aditivo super-
igual ou menor que a do cimento. resistência à segregação. São
plastificante. Este geralmente à base
Cinza volante: com forma esférica, dispensáveis quando os teores de finos
diminui o atrito interno entre agregados são adequados. Aumentam a retração
e cimento, reduzindo o consumo de quando em doses elevadas.
superplastificante por aumentar a fluidez
e a viscosidade. Deve ter finura entre Agregados
500 m2/kg e 600 m2/kg. Miúdo: os mesmos do concreto
Sílica ativa: comum para obtenção de convencional, o ideal é que
elevada resistência à compressão, representem entre 40% e 50% da
promove aumento da resistência à argamassa do CAA.
segregação quando representa entre Graúdo: também semelhantes ao do
2% e 5% da massa de cimento. Nesses concreto convencional, são preferíveis
casos também aumenta a demanda por os de forma regular. O de 10 mm é o
Por ser fluido, o concreto auto-
aditivo superplastificante e a tensão mais difundido por resultar numa
adensável não é recomendado para
de escoamento. composição mais econômica.
preenchimento de escadas ou lajes com
desníveis. Nesses casos, é possível Fonte: Concreto de Última Geração: Presente e Futuro, Capítulo 49, Vol. 2, pp.1509-
construir um dique de argamassa para 1550, W. L.Repette. In: Concreto: Ensino, Pesquisa e Realizações, Editor: Geraldo C.
evitar nivelamento Isaia, Ibracon, 2005.
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CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL
de de ocupar espaços e passar por res- palhamento. Por ser difícil de perce- Até mesmo o comportamento do
trições e o grau de nivelamento, sendo ber no momento do recebimento ou elemento a ser moldado, ao longo
quase um ensaio de desempenho. "É da aplicação, é mais seguro evitá-la da espessura, é influenciado pela se-
importante fazer os três para ter uma realizando uma adequação prévia gregação ou não do concreto. "Caso
visão do material como um todo", em laboratório. Dessa forma im- haja exsudação, pode haver dificul-
afirma Repette. pede-se a exsudação da mistura e, dades no lançamento, pois também
Também é essencial verificar a conseqüentemente, a perda de resis- afeta a capacidade do CAA se mover
segregação do material, que, quan- tência na superfície superior e até adequadamente, e a heterogeneida-
do exagerada, pode ser vista no es- mesmo a exposição das armaduras. de das propriedades mecânicas", re-
sume Repette.
Dentre os motivos para a exsuda-
ENSAIOS E REQUISITOS PARA O CAA ção, conta Tutikian, estão a falta de
Métodos de ensaio Valores limites ajuste do traço e o excesso de aditivo
Espalhamento Entre 600 e 800 mm superplastificante, com possibilidade
Funil "V" Entre 5 e 10 segundos de manifestações patológicas. O CAA
Caixa "L" H2/H1 entre 0,8 e 1,0 é um material que exige dosagem cri-
Segregação avaliada no ensaio de espalhamento Ausente teriosa e focada na estabilidade da
Fonte: Concreto auto-adensável – Conceitos e características, Prof. Dr. Wellington mistura, que é o ponto mais suscetível
Repette, UFSC. a problemas no momento da aplica-
ção. "É um concreto fluido, mas essa
não pode ser sua única característica",
Custos conclui Repette.
Segundo o engenheiro Wellington (como ninhos e acúmulo de bolhas na
Aplicação simplificada
Repette, o CAA permite a redução de superfície)
Desenvolvido no Japão no final
custos devido aos seguintes motivos: Estima-se ocorrer um menor custo para da década de 80, o CAA visava à eli-
Dispensa o emprego de vibradores, as operações de desenforma, uma vez que
minação da etapa de adensamento
com economia na aquisição, manutenção o concreto adere menos devido ao não-
em concretagens, pois havia dificul-
e operação desses equipamentos adensamento
dade em encontrar mão-de-obra
Permite maior reutilização das fôrmas Possibilidade de redução das seções de qualificada para executar essa etapa,
em função da inexistência da operação de peças densamente armadas, uma vez que
o que desencadeava problemas com
adensamento e pela maior facilidade de preenche espaços com mais facilidade
o acabamento final. Atualmente,
lançamento do concreto Possibilidade de haver maiores turnos com a onda da racionalização da
Eliminam-se ou minoram-se os custos de concretagem, principalmente quando
mão-de-obra – no Brasil mais devi-
de correção de falhas de concretagem há restrições quanto à poluição sonora
do às dificuldades em encontrar
Fonte: Prof. Dr. Wellington Repette. UFSC. qualificação do que visando à redu-
ção de custos – o CAA pode encon-
trar espaço para crescer. Claro que
Vantagens diretas desde que os problemas iniciais en-
frentados, comuns a qualquer tecno-
Se corretamente especificado, projetado e Acelerar a construção logia, não distorçam as característi-
aplicado, o concreto auto-adensável pode Reduzir a mão-de-obra no canteiro cas e destruam o potencial que o ma-
propiciar uma série de ganhos diretos e Melhorar o acabamento final da superfície terial tem. "É um material promis-
objetivos, tanto na qualidade final da Aumentar a durabilidade por ser mais sor, mas pode ser prejudicado por
estrutura quanto no orçamento da obra. fácil de adensar
problemas iniciais de dosagem", la-
Além desses, listados abaixo, há a Permitir grande liberdade de formas e menta Repette.
