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capa tech 132a.

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a revista do engenheiro civil


téchne 132 março 2008

www.revistatechne.com.br

apoio
IPT techne
Edição 132 ano 16 março de 2008 R$ 23,00
Concreto auto-adensável ■ Complexo Viário Real Parque ■ Lajes ■ Pré-fabricados de concreto ■ Sistema contra incêndio

OBRA-DE-ARTE
Complexo Viário
Real Parque
LAJES
Soluções para
grandes vãos
COMO CONSTRUIR
Sistema contra
incêndio

Concreto Edifício
Cult Universo,
Goiânia

auto-adensável
00132

Confira alguns comparativos de custos e de


9 77 0 1 04 1 0 50 0 0

mão-de-obra feitos por construtoras. Tecnologia


ISSN 0104-1053

autocompactante dispensa a vibração, mas exige


maior cuidado com as fôrmas
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SUMÁRIO
CAPA
38 Solução fluida
Confira sete cases de sucesso
de construtoras que usaram
auto-adensável

58 ARTIGO
Resistência de lajes alveolares
pré-fabricadas ao cisalhamento
Pesquisadores avaliam desempenho
dessas peças
Naldo Mundim/Realmix Concreto

78 COMO CONSTRUIR
Sistema de proteção contra incêndio
com tubos de CPVC e sprinklers
Como projetar redes com tubulações
de CPVC e chuveiros automáticos

32 ESTRUTURAS
Lajes ampliadas SEÇÕES
Projetistas apontam alcance de cada Editorial 2
sistema para obter grandes vãos Web 6
Área Construída 8
44 COMPLEXO VIÁRIO Índices 12
REAL PARQUE IPT Responde 14
Malha de estais Carreira 16
Marcelo Scandaroli

Polêmica e monumental, mais nova Melhores Práticas 18

20 obra-de-arte da capital paulista tem


tabuleiros em curva estaiados
Técnica e Ambiente
P&T
28
64
Obra Aberta 70
ENTREVISTA 54 PRÉ-FABRICADOS – Agenda 74
Obras coordenadas ESPECIAL 60 ANOS
Ana Cristina Chalita, da Cyrela, fala Estruturas prontas Capa
da importância da coordenação Uma retrospectiva da história dos Layout: Lucia Lopes
em obras complexas pré-moldados no País Foto: Naldo Mundim/Realmix Concreto

1
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EDITORIAL
O "X" da ponte
VEJA EM AU
oucos duvidam que o Complexo Viário Real Parque, uma das
P maiores obras viárias em execução na capital paulista, será
um novo marco urbano da cidade. Obra-de-arte rara no mundo,
possui dois tabuleiros estaiados em curva, com 18 pares de estais
ancorados em um enorme "X" de 138 m. Dá mostras claras do
potencial da engenharia civil no País e do desejo da metrópole em
ganhar um novo cartão-postal. Lança, entretanto, pelo menos
duas polêmicas: por que a opção por uma ponte estaiada se
haviam outras soluções econômicas e, ao mesmo tempo, viáveis  Museu do Pão, em Ilópolis,
RS – Brasil Arquitetura
sob o ponto de vista técnico? Por que investir tanto em uma obra
 Hospital e Maternidade São
que, numa rígida escala de prioridades, não ocuparia as primeiras Luiz – Anália Franco
posições em uma megalópole repleta de problemas como São Zanettini Arquitetura
Paulo? Projetistas entrevistados por Téchne garantem que  Especial PINI 60 anos: drywall

soluções estaiadas são indicadas para vencer vãos superiores


a 200 m – o rio Pinheiros ocupa pouco mais de 150 m naquele VEJA EM CONSTRUÇÃO
MERCADO
trecho. A segunda crítica refere-se à eficiência do ponto de vista
da engenharia de tráfego. Por enquanto, a ponte deve aliviar a
congestionada avenida dos Bandeirantes, principal via de
escoamento para a Rodovia dos Imigrantes enquanto o trecho
Sul do Rodoanel Mário Covas não fica pronto. De outro lado, os
mais deR$ 230 milhões gastos na obra, dizem os críticos, seriam
suficientes para construir ao menos 3 km de linha de Metrô. Eis
aqui uma importante questão também tratada na revista
Construção Mercado no 80, de março/2008: até quando
continuaremos míopes sem enxergar a premente necessidade de  Boom imobiliário x trânsito
 Pequenas construtoras
se investir em transporte coletivo em São Paulo? A cidade terá que
 Bolha americana
travar (literalmente) para que se reconheça a falência do modelo  Estudo de viabilidade
voltado exclusivamente ao automóvel particular? A despeito de
tais questões, cabe-nos destacar de forma enfática a capacidade
dos projetistas e das construtoras brasileiras na execução de
grandes obras como o Complexo Viário Real Parque. Mais um
motivo de orgulho para a engenharia nacional.

Paulo Kiss

2 TÉCHNE 132 | MARÇO DE 2008


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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Ponte em debate
Veja desenhos do projeto básico, informações sobre o desenvolvimento executivo,
Fórum Téchne
fotos e outros detalhes da ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira. Única ponte no O site da revista Téchne tem um espaço
mundo com dois tabuleiros estaiados e curvos apoiados no mesmo mastro, essa obra- dedicado ao debate técnico e qualificado
de-arte demandou soluções inéditas. dos principais temas da engenharia.
Confira o tema em andamento.

Você concorda com o fim da norma


de Recebimento de Serviços?
É uma rara referência nacional para
estabelecer condições particulares de
recebimento provisório e definitivo de
obras. Precisa ser atualizada, não pode
ser excluída.
Jose Roberto Lopes [20/02/2008]

É necessária uma norma que estabeleça


condições de recebimento de obras,
critérios de medição, normas de
Marcelo Scandaroli

procedimentos e outras mais, de


acordo com nossa atualidade.
Luiz Antônio Sampaio [20/02/2008]

Para que normas se não são seguidas?


Para que leis? Tem obra para todo lado,
Concreto auto-adensável mas 80% está, no mínimo, irregular.
Cadê a fiscalização do Crea, dos
Confira estudo comparativo entre a
Sindicatos, da Prefeitura, do INSS, do
execução de lajes com concretos
Ministério do Trabalho e outros? Se nem
convencional e com auto-adensável.
os órgãos competentes colocam a coisa
A pesquisa foi feita pela Engemix na obra
em ordem, muito menos colocará a
Pateo São Paulo, da construtora BKO.
ABNT, que não tem poder para nada. Ela
Divulgação Realmix

Uma apresentação de fotos também


apenas edita normas, muitas com erros
mostra, passo a passo, a execução do
ou desatualizadas, e que custam caro.
reforço estrutural no prédio do Exército
Carlos Roberto Lanzetta Packer [21/02/2008]
Brasileiro, em Porto Alegre.

Muitas vezes somos prejudicados por


essa norma na hora de receber ou medir
Plataforma sustentável a obra. É bom que seja mudada, sim.
Conheça mais sobre a Plataforma de Alexandre André Lavado [25/02/2008]
Desenvolvimento Integrado Sustentável do
Portal Amazônico e o projeto em É necessário mantermos esta norma, pois
desenvolvimento da Cordilheira Escalera, sem ela desaparecerão os parâmetros
no Peru. A Plataforma nasceu como um para recebimento de obras. Deveria ser
Divulgação Concin

programa de responsabilidade feito um aprimoramento da norma, mas


socioambiental e tem o apoio de mais de nunca seu simples cancelamento.
dez instituições públicas e privadas. José Paulo Callado [27/02/2008]

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ÁREA CONSTRUÍDA
Ponte entre Brasil e Guiana Francesa USP desenvolve
pode sair em 2010 reciclados de maior
valor agregado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva Francesa. Com 400 m de extensão, a
Pesquisadores da Escola Politécnica
e o presidente francês Nicolas Sar- construção custará aproximadamen-
da Universidade de São Paulo (Poli-
kozy lançaram em fevereiro a pedra te R$ 36,8 milhões e tem previsão de
USP) conseguiram obter areia e
fundamental para a construção de inauguração para 2010. Segundo o
brita do entulho de construção civil
uma ponte sobre o rio Oiapoque, li- presidente Lula, Nicolas Sarkozy afir-
para a aplicação em concreto
gando a margem sul, brasileira, à mou que deseja iniciar a construção
armado. O produto, segundo os
margem norte, localizada na Guiana da ponte ainda este ano. Uma comis-
pesquisadores, possui qualidades
são intergovernamental se reunirá
superiores às do agregado reciclado
neste primeiro semestre para validar os
e apresentará maior valor
trabalhos técnicos e dar início ao
comercial. Atualmente, as usinas de
processo de licitação internacional que
reciclagem de resíduos da
selecionará a empresa responsável pela
construção limitam-se a britar todo
obra. A intenção é que os gastos sejam
o material do entulho (telhas,
divididos igualmente entre os dois
tijolos, concreto, madeira, plástico)
países. Além da execução da ponte, a
e peneirá-lo conforme a
proposta conjunta prevê a construção
granulometria desejada.
e melhoria das estradas que ligam as
Wilson Dias/ABR

O resultado é um produto de baixo


capitais Macapá e Caiena. Atualmente,
valor, usado como base para a
o transporte de pessoas e mercadorias
preparação de terrenos e em
é feito por barcos ou por avião.
pavimentação de ruas. Com a
técnica desenvolvida na
universidade, foi possível separar os
Norma de guarda-corpos é revisada agregados dos agentes
Foi publicada em janeiro a nova 2007. Entre as novidades, o novo contaminantes, como a pasta de
edição da norma NBR 14718 – texto aborda a altura mínima dos cimento aderida às rochas, por
Guarda-corpos para Edificação. A guarda-corpos nas situações em que exemplo. Porosa, a mistura
norma especifica as condições míni- há muretas. Também foi reestrutu- apresenta baixa resistência,
mas de resistência e segurança exi- rada a metodologia de ensaios para inviabilizando a aplicação do
gíveis para guarda-corpos de edifi- avaliação do desempenho dos guar- agregado reciclado tradicional em
cações para uso privativo ou coleti- da-corpos quanto aos esforços estáti- concreto estrutural. A próxima
vo. O documento apresenta altera- cos horizontal e vertical e a resistência etapa dos estudos levantará os
ções significativas quanto às con- a impactos. Houve modificações na custos do processo e o adaptará
dições de projeto e desempenho em forma de aplicação das cargas, no seu para a implantação em escala
relação à sua versão anterior, de valor e nas deformações admissíveis. comercial. O projeto está sendo
realizado conjuntamente por
pesquisadores dos departamentos
Concrete Show terá mais expositores de Engenharia de Minas e Petróleo
Prevista para ocorrer em agosto, no presas do segmento, o espaço ocupado e de Engenharia Civil da Poli-USP,
Transamérica Expo, em São Paulo, a se- pela feira aumentará para 17 mil m², pelo Centro de Tecnologia Mineral e
gunda edição do Concrete Show South 42% maior que a edição anterior.Os or- pela Universidade Federal de
América deverá receber, de acordo com ganizadores acreditam que o número Alagoas. A Finep (Financiadora de
os organizadores,20% mais expositores de visitantes deva chegar a 12 mil, es- Estudos e Projetos) e o Cenpes
e visitantes que no ano passado. Para timulado pelo aquecimento do setor da (Centro de Pesquisas da Petrobrás)
abrigar os mais de 200 estandes das em- construção brasileira. bancam a pesquisa.

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Odebrecht constrói rodovia no Panamá


A Construtora Norberto Odebrecht traçado paralelo ao Canal do Panamá.A
está construindo uma rodovia que liga- equipe de 1.800 pessoas atua em cinco
rá a cidade do Panamá, capital do país frentes de trabalho e executará quatro
situada no litoral do Pacífico, a Cólon, pistas com pavimento de concreto, se-
no Mar do Caribe. A economia pana- paradas por um sistema de drenagem
menha passa por um momento de central, além de cinco pontes e 17 via-
grande crescimento, motivado pelo dutos. "Um dos nossos principais desa-
comércio na zona livre de Colón e pelo fios é entregar essa obra no prazo, e não
projeto de ampliação do Canal do temos dúvida de que isso será consegui-
Panamá. A obra facilitará o transporte do", afirma André Rabello, diretor da
de mercadorias entre as duas maiores Odebrecht no Panamá. Segundo o con-
cidades do país. A nova rodovia terá 56 trato, a rodovia deve ser concluída em

Divulgação Odebrecht
km de extensão – 42 km a serem cons- abril de 2009. No Panamá, a Odebrecht
truídos e 14 km já existentes – e será ainda participa das obras do projeto de
uma alternativa à Rodovia Transístmi- irrigação Remigio Rojas e de um proje-
ca, de 80 km de extensão. Ambas têm to de reurbanização na Baía do Panamá.
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ÁREA CONSTRUÍDA

Formulário facilita compra de concreto RS organiza plano de


qualificação de
de acordo com norma trabalhadores da Construção
A Comunidade da Construção de Intermediada pelo Ministério do
Campinas desenvolveu uma ficha para Trabalho e Emprego, foi realizada em
facilitar a especificação do concreto a fevereiro, em Porto Alegre, a primeira
ser adquirido junto às concreteiras. A audiência pública regional para
ferramenta, em uso há pouco mais de elaboração do Planseq (Plano Setorial

Marcelo Scandaroli
um ano, é preenchida em conjunto de Qualificação) da Construção Civil.
pelo calculista e pela construtora, que Os encontros servirão para discutir e
anotam informações básicas sobre o levantar a necessidade de
concreto, como classe de agressividade trabalhadores qualificados no setor, a
ambiental, resistência à compressão, ferramenta foi elaborada depois da re- fim de atender as obras do PAC (Plano
módulo de elasticidade, abatimento e visão da norma NBR 6118 – Projeto de de Aceleração do Crescimento) da
dimensão máxima dos agregados. Em Estruturas de Concreto, não acompan- Construção Civil. Estima-se que a
posse desses dados, as fornecedoras de- hada por construtores e projetistas. " A verba destinada às obras no Estado
finem as características do concreto ficha passou a funcionar, então, como chegue a R$ 15 bilhões até 2010,
que atenderá às condições exigidas. uma espécie de "gabarito" da nova gerando uma demanda por até 20 mil
"Com isso, as construtoras deixaram de norma. As fichas passaram a ser dis- trabalhadores. A expectativa é formar
comprar concreto apenas pela resistên- tribuídas pelas concreteiras. Segundo trabalhadores de todo o País, dando
cia", explica Guilherme Capovilla Mar- dados de uma grande fornecedora na prioridade às pessoas atendidas pelo
chiori, engenheiro da regional São região de Campinas, em 2007 cerca de programa Bolsa-Família, que
Paulo da ABCP (Associação Brasileira 60% das solicitações de orçamento atualmente conta com cerca de 11
de Cimento Portland). Ele conta que a foram feitas por meio da ferramenta. milhões de famílias cadastradas.
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ÍNDICES
Vergalhão Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
puxa índice 35
Apesar da alta, IPCE fecha fevereiro com IPCE materiais
percentual inferior à inflação 30 IPCE global
IPCE mão-de-obra
índice global do IPCE (Índice
O PINI de Custos de Edificações)
encerrou o mês de fevereiro com alta
25

20
0,27%, percentual inferior à inflação
de 0,53% apresentada pelo IGP-M (Ín- 15
dice Geral de Preços do Mercado) da
Fundação Getúlio Vargas. 10
A alta do IPCE foi impulsionada 6,12
6 6 6 5 6 6 6 6 6 6 5,82
pelo aumento da matéria-prima da 5,94 6 6 6 5
5 5 5 4 3 3 3 4 4 4 4 4,49
barra de aço CA-50. Em fevereiro, o 5,74 5
3 2 2 2 2 3,07
custo do quilo do aço foi de R$ 3,11, 1 1 1
reajuste de 3,5% em relação ao mês 0
Jan/07 Mar Mai Jul Set Nov Jan/08
anterior, quando o insumo custava R$
3/kg e já registrava alta de 1,74%. Data-base: mar/86 dez/92 = 100
O aumento do cimento influencia Mês e Ano IPCE – São Paulo
pelo segundo mês consecutivo o preço global materiais mão-de-obra
dos blocos de concreto de vedação. Já Fev/07 110.716,18 53.525,42 57.190,76
insumos como fechadura completa e mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76
tubos de ferro fundido apresentaram abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76
alta devido ao repasse de fornecedores mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13
e fabricantes. jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13
O tubo soldável de cobre (classe E) jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71
apresentou queda de 0,15% devido ao ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71
repasse dos fabricantes. set 114.636,80 54.119,10 60.517,71
Construir em São Paulo ficou em out 114.860,42 54.342,72 60.517,71
média 4,81% mais caro nos últimos 12 nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71
meses. No entanto, o percentual é qua- dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71
se a metade do registrado pelo IGP-M, jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71
que acumulou alta de 8,67% sobre o Fev/08 116.040,01 55.522,30 60.517,71
mesmo período. Variações % referente ao último mês
mês 0,27 0,56 0,00
acumulado no ano 0,61 1,29 0,00
acumulado em 12 meses 4,81 3,73 5,82
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
pesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com
pesquisa na última semana do mês de referência.
Fonte: PINI

Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com

12 TÉCHNE 132 | MARÇO DE 2008


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IPT RESPONDE Envie sua pergunta para:


iptresponde@pini.com.br

Concreto aparente
Como manter e recuperar a superfície de providências cabíveis (pintura ou pro-
peças aparentes de concreto? Basta teção anódica das armaduras,realcalini-
aplicar hidrofugante regularmente? zação do concreto, reparos com grautes
Carlos Amadio ou argamassas poliméricas etc.) Estan-
Belo Horizonte do a superfície em bom estado, basta
um leve lixamento, "quebrando-se o
No caso de intervenções realizadas com brilho" do verniz ou do hidrofugante.Se
pequena periodicidade,em torno de três a superfície do concreto estiver irregu-
anos, por exemplo, as operações de ma- lar, com poros muito abertos e sinais de
nutenção consistem normalmente em erosão superficial, pode-se regularizar
lavagem por hidrojateamento (even- com aplicação de "estucamento" consti-
tualmente com detergente neutro adi- tuído por areia bem fina, cimento e
cionado à água),leve lixamento e reapli- eventualmente resina impermeável.
cação do hidrofugante. Na oportunida- Nesse caso, devem ser pesquisadas vá-
de de cada manutenção deve ser pesqui- rias dosagens e marcas de cimento,a fim
sada a presença de falhas, tais como fis- de se obter o melhor possível cor e textu-
suras, lascamentos, desagregações, eflo- ra idênticas às originais.
Wanderley Bailoni
rescências,manchas de ferrugem ou ou- Ercio Thomaz
tras manchas na superfície do concreto. Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
Em caso positivo devem ser tomadas as Construído)

Fachada cortina
Há alguns anos fachadas cortinas inteiras ções e o conseqüente desprendimento
ameaçaram se soltar por ter sido usado de placas de vidro. Não se tem notícia
silicone sem capacidade de fixar o vidro da ocorrência desses descolamentos
à esquadria. Esse risco ainda existe? quando se tratava de alumínio anodi-
Devemos, além do silicone, fixar o vidro zado convencional. Sendo assim, há
mecanicamente? necessidade de se pesquisar previa-
Antonio Sergio Guia mente a compatibilidade entre o silico-
Rio de Janeiro ne e a tinta que será empregada na pin-
tura dos perfis de alumínio,prática que
Nos descolamentos ocorridos existem já tem sido adotada por empresas que
indicações de que desenvolveram-se comercializam o silicone estrutural no
reações químicas inesperadas entre o mercado brasileiro.
silicone estrutural e a pintura eletrostá- Ercio Thomaz
tica dos perfis de alumínio, que teriam Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente
Arquivo

provocado o enfraquecimento das liga- Construído)

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CARREIRA

Dácio Ottoni
Há três décadas arquiteto já aplicava conceitos de sustentabilidade
em seus projetos

opção por uma carreira ligada à do de industrialização e desenvolvi-


A construção civil foi natural para o
arquiteto Dácio Araújo Benedicto Otto-
mento que vinha tomando forma
desde a década de 1930, com o fim da
ni. Dentro de casa, influenciaram sua República do Café-com-Leite".
decisão os exemplos do pai, engenhei- Entusiasmado, o então estudante
ro civil construtor de ferrovias e dire- pegou um avião e foi visitar as obras de
tor da Companhia Mogiana de Estra- construção da futura capital brasileira.
das de Ferro, e do irmão mais velho, Em Brasília, circulou pelo enorme can-
David Ottoni, que havia se formado teiro, com caminhões e terra por todos
arquiteto pela Escola Politécnica em os lados, mas deparou-se também com
Marcelo Scandaroli

1950. O então adolescente, além de se a ainda precária infra-estrutura de re-


interessar por História Geral, ainda cepção aos visitantes da cidade. Depois
gostava de desenhar. Coincidência ou da procura frustrada por algum aloja-
não, ambientes construídos e jardins mento, voltou ao aeroporto para agen-
eram temas recorrentes em sua produ- dar seu vôo de volta no mesmo dia. Ao
PERFIL
ção nos exercícios realizados em sala explicar sua situação à balconista,foi in-
Nome: Dácio Araújo Benedicto Ottoni de aula durante o colégio. Um profes- terrompido por um homem que lhe in-
Idade: 72 anos sor, ao notar o interesse de Ottoni, in- dicou um hotel onde poderia ser aco-
Graduação: arquitetura pela centivou-o a cursar arquitetura. lhido e o convenceu a esticar a estadia.
FAU-USP (Faculdade de Arquitetura Ele aceitou a sugestão e ingressou no "Um estudante de arquitetura não pode
e Urbanismo da Universidade de curso da Universidade de São Paulo em deixar de conhecer melhor o que está
São Paulo) em 1960 1955.Freqüentava as aulas na Faculdade ocorrendo aqui", disse-lhe. O homem
Especializações: em Arte e de Arquitetura e Urbanismo da rua Ma- era Osvaldo Maia Penido, chefe do Ga-
Arquitetura pelo Museu de Arte ranhão, na região central de São Paulo. binete Civil e um dos principais plane-
Contemporânea, em 1963; em Durante o curso, participava de grupos jadores do governo Juscelino Kubits-
Arquitetura e Urbanismo pela USP, de estudos sobre obras produzidas por chek. Meses depois, Ottoni voltaria à ci-
entre 1964 e 1965, pela Universidade arquitetos notórios, como Frank Lloyd dade com Rui Ohtake e Helvio Guatelli,
de Florença, na Itália, em 1967, e pelo Wright. Em 1959, após o falecimento de que oferecera o transporte, um jipe em-
Instituto de Arquitetos do Brasil, em Wright, organizou com o grupo uma prestado de seu irmão,no qual viajaram
1969; doutorado em Arquitetura e grande exposição sobre as obras do ar- de Belo Horizonte a Brasília para acom-
Urbanismo pela USP, em 1973, e quiteto, apoiada e financiada pelo con- panhar a inauguração da nova capital.
especialização em Desenho de sulado norte-americano de São Paulo. Depois de se formar, montou com
Arquitetura e Urbanismo pela Para Dácio Ottoni, "a arquitetura e os colegas de faculdade Artur Fajardo,
Fundação para a Pesquisa Ambiental da a cidade são um espelho fiel da socie- Eduardo de Almeida, Henrique Pait e
USP, em 1985 dade que as produziu". E o arquiteto, Ludovico Martino o escritório Hori-
Instituições nas quais trabalhou: ainda cursando a faculdade, identifica- zonte Arquitetos, no qual trabalhou
Horizonte Arquitetos, Ottoni Arquitetos ra o fenômeno pelo qual a sociedade em projetos de arquitetura e artes grá-
Associados, FAU-USP e IAB-SP brasileira passava à época da constru- ficas. Em 1967 o grupo passou a desen-
ção de Brasília: "Um processo planeja- volver trabalhos com o arquiteto Sér-

