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Resumo
Abstract
The Attachment Theory trys to explain how the attachment process occurs during the development of
the subject, based in childhood. So this article proposes an understanding of the process of tying an
individual, resident of the street considering the Attachment theory of John Bowlby. This implies the
existence of innate psychological structures, namely the inherent perception of the human species to
understand, feel and act within attachment patterns. Describing and explaining how the early
relationship between mother - baby are part of the origin of the perception of oneself and the other, as
well as a style and ability to bind to and relate to their lives during their journey. Works on all stages of
life and their relationship to the Attachment theory are easily found, but it is difficult you find research
on the residents of the street and its process of linking affective, which in street situation, in our view,
is devoided of social attachments. This is the proposal of this work, in which the data for the study was
collected for conducting an interview with an adult, who lived on the streets and there is a qualitatively
examine the process of attachment and standard developed by this commitment.
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INTRODUÇÃO
A população moradora de rua, segundo Artes e Schor (2001), pode ser definida de
maneira ampla incluindo pessoas que sem moradia pernoitam pelas ruas da cidade, em
albergues, ou em qualquer lugar não destinado para moradia. Os mesmos autores incluem
outra definição mais restrita como sendo grupos de pessoas que pernoitam as ruas das
cidades ou albergados.
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Assim, surgiu essa pesquisa que tem por intuito averiguar o funcionamento do
vínculo nessa população de rua, a partir de relatos e também do levantamento teórico sobre
a população moradora de rua.
REFERENCIAL TEÓRICO
Teoria do Apego
Na década de 60, Bowlby inicia sua obra mais importante que é a Trilogia de estudos
do Apego, composta pelos livros: “Apego” (Volume 1), “Separação” (Volume 2), “Perda”
(Volume 3). Esta trilogia tem como foco principal a Teoria do Apego que se constitui em
descrever os padrões de respostas que ocorrem regularmente no começo da infância e
assinalar como padrões semelhantes de resposta podem influenciar na personalidade,
partindo-se da premissa de um evento considerado potencialmente patogênico para o
desenvolvimento da personalidade e não de um determinado sintoma. Valoriza o ambiente e
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Bowlby (1984) diz ser o vínculo um laço afetivo relativamente duradouro que se
estabelece com o outro, pois para uma espécie que necessita do cuidado alheio, se faz
necessária à proximidade de outros indivíduos mais maduros que desempenhem o papel de
cuidador, fornecendo alimentação e segurança. O Apego, segundo Moura e Ribas (2004) é
fundamental no desenvolvimento dos seres humanos e é uma disposição para buscar
proximidade e contato com outro indivíduo específica, a fim de estabelecer sensação de
segurança, e é importante ressaltar que a qualidade das relações de apego depende
diretamente da relação mãe-criança.
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No Padrão Ansioso com Evitação a criança tem certeza plena de que não será
atendida e confortada quando necessário. Essa criança espera sempre ser rejeitada e ao
longo dos anos. Esse modelo pode ser causado por pais ou figuras parentais que estão
constantemente rejeitando as solicitações de ajuda da criança.
Vale ressaltar que esses padrões não são fixos, para Bowlby (1984), o modelo pode
ser atualizado ou revisado para que ocorra uma melhor adaptação do individuo a realidade,
isto acontece quando ocorrem grandes mudanças tais como uma paixão ou um luto.
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Se a criança tem um modelo de apego seguro vai ter boas expectativas do mundo e
vão acreditar em sua satisfação, que pode acontecer. As crianças classificadas nesta
categoria demonstram ser ativos nas brincadeiras, buscar contato com a mãe após uma
separação breve e serem confortadas com facilidade, voltando a se envolver em suas
brincadeiras.
Agora, se tiver um modelo de apego menos seguro, passa a ter menos expectativas
do mundo e também da realização de suas necessidades. São estas que quando separadas
por um breve momento da mãe, evitam se reunir a ela quando de sua volta, ou oscilam
entre a busca de contado com sua mãe e a resistência de contato com esta. (Ganda, 2006).
