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REDE MUNICIPAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS DO CONCELHO DE PALMELA

DEMOCRACIA GREGA
Dossier temático dirigido às Escolas

Novembro 2009
ÍNDICE

1. A democracia na Grécia 3

2. Evolução do conceito de democracia em Atenas 5

Clístenes: o surgimento de um grande homem de estado 8

Temístocles: um herói de guerra 9

Péricles: o grande líder 10

3. Péricles 12

4. Instituições democráticas em Atenas 17

Assembleia do povo 17

Conselho dos quinhentos 18

Reconstrução do Bouleuterion de Mileto 18

Tribunais 19

Jurisdições inferiores 20

4. Bibliografia existente na Rede Municipal de Bibliotecas 22

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A DEMOCRACIA NA GRÉCIA

O termo democracia, como é sabido, teve a certidão de nascimento na Grécia, como


o regime a que se aplica. (…)
O termo apresenta o mesmo tipo de formação de aristocracia – regime em que
dominam os aristoi, “os melhores” no sentido social – e de plutocracia – o sistema
político em que o acesso ao poder se baseia na riqueza. Democracia é assim o
“governo pelo demos”, o povo.
Falar de democracia grega é falar, pode dizer-se, de democracia ateniense –
expressões que praticamente se equivalem. É certo que em outros Estados gregos o
povo atingiu o poder, em alguns possivelmente até primeiro do que em Atenas, como
aconteceu em Mileto, Mágara, Samos, Quios, one é provável terem existido
instituições democráticas desde inícios ou meados do século VI a.C. (…)
Apesar de não ser o mais antigo exemplo de democracia e de não ser caso isolado nos
séculos V e IV, Atenas foi, no entanto (…) a mais conhecida e sempre um ponto de
referência para as demais, a que nos fornece mais fontes e dados para estudo, a que
levou o regime a maior perfeição, a que nos legou princípios ainda hoje
fundamentais. Inspirou, além disso, muitos outros estados gregos a seguir o seu
exemplo. À sua volta formou-se uma simaquia – a de Delos, ou Primeira
Confederação Ateniense, como também se lhe chama –, que esteve na base de um
império, cujas cidades adoptaram, de modo geral, o
regime democrático. Esta simaquia, no século V, formava um bloco que se opunha a
um outro, liderado por Esparta, a Simaquia do Peloponeso, em cujos Estados
dominava a oligarquia. (…)
No chamado “século de Péricles”, ou, para alargar um pouco mais os limites, entre
480 e 380, Atenas viveu uma época áurea no aspecto cultural, artístico, literário,
político e económico. Era uma cidade cheia de vida, de dinamismo, onde afluíam
pensadores e comerciantes de todos os lados. (…)
A cidade atraiu intelectuais de várias partes da Grécia e foi no seu seio que a História
atingiu a maturidade com Heródoto e com Tucídides; que o Teatro se desenvolveu e
nos legou peças que ainda hoje são obras-primas constantemente imitadas; que o
movimento dos Sofistas se afirmou como resposta às necessidades do regime
democrático; que a arte atingiu o pleno desenvolvimento com as realizações da
Acrópole; que a educação, a filosofia, a ciência deram passos decisivos com Sócrates,

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Platão, Isócrates, Aristóteles; que apareceu a teorização e a reflexão política
sistemáticas.
Se os Helenos descobriram a democracia, foram também eles que criaram a teoria
política – a arte de chegar a decisões graças à discussão pública. Nisso Atenas teve
papel de realce. Foi nessa polis que primeiro se reflectiu sistematicamente na
realidade política, observando-a, descrevendo-a, comentando-a; foi aí que em
definitivo se formularam teorias políticas. (…)
Os Gregos e Romanos, sobretudo os primeiros, eram ciosos de ter por único soberano a
Lei, e isso os distinguia profundamente dos Bárbaros. Mesmo os governantes tinham
de lhe obedecer e por ela conformar a sua actuação – sobretudo eles, porque como
observava e bem Creonte na Antígona de Sófocles, não se conhece o temperamento
e carácter de um homem antes de ele se exercitar no poder e na legislação. Esse
poder e leis vêm da participação dos cidadãos, sendo nestes que reside a pólis.

In: José Ribeiro Ferreira, A Democracia na Grécia Antiga, Livraria Minerva in, Cadernos de História A, Parte 1,
Porto Editora, 2003, p.62
http://srec.azores.gov.pt/dre/sd/115152010600/depart/dcsh/10/democracia.pdf

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EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE DEMOCRACIA EM ATENAS

A Grécia antiga estava dividida em diversas áreas, designadas cidades-estado.


Apesar de muitas destas cidades-estado não terem mudado de forma de governação
ao longo dos tempos, algumas, entre as quais Atenas, atravessaram 4 fases de
governação.

• Inicialmente, estava implantado um regime monárquico, onde eram os Reis


que governavam as cidades-estado, juntamente com um conselho de nobres.
• Por volta de 750 a.c., os nobres da maioria das cidades-estado depuseram os
reis, e tornaram-se eles os decisores do destino das mesmas. Este sistema era
designado por Oligarquia. Estas oligarquias eram dirigidas por nobres
proprietários de grandes extensões de terras, os aristocratas. No entanto, este
sistema também acabou por cair. Isto porque era grande a rivalidade entre os
aristocratas bem como o descontentamento das classes inferiores,
constantemente oprimidas.
• Assim, acabou por aparecer uma terceira forma de governo, conhecido por
Tirania. O termo tirano significa um aristocrata ambicioso, que apelava ao
povo, para o ajudar a tomar o poder sozinho. Os tiranos acabaram por ser
um passo importante para a democracia em algumas cidades-estado, uma
vez que foram estes que ensinaram ao povo os seus direitos e o seu poder.
• Algumas cidades gregas ficaram-se pelas oligarquias ou tiranias, enquanto
que outras, tal como Atenas, continuou a evoluir para a demokratia, que
significa poder do povo.

