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MANUAL DE APOIO PEDAGÓGICO

SAUDE DO ADULTO

CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM

Organizadoras

Professora Silvana Zanotelli

Professora Nelci T. Zorzi

MARÇO DE 2010

1
SUMÁRIO

Unidade................................................................. Página

1 – Traumatologia.......................................................03

2 – Oftalmologia..........................................................13

3 – Dermatologia..........................................................28

4 – Gastroenterologia..................................................38

5 – Distúrbios Hepáticos e Biliares.............................50

6 – Endocrinologia........................................................57

7 – Pneumologia............................................................65

8 – Hematologia.............................................................79

9 – Urologia....................................................................89

10 –Disfunções neurológicas.........................................98

11 – Disfunções cardiocirculatórias e vasculopatias. 110

12 - Oncologia................................................................124

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UNIDADE 1 - TRAUMATOLOGIA

O corpo humano é constituído por 206 ossos, divididos em 4 categorias: ossos


longos, curtos, chatos e irregulares. Sua função é de sustentação, locomoção,
armazenamento e produção de calor.

O osso é composto por uma matriz protéica + depósitos minerais.

Células da matriz óssea:

• Osteoblastos: secretam matriz protéica


• Osteócitos: células maduras – manutenção do osso
• Osteoclastos: destruição, reabsorção e remodelagem do osso

A união entre dois ossos é chamada de articulação, existem 3 tipos:

• Sinartroses – são imóveis


• Anfiartrose – com movimentos limitados
• Diartrose – com movimentos livres

CONCEITOS:

• Flexão:
• Extensão:
• Abdução:
• Adução:
• Lordose:
• Escoliose:
• Cifose:

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TRAUMATISMOS MÚSCULO-ESQUELÉTICOS

1 CONTUSÕES:

É uma lesão dos tecidos moles, produzida por uma força bruta. Ocorre sempre
certo sangramento para o interior da parte atingida.

Sinais e sintomas: dor, edema e hematoma

2 ENTORSE

É uma lesão dos ligamentos de uma articulação, causado por um puxão ou


torcedura.

Sinais e sintomas: edema, dor ao movimento e hematoma.

Tratamento para a Contusão e Entorse:


• Elevar a parte afetada
• Gelo nas primeiras 24 horas
• Calor após 24 horas
• Imobilização
• Repouso

3 DISTENSÃO

É um puxão muscular, devido ao excesso de uso ou hiperdistensão. Ocorrem


lacerações musculares microscópicas ou incompletas.

Sinais e sintomas: dor brusca, hipersensibilidade local e sangramento para o interior do


tecido lesado.

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4 LUXAÇÃO

É uma lesão na qual as superfícies articulares perdem o contato anatômico.


Tipos: congênita, espontânea e traumática.

Sinais e sintomas: dor, perda de movimento normal, modificação do contorno articular,


alteração no comprimento da articulação.

Tratamento para Distensão e Luxação: Consiste basicamente na redução, isto é, as


partes deslocadas são colocadas em posição normal.

Cuidados de enfermagem:
• Manter imobilização
• Observação constante (dor, cianose, temperatura e sensibilidade)
• Proporcionar conforto ao paciente

5 FRATURA

É a quebra da continuidade de um osso. As causas são: golpe direto, força de


esmagamento, contração muscular externa, movimento de torção. São classificadas
como completa, incompleta, expostas e fechadas.

Tipos específicos de fraturas:


• Em galho verde: osso dobrado
• Em espiral: fratura em volta do osso
• Comunutiva: osso de estilhaça
• Por afundamento: fragmentos para o interior
• Por compressão: osso comprimido

Sinais e sintomas: dor contínua, perda de função, movimento anormal, deformidade,


edema, hematoma, crepitação, encurtamento.

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Tratamento de emergência: imobilização através de talas, em caso de hemorragia
estancar, em caso de fratura exposta nunca reduzir, manter curativo limpo.

Objetivos do tratamento das fraturas:


• Recolocar os fragmentos fraturados em sua posição anatômica normal (redução)
• Manter a redução no local até ocorrer a consolidação
• Promover a recuperação da função e força normais das partes afetadas

Métodos para redução da fratura:


• Redução fechada: manipulação e tração manual, seguida de imobilização
• Redução aberta: incisão para reaproximar os fragmentos ósseos sob visualização
direta. Usam-se dispositivos de fixação interna como pinos, fios, parafusos,
placas, etc.

Manutenção e restauração da função:


• Manter a redução e a imobilização
• Elevar para minimizar o edema
• Monitorar o estado neurovascular
• Controlar a ansiedade e a dor
• Exercícios fisioterápicos
• Reinício gradual das atividades

Fatores que aceleram a consolidação das fraturas:


• Imobilização
• Contato máximo dos fragmentos ósseos
• Suprimento sanguíneo suficiente
• Nutrição apropriada
• Hormônios (do crescimento, tireoidianos, vitaminas A e D)

Fatores que inibem a consolidação:


• Trauma local extenso
• Perda óssea

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• Imobilização inadequada
• Espaço/tecido entre os fragmentos ósseos
• Infecção
• Idade

TRATAMENTOS PARA FRATURAS

APARELHO GESSADO

É um dispositivo de imobilização feito de atadura de gesso. As finalidades são


imobilização, compressão, corrigir e prevenir deformidades, permitir deambulação
precoce

Cuidados de enfermagem
• Participar da instalação do gesso (demora 15 a 20 minutos para cristalizar e 48
horas para secar)
• Não cobrir até secar
• Não coçar a pele
• Manter o membro elevado
• Observar sinais e sintomas
• Não apoiar o membro em superfícies duras
• Avisar o médico sobre alterações
• Na retirada do gesso, lavar membro

TRAÇÃO

É aplicação de uma força, numa direção específica em uma parte do corpo. Para
isso de usa cordas, roldanas e pesos.

Tração cutânea: é feita com um peso que puxa um adesivo, borracha ou material preso
na pele. A tração exercida sobre a pele é transmitida às estruturas musculoesqueléticas.
Não pode ser colocado mais de 2 a 3 Kg na extremidade.

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Tração esquelética: é aplicada uma força diretamente ao osso, usando pinos ou fios.
Mais comum nas fraturas de fêmur, úmero e tíbia. Nesta, pode-se aplicar 7 a 15 Kg. As
finalidades são recuperar o comprimento e alinhamento, prevenir deformidades, reduz e
imobiliza a fratura, reduz espasmos.

Cuidados de enfermagem:
• Observar cianose, palidez, formigamento, temperatura
• Manter alinhamento corporal
• Jamais remover peso

COMPLICAÇÕES DAS FRATURAS

Precoces
• Choque hipovolêmico;
• Síndrome da embolia gordurosa: no momento da fratura glóbulos de gordura
podem movimentar-se para o interior da corrente sanguínea e combinam-se com
as plaquetas formando êmbolos que ocluem vasos que irrigam o cérebro, os
pulmões, os rins e outros órgãos;
• Síndrome compartimental: quando a perfusão tecidual muscular é inferior àquela
necessária para a viabilidade tecidual.

Tardias
• Consolidação retardada ou ausência de consolidação;
• Necrose avascular óssea: quando o osso perde o suprimento sanguíneo e
desvitaliza-se;
• Reação aos dispositivos de fixação interna: dor ou rejeição.

DOENÇAS ÓSSEAS/ARTICULARES

1 OSTEOMIELITE

É uma infecção dos ossos. As causas podem ser fraturas expostas, cirurgia óssea,
infecções.

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Sinais e sintomas: hiperemia, calafrios, mal estar, dor, edema, e podendo em casos mais
graves fístula com drenagem purulenta.

Tratamento: antibióticos e sequestrectomia (retirada dos fragmentos ósseos e cartilagem


infectada.

Cuidados de enfermagem
• Manter repouso
• Manter local afetado elevado
• Imobilização
• Controle de sinais vitais
• Cuidados com curativos (técnica asséptica, precaução com secreções)

2 OSTEOPOROSE

Distúrbio no qual há redução da massa óssea total. Doença que leva ao


enfraquecimento dos ossos, tornando-os vulneráveis a pequenos traumas. Os ossos
tornam-se progressivamente porosos, quebradiços e frágeis.

Causas:
• Genética: raça branca, história familiar, envelhecimento
• Estilo de vida: pouca ingestão de Ca, sedentarismo, pouca exposição solar,
tabagismo, alcoolismo, dieta vegetariana
• Ginecológica: menopausa precoce sem reposição hormonal.
Sintomas: dor, fadiga, fratura

Diagnóstico: Raio X, RM, CT, Densitometria óssea

Tratamento: dieta rica em Ca, exposição solar, exercícios físicos, TRH

Cuidados de enfermagem:
• Ajudar a diminuir a dor

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• Calor no local da dor
• Proteger protuberâncias ósseas
• Movimentar paciente em bloco

3 OSTEOMALÁCIA

Doença caracterizada por mineralização inadequada do osso, observa-se um


amolecimento, enfraquecimento e deformidades do esqueleto.

Causas: distúrbio no metabolismo mineral, deficiência dietética, má absorção de Ca e


Fósforo, insuficiência renal Crônica, falta de vitamina D.

Sintomas: dor, fraqueza óssea e muscular, aumento da incidência de fraturas.

Diagnóstico: Raio X e exames de laboratório

Tratamento e cuidados de enfermagem:


• Terapia com Ca e Vit D
• Analgésicos e antiinflamatórios
• Realização de exercícios físicos

4 ARTRITE REUMATÓIDE

Doença sistêmica crônica progressiva, desconhecida, caracterizada por


inflamação das articulações.

Sinais e sintomas: fadiga, anorexia, deformidade, rigidez matinal, inflamação da


articulação, nódulos reumatóides, dor articular e edema.

Tratamento: antiinflamatórios, corticóides, drogas imunossupressoras.

Cuidados de enfermagem:
• Repouso no leito

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• Exercícios
• Controle de peso
• Dieta
• Utilizar calor

5 HÉRNIA DE DISCO

É a protrusão do disco interventral para dentro do canal medular, com


consequente compressão nervosa. As causas são postural, traumática, degenerativa,
genética, infecciosa, reumática.

Hérnia de disco cervical: os sintomas são dor e rigidez no pescoço, parte superior dos
ombros e escápula, parestesia das extremidades superiores.

Hérnia de disco lombar: dor nas nádegas, nas coxas, deformidade postural, fraqueza
muscular, alteração no reflexo tendinoso.

Tratamento: cirúrgico – laminectomia (retirada do disco herniado)

Cuidados de enfermagem:
• Tricotomia e banho com sabão germicida antes da cirurgia
• Ensinar o paciente a rolar na cama como um tronco
• No pós-operatório – repouso absoluto no leito
• Manter o leito com colchão firme, com tábuas SN
• Decúbito dorsal

5 DOENÇA ARTICULAR DEGENERATIVA

É um processo de desgaste na articulação.

Fatores predisponentes: idade, sexo feminino, tendência familiar, obesidade,


desportistas, traumatismo pélvico.

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Sinais e sintomas: dor, crepitação, dificuldade de deambulação, espasmo muscular.
Locais mais frequentes: quadril, joelho, coluna cervical e lombar.

Tratamento: farmacológico (analgésicos e antiinflamatórios) e cirúrgico (artroplastia)

Artroplastia: reconstrução de uma articulação com componentes de metal e polietileno.


Os implantes são cimentados ou parafusados no osso. É realizada principalmente no
quadril e joelho.
Cuidados de enfermagem:
• Movimentação limitada – em bloco
• Cuidados com coxim abdutor
• Incentivar dieta balanceada
• Repouso no leito
• Cuidados com drenos
• Observar sinais de infecção
• Manter cuidados com proeminências ósseas

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UNIDADE 2 - OFTALMOLOGIA

A oftalmologia é uma das especialidades da Medicina. É um ramo


da medicina que investiga e trata as doenças relacionadas com a visão e com os olhos e
seus anexos. Especialidade que se dedica ao estudo e tratamento das doenças e erros de
refração apresentados pelo olho. A oftalmologia tem várias sub-especialidades, entre
elas a oftalmo-pediatria, a plástica ocular, doenças orbitárias, doenças das vias
lacrimais, o estrabismo, o glaucoma, a cirurgia refrativa, retina, etc.
Etimologicamente, a palavra provém do grego ophthalmós (olho)
+ logos (tratado, discurso, ciência).

ANÁTOMO-FISIOLOGIA DO OLHO:

Olho
É um órgão fotorreceptor, capaz de formar imagens do objeto emissor ou refletor da luz.
É composto pelo globo ocular e seus anexos.

Globo ocular
Tem uma forma esférica ligeiramente aplanada. É formado por 3 camadas, dispostas de
fora para dentro: a esclera, a coróide e a retina.

Esclera
Constitui a camada fibrosa do olho e a mais externa. Está unida à coróidea por uma
lâmina de tecido conjuntivo chamada lâmina fosca da esclera. Nela se inserem os
músculos extrínsecos do olho. Tem um orifício posterior que dá passagem ao nervo
ótico, fechado por uma lâmina com múltiplos orifícios chamada crivosa. Na sua porção
anterior une-se à córnea no pólo anterior do olho.

Córnea
É clara e transparente. Tem forma esférica e permite a passagem dos raios luminosos.
Relaciona-se posteriormente com o humor aquoso e anteriormente fica coberta pelas
pálpebras, quando a fechamos.
Coróide

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É a camada vascular do olho. Constituída por tecido conjuntivo com células
pigmentadas abundantes e vasos sangüíneos. Intervém na nutrição do olho e formação
dos humores aquoso e vítreo.

Íris
É uma membrana discóide, de cor variável e com orifício central, a pupila.

Retina
É uma expansão do nervo ótico que se estende desde a entrada deste globo ocular até o
orifício da pupila. A sua função é a de receber impressões luminosas e transmiti-las ao
cérebro.

Lente / Cristalino
É uma lente biconvexa colocada atrás da pupila e tem como função focar os raios
luminosos de modo a formarem uma imagem perfeita sobre a retina.

Humor vítreo
Massa gelatinosa entre a lente e a retina.

Humor aquoso
Líquido que enche o espaço entre a lente e a córnea.

Anexos
 Pálpebras: proteção do globo ocular
 Conjuntiva: proteção dos agentes externos
 Aparelho lacrimal: secreta a lágrima p/ facilitar o deslizamento das pálpebras e
umedecer a parte anterior do olho
 Músculos extrínsecos do olho: movimentam o globo ocular e a pálpebra
superior.

Conceitos básicos
 Nistagmo: movimento lateral dos olhos
 Miopia: dificuldade para enxergar longe

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 Hipermetropia: dificuldade para enxergar perto
 Estrabismo: um olho se desvia do foco
 Miose: contração da pupila
 Midríase: dilatação da pupila
 Diplopia: visão dupla
 Emetropia: visão normal
 Ametropia: visão anormal
 Presbiopia: diminuição da elasticidade do cristalino com o aumento da idade
 Astigmatismo: visão embaçada
 Ceratoplastia: transplante de córnea

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DOENÇAS E DISTÚRBIOS OCULARES

1 CATARATA

A catarata é patologia dos olhos que consiste na opacidade parcial ou total


do cristalino ou de sua cápsula. Pode ser desencadeada por vários fatores, como
traumatismo, idade, Diabetes mellitus, uveítes, uso de medicamentos, etc. Tipicamente
apresenta-se como embaçamento visual progressivo.
É uma doença conhecida há milhares de anos e sua cirurgia já é realizada há
séculos.
Atualmente, a técnica cirúrgica mais moderna para o tratamento da catarata,
consiste da remoção do cristalino por microfragmentação e aspiração do núcleo, num
processo chamado Facoemulsificação, e posterior implante de uma lente intra-ocular.
A evolução da técnica permite hoje incisões muito pequenas, entre 2 e 3
milímetros, o que dispensa a necessidade de sutura e possibilitando assim, que o
paciente seja submetido à cirurgia de catarata com anestesia tópica (apenas colírios),
saindo da sala de cirurgia já enxergando, com uma visão bem próxima da visão
esperada, a qual costuma ocorrer em cerca de 1 mês após a cirurgia.
A grande dificuldade enfrentada por quem tem catarata é ansiedade decorrente
da falta de visão, durante o tempo de espera para a cirurgia, pesadelo este que pode ser
aliviado com o uso de óculos terapêuticos que apesar de não curarem a catarata, torna
possível em muitos casos, dar conforto visual ao paciente, enquanto este espera a
realização da operação.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Pré-operatório
• Preparar psicologicamente o paciente para cirurgia;
• Preparar o olho afetado para a cirurgia;
• Instilar colírio midriático, conforme prescrição;
• Administrar pré-anestésico, conforme prescrição.

Pós-operatório

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• Instruir para não tossir, espirrar ou mover-se rapidamente;
• Não deitar sobre o lado operado;
• Elevar a cabeceira da cama – 30 a 40° para melhor conforto;
• Comunicar imediatamente o médico se o paciente se queixar de dor súbita no
olho;
• Ocluir somente o olho lesado;
• Aplicar compressas úmidas.

2 GLAUCOMA

Glaucoma é a designação genérica de um grupo de doenças que atingem


o nervo óptico e envolvem a perda de células ganglionares da retina num padrão
característico de neuropatia óptica. A pressão intra-ocultar elevada é um fator de risco
significativo para o desenvolvimento de glaucoma, não existindo, contudo, uma relação
causal direta entre um determinado valor da pressão intra-ocultar e o aparecimento da
doença — enquanto uma pessoa pode desenvolver dano no nervo com pressões
relativamente baixas, outra pode ter pressão intra-ocultar elevada durante anos sem
apresentar lesões. Se não for tratado o glaucoma leva ao dano permanente do disco
óptico da retina, causando uma atrofia progressiva do campo visual, que pode progredir
para cegueira.