possibilidade de ganhos indiretos, dimensões
Aumenta a rapidez da obra por
relativos a incrementos na qualidade, Permitir concretagens em peças de eliminar a etapa de vibração, even-
ausência de patologias futuras e seções reduzidas
tuais retrabalhos decorrentes do
diminuição de riscos e desgaste de Eliminar o barulho de vibração preenchimento de vazios na super-
trabalhadores e equipamentos. Tornar o local de trabalho mais seguro fície causados por incorporação de
Dentre os benefícios que tornam o CAA em função da diminuição do número de
ar ou falhas de concretagem e por
um material vantajoso, segundo o trabalhadores
reduzir significativamente as etapas
engenheiro Bernardo Tutikian, destacam-se Reduzir o custo final do concreto e/ou de nivelamento e acabamento. Por
as possibilidades de: da estrutura
isso, e também por contar com ade-
Fonte: Bernardo Tutikian (2004). quado controle tecnológico, a in-
Os ensaios do funil "V" e da caixa "L" dão indícios relativos à viscosidade plástica e à tensão de escoamento. O ensaio de espalhamento
mostra a capacidade do concreto de se mover, além de dar indícios referentes à segregação
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DEFORMAÇÃO LENTA
Variável concreta
A fluência, fenômeno próprio do material, pode ser minimizada
com projeto e execução adequados
iversos pesquisadores têm-se em- Como o próprio nome sugere, a Inês, a perda da água intracristalina,
D penhado em conhecer as proprie-
dades do concreto, dentre elas a fluên-
deformação lenta do concreto ocorre
ao longo de muitos anos. Estudos rea-
sob pressão constante, parece ser uma
das relações de grande importância
cia. Trata-se de uma propriedade lizados pelo ACI (American Concrete na determinação do grau de fluência
comum a diversos materiais. O fenô- Institute) demonstram que as defor- no concreto, o que pode sugerir que
meno caracteriza-se pelo aumento mações em corpos-de-prova de con- elevadas relações água/cimento sejam
gradual da deformação do material creto são verificadas mesmo após 30 indesejáveis no que se refere ao con-
quando sujeito a uma tensão constante anos. Esses registros sugerem a ten- trole do fenômeno. Assim como a
ao longo do tempo.No caso do concre- dência assintótica a um valor cons- fluência é sensivelmente influenciada
to, pode-se concluir que, exatamente tante de deformação, se não houver pela disponibilidade de água do com-
por aliviar as concentrações de tensões, modificações no carregamento ao posto, diversas outras propriedades
a fluência possibilita que o concreto longo do tempo. "No entanto, como o como módulo de elasticidade e resis-
seja utilizado como material estrutu- incremento de deformação após tência à compressão também geram
ral. "Essa propriedade é extremamente algum tempo passa a ser muito pe- variações nas deformações. A fluência
importante e benéfica, sob esse ponto queno, esse conhecimento serve ape- é diretamente proporcional à relação
de vista", explica a engenheira Inês Ba- nas a pesquisas acadêmicas", conclui. água/cimento e inversamente propor-
taggin, superintendente da ABNT (As- Algumas das causas básicas do fe- cional aos valores de módulo de elas-
sociação Brasileira de Normas Técni- nômeno já foram determinadas, mas ticidade e resistência à compressão. É
cas) e pesquisadora da ABCP (Associa- ainda há muitos pontos de relação a importante que o concreto continue a
ção Brasileira de Cimento Portland). serem mensurados. De acordo com apresentar ganhos de resistência após
a aplicação de carga na estrutura, já
que o peso próprio constitui um pri-
meiro carregamento. Sabe-se ainda
que a fluência diminui com o aumen-
to das dimensões do elemento estru-
tural, portanto estruturas mais esbel-
tas requerem mais atenção.
É importante ressaltar que a varia-
ção volumétrica resultante da reação
exotérmica de hidratação do cimento
não interfere na fluência. É um fenô-
meno de comportamento não-linear
do concreto quando submetido a uma
tensão que ultrapassa a fase elástica.
Quando a retirada da carga atuante dá
Marcelo Scandaroli
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DEFORMAÇÃO LENTA
FLUÊNCIA DE CONCRETOS PRODUZIDOS COM GRANITO COMO AGREGADO GRAÚDO E CIMENTOS COM ADIÇÃO.