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ambientes internos e externos, como a


preocupação com ventilação natural e
Dez questões para Dácio Ottoni conforto térmico no interior da cons-
1 Obras marcantes das quais inclusive da arquitetura, e pelo prazer trução. "É gratificante saber que 30
participou: Instituto de que tinha desenhando à mão livre anos atrás já nos preocupávamos com
Geociências da Unicamp e seu o que hoje se denomina sustentabili-
Museu de História Natural, em 2000; 6 Perspectivas para seu campo de dade dos edifícios", afirma. Dentre
edifício Birman 10, em 1989; atuação: o arquiteto precisará fazer, suas principais obras, o arquiteto des-
Edifício Nova São Paulo, em 1984; cada vez mais, os ambientes internos e taca os edifícios centrais da Telesp
centrais telefônicas da Telesp externos conversarem e conviverem construídos na década de 1980, em
na década de 1980 de forma integrada que criou várias praças públicas e
pôde aplicar a idéia de continuidade
2 Obras mais significativas da 7 Um conselho ao jovem entre o público e o privado. Merecem
arquitetura brasileira: edifício do profissional: estar sempre atento à menção, também, os edifícios Nova
Ministério da Educação e da Saúde, realidade que o circunda, ao contexto São Paulo e Birman 10. "Nesses últi-
edifício Copan, prédio da Faculdade social, político e econômico, e exercer mos, as fachadas foram projetadas
de Arquitetura e Urbanismo da sua arquitetura fundamentado no seu para funcionar como um bloqueio
Universidade de São Paulo posicionamento perante essa realidade contra a incidência direta de raios so-
lares sem prejudicar a visão do exte-
3 Realização profissional: ter 8 Principal avanço tecnológico rior", explica. "Isso gerou uma grande
trabalhado, durante toda a vida recente: as estruturas metálicas em redução da quantidade de ar condi-
profissional, um tema muito discutido especial e em suas interligações com cionado utilizado nos prédios."
atualmente: a sustentabilidade as estruturas em concreto armado, Dácio Ottoni também é professor
que possibilitam a criação de ricos na faculdade em que se formou.
4 Mestres: João Batista Vilanova espaços internos e externos integrados Aposentou-se há três anos das aulas na
Artigas, por conversas que mantinha graduação, mas continua atuando na
conosco, que complementavam o 9 Indicação de livro: "A História da pós-graduação. Começou a dar aulas
que aprendíamos nas salas de aula, Arquitetura Moderna" e "A Arquitetura em 1962, dois anos após formar-se. Na
Eduardo Kneese de Melo, Roberto no Novo Milênio" de Leonardo época, já participava de um grupo de
Cerqueira César, Carlos Alberto Benévolo, "Registro de Uma Vivência", formação de futuros professores da
Cerqueira Lemos e Flávio Mota, de Lucio Costa e "Dispersão Urbana", FAU-USP, mas foi surpreendido ao ser
entre outros coordenado por Nestor Guolart Reis, convocado para substituir um profes-
Nuno Portas e Marta Tanaka sor de História da Arquitetura. Sua
5 Por que escolheu ser arquiteto: formação foi complementada por su-
por causa de meu pai, engenheiro 10 Um mal da Construção: ainda não cessivos cursos no Brasil e no exterior,
civil, e de meu irmão, arquiteto, por dar adequada ênfase à questão da como a especialização em Arquitetura
meu apreço por História Geral, sustentabilidade e Urbanismo na Universidade de Flo-
rença, na Itália, cursada com bolsa de
estudos concedida pelo governo italia-
gio Bernardes. Tempos depois, passou escritório Ottoni Arquitetos Associa- no, e pelo doutorado obtido na FAU
a cuidar de negócios da família, em dos em 1973. Juntos projetaram esco- em 1973. Em 1992 e 1993 Ottoni foi a
Minas Gerais, que exigiam constantes las, residências, edifícios comerciais e Portugal como professor convidado
viagens. Antes que suas ausências cau- residenciais, agências bancárias, cen- da Faculdade de Arquitetura da Uni-
sassem problemas ao grupo, preferiu trais telefônicas e projetos de interio- versidade do Porto para situar o desen-
comunicar sua saída. res e paisagismo. O arquiteto frisa que volvimento da arquitetura e da evolu-
Aproveitando a maior proximida- em seus projetos sempre esteve pre- ção urbana no Brasil.
de com seu irmão, montou com ele o sente o conceito de continuidade entre Renato Faria

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MELHORES PRÁTICAS
Fechamento de valas
em pavimento asfáltico
Recomposição deve seguir procedimentos específicos para
preservar as características do pavimento

Preenchimento Corte das bordas


da abertura Em caso de vazamento nos dutos, secagem natural da água. Após a
todo o material avariado tem de ser limpeza do local, as bordas da vala
O material de preenchimento deve
retirado do interior da vala. são cortadas e alinhadas para evitar
ter granulometria compatível com a base
A abertura deve ficar exposta fissuras na capa asfáltica existente e
original para assegurar maior nível
durante algum tempo para a facilitar a compactação.
de compactação. Material mal graduado
gera instabilidade na camada de base
e avarias na capa asfáltica, como
afundamento e fissuras.
Fotos: Marcelo Scandaroli

Camada de base
Observe que todos os espaços devem ser
preenchidos para que não haja
afundamento e posteriores fissuras.
A camada de base deve ter espessura
suficiente para impedir danos aos dutos
durante a compactação. Por isso, verifique
antes a potência do compactador.
A compactação com placa vibratória é
indicada para solos granulares em áreas
pequenas ou medianas. Já o compactador
de percussão pode ser utilizado em áreas
pequenas e solos coesivos, como a argila.

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Limpeza e pintura
impermeabilizante
A pintura impermeabilizante
com emulsão asfáltica deve ser Compactação
executada quando a superfície
No caso de compactação com placas
da camada de base estiver livre
vibratórias, a execução começa pelas
de umidade e de partículas
bordas, nas junções entre
soltas. Esse procedimento
revestimento novo e antigo.
evitará falta de aderência com a
O número de passadas varia de
capa asfáltica.
acordo com a placa utilizada, a
densidade e a temperatura da massa
asfáltica. O rolo compactador
vibratório deve ser utilizado em áreas

Espalhamento do revestimento maiores e apresenta mais rendimento


se o sistema vibratório estiver
Deve ser executado gradualmente, em no revestimento asfáltico facilitam desligado na primeira passada.
camadas de massa asfáltica, de acordo a infiltração de água no subsolo,
com o projeto do pavimento e o tipo causando danos à base e o posterior
de equipamento. Falhas na rompimento do revestimento.
compactação ou no material utilizado

Devido ao tempo demandado entre as etapas, as fotos foram realizadas em locais diferentes.

Colaboraram Marcia Aps e Patricia Barboza da Silva, engenheiras do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo)

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ENTREVISTA
Obras coordenadas
Para ganhar agilidade e melhorar atendimento aos clientes, construtoras põem
coordenadores de projetos para trabalhar desde a concepção do produto até a
finalização do empreendimento

ANA CRISTINA CHALITA


Engenheira civil formada pela USP
(Universidade de São Paulo) em
1989 e com pós-graduação em
administração de empresas na Faap
(Fundação Armando Álvares
Penteado). Hoje faz mestrado na
USP na área de tecnologia em
engenharia civil. Fez estágio na
Companhia do Metropolitano e foi
engenheira da Racional Engenharia
por cinco anos. Em 1995 foi para a
Cyrela. Começou trabalhando como

Marcelo Scandaroli
engenheira residente, cargo
exercido por cerca de nove anos.
Participou da montagem do
departamento de qualidade e
ma das principais diferenças, apon- então,a necessidade de sofisticar a coor-
desenvolvimento tecnológico da
Cyrela. Após trabalhar para a
empresa obter a primeira
U tadas à exaustão, da construção
civil para a indústria convencional,
denação e a compatibilização de proje-
tos de diferentes especialidades, além de
certificação ISO 9001, foi para a principalmente a automobilística, diz se tornar essencial garantir que o que foi
área de projetos. O objetivo de sua respeito à impossibilidade de fazer pro- planejado aconteça de fato. O profissio-
ida para o departamento de tótipos, ensaios e testes nos produtos. O nal coordenador de projetos passa,
projetos foi trazer o conhecimento próprio caminho trilhado durante então, a participar do processo desde o
técnico e do processo construtivo muito tempo pelo setor foi ilustrado momento da incorporação, para auxi-
para o momento de projetar. por problemas com projetos, improvi- liar na definição técnica do produto. Os
sos durante a execução e ausência de sistemas de desenvolvimento de proje-
métodos, principalmente de sistemas. tos,como o BIM (Building Information
Já há algum tempo há esforços e inicia- Modeling), vêm para aumentar a agili-
tivas que refletem a organização setorial dade na percepção de interferências
e que buscam mudar essa imagem, tor- durante a fase de concepção. Gerente
nando as construtoras mais produtivas de projetos de uma das maiores cons-
e competitivas. À imagem e semelhança trutoras do País, Ana Cristina Chalita
da indústria em série, os projetos ga- explica porque é estratégico cuidar da
nham cada vez mais importância e tor- coordenação e inserir o ponto de vista
nam-se imprescindíveis para o planeja- técnico já na incorporação e no lança-
mento e a definição de processos.Surge, mento do empreendimento.

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Qual a função de um coordenador Qual a diferença para o que ta. Hoje é um problema se qualquer
de projetos? acontecia no passado? material de divulgação tiver informa-
É um profissional que define Nem todas as empresas são incorpora- ções diferentes do que for entregue.
desde diretrizes técnicas do em- doras e construtoras, como ocorre na Por isso as construtoras e incorpora-
preendimento até o planejamento Cyrela. Então era costume a incorpo- doras têm uma preocupação maior de
do desenvolvimento do projeto. radora viabilizar o negócio e depois ir entregar um produto que seja fiel ao
Gerencia as equipes e coordena os ao mercado buscar uma construtora. que foi apresentado ao cliente.
trabalhos porque é importante Ou seja, a equipe de engenharia, que ia
que todos trabalhem ao mesmo construir depois, não participava da Que cuidados são tomados com o
tempo e no prazo adequado. Tam- definição do produto. Hoje, com base material de divulgação?
bém faz a compatibilização dos na definição do padrão e do valor de Verificamos a viabilidade da planta e
projetos, analisando interferên- comercialização, a coordenação de do projeto do apartamento decorado e
cias entre as diversas especialida- projetos sabe o que o empreendimen- olhamos a maquete junto com a área
des. Na Cyrela focamos também to pode ter tecnicamente e contribui de incorporação, avaliando as questões
os projetos para a produção, o para que seja construído dentro do técnicas. Nosso foco é a garantia do
"como" fazer os serviços. custo que viabilizou o negócio. custo e da fidelidade das informações.

Esse trabalho começa antes mesmo É uma atuação mais voltada ao Quanto tempo há para fazer
da obra? produto, então? tudo isso?
Depois da compra do terreno a área Desenvolvemos estudos preliminares Normalmente há pouco tempo.O ideal
de coordenação de projetos atua em de todas as especialidades antes do lan- seria ter seis meses, mas esse trabalho,
conjunto com a incorporação na çamento. Antes recebíamos uma plan- que garante o custo e a técnica, tem que
fase de desenvolvimento do produto. ta aprovada da prefeitura e chamáva- ser feito em três porque não pode atra-
Fazemos toda a análise e desenvolvi- mos os projetistas para trabalhar. No palhar a velocidade de lançamento. É
mento técnico dos projetos ainda em entanto, o cliente não era tão exigente e uma arte contar com a participação dos
fase de licenciamento junto à prefei- não se importava se, na entrega, tivesse projetistas nessa etapa, ainda mais num
tura, antes do lançamento. um detalhe que não aparecia em plan- mercado aquecido como está. Embora
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ENTREVISTA

o escopo seja o mesmo, é como se O profissional de coordenação tem


adiantássemos um trabalho que só fa- que estar consciente disso tudo. Que
zíamos depois do lançamento.
“Arquiteto ou tipo de conhecimento ele tem que
engenheiro, o mais ter? Tem que ser um arquiteto?
Os trabalhos de engenharia de Arquiteto ou engenheiro, o mais im-
produção começam depois?
importante, além do portante, além do conhecimento téc-
Não totalmente. Para a concepção do conhecimento nico, é ter uma formação de gerencia-
projeto de vedações eu chamo tam- mento. Não necessariamente uma
bém o projetista de fôrmas, por exem-
técnico, é ter uma pós-graduação em administração,
plo. Se ele conseguir visualizar alguma formação de mas habilidade com pessoas, para ne-
mudança que aumente a produtivida- gociar prazos e fazer uma equipe
de na execução da estrutura, é nessa
gerenciamento” andar. Também tem que saber como
hora que temos que mudar. Nessa fase a construtora constrói, dominar o
os profissionais atuam como consul- É inviável abrir concorrência? processo construtivo. O diferencial
tores, analisando e emitindo relatórios Não, pois com o aquecimento do mer- vem exatamente por meio do domí-
sobre o que pode ser mudado para au- cado temos que desenvolver novos nio do processo construtivo, daí op-
mentar a produtividade. fornecedores, ter outras opções. Mas tamos por predominância de coorde-
não fazemos concorrência e fechamos nação interna.
É necessário fidelizar projetistas? pelo menor preço porque projeto é in-
Nós fidelizamos porque uma caracte- vestimento e está comprovado que Além desse profissional já ser
rística da Cyrela é não fazer concor- ações tomadas na fase de projeto inter- experiente, também tem que estar
rência de projeto. Há um patamar de ferem em até 80% no custo da obra. há algum tempo na empresa?
valor que pagamos e para cada em- Os esforços de viabilidade, economia e Antes do boom, a maioria dos nossos
preendimento chamo o parceiro que produtividade em obra dependem da coordenadores tinha mais de seis anos
acredito ter o perfil mais adequado. fase de projeto. É por isso que temos de empresa. Há cerca de dois anos es-
São pessoas em quem confiamos e um departamento de coordenação in- tamos num processo de formação de
que já conhecem nossos processos. terno na construtora. novos profissionais, com contratação
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de arquitetos recém-formados. Então para várias construtoras e, embora Temos departamento com 16 pessoas.
temos coordenadores sênior, pleno e conheça um pouco de cada uma, não Manter esse pessoal todo registrado e
júnior. Como não tem gente disponí- chega ao nível de detalhe, de conheci- com software atualizado não é tão ba-
vel no mercado e o processo de acul- mento que o coordenador interno rato. Ainda assim, o resultado para o
turação é difícil, temos que ser o ce- tem. Daí surgem dúvidas na hora de empreendimento, a relação entre
leiro dos novos integrantes, inclusive executar, aparecem soluções que não custo e benefício é melhor com a
os mais experientes, pois há um tem- foram bem pensadas ou interferên- coordenação interna.
po de maturação até dominar todo o cias não percebidas e é preciso fazer
processo da empresa. adequações. Tem que haver um E quanto aos custos de construção?
profissional para acompanhar e dar o A idéia é fazer o projeto com nossa
Sob esse aspecto parece difícil feedback para não acontecer de novo. cara, buscando racionalização. Ao de-
contar com coordenação externa. É por isso que acreditamos na coorde- senvolver o projeto executivo temos
Em função de picos no volume e da nação interna. contato com quem constrói, com o
urgência, há empreendimentos para engenheiro da obra e com a assistên-
os quais contratamos porque não Um coordenador externo nunca cia técnica, todos dando retorno sobre
podemos aumentar o departamento acompanha a obra? o que foi bom ou ruim. Se adotamos
sempre. Nesses casos há uma docu- Não é praxe, a maioria desses con- uma solução que foi trabalhosa, bus-
mentação com todas as diretrizes da tratos termina na entrega do projeto, camos algo mais racional, prático e
empresa. Lógico que dá para fazer e mas temos um empreendimento com industrializado, principalmente por
sai um produto bom, mas não é a coordenação e acompanhamento ex- meio de projetos para produção.
mesma coisa e alguém tem que acom- ternos. Normalmente há um gap
panhar a obra. grande porque quando vai executar O que são os projetos para
há dúvidas. produção?
Quais as peculiaridades de cada tipo Estamos resgatando os conceitos de
de coordenação? Pensando em racionalização e planejamento do processo construti-
A grande diferença é o domínio do redução de custos, já observou se há vo. Esses projetos são desenvolvidos
processo. O externo presta serviço grandes mudanças? em conjunto com os projetistas, a
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ENTREVISTA

equipe de obra e com quem vai execu- lidade e prazo. Acredito que não con-
tar, e têm informações de planeja- seguimos reduzir o prazo porque,
mento, execução e as ferramentas de
“Como acreditamos além de haver uma fase de adaptação,
controle e apuração da produtivida- que o ganho está no houve o aquecimento. Não ganhamos
de. Contemplam desde como vai ser o em prazo, mas em qualidade avança-
canteiro, o transporte de materiais, a
domínio do processo mos surpreendentemente.
seqüência executiva. Racionaliza uma construtivo, não é o
série de etapas, elimina transportes As ferramentas, como o BIM, estão
desnecessários. Garante que, do jeito
objetivo terceirizar disponíveis e são adequadas à
que é construída a parede, além de tudo porque se realidade construtiva brasileira?
não dar patologias, é a forma mais efi- Ainda há problemas, como com bi-
caz de construir.
perde qualidade” bliotecas totalmente diferentes, que
têm que ser criadas para o novo siste-
As equipes têm que estar em pelo boom não nos afetou porque for- ma. Antes trabalhávamos com linhas e
contato todo o tempo? mamos uma equipe interna. traços, agora temos um objeto e preci-
Têm que conversar com a incorpora- samos simular uma construção no
ção, com a obra, fazer visitas men- Com obras sendo cada vez mais uma computador. Isso está mais avançado
sais. Há protótipos para todos os ser- união de sistemas torna-se para a construção mais pesada, com
viços que fazemos. Ao fazer a estru- estratégico investir nisso? muita interferência, como a Petrobrás.
tura do primeiro pavimento, vão à Quanto mais complexo o empreendi- Ainda temos de fazer esse trabalho de
obra o projetista e os coordenadores mento, mais é preciso investir em desenvolvimento de biblioteca, de trei-
para analisar se demanda ajustes e re- coordenação e compatibilização, na namento de profissionais. Minha idéia
troalimentar o projeto. Além disso, a integração de especialidades. Daí vem era trabalhar isso no ano passado, já na
pessoa vai todo mês à obra e roda o BIM (Building Information Mode- fase de prefeitura, mas não deu tempo.
com o engenheiro para ver se algo ling), o projeto simultâneo. Tentamos
não está a contento ou se tem poten- nos espelhar na indústria automobi- O problema foi de familiaridade com
cial de melhoria. lística, mas ainda há o gap cultural. o sistema?
Alguns profissionais que nos prestam
Ao terceirizar a coordenação e o Há resistência para a serviço têm o software e já fizeram
acompanhamento o papel da modernização? treinamento, mas não têm condições
construtora muda? Ela passa a ser Estamos trabalhando há mais de dois de fazer um protótipo no prazo neces-
uma desenvolvedora de processos? anos para tentar fazer a aplicação do sário ao lançamento. Não tenho dúvi-
Como acreditamos que o ganho está BIM, mas é uma questão de matura- das de que o caminho é esse, princi-
no domínio do processo construtivo, ção nossa e dos projetistas porque palmente em empreendimentos com-
não é o objetivo terceirizar tudo por- muda a forma de tratar o assunto. plexos. Precisamos investir nisso e o
que se perde qualidade. Temos uma Hoje coordenamos usando técnicas e setor tem que se organizar para pro-
sinergia grande com a área de desen- conceitos de projeto integrado e de en- mover mudanças. O projeto integra-
volvimento tecnológico da empresa, genharia simultânea, e temos conse- do é muito importante e não adianta,
testando novas soluções. Esse conhe- guido uma qualidade de projeto supe- como acontece, o arquiteto utilizar
cimento tecnológico reflete na área rior ao que se fazia. Não temos, ainda, uma plataforma e os outros continua-
de projetos. o trabalho em tempo real, com todos rem nos programas de antes. É funda-
acessando a informação ao mesmo mental todos utilizarem.
A construção está voltando a se tempo, mas o desenvolvimento de
aquecer agora. Durante esse tempo projetos não é mais seqüencial, onde o Há iniciativas setoriais?
de crise houve menos investimento arquiteto precisa terminar para o cal- O grupo de projetos do SindusCon-SP
em coordenação e gestão? culista começar. (Sindicato da Indústria da Construção
Apenas algumas empresas têm depar- Civil do Estado de São Paulo), do qual
tamentos de projetos e coordenação. Os projetistas sabem trabalhar dessa participo, conversou com as empresas
Eu trabalhava em outras áreas, mas a maneira? fornecedoras dos sistemas para buscar
Cyrela já tem esse departamento há dez Sabem, mas para tudo há um tempo soluções de implantação. Dissemos
anos. Quando a área foi montada havia de adaptação. Desenvolvemos alguns que, para viabilizar isso, precisaríamos
três pessoas no departamento. Hoje projetos assim no último ano e conse- de um incentivo deles para vender os
somos em 16 porque, diferente de em- guimos um ganho de qualidade produtos num valor mais acessível.
presas que contratavam coordenação muito grande, mas ainda não conse-
externa, mantivemos o investimento. A guimos o ganho de prazo. A expecta- E quanto à utilização em
carência de profissionais provocada tiva é mudar a técnica ganhando qua- empreendimentos que não são