Tipos
O tipo mais comum é o glaucoma primário de ângulo aberto, freqüentemente
assintomático. Uma das causas pode ser uma obstrução do escoamento do humor
aquoso do olho. O humor aquoso é produzido no corpo ciliar do olho, fluindo através da
pupila para a câmera anterior. A malha trabecular então drena o líquido para o canal de
Schlemm e finalmente para o sistema venoso. Todos os olhos possuem alguma pressão
intra-ocultar que é causada pela presença de alguma resistência ao fluxo do humor
aquoso através da malha trabecular e do canal de Schlemm. Se a pressão intra-ocultar
(PIO) for alta demais (maior do que 21,5 mm Hg), a pressão nas paredes do olho
resultará na compressão das estruturas oculares. Entretanto, outros fatores, como
perturbações no fluxo sangüíneo no nervo óptico podem interagir com a PIO e afetar o
nervo óptico. Em um terço dos casos de glaucoma primário de ângulo aberto há PIO

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estatisticamente normal. Esses casos são chamados de glaucoma de pressão normal.
Devido ao fato de exames do nervo óptico nem sempre serem realizados juntamente
com medidas de PIO em pacientes de risco, o glaucoma de pressão normal é mais
raramente diagnosticado até as condições se apresentarem adiantadas.

Outro tipo, o glaucoma de ângulo fechado, é caracterizado por aumentos


súbitos de pressão intra-ocultar. Isto ocorre em olhos susceptíveis quando a pupila dilata
e bloqueia o fluxo do fluido através dela, levando à íris bloquear a malha trabecular.
Glaucoma de ângulo fechado pode causar dor e reduzir a acuidade visual (visão
borrada), e pode levar à perda visual irreversível dentro de um curto período de tempo.
É considerada uma situação de emergência oftalmológica e requer tratamento imediato.
Muitas pessoas com esse glaucoma podem visualizar um halo em volta de pontos de luz
brilhantes, além da perda de visão característica da doença.

Glaucoma congênito é uma doença genética rara que atinge bebês recém-
nascidos, com globos oculares aumentados e córneas embaçadas. Se considera que a
causa da pressão intra-ocultar elevada nesses casos é causada pela redução da
permeabilidade trabecular. O tratamento é a cirurgia.

Glaucoma secundário ocorre como uma complicação de várias condições


médicas, como cirurgia ocular, catarata avançada, lesões oculares, uveítes, diabetes ou
uso de corticóides.

Sintomas

Enquanto que o glaucoma pode ou não ter sintomas distintos, uma complicação
quase inevitável do glaucoma é a perda visual. A perda visual causada por glaucoma
atinge primeiro a visão periférica. No começo a perda é sutil, e pode não ser percebida
pelo paciente. Perdas moderadas a severas podem ser notadas pelo paciente através de
exames atentos da sua visão periférica. Isso pode ser feito fechando um olho e
examinando todos os quatro cantos do campo visual notando claridade e acuidade, e
então repetindo o processo com o outro olho fechado. Freqüentemente o paciente não
nota a perda de visão até vivenciar a "visão tunelada". Se a doença não for tratada, o

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campo visual se estreita cada vez mais, obscurecendo a visão central e finalmente
progredindo para a cegueira do olho afetado.
Esperar pelos sintomas de perda visual não é o ideal. A perda visual causada
pelo glaucoma é irreversível, mas pode ser prevenida ou atrasada por tratamento. Um
oftalmologista deve ser consultado pelas pessoas com risco de desenvolver glaucoma.

Fatores de risco e diagnóstico

Pessoas com histórico familiar de glaucoma têm cerca de 6% de chance de


desenvolver a doença; Diabéticos e negros são mais propensos a desenvolverem
glaucoma de ângulo aberto, e asiáticos têm maior tendência a desenvolver glaucoma de
ângulo fechado. Idealmente, todas as pessoas devem checar por glaucoma a partir dos
35 anos, com a freqüência das checagens aumentando com a idade. Metade das pessoas
que sofrem de glaucoma não sabem disso.
Verificação de glaucoma normalmente é parte do exame ocular padrão feito por
um oftalmologista. A verificação de glaucoma deve incluir medida da pressão intra-
ocultar, além do exame do nervo óptico em busca de lesões. Se houver qualquer
suspeita de lesão no nervo óptico deve ser feita uma campimetria. A oftalmoscopia a
laser também pode ser realizada. Tomografia de crânio também pode ser feita para
buscar outras causas de pressão alta no crânio.

Tratamento

Apesar da pressão intra-ocultar elevada não ser a única causa do glaucoma, até o
momento diminuí-la é o principal tratamento.

Drogas – A PIO pode ser diminuída com medicamentos, em geral, colírios.


Cirurgia – Tanto a cirurgia a laser quanto a tradicional podem ser realizadas para o
tratamento de glaucoma. A trabeculoplastia a laser pode ser utilizada para tratamento
de glaucoma de ângulo aberto. Um ponto de laser de argônio é apontado à malha
trabecular para estimular a abertura da malha e permitir um aumento no escoamento do
humor aquoso.

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A cirurgia convencional mais comum realizada para tratamento de glaucoma é
a trabeculectomia. Nela, uma câmara (bolha) é feita na parede escleral do olho, e uma
abertura é feita abaixo da bolha para remover a porção da malha trabecular.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Evitar atividades que aumentem a PIO:


- aflição, medo, excitação, raiva;
- roupas apertadas;
- levantar pesos;
- infecções das vias aéreas superiores;
- excesso de ingestão hídrica.

Atividades recomendadas:
- uso moderado dos olhos para leitura;
- exercícios moderados para promover a circulação geral;
- manutenção de hábitos intestinais regulares;
- uso de medicamentos oculares somente com prescrição médica;
- portar cartão de identificação.

3 CONJUNTIVITE

A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva ocular, membrana transparente e


fina que reveste a parte da frente do globo ocular (o branco dos olhos) e o interior das
pálpebras. Em geral, ataca os dois olhos, pode durar de uma semana a quinze dias e não
costuma deixar seqüelas.

Causas

A causa da conjuntivite pode ser infecciosa, alérgica ou tóxica.


A conjuntivite infecciosa é transmitida, mais freqüentemente, por vírus ou
bactérias e pode ser contagiosa. O contágio se dá, nesse caso, pelo contato. Assim, estar
em ambientes fechados com pessoas contaminadas, uso de objetos contaminados,
contato direto com pessoas contaminadas ou até mesmo pela água da piscina são formas

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de se contrair a conjuntivite infecciosa. Quando ocorre uma epidemia de conjuntivite,
pode-se dizer que é do tipo infecciosa.
A conjuntivite alérgica é aquela que ocorre em pessoas predispostas a alergias
(como quem tem rinite ou bronquite, por exemplo) e geralmente ocorre nos dois olhos.
Esse tipo de conjuntivite não é contagiosa, apesar de que pode começar em um olho e
depois se apresentar no outro. Pode ter períodos de melhoras e reincidências, sendo
importante a descoberta da causa da conjuntivite alérgica.
A conjuntivite tóxica é causada por contato direto com algum agente tóxico, que
pode ser algum colírio medicamentoso ou alguns produtos de limpeza, fumaça de
cigarro e poluentes industriais. Alguns outros irritantes capazes de causar conjuntivite
tóxica são poluição do ar, sabão, sabonetes, spray, maquiagens, cloro e tintas para
cabelo. A pessoa com conjuntivite tóxica deve se afastar do agente causador e lavar os
olhos com água abundante. Se a causa for medicamentosa é necessário a suspensão do
uso, sempre seguindo uma orientação médica.

Sintomas

Caracteriza-se por uma hiperemia dos vasos sangüíneos da conjuntiva, prurido,


sensação de desconforto e por vezes dor
Os principais sintomas da conjuntivite são: olhos vermelhos e lacrimejantes,
edema do olho ou pálpebra, sensação de areia ou de ciscos nos olhos, aumento do
lacrimejamento com a presença de secreção purulenta; em alguns casos, febre e dor de
garganta.

Recomendações

Para prevenir o contágio, tome as seguintes precauções:

• Lavar as mãos frequentemente;


• Evitar aglomerações ou frequentar piscinas de academias ou clubes e praias;
• Lavar com frequência o rosto e as mãos uma vez que estas são veículos
importantes para a transmissão de microrganismos patogénicos;
• Não coçar os olhos;

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• Aumentar a frequência com que troca as toalhas do banheiro e sabonete ou use
toalhas de papel para enxugar o rosto e as mãos;
• Trocar as fronhas dos travesseiros diariamente enquanto perdurar a crise;
• Não compartilhar o uso de esponjas, rímel, delineadores ou de qualquer outro
produto de beleza;
• Evitar contato direto com outras pessoas;
• Evitar pegar crianças pequenas no colo;
• Não use lentes de contato durante esse período;
• Evitar banhos de sol.

Tratamento

Limpeza do olho, pálpebras e das secreções produzidas (usar soro fisiológico


esterilizado e compressas esterilizadas);
Normalmente e como forma de poder antecipar a possibilidade de inflamação
bacteriana e viral, o uso de três colírios e uma pomada;
Muito importante: Nunca tocar com a superfície das embalagens no olho ou
pálpebra quando da aplicação, para evitar a contaminação das soluções (colírios e
pomadas);
No caso de ser descoberto o agente causador, o médico poderá prescrever um
tratamento com antibiótico (em caso de bactérias) ou anti-viral (em caso de vírus), que
será diferente consoante o tipo e o grau de resistência do agente que causa a doença.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Higiene ocular com soro fisiológico para remover secreções;


Compressas mornas para diminuir a dor;
Colírios e pomadas conforme prescrição médica;
Não usar cosméticos nos olhos;
Evitar a disseminação para o outro olho e outras pessoas;
Lavar as mãos antes e depois de tocar o olho afetado;
Usar lenços e toalhas individuais.

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4 BLEFARITE

A blefarite é uma inflamação comum e persistente das pálpebras. Produz


sintomas tais como irritação, prurido e, em alguns casos, olho vermelho. Esta condição
afeta frequentemente as pessoas que tem tendência a apresentar pele oleosa, caspa e
secura ocular. A blefarite pode começar na infância, causando granulação nas pálpebras
e continuar por toda a vida como uma afecção crônica, ou iniciar mais tardiamente na
vida.
A superfície da pele normal contém bactérias e, em certas pessoas, tais bactérias
estão presentes na pele da base dos cílios. A irritação resultante, às vezes associada com
a atividade excessiva das glândulas sebáceas vizinhas, produz escamas parecidas com
caspa e partículas que se formam ao longo dos cílios e pálpebras.
Em algumas ocasiões, as escamas ou as bactérias produzem somente irritação e
prurido leves, porém em outras podem causar ardência e sensação de areia nos olhos. A
blefarite pode conduzir a complicações mais graves, como inflamação dos tecidos
oculares, em especial a córnea.

TRATAMENTO

A blefarite pode não ser curável, porém é possível controlá-la mediante algumas
medidas diárias:
• Pelo menos duas vezes ao dia, aplique compressas mornas sobre as pálpebras
fechadas durante dois a três minutos.
• Utilizando a ponta do seu dedo envolta em um pano fino ou uma haste de
algodão, esfregue com delicadeza a base dos cílios aproximadamente 15
segundos em cada pálpebra.
• Usar pomada com antibiótico prescrita, aplique uma pequena quantidade na base
dos cílios, preferencialmente na hora de dormir.

Estas simples medidas higiênicas diárias reduzirão ao mínimo a necessidade de


medicações adicionais que alguns pacientes requerem para controlar os seus sintomas:
• Lágrimas artificiais. Devem ser aplicadas para aliviar os sintomas de olho seco.

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• Corticoesteróides oculares. Podem ser utilizadas por um breve período de tempo
para reduzir a inflamação.
• Pomada com antibiótico ou comprimidos antibióticos. Podem ser empregados
para reduzir a quantidade de bactérias nas pálpebras.

5 UVEÍTE

O olho tem uma forma muito parecida com uma bola de tênis, oco por dentro e
com três camadas de tecido à volta da cavidade central. A camada externa é a esclera (a
parte branca do olho), e a mais profunda é a retina (um tecido que dá origem a imagens
na parte de trás do olho tal como um filme numa máquina fotográfica). A camada do
meio, entre a esclera e a retina é chamada a úvea, da palavra grega "úvea" que quer
dizer uva, pois parece-se muito como uma uva descascada. Quando a úvea fica
inflamada, a condição é chamada uveíte.
A úvea contém muitos vasos sanguíneos que alimentam o olho. Uma inflamação
da úvea pode afetar a córnea, a retina, a esclera e outras partes vitais do olho. Porque a
úvea está relacionada com partes importantes do olho, uma inflamação desta camada
pode pôr em perigo a visão e ser mais grave do que a maioria das inflamações das
camadas externas do olho.

SINTOMAS

Os sintomas de uma uveíte incluem uma fotofobia, uma visão enevoada, dor e
olho vermelho. A uveíte pode aparecer de um dia para o outro, acompanhada de dor e
do olho vermelho, ou pode ter um começo mais lento com pouca dor e vermelhidão,
mas com um enevoamento progressivo da visão.

CAUSAS

Uma uveíte pode ter muitas causas diferentes. Pode resultar de um vírus, de um
fungo, ou de um parasita. Na maior parte das vezes, não se consegue detectar a causa. A
uveíte também pode estar relacionada com doenças em outras partes do corpo (Artrite),
ou pode surgir em consequência de um traumatismo do olho.

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DIAGNÓSTICO DA UVEÍTE

Exame do interior do olho realizado pelo oftalmologista por meio de


equipamentos. Em algumas circunstâncias, análises de sangue, de pele, Raios-X, e ás
vezes biópsias podem ser necessárias ao diagnóstico. Porque a uveíte pode ser associada
com doenças gerais, um exame total do doente é importante.

TRATAMENTO

Um tratamento precoce é necessário para diminuir a perda de visão. Gotas para


os olhos, esteróides e dilatadores da pupila são medicamentos utilizados para reduzir a
inflamação e dor. Para uma inflamação mais grave, pode ser necessário medicação oral
ou mesmo injeções. Complicações, tal como glaucoma (pressão alta no olho), cataratas
(a opacificação do cristalino), ou a formação de novos vasos sangúineos
(neovascularização), também podem requerer tratamento. Se as complicações são muito
graves, a cirurgia convencional ou cirurgia Laser pode ser necessária. O tratamento
tanto pode ser simples, como a situação se arrastar por semanas. Algumas uveítes têm
tendência para a repetição.

6 TERÇOL

O terçol é um pequeno furúnculo ou infecção bacteriana em uma das glândulas


da pálpebra. Quando infectadas, as glândulas sebáceas localizadas nas pálpebras
superior e inferior ficam inchadas e dolorosas. Inicialmente o terçol é pequeno, mas
pode transformar-se em ferida avermelhada e bastante dolorosa. A seguir, o terçol
inicial se torna um ponto amarelo de pus. Geralmente o pus drena sozinho. Jamais, fure
ou esprema o terçol.

Dicas de autocuidado

Para aliviar o desconforto provocado pelo terçol recomendam-se os seguintes passos:


• Aplicar compressas úmidas e mornas na área afetada por 5 a 10 minutos, três a
quatro vezes ao dia.

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• Evitar expor os olhos a locais com muita poeira ou sujeira.
• Não mexer nem espremer a região afetada.

7 RETINOPATIA DIABÉTICA

Proveniente do diabetes, a retinopatia diabética se dá pelo rompimento dos vasos


sanguíneos da retina, causando hemorragia e infiltração de gordura em seu interior.
O processo pode evoluir rapidamente, levando a uma perda visual parcial / total.

TRATAMENTO

Ainda não existe conhecimento amplo o bastante acerca do diabetes. Portanto,


até então não existe a sua cura, mas seu controle clínico diminui significativamente o
aparecimento da Retinopatia diabética. Todo paciente diabédico deve ser acompanhado
periodicamente pelo oftalmologista.

8 PRESBIOPIA

É também conhecida como vista cansada. Trata-se do enfraquecimento do poder


de acomodação para a visão de perto devido à perda da elasticidade do cristalino. O
problema é evidente, em geral, a partir dos 40 anos, reduz gradualmente a visão para
perto e também está relacionado com as necessidades de esforços visuais de cada
indivíduo.

TRATAMENTO
Ainda não se conhece um tratamento definitivo para a presbiopia, mas pode ser
bem corrigida com óculos ou lentes de contato com graduação específica para perto.

9-RETINOBLASTOMA
Retinoblastoma é o nome de um câncer ocular originário das células da retina e
pode ser uni ou bilateral. Trata-se de um tumor ocular infantil que pode levar a óbito, se
não for devidamente tratado a tempo por especialistas.

SINTOMAS

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Geralmente o retinoblastoma se manifesta com baixa visão, estrabismo, irritação
e compressão pelo crescimento tumoral. Outros sintomas são: olhos vermelhos,
processo inflamatório, protrusão de globo ocular, dor intensa e inclusive cegueira.

TRATAMENTO

 Tumores pequenos: laser


 Tumores médios: quimioterapia, braquiterapia, fotocoagulação e laser
 Tumores grandes: remoção do globo ocular
 Todos os tratamentos são mais bem-sucedidos quando menos avançado é o
estádio da doença

10 CERATOCONE

O ceratocone é uma patologia na qual há um afinamento localizado da córnea,


provocando uma fragilidade e uma protrusão localizada. A córnea toma a forma cônica.
Isto provoca alterações na curvatura corneana e distorções na imagem, se manifesta
entre os 10 e 20 anos de idade.

11 CIRURGIAS DOS OLHOS

 Enucleação: retirada do globo ocular, permanecendo a musculatura


 Evisceração: retirada do globo ocular, permanecendo a esclerótica
 Exenteração: retirada do globo ocular, pálpebra e todo o conteúdo da órbita até o
osso.

