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DEMOCRACIA GREGA
Dossier temático dirigido às Escolas
Novembro 2009
ÍNDICE
1. A democracia na Grécia 3
3. Péricles 12
Assembleia do povo 17
Tribunais 19
Jurisdições inferiores 20
In: José Ribeiro Ferreira, A Democracia na Grécia Antiga, Livraria Minerva in, Cadernos de História A, Parte 1,
Porto Editora, 2003, p.62
http://srec.azores.gov.pt/dre/sd/115152010600/depart/dcsh/10/democracia.pdf
A tensão em Atenas era enorme. Assim, para prevenir a chegada de algum tirano ao
poder, bem como para parar com as rivalidades aristocráticas e para aliviar a
Após a morte de Pisístrato, o poder passou para os seus dois filhos, Hípias e Hiparco,
que tentaram prosseguir com o poder de seu pai. No entanto, Hiparco foi
assassinado, o que causou a Hípias grande medo e consternação. Este tinha muitos
inimigos que gostariam de o destituir do poder. Em particular, uma rica família, de
seu nome Alcmeónidas, que tinha sido exilada por Pisístrato, estabeleceu-se em
Esparta, de onde auxiliou os inimigos de Hípias, de modo a que este fosse tirado do
poder. Assim, em 510 a.c., Atenas foi derrotada por Esparta, liderada pelo rei
Cleomenes I, e Hípias exilou-se, na Pérsia.
Clístenes propôs uma constituição que tornou Atenas numa democracia. As reformas
de Clístenes alteraram ainda a base para uma determinada pessoa ser considerada
cidadã Ateniense bem como a origem das tribos, que eram, respectivamente, a
divisão política e militar da população.
Assim, anteriormente a cidadania ateniense era baseada na relação de sangue com
as quatro tribos que inicialmente se estabeleceram na Ática. Clístenes tornou a base
para a cidadania uma questão geográfica, dividindo a Ática em 150 regiões,
denominadas demes. As pessoas que viviam dentro de cada um dos demes, eram
colocadas nas suas listas, que basicamente eram as listas da cidadania. Clístenes
permitiu que todos aqueles que viviam na Ática se tornassem cidadãos (mas não
aqueles que chegaram depois).
Clístenes formou dez tribos. Cada uma era constituída por grupos de demes da
cidade, da costa e do interior. Clístenes criou ainda o Conselho dos 500, que seria o
braço direito do governo, com todo o controlo administrativo. Qualquer cidadão
masculino era elegível para fazer parte deste órgão. Os seus membros
(obrigatoriamente com mais de 30 anos) eram escolhidos todos os anos por sorteio
dentro da cada tribo, sendo que cada cidadão só podia ser eleito duas vezes para o
Conselho dos 500, e nunca por dois anos consecutivos.
A Assembleia, que incluía todos os cidadãos masculinos (mulheres, estrangeiros e
escravos eram deixados de fora), tinha direito de veto de qualquer das propostas do
Conselho dos 500, e era o único ramo do governo que podia declarar guerra. As suas
reformas deram a cada cidadão uma hipótese de servir no governo. Com estas
medidas, Clístenes conseguiu prevenir as tiranias, bem como enfraquecer
grandemente o poder dos aristocratas.
O próximo grande líder a ser eleito na Ática foi Temístocles, em 483 A.C.. Ele foi um
homem de estado e general Ateniense, que convenceu a população da necessidade
de construir uma poderosa frota naval, de modo a poderem-se defender dos Persas,
durante a Guerra Persa. Foi Temístocles que defendeu a Grécia do segundo ataque
Por vezes, fala-se em Péricles como sendo o fundador da democracia, algo que não é
totalmente exacto. Na verdade, ele apenas modificou o sistema democrático
existente, de uma "democracia limitada" para uma democracia onde todos os
cidadãos podiam participar, independentemente da sua riqueza ou estatuto social.
Apesar de ser Clístenes o considerado como sendo o pai da democracia, Péricles é
considerado como sendo o responsável pela Idade de Ouro da mesma. E isto prende-
se com o facto de que, com Clístenes, a democracia era uma democracia limitada,
onde os aristocratas ainda ditavam leis. No entanto, Péricles alterou este aspecto,
passando os cidadãos a governar não apenas em teoria, mas também na prática.