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complexos, como os voltados para a de controle. No exterior, em vez de ter ram de empresas menores. Nessas
baixa renda? alguém medindo, a obra é escaneada construtoras quem normalmente faz a
O segredo é o domínio do processo. para obter a posição física. coordenação e dá as diretrizes técnicas
Se uma construtora tem um processo é o dono. Ou tem alguém treinado ou
construtivo redondinho, modela uma Isso está próximo de chegar ao contratado para orientar os coordena-
vez e repete para a baixa renda, que Brasil? dores externos. Outro aspecto a ser
normalmente são repetições de dois Claro que estamos falando de univer- considerado refere-se ao papel do ar-
ou três tipos de produtos. Embora as sidades americanas que têm verba quiteto. Na origem da função o arqui-
instalações sejam simples, com me- para investir nisso e onde a indústria teto tinha que dominar inclusive o
nos interferências, o ganho vem ao usa sistematicamente a universidade processo construtivo. Agora, perce-
usar o BIM na concepção. Ao desen- para desenvolver tecnologia. No Bra- bendo essa carência, estão oferecendo
volver uma casa de 60 m2, tenho o sil faltam parcerias entre empresas e esses serviços.
processo todo modulado e posso si- universidades, como aconteceu no
mular o empreendimento de 1.200 passado, com o convênio Poli-Encol, Você concorda que o
casas. É o orçamento vivo para viabi- por exemplo. Esse investimento dei- aquecimento faz com que
lizar o empreendimento, definir cro- xou de existir durante um tempo no algumas empresas tratem a
nogramas e fases e fazer o acompa- mercado como um todo e agora há construção como commodity?
nhamento da obra. demanda por tecnologia e inovação Pode acontecer de algumas construto-
para as empresas se destacarem. ras agirem assim, mas os empreendi-
Os benefícios estão mais no mentos têm que ser entregues. Uma
acompanhamento do que no Não apenas o BIM, mas uma coisa é lançar e vender, outra é entregar.
desenvolvimento do projeto? coordenação mais estruturada é Quando começar a entregar e ver o que
Quando o BIM estiver implantado o para empresas de grande porte? está dando de problema,logo cai a ficha.
ideal será explorar a potencialidade, Não necessariamente. O mercado
otimizando o projeto, simulando a sabe da importância da coordenação. Quais os riscos dessa má
construção no papel e usando como Para aumentar o departamento, en- prática para as edificações e
ferramenta de planejamento de obra e trevistei pessoas do mercado, que vie- para o mercado?
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ENTREVISTA

Sempre que há booms as empresas mudar, embora seja difícil, é a que mão-de-obra qualificada não se
que deram passos errados não sobre- forma de conceber o projeto, para forma do dia para a noite.
vivem. Há risco de a edificação ter que seja desenvolvido o melhor
baixa habitabilidade, envelhecimento para o empreendimento e não para A função do engenheiro de obras
precoce das construções e aumento a especialidade. Os projetistas ti- muda? Quais as novas habilidades
do prêmio patológico. E depois se vai nham uma visão fechada e pensa- que precisa ter?
entregar o que foi vendido. vam no que é melhor para o seu Deve ser capaz de gerenciar equipes,
projeto, não para o empreendi- buscar prazos e produtividade,além de
Você diria que a prioridade atual é mento. Hoje a arquitetura, por identificar gargalos no que foi pensa-
investir em processos de gestão e exemplo, está focada no uso, no do. O fundamental, no entanto, é o do-
coordenação, deixando de lado novas desempenho. Não adianta inven- mínio do processo construtivo pela
tecnologias e sistemas construtivos? tar nada mirabolante, caro de exe- engenharia. Ou seja, não é o empreitei-
Tudo anda junto, não dá para ser uma cutar ou sujeito a patologia. Não ro que diz como vai executar, é o enge-
coisa em detrimento de outra. Nem dá para fazer uma coisa em detri- nheiro que apresenta o planejamento
sempre inovação tecnológica é fazer mento da outra, é tudo junto. junto com os projetos. Tivemos uma
pré-moldado. Pode ser inovador reunião sobre um projeto de fachada
mudar a forma de fazer alguma coisa A execução ainda é um gargalo? em que estavam presentes o coordena-
para torná-la mais eficiente. É a ino- Com o mercado aquecido há uma dor e o engenheiro da obra para validar
vação tecnológica incremental, em disponibilidade menor de mão-de- o que já havia sido programado com o
processos, que tem que estar junto obra. É nessa hora que é necessário executor da fachada. Quando começar
com o projeto. Temos que buscar o ter processos que otimizem a utili- o serviço não será o empreiteiro que
todo, olhando as interferências. zação de mão-de-obra. Então é definirá quantas pessoas vai colocar ou
bem-vindo tudo o que possa ser por onde recebe a massa. É um proces-
Os projetistas têm visão global da transformado, seguindo o exemplo so industrial que não admite decisões
obra? da indústria automobilística, em em obra para não se correr o risco de
Uma questão cultural muito im- sistemas de montagem. E tem que aumentar prazos e custos.
portante que estamos conseguindo ser processos à prova de erro, por- Bruno Loturco
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TÉCNICA E AMBIENTE
Integração sustentável
Projetos de desenvolvimento socioeconômico melhoraram as relações entre a
concessionária da rodovia IIRSA Norte com a comunidade e governo peruanos

m acordo firmado no ano 2000,


E os 12 países da América do Sul
se comprometeram a estimular a
aproximação continental por meio
de um projeto denominado IIRSA
(Iniciativa para a Integração da
Infra-estrutura Regional Sul-Ameri-
cana). Quatro dos nove eixos de in-
tegração previstos cruzam o territó-
rio peruano, sendo que o denomi-
nado Interoceânico é composto por
dois ramais. Um deles vem a ser o
Eixo Multimodal Amazonas Norte,
também conhecido como IIRSA
Norte, composto por uma rodovia
que liga o Porto de Paita, na costa
Fotos: divulgação Concin

peruana, ao porto fluvial de Yuri-


maguas. Dali, por meio de hidro-
vias, alcança a cidade de Manaus.
Os 955 km de estradas da IIRSA
Norte estão sob a concessão, por 25
Além dos impactos ambientais, a travessia dos 36 km da Cordilheira Escalera
anos, do consórcio Concin, formado
afetaria o desenvolvimento econômico e social da região. Ações de incentivo
pelas construtoras Norberto Ode-
à produção sustentável melhoraram a imagem do consórcio na região
brecht, detentora da maior participa-
ção, Andrade Gutierrez e a peruana
Graña & Montero, sendo a primeira cortada por 36 km de rodovia do tre- vizinhos são beneficiados pela região,
parceria público-privada em rodovias cho total a ser construído. Embora que tem 150 mil ha e recentemente
peruanas.Apenas 114 km do corredor, curto, o trecho tem geomorfologia foi reconhecida como ACR (Área de
entre Tarapoto e Turimaguas, serão bastante acidentada e, por isso, alta Conservação Regional).
construídos. Outros cinco trechos da variabilidade ecológica. A flora, por
rodovia devem ser recuperados. exemplo, é composta de 95 espécies Ações tangíveis
A IIRSA Norte atravessa os com propriedades diversas. A zona O consórcio construtor sofreu
Andes e seis regiões do Peru, com ainda é prioritária para a conserva- forte pressão da sociedade e do setor
toda sua variedade ecológica, social, ção de mamíferos, além de abrigar ambientalista. A ausência de infor-
econômica e cultural. Tamanha di- nove espécies de anfíbios conhecidas. mações oficiais, a inexistência de um
versidade demandou algumas ações Cerca de 250 famílias vivem no local centro de custódia para animais, o
do consórcio para minimizar os im- e são, em geral, migrantes de outras desmatamento e algumas atividades
pactos ao ambiente e obter o apoio regiões do Peru, praticam agricultura agressivas, como a extração de lenha,
da sociedade. de subsistência e produzem café para por exemplo, só agravaram a imagem
Uma das iniciativas foi realizada comercialização local. Indiretamen- negativa do Concin na região. Por
na região da Cordilheira Escalera, te, 180 mil habitantes de municípios outro lado, a construção de grandes

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TÉCNICA E AMBIENTE

35% e 32%, respectivamente. Foram


criadas marcas de café e chocolate
que revertem parte das vendas para
fundos ambientais, com foco em re-
florestamento e educação ambiental.
O projeto Biodiversidade, que já
existia na região, foi remodelado e
adequado às especificações dos ór-
gãos ambientais vigentes para trans-
formar-se em um Centro de Custó-
dia Temporal de Animais Silvestres.
Os resultados observados decor-
rem da aplicação de menos de 0,2% do
valor total do empreendimento. Algu-
mas das ações ambientais foram a re-
cuperação dos bosques, minimização
dos impactos da obra com a reintro-
dução de espécimes, redução dos im-
pactos negativos causados por ativida-
des de subsistência das comunidades,
e promoção da Cordilheira como área
Foram implantados ou melhorados programas para desenvolvimento econômico
de interesse ecológico junto a institui-
regional. Iniciativas não dependem da presença do consórcio
ções internacionais, como a Sociedade
Zoológica de Frankfurt.
obras de infra-estrutura poderia ser três projetos auto-sustentáveis: Café Ainda estão em fase de avaliação
encarada pela comunidade e governo – Fundo de reflorestamento; Biodiver- e aprovação os projetos para Reflo-
como uma maneira de fomentar o sidade; Chocolate – Fundo de cons- restamento da Cordilheira Escalera e
desenvolvimento socioeconômico e ciência ecológica. de fomento às cadeias produtivas de
ambiental. Partindo dessa premissa, Atualmente, esses projetos estão café e cacau orgânico, palmito e
o consórcio desenvolveu um projeto inseridos na PDISPA (Plataforma de sacha-inchi (amendoim da selva, no
que repercutisse positivamente na Desenvolvimento Integrado Susten- idioma indígena Quéchua). Soma-
imagem das empresas executoras, tável do Portal Amazônico). A plata- dos, os projetos totalizam um mon-
conforme exposto no evento Cons- forma abarca uma região de 614 mil tante de mais de US$ 1,1 milhão.
trutech, realizado em 2007 pela Edi- ha e uma população de mais de 75 mil A sociedade se beneficiou da cria-
tora PINI. pessoas, que inclui a ACR Cordilheira ção de um ambiente de cooperação
Para tanto, o Concin adotou uma Escalera. Com foco no desenvolvi- entre as partes, da elevação do nível de
metodologia baseada em quatro eta- mento sustentável por meio de ca- conhecimento sobre os temas em
pas: envolvimento e compromisso deias produtivas e de promoção de questão e da possibilidade de investir
pela conservação e promoção do de- ações sinérgicas entre os capitais am- em pesquisa científica. Os recursos
senvolvimento sustentável; conheci- bientais, humanos, sociais e produti- obtidos com a venda da produção de
mento das características e proble- vos, a plataforma nasceu como um café e chocolate serão investidos em
mas; planejamento das iniciativas e programa de responsabilidade so- iniciativas de preservação ambiental.
execução e difusão de ações. Dentre cioambiental. Mais de dez institui- Além disso, houve geração de empre-
as preocupações, estava a promoção ções públicas e privadas fazem parte gos e renda por meio da promoção do
do desenvolvimento com proteção e apóiam a PDISPA. ecoturismo na região.
aos recursos naturais e a eliminação Para o Concin, os benefícios
da presença do concessionário para a Resultados palpáveis advêm da neutralização do ambien-
continuidade dos trabalhos. O projeto Café Cordilheira Esca- te de hostilidade para implantação
Por meio de uma investigação de- lera promoveu a aproximação dos da obra e da criação de vínculos de
nominada Diagnóstico Rural Rápi- produtores ao sistema cooperativista, cooperação, fatores estratégicos
do, foi possível promover o conheci- permitindo acesso ao crédito e a ser- para o bom andamento da obra. O
mento das comunidades e de seus viços de assistência técnica, entre ou- consórcio também se vale da cria-
anseios. Os dados deram origem ao tros. Houve melhorias na via de aces- ção de uma imagem positiva peran-
documento intitulado Pisa (Plano so, reduzindo o tempo de transporte. te os órgãos governamentais e agen-
Integrado de Ação Sócio-ambiental), Nos dois primeiros anos do projeto, o tes financiadores.
que possibilitou a implantação de valor da saca de café aumentou em Bruno Loturco

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ESTRUTURAS

Lajes ampliadas
Para obter vãos maiores, calculistas têm à disposição grande gama de
soluções. Conheça algumas delas
Marcelo Scandaroli

customização dos apartamentos dades e vantagens só são possíveis tamente nos custos finais da obra.
A deixou de ser uma tendência para
se tornar um diferencial competitivo
graças às soluções estruturais adota-
das a partir do projeto.
"Essa solução é economicamente
mais viável para apartamentos de alto
no mercado imobiliário. De olho Em geral, a maior flexibilidade padrão", observa Jorge Batlouni, dire-
nessa nova realidade, as construtoras pressupõe grandes vãos de lajes, que tor técnico da Construtora Tecnum.
já perceberam o forte apelo comercial induzem a maiores espessuras desse Embora mais comum nesse nicho de
das plantas flexíveis na venda de uni- elemento estrutural e, conseqüente- mercado, o projetista estrutural José
dades. Mas se por um lado elas permi- mente, a maiores espessuras médias Roberto Braguim, da OSMB Enge-
tem que o usuário personalize seu da estrutura (relação entre volume da nheiros Associados e presidente da
apartamento, adaptando-o às suas estrutura daquele pavimento e sua Abece (Associação Brasileira de Enge-
reais necessidades, todas as suas facili- área de projeção), repercutindo dire- nharia e Consultoria Estrutural) res-

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Fator mão-de-obra
Outro item importante que deve ser projeto requer grandes vãos. "Um aumento para a redução desse indicador é medi-la
computado antes da escolha final é o custo de 4 cm na espessura da laje, por exemplo, em homem-hora por metro quadrado de
da mão-de-obra, principalmente quando implicará 50% a mais de custo com mão- fôrma executada", aconselha. O diretor
pago por empreitada. O projetista de-obra e materiais", ressalta o projetista. lembra também que, por se tratar de uma
estrutural Ricardo França lembra que há Para evitar esse problema, a alternativa laje mais espessa, o custo do escoramento
duas modalidades praticadas no mercado que vem sendo adotada pelas construtoras e o consumo de concreto e aço também se
para cálculo desses valores: por metros é a contratação de mão-de-obra própria e elevarão e que, em função dos custos
cúbicos de concreto lançado ou pelos paga por hora. Jorge Batlouni, diretor relativos desses insumos, uma solução
preços separados de lançamento do técnico da Construtora Tecnum, explica, adotada numa época pode não ser a mais
concreto, execução do aço e montagem e por exemplo, que quando se adota a econômica em outra. Por isso, o ideal é
desmontagem de fôrmas. Caso opte pela solução com lajes planas e maiores vãos a fazer simulações das diversas tipologias,
primeira, o construtor deverá estar atento a produtividade (quantidade de horas para analisando o custo dos materiais e mão-
qualquer acréscimo na altura da espessura se executar uma unidade de serviço) do de-obra envolvidos. "A decisão nunca
de laje, situação bastante comum quando o carpinteiro aumenta muito. "A alternativa poderá ser imediata", alerta.

Opção estrutural Descrição das tipologias estruturais para a mesma opção de arquitetura
1 Estrutura convencional racionalizada, lajes, vigas e pilares com possibilidade de integração
do 3o dormitório à sala, sem vigas aparecendo
2 Estrutura convencional racionalizada, lajes,vigas e pilares, mas a integração do 3o dormitório
à sala tem vigas e pilar aparecendo
3 Estrutura em laje cogumelo, sem capitéis, com vigas de borda nas fachadas
4 Estrutura em laje nervurada tipo cabaça, com 18 cm, com vigas de borda nas fachadas
5 Estrutura em laje cogumelo, sem capitéis, sem vigas de borda nas fachadas, e pilares-parede
para contraventamento
6 Estrutura em laje cogumelo protendida, sem capitéis e com quatro pilares a menos, sem vigas
de borda nas fachadas, e pilares-parede para contraventamento

Custo M.O./m³ concreto Opção


Insumo Material M.O. estrutural 1 2 3 4 5 6
Concreto (R$/m³) 190,00 275,00 Custo/m2
Fôrmas (R$/m²) 4,00 0,00 de R$ 150,50 R$ 142,50 R$ 178,60 R$ 163,10 R$ 193,60 R$ 193,70
Aço (R$/kg) 2,75 0,00 estrutura

Custo M.O. separados Opção


Insumo Material M.O. estrutural 1 2 3 4 5 6
Concreto (R$/m³) 190,00 40,00 Custo/m2
Fôrmas (R$/m²) 4,00 12,50 de R$ 146,10 R$ 139,70 R$ 167,80 R$ 155,00 R$ 175,30 R$ 179,50
Aço (R$/kg) 2,75 0,85 estrutura
Obs.: na opção estrutural 4 de laje nervurada deve-se adicionar o custo do forro de gesso e o aumento da fachada em decorrência
do maior piso a piso.
Fonte: Escritório França e Associados

salta que a oferta desse tipo de planta custo do investimento se dilui na es- tada pelos especialistas como ótima
não tem sido uma estratégia de mar- colha dos acabamentos, geralmente alternativa quando se pretende garan-
keting restrita a esse segmento. Ele faz mais baratos", explica Braguim. tir a flexibilização do layout. Esse re-
questão de lembrar que hoje já são Seja para atender às necessidades curso estrutural apresenta várias van-
inúmeros os empreendimentos para do mercado de baixo ou alto padrão, o tagens construtivas e funcionais, entre
baixa renda que contam com esse be- que importa é pensar em soluções efi- elas as execuções de armação e de fôr-
nefício. São edifícios construídos em cientes, não só do ponto de vista es- mas mais simples (as vigas acarretam
alvenaria estrutural e com lajes con- trutural mas também sob os aspectos muitos recortes); diminuição da altu-
vencionais que vencem vãos de até de construção e custos. Embora não ra total do edifício; tetos planos ou
4,50 m, possibilitando a integração da haja "receita de bolo", a execução de lisos e sem delimitação de espaços. O
sala com o primeiro dormitório. "O lajes sem vigas, por exemplo, é apon- projetista estrutural Ricardo França,

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ESTRUTURAS

Estudo de caso
Análise de estruturas viáveis para a execução de edificação residencial em concreto moldado in loco, tipologia com 18 andares-tipo,
com quatro apartamentos de três dormitórios por andar (Projeto de Arquitetura da MCAA Arquitetura e de Estrutura da França e
Associados Engenharia)

Estrutura Convencional Racionalizada


Opção 1 da tabela da página 31 com lajes, vigas e pilares e
possibilidade de integração do 3o
dormitório à sala sem vigas aparentes
Nessa solução, terceiro dormitório e sala
se integram, eliminando as vigas
aparentes. A solução estrutural
convencional vence vãos de 3 m a 4,5 m
com as lajes de 11 cm de espessura e
viga da altura usual de 0,55 m

Estrutura Convencional Racionalizada


com lajes, vigas e pilares aparentes
A estrutura de laje convencional com
vigas e pilares vence vãos de 3 m a
4,5 m permitindo a reversão do terceiro
dormitório para ampliação da sala,
porém pilar e vigas ficam aparentes

Estrutura em laje cogumelo,


sem capitéis, com vigas de borda
Opção 3 da tabela da página 31
nas fachadas
As vigas internas foram eliminadas
permitindo ao futuro morador maior
flexibilidade para alterações de layout além
de eliminar qualquer interferência desse
elemento junto às vedações internas (seja
drywall ou alvenaria convencional). Para
garantir a eficiência do contraventamento,
optou-se pela execução de vigas de borda
nas fachadas. Além de auxiliar na formação
de pórticos, elas evitam deformações
maiores na borda da estrutura e cumprem
ainda a função de verga da janela. As lajes
cogumelo de 16 cm de espessura apóiam-se
sobre os pilares – dois por apartamento –
vencendo vãos de 5 m a 6 m sem
necessidade de serem protendidas. Sem
capitéis e, portanto, sem a necessidade do
uso de forros, a altura do piso a piso é a
usual, de 2,80 m, não implicando aumento
da altura da construção.

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Estrutura em laje nervurada tipo


cabaça com 18 cm, com vigas de borda
nas fachadas Opção 4 da tabela da página 31
Para vencer vãos de 5 m a 6 m, a opção foi o
uso de lajes nervuradas, solução um pouco
mais leve que a maciça. Embora eliminem as
vigas internas, exigem a execução de capitéis
embutidos na espessura da laje de 23 cm (18
cm de altura das cubetas mais 5 cm de
concreto). Para minimizar a interferência
visual dos capitéis, a solução é aplicação de
forro de gesso ao longo da extensão do teto,
o que implicará aumento da altura do piso a
piso para 2,93 m e, conseqüentemente, do
custo de construção por metro quadrado.
Outro desafio de execução é garantir que as
paredes subam até as nervuras de modo a
vedá-las completamente impedindo a
propagação do som pelos ambientes.

Estrutura em laje cogumelo, sem


capitéis, sem vigas de borda nas
fachadas e com pilares-parede para Opção 5 da tabela da página 31
contraventamento
A especificação das lajes cogumelo de
espessura de 18 cm e sem viga de borda
foi a alternativa estrutural para vencer
vãos de 6 m. Com o posicionamento de
apenas duas vigas junto às escadas e aos
elevadores, e em virtude da eliminação
dos pórticos, recorreu-se ao uso de
pilares-parede como elementos de
contraventamento. Em termos de custo,
o impacto dessa solução é maior pois, do
ponto de vista de estrutura, demandará
mais aço e concreto, além de fôrmas
mais complexas para a sua execução.
Outro detalhe importante é que a
execução das lajes sem vigas de borda
necessariamente exigirá a eliminação dos
rebaixos entre a sala e a varanda.

Estrutura em laje cogumelo protendida, sem capitéis e com quatro pilares a menos, sem vigas de borda
nas fachadas e com pilares-parede para contraventamento
Para vencer o vão contínuo de 6,20 m, a solução estrutural exige uma laje cogumelo sem viga de borda com protensão,
recurso necessário para evitar o aparecimento de grandes deformações na estrutura. Graças à protensão, também foi
possível eliminar um dos pilares em cada apartamento além de reduzir a espessura da laje para 17 cm. Porém, quanto maior
forem os esforços solicitantes e menor a espessura da laje, maior quantidade de aço será necessária para executá-la sem que
haja comprometimento da eficiência da armadura. Essa solução também impossibilita recortes na laje pois ao cortar um dos
cabos, ele perderá a aderência em toda a sua extensão.

