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Roberto Ishara *
1 Introdução
A Felicidade na contemporaneidade caminha na diversidade de meios na
busca e posse de bens temporais e passageiros, caracterizando o Homem pelo
consumismo, materialismo, imediatismo, hedonismo, utilitarismo, egoísmo; pela
*
Curso de Filosofia, 3º Ano (2007); Orientador: Prof. Osmar Ponchirolli.
primazia da corporeidade, exterioridade e artificialidade; pela instabilidade e
funcionalidade na relação humana. Acaba por fundamentar toda uma crise de
identidade do Homem consigo mesmo, com o mundo e com a Verdade. Tal
diversidade reflete uma falta de conhecimento do que seja a verdadeira e plena
Felicidade.
Santo Agostinho em seu conceito se contrapõe às compreensões atuais:
Felicidade é a busca e posse de um Bem eterno como Plenitude espiritual, ou seja,
posse da Sabedoria, Verdade, Deus. Ele ressalta a importância da interioridade da
Alma e o conhecimento de si mesmo, mas como Imagem de Deus. Demonstra a
imortalidade da Alma e sua superioridade em relação ao Corpo: a presença da noção
de Felicidade na Memória; a nobreza da Razão; a possibilidade da Felicidade numa
condição de existência temporal, mortal e mutável do Homem, na recuperação de
valores como Esperança, Fé, Virtude e Boa Vontade, no processo de busca de um Bem
que seja permanente.
A Felicidade é um Bem universal: todos desejam e buscam. Sua noção se
encontra na Memória. É o ponto de partida da investigação filosófica e o empenho de
Santo Agostinho na compreensão do que seja a verdadeira e plena Vida Feliz. A
Verdade imortal habita a Alma provando a imortalidade desta: sem imortalidade não
existe Felicidade. Na Alma, a Razão ou Espírito constitui sua parte mais nobre, capaz
de contemplar os Bens eternos. O conflito entre Razão mutável e Verdade imutável
demonstra a dependência da Razão e a transcendência da Verdade. A Metafísica em
seu pensamento não quer implicar dualismo, mas um pensamento progressivo,
hierárquico e ascendente. A abertura de acesso à transcendência dá-se pela Iluminação
e Participação nos âmbitos gnoseológico e ontológico, respectivamente. Ambas com
base na teoria da Criação. Este Deus Criador é também Trindade. E Santo Agostinho
ao constatar uma trindade na Alma como Memória, Inteligência e Vontade, afirma o
Homem como Imagem de Deus. Daí, o conhecimento de si mesmo como Imagem de
Deus, ponto de partida na busca da Felicidade plena.
Surge o aspecto moral de seu pensamento: Felicidade é “posse de tudo que se
quer e nada que seja mal”. O Mal tem sua origem na Vontade humana. Com isso,
acentua-se a importância da relação do Homem com os bens temporais em sua
condição de existência efêmera. A Felicidade nesta condição caracteriza-se por uma
busca através da Fé, Esperança, Virtude, Boa Vontade, e a confirmação da Graça.
A partir da intuição de Santa Mônica relacionando Felicidade com
“moderação do espírito”, ele define seu conceito de Sabedoria. A Verdade é de suma
importância em seu pensamento, por ser objeto de busca incessante e de experiência
pessoal de Felicidade no seu encontro com ela; e como prova da imortalidade da Alma
e de Deus. Deus, por sua vez, é esta Verdade que assume um caráter ontológico, além
de ser Criador, “vivo e pessoal”, transcendente, Sumo Ser, Sumo Bem e Trindade.
Santo Agostinho desenvolve ainda a idéia de Repouso em Deus.
2 Desenvolvimento
†
Pois é a alma, princípio formal, que vivifica os elementos do corpo, e o constitui numa unidade
harmônica (Genesi contra manichaeos 2, 7, 9). Cf. (FARIA, 1997b, p. 99, nota cap. 22).
(AGOSTINHO, 1997b, p. 67). Deduz sua imaterialidade por conseguir ver as
realidades imateriais:
Alguma vez conseguiu ver com os olhos do corpo a noção de ponto, linha
ou de latitude? Nunca, pois não é coisa corpórea. [...] E a alma, pela qual
vemos o incorpóreo e entendemos seu conceito, é preciso não seja corpo,
nem algo corpóreo (AGOSTINHO, 1997b, p. 66 e 69).
