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6.2.

2 Filosofia kantiana e uma possível origem pietista

Mantendo-nos na ideia de um ensaio, apenas para uma abordagem com objetivo de despertar
a atenção para a religião como andareira, acrescentando-lhe um novo viés, entendemos importante,
nesse momento da pesquisa, levantarmos uma nova possibilidade. É ela: que Kant, em seu contato
com o pietismo materno, tenha adotado a interpretação pietista, do pensamento paulino, como
elemento importante na formulação de sua filosofia moral.
Para alguém conhecedor da interpretação pietista do pensamento paulino, não será difícil
divisar importantes, e vários, momentos de confluência entre a articulação da filosofia kantiana,
particularmente sua filosofia moral, e a teologia paulina. Apenas para introduzirmos o pensamento
paulino nesse ensaio, e deixando claro que o faremos sempre sob a ótica afeta ao pensamento
pietista, começamos por uma rápida exposição de quem foi Paulo, o apóstolo na história cristã.
O nome judaico de Paulo é Shaul (Saul ou Saulo). Este apóstolo foi assim chamado,
provavelmente, por pertencer à tribo de Benjamim, a qual teve, historicamente, rei Sul como seu
integrante mais famoso. O nome Paulo tem suas origens na articulação latina de seu nome
empregada ao fato de que possuía dupla cidadania, sendo também romano, natural de Tarso, antiga
capital da Cilícia situada junto ao rio Cidno. A cidade havia sido helenizada, tornando-se um
importante local de cultura grega; populosa chegou a possuir quinhentos mil habitantes.
Paulo cresceu em meio à tradição judaica religiosa, foi bem instruído na Torá, e aprendeu
incorporando como seus idiomas, pelo menos, o grego, o hebraico e o aramaico. Aprendeu a exercer
profissionalmente o ofício de construtor de tendas. E, seguindo a tradição das boas famílias
hebraicas da época, foi enviado a estudar com um rabino respeitado, Gamaliel, neto de Hilel (Atos
dos Apóstolos 22:3). Tornou-se fariseu, sinônimo de seguidor dedicado e rigoroso da lei e das
tradições judaicas.
Inicialmente, Paulo foi um dos principais perseguidores dos cristãos, chegando a perseguir e
matar alguns, dentre eles a Bíblia faz menção ao diácono do cristianismo Estevão. Em uma viagem
com intuito persecutório à Damasco, Paulo tem uma experiência sobrenatural e torna-se então um
cristão ardoroso (Atos dos Apóstolos 9:1-19).
Desde esta conversão ao cristianismo, Paulo torna-se um dedicado pregador, um incansável
missionário e, porque não dizer, o mais importante organizador, sedimentador, difusor e doutrinador
do cristianismo. De todos os escritores dos livros contidos na Bíblia, Paulo foi o que mais obras
escreveu, e a profundidade e construção de sua escrita o tornam o principal organizador da doutrina
cristã.
O pensamento paulino, como o próprio cristianismo, sofreu a interpretação de diversas
escolas filosóficas e teológicas ao longo da história. O pietismo, com o qual Kant conviveu
proximamente, foi uma das escolas de interpretação do pensamento paulino das mais importantes na
história do cristianismo.
O pietismo foi um movimento organizado e com início entre os luteranos da Alemanha, nos
fins do século XVII, associado principalmente a Philipp Jakob Spener. A corrente principal do
luteranismo tornara-se rígida em suas doutrinas e morta no sacramentalismo. Spener cria que a
ênfase original da Reforma Protestante, sobre a conversão pessoal a santificação e a experiência
religiosa, tinha se perdido essencialmente. Isto justificou o seu protesto e o movimento que deste
resultou. Ele servia como pastor em Frankfurt, mas sua mensagem espalhou-se por toda Alemanha e
daí para outros países.
Em que pese a ênfase do pietismo nas experiências religiosas pessoais e até um certo valor
no misticismo com base na própria experiência paulina no caminho de Damasco, o pietismo
também foi enfático ao falar da necessidade de uma conversão que realmente mudasse a vida do
indivíduo e uma santificação que continuasse este processo. Enfatizava ainda um desprezo relativo
aos credos, a retidão pessoal, a necessidade de renunciar aos prazeres mundanos e suas atrações, a
fraternidade universal dos crentes e o calor emocional na religião cristã.
Se por um lado, o pietismo estimulava as experiências místicas no exercício do cristianismo,
por outro, trazia para o terreno da racionalidade e da decisão responsável as experiências da