RELAÇÕES ÁGUA/CIMENTO VARIÁVEIS
Idade Fluência básica
Carre- específica (10-6/MPa)(1) 1/E F(k)
Origem dos Pasta Consumo (kg/m3) Dmáx gamento (dias após o carregamento) (10-6/ (10-6/
agregados a/c (%) Adição Cimento Total (mm) (dias) 5 10 30 100 300 400 MPa) MPa)
Dosagem 2936
Serra 0,66 22,97 39 (POZ) 235 274 19 2 35 46 66 89 110 116 127,21 19,35
Mesa 5 33 44 63 85 106 111 67,68 18,49
Dosagem 4697
Serra 0,52 26,41 28 (SA) 315 343 19 1 193 258 370 497 616 646 199,20 107,88
Mesa 3 38 51 74 99 123 129 93,20 21,49
7 21 28 40 53 66 69 86,73 11,52
28 14 18 26 35 44 46 56,18 7,66
Dosagem 4731
Serra 0,57 28,23 28 (SA) 320 348 19 1 31 42 60 80 100 105 133,16 17,46
Mesa 3 24 33 47 63 78 82 80,71 13,64
7 18 25 35 48 59 62 66,18 10,31
28 13 18 25 34 42 45 55,28 7,43
Obs.: (1) fluência básica específica = fluência básica/carga aplicada.
Nesses ensaios à fluência básica está adicionada a deformação autógena (ensaios realizados no Laboratório de Furnas)
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Considerações sobre
fluência de concretos
objetivo deste artigo é, por uma A aplicação de uma tensão constan-
O revisão da bibliografia, indicar os
principais fatores que afetam a fluên-
Selmo Chapira Kuperman
Desek/PCC-Epusp
te em uma peça de concreto sob condi-
ções de umidade relativa de 100% leva a
cia do concreto e apontar medidas selmo@desek.com.br um aumento da deformação ao longo
práticas no sentido de reduzir as de- do tempo, chamada fluência básica.
formações em estruturas de edifícios. "fluência", "deformação estrutural", Considera-se que na fluência básica já
O advento de novas técnicas de "retração" e os resultados traduziram- está embutida a deformação autógena
cálculo, a introdução de uma série de se em equações, ábacos, fórmulas, etc. sofrida pelo concreto.A fluência adicio-
modificações na produção das edifica- que têm sido utilizados nos diversos nal que ocorre quando a peça sob carga
ções de concreto, a ênfase crescente na critérios de cálculo, normas, procedi- também está submetida a secagem é
redução dos prazos construtivos e o mentos de cálculo e construção de di- chamada fluência por secagem.
uso já consagrado de diversos tipos de versos países, incluindo o Brasil. A fluência total é a soma das fluên-
cimentos e aditivos nos concretos pro- cias básica e por secagem. O termo
duzidos atualmente, se comparados Conceituação da fluência "fluência específica" é aqui definido
aos de 40 anos atrás, têm provocado Um material apresenta fluência como a deformação de fluência por
enorme impacto nas técnicas da cons- se, sob tensão constante, sua deforma- unidade de tensão aplicada e "coefi-
trução civil. Os resultados têm refleti- ção aumenta no tempo, como indica- ciente de fluência" é definido como a
do economias geradas muitas vezes do esquematicamente na figura 1. relação entre a deformação por fluên-
por estruturas mais esbeltas e prazos Inicialmente, há uma relação pro- cia e a deformação elástica.
construtivos menores. porcional entre tensão e deformação e, Após um ano sob carga mantida a
Os carregamentos atuantes em adicionalmente, há uma deformação deformação do concreto, devido à
peças de concreto armado durante a cuja presença e magnitude são influen- fluência, pode atingir até três vezes o
construção, devido aos avanços dos ciadas pelo tempo durante o qual a ten- valor da deformação observada no
processos construtivos, podem chegar são aplicada atua. A relação tensão-de- instante de aplicação da carga.
a ser tão significativos quanto as cargas formação é uma função do tempo. L'Hermite esquematizou de ma-
de serviço.É sabido que as deformações neira simples, conforme apresentado
sofridas pelas edificações dependem de na figura 2, a fluência. Mostrou, tam-
uma série de fatores, entre os quais está Fluência bém, que a fluência é significativa até
a fluência que, por sua vez, depende por secagem os seis anos de idade e que continua
muito da retração por secagem e que pelo menos até os 20 anos.
Deformação
Fluência básica
exercem marcante influência no com- O concreto é um material de es-
portamento estrutural a longo prazo. trutura extremamente complexa, he-
Retração
Desde 1905, quando o fenômeno terogênea e que varia com o tempo.
da fluência do concreto foi referido Deformação Conforme as inúmeras pesquisas efe-
pela primeira vez numa publicação, elástica nominal tuadas a porosidade do material e a
milhares de pesquisas e ensaios têm to água nele presente são decisivas na
Tempo
sido realizados sobre o tema estando magnitude da fluência do concreto.
os trabalhos à disposição do meio téc- Figura 1 – Deformação de concreto Inúmeras teorias têm sido propos-
nico mundial. Centenas de estudiosos submetido a carregamento constante e tas ao longo dos anos tentando expli-
debruçaram-se sobre os assuntos secagem (cf. Neville, 1997) car o mecanismo da fluência do con-
Relação tensão-resistência
creto, mas nenhuma é capaz de levar ção dos concretos mais velhos, que Para misturas iguais de concreto e
em conta todos os fatores envolvidos e apresentam estrutura interna mais mesmo tipo de agregado, a fluência é
observados. A perda da água adsorvida compacta e menos água disponível. proporcional à tensão aplicada e inver-
ou intracristalina, sob pressão constan- Em geral, após aproximadamente samente proporcional à resistência do
te, parece ser a causa mais importante. um mês sob carregamento, a deforma- concreto na época da aplicação da carga.