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ESTRUTURAS

tindo maior liberdade para mudanças


Outras soluções de paredes. Porém, são mais difíceis
de serem executadas exigindo refor-
ços na região dos pilares com o uso de
capitéis, que podem ser constituídos
por aumento da seção do pilar abaixo
ou por aumento da espessura da laje
em volta do pilar.
De acordo com Libânio Miranda
Pinheiro, professor doutor do Depar-
tamento de Engenharia de Estruturas
da Escola de Engenharia de São Carlos
da Universidade de São Paulo, tanto as
lajes convencionais quanto as lajes
sem vigas podem ser maciças ou ner-
Marcelo Scandaroli

vuradas. As maciças são mais tradicio-


nais, mais pesadas e funcionam me-
lhor como diafragmas rígidos, porém
são mais caras principalmente pelo
Indicada sobretudo para compor um uma das grandes vantagens da solução", custo das fôrmas e do escoramento. O
conjunto estrutural com vigas e pilares explica o presidente da Abece, José professor lembra que a laje nervurada
metálicos, a laje steel deck apresenta Roberto Braguim. é outra boa opção para vencer grandes
várias vantagens, entre elas a Ao contrário do steel deck, as lajes vãos. Apesar de possuir maior espes-
possibilidade de dispensar escoramentos, alveolares podem vencer até 15 m. Quando sura, essa alternativa consome menos
reduzindo, conseqüentemente, custos combinadas com protensão, são capazes de concreto por conta dos vazios entre as
com aluguel, montagem e desmontagem cobrir vãos de 20 m. Possuem alturas que nervuras que podem ser aparentes ou
e com mão-de-obra. Nesse caso, variam de 10 cm a mais de 40 cm, porém o preenchidos com materiais inertes,
consegue vencer vãos que variam entre uso em edificações residenciais também é como tijolos cerâmicos e EPS, resul-
2,5 m e 3 m. Para a execução de plantas bastante incomum. "Tais lajes justificam-se tando em um conjunto mais leve. O
com a exigência de vãos maiores, no essencialmente quando aplicadas em consumo de aço também é menor,
entanto, a adoção do steel deck pode não conjunto com partidos estruturais pré- pois a espessura maior aumenta a efi-
ser uma opção tão vantajosa. "Para essas fabricados, em projetos arquitetônicos que ciência das barras. Outra vantagem
situações certamente serão exigidos primam pela modularidade e repetição", das lajes lisas nervuradas é permitir
escoramentos eliminando, desse modo, lembra Braguim. que as vigas e capitéis sejam embuti-
dos na espessura da laje. "Para que as
lajes não resultem muito espessas, são
do escritório França e Associados, lares, geralmente exigirão lajes de es- usadas vigas com largura maior que a
lembra que essa solução permite mu- pessuras maiores. As lajes sem vigas espessura, as chamadas vigas chatas
danças de paredes sem a interferência também são menos eficientes para ga- ou vigas-faixa", lembra.
das vigas internas e são capazes de rantir a estabilidade global do edifí- Outro recurso possível, principal-
vencer vãos de mais de 6 m. "É a alter- cio, problema que pode ser contorna- mente quando o projeto solicita vãos
nativa mais cara mas pode ser viabili- do com o uso de núcleos rígidos cons- maiores que 6 m, é o uso de protensão
zada graças à racionalização da mão- tituídos por pilares em volta da caixa em que parte da armadura é submetida
de-obra no canteiro", garante. dos elevadores e por paredes estrutu- a tensões prévias, provocando inicial-
Outro ponto importante que me- rais (pilares-parede) posicionadas em mente compressão no concreto,de ma-
rece atenção é o papel estrutural das geral nas fachadas laterais dos edifí- neira adequada, de modo a diminuir os
vigas que cumprem a função de dis- cios com planta predominantemente esforços finais e os deslocamentos das
tribuição das cargas verticais propor- retangular. "Soluções estruturais que lajes. Em princípio, a protensão pode
cionando estabilidade e resistência ao encarecerão a obra", observa França. ser aplicada em qualquer tipo de laje
conjunto construtivo. Juntamente mas exige cuidados de projeto e execu-
com os pilares, criam os pórticos, efi- Com ou sem vigas ção. São mais caras que as demais solu-
ciente solução para o contraventa- Entre as soluções sem vigas, estão ções e exigem mão-de-obra especiali-
mento de edificações muito altas. Por as lajes cogumelo. De acordo com o zada, mas apresentam vantagens co-
isso, se eliminadas, por conta da projetista, são as melhores opções es- merciais que podem compensar o
maior deformabilidade e da concen- truturais para plantas flexíveis pois maior custo de execução.
tração de esforços nas regiões dos pi- vencem vãos superiores a 6 m permi- Gisele C.Cichinelli

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CAPA

Solução fluida
O concreto auto-adensável é rápido de aplicar, dispensa vibração e proporciona
alta produtividade. Confirma alguns cases de uso desse material

Divulgação Realmix

concreto auto-adensável é um mais rapidamente nos galpões das o convencional, o concreto auto-
O material ainda pouco utilizado
no Brasil. A solução, desenvolvida
fábricas de pré-moldados de con-
creto. Gradativamente, entretanto,
adensável proporciona maior agili-
dade no momento da concretagem,
no Japão na década de 1980, che- o produto vem ganhando a con- dispensando horas de trabalho da
gou aos canteiros do País na déca- fiança dos construtores, que dele se mão-de-obra que podem ser rema-
da seguinte. Por dispensar vibra- valem para viabilizar soluções téc- nejadas para outros locais do cantei-
ção – e, conseqüentemente, pro- nicas em complexas estruturas ro. Confira alguns cases de obras em
porcionar aumento de produtivi- moldadas in loco. que o autocompactante foi a solução
dade e redução de ruídos no am- Apesar do maior valor de seu para problemas dos construtores.
biente –, o produto ganhou espaço metro cúbico em comparação com Renato Faria

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Obra vira laboratório para auto-adensável

Luana Medeiros
Uma parceria entre a concreteira de 50 MPa aos 28 dias. As concretagens
Engemix e a construtora BKO seguiram a mesma seqüência de
possibilitou a realização de um estudo lançamento, com a mangueira de 4"
Estudo comparativo mostra que tempo
comparativo entre as aplicações dos inicialmente posicionada para alcançar a
de concretagem pode cair pela metade
concretos convencional e auto-adensável extremidade da laje. Em ambas, bombas e
em relação ao convencional
na obra do residencial Pateo São Paulo, caminhões betoneira tinham as mesmas
na capital paulista. Além de avaliar os características técnicas. Laje e vigas do
custos da concretagem com essas duas quarto pavimento foram executadas com gasto com a vibração do concreto.
alternativas, as empresas estudaram concreto convencional e o tempo total de "O concreto auto-adensável reduz o ciclo
soluções técnicas que otimizassem essa 4h40 foi tomado como parâmetro para de concretagem e os custos gerais para a
etapa da obra. Segundo o estudo feito comparação com a concretagem da laje do obra", afirma Camila Sampaio, engenheira
pelas empresas, o tempo total de quinto pavimento, realizada com concreto de projetos da Engemix. O custo da mão-
aplicação do concreto auto-adensável foi auto-adensável. Essa solução permitiu de-obra para a aplicação dos concretos,
de 2h20 contra as 4h40 do convencional. executar a laje na metade do tempo com encargos, foi respectivamente de
"A obra foi nosso laboratório", afirma daquela do pavimento anterior, R$ 7,18/m³ para o concreto convencional
Carlos Gustavo Marucio, coordenador principalmente pela eliminação do tempo e R$ 0,70/m³ para o auto-adensável.
de obras da BKO.
Antes do monitoramento das Concreto Convencional Auto-adensável
concretagens, foi feito o detalhado Caminhão betoneira 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o
planejamento da montagem das fôrmas e No de lançadores 3 3 3 3 2 2 2 2 1 2 1 1 1 1
realizado o treinamento da equipe que No de espalhadores 5 4 5 5 5 5 4 3 3 2 2 2 2 2
aplicaria o concreto auto-adensável. No de vibradores 2 2 2 2 2 2 2 0 0 0 0 0 0 0
Depois, duas lajes praticamente iguais – No de acabadores 0 2 3 3 3 3 4 0 0 1 2 2 2 2
com área de cerca de 250 m² – foram No de funcionários parados 3 2 0 0 1 1 1 8 9 8 8 8 8 8
executadas com 50 m³ de cada um dos Outros funcionários 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
concretos, especificados para atingir o fck Total de funcionários 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16 16

Concreto facilita execução de superlaje do Metrô-SP


A concretagem da laje de fundo dos poços preencher a peça de mais de 2 mil m² execução da laje, por proporcionar
Norte e Sul da estação Luz da Linha 4 – de área de superfície e cerca de 3,5 m facilidade no lançamento, dispensar a
Amarela do Metrô de São Paulo teve de altura. Para viabilizar a execução, a vibração e praticamente eliminar falhas
números grandiosos. Cerca de 8 mil m³ concretagem precisou ser dividida em dois de concretagem", afirma Roberto
de concreto foram necessários para finais de semana no final de 2007, nos Dakuzaku, engenheiro responsável pelo
meses de novembro e dezembro. Segundo Laboratório de Controle Tecnológico do
o Consórcio Via Amarela, responsável pela Consórcio Via Amarela. "Se essas falhas
construção da estação, essa foi uma das ocorressem, seria difícil acessá-las
maiores concretagens já realizadas na posteriormente para realizar o
história do Metrô de São Paulo. grauteamento. Elas poderiam, inclusive,
Além dos 7.400 m³ de concreto nem ser detectadas", explica.
convencional fluido (slump entre 180 mm Para evitar fissuras e outros tipos de
e 200 mm), foram aplicados cerca de patologias, foi necessário, também,
600 m³ de concreto auto-adensável refrigerar o concreto aplicado, com adição
fck > 35 MPa na região de engaste da laje de gelo à mistura. Segundo Sílvio M.
Divulgação CBC

com as paredes dos poços. Ali, em Obata, coordenador do departamento


função da alta densidade da armadura, técnico da Cauê Concreto, foram
as equipes que executavam a utilizados entre 80 kg e 100 kg de gelo por
Operação mobilizou cerca de 500 concretagem teriam dificuldade em metro cúbico de concreto – entre 60% e
profissionais do Consórcio Via Amarela e realizar a adequada vibração do 80% do volume de água do traço. "Com
da concreteira. Laje tem 3,5 m de altura concreto. "O concreto auto-adensável isso, conseguimos manter a temperatura,
e mais de 2 mil m² de superfície foi usado para garantir a qualidade da durante a aplicação, entre 18ºC e 20ºC."

39
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CAPA

Construtora otimiza mão-de-obra com

Mosmann Incorporações
auto-adensável
Por sugestão da concreteira, a Mosmann a mão-de-obra para execução das mestras,
Incorporações utilizou o concreto auto- lançamento do concreto, vibração,
adensável na execução da estrutura do depreciação dos equipamentos e da energia 156 horas de mão-de-obra para a
edifício Parthenon Residence em Novo elétrica" afirma a engenheira civil Viviana produção de cada meia-laje (as lajes eram
Hamburgo (RS), a partir do quinto Rigon, gerente de obra da Mosmann. concretadas em duas etapas, uma para
pavimento-tipo. A construção, composta A somatória final dos custos do auto- cada torre), enquanto o auto-adensável
por duas torres justapostas com adensável ficou 1,09% maior do que a da exigiu apenas 75 horas. "Tínhamos cerca
11.529,41 m² de área total construída, solução convencional, mas mostrou-se de 162 horas livres de nossos profissionais
possui 13 andares que abrigam 52 vantajosa quando considerada a por andar, que foram usadas para adiantar
apartamentos. "Foram levantados e produtividade obtida durante a execução. outros serviços, como a montagem das
comparados os custos de produção e Segundo a engenheira Viviana, a opção pelo fôrmas de laje e pilares da segunda etapa
execução dos dois tipos de concreto, como concreto convencional demandaria cerca de do pavimento", explica a engenheira.

CONCRETO CONVENCIONAL
Descrição Unidade Qtde. Custo Unitário (R$) Custo Total (R$) Total (R$)
Material Mão-de-obra Material Mão-de-obra
Laje
Mão-de-obra para lançamento h 117,00 – 14,90 – 1.743,30
de concreto convencional
Mão-de-obra para h 8,80 – 14,90 – 131,12
execução de mestras
Concreto convencional dosado
em central, abatimento de m³ 62,00 221,64 – 13.741,68 –
9±1 cm, brita 0 e 1 e fck de 30 MPa
Vibrador para concreto un/dia 2,00 25,00 – 50,00 –
Régua vibratória para concreto un/dia 1,00 35,00 – 35,00 –
Energia elétrica comercial kW 29,25 0,28 – 8,19 –
Pilares
Mão-de-obra para lançamento h 30,00 – 14,90 447,00
de concreto convencional
Concreto convencional dosado
em central, abatimento de 9±1 cm, m³ 15,00 221,64 – 3.324,60 –
brita 0 e 1 e fck de 30 MPa
Vibrador para concreto un/dia 2,00 25,00 – 50,00 –
Energia elétrica comercial kW 15,00 0,28 – 4,20 –
Custo Total (R$) 17.213,67 2.321,42 19.535,09

CONCRETO AUTO-ADENSÁVEL
Descrição Unidade Qtde. Custo Unitário (R$) Custo Total (R$) Total (R$)
Material Mão-de-obra Material Mão-de-obra
Laje
Mão-de-obra para lançamento h 60,19 – 14,90 – 896,83
de concreto auto-adensável
Concreto auto-adensável,
espalhamento de 60 cm, m³ 62,00 242,00 – 15.004,00 –
brita 0 e 1 e fck de 30 MPa
Pilares
Mão-de-obra para lançamento h 14,56 – 14,90 – 216,94
de concreto auto-adensável
Concreto auto-adensável, –
espalhamento de 60 cm, m³ 15,00 242,00 – 3.630,00
brita 0 e 1 e fck de 30 MPa
Custo Total (R$) 18.634,00 1.113,78 19.747,78

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Pilares, vigas e laje concretados ao mesmo tempo


Depois da experiência adquirida em sua obra dos pavimentos, ganhamos cerca de um dia

Divulgação BKO
residencial, a BKO decidiu utilizar novamente e meio no cronograma. Em dois meses,
o concreto auto-adensável, dessa vez na esse tempo é significativo", acredita.
obra da unidade JK-Itaim do Laboratório Durante a concretagem, foi possível usar
Fleury, também em São Paulo. Como se cerca de 20% menos funcionários. Assim, Com uso de concreto plástico,
tratava de uma obra comercial, com prazo de pudemos remanejá-los para adiantar outros construtora ganha um dia e meio por
entrega de 189 dias, era preciso agilidade serviços na obra ou conceder-lhes folga. laje concretada e entrega estrutura
em todas as etapas da obra. "Esse foi um aspecto importante, pois o antes do prazo previsto
Na execução dos quatro pavimentos da ritmo da obra era intenso, com trabalho de
estrutura, que deveriam ficar prontos em segunda a sábado", explica Marucio.
dois meses, os engenheiros optaram por A opção pelo auto-adensável demandou
uma solução pouco usual: para cada um cuidados maiores na montagem das fôrmas
desses níveis, concretar, ao mesmo tempo, de madeira. Além da checagem minuciosa
pilares, vigas e lajes. "Com o concreto do travamento de todas as peças, os pés dos
convencional, precisaríamos executar pilares – locais críticos de vazamento de

Divulgação BKO
primeiro os pilares e, três dias depois, a laje concreto – foram vedados com gesso ou
e as vigas. Em cada um deles, poderíamos espuma de poliuretano. Segundo Marucio,
passar o expediente todo concretando", isso não chegou a consumir horas adicionais
explica Carlos Marucio, da BKO. Segundo de sua mão-de-obra. "Havia uma atenção Para evitar vazamento do concreto, as
ele, com o auto-adensável foi possível maior a esses pontos, mas não houve fôrmas nos pés dos pilares foram vedadas
reduzir o tempo de execução. "Para cada um acréscimo nas horas trabalhadas", explica. com gesso e espuma de poliuretano

Concreto é usado em reforço estrutural em Porto Alegre


Construído na década de 1940, no Centro de pavimento, que tinha 4,5 m de pé-direito, processo, essa fôrma metálica não foi
Porto Alegre, o edifício do Comando da 3a não estavam suportando os novos esforços retirada, pois funcionava também como
Região Militar, pertencente ao Exército e já começavam a flambar", explica. armadura da viga", explica Simon.
Brasileiro, passou por reformas que lhe Para reforçar as vigas principais que Segundo o engenheiro, o uso do auto-
atribuíram novas funcionalidades. A laje de sustentavam a última laje do edifício, os adensável tornava-se obrigatório, pois era
cerca de 1.000 m² da cobertura do edifício, engenheiros aumentaram sua seção. Logo necessário um concreto que, além de
originalmente projetada para receber abaixo de cada um desses elementos, fluido, oferecesse baixa retração, para que
apenas as cargas da estrutura do telhado, foi fixaram novas armaduras e ancoraram se mantivesse aderido à fôrma metálica,
transformada em terraço e salão de festas. fôrmas metálicas em formato de "U", cujo às armaduras e à superfície de concreto da
Segundo o engenheiro responsável pela interior seria preenchido com o concreto estrutura já existente. O concreto utilizado
recuperação estrutural do prédio, Fábio auto-adensável. Quando ele estivesse alcançou a resistência de 40 MPa, bem
Simon, vigas e pilares do último pavimento completamente curado, as vigas de 8 m de acima dos 25 MPa especificados em
passaram a receber, com essa mudança, vão passariam a ter uma altura constante projeto. "Isso porque dosamos o concreto
uma carga 200% maior do que a prevista por de 90 cm, necessária para suportar as de acordo com o fator água/cimento,
seu projeto original. "Os pilares do último novas cargas da cobertura. "Ao final do menor ou igual a 0,45", explica.
Fabio Simon

Fabio Simon

Fabio Simon

Para suportar novas cargas da laje Chapas em formato de "U", que serviram Armaduras de reforço das vigas
da cobertura, viga teve sua altura de fôrma durante a concretagem e de principais da laje de cobertura
aumentada para 90 cm armadura com a estrutura pronta

41
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CAPA

Flexibilidade e rapidez em obra de shopping em Goiânia


Inaugurado na década de 1980, em momento da aplicação. "Isso garantia,
Goiânia, o Shopping Flamboyant passou também para nós, uma redução brutal
por obras de ampliação em 2006. Nela, de custos com horas extras de nossos
cerca de 3 mil m³ de concreto auto- homens que prestavam serviços para a
adensável foram utilizados no reforço obra" afirma Rodrigo Resende de Sá,
de algumas fundações e pilares de gerente de produção e operação da
concreto já existentes. Esse concreto concreteira. Ele lembra que, durante as
também foi escolhido para proporcionar obras, o shopping continuou
maior velocidade na execução das lajes funcionando normalmente, o que muitas
da nova estrutura, composta ainda por vezes obrigava as equipes a realizar
pilares e vigas metálicos. concretagens durante a madrugada,
Além da possibilidade de avançar mais quando o custo da hora extra é maior.
rápido no cronograma da obra, em Do ponto de vista técnico, o uso de
função da maior produtividade um material mais fluido tornava muito

Divulgação Realmix
propiciada pelo concreto auto- mais fácil o transporte por bombas
adensável, as equipes envolvidas na a grandes distâncias horizontais,
execução das concretagens – tanto da características de shopping centers.
fornecedora, Realmix, quanto da Segundo o gerente da Realmix, Para vencer cronograma apertado,
construtora, Toctao – também poderiam essas distâncias chegavam a 90 m. autocompactante foi usado na
ser mais enxutas, já que o produto A expansão do Flamboyant foi concretagem de lajes em expansão de
demanda menos trabalhadores no concluída em seis meses. shopping center

Concreto preenche parede anti-radiação em SP


Um edifício da Dr. Ghelfon Diagnóstico 1,80 m e 1,50 m, respectivamente. mais de 6,30 m de altura. "Era preciso,
Médico, construído em São Bernardo A opção pelo concreto auto-adensável também, eliminar o barulho gerado pelos
do Campo (SP) pela JHF Construtora, nessa obra se deu em função dos vibradores, pois próximo à obra
teria uma sala exclusiva para realização cuidados que a execução dessas paredes localizava-se o Hospital Anchieta", relata o
de tratamento radioterápico demandava. A concretagem deveria ser engenheiro Hamilton Sílvio Fonseca
oncológico. Como ela receberia um realizada de uma vez só, de maneira a não Pontes, sócio-diretor da JHF.
equipamento cuja operação envolve haver quaisquer emendas. Tampouco a No entanto, os construtores se depararam
emissão radioativa controlada, as estrutura poderia contar com juntas de com um problema comum em grandes
paredes do ambiente deveriam garantir dilatação, já que por meio delas poderia volumes de concretagem: o alto calor de
seu completo isolamento em relação haver vazamento de radioatividade. hidratação poderia gerar retração e, com
aos imóveis residenciais vizinhos. Para Somente um concreto fluido e com ela, fissuras inadmissíveis para essas
atender a essa exigência, o projeto da agregados finos atenderia à necessidade paredes. Para evitar o problema, a
sala previa o selamento completo do de uma concretagem constante, rápida e fornecedora do concreto precisou
ambiente com laje e paredes maciças que penetrasse facilmente entre as adicionar gelo à mistura de maneira a
de concreto, com espessuras de fôrmas e a densa armação das paredes de reduzir sua temperatura – e, com isso, a
possibilidade de futuras patologias.
Segundo Fábio Vinícius Fernandes,
Maria Fernanda Alonso Simplício de Oliveira

gerente técnico da fornecedora Supermix,


foram adicionados 80 kg de gelo por
metro cúbico de concreto, metade do
Divulgação JHF Construtora

volume de água da mistura. Aos três dias,


os ensaios mostravam que o concreto de
alta resistência inicial já havia atingido fck
de 30 MPa – valor que dobrou aos 28 dias.
Resistência suficiente para suportar a
Grande volume aplicado durante a Armação densa da estrutura dificultaria a pesada estrutura de concreto, que
concretagem exigiu refrigeração da vibração do concreto nas partes inferiores precisou ser apoiada sobre 115 estacas
mistura plástica da parede de 1,50 m de espessura de 30 t cada.

