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A História de Israel no Debate Atual

Este artigo foi publicado, de forma mais resumida, em Cadernos de Teologia n. 9 (maio de 2001), Campinas: FTCR da
PUC-Campinas, p. 42-64. Acréscimos ao texto são feitos sempre que surgem novidades.

Até meados da década de 70 do século XX, havia um razoável consenso na História de Israel. Entre outras coisas, o consenso
dizia que a Bíblia Hebraica era guia confiável para a reconstrução da história do antigo Israel. Dos Patriarcas a Esdras, tudo era
histórico. Se algum dado arqueológico não combinava com o texto bíblico, arranjava-se uma interpretação diferente que o
acomodasse ao testemunho dos textos, como no caso da destruição das (inexistentes) muralhas de Jericó pelo grupo de Josué[1].

Exemplos? Os patriarcas eram personagens históricos, o que podia ser comprovado pelos textos mesopotâmicos de Nuzi, do
século XIV a.C., em seus muitos paralelos, de estruturas sócio-econômicas a tradições legais, com Gn 12-35. E a migração dos
amoritas, que ocuparam a Mesopotâmia e a Palestina no final do terceiro milênio a.C., criava as condições ideais para a entrada
dos patriarcas na região da Palestina e explicava seus nomes, sua língua e sua religião.

José era personagem historicamente possível, pois havia grande quantidade de evidências egípcias que testemunhava os
costumes contados em Gn 37-50. Semitas poderiam ter chegado a altos postos de governo no Egito, incluindo o de grão-vizir,
especialmente durante o governo dos invasores asiáticos hicsos.

A escravidão dos hebreus no Egito e o êxodo não podiam ser questionados, pois textos egípcios testemunham que Ramsés II
utilizou hapirus (= hebreus) na construção de fortalezas no delta do Nilo em regime de trabalho forçado. A Estela de Merneptah,
faraó sucessor de Ramsés II, comprova a existência de israelitas na terra de Canaã na segunda metade do século XIII a.C., o que
nos permitia fixar a data do êxodo aí por volta de 1250 a.C.

A conquista da Palestina pelas 12 tribos israelitas sob o comando de Josué, como narrada no livro que leva o seu nome,
contava com testemunhos arqueológicos respeitáveis, como a destruição de importantes cidades cananéias na segunda metade
do século XIII a.C., embora muitos autores preferissem explicar a entrada na terra de Canaã de outro modo, como pacífica e
progressiva infiltração de seminômades pastores a partir da Transjordânia.

A construção e a consolidação do poderoso império davídico-salomônico eram consideradas como pontos fixos e imutáveis na
historiografia israelita, constituindo marco seguro para qualquer manual de História de Israel ou de Introdução à Bíblia quanto
às datas dos acontecimentos e às realizações da sociedade israelita.

Os reinos separados de Israel e Judá, após a morte de Salomão, eram bem testemunhados pelos textos assírios e babilônicos, e
até pela Estela de Mesha, rei do vizinho país de Moab, sendo tudo, por sua vez, muito bem detalhado nos livros dos Reis, parte
da confiável Obra Histórica Deuteronomista.

O exílio babilônico e a volta e reconstrução de Jerusalém durante a época persa, marcando o nascimento do judaísmo
baseado no Templo e na Lei que passa a ser lida sistematicamente nas sinagogas, constituíam matéria real e sem maiores
problemas, graças à confiabilidade dos textos bíblicos que detalhavam os acontecimentos desta época.

O melhor livro para detalhada exposição e defesa deste consenso é o de John Bright, História de Israel, São Paulo, Paulus,
1978, traduzido da segunda edição inglesa de 1972. Bright pertence à escola americana de historiografia de W. F. Albright e esta
sua ‘História de Israel’ foi o manual mais utilizado por nós nos anos 70 e 80 do século passado.