Tanto a retração por secagem ção do concreto torna-se independen- Com base em inúmeros resultados
quanto a fluência do concreto apresen- te da idade de carregamento. Para car- experimentais, há evidência substancial
tam um certo grau de reversibilidade, regamento em épocas superiores a 28 de existir uma relação linear entre a
conforme mostrado na figura 3. dias, a influência da idade é muito pe- fluência e a relação tensão aplicada-re-
quena, como mostra a figura 4, para sistência até um valor de 0,40, exceto
Efeito dos principais fatores concretos carregados com a mesma re- para concretos carregados com pouca
Idade de carregamento lação tensão-resistência, a cada idade. idade: um a três dias. O que ainda não
A fluência dos concretos carrega- Análise sucinta de uma série de va- está bem definido é o limite superior
dos a baixas idades é maior nas pri- lores de resultados de ensaios realizados dessa relação. Com respeito a esse limi-
meiras semanas de carregamento se pelo Laboratório de Furnas mostrou te, é relevante notar que, a partir de rela-
comparada com concretos carregados uma pronunciada importância da mu- ções tensão-resistência entre 0,40 e 0,60,
a idades maiores. Esse comportamen- dança da idade de carregamento dos ocorre intensa microfissuração interna
to é devido ao maior grau de hidrata- dois ou três dias para os 28 dias, por no concreto e o comportamento na
59
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ARTIGO
Aggregate type
Gran. (J)
Dolomite (S)
níveis representam uma enorme gama Doler. (Ng)
de diferentes ensaios, realizados sob Dolomite (O)
diferentes condições, não permitindo Gran. (Ro)
uma generalização. Gran. (Rh)
Greywacke (P)
Efeito das adições Quartzites (B)
Os dados existentes sobre o efeito Quartzites (S)
das adições tais como sílica ativa, escó- Doler. (NC)
rias de alto-forno e materiais pozolâni- Quartzites (F)
cos na fluência de concretos são con- Fels. (M)
traditórios, havendo resultados de en- Figura 7 – Influência da relação Fels. (Z)
saios mostrando que a fluência pode água/cimento na fluência de concretos Tillite (UR)
ser menor, igual ou maior que a dos (cf. Hummell) Siltstone (LB)
respectivos concretos de referência. Quartzites (C)
Na maioria das investigações Quartzites (Ve)
15
sobre o efeito de materiais adicio- Andes. (E)
nados ao concreto, a fluência é Doler. (LB)
quantificada em valores relativos,
Fluência (10-4)
Quartzites (D)
isto é, a deformação do concreto 10
Quartzites (MB)
contendo a adição como uma por- Andes (V)
centagem da deformação do con- Quartzites (VI)
creto sem a mesma. Essa aborda- 5
0 0,4 0,8 1,2 1,6
gem deixa margens a dúvidas, pois
Relative creep coefficient
os dois concretos, em outros aspec-
tos, têm diferentes propriedades. 10 28 90 1 2 5 10 2030 Tillite
Siltstone
Previsão da fluência Dias Anos
Dolomite
A compreensão da fluência é im- Tempo sob carga
Gran./Fels.
portante para que sejam considerados Sandstone Granite Doler./Andes
e avaliados seus efeitos sobre as estru- Basalt Quartz Greywacke
turas. Contudo, os problemas enfren- Gravel Limestone Quartzites
tados para consideração da fluência
Figura 8 – Efeito da mineralogia do Figura 9 – Coeficiente de fluência para
não são fáceis, devido ao fato de o con-
agregado na fluência do concreto (cf. concretos elaborados com diversos tipos
creto ser um material visco-elástico
Davis) de agregados (cf. Alexander, 1996)
que se altera com o tempo e, também,
devido à necessidade de se considerar
seus efeitos sobre a interação concreto- didos e os calculados pelo CEB, pelo Da mesma forma, as equações uti-
aço (concreto armado ou protendido). ACI 209 e a própria proposição dos lizadas para caracterizar a fluência não
Houve progressos nos estudos pesquisadores. É notável a grande dis- são perfeitas e é sabido que embutem
com observações de estruturas e des- persão de valores, principalmente erros. As tabelas 1 e 2 apresentam uma
crições empíricas do comportamento para os concretos que apresentam comparação entre três métodos de
observado, nos estudos dos compo- maiores valores de fluência. previsão, indicando os coeficientes de
nentes do cimento e do concreto e na Milhares de medições de valores de variação de erros na determinação da
formulação de hipóteses. Contudo, fluência foram realizadas, tanto em la- fluência básica e por secagem.
ainda não há nenhuma formulação boratórios como no campo, ao longo A tabela 2 indica, também, os coe-
teórica completa capaz de descrever, de dezenas de anos.Esses valores deram ficientes de variação de erros, da
com perfeição, a fluência. origem às diversas hipóteses sobre o fe- fluência básica de três formulações
As discussões a respeito das me- nômeno bem como às equações empí- importantes, ao se comparar os resul-
lhores equações práticas que repre- ricas que tentam traduzir o comporta- tados obtidos por diversos pesquisa-
sentem a fluência iniciaram-se há mento de um concreto quando sujeito dores, com os calculados.