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Vamos agora seguir o percurso exemplar de Atenas, bem como conhecer algumas
figuras que em Atenas influenciaram a introdução da democracia.

No início do VI século a.c., Atenas estava a necessitar desesperadamente de


mudanças políticas e reformas económicas, à medida que o povo Ateniense estava a
perder a sua liberdade. Na altura, existiam dois grandes grupos sociais: os nobres e
aristocratas, donos de grandes extensões de terrenos e que os cultivavam com ajuda
das pessoas das suas «casas»; e os trabalhadores «livres», que eram desde pequenos
camponeses, que tinham apenas um bocado de terra, muitas vezes quase estéril, e
que com as suas ferramentas rudimentares, lá iam tirando da terra o pouco que
dava, bem como artífices e homens do mar. Ora, com a invenção da moeda, os
nobres e aristocratas foram começando a acumular riqueza, algo que antes não
tinham como possuir. E isto porque o comércio era efectuado através da troca directa
de produtos, não havendo muitas possibilidades de acumular riqueza, uma vez que o
que eles possuíam era, sobretudo, produtos perecíveis fruto da agricultura. Com o
aparecimento da moeda, os nobres e aristocratas foram ficando cada vez mais ricos.
E uma prática anterior à invenção da moeda, que consistia em que, nos anos maus
de colheita, os camponeses iam pedir aos nobres e aristocratas ajuda (que os mesmos
dispensavam, uma vez que não lhes valia de nada acumularem algo que se acabaria
por estragar), desapareceu. Assim, o que passou a ser prática corrente em anos maus
era o pedido de empréstimos, em que os nobres aristocratas se tornaram em
autênticos usurários, uma vez que os juros pedidos eram altíssimos. E o que davam os
pobres camponeses como garantia de pagamento? As suas terras. Só que, como estas
não produziam quase nada, os camponeses não tinham como pagar as suas dívidas,
acabando as terras por reverter para o credor que tinha anteriormente emprestado o
dinheiro, ficando o camponês nela como rendeiro. No entanto, os camponeses como
rendeiros, também não tinham a vida facilitada, uma vez que tinham que dar ao
credor cinco sextos do que a terra produzia. Deste ciclo vicioso já muito dificilmente o
camponês saía, até que, quando já não tem nada para dar como penhor, hipoteca o
próprio corpo. Assim, tornava-se, tanto ele como o resto da sua família, escravos, que
a qualquer altura poderiam ser vendidos.

A tensão em Atenas era enorme. Assim, para prevenir a chegada de algum tirano ao
poder, bem como para parar com as rivalidades aristocráticas e para aliviar a

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opressão que o povo estava constantemente a sofrer, em 594 a.c. os aristocratas
atenienses deram poderes a um homem, de seu nome Sólon, para introduzir uma
série de reformas nas leis vigentes. Felizmente que este homem, Sólon, percebeu a
gravidade da situação em que Atenas se encontrava. Assim, para além de acabar
com a prática que existia de escravatura quando se devia dinheiro a outrem, libertou
todos os escravos e restituiu-lhes também as suas terras. Para conseguir libertar todos
os escravos, gastou avultadas somas de dinheiro a comprar escravos que tivessem sido
anteriormente vendidos para outras cidades-estado ou para o estrangeiro. Para
além disto, Sólon deu mais poderes ao povo (demos). Este poder era estruturado da
seguinte forma: Sólon dividiu os cidadãos em quatro classes, de acordo com o seu
rendimento. Assim, quanto maior fosse o rendimento, maior eram os seus poderes (e
consequentemente maiores os impostos e o serviço militar que tinham que cumprir).
Foi criado um conselho eleito, de quatrocentos cidadãos, criado para retirar os
poderes políticos aos tiranos. Este conselho era organizado de acordo com as quatro
tribos que constituíam o povo Ateniense; e cada tribo tinha o direito de eleger cem
cidadãos da terceira classe para constituírem esse mesmo conselho. Criou ainda o
tribunal dos Heliastas, tribunal popular, onde os cidadãos podiam apelar de decisões
oficiais, proferidas pelos magistrados. À quarta classe, a dos cidadãos mais pobres,
era-lhes permitido participarem na Assembleia. Nesta Assembleia votavam-se os
assuntos trazidos à mesma pelo conselho de quatrocentos cidadãos, e elegiam-se os
magistrados. No entanto, apesar desta Assembleia permitir uma maior participação
das classes mais baixas na governação da cidade, o Areópago, que era responsável
pela manutenção da ordem pública, mantinha-se restrito aos aristocratas. Era
permitido aos cidadãos de todas as classes participarem na Assembleia e nos tribunais
populares. Sólon manteve, no entanto, a lei que dizia que apenas os cidadãos das
três classes mais elevadas podiam trabalhar para o Estado, e só a mais alta poderia
chegar a arconte. Na prática, estas mudanças continuaram com a Oligarquia, na
medida em que só os cidadãos das classes mais elevadas podiam chegar a arcontes, e
a maioria das decisões importantes eram ainda tomadas no Areópago, que era
limitado aos aristocratas. No entanto, estas mudanças foram um passo em frente
para a democracia, na medida em que aumentaram a liberdade dos cidadãos.
Apesar de tudo, nenhuma legislação podia acabar com a rivalidade que existia entre
os diversos aristocratas, o que levou a que voltasse a tirania como forma de governo.