John Bright e sua História de Israel

John Bright lançou uma 3a edição de sua História de Israel em 1981. Poucas mudanças foram feitas. O autor atualizou o
livro quanto a algumas descobertas arqueológicas e mostrou-se mais prudente nas afirmações sobre a historicidade de
certos acontecimentos e personagens bíblicos. Mas manteve, basicamente, as posições da 2 a edição. Diz o autor, no
Prefácio da 3a edição, que, em muitos pontos onde anteriormente havia certo consenso, hoje há um verdadeiro caos de
opiniões conflitantes. E cita, como exemplo, a questão das origens de Israel e a data e a historicidade dos patriarcas. Cf.
BRIGHT, J., A History of Israel, Philadelphia, Westminster Press, 1981. Uma 4a edição do livro foi lançada, após a sua
morte em 1995, com uma Introdução e um Apêndice de William P. Brown, no ano 2000, pela Westminster John Knox
Press. A tradução brasileira desta 4a edição foi publicada pela Paulus no final de 2003, como a 7a edição, revista e
ampliada a partir da 4a edição original. Bright foi, até a sua morte, Professor de Hebraico e de Interpretação do Antigo
Testamento no Union Theological Seminary, Richmond, Virginia, USA. Uma resenha da 'História de Israel' de Bright,
focalizando especialmente a 4a edição, feita por Ludovico Garmus, pode ser lida na revista Estudos Bíblicos n. 69,
Petrópolis, Vozes, 2001, pp. 90-93.
É preciso lembrar, porém, que a
historiografia alemã, desde W. de Wette, em 1806-7, passando por Julius Wellhausen, em 1894, até Martin Noth, em 1950, não
participava integralmente deste consenso, negando, por exemplo, a historicidade dos patriarcas.
Mas, a ‘História de Israel’ está mudando. O consenso foi rompido. A paráfrase racionalista do texto bíblico que
constituía a base dos manuais de ‘História de Israel’ não é mais aceita. A seqüência patriarcas, José do Egito, escravidão,
êxodo, conquista da terra, confederação tribal, império davídico-salomônico, divisão entre norte e sul, exílio e volta para
a terra está despedaçada.
O uso dos textos bíblicos como fonte para a ‘História de Israel’ é questionado por muitos. A arqueologia ampliou
suas perspectivas e falar de ‘arqueologia bíblica’ hoje é proibido: existe uma ‘arqueologia da Palestina’, ou uma ‘arqueologia da
Síria/Palestina’ ou mesmo uma ‘arqueologia do Levante’.
O uso de métodos literários sofisticados para explicar os textos bíblicos, afasta-nos cada vez mais do gênero
histórico, e as ‘estórias bíblicas’ são abordadas com outros olhares. A ‘tradição’ herdada dos antepassados e transmitida
oralmente até à época da escrita dos textos freqüentemente não consegue provar sua existência.
A construção de uma ‘História de Israel’ feita somente a partir da arqueologia e dos testemunhos escritos
extrabíblicos é uma proposta cada vez mais tentadora. Uma ‘História de Israel’, que dispense o pressuposto teológico de Israel
como ‘povo escolhido’ ou ‘povo de Deus’ que sempre a sustentou. Uma ‘História de Israel e dos Povos Vizinhos’, melhor, uma
‘História da Síria/Palestina’ ou uma ‘História do Levante’ parece ser o programa para os próximos anos.
E há pesquisadores de renome na área, como Rolf Rendtorff, exegeta alemão, professor emérito da Universidade de
Heidelberg, que já em 1993 afirmava em artigo na revista Biblical Interpretation 1, p. 34-53, que os problemas da interpretação
do Pentateuco estão intimamente ligados aos problemas mais amplos da reconstrução da história de Israel e da história de sua
religião.
Este artigo quer traçar um panorama destas mudanças pelas quais vem passando a ‘História de Israel’ nos últimos vinte e tantos
anos, apontar as dificuldades que a crise vem criando e propor algumas pistas de leitura para os interessados no assunto.
1. Patriarcas? Que Patriarcas?
Em 1967, o norte-americano Thomas L. Thompson começou sua tese de doutorado na Universidade de Tübingen, na
Alemanha. O tema: as narrativas patriarcais. Sua idéia fundamental: se algumas das narrativas sobre os patriarcas hebreus
estavam se referindo historicamente ao segundo milênio a.C., como quase todos os arqueólogos e historiadores acreditavam
naquela época, então Thompson poderia distinguir nelas as mais antigas histórias bíblicas da tradição posterior mais
ampliada[2].
Quando Thompson começou seu trabalho, ele estava tão convencido da historicidade das narrativas sobre os patriarcas no
Gênesis, que aceitou, sem questionar, os paralelos feitos entre os costumes patriarcais e os contratos familiares encontrados na
cidade de Nuzi, no norte da Mesopotâmia, e datados da época do Bronze Recente (ca. 1500-1200 a.C.)[3].