Para Santo Agostinho, “(...) se tudo o que é próprio do sujeito permanece para
sempre, é de necessidade que também o próprio sujeito permaneça” (AGOSTINHO,
1998, p. 87). Neste sentido, as leis matemáticas são Verdades eternas e imutáveis
contidas na Alma. Temos, portanto, que tais Verdades são provas da imortalidade da
Alma. Ele exorta a um “voltar-se para si mesmo”:
[...] Quem, porém, pode duvidar que a alma vive, recorda, entende, quer,
pensa, sabe e julga? Pois mesmo se duvida, vive; se duvida lembra-se do
motivo de sua dúvida; se duvida, entende que duvida; se duvida, quer estar
certo; se duvida, pensa; se duvida, sabe que não sabe; se duvida, julga que
não deve consentir temerariamente. Ainda que duvido de outras coisas não
deve duvidar de sua dúvida. Visto que se não existisse, seria impossível
duvidar de alguma coisa (AGOSTINHO, 1994, p. 327).
Mas, esta mesma Razão § mostra-se imperfeita por sua mutabilidade, apesar de
sua capacidade de perceber o eterno e imutável. É a necessidade da realidade
transcendente:
E até a própria Razão, por seu lado, que por vezes se esforça por chegar à
Verdade, por vezes, não [...], mostra-se seguramente estar sujeita a
mutações. [...] Mas por si mesma, ela percebe algo de eterno e imutável, é
necessário que a dita razão se reconheça, ao mesmo tempo, inferior a essa
realidade e que esse ser seja o seu Deus (AGOSTINHO, 1995, p. 93).
Em “O Livre Arbítrio”, Santo Agostinho (1995, p. 101) fornece um exemplo
das Verdades eternas e imutáveis que não provém dos sentidos corporais e que se
mostram eternas, imutáveis e universais, como são os números e as leis matemáticas:
‡
Recebe o nome de mente, não a alma, mas o que nela é superior, a sua fina ponta. Entretanto, convém
advertir que na linguagem agostiniana esse termo “mens” é muito elástico. [...] Conforme o contexto,
teremos de traduzir a palavra mente por: mente, alma, espírito, inteligência ou razão. Cf. (OLIVEIRA,
1994, p. 626, nota 7, livro IX).
§
Não somos nós que determinamos que o eterno deve ser preferido ao temporal, ou que sete mais três
são dez [...]. É claro, outrossim, que tais verdades não se situam no mesmo plano da razão humana,
posto que esta é mutável, ao passo que aquelas são imutáveis. A razão progride no saber; elas, ao
contrário, são insuscetíveis de progresso. Cf. (BOEHNER; GILSON, 2000, p. 156).
[...] Sei com certeza que sete mais três são dez. E isso não somente agora,
mas para sempre. E que nunca, de modo algum, sete mais três cessaram no
passado e não cessarão no futuro de ser dez. Tal é pois uma verdade
inalterável dos números, que é, como disse, possuída em comum por mim e
por qualquer ser dotado de razão (AGOSTINHO, 1995, p. 101).
Em “A Cidade de Deus”, Santo Agostinho (1990, p. 48) afirma que a retidão
dos juízos e a medida da inteligência se dão por Iluminação ** e Participação †† na
Verdade eterna e imutável:
[...] Vários são dotados de vista mais aguda que a nossa, para ver a luz
sensível, mas não podem atingir a luz incorpórea, cujos raios nos iluminam
a alma, para assegurar-nos a retidão de nossos juízos. E a medida de nossa
participação nessa luz é a medida de nossa inteligência (AGOSTINHO,
1990, p. 48).
Os princípios da Iluminação e Participação acabam por solucionar o impasse
referente às Verdades eternas e imutáveis que se colocam acima da Razão e, ao mesmo
tempo, são percebidas e impressas na Alma. Ambos os princípios fazem o elo entre
Razão mutável e Verdades imutáveis, entre a subjetividade e a objetividade na
atividade racional e no conhecimento.
Deus é Trindade, ou seja, Deus uno como única Substância ou Essência, e
trino como três Pessoas na relação. Santo Agostinho (1994, p. 331 a 333) descobre a
mesma tríade estrutural na Alma como Memória, Inteligência e Vontade:
[...] Portanto, as três coisas: memória, inteligência e vontade, como não são
três vidas, mas uma vida; e nem são três almas, mas uma alma,
conseqüentemente, não são três substâncias, mas uma só. [...] Não somente
cada uma está contida em cada uma das outras, mas todas em cada uma. [...]