muito tempo e estão longe de termi- a carregamentos constantes. Muitas Conclui-se que para obras que de-
nar. Periodicamente, surgem novas dessas medições não seguiram as práti- mandem um conhecimento preciso da
tentativas de obtenção de uma equa- cas atualmente adotadas, e muitas nor- fluência há absoluta necessidade da
ção que mais se aproxime da realida- malizadas, de modo que a comparação realização de ensaios, segundo as me-
de. Uma dessas tentativas, apresenta- entre valores obtidos em países diferen- lhores técnicas disponíveis, nos concre-
da na figura 10, compara valores me- tes pode carecer de significado. tos que efetivamente serão utilizados.
61
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ARTIGO
Para a maioria das estruturas civis lica ativa, escória de alto-forno, mate-
convencionais tais ensaios não têm sido rial carbonático, etc.) e os aditivos.
necessários, até agora, podendo ser Tanto podem proporcionar dosagens
substituídos pelas equações correntes. que diminuam a fluência ou vice-
versa, dependendo das características
Redução da fluência impostas ao produto final, mas, prin-
Considerações gerais cipalmente, pela sua maior ou menor
De maneira geral, os principais fa- capacidade de aumentar a quantidade
tores que causam ou afetam as defor- de água no concreto.
mações por fluência do concreto Se, por exemplo, o fator água/ci-
estão relacionados a seguir. A redução mento for reduzido de 0,70 para
do efeito da fluência, principalmente Figura 10 – Comparação de 0,50, a fluência pode sofrer redução
do ponto de vista dos materiais, passa deformações de fluência, medidas e de até 45%, mantidas constantes as
pelo controle desses fatores: calculadas (cf. Gardner e Zhao, 1993) demais variáveis.
A fluência ocorre na pasta de ci-
mento e está relacionada com os mo- tos, gerais, dos aditivos e das adições, Técnicas construtivas
vimentos internos da água adsorvida sobre a fluência Cura: a cura do concreto bem como
ou intracristalina Não há razão para se supor que os a manutenção de um ambiente local
A fluência é um fenômeno elástico concretos atuais apresentem maior com elevada umidade traz como be-
com retardamento, cuja recuperação fluência do que os concretos de déca- nefícios um maior ganho de resistên-
total é impedida pela hidratação pro- das atrás. Não há, também, evidência cia do concreto, principalmente nas
gressiva do cimento de que os cimentos de hoje impli- primeiras idades, maior módulo de
O processo de secagem tem efeito quem maior fluência dos concretos elasticidade às primeiras idades, uma
direto sobre a fluência com eles produzidos, em relação aos redução da retração por secagem e re-
A fluência cresce com o aumento da cimentos de décadas passadas. dução da fluência. Ensaios de labora-
temperatura Entretanto, é necessário apontar tório mostraram que, se a umidade
A fluência diminui com o aumento para o fato de que muitas vezes as cargas relativa média do ambiente onde se
das dimensões da peça construtivas atuantes nas estruturas de encontra a estrutura passar, por
Em média, 25% da fluência total concreto podem ser superiores às de ser- exemplo, de 50% para 70% durante
ocorre após duas semanas, 55% após viço. Tais cargas, agindo em concretos 28 dias, a fluência do concreto pode
três meses e 75% após um ano, ten- jovens podem causar maiores deforma- sofrer uma redução de até 30%.
dendo a um limite após um tempo in- ções e, embora tais carregamentos pos- Carregamento: talvez o aspecto mais
finito de carregamento sam perdurar apenas por curto interva- importante ao se tratar da fluência de
A fluência é inversamente propor- lo de tempo, podem causar efeitos ad- estruturas de concreto armado diz res-
cional à resistência do concreto no versos nas deformações, devido ao fato peito às tensões aplicadas e,conseqüen-
instante de aplicação da carga da fluência não ser totalmente reversível. temente, das relações tensão-resistên-
A relação tensão-resistência no ins- cia. Considera-se que para valores
tante de aplicação da carga é um dos Aspectos práticos para redução da fluência dessa relação inferiores a 0,40, a redu-
fatores fundamentais na magnitude A redução do fenômeno da fluên- ção da fluência é aproximadamente li-
da fluência. Em geral, quando a rela- cia em estruturas, principalmente nas near. Ou seja, se a relação tensão-re-
ção tensão-resistência atinge valor de concreto armado de edificações sistência for reduzida de 0,40 (valor ha-
acima de 0,4 surgem microfissuras no passa por três aspectos gerais: projeto, bitual de ensaio) para 0,20, a redução
concreto que aumentam significati- materiais e técnicas construtivas. A se- da fluência pode ser também de cerca
vamente a fluência guir são relacionados alguns dos pon- de 50%, mantidas constantes as demais
A variação da resistência do concre- tos mais importantes no que se refere variáveis. Por outro lado, para valores
to durante o tempo de atuação da aos materiais e às técnicas construtivas. da relação tensão-resistência acima de
carga é importante e a fluência será 0,40, a fluência aumenta exponencial-
tanto menor quanto maior for o au- Materiais mente com a mesma. Assim, se a rela-
mento relativo de resistência depois A utilização de materiais e dosa- ção tensão-resistência passar de 0,40
da aplicação da carga gens que reduzam a retração por seca- para 0,60, a fluência pode dobrar de
Mantidas as demais características, gem e aumentem a resistência e o mó- valor. Para manter essa relação dentro
o aumento do teor de agregado reduz dulo de elasticidade do concreto leva- de limites aceitáveis deve-se controlar
a fluência do concreto.Agregados com rá a uma diminuição da fluência. as operações de escoramento e reesco-
maior módulo de elasticidade tendem Os materiais que têm um pronun- ramento e adiar ao máximo possível os
a reduzir a fluência do concreto ciado efeito nessas propriedades são os primeiros carregamentos a serem su-
Não há um consenso sobre os efei- agregados, os cimentos, as adições (sí- portados pelo concreto.