12 TRANSPLANTE DE CÓRNEA

O transplante de córnea consiste na substituição da córnea alterada por uma


córnea doadora que mantenha boas condições. A cirurgia é realizada em
aproximadamente 40 minutos, podendo se estender em casos complicados.

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INDICAÇÕES:

É indicado quando existe a perda da integridade da córnea, opacidade central da


córnea, curvatura anormal da superfície da córnea, que não possa ser corrigida por
lentes de contato, infecção que não responde ao tratamento clínico.

ÍNDICE DE SUCESSO

O transplante de córnea apresenta alta porcentagem de sucesso. Normalmente


varia entre 80 e 90% de sucesso em situações não complicadas (de acordo com
estatísticas mundiais). Em casos complicados, a taxa de sucesso pode diminuir
conforme a complexidade da patologia ocular.

RISCOS

 Rejeição
 O período crítico para rejeição é no primeiro ano. Porém, o paciente pode
apresentar rejeição até quando viver. Grande parte das rejeições podem ser
tratadas com sucesso se forem diagnosticadas no início. Existe a possibilidade
de se realizar outro transplante após a rejeição.

SINAIS E SINTOMAS DE REJEIÇÃO

 Na rejeição a córnea apresenta bom funcionamento inicial e, algum período


após, o paciente pode apresentar diminuição da visão e vermelhidão ocular.
 É importante o diagnóstico e o tratamento precoce para a recuperação.

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UNIDADE 3 – DERMATOLOGIA

ANTOMIA E FISIOLOGIA DA PELE

A pele é o mais extenso órgão do corpo humano. É uma estrutura indispensável


composta de 3 camadas:

• Epiderme: camada mais externa, constituída por células epiteliais estratificadas,


estão em constante descamação e renovação.
• Derme: situada abaixo da epiderme, é formada por tecido conjuntivo denso, atua
como protetor e regulador de temperatura.
• Tecido conjuntivo: camada mais interna da pele, formada por tecido adiposo que
proporciona um acolchoamento entre as camadas da pele e as estruturas internas,
como músculos e ossos.
• Anexos: pelos, unhas, glândulas sebáceas e sudoríparas.

Funções da pele:

• Protetora: protege o corpo contra a invasão de bactérias e materiais estranhos.


• Sensorial: temperatura, dor, tato suave e pressão.
• Equilíbrio hídrico: impede a perda de água e eletrólitos do ambiente interno.
• Regulação da temperatura.

Lesões de pele:

• Primárias ou iniciais:

Mácula:
Pápula:
Nódulo:
Vesícula:
Bolha:

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Pústula:
Vergão:
Placa:

• Secundárias (primárias modificadas)

Escamas:
Crostas:
Escoriações:
Fissura:
Úlcera:

DOENÇAS DE PELE

1 DERMATITE DE CONTATO

São alterações na pele causadas por contato com substâncias irritantes ou com
aquelas que você é alérgico.
O tratamento consiste em identificar o agente que provocou a alergia para evitar
a exposição no futuro.
A reação ao alérgeno pode variar de intensidade. Desde apenas uma vermelhidão
local até grandes lesões com a formação de vesículas com líquido em seu interior.
O rompimento das vesículas e o ato de coçar propicia a infecção secundária por
bactérias que devem receber tratamento médico específico. O tratamento é feito com
cremes e pomadas a base de corticóides.

2 MICOSES

Micoses de pele ocorrem preferencialmente em clima quente.


Existe uma grande variedade de fungos que causam esse tipo de enfermidade:

• Tinea Pedis (Pé de Atleta) comprometem fundamentalmente as regiões


interdigitais (entre os dedos do pé).

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• Onicomicose são as micoses das unhas que podem ser tratadas com
medicamentos de uso tópico e/ou sistêmicos por antifúngicos por via oral.
Os sintomas mais comuns são: coceira, ardência e mau-cheiro.

3 PSORÍASE

É uma doença que causa vermelhidão e descamação intensa da pele.


As escamas são geralmente ovais e se distribuem principalmente nos cotovelos e
joelhos. Pode estar presente no couro cabeludo e cutículas. As unhas se afetadas
parecem ter sido furadas por alfinetes.
Pode ocorrer na cicatrização de feridas cirúrgicas ou queimaduras (Fenômeno de
Koebner).

CAUSAS

A causa da psoríase ainda é desconhecida.


Pesquisas científicas demonstram a influência da hereditariedade: em 30% dos
casos existem antecedentes familiares com o problema.
É uma doença geriátrica típica atingindo de 1 a 3% de toda a população e mais
comum na raça branca.
Em pessoas idosas é comum a ocorrência em dobras da pele, como nádegas
sendo mais prevalente em pessoas acima do peso.
A gravidade dos sintomas, dor e prurido intenso, dependem da severidade da
doença e das lesões.
Em casos graves, praticamente todo o corpo é coberto por essas lesões gerando
dor, grande desconforto, coceira intensa e calafrios por perda ainda maior da capacidade
de controle da temperatura corporal.
Existem vários tipos de psoríase, classificados de acordo com a localização:
· Ungueal, nas unhas.
· Palmoplantar, mãos e pés.
· Gutata, lesões em forma de gota.
· Pustulosa, que se manifesta com pústulas.

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Agentes, como o tabaco, o álcool, drogas injetáveis, betabloqueadores,
antimaláricos e alguns antiinflamatórios para as dores ou doenças reumáticas, devem ser
evitados.

TRATAMENTO:
· Aumento do aporte de proteínas
· Produtos tópicos (locais) a base de corticosteróides.
· Fototerapia, Ultra Violeta e Infravermelho.
· Exposição solar
· Terapia biológica

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

• Evitar queimaduras solares pelo uso de medicação + exposição ao sol;


• Evitar infecção;
• Orientar retirada das escamas durante o banho com auxílio de uma escova
macia;
• Proteger os olhos durante fototerapia;
• Aplicar medicações tópicas com luva e espátula, observando que não toque na
pele normal e nos olhos;
• Orientar exposição solar;
• Apoio psicológico.

4 CÂNCER DE PELE

Câncer da pele é o crescimento anormal e descontrolado das células que


compõem a pele.
Essas células formam camadas e de acordo com a camada comprometida
ocorrem os diferentes tipos de câncer.
Os mais comuns são os carcinomas basocelulares e os espinocelulares; o mais
perigoso é o melanoma.

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Atinge principalmente as pessoas de pele clara, que se queimam com facilidade
e que bronzeiam com dificuldade. 90% das lesões localizam-se nas regiões do corpo
mais expostas ao sol.

PREVENÇÃO

• Usar sempre um filtro solar com fator de proteção solar igual ou superior a 15,
aplicando-o generosamente pelo menos 20 minutos antes de se expor ao sol e
sempre reaplicando-o após mergulhar ou transpiração excessiva.
• A face deve merecer cuidados especiais. Usar chapéus que bloqueie ao máximo
a passagem do sol.
• Evitar o sol no período entre 10 e 16 horas.
• Procurar um médico ao constatar manchas que estão se modificando, crescendo,
formando cascas, sangrando com facilidade e com cicatrização demorada e
difícil.

5 ERISIPELA

Ocorre freqüentemente em pessoas debilitadas.


• Podem acometer a face, ocorrência grave, mas são mais freqüentes na face
anterior nas pernas.
• A infecção se caracteriza por: calor e dor local, rubor (vermelhidão) bem
delimitada, edema.
• Sintomas sistêmicos como febre, calafrios, mal estar generalizado e dor de
cabeça intensa pode ocorrer em casos mais agressivos.

O tratamento é feito com antibióticos injetáveis sob rigorosa supervisão médica.

6 LÚPUS ERITEMATOSO

Tipos de Lúpus
Existem 3 tipos de Lúpus: o Lúpus Discóide, o Lúpus Sistêmico, e o Lúpus Induzido
por Drogas.

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Lúpus Eritematoso Discóide

É sempre limitado à pele. É identificado por inflamações cutâneas que aparecem


na face, nuca e couro cabeludo. Aproximadamente 10% das pessoas Lúpus Discóide
pode evoluir para o Lúpus Sistêmico, o qual pode afetar quase todos os órgãos ou
sistemas do corpo.

Lúpus Eritematoso Sistêmico

Costuma ser mais grave que o Lúpus Discóide e, como o nome diz
(sistêmico=geral), pode afetar quase todos os órgãos e sistemas. Em algumas pessoas
predominam lesões apenas na pele e nas articulações, em outras pode predominar as
articulações, rins, pulmões, sangue, em outras ainda, outros órgãos e tecidos podem ser
afetados.

Lúpus Induzido por Drogas

Também como o nome diz, ocorre como conseqüência do uso de certas drogas
ou medicamentos. Os sintomas são muito parecidos com o Lúpus Sistêmico. Inclusive
os próprios medicamentos para tratar o Lúpus, podem levar a um estado de Lúpus
induzido. Por isso é preciso ter certeza absoluta do diagnóstico antes de fazer o
tratamento.
Quando ocorre a doença auto-imune devido ao uso de substâncias, isso depende
mais da pessoa que da própria substância, ou seja, não são todas as pessoas que tomam
esses produtos que desenvolverão o Lúpus, mas apenas uma pequena porcentagem
delas. Isso significa que a imunidade dessas pessoas vulneráveis à doença auto-imune é
que é o problema, propriamente dito.

APRESENTAÇÃO CLÍNICA

Sintomas gerais
A fadiga costuma ser o primeiro sinal eminente. A maioria das pessoas
apresenta febre contínua ou intermitente, perda de peso e mal-estar. Independente da

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forma clínica de manifestação, a grande maioria dos doentes tem períodos intensos
intercalados por períodos de relativa melhora ou mesmo de inatividade.

Critérios da doença

O diagnóstico de LES é estabelecido quando 4 ou mais critérios dos abaixo


relacionados estiverem presentes:
• Eritema malar (vermelhidão característica no nariz e face), geralmente em forma
de “asa de borboleta”
• Lesões discóides cutâneas (rash discóide)
• Fotossensibilidade
• Úlceras orais e/ou nasofaríngeas, observadas pelo médico
• Artrite não-erosiva de duas ou mais articulações periféricas, com dor e edema
• Alterações hematológicas (anemia hemolítica ou leucopenia, linfocitopenia ou
plaquetopenia) na ausência de uma droga que possa produzir achados
semelhantes
• Anormalidades imunológicas
• Fator antinuclear (FAN) positivo
• Serosite (pleurite ou pericardite)
• Alterações neurológicas: convulsões ou psicose sem outra causa aparente
• Anormalidades em exames de função renal: proteinúria (eliminação de proteínas
através da urina) maior do que 0,5 g por dia ou presença de cilindros celulares
no exame micrscópico de urina

Tratamento

Prevenir infecções. Os sintomas gerais na maioria das vezes respondem ao


tratamento das outras manifestações clínicas. A febre isolada pode ser tratada
com aspirina ou antiinflamatórios não-hormonais.
Corticóides e imunossupressores (especialmente a ciclofosfamida) são indicados
nos casos mais graves.
Como não existe um diagnóstico muito preciso para as doenças chamadas auto-
imunes, deve-se ter cuidado ao administrar medicamentos, uma vez que seus efeitos

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colaterais podem ser muito agressivos ao organismo.
Gestantes portadoras de lúpus necessitam de um acompanhamento médico
rigoroso ao longo da gravidez, visto que a doença pode atingir também o feto.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

• Apoio psicológico;
• Evitar fatores predisponentes;
• Evitar cosméticos predisponentes;
• Não usar anticoncepcional oral;
• Orientar períodos de repouso e esquematizar atividades;
• Observar sinais de complicação;
• Evitar exposição solar, usar proteção quando necessário;
• Orientar higiene adequada, manter pele limpa e seca.

7 QUEIMADURAS

CAUSAS:

• Térmica: água fervente, vapor, fogo, metais quentes


• Química: ácidos ou bases fortes
• Elétrica: os efeitos variam com a voltagem da corrente elétrica. Além da pele
podem causar danos respiratórios, circulatórios e nervosos
• Irradiação: raios ultravioleta, RX, radioterapia

Extensão da área queimada: calculada pela Regra dos 9.

COMPLICAÇÕES:
• Choque
• Infecções
• Insuficiência respiratória
• Distúrbios cardiovasculares e nervosos

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• Distúrbios psiquiátricos

PRIMEIROS SOCORROS

• Aplicar compressas frias no local, desde que não haja rompimento de tecidos
(diminui a dor e a vasoconstrição diminui o edema e a lesão)
• Nunca aplicar gelo diretamente na lesão
• Cobrir a lesão com curativo limpo ou esterilizado – se possível
• Nunca usar pomadas ou medicações caseiras
• Em caso de substâncias químicas, lavar os locais afetados abundantemente em
água corrente
• Quando as roupas pegam fogo, as chamas podem ser apagadas se a vítima
deitar-se na terra e rolar, ou abafar as chamas com cobertor disponível.
Permanecer em pé força a vítima a respirar a fumaça e correr aumenta o fogo.
Após apagar o fogo, molhar as roupas com água fria e não tirá-las
• Nunca remover as roupas
• Cobrir o paciente (evita perda de calor)
• Não dar nada por via oral
• Manter o paciente em posição adequada (decúbito lateral ou dorsal com a cabeça
voltada para o lado) para evitar aspiração de vômito
• Coletar o maior número de dados possível: idade do paciente, doenças, causa,
local, duração, etc.
• Chamar socorro médico

TRATAMENTO:

• Desbridamento da pele inviável e lavagem com SF


• Tratar complicações
• Hidratação EV (choque)
• Antibioticoterapia (infecções)
• Quimioterapia tópica (soluções de prata, gentamicina)
• Exposição da lesão ao ambiente fresco, quando possível

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• Curativo oclusivo, quando a lesão for maior e mais profunda
• Tratamento cirúrgico: enxerto cutâneo

CUIDADOS:
• Apoio psicológico
• Retirar roupas e adornos
• Manter VAS permeáveis
• Puncionar veias de grosso calibre em regiões não queimadas
• Manter hidratação adequada do paciente por via EV
• Verificar sinais vitais freqüentes, com especial atenção para Tº e PA
• Cuidados com SVD
• Controla da diurese horária
• BH
• Manter área livre do contato com germes
• Mudança de decúbito se possível
• Administração de medicamentos prescritos
• Roupas de cama esterilizadas
• Observar sinais de infecção

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UNIDADE 4 – GASTROENTEROLOGIA
DISFUNÇÕES DIGESTÓRIAS

1 GASTRITE

É um distúrbio inflamatório da mucosa gástrica. Seu aparecimento ocorre de


forma súbita, podendo ser de curta duração, tornar-se crônica ou ainda evoluir para uma
úlcera.
A gastrite aguda, frequentemente, é causada por agressores com ação direta na
mucosa gástrica. Entre eles estão: medicamentos como antiinflamatório e aspirina,
álcool, fumo, enzimas digestivas do duodeno, alimentos condimentados, frituras,
gorduras e frutas ácidas, situações de estresse em pessoas muito nervosas ou então
hospitalizadas.
As gastrites crônicas estão mais relacionadas com a presença do Helicobacter
pylori.
Entre as manifestações clínicas, destacam-se: dor epigástrica, vômitos, náuseas,
eructação, pirose após as refeições, digestão difícil e demorada e até a anorexia. E em
casos mais extremos, pode apresentar hemorragia digestiva.
O diagnóstico pode ser feito através da endoscopia, com realização de biópsia e
de radiografia contrastada. O tratamento está baseado na utilização de antiácidos que
atuam na acidez gástrica.
Nos casos mais graves, além dos antiácidos, são administrados medicamentos que
bloqueiam a secreção do suco gástrico. Se a gastrite for causada pelo H. pylori, deverá
ser indicada a antibioticoterapia. Além de administrar os medicamentos prescritos, a
equipe de enfermagem deverá orientar o cliente a:
• Ingerir dieta branda e fracionada, com ausência de alimentos irritantes à mucosa
gástrica;
• Desenvolver atividades físicas com a finalidade de reduzir o estresse;
• Evitar a ingestão de álcool, de café e o uso do tabaco.

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2 ÚLCERAS PÉPTICAS

Essas úlceras são definidas como lesões erosivas com perda de tecidos.
Caracterizam-se por surtos de ativação e períodos de calmaria, com evolução crônica.
As áreas mais acometidas são as do estômago e do duodeno.
A úlcera duodenal constitui a forma predominante de úlcera péptica. Está
associada à hipersecreção de ácido e pepsina pelo estômago que, ao chegar ao duodeno,
gera as erosões. Já a úlcera gástrica está relacionada ao aparecimento de uma lesão,
devido à deficiência dos fatores de proteção da mucosa gástrica contra a ação do ácido
clorídrico.
Tanto as úlceras duodenais quanto as gástricas resultam da interação de fatores
genéticos, ambientais (fumo, álcool, café, ácido acetilsalicílico, da presença da bactéria
Helicobacter pylori) e de fatores emocionais (estresse, emoções, ansiedade,
manifestações da vida afetiva).
De todos os sintomas da úlcera, a dor é o mais freqüente, levando o indivíduo a
procurar assistência. Manifesta-se através de uma dor em queimação e corrosiva - tipo
cólica - relacionada, quase sempre, à alimentação. Na úlcera gástrica, a dor inicia-se no
epigástrio e irradia-se para o rebordo costal. A presença do alimento no estômago causa
a dor, enquanto que os vômitos podem aliviá-la. A dor na úlcera duodenal irradia-se
para o flanco direito e acontece quando a pessoa está com o estômago vazio. A ingestão
de alimentos alivia o sintoma. Outras manifestações clínicas que podem ser observadas
são: náusea e vômito. Em casos mais graves, observa-se hemorragias nas fezes (melena)
ou vômitos (hematêmese).
Com a realização da endoscopia, o diagnóstico pode ser confirmado. O
tratamento medicamentoso da úlcera péptica consiste na redução da acidez gástrica até a
cicatrização da úlcera e na erradicação da bactéria H. pylori, quando esta estiver
presente.