Concluindo, quando todas e cada uma das faculdades se contém
reciprocamente, existe igualdade entre cada uma e cada uma das outras, e
cada uma com todas juntas em sua totalidade. E as três formam uma só
unidade; uma só vida, uma só alma e uma só substância (AGOSTINHO,
1994, p. 331 a 333).
**
Na realidade, a doutrina agostiniana é a doutrina transformada com base no criacionismo e a
similitude da luz é aquela já usada por Platão em A República, conjugada com a da luz de que falam as
Sagradas Escrituras. Da mesma forma que Deus, que é puro Ser, com a criação transmite o ser às
outras coisas, assim, analogamente, enquanto é Verdade, transmite às mentes a capacidade de
conhecer a Verdade, produzindo uma metafísica marcada pela própria Verdade nas mentes. Deus cria
como Ser, ilumina-nos como Verdade, atrai-nos e nos dá a paz como Amor. Cf. (REALE; ANTISERI,
1990, p. 443).
††
A participação tem papel muito universal no agostianismo. Mostra estar em Deus o princípio de
todas as coisas. Tudo vive em sua dependência. Assim, tudo o que não é Deus, ele mesmo, participa
de Deus, seja no plano da existência, seja no do conhecimento ou do bem. Cf. (OLIVEIRA, 1995, p.
273, nota 56, livro II).
Santo Agostinho (1994, p. 449) na obra “A Trindade”, explica a função de
cada elemento. A Memória é onde se coloca o que informa o pensamento; o que faz a
alma se conhecer por si mesma, mesmo sem pensar; é o conhecimento implícito antes
do pensar. A Inteligência é a que reproduz as impressões da Memória; é o
conhecimento explícito; a informação do pensamento. A Vontade é Amor que une o
conhecimento que gera (Memória) e o que é gerado (Inteligência); é o que procura e
possui. Está caracterizada, portanto, a Alma como Imagem de Deus. Esta condição é
intrínseca à própria natureza da Alma e da Razão, que jamais se vê privada das
atividades desta trindade, ou seja, da consciência de si mesma, independentemente de
graus de nível racional ou capacidade intelectual:
[...] Não consigo compreender, porém, como a alma quando não pensa em
si mesma, não esteja presente a si, pois nunca pode ela estar separada de si
mesma, como se uma coisa fosse ela e outra a vista de sua presença. [...] Na
mente, a presença a si é algo pertinente à sua própria natureza; e quando
pensa em si mesma, ela volta-se para si mesma, em movimento incorpóreo
não em movimento espacial. [...] A alma humana está de tal modo
estruturada que nunca deixa de lembrar-se de si mesma, entender-se a si
mesma e amar-se a si mesma. [...] Contudo, em meio a tão grandes males
oriundos de sua fraqueza e erros, a alma não se vê privada da memória,
inteligência e amor inscritos em sua natureza (AGOSTINHO, 1994, p. 447,
448 e 464, 465).
A Alma humana como Imagem de Deus em sua parte mais nobre chega ao
seu desfecho: o conhecimento de si mesmo na posse da verdadeira e plena Felicidade.
Oliveira (1994, p. 643, nota 25, livro X) comenta:
Não saias de ti, mas volta para dentro de ti mesmo, a Verdade habita no
coração do homem. E se não encontras senão a tua natureza sujeita a
mudanças, vai além de ti mesmo. Em te ultrapassando, porém, não te
esqueças que transcendes tua alma que raciocina. Portanto, dirigi-te à fonte
da própria luz da razão. Aonde pode chegar, com efeito, todo bom pensador
senão até a Verdade? Se a Verdade não é atingida pelo próprio raciocínio,
ela é justamente, a finalidade da busca dos que raciocinam. Eis a harmonia
que nada mais poderia ultrapassar. Harmoniza-te com ela. Confessa que tu
não lhe és idêntico, visto que ela nada precisa procurar para si mesma, ao
passo que tu vieste a ela, procurando-a, não a percorrer espaços, mas pelo
desejo de teu espírito. Foi ele que te fez encontrá-la, não com fruição carnal
e baixa, mas com sumo deleite espiritual. Tudo para que o homem interior
se harmonize com Aquele que nele habita (AGOSTINHO, 2002, p. 98, 99).