Dois anos mais tarde, porém, em 1969, Thompson percebeu que os costumes familiares de Nuzi e as leis sobre propriedades não
eram exclusivos nem de Nuzi, nem do segundo milênio, mas, mais provavelmente, refletiam práticas típicas do primeiro milênio
a.C. Isto quebrava o paralelismo feito pelos autores entre Nuzi e o mundo patriarcal e tirava a garantia de que os costumes
patriarcais refletiam práticas do segundo milênio. 
Nuzi e os Patriarcas
Um bom exemplo desse paralelismo pode ser lido no comentário de SPEISER, E. A., Genesis, Garden City, New York,
Doubleday, 1964, na clássica coleção The Anchor Bible, no qual o autor discute cerca de 20 coincidências entre os
costumes patriarcais e os costumes de Nuzi, como os casos da esposa-irmã Sara (Gn 12,10-20 e paralelos), a adoção de
um estrangeiro, Eliezer, como herdeiro (Gn 15,2), a mãe de aluguel como Agar (Gn 16,1-6).  Estes e outros exemplos
podem ser mais facilmente vistos em VOGELS, W., Abraão e sua Lenda. Gênesis 12,1-25,11, São Paulo, Loyola, 2000, pp.
38-45.
Além do mais, examinando a hipótese amorita, segundo a qual teria havido grande migração de nômades vindos
das fronteiras do deserto siro-arábico para a Mesopotâmia e para a Síria-Palestina no final do terceiro milênio, Thompson
percebeu que não havia prova alguma para tal pressuposto, pois o que se descobriu nos últimos anos é que os amoritas são
sedentários do norte da Mesopotâmia, vivendo da agricultura e da criação de gado. Isto é testemunhado pelas centenas de
povoados espalhados do Eufrates até os vales dos rios Khabur e Balikh e datados pelos arqueólogos como existentes desde o
Calcolítico. O crescimento populacional dos amoritas deve ter provocado a ampliação de seus territórios e a ocupação de várias
cidades da região. Além do que, muitas das mudanças ocorridas em todo o Antigo Oriente Médio que antes eram atribuídas a
invasões mal documentadas de povos, podem ser explicadas, hoje, mais cientificamente, pelas mudanças climáticas na região,
sujeita a períodos de secas prolongadas e devastadoras.
Thompson passou, então, a defender que as narrativas patriarcais estavam refletindo muito mais o primeiro do que
o segundo milênio, e a datação tradicional dos patriarcas e sua historicidade caíram por terra.
O resultado foi academicamente desastroso. Thompson, que terminou a pesquisa em 1971, não pôde defender sua
tese na Europa nem publicar seu livro nos Estados Unidos. O livro só foi publicado em 1974 e Thompson conseguiu seu PhD na
Temple University, Philadelphia, Estados Unidos, em 1976[4].
John Van Seters, de quem falaremos mais detalhadamente no próximo item a propósito do Javista, pesquisando a
historicidade dos patriarcas, independente de Thomas L. Thompson, chegou a conclusões semelhantes, não atribuindo qualquer
valor histórico às estórias sobre Abraão.
Em 1987 Thomas L. Thompson começou a trabalhar a questão das origens de Israel, retomando a argumentação
publicada em um artigo de 1978, sob o título de “O Background dos Patriarcas”, no Journal for the Study of the Old Testament,
da editora Sheffield, Reino Unido. Neste artigo, Thompson localizava as origens de um Israel histórico na região montanhosa ao
norte de Jerusalém durante o século IX a.C. Isto implicava a exclusão de qualquer unidade política de Israel que abrangesse toda
a Palestina, ou seja, não podia ter existido uma ‘Monarquia Unida’ sob Saul, Davi e Salomão em Jerusalém, no século X a.C. 
O artigo de T. L. Thompson foi relançado em livro: The Background of the Patriarchs: A Reply to William
Dever and Malcolm Clark, em ROGERSON, J. W., The Pentateuch. A Sheffield Reader, Sheffield, Sheffield Academic
Press, 1996, pp. 33-74.
O estudo completo resultou no livro Early History of the Israelite People from the Written and Archaeological
Sources [Antiga História do Povo Israelita a partir de Fontes Escritas e Arqueológicas], Leiden, Brill, 1992 [19942]. Diz
Thompson que a reação a este livro foi pior do que à tese sobre os patriarcas, levando ao afastamento do autor da Marquette
University, nos Estados Unidos, onde trabalhava.
Mas, em 1993, Thompson foi convidado para trabalhar no Departamento de Estudos Bíblicos da Universidade de
Copenhague, onde até hoje se encontra, e onde encontrou um grupo com idéias avançadas sobre a ‘História de Israel’, os hoje
chamados ‘minimalistas’.
2. Van Seters Reinventa o Javista
Ainda em 1964, o canadense John Van Seters aceita o desafio de um seu professor e começa a revisão da ‘Hipótese