A equipe de enfermagem deverá orientar o cliente a:


• Fazer o mínimo de 4 refeições diárias, em intervalos regulares, mastigando bem
os alimentos;
• Evitar frituras, condimentos (pimenta, alho, cebola), refrigerante, café, chá e
bebida alcoólica e uso do tabaco;

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• Modificar o estilo de vida, visando diminuição do estresse;
• Não fazer uso de comprimidos sem prescrição;
• Observar a presença de sangue nas fezes e nos vômitos.

3 APENDICITE

Inflamação do apêndice cecal. O apêndice é um anexo com cerca de 10 cm de


comprimento inserido no ceco, sem função definida. Enche-se e se esvazia. Se
esvaziamento pode não ser completo, podendo ocorrer obstruções e infecções.

Causas: normalmente inflama por causa de uma infecção ou uma obstrução do sistema
digestivo. Se não for tratado o apêndice pode romper-se e esparramar a infecção para a
cavidade abdominal e para a corrente sanguínea.

Sinais e sintomas: os sintomas mais frequentes são dor abdominal (quadrante inferior
direito), vômito, hipertermia leve, anorexia. Quando o apêndice supura, a dor é de maior
intensidade, com distensão abdominal. Diagnóstico: ponto de McBurney e sinal de
Rovsing.

Tratamento: o tratamento é cirúrgico – apendicectomia. Caso ocorra o supuramento as


complicações são maiores como peritonite.

Cuidados de enfermagem:
Pré-operatório: conforme prescrição médica;
Pós-operatório:
• Proporcionar conforto ao paciente;
• Controle de sinais vitais;
• Observar sinais como distensão abdominal, sangramento, cólica, vômito
fecalóide, evacuações sem conteúdo fecal;
• Cuidados com curativo;
• Posição de Fowler;
• Localização e intensidade da dor;
• Evitar tosse e deambulação;

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• Aplicar bolsa de gelo;
• Evitar tocar o paciente.

4 HÉRNIA ABDOMINAL

Hérnia é a protrusão de um órgão através da parede da cavidade na qual ele está


contido. As causas são fraqueza da parede abdominal, aumento permanente da pressão
abdominal, lesões.
São classificadas como:
• Redutível: quando a massa saliente pode ser reintroduzida na cavidade
abdominal de forma natural;
• Irreversível ou encarcerada: não pode ser reduzida;
• Estrangulada: quando o conteúdo é irredutível e ocorre interrupção do fluxo
intestinal e sanguíneo, requer cirurgia de urgência;
• Incisional: ocorre após cirurgias por enfraquecimento do tecido cicatricial.

Causas:
• Devido a grandes esforços;
• Idade;
• Tosse persistente;
• Problemas de próstata;
• Intestino preso.

Complicações: obstrução intestinal e recidiva.

Tratamento:
Redução mecânica ou manual: reintrodução do órgão com as próprias mãos.
Cirúrgico: Herniorrafia – retirada do saco herniário e recolocação do órgão na
cavidade abdominal; e Hernioplastia – reparação da parede abdominal.

Cuidados de enfermagem:
• Proporcionar conforto ao paciente;
• Controle de sinais vitais;

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• Cuidados com SNG;
• Observar e anotar aspecto do curativo;
• Deambulação precoce;
• Controle de diurese;
• Cuidados com náuseas e vômitos.

5 OBSTRUÇÃO INTESTINAL

Ocorre devido a um bloqueio no trato intestinal, dificultando a passagem do


conteúdo intestinal. As causas mais comuns são corpo estranho, tumores, hérnia
encarcerada ou estrangulada, volvo (alça intestinal que torce-se sobre si mesma), íleo
paralítico.

Sinais e sintomas:
Os sintomas são dor tipo cólica, fezes mucóides contendo sangue, tontura, mal
estar, distensão abdominal, vômito biliar e após fecalóide, polidipsia, sudorese,
diminuição dos sinais vitais, desidratação e morte.

Complicações:
• Desidratação devido à perda de liquidos;
• Peritonite;
• Choque em virtude da perda de eletrólitos e desidratação;
• Morte decorrente do choque.

Tratamento:
O tratamento da obstrução intestinal depende das condições do paciente e da
área afetada. Pode ser feito uma colostomia.

Cuidados de enfermagem:
• Conforto ao paciente;
• Controle de SV;
• Observar sangramento;
• Cuidados com bolsa de colostomia;

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• Anotar aspecto, coloração e quantidade do efluente;
• Trocar bolsa QN.

6 HEMORRÓIDAS

São dilatações anormais das veias do canal anal.

Sinais e sintomas: prurido, dor, desconforto, sangramento.

Tratamento:
O tratamento pode ser paliativo como dieta com fibras, laxante, banho de
assento, pomadas e cremes para alívio da dor; e cirúrgico – hemorroidectomia –
dilatação do esfíncter anal e remoção das hemorróidas.

Cuidados de enfermagem:
• Manter higiene pessoal;
• Fazer banho de assento;
• Administrar laxantes s/n;
• Ingesta hídrica;
• Dieta com fibras.

7 HEMORRAGIA DIGESTIVA

É definida como a perda de sangue maciça e rápida devido a algum trauma. A


maioria das causas relaciona-se a afecções que podem ser curadas ou controladas,
podendo não ser grave, mas é importante localizar a fonte do sangramento que pode ser
proveniente de qualquer área do trato digestório.

Sangramento do Estômago

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O estômago é ponto mais freqüente de hemorragia causada por úlceras. O álcool
e medicamentos contendo ácido acetilsalicílico podem desenvolver a úlcera gástrica
que, ao aumentar de volume, faz uma erosão em um vaso, levando à hemorragia.
Pessoas que sofrem queimaduras, traumatismos cranianos, ou ainda aquelas que
são submetidas à cirurgia extensa, podem desenvolver úlceras de estresse. Isso acontece,
devido ao aumento da produção de suco gástrico, alterando as paredes do estômago.
No trato digestivo baixo, o intestino grosso e o reto são locais freqüentes de
hemorragia (sangue vivo). A causa mais comum são as hemorróidas, mas fissuras anais,
inflamações, infecções, tumores ou pólipos podem também ser fatores causadores de
hemorragias.
A hemorragia pode ainda ser proveniente de tumores benignos ou câncer.
Finalmente, à medida que se fica mais velho, anormalidades nos vasos do intestino
grosso podem ser desenvolvidas, resultando em sangramento recorrente.
As manifestações clínicas são:
• hematêmese - vômito com sangramento, podendo ser vermelho brilhante ou cor
de “borra de café” (quando a hemoglobina sofreu alteração no estômago);
• melena - fezes com sangue, de cor enegrecida e fétida.
• enterorragia - sangramento “vivo” pelo ânus, isolado ou misturado com as fezes.
• Relacionados diretamente com a perda sangüínea, destacam-se: taquicardia,
dispnéia, hipotensão, pele fria e até choque hipovolêmico.

O objetivo do diagnóstico é identificar e estancar com rapidez o sangramento.


Geralmente é realizado pelo exame de endoscopia.
A cirurgia de urgência é indicada nos casos em que: a hemorragia é grave e não
responde às medidas rápidas de reposição volêmica; não é possível realizar a hemostasia
pelo endoscópio, se um novo sangramento ocorrer após o tratamento inicial.
É importante que a equipe de enfermagem: avalie a quantidade de perda
sangüínea nas fezes e através dos vômitos; realize a lavagem gástrica com solução
fisiológica gelada, objetivando a hemostasia; administre os medicamentos prescritos e
monitorize os sinais vitais.

8 PANCREATITE

45
O pâncreas é um dos órgãos acessórios do sistema digestório. Encontra-se
situado no abdômen, atrás do estômago. Ele é responsável pela produção do suco
pancreático que ajuda na digestão e pela produção de hormônios como insulina e
glucagon.
A inflamação do pâncreas é denominada pancreatite e pode manifestar-se de
forma súbita (aguda) ou de forma contínua (crônica).

Pancreatite aguda: processo inflamatório agudo do pâncreas. Suas causas são:


pedras da vesícula que se deslocam e impedem o escoamento das substâncias
produzidas pelo pâncreas; ingestão abusiva de álcool e de alguns medicamentos como
corticóides e imunodepressores; tumores que obstruem os canalículos do pâncreas;
traumatismo pancreático; níveis elevados de colesterol e triglicérides e fatores
genéticos.
Entre as manifestações clínicas apresentadas pelos pacientes, primeiramente
podemos destacar a dor severa que se inicia subitamente na região epigástrica, após
excesso de ingestão alimentar ou de bebida alcoólica. Irradia para a reborda costal,
piorando ao andar e deitar. Melhora quando o paciente senta ou se inclina para frente.
Ocorrem vômitos, náuseas, febre, icterícia. Os casos mais graves podem apresentar
manifestações clínicas de choque: taquicardia, hipotensão, desorientação, extremidades
frias e sudorese.
Para o diagnóstico, é indispensável a realização de exames complementares,
como o exame de sangue, e exames radiográficos como RX do abdômen e do tórax;
ultra-som abdominal; tomografias computadorizadas.
O tratamento inicial da pancreatite aguda é basicamente clínico. É indicada a
manutenção do jejum para inibir a estimulação e secreção de enzimas pancreáticas.
Caso seja necessário, o aporte calórico será mantido pela nutrição parenteral total
(NPT). A sonda nasogástrica aberta objetiva aliviar náuseas e vômitos. Medicamentos,
como analgésicos, antibióticos e antiácidos, são administrados conforme prescrição.
Deve-se administrar insulina, caso seja preciso.
O tratamento cirúrgico consiste em remover total ou parcialmente o pâncreas. É
indicado, entre outros, em casos de necrose ou de grave infecção bacteriana.
A equipe de enfermagem tem um papel fundamental no tratamento do paciente
com pancreatite aguda. Ela deve:
• Administrar analgésico, conforme prescrição, para o alívio da dor;

46
• Explicar a finalidade e importância do jejum;
• Manter a hidratação hídrica e de eletrólitos, prevenindo a desidratação
decorrente de vômitos ou diarréias;
• Manter aberta e pérvia a sonda nasogástrica;
• Realizar higiene oral, mantendo os lábios umidificados;
• Orientar a necessidade do repouso no leito;
• Medir a circunferência abdominal, atentando para alterações;
• Pesar diariamente;
• Monitorizar os sinais vitais;
• Controlar glicemia capilar;
• Realizar balanço hídrico;
• Encaminhar o cliente a um grupo de apoio de alcoólicos anônimos ou de
autocuidado para Diabetes Mellitus;
• Orientar a auto-aplicação de insulina, quando indicada.

Pancreatite crônica: caracteriza-se pela perda progressiva do tecido pancreático,


com presença de fibrose e lesões anatômicas irreversíveis. A pancreatite crônica não
significa o desenvolvimento da forma aguda da doença, a menos que estejam presentes
complicações como os pseudocistos (coleções de secreções pancreáticas).

Pancreatite crônica calcificante: é a mais comum, representando quase 90 % das


pancreatites crônicas no Brasil. Nessa classificação são formados cálculos (pedras) nos
canalículos do pâncreas. A principal causa é o alcoolismo, mas pode estar associada à
desnutrição, hiperparatireoidismo, hereditariedade ou mesmo não apresentar uma causa
determinada.

Pancreatite crônica obstrutiva: surge em conseqüência de obstrução parcial do


canal que conduz o suco pancreático até o intestino delgado. As manifestações clínicas
mais constantes são: a dor que se localiza principalmente no epigástrio e hipocôndrio
esquerdo. Costuma ser intensa e contínua, durando horas ou dias. É aliviada por
sedativos e antiespasmódicos e agravada pelo decúbito dorsal. O excesso do consumo
de álcool é um dos fatores desencadeantes da dor. Pode cessar espontaneamente e passar
por longos períodos de calmaria. Pode ser acompanhada por náuseas e vômitos.

47
A perda de peso varia conforme os períodos de dor, já que essa pode ser
agravada pela alimentação. A hiperglicemia aparece como terceiro sinal em frequência,
ocorrendo em cerca de 50% dos casos. Existe também a manifestação da icterícia,
devido à compressão do colédoco e a esteatorréia, desencadeada pela má absorção de
gorduras, determinada pela mudança das características das fezes.
Para a obtenção do diagnóstico, são utilizados os mesmo exames
complementares da pancreatite aguda.
No que se refere ao tratamento, é indicado a abstinência do álcool e o
encaminhamento do indivíduo a um programa de apoio, assim como a ingestão de uma
dieta balanceada e o uso de antiácidos. Caso a pessoa tenha adquirido Diabetes Mellitus,
ela deverá ser encaminhada a um programa de educação para o autocuidado e, ao
receber alta hospitalar, deve ser orientada quanto à auto-aplicação de insulina.

9 COLITE
A colite ulcerosa é uma doença inflamatória crônica dos intestinos que
habitualmente afeta a extremidade distal do intestino grosso e reto.
Afeta principalmente indivíduos com 15-30 anos e depois com 60-80 anos, mais
as mulheres que os homens

Causas:
Não tem uma causa conhecida, mas existem estudos que apontam para uma
componente genética quanto à susceptibilidade para o desenvolvimento da doença

Sinais e sintomas:
A doença cursa com inflamação destrutiva de toda a parede do colon e reto, de
forma contínua. Inicialmente limita-se à mucosa, mas depois surgem múltiplas
pequenas úlceras na parede intestinal, devido à inflamação profunda.
A destruição da parede e das vilosidades gera uma diarréia de má-absorção, por
vezes com sangue ou muco, e acompanhada de febre e dores abdominais, e por vezes
vômitos e náuseas. É comum o tenesmo, ou sensação de que o reto ainda tem fezes
mesmo após a evacuação estar completa. Os períodos sintomáticos alternam com
períodos alargados sem qualquer sintoma. Muitos indivíduos apresentam progressão

48
lenta e lesões mínimas, outros rápida ou mesmo fulminante com problemas agudos
possíveis adicionais como desidratação e anemia. Num terço dos casos todo o colon está
afetado, nos restantes algumas áreas são poupadas.

Diagnóstico:
O diagnóstico definitivo é feito por estudos imagiológicos
como colonoscopia ou estudos com contraste radiográficos (particularmente com sulfato
de bário), que auxilia na diferenciação da doença de Crohn. A biópsia do colon pode ser
útil.
Não há cura, mas o tratamento minimiza os problemas e evita complicações
graves. São dados fármacos antidiarréicos e outros para alívio sintomático. O uso
de aminosalicilatos (antinflamatórios semelhantes aos AINEs) diminui as lesões
inflamatórias, assim como corticosteróides. Em casos graves é removido cirurgicamente
o cólon. Mesmo em casos moderados é necessária a vigilância anual por colonoscopia
de possíveis tumores, devido ao risco de canâncer muito aumentado.

10 DOENÇA DE CROHN

A doença de Crohn é uma doença crônica inflamatória intestinal, que atinge


geralmente o íleo e o cólon (mas pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal).
Muitos danos são causados por células imunológicas que atacam uma ou mais partes
dos tecidos do tubo digestivo, mas não há certeza de etiologia autoimune. Os sintomas e
tratamentos dependem do doente, mas é comum haver dor abdominal, diarréia, perda de
peso e febre. Atualmente não há cura para esta doença, no entanto os tratamentos
permitem alívio dos sintomas e melhoria de qualidade de vida.
A doença de Crohn é uma das principais doenças inflamatórias intestinais.
Muitos acreditam que a doença de Crohn e a Colite ulcerosa são duas manifestações
extremas de um mesma patologia intestinal subjacente.

49
UNIDADE 5 - DISTÚRBIOS HEPÁTICOS E BILIARES

1 HEPATITE

É uma doença que consiste na inflamação do fígado e pode ser causada por um
vírus ou por substâncias tóxicas. As manifestações clínicas gerais da pessoa com
hepatite referem-se: à fadiga, anorexia (falta de apetite), enjoo, vômitos, icterícia,
colúria (urina escura) e fezes acólicas (esbranquiçadas).
Existem tipos diferentes de hepatite. Entre eles, a hepatite viral e a por substâncias
tóxicas.

Hepatites virais
Consiste em vários tipos de vírus e cada um tem uma forma de contágio,
prevenção e tratamento. Entre as mais comuns estão:

Hepatite A - é a mais contagiosa, porém a menos grave. Estima-se que no Brasil 5% da


população adulta já tenha anticorpos contra esse tipo de hepatite. Transmissão: Ocorre
pela via chamada fecal-oral, na maioria das vezes com fezes de pacientes contaminando
a água de consumo e os alimentos. Pode ocorrer também entre pessoas que utilizam
piscinas com água mal tratada e compartilham toalhas e lençóis imperceptivelmente
contaminados por fezes, por exemplo.
Prevenção: A vacina para Hepatite A é recomendável para todas as crianças a
partir de 1 ano de idade e para pessoas que viajam para áreas onde a Hepatite A é muito
freqüente, como o norte do Brasil e países tropicais subdesenvolvidos. Grupos de alto
risco como crianças e adultos que vivem em creches, asilos ou prisões, homo e
bissexuais, usuários de drogas injetáveis ou não, pacientes com doença hepática crônica,
aqueles com AIDS ou doenças da coagulação também devem ser vacinados.