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Apesar das suas reformas, a crise continuou. Pouco depois de Sólon ter abandonado o
seu cargo, Atenas estava quase em colapso, devido à anarquia. Em 561 a.c., um
tirano chegou ao poder, de seu nome Pisístrato, apoiado pelo descontentamento
popular. Esta tirania foi muito importante para o desenvolvimento da democracia,
uma vez que este tirano continuou o trabalho de Sólon, continuando a reduzir o
poder dos nobres. Continuou a aumentar os poderes da Assembleia e dos tribunais
associados às classes mais pobres, e usou o seu poder para se assegurar que o governo
de Sólon continuava a trabalhar, e que eleições fossem efectuadas. No entanto, a
governação deste tirano também não foi pacífica.

Após a morte de Pisístrato, o poder passou para os seus dois filhos, Hípias e Hiparco,
que tentaram prosseguir com o poder de seu pai. No entanto, Hiparco foi
assassinado, o que causou a Hípias grande medo e consternação. Este tinha muitos
inimigos que gostariam de o destituir do poder. Em particular, uma rica família, de
seu nome Alcmeónidas, que tinha sido exilada por Pisístrato, estabeleceu-se em
Esparta, de onde auxiliou os inimigos de Hípias, de modo a que este fosse tirado do
poder. Assim, em 510 a.c., Atenas foi derrotada por Esparta, liderada pelo rei
Cleomenes I, e Hípias exilou-se, na Pérsia.

Clístenes: o surgimento de um grande Homem de Estado

Depois do exílio de Hípias, Esparta e Atenas assinaram um tratado de paz, e


instalaram um Ateniense, Iságoras, para chefiar o governo. Este decidiu, para além
de restaurar o governo de Sólon, decretar a purificação da cidadania Ateniense - a
não ser que pudesse provar que a sua família estava em Atenas aquando da sua
fundação, era retirado da lista dos cidadãos. Isto porque, com Sólon e Pisístrato,
muitas pessoas tinham sido registadas como cidadãs, mesmo que não fossem
originalmente Atenienses. Assim Iságoras começou a retirar pessoas em grandes
números das listas dos cidadãos, o que causou grande mal-estar junto das
populações.
Clístenes, membro da família Alcmeónidas, começou a juntar apoios populares,
tornando-se uma séria ameaça para o poder de Iságoras. Este pediu o auxílio ao rei
de Esparta, que voltou a invadir Atenas, o que levou com que Clístenes fosse forçado
a exilar-se. No entanto, deu-se rapidamente uma nova rebelião popular, que

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afastou Iságoras do poder, colocando lá Clístenes, que se veio a tornar o homem de
estado com mais poder em Atenas.

Clístenes propôs uma constituição que tornou Atenas numa democracia. As reformas
de Clístenes alteraram ainda a base para uma determinada pessoa ser considerada
cidadã Ateniense bem como a origem das tribos, que eram, respectivamente, a
divisão política e militar da população.
Assim, anteriormente a cidadania ateniense era baseada na relação de sangue com
as quatro tribos que inicialmente se estabeleceram na Ática. Clístenes tornou a base
para a cidadania uma questão geográfica, dividindo a Ática em 150 regiões,
denominadas demes. As pessoas que viviam dentro de cada um dos demes, eram
colocadas nas suas listas, que basicamente eram as listas da cidadania. Clístenes
permitiu que todos aqueles que viviam na Ática se tornassem cidadãos (mas não
aqueles que chegaram depois).
Clístenes formou dez tribos. Cada uma era constituída por grupos de demes da
cidade, da costa e do interior. Clístenes criou ainda o Conselho dos 500, que seria o
braço direito do governo, com todo o controlo administrativo. Qualquer cidadão
masculino era elegível para fazer parte deste órgão. Os seus membros
(obrigatoriamente com mais de 30 anos) eram escolhidos todos os anos por sorteio
dentro da cada tribo, sendo que cada cidadão só podia ser eleito duas vezes para o
Conselho dos 500, e nunca por dois anos consecutivos.
A Assembleia, que incluía todos os cidadãos masculinos (mulheres, estrangeiros e
escravos eram deixados de fora), tinha direito de veto de qualquer das propostas do
Conselho dos 500, e era o único ramo do governo que podia declarar guerra. As suas
reformas deram a cada cidadão uma hipótese de servir no governo. Com estas
medidas, Clístenes conseguiu prevenir as tiranias, bem como enfraquecer
grandemente o poder dos aristocratas.

Temístocles: Um herói de guerra

O próximo grande líder a ser eleito na Ática foi Temístocles, em 483 A.C.. Ele foi um
homem de estado e general Ateniense, que convenceu a população da necessidade
de construir uma poderosa frota naval, de modo a poderem-se defender dos Persas,
durante a Guerra Persa. Foi Temístocles que defendeu a Grécia do segundo ataque

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dos Persas. Após a derrota dos Persas, Temístocles foi encarado como um herói.
Muitos historiadores consideram que Temístocles nunca teria conseguido construir tal
frota naval e ter tido o apoio do povo, sem as reformas que Clístenes tinha posto em
funcionamento. Se não fosse a liderança de Temístocles, provavelmente Atenas teria
sido conquistada pelos Persas, acabando a democracia antes de realmente ter
começado.

Péricles: O grande líder

Talvez a figura mais importante no desenvolvimento da Grécia antiga. De facto, as


suas políticas e ideias foram tão influentes, que muitos referem-se ao período que ele
esteve no poder como a Época Dourada, ou ainda o Século de Péricles. Péricles,
sobrinho-neto de Clístenes, quis expandir os ideais democráticos deste, e foi capaz de
tal através do pleno apoio sempre demonstrado pelos cidadãos.