Documentária’ do Pentateuco, examinando as tradições sobre Abraão.
A ‘Hipótese Documentária’ afirmava, desde o século XIX, que o Pentateuco era composto pelas fontes JEDP – Javista,
Eloísta, Deuteronômio e Sacerdotal, elaboradas desde o século X a.C. na corte davídico-salomônica até o século V a.C., com
Esdras, na Jerusalém pós-exílica. 
F. V. Winnet, professor de Van Seters, em conferência feita em 1964, levantou uma série de dúvidas sobre os fundamentos
da Hipótese Documentária. Winnet não aceitava a fonte E como um documento independente. Quando muito, admitia o
pesquisador, ela poderia ser uma revisão de mais antiga tradição patriarcal e não poderia ser encontrada no Êxodo e Números.
Isto porque o desenvolvimento literário do Gênesis teria ocorrido de modo independente de Êxodo e Números até o estágio final
da composição do Pentateuco, quando então foram organizados e combinados pelo Sacerdotal (P).   Assim, duas diferentes
fontes deveriam ser vistas dentro do material J do Gênesis: uma mais antiga e outra da época do exílio. Com um detalhe: estas
fontes não seriam documentos independentes, mas complementos de outras mais antigas. O mesmo deveria ser dito do P.
Embora a proposta de Winnet não tenha causado repercussão, Van Seters, examinando as tradições sobre Abraão, como
dissemos, percebeu que episódios paralelos – como a história de Sara “irmã” de Abraão em Gn 12,10-20;20,1-18;26,1-11 – não
são documentos independentes agrupados por redatores, mas sua relação é de complementação: Gn 12,1-20 corresponde ao J
mais antigo de Winnet, Gn 20, 1-18 ao complemento E e Gn 26,1-11 ao J mais recente da proposta do professor.
Van Seters concluiu também que o material atribuído ao J mais antigo era muito pequeno, que o E consistia de uma única
estória e que todo o material não-P pertencia ao javista mais recente.
Percebendo igualmente a forte afinidade do J com o Dêutero-Isaías, e também que a forma da promessa da terra no J era um
desenvolvimento posterior daquela encontrada no Deuteronômio e na tradição deuteronomista, Van Seters concluiu que o J
deveria ser visto como um autor pós-D, e  que a ‘Hipótese Documentária’ deveria ser totalmente revista. Van Seters publicou
sua pesquisa em 1975.
Estas conclusões podem ser lidas em VAN SETERS, J., Abraham in History and Tradition, New Haven, Yale
University Press, 1975. E também em VAN SETERS, J., The Pentateuch. A Social-Science Commentary, Sheffield,
Sheffield Academic Press, 1999, pp. 59-60.
Em 1976 e em 1977 apareceram os livros de Hans Heinrich Schmid e de Rolf Rendtorff sobre o mesmo assunto. A
crise do Pentateuco explodiu, então, em plena luz do dia e ninguém mais podia escapar da constatação de que a teoria
clássica das fontes do Pentateuco, pelo menos em sua forma mais rígida, era insustentável.
H. H. Schmid, em 1976, contestou  a tese de G. Von Rad de um ‘Iluminismo Salomônico’, do qual não se percebia nenhum
sinal, como o ambiente no qual o javista teria nascido. Examinando uma série de textos amplamente aceitos como javistas,
Schmid procurou mostrar que o J dependia fortemente da tradição profética e estava muito próximo da escola deuteronômica. A
conclusão a que se chegou foi de que o Pentateuco era o produto do movimento profético, assim como o era o livro do
Deuteronômio, e de que o J deveria ser visto em estreita associação com a escola deuteronômica nos últimos anos da monarquia
ou na época do exílio.
Embora não tenha discutido a datação do J em relação ao D, seu discípulo Martin Rose, em 1981, chegou à conclusão de
que o Deuteronômio e a Obra Histórica Deuteronomista eram anteriores ao javista.
Rolf Rendtorff, por sua vez, em 1977, retomando a idéia de M. Noth da formação do Pentateuco a partir de temas
independentes, chega à conclusão de que tal independência não deve ser limitada ao período pré-literário, mas o alcança.
Rendtorff não vê nenhuma conexão original entre Gênesis e Êxodo-Números, mas sim uma posterior costura deuteronomista
ligando estas tradições. Donde se conclui que a idéia de fontes, tal como a J, deve ser abandonada, e que o desenvolvimento dos
temas é que deve ser enfocado. Ele defende que cada unidade maior teve seu próprio processo de redação antes de ser colocada
em contato com outras unidades. Seu aluno Ehard Blum, mais tarde, confirma as intuições de seu mestre estudando as
tradições patriarcais de Gn 12-50.
O Questionamento do Consenso Wellhauseniano em Alemão
Os estudos destes pesquisadores resultaram nas seguintes obras: SCHMID, H. H.,  Der sogenannte Jahwist, Zürich,