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COMPLEXO VIÁRIO REAL PARQUE

Malha de estais
Única no mundo com dois tabuleiros estaiados e curvos, a 13a ponte sobre o rio
Pinheiros apresenta soluções inéditas e é objeto de debates técnicos e urbanísticos

Cruzamento das pistas leva ao entrelaçamento dos


estais sobre o rio Pinheiros. Altura do mastro foi
determinada pelo gabarito mínimo sob as rampas
de acesso da avenida Jornalista Roberto Marinho

entre as estruturas mais altas sistema viário da capital, mas que Santos – é a congestionada avenida
D da cidade, com um mastro de
138 m de altura, a ponte estaiada
afeta todo o Estado de São Paulo.
Para entender sua função é neces-
dos Bandeirantes.
Embora a conclusão do Trecho
Octavio Frias de Oliveira compõe o sário saber que, atualmente, o Sul do Rodoanel Mário Covas, em
complexo Real Parque e faz parte principal eixo de ligação da capital 2010, vá absorver o tráfego de passa-
do projeto de reestruturação do com o litoral – e com o porto de gem e amenizar a pressão sobre essa

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RESUMO
Obra: Complexo Viário Real Parque
Cliente/gerenciamento:
Emurb (Empresa Municipal
de Urbanização)
Execução: Construtora OAS
Localização: São Paulo
Construção: entre 2003 e abril de 2008
Custo total: R$ 233 milhões
Fotos: Marcelo Scandaroli

Altura: 138 m
Pistas: duas com 16 m de largura e
290 m de extensão cada
Cordoalhas: 374.350 m
Ponto de saída e inclinação de cada estai considerou o gabarito mínimo para Estais: 144 cabos; 462 t
circulação de veículos, melhor aproveitamento da capacidade de sustentação de Volume de concreto: 11.000 m3
cargas verticais e minimização dos esforços horizontais no tabuleiro Consumo de aço: 3.000 t

via, é com o prolongamento da ave- nível nem em trevo, como ocorre Projeto aprofundado
nida Jornalista Roberto Marinho com a maior parte das demais pontes Os estudos exigidos para o proje-
(antiga Água Espraiada) até a rodo- das Marginais. O edital de concor- to executivo trouxeram uma nova
via dos Imigrantes e com a transposi- rência exigia, então, duas pistas es- informação para a equipe de proje-
ção do rio que se espera criar uma al- taiadas independentes, tendo a solu- tistas da ANTW Engenharia de Pro-
ternativa de fato à Bandeirantes. Lo- ção estrutural final resultado de um jetos (veja quadro). Perpendicular
calmente, a 13a ponte sobre o rio Pi- processo de desenvolvimento contí- aos mastros e no ponto onde estes
nheiros também terá as funções de nuo iniciado a partir daí. deveriam se apoiar está enterrada a
diminuir o volume de tráfego no Para o projeto básico o enge- linha de transmissão Xavantes, a
cruzamento das avenidas Luiz Carlos nheiro Catão Ribeiro, da Enescil En- maior do País, com 345 kV de tensão
Berrini e Jornalista Roberto Mari- genharia de Projetos, propôs a cons- e que abastece um terço da metrópo-
nho, além de desafogar a ponte do trução de duas pontes estaiadas le. Essa linha fica sob a estrada que
Morumbi, que hoje recebe os moto- retas e apoiadas em dois mastros, margeia o rio, de propriedade da
ristas com destino ao bairro de Santo com o cruzamento das pistas ocor- Emae (Empresa Metropolitana de
Amaro (veja quadro). rendo próximo à Roberto Marinho. Águas e Energia), que não pode ser
Naturalmente, a partir dessas so- Aprovado, começaram os questio- interditada. Transversal ao mastro
licitações, o traçado viário resultou namentos acerca da solução adota- está uma rede de tubulações com
complexo. São duas alças para acesso da. Embora tecnicamente correta, as 1.000 mm de diâmetro que controla
direto entre a avenida Jornalista Ro- demandas por contraventamento a vazão e eleva as águas do córrego
berto Marinho e a pista expressa da dos mastros independentes estimu- Água Espraiada em direção ao rio
Marginal do Pinheiros. Outras duas laram a busca por uma solução em Pinheiros. Não existem outros espa-
pistas, as estaiadas, cruzam o rio Pi- que se contraventassem entre si, ços para apoio, pois de um lado há as
nheiros. Para não criar gargalos nem apoiando-se um no outro. Além linhas de trem da CPTM (Compa-
reduzir a velocidade de tráfego as disso, "o traçado induzia a uma nhia Paulista de Trens Metropolita-
pistas não poderiam se cruzar em ponte curva", diz Catão. nos) e do outro o próprio rio.

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COMPLEXO VIÁRIO REAL PARQUE

co Germano, da OAS. Para as fun-


dações foram executadas duas li-
nhas de estacas-raiz tipo Hollow
Auger (sem utilização de água) e
colocadas espessas placas de con-
creto armado para que equipamen-
tos pesados pudessem ficar sobre os
cabos de alta tensão.
Estruturas especiais foram cria-
das para evitar queda de materiais,
mesmo líquidos, sobre as linhas de
trens, a Marginal ou no rio. Na mar-
gem esquerda havia linhas de trans-
missão aérea da AES Eletropaulo. Por
interferirem no trajeto das alças de
acesso foram realizados serviços de
Marcelo Scandaroli

alteamento que levaram a um acrés-


cimo de R$ 20 milhões no valor do
contrato. "Para enterrar as linhas a
empresa cobrava mais do que o
Entrelaçamento dos estais demandou cálculos detalhados de cada um dos 144 cabos.
dobro", explica Fabio Godoy, da OAS.
Calculistas determinaram distanciamento mínimo de 10 cm entre eles. Raio de
Licitada inicialmente em R$ 148
curvatura das pistas é pouco convencional para pontes estaiadas
milhões, houve acréscimos decor-
rentes de inflação e de obras comple-
Ao viabilizar uma estrutura para determinar a geometria do mentares, como o alargamento da
única, o trato com as interferências mastro, com espaçamento dos blo- Marginal e a construção de uma alça
foi facilitado por diminuir a quanti- cos de fundação de forma a não in- para acesso direto ao Real Parque, a
dade de vezes em que há influência terferir com a rede", explicam os ser construída após a inauguração
entre as partes. "Foi significativo engenheiros Eládio Alves e Francis- da ponte.

Trânsito aliviado
Alternativa à ponte do Morumbi para pode aumentar. Para tanto basta desativar As condições de acesso à ponte a partir do
acesso ao bairro de mesmo nome e à a faixa de rolamento existente em cada sentido Interlagos da Marginal do Pinheiros
avenida dos Bandeirantes, a ponte estaiada pista e criar uma nova faixa de rolagem. também melhoraram, pois o ponto de
Octavio Frias de Oliveira tem capacidade Essa capacidade de absorver o entrada está mais próximo ao mastro,
para receber até quatro mil veículos/hora incremento no tráfego foi uma exigência aumentando o espaço para acomodação
em cada pista. Isso representa um alívio da Siurb (Secretaria Municipal de Infra- dos veículos. A ponte foi projetada para uma
para a ponte do Morumbi, que em horários estrutura e Obras), conforme explicou o velocidade de 80 km/h considerando a
de pico recebe até sete mil carros/hora. engenheiro Leonardo Lorenzo, diretor "lógica entre as velocidades da Marginal –
Com acesso direto à avenida Jornalista técnico da Geométrica Engenharia de 90 km/h – e da Roberto Marinho – 70 km/h".
Roberto Marinho e uma opção a mais Projetos, empresa responsável pelo As duas alças para acesso à via expressa
também para acessar o aeroporto de traçado. Ele também contou que, embora da Marginal existem para amenizar o
Congonhas, a velocidade na Marginal o traçado do projeto básico fosse tráfego da via local. Havia, no projeto
deve aumentar, segundo estimam os adequado às necessidades, o atual é básico, a intenção de criar um acesso
técnicos da Prefeitura. Esse efeito tende a melhor. "Uma das desvantagens daquele direto da Berrini para a pista que cruza
se acentuar com a conclusão, em 2010, era que o cruzamento das pistas ocorria o rio. Foi abolida no projeto executivo
do prolongamento de 4,5 km dessa muito próximo à Berrini", conta. Ruim para não incrementar o trânsito e para
avenida até a Rodovia dos Imigrantes. porque o gabarito exigido é de 6,10 m e, evitar a existência de uma rampa muito
O incremento no tráfego da Roberto para atingi-lo, a estrutura sobre a avenida forte. O projeto prevê alargamentos na
Marinho com destino ao litoral deve teria cerca de 20 m de altura. Ao ganhar Marginal para que não ocorra perda de
provocar uma redução na quantidade de espaço para o cruzamento das pistas foi performance das pistas. O pavimento da
carros circulando pela avenida dos possível suavizar a rampa, com inclinação ponte é SMA (Stone Matrix Asphalt), com
Bandeirantes. A capacidade da nova ponte sempre menor que 7%. 5 cm a 7 cm de espessura.

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"X" em questão
Aproximar os mastros de modo
que se fundissem trouxe algumas
vantagens quanto às interferências e
ao traçado, como veremos adiante.
No entanto, criou situações inéditas
para a estrutura, como o próprio
mastro em "X", o apoio comum de
dois tabuleiros estaiados curvos, o
entrelaçamento dos estais e o acen-
tuado raio de curvatura.
Há algumas pontes estaiadas
curvas no mundo, mas todas com
apoio independente e não atingem
tal curvatura. As curvas da Octavio
Frias de Oliveira têm raio aproxi-
Marcelo Scandaroli

mado de 290 m, ou cerca de 60º. O


complicador é a associação dos es-
tais à curvatura, pois a função ori-
ginal desses é suportar cargas verti-
Para construção dos acessos do lado oposto do rio foi necessário realizar o
cais. Em curva "provocam esforços
alteamento das linhas de transmissão, o que ocasionou acréscimos nos valores de
no tabuleiro que tendem a torná-lo
contrato e criou poluição visual para a obra
ainda mais curvo", ilustra Catão em
referência ao componente horizon-
tal de força. assim, para combater os esforços afirma seu calculista, "em posição
Adequar o ponto de saída de de flexão em planta que ocorrem de rigoroso equilíbrio", mas, como
cada estai garantiu o gabarito míni- no tabuleiro, a solução foi proten- é normal, quando sob presença de
mo para tráfego de veículos altos e der a laje longitudinalmente. A es- cargas móveis há esforços para de-
minimizou esses esforços. Ainda trutura encontra-se, conforme formação das longarinas, as vigas

Instalação dos estais


A complexidade dessa etapa da obra instalação desses elementos eram bainha com o tubo-fôrma do mastro.
iniciava com a topografia e a locação dos colocadas, com auxílio de grua, as bainhas Na outra ponta, no tabuleiro, a conexão
tubos-fôrma, que deveriam ser as mais de PEAD (polietileno de alta densidade), é feita por intermédio de um tubo
precisas possíveis. Esses tubos, que além de proteger contra corrosão e antivandalismo. Os tubos de estaiamento
posicionados primeiro no mastro e depois radiação solar serviam de guia para a foram passados um a um por dentro
no tabuleiro, foram concretados passagem das cordoalhas. dessa bainha no sentido do tabuleiro em
juntamente com a estrutura, o que Uma flange metálica soldada faz a direção ao mastro com auxílio de um
complicaria qualquer retrabalho. Após a emenda da extremidade superior da guincho metálico no interior do mastro.
Os cabos foram encunhados
Divulgação OAS

individualmente à ancoragem para


o tensionamento. Um macaco tipo
monocordoalha, que tensiona cada cabo,
realizava a protensão. A quantidade de
cabos em cada estai aumenta conforme
a distância para o mastro e a quantidade
de força de cada conjunto varia entre 40 tf
e 160 tf, aproximadamente. No total, são
18 pares em cada um dos quatro vãos,
totalizando 144 estais. Estes são
compostos por nove a 25 cordoalhas,
o que leva a um consumo de 462 t de aço
e a 374.350 m de cordoalha.

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COMPLEXO VIÁRIO REAL PARQUE

que correm na borda dos tabulei- que não podem causar flexão no niram uma distância livre mínima de
ros e onde se prendem os estais. mastro", explica. 10 cm entre os cabos. "Exigiu um cál-
Para combater esse efeito, foram O mastro único para dois tabu- culo requintado porque os cabos
continuamente protendidas. "O leiros provoca inédito entrelaçamen- descrevem catenárias", diz Catão.
que deforma a estrutura de modo to dos estais após o cruzamento das Muito alto e inclinado, o mastro
irreversível, principalmente as es- pistas. Sem nenhuma norma ou obra exigiu o desenvolvimento de um sis-
taiadas, são as cargas permanentes, para referência, os engenheiros defi- tema de fôrmas trepantes, escora-

Prós e contras
A maior parte dos recursos para construção
do complexo veio do leilão de Cepacs
(Certificados de Potencial Adicional de
Construção). São títulos de captação de
recursos para financiamento de obras
públicas. Os investidores que os adquirem
Fotos: Marcelo Scandaroli

ganham o direito de construir além dos


limites normais em áreas que terão a
infra-estrutura ampliada. Os recursos
obtidos nesses leilões só podem ser usados
em obras específicas. Os cinco leilões de
"Não concordo com soluções de "A Marginal passou a ser um pólo
Cepacs da Água Espraiada arrecadaram
médio e longo prazo e custo elevado. comercial nos últimos 20 anos, sendo
R$ 102.808.720,00. Outros
E esse é um gasto inoportuno para um dos motivos para o
R$ 53.519.219,31 vieram da Siurb.
uma cidade com estigma de rica e congestionamento em São Paulo a
O edital de concorrência foi lançado e as
comportamento de pobre. Poderia ter falta de pontes. Não acho que seja
primeiras obras foram iniciadas durante a
sido adotada uma solução mais uma obra catastrófica, e não tenho
gestão da então prefeita Marta Suplicy.
simples, com vãos menores. Além como avaliar se todo aquele volume de
A obra foi colocada em xeque no início do
disso, como a [avenida Jornalista] concreto é indispensável. No entanto,
mandato de José Serra, quando foram
Roberto Marinho não tem talvez fosse o caso de pensar na
encomendadas análises técnicas aos
continuidade, os benefícios da obra possibilidade de uma solução
engenheiros Fernando Rebouças Stucchi e
são questionáveis" metálica, mais esbelta"
Augusto Carlos de Vasconcelos.
Maurício Bianchi, engenheiro Sergio Teperman, arquiteto
A constatação, segundo o engenheiro Catão
Ribeiro, responsável pelo projeto estrutural,
foi de que, além do desgaste, os custos
decorrentes da interrupção, com inevitáveis
quebras de contrato, seriam semelhantes
aos da conclusão da estrutura já existente.
Tecnicamente, também seria caro adotar
balanços sucessivos. "Entraria num campo
excepcional de uso dessa tecnologia.
A solução estaiada é cara porque não é de
uso corrente", justifica.
Ainda assim, o meio técnico questiona a
adoção de estais para vencer um vão com "A escolha técnica foi suplantada pela "Certamente não é a solução mais barata,
menos de 200 m. Mesmo fatores estéticos, beleza e arquitetura. Soluções mas um marco tem seu preço. A solução
que poderiam ter pautado a decisão da estaiadas são mais compatíveis com para o vão do Masp (Museu de Arte de
Emurb (Empresa Municipal de vãos maiores, como as pontes do rio São Paulo) também não é a mais barata,
Urbanização), não são unanimidade. Tejo (Portugal). No entanto, uma mas se houvesse 20 pilares ali embaixo
Urbanisticamente, ainda, a obra é polêmica solução mais barata não ficaria tão não seria o Masp. A ponte é
por se voltar ao transporte individual e por bonita, e São Paulo estava precisando extremamente arrojada, com muita
não estar associada ao prolongamento da de algo imponente, que acabasse solicitação ao pilar. Há outras alternativas,
avenida Jornalista Roberto Marinho. com a mesmice das pontes sobre o mas essa é tecnicamente adequada"
Confira as opiniões de arquitetos e rio Pinheiros" Roberto de Oliveira Alves,
engenheiros sobre a obra. Virgílio Ramos, projetista estrutural projetista estrutural

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mento e cimbramento. A solução, 132 m


premiada no concurso interno de
produtividade da OAS, era composta
por três plataformas de trabalho. Na
inferior realizava-se o acabamento
na estrutura e a remoção dos cones
de sustentação para utilização na

90 m

81 m

138 m

23,4 m
"Gostei muito da concepção, que foi
adequada por ter conseguido vencer o 12 m
vão do rio Pinheiros. E também há que
se levar em conta fatores estéticos, de
navegabilidade, de greide. No entanto,
não é o vão indicado para os estais, que
não se justificam economicamente para Desenho do mastro em X
vãos abaixo de 200 m. Deve ter ficado
mais caro e com maior prazo, pois é de
execução complexa e singular"
José Luiz Cardoso, projetista Vigas longitudinais protendidas
Laje
estrutural

Vigas
transversais

Vigas engastadas no tabuleiro


Pilar
Projeção do tabuleiro
Viga e tabuleiro inferior – nível 12 m
Marcos Lima

"Nossa administração pública está 50 anos


atrasada. Em hipótese alguma se deveria Vigas longitudinais armadas
Laje
gastar dinheiro com transporte individual.
Deveríamos canalizar os recursos para
transportes coletivos, especialmente o
Metrô. É a coisa mais óbvia do mundo, mas
não é o que se faz. A discussão deveria
acabar antes de entrar no mérito da
questão técnica. Eu imploro para que Projeção do tabuleiro
Torre Vigas engastadas no tabuleiro
nossos administradores parem com isso"
Marcio Kogan, arquiteto Viga e tabuleiro superior – nível 23,4 m

49
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COMPLEXO VIÁRIO REAL PARQUE

Seqüência de construção

3
2

1 Vigas para apoio dos tabuleiros 2 Construção dos pilares 3 Encontro dos pilares
Fotos: Marcelo Scandaroli

Instalado no interior de um dos pilares, sistema monitora simultaneamente cada um dos estais das duas pontes, informando se a
força aplicada é maior ou menor do que a esperada

sas, as estruturas de cimbramento


apoiavam-se no solo. A viga supe-
Manobra jurídica rior, para travamento da estrutura,
Autor do projeto estrutural básico para a (Empresa Municipal de Urbanização) não exigiu a instalação de perfis metáli-
ponte, o engenheiro Catão Ribeiro, da contrataria uma empresa sem cos, apoiados nas paredes do mastro,
Enescil Engenharia de Projetos Ltda., não experiência. Dessa forma, Catão para minimizar a interferência do
poderia ser contratado para a concepção associou-se ao engenheiro Antranig vão (veja mais sobre a estrutura dos
do projeto executivo. De acordo com a lei Muradian para que este assumisse a tabuleiros na ilustração).
de licitações a Construtora OAS, responsabilidade técnica da nova
vencedora da concorrência para execução empresa, cujo time de profissionais era Cuidados especiais
da ponte estaiada, estava impedida de composto, basicamente, pela mesma A concepção da obra foi feita
contratar o projeto da mesma empresa. equipe da Enescil. A participação de Catão com base num software capaz de
Para colocar em prática a solução em "X" na obra foi assegurada pela sua analisar o comportamento ao longo
obtida por ele foi criada a empresa ANTW contratação como consultor. Em tempo, o do tempo da estrutura, consideran-
Engenharia de Projetos, a ser contratada logotipo da ANTW representa o próprio do a deformação lenta, o relaxamen-
pela construtora. No entanto, a Emurb mastro da ponte. to do aço e a perda de protensão.
"Foi feita para durar 100 anos, consi-
derando eventuais problemas", sa-
etapa subseqüente. A intermediária toda a extensão do mastro. Os de- lienta Catão Ribeiro.
tinha um sistema de cremalheira mais eram rearranjados para se Foram implantados dois labora-
para montagem e desmontagem do adaptar à inclinação variável. tórios na obra, um para controle tec-
escoramento. A superior abrigava Três vigas unem os dois pilares, nológico do concreto e outro dos
armação e concretagem. O painel sendo que as duas inferiores apóiam sistemas estruturais. O primeiro agi-
central era único e foi utilizado em os tabuleiros. Para concretagem des- lizava resultados do desempenho do

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5
6

4 Lançamento dos tabuleiros 5 Travamento superior e estaiamento 6 Encontro com pilares

Rio Pinheiros
Bloco Bloco 2.900 mm
Linha de transmissão 2.700 mm
CTEEP
Estaca raiz ø 11 cm (1:5)

560 mm
Bloco Bloco

200
CPTM Estaca escavada ø 130 cm
Bloco de fundação
Fundações e interferências Canal de adução

concreto aplicado. Necessário por- estrutura aerodinâmica no tabuleiro


que, durante a execução do tabulei- para minimizar os efeitos de "flutter"
FICHA TÉCNICA
ro, o prazo para protensão das adue- e de desprendimento de vórtices.
las era de três dias. Logo, foi desen- Embora os ventos característicos da projeto básico: Enescil; projeto
volvido um concreto que atingisse, cidade não possam causar danos à executivo estrutural:Antranig
nesse prazo, fck = 25 MPa. estrutura, poderia haver sensação de Muradian; controle da qualidade
O outro laboratório auxiliava no desconforto nos usuários. do projeto executivo estrutural:
controle da execução dos estais e nos Para minimizar o impacto de in- Studio de Miranda (Itália); projeto
avanços do tabuleiro em balanços serção da obra no meio urbano o ar- executivo de faseamento:ANTW;
sucessivos. Um sistema de monito- quiteto João Valente, da Valente, Va- controle da qualidade do
ração com 144 células de carga – lente Arquitetos, considerou as di- faseamento: EGT Engenharia e
uma para cada estai – permite saber mensões metropolitana, microrre- Studio de Miranda (Itália); projeto
em tempo real a força exata aplicada gional e local da ponte. Também geométrico e pavimentação:
em cada cabo. Esse sistema ficará coube a ele buscar um desenho contí- Geométrica; projeto de arquitetura:
ativo por dois anos. nuo, com fluidez para as linhas ascen- Valente e Valente Arquitetos; serviços
Os engenheiros da OAS, Eládio dentes do mastro. "Ao trabalhar com de estaiamento e protensão:
Alves e Francisco Germano contam apenas um mastro a resultante foi um Protende; locação de fôrmas e
que foram realizados ensaios exter- tanto rústica", lembra. A arquitetura sistemas de escoramento e
nos para verificação da resistência contemplou também a harmoniza- cimbramento: Mills; fornecimento
estática e de fadiga em cordoalhas de ção das linhas do tabuleiro, especial- de concreto usinado: Engemix;
estaiamento. A estrutura passou por mente nos trechos de transição entre fornecimento de aço CA50/60:
ensaio no túnel de vento do Labora- os segmentos estaiados e os apoiados, Gerdau; fornecimento de aço
tório de Aerodinâmica das Constru- e o entrelaçamento dos estais. "Pro- CP190 para protensão: Belgo
ções da Universidade Federal do Rio curamos valorizar a aura da teia, e Mineira; controle tecnológico do
Grande do Sul. Durante a fase exe- por isso adotamos o amarelo claro." concreto e do aço: Teste
cutiva, cada vez que o anemômetro Para os baixios dos viadutos na região Engenharia; monitoração dos
instalado na grua acusava ventos da Berrini há a proposta de constituir estais, ensaios dinâmicos,
fortes demais, os trabalhos eram pa- um espaço de convivência com "visão ensaios dos cabos e controle
ralisados. Os ensaios em túnel de privilegiada da ponte". geométrico: LSE – Laboratório de
vento levaram à instalação de uma Bruno Loturco Sistemas Estruturais