Por vezes, fala-se em Péricles como sendo o fundador da democracia, algo que não é
totalmente exacto. Na verdade, ele apenas modificou o sistema democrático
existente, de uma "democracia limitada" para uma democracia onde todos os
cidadãos podiam participar, independentemente da sua riqueza ou estatuto social.
Apesar de ser Clístenes o considerado como sendo o pai da democracia, Péricles é
considerado como sendo o responsável pela Idade de Ouro da mesma. E isto prende-
se com o facto de que, com Clístenes, a democracia era uma democracia limitada,
onde os aristocratas ainda ditavam leis. No entanto, Péricles alterou este aspecto,
passando os cidadãos a governar não apenas em teoria, mas também na prática.

A partir de 450 a.c., foram passando na Assembleia uma série de leis que
progressivamente foram estabelecendo um sistema democrático que o mundo nunca
tinha visto antes. Foram dados aos cidadãos o poder directo da Assembleia e dos
tribunais populares, onde as decisões eram tomadas por maioria. Para além disso, foi
ditado o fim do poder de veto do Areópago, tribunal do qual apenas faziam parte os
aristocratas, e que por vezes se tornava numa força de bloqueio às medidas
aprovadas na Assembleia pela maioria dos cidadãos.
Para além destas alterações, Péricles alarga o campo de recrutamento das
magistraturas, antes apenas limitada às duas classes superiores. No entanto, a sua
sensibilidade política vai mais longe, ao constatar que esta participação das classes

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inferiores seria puramente teórica, se estes elementos, que tinham poucos recursos
económicos, não fossem pagos. Como tal, criou uma espécie de ordenado, que
permitia que os cidadãos de classes mais baixas pudessem chegar a magistrados.
Para além disso, alarga o campo dos arconatos (espécie de funcionários públicos) à
terceira classe (pequena burguesia e artífices de poucos rendimentos), deixando de
fora a quarta e última classe, a dos operários e serventes. Criou também
indemnizações para os membros do Conselho dos 500, para os militares e para a
participação dos cidadãos nas numerosas festas da República. No entanto, nunca deu
dinheiro para a participação na Assembleia do Povo, uma vez que considerava que
era um dever de todos os cidadãos a frequência desta.

Para além do seu enorme contributo para o desenvolvimento do sistema


democrático em Atenas, Péricles foi também o responsável pela reconstrução de
Atenas, após o fim da Guerra do Peloponeso. É devido a Péricles a construção e
reconstrução de inúmeros templos, entre eles o Parténon. Todos os seus actos
acabaram por elevar Atenas a centro cultural do mundo antigo, sonho que Péricles
desde sempre sustentava.

Tem-se falado aqui muito da evolução do conceito de democracia em Atenas. Mas


note-se que, no entanto, a democracia era uma democracia limitada. Isto devia-se
ao facto de só poderem participar na Assembleia, bem como nos Tribunais, os
cidadãos de Atenas. No entanto, o estatuto de cidadão era algo que estava vedado
às mulheres, aos escravos e aos estrangeiros (tanto provenientes de outras cidades-
estado como de outros países). Como tal, a Assembleia, onde, em última análise, tudo
era decidido, não era um governo representativo, uma vez que deixava de fora
todos os não cidadãos, numa cidade em que se estimava que apenas um quarto das
pessoas fossem consideradas cidadãs. No entanto, apesar deste facto, Atenas foi a
cidade estado onde a Democracia atingiu a sua plenitude, chegando onde outras
cidades estado nem sequer ousavam imaginar. Atenas tornou-se um modelo, tanto
para o seu tempo, como para os tempos que se seguiram.

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PÉRICLES

Nascido por volta de 495 A.C., é filho de Xantipo e de Agariste, sobrinho de Clístenes,
outro grande estadista, e por muitos considerado o pai da Democracia.

Uma das razões para Péricles ter tido a importância que teve em Atenas, prende-se
com o facto de ter nascido no seio da família dos Alcmeónidas, família de sua mãe,
que era uma das mais ricas e influentes em Atenas. Parar além disso, como pôde
viajar e ter contacto com gentes e costumes de outros lugares, ganhou muita
experiência de vida.

Os seus tutores foram de grande importância para o seu desenvolvimento, primeiro


como General e, em seguida, como político. Em primeiro lugar, o pai, Xantipo, que
era um grande político. Depois, Dámon, Anaxágoras e Zenão de Eleia, com quem
Péricles passou grande parte da sua infância e adolescência. Dámon foi o seu
professor de música e, para além da teoria musical, ensinou-lhe as suas relações com
a ética e a política. Aliás, Dámon levava tão a sério a sua arte, que costumava
afirmar: "Não se pode tocar nas regras da música sem perturbar, no mesmo instante,
as leis fundamentais do Estado... Façamos da música a cidadela do Estado".
Anaxágoras e Zenão de Eleia foram os seus principais mestres de pensamento. Com
Anaxágoras, aprendeu a usar a razão para explicar o mundo físico que o rodeava
em vez dos tradicionais mitos da religião grega. Era este homem que ensinava que a
inteligência pura tirara o mundo do caos inicial, o organizava e o continuava a reger.
Com Zenão de Eleia, aprendeu a doutrina monoteísta: "Há só um Deus... sem
trabalho, pela simples força do espírito, põe em movimento todas as coisas.".