Hepatite B - Resulta em danos das células hepáticas, que podem levar à cirrose e ao
câncer de fígado.
Transmissão: pode ser transmitida através da relação sexual, sendo maior o risco
nos indivíduos com múltiplos parceiros sexuais e/ou outras doenças sexualmente
transmissíveis (DST); através de transfusão de sangue contaminado, do uso
compartilhado de seringas, agulhas e outros instrumentos entre usuários de drogas, além

50
de acidentes com materiais perfuro-cortantes. Gestantes contaminadas podem transmitir
a doença para os bebês, sendo o parto normal ou por cesariana o principal momento de
risco, o que pode ser minimizado pelo médico através de tratamento adequado.
Prevenção: A vacina para hepatite B deve ser feita em todos os recém-nascidos,
iniciando o esquema vacinal já no primeiro mês de vida. Adultos não vacinados e que
não tiveram a doença também podem fazer a vacina, que está especialmente
recomendada a pessoas que cuidam de pacientes, a profissionais da área da saúde, aos
portadores do vírus C, alcoolistas e indivíduos com outras doenças hepáticas. Deve-se
usar luvas, máscara e óculos de proteção quando houver possibilidade de contato com
sangue ou secreções corporais. Pessoas que tiveram exposição conhecida ao vírus
(relação sexual com indivíduo contaminado, acidente com agulha) devem receber uma
espécie de soro (gamaglobulina) nos primeiros dias após o contato, o que pode diminuir
a chance ou, pelo menos, a intensidade da doença. Recém-nascidos de mães com
hepatite B devem receber gamaglobulina específica e vacina imediatamente após o
parto para diminuir o risco do bebê desenvolver a doença.
Tratamento: O tratamento medicamentoso pode ser feito através do Interferon
(via subcutânea) e da Lamivudina (via oral).

Hepatite C - infecta aproximadamente 1% da população brasileira. Se a hepatite não


for curada, a permanência do vírus no organismo pode levar à cirrose hepática ou ao
câncer.
Transmissão: A principal via de transmissão do vírus C é a da transfusão de
sangue total ou de seus derivados (plasma, concentrado de hemácias, plaquetas, etc.),
como também através do uso de agulhas e seringas compartilhadas em grupo por
usuários de drogas injetáveis ilícitas, além de também ser contraída através de contato
sexual.
Os profissionais da área da saúde constituem um grupo de risco para adquirir o
vírus da hepatite C. A manipulação incorreta de material perfuro-cortante e de fluídos
corporais podem causar a doença.
Sintomas: Os indivíduos, em sua maioria, são assintomáticos. Quando ocorrem
os sintomas, esses se manifestam por meio da icterícia, anorexia, mal-estar e dor
abdominal.

51
Tratamento: O Interferon e a Ribavirina (via oral) são as drogas indicadas no
tratamento contra esse vírus, mas só funcionam em 50 % dos casos e se usadas em
conjunto.

Hepatite D - o agente da hepatite Delta é um vírus defectivo, ou seja, necessita da


presença do vírus B inoculado anteriormente no organismo para sua replicação. Os
fatores de risco, a transmissão e as manifestações clínicas são as mesmas do vírus B. O
tratamento utilizado é o mesmo para o vírus da hepatite B e C.

Hepatite E - É uma hepatite infecciosa aguda causada pelo vírus da hepatite E, que se
pode curar de forma subclínica. Sua transmissão é do tipo fecal oral, através do contato
com alimentos e água contaminados, e os sintoma iniciam em média 30 dias após o
contágio. É mais comum após enchentes Não existe vacina para hepatite E. Os sintomas
são de início súbito, com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de
desconforto no abdome, náuseas e vômitos. Pode ocorrer diarréia. É considerada uma
hepatite branda, apesar de risco aumentado para mulheres grávidas, principalmente no
terceiro trimestre gestacional, que podem evoluir com hepatite fulminante. Não existe
tratamento específico. O paciente deve receber medicamentos sintomáticos e repousar.
Pode ser prevenida através de medidas de higiene, devendo ser evitado comprar
alimentos e bebidas de vendedores ambulantes.

Hepatite F - DNA-vírus, transmitido a macacos Rhesus sp. em laboratório


experimentalmente, através de extratos de fezes de macacos infectados. Ainda não há
relatos de casos em humanos.

Hepatite G- A hepatite G foi a hepatite descoberta mais recentemente (em 1995) e é


provocada pelo vírus VHG (vírus mutante do vírus da hepatite C) que se estima ser
responsável por 0,3% de todas as hepatites víricas. Desconhecem-se, ainda, todas as
formas de contágio possíveis, mas sabe-se que a doença é transmitida, sobretudo, pelo
contato sanguíneo (transmissão parenteral). Pode evoluir para infecção persistente com
prevalência de 2% entre doadores de sangue. Em análises feitas nos Estados Unidos da
América aos doadores de sangue demonstrou-se que cerca de dois por cento já teve
contacto com o vírus. Supõe-se que o VHG se encontre em 20 a 30% dos utilizadores de
drogas injetáveis e em 10% das pessoas que foram sujeitas a uma transfusão de sangue.

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Em cerca de 20% dos doentes com infecção pelos VHB ou VHC é possível detectar
anticorpos para o VHG, mas esta coinfecção não parece influenciar a evolução daquelas
hepatites. A infecção aguda é geralmente “suave” e transitória e existem relatos
duvidosos de casos de hepatite fulminante. Noventa a 100% dos infectados tornam-se
portadores crônicos, mas podem nunca vir a sofrer de uma doença hepática. Até agora
não foi possível comprovar que a infecção pelo VHG conduza a casos de cirrose ou de
câncer no fígado.

Hepatites por substâncias tóxicas


Certas substâncias químicas têm ação hepatotóxica. Quando são administradas
por via oral ou parenteral, produzem necrose aguda das células hepáticas ou hepatite
tóxica. As substâncias mais comuns causadoras da doença são: tetracloreto de carbono,
fósforo, clorofórmio e os componentes com ouro.
Muitos medicamentos podem induzir à hepatite, entre eles estão certos
antibióticos e anestésicos. As manifestações clínicas e o tratamento são semelhantes aos
da hepatite viral.
A recuperação após uma hepatite tóxica é rápida se esta for identificada
precocemente. Entretanto, a recuperação é improvável se tiver havido um período
prolongado entre a exposição, o início dos sintomas e o tratamento, pois não há
antídotos eficazes. A hepatite alcoólica geralmente acomete clientes que já fazem uso
crônico da bebida e que ingerem quantidades excessivas por alguns dias seguidos. A
possibilidade de ela aparecer é diretamente proporcional ao número de anos de
alcoolismo. A maioria desses clientes evolui para hepatopatia crônica, não cirrótica, ou
cirrose hepática. O tempo de vida está na dependência do grau de lesão já existente no
fígado e do uso continuado de bebidas alcoólicas.
2 CIRROSE HEPÁTICA

Trata-se de uma degeneração difusa, progressiva e crônica do tecido hepático,


com destruição dos hepatócitos. No processo de cicatrização, o tecido normal é
substituído por tecido fibrosado, incapacitando o fígado de manter suas funções. Os
fatores etiológicos mais importantes são: álcool, exposição a substâncias químicas,
(clorofórmio), insuficiência nutricional, infecção pelo vírus da hepatite B e
esquistossomose.

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As pessoas com cirrose apresentam manifestações clínicas decorrentes da
disfunção hepática e da necrose das células hepáticas. Os sinais e sintomas mais
freqüentes são: náusea, icterícia, colúria, dor no fígado, edema, ascite e hérnia
umbilical.
Enquanto o cliente encontrar-se hospitalizado, a equipe de enfermagem deve:
• Oferecer refeições pequenas e freqüentes com a finalidade de facilitar o processo
digestivo;
• Restringir a ingestão de sal e água;
• Monitorar os sinais vitais;
• Pesar e medir a circunferência abdominal, diariamente, com
o cliente em jejum;
• Manter a pele limpa e hidratada, aliviando pruridos e o ressecamento;
• Realizar o balanço hídrico;
• Avaliar o nível de consciência e administrar os medicamentos conforme
prescrição.
Para a alta, o cliente deve ser orientado quanto à dieta e medicação, salientando-
se a importância do acompanhamento ambulatorial.

3 COLELITÍASE

A principal função da vesícula biliar é armazenar a bile produzida pelo fígado e


concentrá-la. Quando a pessoa se alimenta, a vesícula biliar se contrai ocorrendo
liberação de bile, que passa por um canal chamado colédoco, até chegar ao intestino e
encontrar o alimento. Ela está localizada sob o lobo hepático direito e tem o formato de
uma pêra. A bile é uma secreção do fígado com várias funções. No processo digestivo
ela participa do processo de digestão da gordura promovendo a emulsificação da
mesma, facilitando assim a ação das enzimas digestivas.

Colelitíase é a presença de cálculo(s) no interior da vesícula biliar. Os cálculos


biliares quanto a sua composição podem ser:
• De Colesterol (10 a 15%)
• De Pigmentos (biliares) (5 a 10%)

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• De Carbonato de Cálcio (raros)
• Mistos, os mais frequentes (aproximadamente 80%)

Vários fatores podem estar envolvidos na etiologia dos cálculos biliares entre
eles citamos: genéticos, ambientais, idade, sexo e hormônios, paridade obesidade,
hiperlipidemias, diabetes, doenças intestinais, cirrose, doenças hemolíticas, infecção
biliar ou parasitose, hiperparatireoidismo, cirurgias gástricas, estenose do ducto biliar
principal, pancreatite câncer de vesícula.

Evolução:
A colelitíase pode evoluir para infecções graves com risco de sepses (infecção
generalizada), sendo mais grave nos diabéticos e idosos.
A colecistite aguda pode ainda evoluir para uma forma crônica com
possibilidade de períodos de agudização.
Quando os cálculos são menores estes podem migrar para dentro do canal biliar
principal (colédoco) provocando obstrução do fluxo de bile e consequentemente
icterícia (cor amarelada da pele e dos olhos, semelhante a quem tem hepatite), ou
algumas vezes podem ocluir também o ducto pancreático ao nível da papila podendo
apresentar pancreatite desde uma forma leve (edematosa) até uma forma grave (necro-
hemorrágica), muitas vezes fatal.
Quando a vesícula está inflamada (Colecistite), ela pode ser bloqueada por uma
alça intestinal que adere a parede da mesma, e uma fístula (comunicação) entre estas
duas estruturas pode ocorrer. Os cálculos existentes mesmo de grande tamanho podem
migrar para o intestino. Estes cálculos maiores podem causar uma obstrução intestinal
(íleo biliar).

Sintomas:
• Grande parte dos portadores de litíase vesicular são assintomáticos.
• Os pacientes sintomáticos podem apresentar dor na parte superior e central do
abdome (região epigástrica) ou no quadrante superior direito do abdome.
• Na cólica biliar a dor costuma iniciar-se subitamente e termina gradativamente.
• A dor geralmente é intensa, contínua, com períodos de exacerbação, as vezes
irradiando para as costas.

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• É freqüente a presença de náuseas e vômitos.
• Devido a localização e irradiação da dor, pode ser confundida com problemas do
estômago, renais, cardíaco ou até mesmo da coluna vertebral.

Tratamento:
I - O tratamento de eleição da litíase vesicular é a cirurgia (colecistectomia). Mesmo
aqueles pacientes assintomáticos devem ser operados. Constituem exceções os pacientes
com elevado risco operatório ou com pouca expectativa de vida.
II - Apesar de ser uma cirurgia simples e comum, esta deve ser realizada por cirurgião
experiente e que saiba abordar a via biliar quando necessário.
III - A cirurgia pode ser realizada pelo método tradicional, existindo diferentes opções
de incisões (longitudinais, transversais ou oblíquas) e tamanhos variados de acordo com
a preferência do cirurgião, biotipo do paciente e dificuldade do caso.
IV- Atualmente a maioria das cirurgias é realizada por Videolaparoscopia independente
da gravidade do caso. Além da vantagem estética (cicatrizes mínimas ou
imperceptíveis), possibilita um curto período de internação e uma rápida recuperação,
não necessitando afastamento prolongado do trabalho e das atividades físicas.

56
UNIDADE 6 - ENDOCRINOLOGIA
SISTEMA ENDÓCRINO

Principais glândulas endócrinas.


1. Glândula pineal
2. Glândula pituitária
3. Glândula tireóide
4. Timo
5. Glândula supra-renal
6. Pâncreas
7. Ovário
8. Testículo

O Sistema Endócrino é formado pelo conjunto de glândulas que apresentam


como atividade característica a produção de secreções denominadas hormônios.
Frequentemente o sistema endócrino interage com o sistema nervoso, formando
mecanismos reguladores bastante precisos. O sistema nervoso pode fornecer ao sistema
endócrino informações sobre o meio externo, enquanto que o sistema endócrino regula a
resposta interna do organismo a esta informação. Dessa forma, o sistema endócrino em

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conjunto com o sistema nervoso atuam na coordenação e regulação das funções
corporais.
Alguns dos principais órgãos que constituem o sistema endócrino são: a
hipófise, o hipotálamo, a tiróide, as supra-renais, o pâncreas e as gônadas (os ovários e
os testículos).

Glândulas endócrinas e os hormônios secretados:


• Hipotálamo produz:
o Hormônio liberador de tireotrofina (TRH)
o Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH)
o Hormônio liberador de hormônio do crescimento (GHRH)
o Hormônio liberador de corticotrofina (CRH)
o Somatostatina (regula a glicemia)
o Dopamina (DA) – atividade estimulante do SNC
• Glândula pineal produz:
o Dimetiltriptamina (sono)
o Melatonina (sono)
• Glândula pituitária (hipófise) produz:
o Hipófise anterior (adenohipófise)
 Hormônio do crescimento (GH)
 Prolactina (PRL)
 Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH, corticotrofina)
 Hormônio estimulante da tireóide (TSH, tirotrofina)
 Hormônio folículo-estimulante (FSH, uma gonadotrofina)
 Hormônio luteinizante (LH, uma gonadotrofina)
o Hipófise posterior (neurohipófise)
 Oxitocina (ocitocina)
 Arginina vasopressina (AVP; também ADH, hormônio
antidiurético) – regula a hidratação do corpo e pressão venosa
• Glândula tireóide produz:
o Triiodotironina (T3), uma forma potente de hormônio da tireóide
o Tiroxina (T4), uma forma menos ativa de hormônio da tireóide
o Calcitonina

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• Glândula paratireóide produz:
o Hormônio da paratireóide (PTH) – ossos, rins e intestino
• Timo produz:
o Peptídeo natriurético atrial (ANP) – regula a presão arterial
• Estômago e intestinos produzem:
o Colecistoquinina (CCK)
o Gastrina
o Grelina
o Neuropeptídeo Y (NPY)
o Secretina
o Somatostatina
• Fígado produz:
o Fator de crescimento semelhante à insulina (IGF)
o Angiotensinogênio (regulação da pressão arterial)
o Trombopoietina (regula a produção de plaquetas pela medula óssea)
• Ilhotas de Langerhans no pâncreas produzem:
o Insulina
o Glucagon
o Somatostatina
• Glândulas adrenais produzem:
o Córtex adrenal
 Glicocorticóides (principalmente cortisol)
 Mineralocorticóides (principalmente aldosterona)
 Andrógenos (incluindo DHEA e testosterona)
o Medula adrenal
 Adrenalina (epinefrina) – estimula o coração e eleva a PA
 Noradrenalina (norepinefrina) - manter a pressão sangüínea em
níveis normais, vasoconstrição periférica e taquicardia
• Rim produz:
o Renina
o Eritropoietina (EPO)
o Calcitriol (a forma ativa da vitamina D3)
• Pele produz:

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o Vitamina D3 (calciferol)
Em homens:
• Testículos
o Andrógenos (principalmente testosterona)
Em mulheres:
• Folículo ovariano
o Estrógenos (principalmente estradiol)
• Corpo lúteo
o Progesterona
o Estrógenos (principalmente estradiol)
• Placenta (quando grávida)
o Progesterona
o Estrógenos (principalmente estriol)
o Gonadotrofina coriônica humana (HCG)
o Lactogênio placentário humano (HPL)

DIABETES MELLITUS

Doença caracterizada por apresentar altos níveis de glicose no sangue, devido à


insuficiência de insulina no organismo.

Taxa normal = de 70 a 110mg%

Fatores predisponentes

Obesidade, emocional, gravidez, medicamentos, menopausa, má alimentação,


sedentarismo.

Tipos
Tipo 1 – mais comum na infância, o pâncreas não produz insulina

Tipo 2 – mais tardia, o pâncreas produz insulina ineficiente

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Secundárias – associada a outras patologias
Gestacional – ocorre somente na gestação

Sinais e sintomas

Polidipsia, poliúria, bulimia, emagrecimento, sonolência, cansaço, desânimo,


visão turva, formigamento nas extremidades.

Tratamento

Dieta, reduzir peso, insulinoterapia (regular / NPH), HGT, glicusúria,


hipoglicemiantes orais (Diabinese, Daonil, Metformina).
Complicações

Retinopatia, Neuropatia, Nefropatia, Infecções, Coma, Pé diabético, Amputações


.

Cuidados de enfermagem
• Cuidados com dieta
• Sinais de hipoglicemia
• Conforto
• HGT
• Administração de fármacos
• Orientações gerais

DISFUNÇÕES DA TIREÓIDE

HIPERTIREOIDISMO

É uma hiperfunção da tireóide, com aumento excessivo da produção de


hormônio, causando aumento na metabolização celular.

Causas: Desconhecida

61
Fatores predisponentes: estresse, infecções, emocional

Sinais e sintomas: agitação, taquicardia, sudorese, tremores nas mãos, nervosismo,


irritabilidade, intolerância ao calor, bulimia, emagrecimento, fraqueza, fadiga, bócio.

Tratamento
• Fármacos inibidores da produção hormonal
• Radiação por iodo VO
• Cirurgia - tireoidectomia

Cuidados de enfermagem
• Conforto
• Ambiente arejado
• Cuidados com dieta
• Oferecer atividades desestressantes
• Cuidados com higiene pessoal
• Administração de fármacos

HIPOTIREOIDISMO

É uma hipofunção da tireóide. Ocorre uma diminuição ou ausência na produção


do hormônio, levando a uma diminuição do metabolismo celular.

Causas: tireoidectomia, radioterapia, deficiência de iodo, congênito.