Bowlby (1969), propôs cinco classes de comportamento que podem ser tomados
como indicadores de apego, quando manifestados em relação a uma figura específica
(figura de apego):
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Entretanto, com tantas mudanças, o apego continua sendo um sistema corrigido pela
meta. Quando o indivíduo percebe uma discrepância entre a disponibilidade desejada e as
condições atuais, ele tentará reduzir essa diferença de acordo com o que foi internalizado.
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Weiss (apud Montoro, 1994) propôs três critérios que nos ajudam a entender o
apego na vida adulta:
b) O segundo tipo de vínculo que envolve apego é a ligação dos pais com os
filhos. É o processo no qual os filhos se transformam de objetos de
cuidado parental em objetos de apego do qual o adulto deriva sua
segurança. Esse processo é longo, gradual e perfeitamente normal e
saudável para o ciclo vital e familiar.
Pode-se afirmar que o padrão construído a partir da inicial interação entre mãe-bebê
é mantido durante toda a vida do sujeito, a menos que tal processo sofra interferência de
algum fator que abale ou modifique o padrão até então estável.
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A população de rua não faz parte do censo realizado pelo IBGE por não ter domicílio,
esta prática dificulta a compreensão sobre esses indivíduos para a formulação de práticas
públicas voltadas a elas. Em São Paulo foi realizado o primeiro Censo nos anos de 2000 e
2003, que contabilizou os moradores de rua, trabalho realizado durante a noite, uma vez
que a circulação dessa população durante o dia é intensa (Catarino, 2005).
Esse primeiro censo feito em São Paulo dos moradores de rua foi realizado em
fevereiro de 2000 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), com o intuito
cumprir o artigo 7º da Lei Municipal 12.316/97 que obriga a publicação anual o censo da
população de rua, a fim de comparar as vagas oferecidas diante das necessidades. De
acordo com este levantamento foram recenseados 8.706 moradores de rua, entretanto o
Censo de 2003 revelou que 10.394 pessoas vivem em situação de rua, representando um
aumento de 19,3% (Ghirardi & cols, 2005).
Este primeiro Censo feito no ano de 2000 revelou que as regiões Central e Leste
apresentam maior concentração dessa população na cidade assim como o número de
albergues que também estão mais presentes nessas regiões.
Sem informação 4 - 4
No Censo de 2000 foi possível mensurar os moradores de rua e separar por sexo e
idade, já que notou-se a presença de crianças e idosos em situação de rua e nos albergues.
Na tabela a seguir os números apresentados acima foram divididos por sexo e idade.
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0a3 15 17 - 19 23 1 75
4a6 10 7 - 7 10 - 34
7 a 14 25 31 1 42 136 - 235
15 a 17 7 10 1 49 98 - 165
A população de rua pode ser definida como àquelas pessoas que, sem moradia,
pernoitam nas ruas da cidade, em albergues ou outros lugares não destinados à habitação.
Incluem-se também pessoas ou famílias que perderam sua moradia por despejo e
encontram-se de forma provisória em abrigos privados, públicos ou que estejam morando
em domicílios de terceiros (Artes e Schor, 2001).
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Oliveira (2001) apud Ferreira & Matos (2005) estudou a questão dos idosos que
vivem em situação de rua, estes já advinham de uma situação familiar com poucos recursos
e sempre precisaram trabalhar, desde a infância, processo reproduzido durante toda a vida.
Para a sociedade, de acordo com Ferreira & Matos (2004), por não realizarem
atividades formais do ponto de vista do trabalho, o morador de rua é visto como improdutivo,
inútil, preguiçoso e vagabundo. Além desse discurso há outro fator presente no senso
comum sobre essa população: a de que a loucura é fator desencadeante para a
mendicância, já que tal situação é tida como anormal para os padrões da sociedade. Outro
discurso assimilado ao morador de rua é de que são pessoas dignas de piedade, explicadas
do ponto de vista religioso como uma punição aos erros cometidos em vidas passadas e
que o sofrimento pode levar à salvação.