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Péricles reúne na sua pessoa quatro virtudes. Em primeiro lugar, tem a inteligência,
isto é, a capacidade de analisar uma situação política, de prever exactamente o
acontecimento e responder-lhe com um acto. Em segundo lugar, é dono de uma
grande eloquência. Dir-se-ia que cada vez que fala perante a Assembleia, depõe a
sua coroa de chefe, só a voltando a colocar com o consentimento de todos. É um
grande orador que tem sempre um relâmpago na língua. A terceira virtude é o
patriotismo mais puro: para Péricles, nada está acima do interesse da comunidade
dos cidadãos, acima da honra da cidade de Atenas. Por último, vem o seu total
desinteresse. Inteiramente dedicado ao seu país, ou melhor, à sua Atenas, é inacessível
a qualquer tipo de corrupção.

Com estas qualidades e a esmerada preparação que recebeu, Péricles tornou-se um


diplomata e político notável, dotado de um inigualável poder de oratória. Segundo
Tucídides, os discursos de Péricles eram exemplos da eloquência dedutiva, alimentada
pelas paixões vivas do jovem povo ateniense.

Ao contrário da maioria dos políticos, Péricles começou a sua vida política


relativamente tarde, aos 31 anos, decorria o ano de 463 a.c. Mas este aparecimento
tardio pensa-se ter sido uma estratégia cuidada. Aparentemente, Péricles esperou
que Temístocles e Aristides, dois gigantes políticos da geração anterior,
desaparecessem de cena, e aproveitou o facto de Címon, que tinha sido a face
dominante em Atenas durante uma década, estar sempre fora em campanhas
militares.

Assim, Péricles dedicou-se ao serviço militar, tomando parte em diversas expedições,


para provar que era suficientemente corajoso e que não tinha medo dos perigos, algo
essencial para alguém que quisesse prosseguir uma carreira política. Péricles, devido
às suas características, foi eleito General. Mais tarde, chegou ao poder, devido a um
movimento democrático popular, uma vez que, devido à sua grande capacidade
oratória, virou os populares contra Címon, fazendo-os ver que este defendia os
interesses dos aristocratas, recebendo subornos destes.

Por vezes, fala-se em Péricles como sendo o fundador da democracia, algo que não é
totalmente exacto. Na verdade, ele apenas modificou o sistema democrático
existente, de uma "democracia limitada" para uma democracia onde todos os

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cidadãos podiam participar (cidadãos, atente-se...). Tanto que se Clístenes é
considerado o pai da democracia grega, Péricles é considerado o fundador da Idade
de Ouro da mesma, chamando, outros ainda, ao século V A.C., o século de Péricles.
Isto porque, com Clístenes, era uma democracia limitada, onde os aristocratas ainda
ditavam leis, e com Péricles este facto alterou-se, passando os cidadãos a governar
não apenas em teoria, mas também na prática.

A partir de 450 a.c., foram passando na Assembleia uma série de leis que
progressivamente foram estabelecendo um sistema democrático que o mundo nunca
tinha visto antes. Foram dados aos cidadãos o poder directo da Assembleia e dos
tribunais populares, onde as decisões eram tomadas por maioria.

Assim, as suas medidas vão incidir sobre vários aspectos. Em primeiro lugar, vai
alargar o campo de recrutamento das magistraturas, antes apenas limitada às duas
classes superiores. No entanto, a sua sensibilidade política vai mais longe, ao constatar
que esta participação das classes inferiores seria puramente teórica, se estes
elementos, que tinham poucos recursos económicos, não fossem pagos. Assim, alarga
o campo dos arconatos à terceira classe (pequena burguesia e artífices de poucos
rendimentos), deixando de fora a quarta e última classe, a dos operários e serventes.
Criou também indemnizações para os membros do Conselho dos Quinhentos, para os
militares e para a participação dos cidadãos nas numerosas festas da República. No
entanto, nunca deu dinheiro para a participação na Assembleia do Povo, uma vez
que era considerado um dever a frequência desta.

A estas reformas juntou-se ainda o fim do direito de veto do Areópago, conselho


constituído apenas pelos nobres, que limitava em certos casos a soberania popular.

Mas note-se que, no entanto, a Assembleia não era um governo representativo.


Nestes, só podiam participar cidadãos masculinos de Atenas, sendo deixados de fora
tanto as mulheres, como os escravos e os estrangeiros (originários de outras cidades
que não Atenas).

Assim, de 460 a.c. até à sua morte, em 429 a.c., Péricles dominou os assuntos ligados
com Atenas. Durante este período, foi sempre eleito como um dos 10 Generais, que
eram os estrategos de Atenas. O mais espectacular destas eleições é que foram

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sempre efectuadas pelo conjunto da comunidade cívica Ateniense, o que denota bem
o modo como Péricles conseguiu convenceu o povo a marchar pelo caminho que ele
ditava.

A política de Péricles consistia em continuar as reformas democráticas em Atenas


bem como expandir a sua importância no centro e norte da Grécia. Devido à grande
paixão que Péricles nutria pela sua Atenas, após o fim das guerras Persas em 448 a.c.,
os 15 anos seguintes foram passados na evolução de Atenas como o centro cultural do
mundo. Isto foi feito com da entrada de muito dinheiro, vindo das cidades-estado
que formavam a liga de Delos, que tinha inicialmente sido formada com um
objectivo militar:

Continuar no mar as hostilidades contra a Pérsia, libertar as cidades helénicas ainda


submetidas pelo Rei e tornar impossível uma nova invasão da Grécia pelos Persas.
Devido a Atenas ter um papel de destaque nesta Liga, devido à sua grande frota,
tinha o comando das operações militares, donde resultava o livre uso das finanças da
liga. Estas iam sendo engrossadas com o contributo das outras cidades-estado que,
como não tinham uma frota moderna, em vez de contribuírem com navios,
contribuíam com dinheiro. Com o fim da Guerra com os Persas, Péricles usou este
mesmo dinheiro para reconstruir Atenas (muito fustigada durante as Guerras Persas).
Ao mesmo tempo que ia reconstruindo e embelezando Atenas, com inúmeros
templos (entre eles o Parténon e o templo de Atena-Niké, cuja fotografia está
acima), Péricles ia dando trabalho a inúmeros habitantes de Atenas, o que lhe
granjeava elogios de todos os sectores da população, tanto das classes altas, devido à
elevação de Atenas como centro cultural do Mundo, bem como das classes mais
desfavorecidas, com a criação de novos postos de trabalho.