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PRÉ-FABRICADOS – ESPECIAL 60 ANOS

Estruturas prontas
Utilizados no Brasil desde 1926, pré-moldados desenvolveram-se
principalmente na segunda metade do século 20
primeira obra com elementos do da Dinamarca, que apresentava peça seguinte. Em seguida, as fôrmas
A pré-moldados de concreto do
Brasil foi executada em 1926, na então
endurecimento rápido e permitia
obter, aos três dias de idade, a resistên-
metálicas laterais e as armaduras dos
elementos pré-moldados eram prepa-
capital Rio de Janeiro. Na época, a filial cia normalmente obtida depois de radas para a execução da concretagem.
brasileira da construtora dinamar- quatro semanas. A obra também con- Com esse método, era possível produ-
quesa Cristhiani-Nielsen ficou res- tava com muros pré-moldados de 2,5 m zir até dez peças empilhadas, com ele-
ponsável pela construção do Hipó- de altura e 3,5 km de extensão. vada produtividade e poucos gastos
dromo da Gávea. Mas o uso dos pré-moldados no com o escoramento das fôrmas.
Segundo o engenheiro Augusto país intensificou-se apenas na década Inovação importante surgiu na se-
Carlos de Vasconcelos, em seu livro de 1950. No Estado de São Paulo, a gunda metade daquela década, com a
"O Concreto no Brasil: Pré-fabrica- Construtora Mauá utilizou a tecnolo- fábrica de pré-moldados de concreto
dos, Monumentos e Fundações", a gia na execução de diversos galpões in- protendido Protendit. As primeiras
obra bateu o recorde sul-americano dustriais. Os elementos eram produzi- peças fabricadas com a nova tecnologia
de produção de estacas pré-moldadas dos deitados, concretados uns sobre os pela empresa foram as estacas pré-
para fundações. Foram produzidos outros numa seqüência vertical. Logo moldadas de seção 15 cm x 15 cm e
mais de 8 km de peças com até 24 m que endurecia, a peça de concreto infe- quatro fios de protensão de 5 mm de
de comprimento. O Cimento Por- rior era coberta com papel parafinado e diâmetro. Com isso, era possível redu-
tland usado era o Aarlborg, importa- iria servir como fôrma de base para a zir brutalmente o consumo de material
e os custos de produção das peças, em
comparação com as então tradicionais
estacas maciças de 20 cm x 20 cm. A
cravação do novo produto mostrava-se
mais fácil, segundo empresas executo-
ras de fundações: a menor seção e a pré-
compressão tornavam o elemento mais
rígido para a propagação das ondas de
choque da cabeça da estaca à sua ponta.
Nas últimas três décadas, o desen-
volvimento de estruturas mistas este-
ve, para a engenheira Íria Licia Oliva
Doniak, diretora-executiva da Abcic
(Associação Brasileira da Construção
Industrializada de Concreto), entre os
principais avanços tecnológicos do
segmento. "Atualmente existem edifí-
cios no Brasil de até 20 andares utili-
Divulgação BPM

zando vigas protendidas pré-fabri-


cadas, lajes alveolares e pilares molda-
dos no local", afirma Íria.
Pré-moldados vencem grandes vãos e mais de 40 m de altura, mas o principal O desenvolvimento tecnológico
avanço tecnológico desse sistema foi o desenvolvimento de estruturas mistas não pára por aí. No País, as principais

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Ontem x hoje
1963 – Jogos Pan-americanos de São Paulo
As provas de boa parte das modalidades construiria metade dos blocos em estrutura
esportivas do Pan-1963 seriam disputadas no convencional, de concreto armado, e a
complexo poliesportivo da Universidade de Ribeiro Franco, a outra metade, em pré-
São Paulo, localizado na Cidade Universitária. moldados. No final da obra, um fato curioso:
O alojamento dos atletas ficaria do lado do os prédios em concreto armado ficaram
complexo, nos apartamentos do conjunto prontos antes dos pré-moldados, em função
residencial que a USP (Universidade de São das dificuldades técnicas enfrentadas pela
Paulo) já planejava construir para abrigar construtora com a nova tecnologia. Mas o
seus alunos de fora da capital. conjunto é ainda hoje conhecido como a
Para garantir a conclusão da construção do primeira obra residencial realizada em pré-
conjunto antes da Competição, o governo moldados no País.
estadual impôs pesadas multas às
construtoras que não cumprissem os prazos
estipulados em contrato. Uma das empresas

Imagens reproduzidas da revista AU 45


escolhidas para as obras, a Ribeiro Franco,
propôs a execução dos blocos de
apartamentos totalmente em estruturas pré-
moldadas reticuladas. Mas como as equipes
de engenharia envolvidas não tinham
experiência com a tecnologia, decidiu-se, por
precaução, dividir a obra: uma empresa

2007 – Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro


Mais de quatro décadas depois, as prazo – a cargo da Prefeitura do Rio de
construtoras já tinham conhecimento Janeiro, a execução do conjunto deveria
suficiente da execução de estruturas pré- ocorrer entre setembro de 2003 e maio
moldadas de concreto. E, com o de 2007. O segundo era econômico:
cronograma apertado, recorreram à a construção em concreto armado
tecnologia para a construção das demandaria um consumo brutal
principais estruturas do Pan-2007: o de fôrmas.
Velódromo, o Parque Aquático, a Arena As arquibancadas, originalmente
Multiuso e, a maior de todas, o Estádio concebidas como vigas contínuas, viraram
João Havelange. elementos pré-moldados independentes
Reportagem da Téchne no 123, de junho entre si. Com isso, mudou também o
de 2007, revelava que a estrutura do cálculo das vibrações e dos esforços
Engenhão, como também é conhecido o nesses elementos, que possibilitou a
estádio, havia sido originalmente redução do número de pórticos da
concebida em concreto armado moldado estrutura. A economia refletiu-se na
Marcelo Scandaroli

in loco. No entanto, os construtores redução das fundações do estádio e do


adaptaram-na para os pré-moldados em volume de concreto necessário para a
função de dois fatores. O primeiro deles, o produção da estrutura.

pesquisas relacionadas com a tecno- mento de lajes alveolares e ligações. Netpre. Segundo a engenheira, assim
logia estão em desenvolvimento no "O desempenho em relação a cisalha- como vem ocorrendo na Europa,
Netpre (Núcleo de Estudo e Tecnolo- mento e flexão de lajes alveolares tem existem perspectivas para a expansão
gia em Pré-Moldados de Concreto) correlação direta com o uso desses do mercado desse tipo de construção
da UFSCar (Universidade Federal de elementos em edifícios altos", afirma no Brasil.
São Carlos), principalmente no seg- Íria, da Abcic, entidade parceira do Renato Faria

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PRÉ-FABRICADOS – ESPECIAL 60 ANOS

Pilares pré-moldados compostos vencem 30 m de altura


Para viabilizar a construção de um galpão
de 40 m de altura com estruturas pré-
moldadas de concreto, os construtores do
Estaleiro Navship, em Navegantes (SC),
lançaram mão de um sofisticado sistema
de pilares compostos treliçados. No topo
desses elementos se apoiarão pontes
rolantes com capacidade de suportar
cargas de mais de 200 t. O Estaleiro
Navship, do grupo norte-americano
Edison Chouest Offshore, começou a
funcionar em 2006. Durante a primeira
fase de sua construção, iniciada em maio
do ano anterior pela construtora Stein e
pela BPM Pré-Moldados, foram erguidos

Divulgação BPM
nove pavilhões industriais. Desde então
já foram montados no estaleiro alguns
navios para transporte de insumos e
produtos entre plataformas petrolíferas solução em pré-moldados se mostrou mais O problema foi resolvido com um sistema
e bases portuárias. competitiva", afirma Nivaldo de Loyola de pilares compostos – duas colunas
Dentro dos pavilhões, são montados Richter, diretor da BPM Pré-Moldados. pré-moldadas paralelas ligadas por
grandes blocos que posteriormente serão O desafio, na obra, foi viabilizar a estrutura travamentos diagonais também pré-
unidos e formarão um novo navio. do galpão principal, de 40 m de altura e moldados –, que aumenta virtualmente
Durante a primeira fase de construção do 139 m de comprimento. Nos pilares, a a seção do pilar. Para resolver o mesmo
Navship, a etapa final de solidarização dos 30 m do piso, seriam apoiadas as vigas problema na direção do comprimento
blocos era realizada ao ar livre no de sustentação dos trilhos das pontes do galpão, os pares de pilares compostos
terreno. Esse "problema" foi solucionado rolantes. Como o carregamento nas pontes também se uniam por vigas horizontais
na segunda fase da construção do é dinâmico, a aceleração e a frenagem na pré-moldadas, contraventadas por um
estaleiro, de que a BPM também direção dos vãos poderiam gerar, no topo sistema metálico. Lá em cima, a tesoura
participou, em que estava prevista a das colunas, forças horizontais da ordem treliçada da cobertura, produzida com
execução de um grande galpão que de 10% da carga transportada. concreto auto-adensável de alto
abrigaria a montagem final dos navios. "A conseqüência é uma flexão nos pés dos desempenho, forma um conjunto
"Um pavilhão como esse normalmente seria pilares, da ordem de 600 t, que exigiu uma aporticado rígido, vencendo o vão de 38,3 m
construído em estrutura metálica, mas a solução criativa", explica Richter. entre as faces externas dos pilares.

Montagem rápida em fábrica na Grande São Paulo


Para reduzir a produção de resíduos no instalações. As duas centrais de
canteiro e obter maior velocidade na tratamento de efluentes – uma para o
produção da estrutura, as instalações da galpão e outra para os dois blocos –
nova sede da distribuidora de aços tratam a água utilizada e a conduzem
Açovisa, em Guarulhos (Grande São para um grande reservatório. O líquido
Paulo), foram executadas com elementos tratado é usado na lavagem dos pátios
de concreto pré-moldados. Segundo João e nos jardins da empresa.
Carlos Leonardi, diretor da Leonardi Pré- Segundo Claudio Rampazzo, arquiteto da
Fabricados, executora da estrutura, foram obra, foi possível construir a estrutura do
cerca de 5 mil m² de área construída, que galpão, de 46,5 m x 64,5 m, em apenas 30
Divulgação Leonardi

compreendiam um galpão e uma área dias. Descontados os dias de paralisação


administrativa em dois pavimentos. da obra causada pelas chuvas, as
No projeto, destaca-se o sistema de estruturas dos dois outros blocos foram
reaproveitamento da água das executadas em 25 dias.

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Envie artigo para: techne@pini.com.br.


O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).

ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


separadamente em JPG.

Resistência de lajes
alveolares pré-fabricadas
ao cisalhamento
as últimas décadas as lajes alveo- materiais componentes do concreto e
N lares protendidas se tornaram os
elementos pré-fabricados de maior
Marcelo A. Ferreira
Professor-adjunto – Departamento de
aço, traço e dosagem das misturas uti-
lizadas, desvio-padrão do concreto,
Engenharia Civil – Coordenador do
aplicação em todo o mundo. Entre- resistência de liberação 21,0 MPa para
Netpre-UFSCar (Núcleo de Estudo e
tanto, no Brasil ainda não existe uma desprotensão em 24 horas, resistência
Tecnologia em Pré-Moldados de Concreto)
normalização específica que oriente a à tração, módulo de elasticidade do
netpre@ufscar.br
padronização de projeto ou mesmo concreto, controle dimensional em
que estabeleça os critérios necessários Neiton S. Fernandes relação às tolerâncias estabelecidas
de desempenho para a realização de Mestre em Eng. Civil – Pós-Graduação em norma, relatório de alongamento
ensaios de controle de qualidade, vi- em Construção Civil – Netpre-UFSCar dos cabos, acompanhamento da cur-
sando a certificação desse produto. va de cura a vapor compatível com as
Roberto Chust Carvalho
Neste artigo é apresentado o pro- recomendações para elevação grada-
Professor-associado – Departamento
cedimento padronizado de ensaio ao tiva de temperatura, período constan-
de Engenharia Civil – Vice-Coordenador
cisalhamento para lajes alveolares pré- te e resfriamento.
do Netpre-UFSCar
fabricadas de concreto protendido, se- Finalmente, é apresentada uma
guindo as recomendações da FIB Altibano Ortenzi análise dos resultados encontrados com
(CEB-FIP) e da norma EN 1168/2005. Mestre em Eng. Civil – Pós-Graduação algumas considerações dos autores.
São descritos de forma resumida os em Construção Civil – Netpre-UFSCar
procedimentos de ensaio, sendo tam- Introdução
Íria L. O. Doniak
bém apresentadas algumas considera- A normalização em relação aos ele-
Engenheira civil, diretora-executiva
ções sobre os critérios de projeto e de mentos estruturais pré-moldados foi
da Abcic (Associação Brasileira da
aceitabilidade em relação à produção. recentemente revisada, tendo como
Construção Industrializada de Concreto)
Para verificar a aplicação desse principais aspectos: adequação à NBR
método de ensaio no Brasil, realizou- Luís O. B. Livi 6118/2003 e à NBR 9062/2006, durabi-
se um estudo experimental que envol- Engenheiro civil – gerente de projetos – lidade, estrutura em serviço, estabili-
veu pesquisas de pós-graduação de- Cassol Pré-Fabricados dade global da edificação, controle de
senvolvidas no Netpre-UFSCar (Nú- qualidade, segurança e economia. En-
cleo de Estudos e Tecnologia em Pré- tretanto, no Brasil ainda não existe
moldados de Concreto da Universida- experimentais são comparados com uma normalização específica para lajes
de Federal de São Carlos) em conjunto critérios de cálculo de acordo com a alveolares que oriente a padronização
com a Cassol Pré-fabricados, pelo NBR 6118/2003 e EN 1168/2005. de projeto ou mesmo que estabeleça os
convênio entre a UFScar e a Abcic (As- Cabe salientar a importância da iden- critérios necessários de desempenho
sociação Brasileira da Construção In- tificação e rastreabilidade do produto para a realização de ensaios de contro-
dustrializada de Concreto). Foram que possibilitou a recuperação de le de qualidade, necessários para a cer-
realizados ensaios em elementos de todos os dados obtidos nas inspeções tificação desse produto.
lajes sem capa, com capa e com preen- e ensaios durante a produção: Quali- De acordo com a literatura técnica
chimento de alvéolos. Os resultados ficação e análise de desempenho dos internacional, as lajes alveolares po-

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artigo132.qxd 5/3/2008 11:58 Page 59

dem apresentar diferentes mecanismos razão, nem sempre os mecanismos re- nesses critérios, a resistência ao cisa-
de ruptura: a) falha por perda da anco- sistentes críticos presentes nas lajes de lhamento de projeto VRd pode ser obti-
ragem; b) falha por cisalhamento (ten- maior altura serão compatíveis às si- da pela equação 1.
são no ponto crítico da nervura supe- tuações de projeto encontradas no
rior à resistência de tração do concre- Brasil. Sendo assim, a realização de en- τRd = [τRd . k . (1,2 + 40 . ρt) + 0,15 .
to); c) falha por cisalhamento em re- saios desse tipo de laje no Brasil é de σcp]. bw . d Eq. (1)
gião fissurada (com efeito combinado grande importância para que se ganhe
de cisalhamento, flexão e escorrega- um melhor entendimento do funcio- Onde:
mento); d) falha por cisalhamento namento, que por sua vez também τRd = 0,25 fctd,inf
combinado com torção (em peças que permite o aprimoramento de projeto. fctd = fctk, inf/γc – (com γc = 1,0)
não são planas); e) falha por flexão Neste artigo é apresentado o pro- ρ = As1 / bw * d
(ELU), com possibilidade de escorrega- cedimento padronizado de ensaio ao σcp = Nsd/Ac, calc
mento da armadura ativa próximo à cisalhamento para lajes alveolares pré- k = coeficiente com os seguintes valores:
ruptura; f) falha por interação dos me- fabricadas de concreto protendido, se-  para elementos em que 50% da ar-
canismos de flexão e cisalhamento (em guindo as recomendações do "Manual madura inferior não chega ao apoio:
peças curtas com carregamentos altos). para Projeto de Lajes Alveolares" da k=|1|;
Segundo várias pesquisas ao longo FIB (2000) e da norma EN 1168/2005.  para os demais casos: k = |1,6 – d|
do mundo, o principal parâmetro a ser São descritos de forma resumida os (não menor que 1), com d em metros;
considerado no projeto das lajes alveo- procedimentos de ensaio, sendo tam- As1 é a área da armadura de tração que
lares protendidas é a resistência à tra- bém apresentadas algumas considera- se estende até não menos que d + Lb,nec
ção do concreto, principalmente pelo ções sobre os critérios de projeto e de além da seção considerada;
fato de que a mesma é considerada no aceitabilidade em relação à produção. bw é a largura mínima da seção ao
cálculo da resistência ao cisalhamento, longo da altura útil d (Lpacp – número
onde a armadura transversal é dispen- Modelo teórico de alvéolos x diâmetro dos alvéolos);
sada. Segundo o "Manual de Qualida- A resistência ao cisalhamento de d = altura útil (hlaje – d');
de para Lajes Alveolares" da FIP lajes alveolares pode ser governada Nsd = força longitudinal na seção devi-
(1992), a resistência à tração efetiva do por dois mecanismos básicos: a) da à protensão;
concreto em uma laje alveolar é alta- quando a força de cisalhamento pró- γc = 1,0 não sendo considerado no cál-
mente dependente da forma geomé- xima ao apoio produz uma tensão culo, nesse caso;
trica dos alvéolos, do traço de concre- principal de tração em um ponto crí- Ac,calc = área calculada de concreto nos
to e do método de produção. tico da nervura entre os alvéolos, ex- painéis de laje alveolares.
Em geral essas lajes possuem cedendo a resistência de tração do
capas de concreto acima de 5 cm para concreto; b) quando a tensão de tra- Para a análise dos resultados expe-
formar uma seção composta visando ção produzida por cisalhamento é rimentais, foram calculados os valores
o aumento da capacidade da resistên- combinada com outras tensões de tra- teóricos da resistência ao cisalhamen-
cia à flexão. Por outro lado, desde que ção no concreto, como, por exemplo, to característica VRk, sem considerar os
seja garantida a aderência entre a as tensões de tração causadas pela in- coeficientes de segurança, os quais
capa e a superfície da laje junto ao trodução da força de protensão na re- foram comparados com os resultados
apoio, essa capa pode contribuir para gião de transferência e/ou por tensões obtidos para as resistências de ruptura
o aumento da capacidade da resistên- de tração causadas pela presença médias nos ensaios Vu,exp, sendo que
cia ao cisalhamento. combinada de flexão. este último deve superar a resistência
Para as situações correntes de pro- Para levar em conta a resistência ao característica. Por sua vez, o coeficien-
jeto no Brasil as lajes alveolares mais cisalhamento em regiões afetadas por te de segurança efetivo pode ser obtido
utilizadas são as de 150 mm e 200 mm fissuras de flexão, o cálculo pode ser pela relação entre a resistência experi-
de altura, enquanto que na Europa e feito de acordo com prescrições da mental e a máxima força de cisalha-
nos Estados Unidos são comuns as NBR 6118/2003, as quais estão de mento de serviço VS,max, dada por:
aplicações de lajes alveolares entre acordo com recomendações da FIB
265 mm e 500 mm de altura. Por essa (CEB-FIP) e EN 1168/2005. Com base l = Vu,exp / VS,max Eq. (2)

59
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ARTIGO

Avaliação dos Resultados


a = 2,5 h Experimentais
P Na figura 3 estão apresentados os
10 cm resultados experimentais para os va-
lores de reação de apoio versus o des-
h
locamento no ponto de aplicação do
R L=4m carregamento para os ensaios das
lajes sem capa, lajes com capa (com
tela e com fibras metálicas) e com
preenchimento dos alvéolos (dois e
Figura 1 – a) Arranjo do ensaio de cisalhamento padronizado pela norma EN-1168; quatro alvéolos, respectivamente).
b) ensaio de laje alveolar realizado na Europa Na figura 4 estão apresentadas confi-
gurações de fissuração de cisalha-
mento no apoio da laje e em uma
nervura típica.
Na tabela 1 estão apresentados
os resultados médios dos ensaios
para cada um dos grupos de lajes,
sem e com capa, com dois ou quatro
Fotos: Equipe Netpre/Cassol

alvéolos preenchidos. A tabela tam-


bém apresenta a comparação com
os valores de cálculo de acordo com
a NBR 6118:2003. Para o cálculo
teórico, considerou-se para a data
Figura 2 – Ensaio de cisalhamento em lajes alveolares na Cassol – fábrica de
do ensaio a resistência de compres-
Araucária (PR)
são do concreto das lajes igual a fcj =
40 MPa, a resistência da capa igual a
Ensaio de cisalhamento segundo a Com o objetivo de verificar a via- fcj = 25 MPa. A resistência à tração
EN 1168/2005 bilidade de aplicação no Brasil do do concreto das lajes, obtida de
A eficiência do projeto de lajes al- procedimento recomendado pela FIB acordo com a NB-1, foi de fctm = 3,5
veolares pré-moldadas de concreto (CEB-FIP) realizou-se um trabalho MPa. O aço de protensão utilizado é
pode ser avaliada por meio de ensaios de parceria tecnológica que envolveu o da categoria CP190RB, sendo
de elementos de lajes (ensaios para pesquisas de pós-graduação desen- cinco cordoalhas de Ø = 1/2". Con-
controle da qualidade, ensaios de volvidas no Netpre-UFScar, onde siderou-se uma perda de cerca de
prova de carga para verificação de foram ensaiados ao cisalhamento 10% para a tensão de protensão na
projeto e ensaios de pesquisa e desen- cinco grupos de lajes alveolares, data dos ensaios.
volvimento). O ensaio de cisalhamen- sendo: a) lajes sem capa; b) lajes com Conforme pode ser observado,
to permite, além de avaliar a resistên- capa de concreto com tela soldada; c) no caso das lajes sem capa a resistên-
cia ao cisalhamento da laje alveolar, lajes com capa de concreto com fibras cia experimental ficou um pouco
avaliar indiretamente a resistência à metálicas; d) lajes sem capa com dois acima da capacidade máxima esti-
tração do concreto e a ancoragem. alvéolos preenchidos; e) lajes com mada (sem os coeficientes de ponde-
Para que se consiga um efeito des- quatro alvéolos preenchidos. Na figu- ração), indicando uma boa consis-
favorável da flexão sobre o mecanis- ra 2 é apresentada uma ilustração de tência para o modelo teórico adota-
mo de resistência ao cisalhamento, o um dos ensaios realizados na fábrica do. Em ambos os casos para as lajes
ensaio de apoio padronizado reco- da Cassol em Araucária, no Paraná. com capa (com tela e com fibra me-
mendado pelo manual da FIP (1992) Vários quesitos preliminares são tálica), os resultados experimentais
e a norma EN 1168/2005 estabelecem requeridos antes de iniciar os ensaios estiveram bem acima dos valores es-
que a carga sobre a laje seja aplicada a propriamente ditos. Tais quesitos timados. Todavia, nos casos das lajes
uma distância de 2,5 h (sendo h a al- dizem respeito ao controle de qualida- sem capa com preenchimento de al-
tura da laje) do apoio mais solicitado, de dos materiais que irão compor o véolos, os resultados experimentais
cujo arranjo de ensaio está ilustrado produto acabado, bem como os pro- indicaram que a resistência ao cisa-
na figura 1. O comprimento da laje cessos de fabricação dos elementos. Os lhamento não aumentou proporcio-
deve ser igual ao maior dos valores de procedimentos adotados nos ensaios nalmente ao aumento da área de
4 m ou 15 h. A velocidade do carrega- estão apresentados detalhadamente preenchimento dos alvéolos. Outros
mento deve ser controlada de acordo na dissertação de mestrado recém- comentários são apresentados nas
com o procedimento padronizado. concluída em Fernandes (2007). considerações finais.