Theologischer Verlag, 1976; ROSE, M., Deuteronomist und Jahwist. Untersuchungen zu den Berührungspunkten beider
Literaturwerke, Zürich, Theologischer Verlag, 1981; RENDTORFF, R., Das überlieferungsgeschichtliche Problem des
Pentateuch, Berlin, Walter de Gruyter, 1977 (tradução inglesa: The Problem of the Process of Transmission in the
Pentateuch, Sheffield, Sheffield Academic Press, 1990); BLUM, E., Die Komposition der Vätergeschichte, Neukirchen-
Vluyn, Neukirchener Verlag, 1984; Studien zur Komposition des Pentateuch, Berlin, Walter de Gruyter, 1990. 
Uma exposição do pensamento destes autores pode ser vista, em português,  em DE PURY, A. (org.), O Pentateuco
em questão. As origens e a composição dos cinco primeiros livros da Bíblia à luz das pesquisas recentes, 2. ed., Petrópolis,
Vozes, 2002, pp. 63-70.
Van Seters estendeu seu estudo sobre o J a todo o Tetrateuco e defendeu, em livros publicados em 1992 e 1994, que o
Javista compõe uma obra unificada que vai da criação do mundo até a morte de Moisés. O J faz o trabalho de um historiador -
semelhante ao trabalho do historiador grego Heródoto - no qual ele se baseia em fontes orais e escritas, dando-lhe, porém um
significado teológico próprio. 
O objetivo da obra do J é o de corrigir o nacionalismo e o ritualismo da Obra Histórica Deuteronomista, da qual ela é uma
espécie de introdução. Por isso, o Javista é posterior ao Deuteronômio e à Obra Histórica Deuteronomista (Deuteronômio,
Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis), sendo contemporâneo do Dêutero-Isaías e tendo afinidades com Jeremias e com
Ezequiel. Mas é anterior ao Sacerdotal (P), que, por sua vez, não é uma obra independente, mas uma série de suplementos pós-
exílicos ao D+J. O Eloísta (E) não se sustenta como documento independente e desaparece. 
Van Seters conclui: “Deste modo, eu procuro resolver o problema existente entre os argumentos de Noth a favor de um
Tetrateuco separado do D/OHDtr e a insistência de Von Rad em um Hexateuco, com Josué como o objetivo das promessas
patriarcais. Já que o J era posterior ao D/OHDtr, ele ligou as duas grandes obras e acrescentou sua própria conclusão final ao
Hexateuco através do segundo discurso de Josué em Js 24" [5].
Só para entendermos por onde pode caminhar a discussão atual, cito aqui a proposta do arqueólogo Israel Finkelstein e do
historiador Neil Asher Silberman, no livro The Bible Unearthed. Archaeology's New Vision of Ancient Israel and the Origin
of Its Sacred Texts, New York, The Free Press, 2001, sustentando que a arqueologia hoje dá suporte à hipótese de que tanto o
Pentateuco quanto a Obra Histórica Deuteronomista foram escritos no século sétimo a.C.
Os autores defendem que boa parte do Pentateuco é uma criação da monarquia da época de Josias, elaborada para defender a
ideologia e as necessidades do reino de Judá. E que a Obra Histórica Deuteronomista foi igualmente compilada, em sua maior
parte, no tempo do rei Josias, para fornecer suporte ideológico para sua reforma política e religiosa.
E a Crise do Pentateuco Continua...
GERTZ, J. C., SCHMID, K. & WITTE, M. (eds.), Abschied vom Jahwisten: Die Komposition des Hexateuch in der
jüngsten Diskussion, Berlin, Walter de Gruyter, 2002, XII + 345 pp.: esta obra mostra como a crise do Pentateuco
continua e como um possível consenso parece ainda distante. Contribuem, neste volume escrito em alemão e inglês, Jean
Louis Ska, Albert de Pury, Joseph Blenkinsopp, Jan Christian Gertz, Konrad Schmid, Erhard Blum, Hans-Christoph
Schmitt, Thomas Dozeman, Uwe Becker, Markus Witte, Graeme Auld, William Johnstone, Ernst Axel Knauf, Thomas
Römer, Reinhard Gregor Kratz... Só gente do ramo, proveniente da Europa, Estados Unidos e Israel! E, como observa
Robert Gnuse, em resenha do livro na CBQ 65/4, de outubro de 2003, p. 656, os autores concordam em rejeitar a fonte
javista e sugerem que a coerência das narrativas do Pentateuco somente foi alcançada no pós-exílio com o D e o P. Para
além disso, ninguém concorda com ninguém... Cada um constrói seu próprio paradigma, cada um mais sugestivo do que
o outro. E comenta Gnuse que os ensaios tipificam a natureza variada e caótica da pesquisa do Pentateuco, no contexto
do abandono da teoria das quatro fontes. Leia também artigo de 2006 de Rolf Rendtorff, onde o pesquisador se
pergunta: O que aconteceu com o Javista na atual pesquisa do Pentateuco? E responde: ele desapareceu e levou consigo a
Hipótese Documentária do Pentateuco. Cf. mais aqui.