Para finalizar, fica aqui uma passagem do discurso de Péricles (citado por Tucídides),
no funeral daqueles que morreram na guerra do Peloponeso, que demonstra bem a
sua personalidade e os ideais que defende:

"O nosso sistema político não compete com instituições que estão noutros locais
implantadas pela força. Nós não copiamos os nossos vizinhos, mas tentamos ser um
exemplo. A nossa administração favorece a maioria em vez da minoria: é por isso que
é chamada uma democracia. As leis dão justiça para todos de igual modo, nas suas

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disputas privadas, mas não ignoramos a demonstração da excelência. Quando um
cidadão se distingue, então será chamado para servir o estado, em detrimento de
outros, não devido a privilégios, mas como um prémio para o mérito; e a pobreza
não é obstáculo para tal.
...A liberdade que apreciamos estende-se também à nossa vida particular; não
desconfiamos uns dos outros, e não aborrecemos o nosso vizinho se ele escolher seguir
o seu próprio caminho. ... Mas esta liberdade não faz de nós seres sem lei. Somos
educados para respeitar os magistrados e as leis, e a nunca esquecer que devemos
proteger os feridos. E somos também ensinados a observar aquelas leis que não estão
escritas cuja sanção está apenas na sensação universal do que está correcto...
A nossa cidade está aberta ao mundo; nunca expulsamos um estrangeiro... Somos
livres de viver exactamente como desejamos, e no entanto, estamos sempre
preparados para enfrentar qualquer perigo... Amamos a beleza sem nos tornarmos
vaidosos, e apesar de tentarmos melhorar o nosso intelecto, isto não enfraquece a
nossa vontade... admitir a pobreza de uma pessoa não é uma desgraça para nós;
mas consideramos desgraçante não fazer nada para o evitar. Um cidadão Ateniense
não negligencia os aspectos públicos quando atende aos seus negócios privados...
Consideramos um homem que não tem qualquer interesse no estado não como
perigoso, mas como inútil; e apesar de apenas uns poucos poderem originar uma
política, todos nós somos capazes de a julgar. Não olhamos a discussão como uma
parede bloqueando a acção política, mas como um preliminar indispensável para
agir com sabedoria. ..."

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INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS EM ATENAS

Assembleia do Povo

Era na Assembleia que eram dirigidos os negócios do Estado. No século V a.c., a


Assembleia era presidida pelo Epístata dos Prítanes, sendo a sua segurança confiada
a archeiros citas. Nos tempos mais antigos, a Assembleia reunia-se no Ágora. Mais
tarde, mudou-se para a Pnix, um hemiciclo de 120 metros de diâmetro localizado
numa colina em frente da entrada da Acrópole, especialmente construído para esse
efeito. Este hemiciclo comportava cerca de 20000 pessoas. Após a construção do
Teatro de Dionísio, no século IV a.c., as reuniões da Assembleia passaram para esse
local, maior e mais cómodo. Teoricamente, todos os cidadãos com 20 anos completos,
provenientes de qualquer classe social e que não tivessem sofrido perda de direitos
políticos e civis (atimia), tinham a obrigação de assistir aos trabalhos. No entanto, a
realidade era um pouco diferente. Existia uma elevada taxa de abstinência, em
especial por parte das classes sociais de menores recursos económicos. Assim, durante
a Guerra do Peloponeso, foi criada um pagamento para os membros das classes
sociais mais pobres. E isto porque os assalariados, que necessitavam de ganhar o seu
dia de trabalho, não podiam ir às reuniões da Assembleia, que se realizavam quatro
ou mais vezes por mês e chegavam a durar o dia todo. Apesar de tudo, esta medida
acabou por não conseguir alterar muito o estado das coisas.

Para decisões importantes, tais como para decretar o ostracismo (afastar uma pessoa
da cidade por um período de 10 anos) ou atribuir o direito de cidadania a um
estrangeiro que se houvesse notabilizado por serviços prestados a Atenas, eram
necessários no mínimo 6000 votos, o que serve para atestar a grandiosidade desta
forma de democracia directa. No entanto, não era muito frequente a Assembleia
reunir tal número de votantes (e note-se que o número aproximado de cidadãos era
de 40.000, o que denota bem a abstinência que era comum à Assembleia).

Existiam 4 Assembleias ordinárias convocadas por cada Pritania (como existiam 10


pritanias, havia 40 Assembleias ordinárias por ano). A convocatória era feita através
de editais lavrados pelos prítanes. Os prítanes comunicavam a ordem de trabalhos

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antecipadamente (com quatro dias de antecedência). Havia contudo a possibilidade
de inscrever outros assuntos na ordem de trabalhos que tivessem sido discutidos no
Conselho dos Quinhentos posteriormente à afixação dos editais. As Assembleias
extraordinárias eram convocadas por ordem dos prítanes por intermédio de um
especial toque de trombeta. Na Assembleia, cada projecto era submetido a uma
votação prévia, para decidir se o projecto era viável ou não, isto é, se deveria ou não
passar à discussão. Neste ponto, qualquer cidadão podia pedir a palavra. Os
cidadãos que pediam para falar eram classificados por idade, subindo à tribuna
sucessivamente. Era-lhes então colocada uma coroa de mirto na cabeça o que lhes
conferia um carácter sagrado e inviolável. Acabada a discussão, o Epístata dos
Prítanes submetia a proposta a votação que se fazia por braço no ar.