Tabela 1 – COEFICIENTES DE VARIAÇÃO DE ERROS (EXPRESSOS COMO serem construídas deveriam ser dota-
PORCENTAGEM) DE MODELOS DE PREVISÃO DA FLUÊNCIA POR SECAGEM das de instrumentação embutida, para
Dados de Ensaios BAZANT ACI CEB medição de deformações de peças es-
Hansen e Mattock 5.8 32.1 11.9 pecialmente selecionadas, tais como
Keeton 31.4 46.3 37.9 pilares. Tal instrumentação, de uso
Troxell et al. 5.9 33.0 7.9 corrente em obras de barragens de
L'Hermite et al. 14.0 55.8 25.5 concreto, no Brasil, e de barragens,
Rostasy et al. 6.5 20.9 14.8
pontes, edifícios, em outros países, po-
York et al. 5.8 42.1 45.1
deria ser constituída por sensores ro-
McDonald 10.9 40.4 38.9
Hummel 15.3 46.2 24.6 bustos, tais como os embutidos em
L'Hermite e Mamillan 20.6 62.5 15.2 obras barrageiras, com previsão de
Mossinssian e Gamble 11.3 71.7 30.8 durabilidade de cerca de 20 anos.A ca-
Maity e Meyers 62.8 45.9 83.7 blagem seria ligada em terminais ins-
Russel e Burg 10.7 41.2 19.1 talados em algum ponto da obra e as
v (todos) 23.1 46.8 35.5 leituras seriam efetuadas sem interfe-
rir nas atividades normais da edifica-
Tabela 2 - COEFICIENTES DE VARIAÇÃO DE ERROS (EXPRESSOS COMO ção e sem causar transtornos aos con-
PORCENTAGEM) DE MODELOS DE PREVISÃO DA FLUÊNCIA BÁSICA dôminos. A instalação dos instrumen-
Dados de Ensaios BAZANT ACI CEB tos dar-se-ia apenas em locais em que
Keeton 19.0 37.5 42.8 o tipo de concreto seria ensaiado à
Kommendant et al. 15.3 31.8 8.1 fluência e onde os cálculos permitis-
L'Hermite et al. 49.4 133.4 66.2 sem uma previsão razoável das ten-
Rostasy et al. 15.2 47.6 5.0 sões e deformações lá atuantes.
Troxell et al. 4.6 13.9 6.2
O autor agradece a colaboração
York et al. 5.6 37.7 12.8
dos engenheiros Marcelo Cardoso
McDonald 6.9 48.4 22.2
Maity and Meyers 33.8 30.0 15.7 Gontijo e Luiz Prado Vieira Junior na
Mossinossian and Gamble 18.6 51.5 47.3 revisão da literatura.
Hansen and Harboe et al. 14.1 51.2 31.1
Browne et al. 44.7 47.3 53.3
Hansen and Harboe et al. 22.7 107.8 43.1
Brooks and Wainwright 12.6 14.9 15.4
Pirtz 12.5 58.2 32.5 LEIA MAIS
Hansen and Harboe et al. 33.3 70.2 56.9 Fabrico e propriedades do betão.
Russel and Burg 15.7 19.3 31.5 A. de Souza Coutinho, 1974.
Hanson J. A. 14.1 63.3 12.1
Creep of plain and structural
v (todos) 23.6 58.1 35.0
concrete. A. Neville, 1986.
Fonte: Bazant e Baweja Fluência e retração por secagem
do concreto de elevado
Investigações pelo mercado da construção de edifica- desempenho. C. A. Kalintzis, S. C.