A partir de 450 a.c., foram passando na Assembleia uma série de leis que
progressivamente foram estabelecendo um sistema democrático que o mundo nunca
tinha visto antes. Foram dados aos cidadãos o poder directo da Assembleia e dos
tribunais populares, onde as decisões eram tomadas por maioria. Para além disso, foi
ditado o fim do poder de veto do Areópago, tribunal do qual apenas faziam parte os
aristocratas, e que por vezes se tornava numa força de bloqueio às medidas
aprovadas na Assembleia pela maioria dos cidadãos.
Para além destas alterações, Péricles alarga o campo de recrutamento das
magistraturas, antes apenas limitada às duas classes superiores. No entanto, a sua
sensibilidade política vai mais longe, ao constatar que esta participação das classes
Nascido por volta de 495 A.C., é filho de Xantipo e de Agariste, sobrinho de Clístenes,
outro grande estadista, e por muitos considerado o pai da Democracia.
Uma das razões para Péricles ter tido a importância que teve em Atenas, prende-se
com o facto de ter nascido no seio da família dos Alcmeónidas, família de sua mãe,
que era uma das mais ricas e influentes em Atenas. Parar além disso, como pôde
viajar e ter contacto com gentes e costumes de outros lugares, ganhou muita
experiência de vida.
Por vezes, fala-se em Péricles como sendo o fundador da democracia, algo que não é
totalmente exacto. Na verdade, ele apenas modificou o sistema democrático
existente, de uma "democracia limitada" para uma democracia onde todos os
A partir de 450 a.c., foram passando na Assembleia uma série de leis que
progressivamente foram estabelecendo um sistema democrático que o mundo nunca
tinha visto antes. Foram dados aos cidadãos o poder directo da Assembleia e dos
tribunais populares, onde as decisões eram tomadas por maioria.
Assim, as suas medidas vão incidir sobre vários aspectos. Em primeiro lugar, vai
alargar o campo de recrutamento das magistraturas, antes apenas limitada às duas
classes superiores. No entanto, a sua sensibilidade política vai mais longe, ao constatar
que esta participação das classes inferiores seria puramente teórica, se estes
elementos, que tinham poucos recursos económicos, não fossem pagos. Assim, alarga
o campo dos arconatos à terceira classe (pequena burguesia e artífices de poucos
rendimentos), deixando de fora a quarta e última classe, a dos operários e serventes.
Criou também indemnizações para os membros do Conselho dos Quinhentos, para os
militares e para a participação dos cidadãos nas numerosas festas da República. No
entanto, nunca deu dinheiro para a participação na Assembleia do Povo, uma vez
que era considerado um dever a frequência desta.
Assim, de 460 a.c. até à sua morte, em 429 a.c., Péricles dominou os assuntos ligados
com Atenas. Durante este período, foi sempre eleito como um dos 10 Generais, que
eram os estrategos de Atenas. O mais espectacular destas eleições é que foram
Para finalizar, fica aqui uma passagem do discurso de Péricles (citado por Tucídides),
no funeral daqueles que morreram na guerra do Peloponeso, que demonstra bem a
sua personalidade e os ideais que defende:
"O nosso sistema político não compete com instituições que estão noutros locais
implantadas pela força. Nós não copiamos os nossos vizinhos, mas tentamos ser um
exemplo. A nossa administração favorece a maioria em vez da minoria: é por isso que
é chamada uma democracia. As leis dão justiça para todos de igual modo, nas suas
Assembleia do Povo
Para decisões importantes, tais como para decretar o ostracismo (afastar uma pessoa
da cidade por um período de 10 anos) ou atribuir o direito de cidadania a um
estrangeiro que se houvesse notabilizado por serviços prestados a Atenas, eram
necessários no mínimo 6000 votos, o que serve para atestar a grandiosidade desta
forma de democracia directa. No entanto, não era muito frequente a Assembleia
reunir tal número de votantes (e note-se que o número aproximado de cidadãos era
de 40.000, o que denota bem a abstinência que era comum à Assembleia).
Cada cidadão podia, uma vez por ano, propor uma lei na primeira Assembleia da
Pritania. Esta era levada ao Conselho dos Quinhentos (que acumulava as funções de
conselho de Estado e de comissão executiva) que a estudava e discutia.
Posteriormente, era novamente remetida à Assembleia, com um parecer. Depois
disto, o projecto era levado ao conhecimento de todos por meio de editais,
procedendo-se à sua leitura na abertura de cada sessão da Assembleia. Na última
Assembleia da Pritania, o povo decidia se o projecto deveria ser considerado ou não.