Cada cidadão podia, uma vez por ano, propor uma lei na primeira Assembleia da
Pritania. Esta era levada ao Conselho dos Quinhentos (que acumulava as funções de
conselho de Estado e de comissão executiva) que a estudava e discutia.
Posteriormente, era novamente remetida à Assembleia, com um parecer. Depois
disto, o projecto era levado ao conhecimento de todos por meio de editais,
procedendo-se à sua leitura na abertura de cada sessão da Assembleia. Na última
Assembleia da Pritania, o povo decidia se o projecto deveria ser considerado ou não.
Caso o parecer fosse favorável, era levado aos Nomótetas, que formavam um
tribunal onde o projecto era sujeito a um verdadeiro julgamento, com os seus prós e
contras. Depois da decisão destes, finalmente o projecto de lei poderia ser aceite.

Conselho dos Quinhentos

Também conhecida por Bulé, o Conselho dos Quinhentos acumulava as funções de


conselho de estado e de comissão executiva. Era aqui que eram preparadas as ordens
de trabalho da Assembleia através do estudo preliminar dos projectos de lei. Tinha
ainda poder de decisão sobre os assuntos quotidianos e mão forte no que diz respeito
à administração e política.

Reconstrução do Bouleuterion de Mileto

A Bulé era composta por quinhentos cidadãos, maiores de 30 anos de idade,


escolhidos por sorteio. Estes cidadãos eram escolhidos dentro de cada uma das dez

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tribos existentes, sendo que cada uma delas podia eleger cinquenta e só cinquenta
elementos para cada mandato (que tinha a duração de um ano). Os buleutas (assim
eram conhecidos os membros do conselho dos quinhentos) reuniam-se diariamente no
buleutário, excepto nos feriados, e recebiam uma pagamento de um dracma por dia.
A Bulé era dividida em Pritanias constituídas pelos elementos de cada tribo. Assim,
cada tribo tinha uma Pritania ao longo do mandato. Dentro de cada Pritania existia
um presidente, o Epísteta dos Prítanes, que era escolhido por sorteio dentro dos
elementos que compunham a dita Pritania. Esta Pritania era responsável pela
presidência das sessões da Bulé, bem como das sessões da Assembleia.

Tribunais

Areópago

É o mais antigo tribunal de Atenas. De acordo com a lenda, foi instituído pela própria
deusa Atena. As suas atribuições nunca foram bem definidas mas eram muito
amplas. Como tal, acabou por se tornar numa corte de justiça e num conselho
político que exercia vigilância sobre a cidade e sobre as suas leis. Tinha um carácter
aristocrático uma vez que era formado pelos antigos arcontes (sempre escolhidos
entre as duas classes mais elevadas) e porque as funções dos seus membros eram
vitalícias. Foram estas aliás as duas principais causas das reformas democráticas que o
Areópago sofreu, aliado ao facto de que este tribunal se tornava, por vezes, numa
autêntica força de bloqueio das decisões tomadas pela Assembleia. Como tal, os seus
poderes foram sendo progressivamente reduzidos, limitando-se finalmente a funções
judiciárias. Até mesmo estas foram sendo enfraquecidas com o surgimento de outros
tribunais. Assim, no século IV a.c., o Areópago apenas efectuava o julgamento dos
casos de homicídio premeditado, incêndios e envenenamentos.

Éfetas

É um tribunal também muito antigo. Na época clássica, os cinquenta e um Éfetas


julgavam certos crimes, em quatro tribunais especiais. No Pritaneu, julgavam o autor
desconhecido de um crime de morte e os animais ou objectos que tinham causado a
morte de um ser humano. No Paládio, julgavam os homicídios involuntários. No
Delfínio, eram julgados os homicídios com justificativa legal (legítima defesa). Em

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Freátis (pequeno golfo perto do Pireu), eram julgados os cidadãos que tivessem sido
banidos e que, após o exílio, tivessem praticado um homicídio em terra estrangeira.
Tal como aconteceu com o Areópago, as suas atribuições foram sendo
progressivamente diminuídas e transferidas para a Heliéia.

Heliéia

Era aqui que eram julgados a maioria dos processos. E, tal como nos assuntos
políticos, o povo ateniense era soberano em matéria judiciária. Assim, anualmente, os
arcontes sorteavam seis mil jurados de entre todos os cidadãos com mais de 30 anos.
Depois escolhidos, os heliastas (nome que tinham os membros da Heliéia), prestavam
juramento. Após este juramento, os seis mil jurados eram divididos em dez secções de
quinhentos membros cada, ficando os restantes mil como suplentes. O número de
heliastas convocado para cada julgamento era determinado pelo magistrado que
efectuava a instrução do processo e escolhido mediante a importância da causa em
julgamento. Aos heliastas era-lhes paga uma indemnização diária, relativamente
elevada, o que levava a que a função de jurado se tenha tornado um meio de vida
para os Atenienses pobres. Esta situação foi ridicularizada por Aristófanes, na
comédia As Vespas.

A Heléia, tal como estava organizada, apresentava graves inconvenientes. Os jurados


formavam uma assembleia muito numerosa, com escassa competência e facilmente
impressionável. Tal facto fazia com que, em geral, se atendesse mais aos sentimentos
irreflectidos do que à fria da razão. Como tal, a justiça raramente era imparcial,
tornando-se a Heliéia numa arma de combate na mão dos políticos. Aqui, como
noutras instituições democráticas, era importante acima de tudo uma boa
capacidade oratória.