A ruptura vivenciada pelo sujeito que ingressa no mundo da rua é, de certa forma,
abrupta com os alicerces que o mantinham anteriormente, ao qual se denomina ruptura ou
rualização (Matos, 2003 apud Ferreira & Matos, 2004).
Ghirardi e cols. (2005) utilizam o termo “cair na rua” que usualmente é utilizada por
essa população para definir o rompimento com o mundo no qual viviam, para a realidade
das ruas, que os coloca invisíveis ao dia a dia das pessoas nas grandes metrópoles. Esta foi
a alternativa de muitos desses indivíduos que um dia também estiveram do outro lado. Os
mesmos autores discorrem sobre a dificuldade enfrentada diariamente por essa população
que deve adaptar-se ao no meio, desenvolvendo novas estratégias de sobrevivência,
principalmente em situações de violência.
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Morar na rua, não significa que o sujeito perca o contato com as pessoas com quem
convivia anteriormente, o que lhes permite conseguir um emprego mantendo alguns
colegas. Com o passar do tempo este sujeito começa um processo de identificação com o
novo ambiente, construindo uma nova rotina a partir desse novo referencial que se
estabelece como uma nova rede de relações que acabam por substituir a anterior.
Domingues Jr. (2003) apud Ghirardi e cols. (2005) descreve que o dia a dia desta
população, em geral, gira em torno da busca pela manutenção de suas necessidades mais
básicas, como alimentação e higiene pessoal, por exemplo, e também em busca de
trabalhos temporários. Entretanto, os instrumentos que os auxiliam, de certa forma,
contribuem para sujeição desses indivíduos nesta situação, assim como a dependência de
tais equipamentos não contribui para sua autonomia. Isso, segundo o autor, interfere na
auto-estima colaborando para a “fragmentação de sua identidade” (p. 602).
Entretanto, Nasser (1996) apud Ferreira & Matos (2004) discutem sobre o termo “sair
no mundo”, cheio de significado psicológico para o “momento de ruptura” regado pela idéia
constante de recomeçar em busca de trabalho e condições de vida favoráveis, sendo que é
importante ressaltar que desses planos não faze parte a rede familiar, então “sair no
mundo”, param muitos nessas condições significa romper com a família e buscar novos
horizontes e condições melhores de trabalho.
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desclassificação social nos quais as pessoas vão se deparando com grau crescente de
marginalidade.
Cantarino (2005), em seu artigo, aponta que a crescente violência contra o morador
de rua pode ser explicada sob a perspectiva de que eles representam ameaças a certos
valores sociais, uma vez que seu modo de viver incomoda a sociedade preconceituosa e
higienista dos grandes centros urbanos, que os vêem como parasitas.
MÉTODO
5) Você pode falar sobre sua infância, com quem você morava, se tem irmãos?
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12) Quando você se sente triste ou angustiado com alguma coisa com quem conversa?
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos dados será qualitativa, a entrevista segue em forma de relato com
base nas respostas dadas pelo sujeito.
J., 32 anos, nascido em São Luiz, no Maranhão, é o filho mais novo de cinco irmãos.
Mora na rua desde 2004, desde ficou desempregado e não podendo mais pagar o aluguel,
foi morar com uma pessoa com quem se relacionava na época. Porém, o relacionamento
acabou, J. começou a dormir em albergues. A partir disso, saía quase diariamente para
procurar emprego, mas começou a beber e dormir na rua. Tinha dificuldades para encontrar
um trabalho remunerado, conseguiu uma vaga de faxineiro, mas que tornou-se insustentável
depois que descobriram sobre sua homossexualidade, não pela empresa, e sim pelos
colegas de trabalho, com quem não se envolvia e começou a ter vários conflitos. Atualmente
faz alguns “bicos” para conseguir dinheiro, costuma catar latinhas de alumínio para reforçar
a renda.