60 TÉCHNE 132 | MARÇO DE 2008


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b) Reação de apoio em laje c) Reação de apoio em laje


sem capa com capa e tela soldada
160 200
140 Laje sem capa

Reação no apoio (kN)

Reação no apoio (kN)


160
120
a) Arranjo do ensaio de reação 100 120
de apoio 80
60 80
a = 2,5 h 40 Peça 5: Laje com capa + tela
40
20 cisalhamento + torção
P 0 0
10 cm 4 8 12 16 20 24 4 8 12 16 20 24
Deslocamento médio (mm) Deslocamento médio (mm)
h
Peça 01 Peça 02 Peça 03 Peça 01 Peça 02 Peça 03
R L=4m Peça 04 Peça 05 Peça 04 Peça 05

d) Reação de apoio em laje e) Reação de apoio em laje f) Reação de apoio em laje


com capa e fibras metálicas com capa e tela soldada com capa e fibras metálicas
240 240 240
Laje com capa + fibra 2 alvéolos preenchidos 4 alvéolos preenchidos
Reação no apoio (kN)

Reação no apoio (kN)

Reação no apoio (kN)


200 200 200
160 160 160
120 120 120
80 80 80
40 40 40
0 0 0
4 8 12 16 20 24 4 8 12 16 20 24 4 8 12 16 20 24
Deslocamento médio (mm) Deslocamento médio (mm) Deslocamento médio (mm)
Peça 01 Peça 02 Peça 03 Peça 01 Peça 01 Peça 02 Peça 01 Peça 01 Peça 02
Peça 04 Peça 05 Peça 02 Peça 03 Peça 03 Peça 02 Peça 03 Peça 03

Figura 3 – Resistências experimentais nos apoios das lajes ensaiadas

Considerações finais No caso das lajes sem capa, os re-


Pelo estudo técnico desenvolvido sultados experimentais foram supe-
pelo Netpre (UFSCar) em parceria riores à resistência última estimada,
com a Cassol verificou-se que o pro- com exceção em um modelo que
cedimento para ensaio de cisalha- rompeu por mecanismo combinado
mento recomendado pela norma EN de cisalhamento e torção. Para evitar
1168/2005 para avaliação de lajes al- esse efeito, nos demais ensaios utili-
veolares pode ser reproduzido em fá- zou-se um dispositivo de apoio em
bricas de pré-moldados no Brasil. uma das extremidades que permite
Devido ao arranjo utilizado para os rotações devido à deflexão da laje e
Figura 4 – Mecanismos de ruptura por
ensaios realizados, com a carga aplicada rotações em torno do eixo da laje.
cisalhamento em apoios de lajes alveolares
a uma distância do apoio igual a 2,5 h, Nos casos das lajes com capa
tem-se um mecanismo de resistência ao (com tela e com fibra metálica), ob-
cisalhamento em zona com possibilida- serva-se que os resultados experi- tensão principal de tração na nervura
de de fissuras de flexão. Sendo assim, a mentais foram bem superiores aos excedeu à resistência de tração do
partir da comparação dos resultados valores estimados teoricamente. concreto. Entretanto, observa-se que
experimentais com o cálculo teórico, Acredita-se que esse fato se deve à se por um lado o limite de resistência
verificou-se boa consistência com os mudança de mecanismo graças ao tenha aumentado, tem-se uma dimi-
critérios de cálculo estabelecidos pela aumento da altura da laje, ficando nuição da ductilidade.
EN 1168:2005, que nesse caso são coin- mais próximo ao mecanismo de rup- Pela comparação dos resultados
cidentes com a NBR 6118/2003. tura por cisalhamento puro onde a experimentais com os valores teóricos

61
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ARTIGO

Tabela 1 – COMPARATIVO ENTRE VALORES TEÓRICOS E OS OBTIDOS NOS ENSAIOS


DE CISALHAMENTO
LEIA MAIS
Descrição Vu,exp VRk VRd VS,max λ
(kN) (kN) (kN) (kN) NBR 9062:2006 – Projeto e
sem capa 118,01 102,9 81,95 58,54 2,02 Execução de Estruturas de
Concreto Pré-moldado. Rio de
Janeiro. ABNT (Associação Brasileira
capa e tela 160,21 113,65 88,73 63,38 2,53 de Normas Técnicas), 2007.
EN 1168:2005 – Precast Concrete
Products – Hollow Core Slabs.
Brussels. CEN (Comité Européen de
capa com fibras 197,25 113,65 88,73 63,38 3,11 Normalisation), 2005.
Guide to Good Practice: Quality
Assurance of Hollow Core Slab.
London. FIP (Fedération
dois alvéolos preenchidos 166,16 173,74 137,3 97,86 1,70 Internationale de la
Précontrainte), 1992.
Guide to Good Practice: Special
quatro alvéolos preenchidos 175,18 238,87 186,98 133,56 1,31 Design Considerations for Precast
Prestressed Hollow Core Floors.
FIB (Fedération Internationale du
Béton), (CEB-FIB), Lausanne, 2000.
Vu.exp – média de ruptura por cisalhamento nos ensaios; VRk – resistência Cisalhamento em Lajes Alveolares
característica ao cisalhamento; VRd – resistência ao cisalhamento de projeto; VS,max – Pré-Fabricadas de Concreto
cisalhamento máximo de serviço; λ = Vu,exp / VS,max Protendido: Ensaio de Apoio
Padrão para Controle de
das resistências estimadas para os texto, do ponto de vista do controle da Qualidade. N.S. Fernandes.
casos das lajes com preenchimento qualidade, tem-se que a resistência de Dissertação de Mestrado. UFSCar
dos alvéolos observa-se que as resis- tração do concreto é um dos parâme- (Universidade Federal de São Carlos)
tências experimentais ficaram abaixo tros mais importantes a serem contro- São Paulo. 2007.
dos valores estimados. Nos casos dos lados, pois a mesma influencia tanto
preenchimentos de dois e quatro al- na resistência ao cisalhamento quanto
véolos, ainda permaneceram nervu- na eficiência da ancoragem.
ras com a espessura original, o que Além de validar o sistema de en-
pode ter atuado como um elo fraco na saio do fabricante parceiro neste tra-
laje. Novos estudos estão sendo reali- balho e atestar a conformidade do
zados pelo Netpre para melhor com- produto em relação ao cisalhamento,
preender esses efeitos. O que se pode parâmetro ora concluído, em relação
dizer até o momento é que os resulta- às normas nacionais e internacionais,
dos de ensaios demonstraram que a a contribuição para os projetistas en-
resistência não aumentou proporcio- volvidos nesse processo, pretende-se
nalmente ao aumento da seção de que o trabalho venha contribuir para
concreto, pelo preenchimento de al- o projeto da Abcic no desenvolvimen-
véolos, para os casos de lajes sem capa. to da Certificação de Produto, uma
Finalmente, observa-se que a resis- vez que o Selo de Excelência que ates-
tência considerada no cálculo teórico é ta os processos das plantas de produ-
referente a uma tensão crítica localiza- ção incluindo avaliação de obras já é
da em uma região abaixo do ponto da uma realidade consagrada no setor. O
tensão principal de tração na nervura, próximo passo será a revisão da
onde existe uma interação entre a ten- norma brasileira de lajes alveolares.
são de tração no concreto devido ao ci- Além do cisalhamento, foram
salhamento com a tensão de tração de- realizados também ensaios de fle-
vido à protensão. Sendo assim, a quali- xão, cujos resultados estão sendo
dade da ancoragem é um fator muito analisados, e as conclusões serão ob-
importante a fim de se evitar a ocor- jeto de matéria em próximas edições
rência de rupturas frágeis. Nesse con- desta revista.

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PRODUTOS & TÉCNICAS


ACABAMENTOS

PAINEL LAMINADO
VERNIZ ACRÍLICO A Pertech, fabricante de
Vedacil Max, da Vedacit, verniz laminados decorativos de alta
acrílico de proteção para pressão, lança o Pertech
superfícies internas e externas, Exterior. Trata-se de um painel
pode ser aplicado, segundo o compacto, de alta resistência,
fabricante, até mesmo em com grande variedade de
ambientes agressivos, como padrões e modulações. Sua
aqueles submetidos à atmosfera aplicação pode ser feita em
marítima. Seu campo de fachadas de prédios comerciais
aplicação se estende dos pisos e residenciais, é antipichação e
às fachadas, em superfícies tem garantia de 15 anos.
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naturais, entre outros. www.pertech.com.br
Vedacit/Otto Baumgart
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ACABAMENTOS CANTEIRO DE OBRA

ADITIVO
MASSA CIMENTÍCIA Avacal é um aditivo líquido à
A massa cimentícia Brasimassa, base de água para substituição
da Brasilit, é adequada para da cal em argamassas para
tratamento de juntas de placas revestimentos e assentamento
de drywall. O consumo estimado de tijolos. Produzido pela Avaré
do produto varia, segundo o Concretos o produto possibilita
fabricante, entre 350 g e 400 g em alguns casos a eliminação do
por metro de juntas. chapisco e proporciona
Brasilit impermeabilidade e resistência
0800-116299 ao desgaste mecânico e aos
www.brasilit.com.br choques.
Avaré Concretos Ltda.
(14) 3732-1024
www.avareconcretos.com.br

64
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COBERTURA, CONCRETO E ESTRUTURAS E INSTALAÇÕES


IMPERMEABILIZAÇÃO COMPONENTES PARA PEÇAS METÁLICAS COMPLEMNTARES
E ISOLAMENTO A ESTRUTURA E EXTERIORES

PARAFUSOS
O parafuso para aglomerado
Fixtil é indicado para montagens AR-CONDICIONADO
de móveis em geral, O aparelho de ar-condicionado
especialmente para uso em Vertu, da Midea, possui funções
ESPUMA ESTRIBOS
aglomerados. O produto de autolimpeza para eliminação
Além de preencher espaços, A Flexfer está lançando no
está disponível no mercado de bactérias e filtros que
a Espuma de Poliuretano da mercado os blocos de fundação
com dois tipos de cabeça – procuram melhorar a qualidade
Fischer Brasil age como um contínuos Blocoflex. Segundo o
chata e panela, com fenda do ar no ambiente. Conta com
selador ou isolante em torno fabricante, o sistema gera uma
Phillips. Ambos possuem a função "siga-me" que controla
de janelas, portas e caixilhos. economia de até 93% nas
acabamento bicromatizado. a temperatura do ar de acordo
O produto adere à maioria dos armações de blocos de
Fixtil com a posição do controle
tipos de materiais base, como fundação. Análises técnicas
(11) 5034-1436 remoto que vem em português.
concreto, reboco, tijolo, madeira feitas pelo fabricante constatam
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e diversos tipos de materiais a adequação à NBR 6118.
e quente/frio.
plásticos. Flexfer
Midea
Fischer Brasil (47) 3436-3255
0800-6481005
(11) 3048-8606 www.flexfer.com.br
www.mideadobrasil.com.br
www.fischerbrasil.com.br

65
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PRODUTOS & TÉCNICAS


INSTALAÇÕES INSTALAÇÕES INSTALAÇÕES JANELAS, PORTAS
COMPLEMENTARES ELÉTRICAS E HIDRÁULICAS E VIDROS
E EXTERIORES TELECOMUNICAÇÕES

BANHEIRA
PULSADOR A Série Veranda da Roca conta
O pulsador a reversão Bticino QUADRO DE com a Banheira com Sistema de ESQUADRIAS DE PVC
DISTRIBUIÇÃO Hidromassagem Ar e Água. Com As portas e janelas EuroPVC
controla o acionamento de
O Simbox XF é o novo quadro de dimensões de 1,90 m x 1,10 m, Kömmerling são apropriadas às
toldos elétricos, telões e
distribuição fabricado pela o produto possui controle casas de veraneio, pois são
persianas. Segundo o
Siemens. Produzido em remoto que comanda diferentes produzidas, segundo a
fabricante, é adequado para
termoplástico, material que não tipos de massagem. fabricante, com matéria-prima
utilização em salas, auditórios,
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escritórios, fachadas comerciais,
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hotéis e ambientes hospitalares.
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pode ser encontrado em 12, 18, maior conforto aos ambientes.
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66
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MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS MADEIRAS, PLÁSTICOS


E MELAMÍNICOS

PISTOLA DE FIXAÇÃO
A pistola DX 36M, da Hilti,
é um sistema de fixação à
pólvora para concreto e aço. MADEIRA
BALANCINS A ferramenta semi-automática Já está no mercado brasileiro a
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plataformas com tamanhos e regulagem de potências. (Madeira Seca e Uniforme)
de 2 m a 8 m de comprimento, A pistola tem silenciador integrado. serrada. O produto é
NIVELAMENTO guarda-corpo de 1,20 m e Hilti comercializado em medidas-
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da Laser Center do Brasil, possui antiderrapante em alumínio. www.hilti.com.br comprimento e diferentes
nivelamento completamente Possui ainda motores de 1,5 cv alternativas de largura e
automático na horizontal e na com destravamento manual espessura. O Masisa MSU é
vertical, possível por meio de e redutores com carcaça certificado pelo selo FSC (Forest
motores niveladores. O produto em alumínio. Stewardship Council).
ainda pode ser manuseado Baram Equipamentos Masisa
a distância, por meio de (51) 3033-3133 (41) 3219-1850
controle remoto. www.baram.com.br www.masisa.com.br
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PRODUTOS ESPECIAIS

LUBRIFICANTE
A Starrett relança o Micro-óleo
anticorrosivo M1, que teve sua ANTIDERRAPANTE
embalagem aerossol modificada. Para evitar quedas e outros
O M1 produz uma micropelícula acidentes em pisos molhados, a
à prova de ar, que Tetraquímica disponibiliza o
simultaneamente seca e antiderrapante Heritage,
protege, evitando sujeira e fabricado pela Johnson Espanha.
encardimentos que outros O produto torna o piso
lubrificantes úmidos antiderrapante e é direcionado a
normalmente atraem. M1 atua todos os tipos de pisos, como
efetivamente sobre sujeira granito, cerâmica esmaltada,
concentrada, removendo-a na revestimento vítreo, mosaico,
limpeza dos metais. porcelanato e mármores.
Starrett Tetraquímica
0800-7021411 (11) 3255-3044
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67
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PRODUTOS & TÉCNICAS


PROJETOS E SERVIÇOS VEDAÇÕES, PAREDES
TÉCNICOS E DIVISÓRIAS

PAINÉIS COMPOSTOS
Os painéis Isojoint Wall Pur são
constituídos de núcleo de
SOFTWARE
poliuretano ou poliisocianurato
O Cypecad, da Multiplus, é um
de alta densidade e revestidos
software para elaboração de
com chapa de aço pré-pintado.
projetos de estruturas em
Possuem sistema de fixação com
concreto. O produto abrange,
parafuso escondido, ideal,
segundo o fabricante, todas as
segundo a fabricante, para
etapas do projeto: modelo 3D da
aplicação em fachadas e
estrutura, carregamentos e
fechamentos laterais industriais.
combinações, análise estrutural,
Isoeste
dimensionamento do concreto e
(62) 4015-1122
das armaduras, pranchas
www.isoeste.com.br
completas, quantitativos e
memorial de cálculo.
Multiplus
(11) 3222-1755
www.multiplus.com

68
p&t132.qxd 5/3/2008 11:54 Page 69
obra aberta-132.qxd 5/3/2008 11:55 Page 70

OBRA ABERTA
Livros

Introdução à Coordenação OCA – Arquitetura no Guia de Suprimentos Manual de Escopo de


Modular da Construção no Brasil – Casas Industriais Projetos e Serviços de
Brasil: Uma Abordagem Edição: Élio Gomes de Sá e 2.192 páginas Arquitetura de Infra-
Atualizada Mário Sérgio Garcia Ferramentas Gerais Estrutura Esportiva
Hélio Adão Greven e Alexandra 469 páginas Fone: 0800-7070567 Abriesp (Associação Brasileira
Staudt Follmann Baldauf Victoria Books www.fg.com.br da Indústria do Esporte)
72 páginas Fone: (11) 5052-3545 Voltado para os segmentos de 60 páginas
Coleção Habitare Antac www.victoriabooks.com.br manutenção, reparo e Manuais de Escopo de
www.habitare.org.br Ao remeter ao vocábulo "oca", operação, o Guia é uma Projetos e Serviços
O nono volume da coleção que em tupi-guarani significa produção da Ferramentas www.manuaisdeescopo.com.br
Habitare Antac (Associação casa, o título tem uma Gerais, empresa que A união de várias entidades
Nacional de Tecnologia do proposta de simplicidade que comercializa ferramentas, representativas do setor
Ambiente Construído) alerta destoa do restante do livro. máquinas e equipamentos. implicou o surgimento desses
para a necessidade de São apresentadas 70 São apresentados cerca de manuais que estabelecem
racionalizar a construção civil residências, de todas as 120 mil itens, classificados em relações técnicas e
por meio da norma de regiões do País, que retratam 23 linhas de produtos que contratuais entre os
coordenação modular, de modo o estilo de moradia da elite contemplam desde pregos e intervenientes da cadeia
a reduzir os atuais problemas brasileira. De acordo com o parafusos até máquinas produtiva. Por estarem
dimensionais dos componentes material de lançamento, são injetoras de plástico e disponíveis em meio
construtivos. O livro pretende casas para viver e sonhar, usinagem. Traz fotos, tabelas, eletrônico, são sempre
incentivar a revisão da teoria da construídas em vários estilos desenhos, especificações atualizados e acrescidos de
coordenação modular, e em pontos geográficos técnicas e aplicabilidade. novos títulos. A estrutura dos
priorizando um sistema de diversos. A publicação visa A princípio, a obra será manuais implica a divisão do
medidas que ordenaria a mapear a arquitetura nacional, comercializada nas unidades projeto em seis fases:
fabricação dos componentes, abrangendo tendências de da Ferramentas Gerais e, concepção; definição;
projeto, execução e materiais e de soluções posteriormente, em livrarias. identificação e solução de
manutenção. A obra contempla, inovadoras. Estão presentes A intenção da empresa é interfaces de produtos;
dentre outros tópicos, projetos de arquitetos como tornar da publicação uma detalhamento de projetos;
instrumentos, sistemas de Marcio Kogan, Joan Villà e referência para a indústria, pós-entrega de projetos e
referência e orientações sobre o Indio da Costa. o setor de serviços e demais pós-entrega da obra. Aborda
projeto modular, remetendo ao profissionais, reunindo as soluções preliminares de
aumento da produtividade e à informações necessárias para implantação, layout de
redução dos desperdícios possibilitar a escolha da equipamentos, especificação
e perdas. melhor solução de negócio. de acessórios, seleção de
serviços de terceiros,
entre outros.