Em “A Trindade”, Santo Agostinho (1994, p. 405) oferece as condições de
Felicidade: “(...) não é feliz, senão aquele que possui tudo o que quer e nada que seja
mal” (AGOSTINHO, 1994, p. 405). E exprime, portanto, seu conceito como: a posse
de um Bem eterno que é a Sabedoria, Verdade, Deus.
Em “Confissões”, ele depara com um fator fundamental de infelicidade,
própria da condição existencial humana: o destino efêmero das criaturas, que implica a
temporalidade dos bens e o desejo do eterno e estável:
Se te agradam os corpos, louva a Deus por eles e dirige o teu amor a quem
os criou, para não lhe desagradares ao encontrar prazer em tais criaturas. Se
te agradam as almas, ama a elas em Deus, pois são também mutáveis e
somente nele tornam-se estáveis; de outro modo, passariam e pereceriam.
Portanto é em Deus que deves amá-las; [...] Ele está onde se saboreia a
Verdade. Ele está no íntimo do nosso coração; mas o coração se afastou
dele (AGOSTINHO, 1997a, p. 103).
Na busca e posse da Felicidade na condição temporal e mortal do Homem,
exige-se a Esperança, Fé, Virtude e Boa Vontade.
Santo Agostinho (1994, p. 408) afirma que a Felicidade nesta vida, somente
na Esperança, mas de melhor condição que na ausência da mesma. Esperança não
como “espera passiva” ou “deslocamento da Felicidade no tempo porvir”, pois o
fundamento da Esperança é a própria mutabilidade dos seres, como explica em “A
Trindade”:
[...] É próprio de todos os homens quererem ser felizes, mas nem todos
possuem a fé para chegar à felicidade pela purificação do coração. [...] Não
obstante, há muitos que se desesperam de ser mortais e sem isso ninguém
pode ser feliz apesar de o desejar. Contudo quereriam ser imortais, se o
pudessem, mas não acreditando que o possam, não vivem de maneira a
poder sê-lo. Portanto, a fé é necessária para se alcançar a Felicidade em
relação a todos os bens da natureza, ou seja, em relação à alma e ao corpo
(AGOSTINHO, 1994, p. 433).
No aspecto do conhecimento, a Fé no pensamento agostiniano tem valor
cognocitivo como “pré-conhecimento” para uma posterior crítica pela Razão, como
explica Reale e Antiseri (2005, p. 88):
Se durante a etapa de sua vida humana, a alma vence as cobiças com que se
nutriu pelo gozo das coisas perecedoras, se ela crê que para as vencer, Deus
a ajuda com o socorro de sua Graça, e se submete a ele, em espírito e de boa
vontade, então, sem dúvida alguma, ela será regenerada. Da dissipação de
tantas coisas transitórias, voltará ao Uno imutável (AGOSTINHO, 2002, p.
48).
Segundo Santo Agostinho (1995, p. 195), o Mal tem sua origem na Vontade
humana dirigida a uma conversão aos bens temporais e aversão aos Bens eternos:
‡‡
Tal como ele concebe, a graça afeta profundamente o jogo do nosso livre-arbítrio. Não basta dizer
que ela se junta a ele como um poder complementar; ela modifica seu estado, na medida em que o
confirma e o cura. Com a graça, não temos nosso livre-arbítrio mais o poder da graça, mas é o próprio
livre-arbítrio que, pela graça, se torna potência e conquista sua liberdade. Cf. (GILSON, 2006, p. 386).
[...] E procurando o que era a iniqüidade compreendi que ela não é uma
substância existente em si, mas a perversão da vontade que, ao afastar-se do
Ser supremo, que és tu, ó Deus, se volta para as criaturas inferiores; e,
esvaziando-se por dentro, pavoneia-se exteriormente (AGOSTINHO, 1995,
p. 195).
Dentre os Bens eternos, a Sabedoria é a Plenitude ou Justa Medida da Alma,
partindo da intuição de Santa Mônica de “moderação do espírito”, como explica em
“A Vida Feliz”:
[...] Concluímos que a verdade não pode perecer e que, se não só todo o
mundo venha a acabar, mas também a própria verdade venha a perecer,
então será verdade que todo o mundo como a verdade, terá perecido. Porém,
não pode haver nada de verdadeiro sem a verdade; portanto, de modo algum
a verdade perece (AGOSTINHO, 1998, p. 92).