Sinais e sintomas: apatia, bradicardia, fadiga, hipotermia, pele seca, alopecia,


constipação, surdez, aumento de peso, rouquidão, unhas quebradiças, dormência nos
dedos, amenorréia.

Tratamento e cuidados de enfermagem:

• Tratamento medicamentoso

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• Conforto
• Hidratação da pele
• Aquecer o paciente
• Cuidados com dieta
• Ingesta hídrica
• Administração de laxantes

DISFUNÇÕES DA PARATIREÓIDE

HIPERPARATIREOIDISMO

Aumento na produção do paratormônio, causando uma descalcificação óssea e


desenvolvimento de cálculos renais, devido a um aumento nos níveis sangüíneos de
cálcio e diminuição do nível de fósforo.

Causas: distúrbios renais, alterações mentais como psicose e neurose, irritabilidade,


desmineralização óssea, tumores ósseos, desidratação.

Tratamento:
• Paratireoidectomia
• Restrição de cálcio na dieta
• Antiácidos se distúrbios intestinais

Cuidados de enfermagem:

• Incentivar a ingesta hídrica


• Atividade física
• Redução da ingesta de cálcio e aumentar potássio
• Observar urina
• Observar sinais e sintomas após a cirurgia
• Observar manifestações de cálculos renais
• Evitar constipação no pós-operatório

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• Estimular o apetite

HIPOPARATIREOIDISMO

É uma diminuição na produção do paratormônio. Caracterizada por


hiperatividade neuromuscular, devido a uma diminuição do nível sangüíneo de cálcio e
aumento do nível de fósforo.

Sinais e sintomas: tetania: hiperatividade muscular, alterações mentais: delírios, pele


seca, unhas e cabelos quebradiços, aumento na PIC, desenvolvimento dentário anormal.

Causas: Tireoidectomia, Paratireoidectomia, Dissecção cervical radical, Cirurgias e


tumores paratireóideos.

Tratamento:
• Farmacológico – Ca VO
• Gluconato de Ca EV
• Gluconato de Ca VO
• Vitamina D – acelera a absorção do cálcio

Cuidados de enfermagem:

• Orientações quanto a dieta


• Ambiente calmo, livre de ruídos e luminosidade
• Prevenir sinais de tetania, convulsões e dificuldade respiratória

64
UNIDADE 7 - PNEUMOLOGIA
DOENÇAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO

A vida humana depende da troca sistemática de gases, realizada pelo sistema


respiratório. A respiração é composta de dois movimentos - a inspiração e a expiração -
que correspondem à expansão e ao relaxamento da musculatura pulmonar e da parede
torácica. O ato de respirar mantém um padrão regular e ininterrupto, varia de 12 a 20
respirações por minuto, no adulto. É essencial para a vida, pois é responsável pela
absorção de oxigênio pelas células e a eliminação do gás carbônico pelos pulmões.
O ar entra pelo nariz, onde é purificado e aquecido. Passa pela faringe, laringe e
segue pela traquéia, brônquios e bronquíolos. Os brônquios e os bronquíolos são
revestidos de cílios que realizam o movimento de varredura, retirando, assim, muco e
substâncias estranhas ao pulmão. O ar chega então aos alvéolos, havendo aí a troca
gasosa entre oxigênio e gás carbônico.
Os pulmões, em número de dois, ocupam a caixa torácica. Existem ainda
músculos que auxiliam no movimento respiratório, também chamados de músculos
acessórios da respiração, dentre eles: o diafragma, os intercostais e o
esternocleidomastoideo.

DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA - DPOC

A DPOC se caracteriza por alterações progressivas da função pulmonar,


resultando em obstrução ao fluxo aéreo. É constituída pelo enfisema, bronquite e asma.

ENFISEMA

É uma doença crônica irreversível, caracterizada por obstrução brônquica e


distensão alveolar. Há perda da elasticidade dos pulmões, destruição alveolar e capilar
por acúmulo de ar nos alvéolos.
À medida que a destruição alveolar progride, as trocas gasosas diminuem. Há
uma adaptação progressiva com a convivência de menor taxa de oxigênio no organismo,
tornando, por isso mesmo, a pessoa intolerante a altas taxas de oxigênio. Dentre os
fatores de risco, destacamos o fumo e a poluição ambiental persistente. A asma, a

65
tuberculose e o envelhecimento favorecem o surgimento do enfisema em conseqüência
da fibrose, com perda da elasticidade pulmonar. Essa doença caracteriza-se por
evolução lenta e gradual. Na fase tardia, o paciente apresenta cansaço aos esforços
rotineiros, tosse produtiva, desconforto relacionado com a menor capacidade de respirar
(dispnéia), uso abusivo da musculatura acessória, definindo o tórax em barril
agitação/sonolência, dificuldade de concentração, tremor das mãos e anorexia com
perda de peso.
Alguns exames são solicitados para avaliar a capacidade respiratória individual e
o tamanho da lesão, dentre eles a tomografia computadorizada e a espirometria.
As complicações freqüentes do enfisema são o pneumotórax e a insuficiência
respiratória aguda.

BRONQUITE CRÔNICA

A bronquite crônica caracteriza-se pelo aumento das glândulas produtoras de


muco dos brônquios, manifestando-se por tosse matinal, com excesso de secreção
espessa, esbranquiçada e viscosa. Muitas vezes é confundida com o estado gripal,
porém se diferencia pela sua duração que pode se estender até dois meses (gripe mal
curada). Embora a causa não esteja esclarecida, está diretamente relacionada ao
hábito de fumar. Outros fatores, como a idade, a predisposição genética, a poluição
atmosférica, a exposição contínua ao ar frio e à umidade e contatos com poeiras
industriais, favorecem o aparecimento da doença.
À medida que os períodos de infecção se tornam mais freqüentes, o muco pode
apresentar-se: amarelado, esverdeado, acinzentado e até purulento. A evolução da
bronquite culmina com a lesão da camada interna dos brônquios, prejudicando a
ventilação e a função cardíaca. Nessa etapa da doença, os sinais associados são: cianose,
edema e acesso de tosse noturna.
As principais complicações da bronquite crônica são a infecção pulmonar, a
insuficiência cardíaca e o enfisema.

ASMA

66
É uma doença comum, podendo ser reversível, afetando cerca de 10% da
população, abrangendo indivíduos de todas as idades. Consiste na obstrução dos
bronquíolos, em decorrência do broncoespasmo (estreitamento dos brônquios),
associada ao edema das mucosas e à produção excessiva de muco (catarro).
Os principais sintomas da asma são: tosse seca, dispnéia e sibilo. Estas
manifestações ocorrem em crises de duração variável, podendo ser de minutos, horas e
até de dias.
A asma pode ser causada por vários fatores, entre eles: os alérgenos (poeira
domiciliar, ácaros, poluição ambiental, pêlos de animais e alguns alimentos); infecções
respiratórias; fatores emocionais; atividade física intensa; alguns medicamentos;
hereditariedade e alterações climáticas.
O tratamento da asma aguda visa restaurar a função pulmonar rapidamente,
evitar complicações e controlar os fatores desencadeantes das crises.

Considerando que as alterações nos brônquios são semelhantes para as três


situações descritas, os cuidados de enfermagem serão abordados conjuntamente. É
importante o envolvimento dos familiares em todas as etapas dos serviços a serem
prestados, quais sejam:

• Controle dos fatores de risco: fornecer orientações quanto aos fatores


desencadeantes de crises, auxiliando os portadores a reconhecerem os sinais e
sintomas iniciais da crise; uso de medicações broncodilatadoras, mucolíticos e
corticóides prescritos;
• Monitoramento da função respiratória: através do controle dos sinais vitais;
avaliação da coloração e temperatura da pele, da mucosa e do nível de consciência;
• Oxigenoterapia: administrar oxigênio conforme orientações do enfermeiro e/ou
médico;
• Fluidificação e expectoração de secreções: através da hidratação, do estímulo de
tosse e nebulização; ensinar o uso da musculatura acessória; orientar quanto à
importância de manter atividade física regular (caminhadas e natação);
• Prevenção de infecções respiratórias: orientar quanto à exposição a riscos de
infecção; evitar ambientes fechados; agasalhar-se adequadamente e manter nutrição
adequada;

67
• Exercícios respiratórios: orientar quanto à importância da realização freqüente
dos exercícios e sua finalidade; ensinar as técnicas mais modernas como a da
respiração diafragmática, respiração com lábios entreabertos, etc.;
• Fisioterapia respiratória: a fisioterapia para limpeza das vias aéreas inferiores é
importante, mas é passível de supervisão de profissional especializado. O cliente
deve ser orientado e encaminhado.

PNEUMONIA

É a inflamação do parênquima pulmonar, associada aumento acentuado dos


líquidos intersticial e alveolar.
A pneumonia tem como causa: microorganismos (bactérias, vírus, fungos e
protozoários); broncoaspiração que ocorre por aspiração de alimentos líquidos ou
vômitos; inalação de substâncias tóxicas ou cáusticas, fumaças, poeiras ou gases.
Alguns fatores de riscos propiciam o desenvolvimento da pneumonia, entre eles
destacamos:
• ambientes aglomerados e mal ventilados;
• desnutrição;
• tabagismo;
• imobilidade no leito;
• risco para broncoaspiração: hérnia de hiato, posicionamento incorreto da sonda
nasogástrica ou posicionamento no leito do paciente menor que 30 graus;
• indivíduos imunossuprimidos;
• colonização de bactérias provindas do trato digestivo com dieta zero;
• condições que diminuam movimento ciliar e reflexo de tosse;
• falta de assepsia no ambiente hospitalar.

As principais manifestações da pneumonia são: febre alta (38ºC), calafrios, mal-


estar, tosse curta e incessante. Dependendo da gravidade da pneumonia, outros sintomas
podem aparecer, tais como: cianose em lábios e leito ungueal, ansiedade e confusão
mental, taquidispnéia, taquisfigmia, rubor facial, dor pleurítica e estertores (roncos).

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A principal complicação da pneumonia é o acúmulo de líquido no parênquima
pulmonar ou derrame pleural. O tratamento é a base de antibióticos, devendo-se evitar o
uso de xaropes contra a tosse.
As ações de enfermagem junto ao cliente com pneumonia são:
• incentivar a tosse;
• fornecer nebulização periódica e a drenagem postural conforme indicado;
• realizar mudanças de decúbito com intervalos regulares;
• avaliar diariamente características do escarro e do padrão respiratório;
• fornecer oxigenoterapia quando indicado;
• verificar sinais vitais;
• estimular a ingestão hídrica e alimentação adequada;
• proporcionar repouso necessário;
• evitar a exposição a alérgenos e ao fumo;
• administrar medicação (antibióticos, analgésicos, antitérmicos) prescrita;
• incentivar exercícios respiratórios gradativos, de acordo com a condição física
do cliente.

INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA

A insuficiência respiratória é uma condição caracterizada pela incapacidade do


sistema respiratório em fornecer oxigênio necessário para manter o metabolismo, ou
quando não consegue eliminar a quantidade suficiente de dióxido de carbono.
A insuficiência respiratória aguda pode ser uma complicação da DPOC, ou ser
causada em pessoas com pulmões normais em conseqüência dos distúrbios do sistema
nervoso (overdose de drogas ilícitas, lesões cerebrais); pneumonia; anestesia e
procedimentos cirúrgicos (destacando-se o pós-operatório imediato).
Os sinais e sintomas que caracterizam esta complicação são: a dispnéia,
taquipnéia, cianose, cefaléia, taquicardia e arritmia cardíaca, ansiedade, inquietação e
confusão mental, crepitações, sibilos e hipoxemia.
Os cuidados de enfermagem junto ao cliente com insuficiência respiratória
devem considerar:

69
• monitoramento da função respiratória: através do controle dos sinais vitais,
avaliação da coloração e temperatura da pele e mucosa e do nível de
consciência;
• oxigenoterapia: colocar à disposição os materiais para instituir a ventilação
mecânica que poderá ocorrer por exaustão respiratória e/ou alterações
metabólicas (desequilíbrio dos níveis de oxigênio/dióxido de carbono);
• alívio da ansiedade e medo: fazer companhia, proporcionando segurança e
conforto;
• umidificação e fluidificação de secreções: promover a fluidificação e limpeza
das vias aéreas, utilizando técnicas assépticas;
• mudança de decúbito: promover a mudança de decúbito em intervalos regulares,
atentando para conforto físico;
• aspiração de secreção de vias aéreas.

DERRAME PLEURAL

Derrame pleural é o acúmulo de líquido viscoso, purulento ou sanguinolento na


cavidade pleural localizada no tórax (peito).
Normalmente uma pleura “desliza” sobre a outra como se fossem duas lâminas
de vidro com uma quantidade mínima de liquido pleural para evitar o atrito.
Quando uma dessas pleuras sofre um processo inflamatório a dor aparece.
A produção aumentada e/ou a reabsorção reduzida faz com que haja uma grande
quantidade de líquido no espaço pleural, o que é o “derrame pleural” que a medida que
aumenta faz colapsar lóbulos/lobos pulmonares levando a uma insuficiência ventilatória
restritiva que se manifesta por “falta de ar”(dispnéia).
Os derrames pleurais são classificados em :
• Líquidos: quanto à etiologia (tuberculose, pneumonia, neoplasia); quanto ao
caráter (serofibrinoso, hemático ou hemorrágico, purulento, quiliforme); quanto
à localização (grande cavidade, interlobar, mediastínico).
• Gasosos: Pneumotórax
• Mistos: hidropneumotórax, hemopneumotórax, piopneumotórax.

PNEUMOTÓRAX

70
Pneumotórax ou pulmão colapsado é uma emergência médica causada pela
presença de ar na cavidade pleural, ocorrendo como resultado de uma doença ou lesão.
O pneumotórax pode ser classificado quanto a etiologia em:

• Pneumotórax espontâneo primário: paciente hígido aparentemente


sem doença pulmonar
• Pneumotórax espontâneo secundário: associado a doença
pulmonar preexistente
• Pneumotórax traumático: decorrente das feridas ou contusões
torácicas
• Pneumotórax iatrogênico: causado pelo emprego de métodos
propeudêuticos ou terapêuticos invasivos ou pelo uso da ventilação
mecânica,
• Pneumotórax induzido ou terapêutico: produzido
intencionalmente

HEMOTÓRAX

Hemotórax é o derrame e presença de sangue na cavidade torácica.

HIDROTÓRAX

Hidrotórax é o acúmulo de líquido na cavidade pleural.


Conseqüências:
Dependem das causas e do volume do líquido acumulado. Nos derrames
volumosos, hemorrágicos ou com exsudato inflamatório abundante formam-se
aderências pleurais.

DRENAGEM DE TÓRAX

71
O dreno torácico consiste num tubo que é inserido no tórax para drenagem de
gases (pneumotórax, pneumomediastino) ou secreções (derrame pleural, empiema
pleural, etc). Pode ser colocado no pós-operatório de uma cirurgia torácica ou cardíaca,
ou para resolver complicações de um traumatismo ou enfisema.
A cavidade torácica, em particular o espaço pleural, tem pressão negativa em
relação à pressão atmosférica. Ao ser introduzido um dreno torácico, este deve ser
conectado a um sistema coletor de drenagem pleural ou mediastinal de modo a garantir
a hermeticidade da cavidade torácica
O dreno torácico tubular multiperfurado é um tubo plástico macio que possui um
filamento radiopaco por toda a extensão. A ponta é arredondada para minimizar o
traumatismo. Cada dreno torácico tubular possui um diâmetro.
A flexibilidade do material plástico varia, de modo a permitir além da drenagem
necessária, também o conforto ao paciente.

SISTEMAS DE DRENAGEM DE TÓRAX

• SISTEMA SIMPLES OU SELO D’ÁGUA

• SISTEMA DE DRENAGEM EM ASPIRAÇÃO CONTÍNUA

72
Instruções de uso
Recomenda-se o preparo por toda a equipe hospitalar de modo a padronizar e
protocolar a rotina do uso do Sistema coletor de drenagem.
As técnicas de manuseio poderão ser individualizadas, a critério médico e de
acordo com as necessidades cirúrgicas.

Preparo do frasco coletor


Verificar a capacidade do frasco coletor escolhido e colocar solução fisiológica
ou água destilada estéril no frasco coletor, de modo a atingir a marca do nível líquido
mínimo obrigatório para que seja formado o selo d’água, conforme a capacidade do
reservatório.

Preparo do sistema coletor


A tampa do Sistema coletor de drenagem pleural ou mediastinal deve ser
rosqueada ao frasco coletor de modo correto e firme.
Somente o correto rosqueamento possibilitará a vedação adequada quando for
necessária a aspiração contínua com o uso do Sistema de aspiração contínua.

Revisão do sistema de drenagem


Rever se a extremidade do tubo no interior do frasco ficou submersa cerca de 2
cm abaixo do nível líquido mínimo obrigatório.
Marcar na etiqueta do frasco coletor o nível líquido, a data e a hora da instalação
do frasco coletor.

73
Verificar se existe oscilação ou borbulhamento no nível líquido.

Faixa adesiva de fixação


A faixa adesiva de fixação é de extrema importância para o conforto do paciente
e deverá ser fixada no flanco do paciente.
Ela evita que as trações do tubo de drenagem do Sistema coletor de drenagem
pleural ou mediastinal sejam transmitidas ao(s) ponto(s) de fixação cirúrgica do dreno
torácico com a pele.
Desta forma, se previne o doloroso deslocamento ou arrancamento do dreno
torácico.
Curativos
A limpeza da ferida cirúrgica deverá ser realizada com solução anti-séptica e o
curativo da pele, em torno do dreno torácico, deverá ser trocado diariamente ou quantas
vezes forem necessárias.