A necessidade de pesquisas sobre o ções. Tais ensaios devem restringir-se, Kuperman. Revista Concreto 38,
assunto, no Brasil, fica clara a partir da num primeiro momento, apenas à ca- Ibracon, mar/abr/mai 2005.
consideração de que os concretos racterização da fluência do material Aggregates and the deformation
atualmente utilizados diferem muito concreto, obedecendo aos métodos de properties of concrete. M.
dos que já foram objeto de ensaios no ensaio internacionalmente reconheci- Alexander. Materials Jornal, ACI, 1996.
passado, mesmo recente. Além disso, dos como adequados.Poucos laborató- Creep and shrinkage revisited. N.
as condições brasileiras são totalmen- rios brasileiros têm equipamento para J. Gardner, J. W. Zhao. Materials
te diferentes que as existentes nos lo- esse tipo de ensaio, que requer o isola- Journal, ACI, 1993.
cais onde a maior parte das pesquisas mento de fatores externos que pode- Prediction of concrete creep and
se concentrou: Estados Unidos, Euro- riam comprometer os resultados de shrinkage: past, present and
pa, Austrália e Japão. longo prazo, tais como umidade relati- future. Nuclear Engineering and
Dois tipos de investigação são ne- va, temperatura, manutenção da carga, Design no 203. Z. Bazant, 2000.
cessários: etc.No entanto,tais laboratórios teriam Concreto e seus materiais. L.
a) Ensaios laboratoriais: devem ser rea- condições de executá-los dentro de pa- Scandiuzzi, F. R. Andriolo. Editora
lizados ensaios de determinação da drões de reconhecida competência. PINI,1986.
fluência, de vários tipos de concretos b) Instrumentação de edificações: al- Ao pé do muro. R. L'Hermite.
mais representativos, dos utilizados gumas estruturas de edificações a Tradução e adaptação por L. A. F. Bauer.
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Brasileira de Pontes e Estruturas), divulga Fone: (11) 3091-5420 todo o Brasil e do exterior, promovendo a
trabalhos recentes e relevantes. Aberto a www.lares.org.br divulgação e, sobretudo, a realização de
engenheiros, projetistas, arquitetos, negócios. A Intercon terá sua área
pesquisadores e professores. 8 e 9/11/2007 ampliada e deverá contar com a
Fone: (21) 2232-8334 Fire Design of Concrete Structures – participação de mais de 200 expositores,
www.abpe.org.br from materials modelling to superando o número de 30 mil visitantes
structural performance registrados no evento anterior.
2 a 4/10/2007 Coimbra (Portugal) Fone: (11) 3451-3000
Cobtech – II Feira Nacional de A Universidade de Coimbra realizará E-mail: feiras@messebrasil.com.br
Cobertura de Edificações workshop com renomados especialistas
São Paulo para partilhar idéias e conhecimentos do 27 a 30/9/07
Desenhada para ser um ponto de comportamento de estruturas e do 2o Salão Imobiliário São Paulo
encontro do setor de coberturas e concreto expostos ao fogo. São Paulo
importante ferramenta de promoção Fone: 351 239797245 O evento pretende mostrar as novidades
comercial segmentada para fomentar o E-mail: lurdes@dec.uc.pt do mercado imobiliário brasileiro, assim
crescimento e a profissionalização do fib2007.dec.uc.pt como identificar as novas oportunidades
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AGENDA
31/8 e 1o/9/2007 apresenta discussões sobre diversos temas, comissão julgadora da premiação será
A concepção estrutural na arquitetura como a importância econômica e aspectos composta pelas duas instituições e por
em concreto armado ambientais da corrosão das estruturas e um representante da Editora PINI.
Brasília coberturas metálicas, o mecanismo Fone: 3097-8591
Com metodologia baseada em aula eletroquímico da corrosão, as formas de www.abece.com.br
expositiva com visualização do corrosão e como fazer a proteção – aço inox www.gerdau.com.br
comportamento estrutural pelo ensaio de e aço carbono.
modelos, o palestrante Prof. Dr. Yopanan C. Fone: (21) 3325-9942 Outubro/2007
P. Rebello, engenheiro civil e doutor pela E-mail: cursos@ntt.com.br Prêmio MasterInstal
FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e www.abcem.com.br São Paulo
Urbanismo da Universidade de São Paulo), Com o objetivo de destacar cases de
pretende desenvolver junto aos sucesso, reúne as diversas empresas e
participantes um entendimento sobre o
Concursos profissionais do setor de instalações, o
comportamento da estrutura por 17/10/2007 prêmio tem a proposta de ampliar as
deformações apresentadas pelos modelos V Prêmio Talento Engenharia Estrutural soluções e experiências de destaque do
quando carregados. São Paulo setor. Realizada pela Abrinstal (Associação
Fone: (11) 3816-0441 A premiação, que destaca profissionais Brasileira pela Conformidade e Eficiência
E-mail: cursos@ycon.com.br de engenharia de estruturas que das Instalações), a premiação é destinada
www.ycon.com.br desenvolveram projetos diferenciados às empresas construtoras, incorporadoras,
e de qualidade, traz uma inovação nesta instaladoras, concessionárias, fabricantes
24 a 28/9/2007 quinta edição: uma categoria para obras e fornecedores de materiais e
Resistência à Corrosão – Teoria e de pequeno porte e estruturas especiais. equipamentos para instalações.