[1]. Estou me inspirando no artigo de RENDSBURG, Gary A., Down with History, Up with Reading: The Current State of
Biblical Studies, em At the Cutting Edge of Jewish Studies,
http://www.arts.mcgill.ca/programs/jewish/30yrs/rendsburg/index.html , no qual o autor lamenta e critica, em conferência
pronunciada no Departamento de Estudos Judaicos da McGill University, Canadá, em maio de 1999, a ruptura do consenso que
passo a descrever.

[2]. Cf. THOMPSON, T. L., The Mythic Past. Biblical Archaeology and the Myth of Israel, New York, Basic Books, 1999, p.
XI.

[3]. Em Nuzi, habitada principalmente por hurritas, foram encontradas cerca de 3.500 tabuinhas cuneiformes, que cobrem a vida
da comunidade e de cidades vizinhas ao longo de seis gerações. Especialmente significantes são as informações administrativas,
sociais, econômicas e as descrições das práticas e estruturas jurídicas. É um material que ilustra brilhantemente a vida diária de
uma comunidade da metade do segundo milênio a.C. Cf. FREEDMAN, D. N. (ed.), The Anchor Bible Dictionary on CD-ROM,
New York, Doubleday & Logos Library System, 1992, 1997, verbete Nuzi.

[4]. O livro de Thomas L. Thompson: The Historicity of the Patriarchal Narratives: The Quest for the Historical Abraham,
Berlin, Walter de Gruyter, 1974 e Harrisburg, Trinity Press International, 2002.

[5]. Cf. VAN SETERS, J., The Pentateuch. A Social-Science Commentary, Sheffield, Sheffield Academic Press, 1999, pp. 61-
62.

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