Verificação do(s) ponto(s) cirúrgico(s)


Ao verificar as condições do(s) ponto(s) cirúrgico(s) e da fixação do dreno
torácico durante o curativo, deve-se observar se ocorreu arrancamento parcial do dreno
torácico com deslocamento do(s) ponto(s) cirúrgico(s).
Também se deve verificar se está ocorrendo vazamento aéreo em torno do dreno
torácico devido à folga no(s) ponto(s) cirúrgico(s).

Ordenha
As manobras de ordenha são empregadas sob supervisão médica ou da
enfermagem quando ocorrer obstrução por coágulos do Sistema coletor de drenagem
pleural ou mediastinal.
Utilizar pinça de ordenha ou ordenhar com a mão o tubo de drenagem e o dreno
torácico de modo a remover possíveis obstruções.

Advertências no manuseio do Sistema de drenagem pleural ou mediastinal


Alguns cuidados devem ser tomados de modo a evitar obstrução do tubo de
drenagem por:
 torção
 angulação excessiva

74
 pinçamento (clampeamento) prolongado

Portanto, o tubo de drenagem deverá ser mantido quase esticado, sem curvas,
desta forma se evita a formação de sifões por coleção de líquido pleural no próprio
tubo de drenagem.
Para evitar o refluxo de líquido do frasco coletor para a cavidade torácica não se
deve elevar o frasco coletor acima do nível da cintura do paciente.
O pinçamento (clampeamento) prolongado do tubo de drenagem com a
presilha deve ser evitado, principalmente quando houver escape aéreo (borbulhamento),
o que poderá provocar pneumotórax hipertensivo ou enfisema de subcutâneo.
Pelo mesmo motivo, nunca tampe o Respiro da tampa do frasco coletor.

Pneumotórax aberto
O Pneumotórax aberto com suas repercussões clínicas de insuficiência
respiratória ocorrerá em caso de desconexão do Sistema coletor de drenagem pleural ou
mediastinal, ou se o frasco coletor estiver sem o nível líquido mínimo obrigatório.
Também nunca deixe virar ou tombar o frasco coletor.
Em caso de ruptura do frasco coletor deve-se fechar o tubo de drenagem do
Sistema coletor de drenagem pleural ou mediastinal e rapidamente substituir por outro
íntegro.
Verificar as conexões de todo o Sistema coletor de drenagem pleural ou
mediastinal de modo a não permitir vazamentos de líquido ou entrada de ar.
Não é recomendável perfurar o dreno torácico ou o tubo de drenagem do
Sistema coletor de drenagem pleural ou mediastinal para colher secreções.
Evitar as adaptações que podem ocorrer quando se utilizam dispositivos de
diversos fabricantes.

Precauções médicas
A reexpansão rápida do pulmão colabado deve ser evitada.
A evacuação rápida do líquido pleural (pneumotórax, hidrotórax ou hemotórax) poderá
provocar mal estar, dor, dispnéia e até edema pulmonar com grave repercussão
sistêmica.

Instruções ao paciente

75
A drenagem pleural fechada em selo d'água é o tratamento básico para a
remoção de gases ou líquido entre as pleuras, com o uso de um sistema coletor de
drenagem pleural ou mediastinal.
A instrução sobre o funcionamento do Sistema coletor de drenagem pleural ou
mediastinal ao paciente ou aos seus representantes é da responsabilidade da Equipe
médica e da enfermagem.
As instruções devam incluir noções e cuidados para se obter uma perfeita
sifonagem do Sistema coletor de drenagem pleural ou mediastinal no paciente acamado,
na deambulação e no transporte.
Orientar que não se deve elevar o frasco coletor acima do nível da cintura, para
evitar o refluxo de líquidos do frasco coletor para a cavidade torácica.
Orientar como manter o tubo drenagem quase esticado, sem formar sinuosidades
acentuadas, dobras ou acotovelamentos.
Também, deve-se orientar que o paciente não deite em cima do tubo de
drenagem de modo a não obstruí-lo.
Orientar como se devem evitar movimentos corpóreos bruscos de modo a não
tracionar o tubo de drenagem, o que pode provocar desconexões, deslocamento
doloroso ou arrancamento do dreno torácico.
Avisar imediatamente ao médico, em caso de desconexão acidental ou
sangramento.

Deambulação
O paciente deverá deambular normalmente, caso não haja contra-indicação
clínica.
Para maior comodidade, o paciente deverá utilizar a alça de transporte.

Transporte do paciente
Não deixar formar curvas acentuadas, dobras ou acotovelamentos no tubo de
drenagem.
Manter sempre o frasco coletor abaixo do nível da cintura, deste modo se evita
que o líquido seja aspirado para o interior do tórax do paciente.
Na presença de fístula aérea, o dreno não deve ser pinçado durante o transporte
em maca ou cadeira de rodas.

76
Não pinçar o dreno torácico ao fazer radiografias, transporte ao centro cirúrgico
ou nas ambulâncias.
Rotina para o manuseio e troca do frasco refil
A freqüência da troca do frasco coletor antigo por outro novo estéril deverá ser
diária, quando o mesmo estiver repleto ou a critério médico.
Preparar um novo frasco antes de abrir a tampa do frasco em uso, que vai ser
desprezado.

Preparo do novo frasco coletor


Verificar o estado da embalagem, o produto e o prazo de validade.
Abrir o novo frasco coletor de modo que o interior do mesmo permaneça estéril.
Adicionar, de acordo com o volume do frasco, 250 ml ou 500 ml de solução
fisiológica estéril ou água destilada estéril no novo frasco coletor, de modo a atingir a
marca do nível líquido mínimo obrigatório.

Troca dos frascos coletores (REALIZADO SOMENTE PELO ENFERMEIRO)


Utilizar luvas e seguir as normas da comissão de infecção hospitalar.
A troca do frasco antigo pelo novo deverá ser rápida e precisa, para isto o novo
frasco deverá já estar preparado.
Pinçar o tubo de drenagem por curto período de tempo, ou seja, somente pinçar
o dreno torácico para uma rápida troca do frasco coletor.
Em caso de fístula aérea (borbulhamento), o pinçamento prolongado do dreno
torácico provocará aumento do pneumotórax podendo ocasionar insuficiência
respiratória ou enfisema de subcutâneo.
Abrir a tampa do frasco coletor antigo.
Trocar rapidamente o frasco antigo pelo novo.
Conectar o novo frasco coletor fechando corretamente a tampa do frasco.
Após a troca, abrir a pinça do tubo de drenagem.

Revisão do sistema coletor de drenagem


Rever se a extremidade do tubo no interior do frasco ficou submersa cerca de 1 a
2 cm abaixo do nível líquido mínimo obrigatório. Marcar na etiqueta do frasco coletor o

77
nível líquido, a data e a hora da instalação do frasco coletor. Verificar se existe
oscilação ou borbulhamento no nível líquido.
A cada troca do frasco coletor refil ou do sistema coletor de drenagem pleural ou
mediastinal deverá ser revisto:
 o nível líquido mínimo obrigatório do frasco coletor
 rever o selo d'água, ou seja, se a extremidade do tubo no interior do frasco
coletor ficou submersa cerca de 1 a 2 cm abaixo do nível líquido mínimo
obrigatório.

Marcar e anotar na etiqueta do frasco coletor:


 nível do líquido mínimo obrigatório
 a data
 a hora

78
UNIDADE 8 - HEMATOLOGIA
SISTEMA HEMATOLÓGICO

O sistema hematológico consiste no sangue e nos locais onde ele é produzido,


incluindo a medula óssea e os linfonodos. O sangue é um órgão especializado que difere
dos outros por existir no estado líquido, sendo composto por componentes celulares
suspenso no plasma sangüíneo. As células sangüíneas dividem-se em eritrócitos
(hemáceas – normalmente 5 milhões por mm³ de sangue) e leucócitos (células brancas –
de 5 a 10 mil por mm³ de sangue). O sangue é um líquido espesso, opaco e vermelho, e
sua coloração é dada pela hemoglobina contida nas hemácias.
A volemia do homem é aproximadamente 7 a 10% do peso corporal, e que
representa cerca de 5 litros. O sangue circula pelo sistema vascular, servindo de ligação
entre os órgãos, carregando o oxigênio absorvido pelos pulmões e os nutrientes
absorvidos pelo trato gastrintestinal, até as células do organismo, para o seu
metabolismo.
O sangue também transporta os produtos finais do metabolismo celular até os
pulmões e à pele, o fígado e os rins para transformação e eliminação, e ainda transporta
hormônios e anticorpos até os sítios de ação ou utilização.

Medula óssea

A medula óssea ocupa o interior dos ossos esponjosos e a cavidade central dos
ossos longos do esqueleto. A medula óssea corresponde a 4 a 5% do peso corporal,
sendo um dos maiores órgãos do corpo. A medula óssea pode ser vermelha ou amarela.
A medula vermelha é o local de produção ativa de hemácias, sendo o maior órgão
hematopoiético (produtor de sangue). A medula amarela é composta basicamente por
gordura e não é ativa na produção de elementos do sangue. A medula vermelha do
adulto se localiza principalmente nas costelas, coluna vertebral e em outros ossos
chatos.

Componentes do sangue

ERITRÓCITOS – 5 milhões / mm³

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Hematócrito – 40 a 50%
Hemoglobina – 12 a 16%

LEUCÓCITOS – 5.000 a 10.000 / mm³


PLAQUETAS – 150.000 a 450.000 / mm³
FATORES DE COAGULAÇÃO – reações protéicas
PLASMA SANGÜÍNEO – porção líquida do sangue (íons, proteínas)

HEMOFILIA

Hemofilia é uma doença genético-hereditária que se caracteriza por desordem no


mecanismo de coagulação do sangue e manifesta-se quase exclusivamente no sexo
masculino.
Existem dois tipos de hemofilia: A e B. A hemofilia A ocorre por deficiência do
fator VIII de coagulação do sangue e a hemofilia B, por deficiência do fator IX.
A doença pode ser classificada, ainda, segundo a quantidade do fator deficitário
em três categorias: grave (fator menor do que 1%), moderada (de 1% a 5%) e leve,
acima de 5%. Neste caso, às vezes, a enfermidade passa despercebida até a idade
adulta.

Causa
O gene que causa a hemofilia é transmitido pelo par de cromossomos sexuais
XX. Em geral, as mulheres não desenvolvem a doença, mas são portadoras do defeito.
O filho do sexo masculino é que pode manifestar a enfermidade.

Diagnóstico
Além dos sinais clínicos, o diagnóstico é feito por meio de um exame de sangue
que mede a dosagem do nível dos fatores VIII e IX de coagulação sangüínea.

Sintomas
Nos quadros graves e moderados, os sangramentos repetem-se espontaneamente.
Em geral, são hemorragias intramusculares e intra-articulares que desgastam primeiro as
cartilagens e depois provocam lesões ósseas. Os principais sintomas são dor forte,

80
aumento da temperatura e restrição de movimentos e as articulações mais
comprometidas costumam ser joelho, tornozelo e cotovelo.
Os episódios de sangramento podem ocorrer logo no primeiro ano de vida do
paciente sob a forma de equimoses, que se tornam mais evidentes quando a criança
começa a andar e a cair. No entanto, quando acometem a musculatura das costas, não
costumam exteriorizar-se.
Nos quadros leves, o sangramento ocorre em situações como cirurgias, extração
de dentes e traumas.

Tratamento
O tratamento da hemofilia evoluiu muito e, basicamente, consiste na reposição
do fator anti-hemofílico. Paciente com hemofilia A recebe a molécula do fator VIII, e
com hemofilia B, a molécula do fator IX. Os hemocentros distribuem gratuitamente
essa medicação que é fornecida pelo Ministério da Saúde.
Quanto mais precoce for o início do tratamento, menores serão as sequelas que
deixarão os sangramentos. Por isso, o paciente deve ter em casa a dose de urgência do
fator anti-hemofílico específico para seu caso e ser treinado para aplicá-la em si mesmo
tão logo apareçam os primeiros sintomas.
Deve também fazer aplicações de gelo, no mínimo, três vezes por dia, por 15 ou
20 minutos, até que a hemorragia estanque.
Vencida a fase aguda, o portador de hemofilia deve ser encaminhado para
fisioterapia a fim de reforçar a musculatura e promover estabilidade articular.

Recomendações
• Os pais devem procurar assistência médica se o filho apresentar sangramentos
frequentes e desproporcionais ao tamanho do trauma;
• Manchas roxas que aparecem no bebê quando bate nas grades do berço podem
ser um sinal de alerta para diagnóstico da hemofilia;
• Os pais precisam ser orientados para saber como lidar com o filho hemofílico e
devem estimular a criança a crescer normalmente;
• A prática regular de exercícios que fortaleçam a musculatura é fundamental para
os hemofílicos. No entanto, esportes como judô e futebol são desaconselhados;
• Episódios de sangramento devem receber tratamento o mais depressa possível
para evitar as sequelas musculares e articulares causadas pela hemorragia.

81
ANEMIAS

A anemia é a diminuição dos níveis de hemoglobina na circulação. A principal


função da hemoglobina, uma proteína presente nas hemácias, é o transporte
de oxigênio dos pulmões para os tecidos.
Os valores de normalidade da hemoglobina variam com o sexo e a idade. Em
indivíduos adultos (maiores que 16 anos) do sexo masculino, o limite inferior da
normalidade é de 13,5 g/dL. Em mulheres adultas este valor é de 12,0 g/dL.

Tipos de anemias:

1. Anemia ferropriva: é o tipo de anemia mais comum e é causada pela deficiência


de ferro. O ferro é um dos principais constituintes da hemoglobina, responsável pelo
transporte de oxigênio para os tecidos.

Sintomas: Caracterizada por palidez, fraqueza e fadiga. Em estado mais avançado


podem-se verificar dores de cabeça latejantes semelhantes às de uma enxaqueca. Como
é uma doença que se desenvolve lentamente, pode passar despercebida por muito
tempo. Além de outras repercussões da anemia sobre o organismo humano, afeta o
crescimento e o desenvolvimento físico e mental das crianças, acarretando sonolência,
incapacidade de fixar a atenção e diminuição na acuidade mental, o que leva ao
comprometimento do rendimento escolar

Causas: As causas da anemia ferropriva são:


• Dieta pobre em ferro: pessoas que ingerem pouco alimentos ricos em ferro,
podem desenvolver este tipo de anemia. Dentre os alimentos ricos em ferro
estão a carne vermelha, feijão, peixe e a salada verde.
• Má absorção
• Hemorragias entre os casos de sangramento que podem gerar uma anemia
ferropriva estão: sangramento gastrointestinal, úlceras gástricas ou
intestinais, câncer do trato gastrointestinal, acidentes
traumáticos, cirurgia, parto, além de um sangramento menstrual intenso. A

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causa mais comum de anemia ferropriva em adulto é devida a sangramentos
gastrointestinais.

Tratamento:
A alimentação durante a fase de tratamento medicamentoso, principalmente
com sulfato ferroso e outros sais de ferro deve abster-se de frutas que
contenham tanino (banana verde, caquis, e outras geralmente com sabor adstringente)
porque, em contato com os sais de ferro, forma tanoato de ferro, não absorvível pelo
trato gastrointestinal. O tempo de tratamento é determinado pelo médico mas nunca
deve ser inferior a 90-120 dias pois este é o tempo necessário para completa
substituição das hemácias circulantes no organismo.
É aconselhado nesses casos comer alimentos ricos em ferro tais como beterraba,
e ricos em vitamina C, tal como a laranja e o feijão muito rico em ferro.
Em estado avançado, a consulta médica é necessária, pois pode haver
necessidade de uma transfusão de sangue.

2. Anemia perniciosa: é geralmente usada para citar um estado de anemia devido a


deficiência de vitamina B12. Mais corretamente, ela se refere a uma doença autoimune
que resulta na perda da função das células gástricas parietais, que secretam ácido
clorídrico para acidificar o estômago e o fator intrínseco gástrico que facilita a absorção
da vitamina B12. A anemia perniciosa pode resultar de fatores hereditários. Comum em
pós-operatório de cirurgia bariátrica, gastrite auto-imune e em pacientes com úlcera
péptica extensa.
A falta de vitamina B12 causa anemia megaloblástica mas somente quando há
má absorção devido a falta de fator intrínseco esta anemia é chamada de anemia
perniciosa. É um dos fatores relacionados epidemiologicamente ao desenvolvimento
de carcinoma gástrico.

Causas:
 Defeito na absorção
 Doença celíaca
 Acidúria metilmalônica
 Homocistinúria

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 Tratamento da tuberculose com ácido para-aminosalicílico (PAS)
 Má nutrição na infância
 Deficiência na dieta materna durante a gestação pode causar anemia perniciosa
em bebês com menos de 4 meses de idade.
Sintomas
Os pacientes com anemia perniciosa podem apresentar:
 Fraqueza
 Fadiga
 Diarréia
 Língua lisa
 Adormecimento e formigamento dos pés e das mãos (parestesia)
 Icterícia

3. Anemia falciforme: é o nome dado a uma doença hereditária que causa a má


formação das hemácias, que assumem forma semelhante a foices (de onde vem o nome
da doença), com maior ou menor severidade de acordo com o caso, o que causa
deficiência do transporte de gases nos indivíduos acometidos pela doença. É comum
na África, na Europa mediterrânea, no Oriente Médio e regiões da Índia (devido ao fato
de estes serem povos miscigenados com escravos africanos importados entre o final da
antiguidade e toda a idade média - incluindo a idade moderna no caso dos islâmicos,
que usavam os africanos como escravos militares e as africanas como escravas sexuais
em seus haréns).