Prática Promovida pela Abece (Associação Fone: (11) 3865-0944
Rio de Janeiro Brasileira de Engenharia e Consultoria E-mail: premio@premiomasterinstal.com.br
Com abordagem teórica-prática, o curso Estrutural) e pelo Grupo Gerdau, a www.premiomasterinstal.com.br
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Reforço de estruturas
de concreto com fibras
de carbono
struturas de concreto armado fre-
E
id a
CF 130
no substrato de concreto para permi- CF 530
am
o
3500
Ar
tir, com o seu adesivo específico, a
rbo
Grafite
3000
Ca
construção de uma ponte de aderên- o
dr
Tensão (MPa)
cia para a resina de saturação ou ou- Vi 2500
tros adesivos a serem aplicados poste- r 2000
lié ste EG 900
riormente. Po 1500
O imprimador utilizado pode ser 1000
Aço
um composto epóxi-poliamina cura- Aço CA-50A
500
da, bi-componente de baixa viscosi-
dade e com 100% de sólidos, com as 0
5 10 15 20 25
seguintes características: Deformação específica (x103)
resistência à tração: 13,0 a 15,8 MPa Figura 1 – Diagrama (tensão x deformação) dos plásticos
alongamento máximo à tração: 10
a 30%
módulo tangencial: 689,0 a 826,8 base no alcatrão derivado do petróleo FIBRAS DE CARBONO CF- 160
MPa ou do carvão (PITCH), em um am- Módulo de elasticidade 228.000 MPa
Os regularizadores de superfície biente inerte. Nesse processo térmico Deformação específica
são utilizados para o preenchimento as fibras resultantes apresentam os de ruptura 1,7% (0,017)
de vazios ou correção de imperfeições átomos de carbono perfeitamente ali- Resistência última
superficiais objetivando uma superfí- nhados ao longo da fibra precursora, de tração 3.790 MPa
cie lisa e desempenada sobre a qual o característica que confere extraordi- Espessura da lâmina
sistema será colado. O regularizador nária resistência mecânica ao produto por camada 0,330 mm
de superfície do sistema é denomina- final. Quanto maior a temperatura
do pasta, adesivo bi-componente com maior será o módulo de elasticidade Processo construtivo dos sistemas
100% de sólidos e consistência firme, do material resultante, que varia compostos
com as seguintes características: desde 100 a 300 GPa para as fibras de Para a instalação dos sistemas com
resistência à tração: 23,0 MPa carbono até 650 GPa para as fibras de fibras de carbono é utilizada a se-
alongamento máximo de tração: grafite. Quanto maior o módulo de qüência de procedimentos:
1,6% elasticidade, maior é o custo do mate-
módulo de tração: 262,0 MPa rial. O produto de maior módulo de Recuperação do substrato de concreto
As resinas de saturação são utili- elasticidade (grafite) é cerca de 15 a 20 Para que seja garantida a instala-
zadas para a impregnação das fibras vezes mais caro do que a fibra de car- ção do sistema é fundamental que o
que constituem o elemento estrutu- bono com o módulo de elasticidade substrato ao qual ele será aderido es-
ral dos compostos, fixando-as no situado no extremo inferior da faixa. teja íntegro e são, ou seja, que dispo-
local e garantindo um meio efetivo Os sistemas compostos que utilizam nha de suficiente resistência mecâni-
para a transferência das tensões de as fibras de carbono como elementos ca para que sejam procedidas as
cisalhamento entre as mesmas. A re- resistentes apresentam as seguintes transferências de esforços que acon-
sina influi muito pouco para a resis- características básicas: tecem na interface entre o concreto e
tência final do sistema, mas exerce extraordinária resistência mecânica o sistema composto.
relevante função para a absorção dos elevada resistência a ataques quími- Torna-se necessária a recupera-
esforços de flexão e cisalhamento. O cos diversos ção e a passivação das barras de aço
sistema utilizado nas obras descritas não são afetados pela corrosão por afetadas pelo processo corrosivo e a
contém resina epoxídica de baixa se tratar de um produto inerte remoção e posterior recuperação das
viscosidade, bi-componente, com extraordinária rigidez superfícies de concreto degradadas
100% de sólidos, com as seguintes estabilidade térmica e reológica pela manifestação.
características técnicas: bom comportamento à fadiga e à Todas as trincas existentes na es-
resistência à tração por flexão: atuação de cargas cíclicas trutura a ser reforçada deverão ser re-
43,0 MPa O peso específico das fibras de cuperadas.Além delas, as fissuras com
resistência direta à tração: 78,0 MPa carbono varia de 1,6 a 1,9 g/cm3. Ob- aberturas maiores que 0,25 mm tam-
resistência à compressão: 88,0 MPa serva-se que o material tem um peso bém deverão ser tratadas. Podem ser
As fibras de carbono resultam do específico cerca de cinco vezes menor utilizados para essas recuperações os
tratamento térmico (carbonização) do que o do aço estrutural, da ordem procedimentos convencionais de in-
de fibras precursoras orgânicas, tais de 7,85 g/cm3. Suas principais caracte- jeção de epóxi sob pressão. Esses pro-
como o poliacrilonitril (PAN) ou com rísticas são: cedimentos são mostrados na foto 3.
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COMO CONSTRUIR
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