Caso o parecer fosse favorável, era levado aos Nomótetas, que formavam um
tribunal onde o projecto era sujeito a um verdadeiro julgamento, com os seus prós e
contras. Depois da decisão destes, finalmente o projecto de lei poderia ser aceite.
Tribunais
Areópago
É o mais antigo tribunal de Atenas. De acordo com a lenda, foi instituído pela própria
deusa Atena. As suas atribuições nunca foram bem definidas mas eram muito
amplas. Como tal, acabou por se tornar numa corte de justiça e num conselho
político que exercia vigilância sobre a cidade e sobre as suas leis. Tinha um carácter
aristocrático uma vez que era formado pelos antigos arcontes (sempre escolhidos
entre as duas classes mais elevadas) e porque as funções dos seus membros eram
vitalícias. Foram estas aliás as duas principais causas das reformas democráticas que o
Areópago sofreu, aliado ao facto de que este tribunal se tornava, por vezes, numa
autêntica força de bloqueio das decisões tomadas pela Assembleia. Como tal, os seus
poderes foram sendo progressivamente reduzidos, limitando-se finalmente a funções
judiciárias. Até mesmo estas foram sendo enfraquecidas com o surgimento de outros
tribunais. Assim, no século IV a.c., o Areópago apenas efectuava o julgamento dos
casos de homicídio premeditado, incêndios e envenenamentos.
Éfetas
Heliéia
Era aqui que eram julgados a maioria dos processos. E, tal como nos assuntos
políticos, o povo ateniense era soberano em matéria judiciária. Assim, anualmente, os
arcontes sorteavam seis mil jurados de entre todos os cidadãos com mais de 30 anos.
Depois escolhidos, os heliastas (nome que tinham os membros da Heliéia), prestavam
juramento. Após este juramento, os seis mil jurados eram divididos em dez secções de
quinhentos membros cada, ficando os restantes mil como suplentes. O número de
heliastas convocado para cada julgamento era determinado pelo magistrado que
efectuava a instrução do processo e escolhido mediante a importância da causa em
julgamento. Aos heliastas era-lhes paga uma indemnização diária, relativamente
elevada, o que levava a que a função de jurado se tenha tornado um meio de vida
para os Atenienses pobres. Esta situação foi ridicularizada por Aristófanes, na
comédia As Vespas.
Jurisdições Inferiores
Os negócios sem grande importância não chegavam à Heliéia. Em vez disso, eram
resolvidos pelos árbitros que podiam ser privados (escolhidos pelos litigantes
envolvidos na disputa, que se comprometiam a acatar a decisão) ou públicos
(sorteados entre os cidadãos com mais de 60 anos, cuja decisão era passível de
Uma situação semelhante a esta era a dos juízes dos demos. O objectivo destes era
facilitar a vida dos habitantes dos campos, libertando-os de uma ida à cidade.
Percorriam os demos e resolviam directamente os pequenos litígios desde que o
montante dos mesmos não excedesse os dez dracmas. Quando os delitos eram mais
graves, competia a estes mesmos juízes a investigação preliminar prévia ao envio do
processo aos tribunais atenienses.
Textos retirados da página web da Prof. Dra. Olga Pombo, que em 2009 fez agregação em História e Filosofia da
Ciência pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/protagoras/links/evol_democ.htm
opombo@fc.ul.pt
RMBP-PNO 37.014
SARRAMONA, Jaume
Como entender e aplicar a democracia na escola / Jaume Sarramona. - 1ª ed.. -
Lisboa : Plátano, 1993. - 87 p. - (Aula prática)
ISBN 972-707-086-8
RMBP-PAL 94(38) D
RMBP-PNO 94(38) D
CHRISP, Peter
A Grécia antiga / Peter Chrisp ; Joana Ferreira da Silva. - Porto : Dorling Kindersley :
Civilização, 2003. - 38 p. : il. - (Descobre)
ISBN 9895501153
RMBP-PNO 94(38) N
RMBP-QAN 94(38) N
CASPURRO, Joana
A grécia antiga / trad. e adapt. de Joana Caspurro ; texto de Sylvie Roy-Lebreton ; il.
Jean-Marie Ruffieux. - Porto : Asa, 1995. - 37 p. : il. - (Nova história júnior)
ISBN 9724115267