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“Ou seja, a concepção de criança é vivida e apreendida a partir das construções feitas
pelos adultos, nas quais, muitas vezes, a criança não pode discursar, defender-se ou falar
sobre si mesma. Se pudéssemos dar voz às crianças que estão nas casas, ruas,
instituições, buscando a construção de sua própria história, é possível que elas nos
relatem situações que envolvem sentimentos e sensações diferentes da perspectiva do
adulto.” (ROCHA, 2002)
O hábito dessa época era entregar seus filhos a outros que seriam responsáveis
por assegurar sua educação até que completassem sete anos de idade. A partir dessa
fase, elas eram inseridas na vida adulta, começavam a contribuir com a renda familiar,
aprendendo o ofício de seus pais.
Contudo, essa nova forma de tratá-las não era aceita por todos; o apelo surge no século
XVII como a manifestação contra a paparicação. “... não posso conceber essa paixão
que faz com as pessoas beijem as crianças recém-nascidas, que não têm ainda
movimento na alma, nem forma reconhecível no corpo pela qual se possam tornar
amáveis, e nunca permiti de boa vontade que elas fossem alimentadas na minha
frente...” (MONTAIGNE, apud ARIÈS,1981, p.159).
Por causa dessa nova concepção de ser criança, os pais foram responsabilizados
pela sua educação, marcando cada vez mais a relação dos pais com seus filhos. Devido
a essa nova sociedade que estava sendo constituída, houve a necessidade de impor
normas e regras para que as crianças acompanhassem as exigências do grupo social, por
isso, paulatinamente, surgiram as instituições de ensino adaptadas para essa parcela da
população (atendendo as suas particularidades).
“A nova percepção e organização social fizeram com que os laços entre adultos
e crianças, pais e filhos, fossem fortalecidos. A partir deste momento, a criança começa
a ser vista como indivíduo social, dentro da coletividade, e a família tem grande
preocupação com sua saúde e sua educação.” (ROCHA, 2002)