Em relação a sua família, J contou que seu pai tinha um bar, em São Luiz, e faleceu
quando ele tinha 8 anos de idade, porém recorda-se de um pai alcoólatra e violento quando
bebia. Sua mãe não trabalhava e cuidava dele e dos irmãos, quando o pai de J veio a
falecer, ela deixou os mais velhos com sua mãe e veio com ele para São Paulo.
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Quando sua mãe descobriu que ele era homossexual, o expulsou de casa. Porém J
voltou a morar com sua mãe meses depois e com uma tia e se mudaram para uma cidade
do interior do Estado. Entretanto, se sentia muito discriminado pela família e quando perdeu
o emprego as coisas ficaram piores, brigavam diariamente, então decidiu retornar para São
Paulo.
Sobre suas relações interpessoais, J contou que namorou um rapaz durante dois
anos, tinha o sonho de viver com ele durante sua vida, pois gostava de estar perto dele, mas
a infidelidade do parceiro lhe incomodava muito, então resolveu abandoná-lo, antes que
este o fizesse. Atualmente tem contato com os outros freqüentadores do albergue, mas sem
intimidades, pois não gosta das brincadeiras que fazem com ele, prefere ficar sozinho “não
me relaciono, as pessoas não valem a pena” (sic). J disse não ter ninguém para contar suas
angústias, tem dificuldade em confiar e medo de ser discriminado, e sua maneira de lidar
com seus problemas é escrevendo, para ele é a maneira de “colocar para fora” tudo aquilo
que sente.
A análise dos dados foi feita de forma qualitativa, e seria necessária a aplicação de
instrumentos específicos para categorizar um Padrão de Apego específico do sujeito. Sendo
assim, tal análise propõe relacionar os aspectos da vida, da personalidade ou do
comportamento do sujeito que apontam para um Padrão de Apego.
Apego Seguro - Distância Segura - Base Segura - Esperança: A criança está certa de que seus
pais estarão disponíveis a ajudá-la em situações adversas e desagradáveis.
Apego Ansioso com Evitação: A criança tem plena certeza de que não será atendida quando
necessitar de ajuda.
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Os pais são figuras de apego que para a criança e têm a função de acolhimento nos
momentos de aflição ou carência, transformando se em amigos e companheiros, tais
experiências primárias tendem a corresponder às expectativas na vida adulta.
Observar como uma pessoa regula seu afeto, como decorrem suas relações e como
este indivíduo lida com as situações de separação e perda é uma maneira de averiguar o
apego, como afirma Sonkin (2005). Assim, é importante a observação das relações na vida
adulta para melhor compreensão de como este percebe o vínculo estabelecido entre ele e o
outro.
J. com sua história parecida com a de tantos outros, não apresenta traços em sua
personalidade que demonstram Padrão de Apego Seguro, onde ele poderia se sentir
protegido em situações desagradáveis, de tal modo que sua própria família tornou-se um
lugar inóspito desde a infância, com a violência vivida pelo pai e as brigas com a mãe que
pioraram durante sua adolescência, apresentando, assim, nota-se em seu relato situações
em que demonstra Padrão Ansioso com Evitação que com o passar dos anos foi fixando-se
na personalidade do entrevistado, devido aos relacionamentos que se seguiram após o
rompimento com a família, com os quais ele não acredita que terá seu pedido atendido, se
precisar.
O Padrão Ansioso com Evitação de Apego significa que a criança tem certeza plena
de que não será atendida e confortada quando necessário, podendo tornar-se
emocionalmente suficiente ao longo de sua vida.
Segundo Castel, 1995 apud Ghirardi e cols.(2005), morar na rua significa que o
indivíduo passa por um processo de perda de relações sociais e afetivas, nomeado de
desfiliação. J passou por este processo ao deixar sua família para viver em São Paulo
Assim como J., existem outros com histórias parecidas de abandono, com uma figura
de apego na infância que não pode ajudá-lo a construir um padrão de apego seguro. Não se
pode afirmar que todos os indivíduos que estão em situação de rua tenham histórias de
abandono, negligência e violência, assim como existem diversos motivos que levam uma
pessoa a tais condições.
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CONCLUSÃO
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