Jurisdições Inferiores

Os negócios sem grande importância não chegavam à Heliéia. Em vez disso, eram
resolvidos pelos árbitros que podiam ser privados (escolhidos pelos litigantes
envolvidos na disputa, que se comprometiam a acatar a decisão) ou públicos
(sorteados entre os cidadãos com mais de 60 anos, cuja decisão era passível de

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apelação). Esta justiça era mais rápida e menos custosa, procurando essencialmente
conciliar os litigantes.

Uma situação semelhante a esta era a dos juízes dos demos. O objectivo destes era
facilitar a vida dos habitantes dos campos, libertando-os de uma ida à cidade.
Percorriam os demos e resolviam directamente os pequenos litígios desde que o
montante dos mesmos não excedesse os dez dracmas. Quando os delitos eram mais
graves, competia a estes mesmos juízes a investigação preliminar prévia ao envio do
processo aos tribunais atenienses.

Textos retirados da página web da Prof. Dra. Olga Pombo, que em 2009 fez agregação em História e Filosofia da
Ciência pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/protagoras/links/evol_democ.htm
opombo@fc.ul.pt

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BIBILIOGRAFIA EXISTENTE NA REDE MUNICIPAL DE BIBLIOTECAS

RMBP-PNO 94(38) MAF


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1992. - (Saber ; 224)
ISBN 972-1-03567-X

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RMBP-PAL 321.7 HER


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RMBP-PNO 37.014
SARRAMONA, Jaume
Como entender e aplicar a democracia na escola / Jaume Sarramona. - 1ª ed.. -
Lisboa : Plátano, 1993. - 87 p. - (Aula prática)
ISBN 972-707-086-8

RMBP-PNO 371.4 BEN


BENTO, Paulo
Desenvolvimento pessoal e social e democracia na escola : proposta de actividades /
Paulo Bentes, Adelaide Queirós e Isabel Valente. - Porto : Porto Editora, 1993. - 123 p..
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O que é a democracia? / Alain Touraine ; trad. Fernando Tomaz. - Lisboa : Instituto
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TOURAINE, Alain
O que é a democracia? / Alian Touraine. - Lisboa: Instituto Piaget, 1996. - (Economia
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ISBN 9728245521

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MOSSÉ, Claude
Síntese de história grega / Claude Mossé ; Trad. Carlos Carreto. - 1ªed.. - Lisboa : Asa,
1994. - 508 p. ; 22 cm. - (Textos de apoio)
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GRIMAL, Pierre, 1912-
A vida em Roma na antiguidade / Pierre Grimal. - Mem Martins : Europa-América,
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RMBP-PNO 94(100) HIS (Vol.1 a 20 + Actualização)


RMBP-QAN 94(100) HIS (Vol.1 a 20 + Actualização)
HISTÓRIA UNIVERSAL
História universal / dir. Carlos Gispert. - Barcelona : Oceano, [199-?-200-?]. - 20 vols. :
il. color
Vol. 1e 2: Pré-história e primeiras culturas.
Vol. 3 e 4: Antiguidade clássica.
Vol. 5 e 6: Alta Idade Média: séculos V-XIII.
Vol. 7 e 8: A Baixa Idade Média: séculos XIII-XV.
Vol. 9 e 10: Século XVI.
Vol. 11 e 12: Século XVII.
Vol. 13 e 14: Século XVIII.
Vol. 15 e 16: Século XIX.
Vol. 17 e 18: Século XX: 1900-1945
Vol. 19 e 20: Século XX: de 1945 à actualidade.
Actualização 2000-2006.
ISBN 9728528728 ( Vol.1 a 20 )
ISBN 9789728528928 ( Actualização )

RMBP-PNO 94(37/38) BEA


BEARD, Mary
Antiguidade clássica o essencial / Mary Beard, John Henderson ; trad. Maria Manuel
Cobeira. - 1ª ed.. - Lisboa : Gradiva, 1996. - 157 p. : il.
ISBN 972-662-495-9

RMBP-PNO 94(37/38) FOR


FORMAS DE EXPLORAÇÃO DO TRABALHO E RELAÇÕES SOCIAIS NA
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
Formas de exploração do trabalho e relações sociais na antiguidade clássica = Formes
d'Eploitation du Travail et Rapports Sociaux L'Antiquité Classique. - Lisboa :
Estampa, 1978. - 230 p. - (Imprensa universitária ; 2)
O texto deste volume foi extraído do nº. 84 da revista Recherches Internationales à la
Lumière du Marxisme

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RMBP-PAL 32(091) HIS (vol. 1, 2 e 4)
HISTÓRIA DAS IDEIAS POLITICAS
História das ideias politicas / dir. de Jean Touchard. - Mem Martins : Europa-América,
2003. - 4 vols. - (Forum da história ; 8, 9, 11)
Vol. 1 : da Grécia ao fim da Idade Média. - 3ª ed. - 273 p.
Vol. 2 : do Renascimento ao Iluminismo. - 2ª ed. - 236 p.
Vol. 4 : do Liberalismo aos nossos dias. - 211 p.
ISBN 972-1-01780-9
ISBN 972-1-01809-0
ISBN 972-1-03252-2
Filosofia política -- História, TAP

RMBP-PNO 321.01 PRE


RMBP-PNO 321.01 PRE
RMBP-QAN 32(091) PRE
RMBP-QAN 32(091) PRE
PRÉLOT, Marcel
História das ideias políticas / Marcel Prélot e Georges Lescuyer. - 1ª ed.. - Lisboa :
Presença, 2000-. - vols. - (Fundamentos ; 11 ; 12)
Vol. 1: Da cidade antiga ao absolutismo do estado. - 317 p.; vol. 2: Do liberalismo à
actualidade. - 389 p.

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