70 TÉCHNE 132 | MARÇO DE 2008


obra aberta-132.qxd 5/3/2008 11:55 Page 71

Software Sites

Desenho Universal – DCE 4.0 Eternit Sistrel – Lajes e


Métodos e Técnicas para Prysmian Cabos e Sistemas Fone: (11) 3038-3838 Pré-fabricados
Arquitetos e Urbanistas Fone: (11) 4998-4000 sac@eternit.com.br Fone: (11) 4446-6562
Silvana Cambiaghi www.prysmian.com.br www.eternit.com.br atendimento@sistrel.com.br
269 páginas Braço da Pirelli no segmento A seção "Serviços", novidade www.sistrel.com.br
Editora Senac São Paulo de cabos e sistemas de da reformulação do site da Reformulado, o site da
Fone: (11) 2187-4450 energia, a Prysmian Eternit, permite a divulgação empresa fabricante de
www.editorasenacsp.com.br desenvolveu e disponibiliza de cursos, treinamentos e elementos pré-moldados em
O objetivo dessa publicação é online o software DCE 4.0 palestras promovidos pela concreto traz novas
conscientizar arquitetos e para dimensionamento de companhia. Na página inicial, funcionalidades, como um
urbanistas quanto à circuitos elétricos. Destinado há novidades do setor e dicas espaço maior para notícias
possibilidade de tornar ao projeto de circuitos de execução. Há também um diárias do setor da construção
construções e cidades mais elétricos de baixa e média canal para relacionamento civil, a possibilidade de o
acessíveis a qualquer pessoa. tensão, a quarta versão do direto com os investidores, visitante assinar a newsletter
A partir de exemplos práticos, programa atua como uma com informações financeiras com novidades da empresa e
discute as possibilidades de ferramenta de apoio, aos acionistas, atas o Sistrelino, um mascote que
projetar a partir dos realizando cálculos a partir e comunicados, dá dicas sobre os produtos e
princípios da acessibilidade, de dados informados pelos apresentações e a declaração ajuda a resolver dúvidas.
que, segundo ela, têm projetistas. Assim, ajuda a de responsabilidade Os produtos oferecidos pela
como partida os dados determinar a seção de cabos socioambiental da empresa. Sistrel são divididos por
antropométricos. Projetos em circuitos de distribuição Na barra superior há um link categoria: protensão, lajes,
baseados nesses conceitos ou terminais, além de poder para os produtos oferecidos e locação, estrutura e corte e
atendem às necessidades ser aplicado para circuitos ferramentas disponibilizadas. dobra. Contam com descrição
funcionais do maior número com motores para verificar O site também possibilita a e, em sua maioria, fotos.
de pessoas, como idosos, se o cabo suporta as consulta dos pontos de venda Há, ainda um painel com
deficientes físicos e pessoas condições de partida. da empresa. respostas para as dúvidas
das mais diversas estaturas. O download pode ser feito mais freqüentes sobre os
O livro aborda temas gratuitamente por meio do produtos da empresa.
pertinentes ao ensino do site www.prysmian.com.br
desenho universal no Brasil e
no Mundo e tem o intuito de
levar à reflexão dos
profissionais a reconstrução
dos espaços.
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(nas demais cidades) www.LojaPINI.com.br

71
obra aberta-132.qxd 5/3/2008 11:55 Page 72
obra aberta-132.qxd 5/3/2008 11:55 Page 73
agenda.qxd 5/3/2008 11:30 Page 74

AGENDA
Seminários e 23 a 25/5/2008 info@nuernbergmesse.de
São Paulo www.ahkbrasil.com /
conferências O fórum fomentará a discussão sobre a www.nuernbergmesse.de
CIB – International Conference on construção sustentável por meio de
Megatrends in Building and conceitos de arquitetura fundamentais e Light + Building
Construction 2008 complexos, a aplicação de materiais, 6/4 a 11/4/2008
2/4/2008 tecnologias e soluções construtivas. Frankfurt (Alemanha)
São Paulo Haverá análises de casos, A feira reúne temas que intercalam design
A Conferência reunirá especialistas com regulamentações e tendências de da construção, iluminação, eletrotecnologia
renome internacional de diversos países mercado nacionais e internacionais para a e automação de casas e edifícios.
especializados em diferentes áreas para sustentabilidade na construção. www.light-building.messefrankfurt.com
apresentar e discutir os grandes desafios da E-mail: ecobuilding2008@anabbrasil
indústria da construção no futuro próximo. www.anabbrasil.org/ecobuilding2008 16a Feicon Batimat – Feira
E-mail: john@poli.usp.br Internacional da Indústria da
Fone: (11) 8199-9539 Conaend & IEV 2008 Construção
9 a 12/6/2008 8 a 12/4/2008
Citaes – Congresso Internacional São Paulo São Paulo
Tecnologias Aplicadas para O XXVI Conaend (Congresso Nacional de O evento apresentará novidades em
Engenharia e Arquitetura Sustentáveis Ensaios Não Destrutivos e Inspeção) e a IEV alvenaria e cobertura, esquadrias,
8 a 11/4/2008 (Conferencia Internacional sobre Evaluación instalações elétricas, hidráulicas,
Olinda de Integridad y Extensión de Vida de sanitárias, equipamentos elétricos,
O evento, bienal, é um fórum único para a Equipos Industriales) têm o objetivo de dispositivos, condutores, fios, cabos e
exposição de tecnologias da arquitetura e promover o intercâmbio técnico e a troca de tendências do mercado.
da engenharia sustentáveis com o objetivo experiências entre os participantes. Outro Fone: (11) 6914-9087
de estimular as inovações tecnológicas do ponto é gerar informação e conhecimentos E-mail: info@alcantara.com.br
setor e erguer um fundamento para a técnicos e científicos na área de Integridade www.feicon.com.br
indústria da sustentabilidade na construção. Estrutural de Equipamentos, além de
Fone: (81) 3463-0206 contribuir com o relacionamento e a troca Expolux – Feira Internacional da
www.citaes.com.br de experiências entre as comunidades Indústria da Iluminação
nacional e internacional. 8 a 12/4/2008
Sinco 2008 – IV Simpósio Internacional Fones: (11) 5586-3172/5586-3197. São Paulo
sobre Concretos Especiais E-mail:eventos@abende.org.br A Expolux 2008 apresenta as principais
22 a 24/5/2008 tecnologias e inovações dirigidas ao setor
Sobral (CE) de iluminação, abrangendo produtos para
O evento discutirá os componentes dos
Feiras e exposições iluminação residencial, industrial e pública.
concretos especiais, características, Fensterbau/Frontale – Feira E-mail: info@expolux.com.br
propriedades e possibilidades de Internacional de Janelas e Fachadas www.expolux.com.br
aplicações. O Sinco é realizado pelo 2 a 5/4/2008
Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto), Nuremberg (Alemanha) Coverings
Iemac (Instituto de Estudo dos Materiais A 11a edição da Feira Internacional de 29/4 a 2/5/2008
de Construção) e a UVA (Universidade Janelas e Fachadas – Tecnologias, Orlando (EUA)
Estadual Vale do Acaraú). Componentes, Elementos de Construção A Coverings reúne os setores de
Fone: (88) 3611-6796 abrangerá, no setor de janelas e fachadas, revestimentos cerâmicos, rochas
www.sobral.org/sinco2008/ técnicas de aplicação, revestimentos e ornamentais, utensílios e acessórios para
ferragens. O evento acontece bienalmente cozinhas e banheiros, vidros, madeira,
Eco Building – Fórum Internacional e recebe expositores e visitantes de artesanato para revestimento,
de Arquitetura e Tecnologias para a todos os países. equipamentos, produtos da cadeia de
Construção Sustentável E-mail: feiras@ahkbrasil.com / revestimentos (argamassa, rejunte,

74 TÉCHNE 132 | MARÇO DE 2008


agenda.qxd 5/3/2008 11:30 Page 75

películas anti-ruptura, produtos 18 e 19/4/2008


antiderrapantes, de limpeza e seladores). A Manaus
feira é a maior do setor em terras O curso contempla uma análise da Rede de
americanas e uma das principais do Saúde no Brasil, aborda, de maneira
calendário internacional da área. sistemática, a metodologia do Projeto
E-mail: coveringsinfo@ntpshow.com Arquitetônico Hospitalar, estabelece
www.coverings.com processos e métodos de dimensionamento
do edifício, do setor de ADT (Apoio ao
Fenarc 2008 – Feira da Engenharia, Diagnóstico e Terapia) e das Instalações e
Arquitetura e Construção dos Custos Hospitalares. Há a análise de
13 a 18/5/2008 projetos hospitalares no exterior e no
Cascavel (PR) Brasil, principalmente a Rede Sarah
A feira bienal, que está em sua quinta Kubitscheck, além de obras do autor.
edição, mobiliza a cadeia da construção Aborda ainda a questão energética na atual
civil da região Sul. A Fenarc proporciona conjuntura da arquitetura e da engenharia.
espaço para empresas apresentarem seus Fones: (11) 2626-0101/3739-0901
produtos e serviços ao público e extensa E-mail: cursos@aeacursos.com.br
programação técnica.
Fone: (45) 3326-4073 Avaliação de Máquinas, Equipamentos
E-mail: fenarc@fenarc.com.br e Complexos Industriais
www.fenarc.com.br 8, 9 e 10/5/2008
São Paulo
O curso, com carga horária de 20 horas,
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MBA em Crédito Imobiliário os requisitos da ABNT 14653-5.
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São Paulo www.ibape-sp.org.br
A Abecip abre inscrições para o MBA
Economia da Construção e Financiamento Auto-implementação para IS0
Imobiliário. O curso destina-se aos 9000/2000, atendendo aos
profissionais da área financeira e do setor Requisitos do PBQP-H
imobiliário interessados em obter uma visão 14/5/2008
detalhada das alternativas de financiamento Porto Alegre
e da construção para aplicação do O curso tratará da sistemática de
conhecimento diretamente em seus normalização dos processos, os requisitos
negócios. da Norma ISO 9001 versão 2000, e o SIQ-
Fone: (11) 3286-4859 Construtoras. Outro ponto é a capacitação
E-mail: mba@abecip.org.br para atuar como auditores internos do
sistema da qualidade da empresa.
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de Blocos Cerâmicos Selecta www.sinduscon-rs.com.br
14/4, 26/6, 28/8, 30/10 e 4/12/2008
Itu (SP) Projeto Estrutural de Edifícios
Focado em investidores e profissionais que de Alvenaria
executam obras de alvenaria estrutural, o 16 e 17/5/2008
treinamento pretende expor os produtos Rio de Janeiro
para alvenaria estrutural Selecta, com O objetivo do curso é transmitir
visita à fábrica, noções gerais de projetos, informações e técnicas que permitam
detalhes construtivos, execução de analisar a estrutura de um edifício de
alvenaria e ferramental adequado. alvenaria, considerando as ações verticais
Confirmar presença com Márcia Melo. e horizontais, além de apresentar as bases
Fone: (11) 2118-2001 do dimensionamento de elementos
E-mail: marciamelo@selectablocos.com.br estruturais de alvenaria, com a ilustração
de um exemplo de aplicação em edifício.
Arquitetura de hospitais, clínicas Fones: (11) 2626-0101/3739-0901
e laboratórios E-mail: cursos@aeacursos.com.br

75
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como construir.qxd 5/3/2008 11:57 Page 78

Simone Nakamoto
Coordenadora técnica da Tesis
Engenheira civil
Secretária da CEM-00:002.04
simonen@tesis.com.br

Vera C. Fernandes Hachich


Gerente técnica da Tesis
COMO CONSTRUIR Doutora em Engenharia Civil
veracfh@tesis.com.br

Sistema de proteção contra


incêndio com tubos de
CPVC e sprinklers
s tubos e conexões de CPVC para rada, e onde é esperada taxa de libera-
O sistemas de proteção contra in-
cêndio por chuveiros automáticos
Termos e definições
Sistema de proteção contra incên-
dio por chuveiro automático: basica-
ção de calor baixa a média. São exem-
plos: igrejas, clubes, escolas públicas e
são largamente utilizados nos Esta- mente constituído por uma rede de privadas, hospitais (com ambulató-
dos Unidos e outros países, e, a partir tubulações fixas, à qual estão conecta- rios, cirurgia e centros de saúde), ho-
da publicação da NBR 10897 em ou- dos chuveiros automáticos (sprin- téis, bibliotecas e salas de leituras (ex-
tubro de 2007, passam a integrar a klers) com espaçamento adequado, ceto salas com prateleiras altas), mu-
lista de materiais (além do aço e do controlada por uma válvula, e interli- seus, asilos e casas de repouso, prédios
cobre) a serem utilizados no Brasil gada a um sistema de pressurização e a de escritórios (incluindo processa-
para esses sistemas. uma fonte de abastecimento de água. mento de dados), áreas de refeição em
É importante ressaltar também O sistema de chuveiros automáticos restaurantes (exceto áreas de serviço),
que estão em andamento trabalhos de pode ser decomposto em quatro ele- teatros e auditórios (exceto palcos e
normalização para a especificação dos mentos, que são (Gonçalves, 1998): proscênios) e prédios da administra-
requisitos mínimos a serem atendidos  Fonte de abastecimento de água ção pública.
pelos tubos e conexões de CPVC. Este  Sistema de pressurização Sistema de tubo molhado: siste-
trabalho está sendo realizado pela Co-  Válvula de governo e alarme, e res- ma de chuveiros automáticos fixados
missão de Estudo Mista da ABNT pectiva rede de alimentação a uma tubulação que contém água e é
(CB-02 Construção Civil e CB-24 Se-  Rede de distribuição conectada a uma fonte de abasteci-
gurança contra Incêndio) CEM- Ocupações de risco leve: compre- mento, de maneira que a água seja
00:002.04 Tubos e Conexões de CPVC endem as ocupações ou parte das ocu- descarregada imediatamente pelos
para Sistemas de Proteção Contra In- pações onde a quantidade e/ou a com- chuveiros automáticos quando aber-
cêndio por Chuveiros Automáticos. bustibilidade do conteúdo (carga de tos pelo calor de um incêndio.
Os tubos e conexões de CPVC para incêndio) é baixa, tendendo a mode- Chuveiro automático: dispositivo
sistemas de proteção contra incêndio
por chuveiros automáticos devem ser Chuveiros automáticos
utilizados em sistemas de tubo molha-
do, destinados à aplicação em ocupa-
ções de risco leve. Devem ser utiliza- Subidas Geral
dos para pressões até 1,21 MPa e em
Ramais Subida principal
temperaturas ambientes até 65ºC. Este
artigo aborda os requisitos e condi-
ções específicas para as tubulações de Subgeral
Válvulas
de alarme
CPVC para sistemas de proteção con-
tra incêndio por chuveiros automáti-
cos; as condições gerais são especifica-
das pela NBR 10897:2007. Figura 1 – Rede de distribuição e seus componentes (Gonçalves, 1998)

78 TÉCHNE 132 | MARÇO DE 2008


como construir.qxd 5/3/2008 11:57 Page 79

para extinção ou controle de incên-


dios que funciona automaticamente
quando seu elemento termossensível
é aquecido à sua temperatura de ope-
ração ou acima dela, permitindo que
a água seja descarregada sobre uma
área específica.

Materiais e componentes
Chuveiros automáticos (sprinklers)
Os chuveiros automáticos a serem
Figura 3 – Foto do ensaio de resistência
instalados juntamente com as tubula-
ao fogo das tubulações de CPVC – ensaio
ções de CPVC devem ser chuveiros de
Figura 2 – Chuveiro automático realizado no IPT (Instituto de Pesquisas
resposta rápida (possui elemento ter-
(sprinkler) de resposta rápida Tecnológicas do Estado de São Paulo)
mossensível com RTI* igual ou me-
nor a 50 m/s½) e devem ter temperatu-
ra nominal de 65°C. suportes devem ser fabricados de ma- conexões, deve-se executar um chan-
Tubos e conexões de CPVC terial ferroso, e não possuir bordas ás- fro na extremidade do tubo, o que mi-
Os tubos e conexões de CPVC peras ou afiadas que entrem em con- nimizará a possibilidade do adesivo
devem ser de cor alaranjada ou ver- tato com o CPVC. Observar também escorrer para o interior da conexão.
melha, e devem atender aos seguintes as seguintes recomendações: b) Aplicação do adesivo solvente
requisitos especificados pelo projeto  Caso seja utilizado o suporte tipo As superfícies dos tubos a serem
de norma ABNT 00:002.04-001: "pêra", a extremidade do tirante ros- unidas devem ser limpas com um te-
 Resistência à exposição ao fogo cado deve ficar a pelo menos 1,6 cido seco. Obs.: as superfícies não
 Montagem mm do tubo devem ser lixadas!
 Coeficiente de fricção do tubo  Os suportes devem permitir a mo- Aplicar uma camada espessa e uni-
 Resistência à pressão hidrostática vimentação longitudinal da tubula- forme de adesivo na extremidade ex-
interna de curta duração ção, devido ao efeito de dilatação e terna do tubo e uma camada média no
 Comprimento equivalente da co- contração gerado pelas variações de interior da bolsa da conexão. Para
nexão temperatura, bem como limitar o seu tubos de diâmetros superiores a
 Ciclo de pressão movimento ascendente quando do DN32, aplicar uma segunda camada
 Resistência ao esmagamento acionamento do chuveiro automático na extremidade do tubo. É importante
 Ciclo de temperatura Além das distâncias para a colo- retirar o adesivo em excesso com auxí-
 Resistência à flexão cação dos suportes estabelecidas pela lio de uma estopa ou tecido limpo,
 Resistência à pressão hidrostática ABNT NBR 10897:2007 para as di- para evitar que o adesivo se sedimente
interna de longa duração versas configurações das tubulações, no tubo ou conexão.
 Resistência ao impacto e que valem tanto para as tubulações c) Montagem dos tubos e conexões
 Determinação da tensão base de de CPVC como também para o aço e de CPVC
projeto (HDB) cobre, há algumas distâncias máxi- Após a aplicação do adesivo, en-
 Resistência à vibração mas que devem ser observadas para caixar imediatamente o tubo na cone-
 Resistência à exposição ao meio as tubulações de CPVC que são apre- xão, rotacionando-o com um quarto
ambiente sentadas na tabela 1. de giro, alinhando a conexão a ser ins-
 Capacidade do chuveiro automáti- talada, e mantendo o encaixe durante
co de incêndio à alta pressão Condições para montagem das 15 segundos. As peças soldadas não
 Permanência da marcação tubulações de CPVC devem ser movimentadas em um in-
 Resistência à torção a) Corte dos tubos de CPVC tervalo de 1 minuto a 5 minutos.
 Resistência ao fissuramento sob Ao realizar o corte dos tubos de Deve-se observar um cordão de
tensão CPVC, deve-se ter o cuidado de fazê-lo solda de adesivo ao redor da junta do
Adesivo perpendicularmente ao eixo do tubo. tubo com a conexão. Se esse cordão for
Deve ser utilizado o tipo de adesi- Caso se identifique algum dano na ex- descontínuo, pode indicar uma aplica-
vo solvente indicado pelo fabricante tremidade do tubo, realizar um corte a ção com quantidade insuficiente de
dos tubos e conexões de CPVC. pelo menos 50 mm do dano visível. adesivo e,nesse caso,a conexão deve ser
Suportes Eventuais rebarbas devem ser reti- cortada e descartada. Obs.: os tubos de
Devem ser utilizados os tipos de radas e para tanto pode-se utilizar CPVC não devem ser dobrados!
suportes indicados pelo fabricante uma lima. d) Instalação dos chuveiros automá-
dos tubos e conexões de CPVC. Esses Para facilitar o encaixe dos tubos e ticos (sprinklers)

*Índice do tempo de resposta do elemento termossensível medido sob condições padronizadas de ensaio 79
como construir.qxd 5/3/2008 11:57 Page 80

COMO CONSTRUIR

Tabela 1 – DISTÂNCIA MÁXIMA ENTRE SUPORTES mente à pressão de 1.380 kPa, e devem
Diâmetro Nominal da Tubulação de CPVC manter essa pressão por duas horas, sem
DN20 DN 25 DN 32 DN 40 DN 50 DN 65 DN 80 perdas. As partes do sistema normal-
(¾") (1") (1 ¼") (1 ½") (2") (2 ½") (3") mente sujeitas a pressões de trabalho su-
Distância máxima 1,70 1,80 2,00 2,15 2,45 2,75 3,05 periores a 1.040 kPa devem ser testadas a
entre suportes (m) uma pressão de 350 kPa acima da pres-
Distância máxima entre 0,90 1,20 1,50 2,10 2,10 2,10 2,10 são de trabalho do sistema.
suportes quando há um Em caso de alteração ou ampliação
sprinkler instalado entre de um sistema já existente que afete 20
os suportes(1) (m) ou menos chuveiros, o teste hidrostáti-
Distância máxima entre 0,15 0,20 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 co deve ser feito à pressão de trabalho
o sprinkler da ponta do sistema. Caso a alteração ou amplia-
do ramal e o suporte ção afete mais de 20 chuveiros, a nova
mais próximo (m) parte do sistema deve ser isolada e tes-
(1)
O sprinkler deve estar instalado no centro das distâncias entre os suportes tada à pressão de 1.380 kPa, no míni-
mo, durante duas horas. Modificações
A instalação dos chuveiros automá- barbas,retiradas.É importante também que não possam ser isoladas não preci-
ticos deve ser realizada depois que todos observar o alinhamento da tubulação e sam ser testadas à pressão superior à
os tubos e conexões de CPVC estiverem o posicionamento dos suportes. pressão de trabalho do sistema.
unidos. No caso das juntas soldadas, O local do corte deverá ser acessí-
deve-se aguardar um tempo de cura do vel ao reparo, sendo possível rotacio-
adesivo de no mínimo 30 minutos. nar o tubo em um quarto de giro, ne-
LEIA MAIS
Ao instalar os chuveiros automáti- cessário para as juntas soldadas, caso
cos, deve-se escorar ou apoiar a tubula- contrário utilizar as juntas mecânicas. NBR 10897 – Proteção Contra
ção de maneira segura para evitar a ro- Antes da aplicação do adesivo, Incêndio por Chuveiros
tação da tubulação e das conexões nas secar e remover resíduos da bolsa da Automáticos. ABNT (Associação
quais se aplicou o adesivo previamente. conexão e da ponta do tubo a serem Brasileira de Normas Técnicas). São
Finalizada a instalação e termina- unidos, com o auxílio de um pano Paulo, 2007.
do o tempo de cura do adesivo (esse limpo e seco. Por fim, deve-se seguir as Projeto de Norma 00:002.04-001 –
tempo é informado pelo fabricante do recomendações para a aplicação do Tubos e Conexões de Poli (cloreto
adesivo), deve-se prosseguir com os adesivo e montagem das tubulações de vinila) Clorado – CPVC – Para
ensaios de aceitação do sistema. conforme os itens b e c. Sistemas de Proteção Contra
e) Transição das tubulações de CPVC É recomendado que a parte do sis- Incêndio por Chuveiros Automáticos
para outros materiais tema que contenha o reparo/modifica- – Requisitos e Métodos de Ensaio.
A transição de tubos e conexões de ção seja submetida ao ensaio de aceita- ABNT (Associação Brasileira de Normas
CPVC para outros materiais pode ser ção conforme a NBR 10897:2007. Técnicas). São Paulo, 2007.
realizada com a utilização de conexões Projeto de Norma 00:002.04-002 –
de CPVC roscadas, flangeadas, disposi- Aceitação do sistema Tubos e conexões de Poli (cloreto
tivos ou adaptadores em atendimento Após o término da montagem das de vinila) Clorado – CPVC – Para
às instruções de instalação do fabrican- tubulações e, finalizado o tempo ne- Sistemas de Proteção Contra
te e normas específicas.Obs.: é vedada a cessário para cura do adesivo utilizado Incêndio por Chuveiros
confecção de rosca e ranhuras direta- nas juntas, o sistema deve ser submeti- Automáticos – Procedimentos de
mente na parede dos tubos de CPVC. do ao ensaio hidrostático especificado Instalação. ABNT (Associação Brasileira
pela NBR 10897:2007. de Normas Técnicas). São Paulo, 2007.
Procedimento para reparo e A tubulação deve ser lentamente Sistemas de Chuveiros
modificação do sistema de preenchida com água, tomando-se o Automáticos. São Paulo, Epusp (Escola
tubulação de CPVC cuidado de remover todo o ar da tubu- Politécnica da Universidade de São
Nesse procedimento o sistema deve lação. Recomenda-se retirar o ar pelo Paulo), 1998. (Texto técnico. Escola
ser drenado. Para os cortes das áreas a chuveiro automático que se encontra Politécnica da USP. O. M. Gonçalves; E. P.
serem reparadas, devem ser utilizadas no ponto mais alto e distante. Obs.: Feitosa. Departamento de Engenharia
as ferramentas indicadas pelo fabrican- nunca utilizar ar ou gás comprimido. de Construção Civil, TT/PCC/19).
te dos tubos de CPVC. Os cortes devem De acordo com a NBR 10897:2007, Sistemas Prediais de Combate a
ser realizados a uma distância que ga- as tubulações e acessórios (sejam de Incêndio – Chuveiros Automáticos
ranta a inserção completa da extremi- CPVC, aço ou cobre), passíveis de serem – "sprinklers". O. M. Gonçalves. São
dade do tubo na bolsa da conexão. O submetidos à pressão de trabalho do sis- Paulo, 1991. Notas de aula da disciplina
corte deve ser feito em esquadro e as re- tema devem ser testados hidrostatica- PCC-465 – Sistemas Prediais I.

80 TÉCHNE 132 | MARÇO DE 2008

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