1- Negação da história – concebe a história como uma sequência congelada de
acontecimentos ou de estados definitivos. As fases da história apresentam-se num quadro imóvel oferecido para exame (a história não é um movimento, um vir a ser que se preocessa pela luta dos contrários). A história é um círculo, uma esfera fechada 2- Reforçamento do Estado para impedir agitações (mudanças). Manutenção por todas as formas para manter a “ordem”, a ausência de mudanças, de transformações. Visão conservadora (estrutura mental e organização formal). A ordem é rígida e codificada. A ordem está ligada a idéia de burocracia (hierarquia como sistema de subordinação – o superior para o inferior: burocracia). 3- A noção de progresso é vinculada ao registro de ordem. A ordem e a classificação são os critérios ou categorias para prevenir as variações da história e do pensamento. 4- Conhecer a sociedade é decompor em “classes” (categorias, descrever categorias estanques). 5- Todos os “teóricos” são verdadeiros “filósofos” ou sacerdotes dedicados à construção social. O filósofo da positividade designa cada cientista para a sua tarefa específica, proibindo-lhe de transgredir as fronteiras que separam uma disciplina da outra. 6- As ciências devem ser confinadas em compartimentos estanques, devidamente etiquetadas. Dúvida de uma teoria geral de integração. 7- Há uma grande paixão pela nomenclatura, pela taxionomia, isto é pela classificação. A ciência tem o papel de assegurar a ordem, a marcha “normal”, regular à sociedade industrial. A ciência tem um sentido de saber acabado sob a forma de resultados e receita. 8- Dá ênfase no conjunto contra o espírito do detalhe ( que é a característica do movimento, do processo da transformação). 9- A análise (dos fatos) objetiva-se fechando, reduzindo, reunindo e resumindo as fórmulas gerais. 10- Pensamento linear (circular). Permanece sempre assim. Não existe nem passado e nem futuro. Só causa e efeito – falta movimento. 11- A sociedade é estudada por analogia com a biologia (método da ciência natural). 12- A filosofia positiva constitui uma reação consciente (...) contra as tendências críticas e “destruidoras” do raciocínio do Século das Luzes... 13- Não aceita, nem trabalha com a Economia política. Omite-se, também, quanto a uma teoria do Estado como aparelho político. A sociedade portanto, não é “dotada de um aparelho de Estado, nem provida de uma base econômica”. 14- Os núcleos permanentes da sociedade são: propriedade, família, trabalho, pátria e religião. 15- O caminho é a regeneração espiritual que leva á reforma social, o sacerdócio de fazer “guerra santa” contra os erros e “divagações”, as “aberrações” que povoam os cérebros. 16- Combate o sufrágio universal, a organização constitucional, a democracia parlamentar. 17- A mulher, o proletário tornam-se os mais preciosos aliados do sacerdócio para restaurar a ordem social. A mulher é a sacerdotiza do lar doméstico. O sexo feminino é o sexo afetivo que deve ser alimentado pelo sexo masculino. 18- Os proletários (efetivamente) são convidados a um “armistício” com os ricos e devem aguardar a sua “promoção social” no serviço de “funcionários”. 19- O problema social não se resolve por reforma econômica, mas por reforma moral (educacional) que deve transformar/conservar costumes e crenças. 20- Acentua-se a restauração da tradição católica, a recuperação dos cultos fetichistas, a importância da comunidade religiosa sob uma forma institucional. 21- Os fiéis da religião positivista não têm acesso às “verdades” da ciência, mas contentam-se em aderir às crenças cujo teor foi fixado autoritariamente pelo sacerdócio. 22- A prospecção inquieta do futuro é reabsorvida na norma repetição do arcaico. 23- Crítica à Metafísica. Recusa a filosofia independentemente das ciências exatas. Considera a ciência como um catálogo de fatos. O positivismo é o útil, social, prático como se esses valores se impusessem do exterior como dados, sem necessitar uma elaboração filosófica. 24- De um lado os cientistas, os que sabem, e do outro, os ignorantes que nada sabem. 25- A ciência é imposta aos que nada sabem, sem permissão aos homens comuns para julgá-la. 26- O positivismo torna-se um “negócio do Estado” que impõe arbitrariamente essa ideologia. 27- O indivíduo, esvaziado de sua objetividade pela pressão da consciência coletiva (científica do Estado), retorna violentamente como sujeito afetivo e atuante do tipo religioso . (humanidade) 28- A ciência traz em sí uma disciplina contra ”divagações”. A religião tende a impor sua ordem moral pelas virtudes conservadoras de instituições. Magistrados, políticos, filósofos, educadores são sacerdotes. 29- A manutenção da religião tem a função de assegurar as estruturas mentais da disciplina e obediência. 30- Preserva-se a ciência (religiosamente) pela proibição de seu questionamento. Atribui-se à ciência um poder absoluto, imenso, de fornecer informações categóricas sobre a realidade. 31- O positivismo é a formula filosófica que permite transmutar a ciência em religião. A ciência desembaraçada do todo (além teórico da especulação). Converte-se em religião despojada da pesrpectiva teológica e reduzida aos fatos da prática-religiosa: os ritos sociais.