conversão e sua continuidade com a santificação. A conversão, por essa linha do pensamento
pietista, foi colocada como decisão livre e consciente que o indivíduo toma no sentido de seguir o
modelo de Cristo, algo similar à “promessa solene que o indivíduo faz a si”. Algo muito próximo da
explosão kantiana.
Prosseguindo, a santificação é processo através do qual o indivíduo aproxima cada dia sua
vida do modelo do Cristo, torna-se santo cada dia, caminha cada dia em direção à estatura de
varões perfeitos. Algo que faz lembrar, com ênfase, o processo da moralização na pedagogia
kantiana.
Essa visão tem como fundamentos a exegese do pensamento paulino conforme o pietismo.
Segundo ela, tornar-se um cristão implica em fazer nascer uma nova pessoa em si mesmo, implica
em gerar (morphoo) um caráter espiritual similar ao de Cristo. Esse processo começaria
heterônomo e finalizaria autônomo, quando o indivíduo assume esse caráter como seu e passa a agir
independentemente de qualquer força heterônoma.
Nessa visão do pensamento paulino, ao invés de se pensar numa ética de regras,
“nomotética” ou absolutista, temos que considerar uma ética de dedicação de vida, um
voluntarismo ético que conduz à liberdade. Nessa ótica, a ética paulina diverge da ética judaica, à
medida que esta fundamenta-se na observação da lei mosaica e na obediência cega a regulamentos
interpretativos da própria lei.
Segundo Paulo, a lei heterônoma servirá meramente como instrumento de conscientização
do pecado (Epístola aos Romanos 3:20). Ele adverte contra listas descritivas de comportamentos
certos ou errados, pois, em sua visão, se o homem já mortificou-se com o Cristo quanto aos
rudimentos mundanos, não mais está sujeito a meras ordenanças. Ou seja, se o indivíduo já
moralizou-se conforme o pensamento kantiano, está plenamente livre.
Em suma, se o indivíduo, nessa visão teológica, define-se por seguir o Cristo, ser discípulo
dele, colocando no altar do sacrifício racional as suas inclinações, age por amor a ele independente
de qualquer regra que apenas o orientou a isto como uma andareira.
Embora a ética paulina seja cristocêntrica, isto é, orientada pela cosmovisão do Cristo,
também considera a liberdade e o voluntariado. Assim, em vez de priorizar imperativos e sanções, a
ética paulina envolve o voluntariado, a disposição pessoal do indivíduo de engajar-se numa vida
comprometida com os ideais do evangelho. Os ensinos éticos do apóstolo não expressam uma
codificação social, mas um código individual interior que traduz a imitação do Cristo (v. Gálatas
5:1; Romanos 8:2-4). Paulo, nesta visão pietista, substitui a problemática judaica do permitido e do
proibido pelo exame de consciência, pela decisão livre e consciente.
Aos crentes de Corinto, Paulo ensina que “tudo [...] é permitido, mas que nem tudo
convém” (I Coríntios 6:12), o que significa que cabe a cada um a escolha de seus atos. Se o
seguidor pode optar por agir do modo que deseja, ele então readquire sua autonomia. A diferença
agora é que uma vez com o Cristo, o indivíduo assume voluntariamente o compromisso da lealdade
e de manutenção dos elevados ideais do evangelho. “Em Cristo existe a liberdade da lei,
acompanhada com escravidão à lei mais elevada do amor”.(MASTON, 1984, p. 180). Impossível
não remetermos ao amor à lei descrito por Kant.
Trata-se, portanto de uma abordagem ética progressiva, em que a teo-heteronomia é
assumida até que possa ser abandonada em favor de uma autonomia gerenciada. Dunn afirma que,
na teologia paulina, a liberdade cristã “se expressa tanto na renúncia a si mesmo como na
independência de restrições ultrapassadas” (DUNN, 2003, p. 774). Facilmente divisamos o
paralelismo, as similitudes, entre a ética filosófica kantiana, e a ética teológica paulina segundo a
interpretação pietista.

6.3 CONCLUSÃO

Como proposto, o presente capítulo teve o escopo de, tão somente, ser um ensaio sobre
outras andareiras kantianas. Dentro desta proposta, foram abordadas a educação nos moldes do
pensamento de Kant, bem como a religião.
Parece não ser possível descartar a possibilidade de que os temas abordados sejam exemplos
de Gängelband, particularmente porque, no pensamento do autor, figuram também como
ferramentas, cujos mecanismos de ação coincidem plenamente com os mecanismos atribuídos por
Kant às andareiras.

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