Em “A Verdadeira Religião”, Santo Agostinho (2002, p. 81, 82) afirma a
Verdade transcendente como lei imutável e critério do espírito que julga a natureza
corpórea em sua Beleza, Igualdade e Unidade. Fundamenta também, a prova da
existência da Verdade absoluta pelas noções da matemática e geometria, como
comenta Oliveira (1995, p. 267, nota 35, livro II):
[...] Agora, ele quer estabelecer de modo positivo que existem muitas
verdades absolutamente certas, as quais o homem é capaz de atingir e das
quais não pode duvidar. Tais verdades nos são fornecidas, por exemplo,
pelo estudo da matemática, da geometria, da lógica, da música, da estética e
da moral natural (OLIVEIRA, 1995, p. 267, nota 35, livro II).
Em “A Trindade” exclama Deus como Verdade: “Olhe bem, e compreende, se
o podes: Deus é verdade! (Sb 9,15)” (AGOSTINHO, 1994, p. 261). Comenta
Hirschberger (1959, p. 44, 45) que a Verdade assume uma realidade ontológica como
o “Ser em Verdade”, dado que “a Verdade é o que é”; e a verdade lógica é inferior à
Verdade eterna que tem sua essência na concordância com os exemplares primeiros na
própria mente divina, e não na concordância de juízos lógicos com a realidade:
[...] Não haveria bens transitórios se não existisse um Bem imutável. Eis
porque quando ouves falar, isto ou aquilo é bom, falas de coisas que
poderiam não ser boas. [...] Portanto, prescindindo desses bens, se o podes,
perceberás o Bem em si mesmo, e então verás a Deus. E se a ele aderires
pelo amor, serás feliz no mesmo instante. Seria vergonhoso amar as coisas
por serem boas, apegando-se a elas e não amar o próprio Bem, que as faz
ser boas (AGOSTINHO, 1994, p. 264, 265).
Deus é Sumo Ser e imutável, ou seja, o Ser em si não suscetível de acidentes e
mudanças:
[...] Deus Felicidade, em quem, por quem e mediante quem são felizes todos
os seres que gozam de Felicidade. [...] Onde há plena concórdia, total
evidência, total constância, suma plenitude e vida plena. Em quem nada
falta, nada sobra (AGOSTINHO, 1998, p. 16, 18).
Por fim, a verdadeira e plena Felicidade como posse e gozo da Sabedoria,
Verdade, Deus, nada mais é do que viver “em”, “de” e “por” Deus:
Há uma alegria que não é concedida aos ímpios, mas àqueles que te servem
por puro amor: essa alegria és tu mesmo. E esta é a felicidade: alegrar-nos
em ti, de ti e por ti. É esta a felicidade, e não outra. Quem acredita que
exista outra felicidade, persegue uma alegria que não é a verdadeira
(AGOSTINHO, 1997a, p. 295).
3 Conclusão
4 Referências
AGOSTINHO, Santo. A Cidade de Deus: contra os pagãos, parte 2. In: LEME, Oscar
Paes (Org.). A Cidade de Deus: contra os pagãos, parte 2. 2. ed. Petrópolis: Vozes,
1990. 589 p.
5 Fontes Consultadas
AGOSTINHO, Santo. A Cidade de Deus: contra os pagãos, parte 1. In: LEME, Oscar
Paes (Org.). A Cidade de Deus: contra os pagãos, parte 1. 2. ed. Petrópolis: Vozes,
1990. 414 p.
GOMES, Cirilo Folch. Antologia dos Santos Padres: Páginas Seletas dos Antigos
Escritores Eclesiásticos. 2. ed. São Paulo: Edições Paulinas, 1979. 457 p.
NEVES, P. Moreira das. Santo Agostinho: Cem Páginas. Lisboa: Livraria Bertrand,
1945. 100 p.
PAULO II, João. Carta Apostólica sobre Santo Agostinho de Hipona. Petrópolis:
Vozes, 1986. 48 p.
ROHDEN, Huberto. Agostinho. 4. ed. São Paulo: Fundação Alvorada, 1976. 222 p.
SCIACCA, Michele Federico. San Agustín. Barcelona: Luis Miracle Editor, 1955.
489 p.
WILLS, Garry. Santo Agostinho. In: BORGES, Ana Luiza Dantas (Org.). Santo
Agostinho. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1999. 172 p.