Sintomas
Há a presença de todos os sintomas clássicos da anemia comum, que são
causados pelo déficit de hemácias (uma vez que elas têm vida útil muito curta).
Desses podem-se citar fadiga, fraqueza, palidez (principalmente
nas conjuntivas e palmas das mãos, o que torna bastante difícil a visualização, já que
estas geralmente são as únicas partes que permanecem claras em indivíduos mais
escuros, mesmo quando os mesmos estão em situação de plena normalidade médica).
Há, contudo, a presença de uma gama de sintomas característicos da anemia
falciforme aguda, que são causados pelo aumento da viscosidade sanguínea que é a
aglomeração de hemácias doentes. Por causa disso pode haver formação de
trombos (coágulos) nas mais diversas áreas do organismo, com déficit do transporte

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sanguíneo para a área. Em regiões musculares ou conjuntivas, isso pode causar crises de
dor intensa.
Concomitantemente a isso, há um aumento do número de hemácias doentes, uma
vez que a acidose e a deficiência de oxigênio facilita a deformação permanente. Pode
causar também hemorragia, descolamento retiniano, priapismo, acidente vascular
cerebral, infarto, calcificações em ossos com dores agudas, insuficiência renal e
pulmonar, dependendo da fase de vida. Nas mãos e nos pés principalmente das crianças,
pode haver edema causado pela obstrução de vasos naquelas áreas, também
acompanhado com crises de dor. Há um aumento drástico no número de infecções.

Tratamento
O único tratamento curativo para a anemia falciforme é o transplante de medula
óssea. Este tratamento, no entanto, foi realizado em um número relativamente pequeno
de pacientes ao redor do mundo, com maior taxa de sucesso entre crianças. Ainda é
necessário um número maior de estudos e a determinação de características clínicas que
permitam indicar o transplante com maior segurança. São realizadas transfusões durante
exacerbações da anemia. Pacientes com complicações graves, como acidente vascular
cerebral, são submetidos a regimes regulares de transfusão sanguínea.

4 Anemia Aplástica: ocorre quando a medula óssea produz em quantidade insuficiente


os três diferentes tipos de células sanguíneas existentes: glóbulos vermelhos, glóbulos
brancos e plaquetas. O termo Anemia pode ser reservado apenas para a deficiência de
glóbulos vermelhos, enquanto que a diminuição de leucócitos seria chamada de
leucopenia e a diminuição de plaquetas de trombocitopenia. A diminuição das três
linhagens celulares pode ser chamada de aplasia de medula.

Causas:
Uma das causas pode ser de ordem auto-imune; em determinadas situações não
se determina a causa. Já em outras pode estar envolvido o uso de algumas
drogas como cloranfenicol, carbamazepina, fenitoína, quinino, benzeno;
radiação também pode estar envolvida; Pode-se ter ainda como gênese desta anemia,
infecção por vírus.

Sinais e sintomas

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Portadores desta patologia podem ter sangramentos pela trombocitopenia, sejam
micro sangramentos na forma de hematomas na pele ou sangramentos
profusos; também pode acontecer e graves infecções, podendo chegar a quadro
de septicemia.
Tratamento
Apenas 25% dos pacientes possuem doadores compatíveis e para estes o
tratamento baseia-se no transplante de medula óssea; Então, hoje em dia, o tratamento
mais utilizado é a imunossupressão do sistema imunológico, pois acredita-se que ele é o
responsável por suprimir a hematopoiese (produção sanguínea).

5. Anemia hemolítica: é uma anemia devido à hemólise, a quebra anormal de hemácias


nos vasos sanguíneos (hemólise intravascular) ou em outro lugar do corpo
(extravascular). Ela possui diversas causas, podendo ser inofensiva ou até mesmo
ameaçar a vida. A classificação geral da anemia hemolítica é a de sua origem se é
adquirida ou idiopática. O tratamento depende da causa e natureza da quebras das
hemácias.
A Anemia Hemolítica pode ser congênita ou adquirida.
Congênita
 Anormalidades da membrana.
 Hemoglobinopatias.
 Deficiência enzimática.
Adquirida
 Induzida por anticorpos (auto-imune)
 Reação transfusional.
 Fragmentação mecânica.

LEUCEMIA
A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos (leucócitos) de origem, na
maioria das vezes, não conhecida. Ela tem como principal característica o acúmulo de
células jovens (blásticas) anormais na medula óssea, que substituem as células
sanguineas normais. A medula é o local de formação das células sanguíneas, ocupa a
cavidade dos ossos, principalmente esterno e bacia, e é conhecida popularmente por
tutano. Nela são encontradas as células mães ou precursoras, que originam os elementos

86
figurados do sangue: glóbulos brancos, glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) e
plaquetas .
Os principais sintomas da leucemia decorrem do acúmulo dessas células na medula
óssea, prejudicando ou impedindo a produção dos glóbulos vermelhos (causando
anemia), dos glóbulos brancos (causando infecções) e das plaquetas (causando
hemorragias). Depois de instalada, a doença progride rapidamente, exigindo com isso
que o tratamento seja iniciado logo após o diagnóstico e a classificação da leucemia.
O tipo de leucemia mais freqüente na criança é a LLA - leucemia linfóide aguda
(ou linfoblástica). A LMA - leucemia mielóide aguda é mais comum no adulto. Esta
última tem vários subtipos: mieloblástica (menos e mais diferenciada), promielocítica,
mielomonocítica, monocítica, eritrocítica e megacariocítica.

Diagnóstico
As manifestações clínicas da leucemia aguda são secundárias à proliferação
excessiva de células imaturas (blásticas) da medula óssea, que infiltram os tecidos do
organismo, tais como: amígdalas, linfonodos, pele, baço, rins, sistema nervoso central
(SNC) e outros. A fadiga, palpitação e anemia aparecem pela redução da produção dos
eritrócitos pela medula óssea. Infecções que podem levar ao óbito são causadas pela
redução dos leucócitos normais (responsáveis pela defesa do organismo). Verifica-se
tendência a sangramentos pela diminuição na produção de plaquetas (trombocitopenia).
Outras manifestações clínicas são dores nos ossos e nas articulações. Elas são causadas
pela infiltração das células leucêmicas nos ossos. Dores de cabeça, náuseas, vômitos,
visão dupla e desorientação são causados pelo comprometimento do SNC.
A suspeita do diagnóstico é reforçada pelo exame físico. O paciente pode apresentar
palidez, febre, esplenomegalia e sinais decorrentes da trombocitopenia, tais como
epistaxe, hemorragias conjuntivais, sangramentos gengivais, petéquias e equimoses. Na
análise laboratorial, o hemograma estará alterado, porém, o diagnóstico é confirmado no
exame da medula óssea (mielograma).

Tratamento
Como geralmente não se conhece a causa da leucemia, o tratamento tem o
objetivo de destruir as células leucêmicas, para que a medula óssea volte a produzir
células normais. O grande progresso para obter cura total da leucemia foi conseguido
com a associação de medicamentos (poliquimoterapia), controle das complicações

87
infecciosas e hemorrágicas e prevenção ou combate da doença no sistema nervoso
central (cérebro e medula espinhal). Para alguns casos, é indicado o transplante de
medula óssea. O tratamento é feito em várias fases. A primeira tem a finalidade de
atingir a remissão completa, ou seja, um estado de aparente normalidade que se obtém
após a poliquimioterapia. Esse resultado é conseguido entre um e dois meses após o
início do tratamento (fase de indução de remissão), quando os exames não mais
evidenciam células leucêmicas. Isso ocorre quando os exames de sangue e da medula
óssea (remissão morfológica) e o exame físico (remissão clínica) não demonstram mais
anormalidades.
Entretanto, as pesquisas comprovam que ainda restam no organismo muitas
células leucêmicas (doença residual), o que obriga a continuação do tratamento para não
haver recaída da doença. Nas etapas seguintes, o tratamento varia de acordo com o tipo
de leucemia (linfóide ou mielóide), podendo durar mais de dois anos nas linfóides e
menos de um ano nas mielóides. São três fases: consolidação (tratamento intensivo com
substâncias não empregadas anteriormente); reindução (repetição dos medicamentos
usados na fase de indução da remissão) e manutenção (o tratamento é mais brando e
contínuo por vários meses). Por ser uma poliquimioterapia agressiva, pode ser
necessária a internação do paciente nos casos de infecção decorrente da queda dos
glóbulos brancos normais pelo próprio tratamento.

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UNIDADE 9 - UROLOGIA

A eliminação urinária e o controle dos produtos de excreção urinária são funções


elementares, indispensáveis para o funcionamento normal do organismo. Qualquer
modificação da excreção normal é capaz de causar problemas em outros sistemas do
organismo, além de causar frustração e constrangimento a uma pessoa que apresente
alteração na excreção.
As pessoas que apresentam distúrbios de eliminação urinária necessitam de
ajuda, compreensão e sensibilidade. Os profissionais de enfermagem devem auxiliá-las
a enfrentar o mal-estar e os problemas relacionados a sua auto-imagem, bem como
ajudá-las a estimular a excreção normal, a fim de assegurar a saúde e o seu bem-estar.
De um modo geral, as patologias do trato urinário podem gerar tensões
emocionais e sentimentos de embaraço na pessoa, quando a sua genitália externa é
examinada e tratada, ou quando a função urinária é discutida.
Os distúrbios de eliminação urinária mais freqüentes decorrem da incapacidade
funcional da bexiga, da obstrução da saída da urina ou da incapacidade de controle
voluntário da micção. Algumas pessoas apresentam alterações permanentes ou
temporárias na via normal de eliminação urinária.
Vale lembrar que muitos clientes do sexo masculino acreditam que as doenças
urológicas, ou a realização de procedimentos que envolvem este sistema orgânico, são
capazes de influenciar sobre sua sexualidade de maneira negativa.
Todos esses aspectos precisam ser levados em consideração pela equipe de
enfermagem quando presta cuidados aos portadores de problemas urinários.

Cistite

É uma inflamação da bexiga, geralmente iniciada na uretra, causada mais


freqüentemente por microorganismos que podem desenvolver uma infecção, como nos
casos de cistites causadas por uso de sondagens vesicais ou equipamentos de exames
como o citoscópio.
As mulheres são mais atingidas pelas cistites que os homens, tendo em vista o
tamanho da uretra feminina, menor do que a masculina, e sua proximidade do ânus. Na
maioria dos casos, a cistite nas mulheres é causada por Escherichia coli. Destaca-se que

89
o aumento das infecções urinárias também pode estar associado à atividade sexual pela
exposição dos órgãos genitais femininos.
Em relação aos homens, a cistite geralmente é secundária a alguma outra
doença, como infecções na próstata, no epidídimo ou cálculos vesicais.
Os indivíduos acometidos pela cistite podem apresentar os seguintes sintomas:
urgência miccional, aumento da freqüência urinária, queimação e dor à micção.
Dependendo do estado avançado do processo infeccioso, pode ocorrer piúria,
bacteriúria, hematúria e forte dor na região suprapúbica.
O tratamento das pessoas com cistite se faz através do uso de antibióticos. Uma
atuação efetiva da enfermagem consiste em orientar a importância de se tomar todas as
doses prescritas, mesmo se houver alívio imediato dos sintomas, devido ao risco de
recorrência da infecção mal curada. De uma maneira geral, as cistites não representam
situações clínicas que indiquem internação hospitalar, sendo geralmente tratadas em
nível ambulatorial.
Do ponto de vista preventivo, as cistites podem ser evitadas pelas mulheres por
meio de higiene íntima adequada, uso correto do papel higiênico após urinar,
esvaziamento vesical frequente, inclusive após as relações sexuais por diminuírem a
quantidade de microorganismos nos genitais femininos, e visitas periódicas ao
ginecologista.
Algumas intervenções de enfermagem podem ser adotadas para aliviar o
desconforto associado à cistite, tais como:
• aplicar calor e banhos de imersão quentes, que ajudam a aliviar a dor e a
urgência miccional;
• estimular a ingestão de grandes quantidades de líquidos para promover o
aumento da diurese e eliminar as bactérias do trato urinário;
• orientar o esvaziamento completo da bexiga (a cada duas a três horas), com o
intuito de reduzir o número de bactérias e para não ocorrer reinfecção.

Urolitíase

Entre tantas substâncias que são eliminadas diariamente através da urina, temos
o cálcio e o ácido úrico, que são substâncias cristalinas, isto é, formam cristais. Em

90
situações anormais, estas substâncias se cristalizam, depositando-se em alguma parte do
sistema urinário, formando os cálculos renais ou urolitíases.
Alguns fatores favorecem a formação de cálculos, como infecção das vias
urinárias, estase urinária, períodos prolongados de imobilização no leito, ingestão
excessiva de cálcio e a desidratação.
As manifestações clínicas dos cálculos renais são muito variáveis. Podem
aparecer na forma indolor, ou em crises de cólicas renais caracterizadas por dor intensa
e profunda na região lombar (região do dorso entre o tórax e a pelve), eliminação de
urina com sangue e pus, associadas à distensão abdominal, diarréia, náuseas e vômitos,
devido à proximidade dos rins com o sistema digestório, levando a alterações em seu
funcionamento.
Geralmente, a dor de origem renal apresenta algumas características típicas, tais
como o início abrupto, com irradiação anteriormente e para baixo em direção à bexiga
na mulher e ao testículo no homem.
Esta dor característica tem origem com a obstrução, a inflamação e o edema da
mucosa do trato urinário em contato com o cálculo.
Quando o cálculo se aloja no ureter, surge dor aguda, intensa, em cólica, que se
irradia para a coxa e genitália. Há também um frequente desejo de urinar, mas a pessoa
somente elimina uma pequena quantidade de urina. A maioria dos cálculos pode ser
diagnosticada através da radiografia, que deve ser associada a outros dados, como sinais
e sintomas, tipo da dor e exame de urina.
O objetivo do tratamento de tal enfermidade é: determinar o tipo de cálculo;
eliminar o mesmo; evitar a lesão renal; controlar a inflamação e aliviar a dor.
Os líquidos endovenosos são benéficos no sentido de auxiliar o cliente a expelir
o cálculo, além de reduzir a concentração de cristais urinários e assegurar elevado
volume urinário.
Em geral, os cálculos de 0,5 a 1cm de diâmetro são eliminados
espontaneamente. Aqueles com mais de 1cm devem ser removidos ou fragmentados,
através de um procedimento não-cirúrgico (litotripsia),utilizado para fracionar cálculos
renais para serem eliminados pela urina. No entanto, em algumas situações, há
necessidade da remoção cirúrgica.
A equipe de enfermagem irá participar da prevenção de recidiva de cálculos,
prestando as seguintes orientações após a alta hospitalar:

91
• o alívio da dor pode ser facilitado por meio de banhos quentes ou aplicação de
calor úmido na região do flanco;
• uma ingestão elevada de líquidos deve ser mantida, pois os cálculos se formam
mais facilmente em uma urina concentrada.
No que se refere à dieta, a pessoa deve ser encorajada a seguir um regime para
evitar a formação de outros cálculos, evitando alimentos ricos em cálcio, tais como:
leite e seus derivados, gema de ovo, vísceras e alguns vegetais como a beterraba,
espinafre e ervilhas.

Glomerulonefrite

Refere-se a uma resposta inflamatória do glomérulo contra alguma substância


nociva (antígeno) que invade o organismo humano, e que o sistema imunológico tenta
destruir. Ao fazer isso, o sistema imunológico produz anticorpos que, ao se depararem
com o antígeno, se ligam a ele, formando o que chamamos de complexo
antígenoanticorpo.
Este complexo antígeno-anticorpo se adere ao glomérulo, obstruindo-o e
causando inflamação. Quando isso ocorre em muitos glomérulos, temos a
glomerulonefrite aguda.
Substâncias tóxicas, como veneno e toxina liberadas pelo Streptococo beta-
hemolítico do grupo A, atuam como antígenos, levando a processo inflamatório do rim,
portanto, ocasionando a glomerulonefrite aguda. Assim, uma pessoa pode apresentar
glomerulonefrite após faringites e amigdalites, quando não tratadas adequadamente, em
decorrência da circulação das toxinas na corrente sangüínea.
Existem situações em que a glomerulonefrite aguda passa despercebida pela
pessoa, somente sendo descoberta após exame de urina de rotina. A pessoa pode
apresentar cefaléia, mal-estar geral, edema facial, dor no flanco, hipertensão arterial,
que pode variar de leve à grave, diminuição da diurese, hematúria e colúria, que é a
urina com cor de Coca-Cola®.
Os objetivos do tratamento são os de proteger os rins insuficientes da pessoa e
cuidar imediatamente das complicações. Ela é orientada a permanecer em repouso no
leito, geralmente por período de 2 a 3 semanas, a fazer um mês de repouso relativo e um
ano de atividade física controlada.

92
Durante a hospitalização, a equipe de enfermagem, diariamente, encaminhará o
cliente para pesar e realizará balanços hídricos, de modo a acompanhar a recuperação da
função renal pelo aumento ou redução do edema. Uma dieta com restrição de sódio,
água e proteínas deverá ser oferecida, de modo a diminuir o edema, a pressão arterial e
o risco de uremia.
Episódios frequentes de glomerulonefrite aguda podem levar à glomerulonefrite
crônica. A principal alteração está no fato de haver uma redução progressiva do
tamanho dos rins, uma vez que, a cada episódio de glomerulonefrite aguda, ocorrem
mortes de grande número de néfrons. Em alguns pacientes, somente se consegue
descobrir a glomerulonefrite crônica devido à hipertensão arterial.
O tratamento da glomerulonefrite crônica é ambulatorial e baseado nas
complicações que eles apresentam, tais como insuficiência cardíaca, renal e hipertensão
arterial.
Em nível ambulatorial, os profissionais de enfermagem devem salientar a
importância do acompanhamento e da adesão ao tratamento, bem como orientar quanto
ao repouso que deve ser com os membros inferiores elevados para reduzir o edema e
sobre a necessidade de pesar-se diariamente. A pessoa deverá ser instruída a notificar ao
profissional que a está acompanhando sintomas, como fadiga, náuseas, vômitos e
diminuição da urina.
A família deve ser orientada a participar do tratamento e acompanhamento,
recebendo informações sobre o que está acontecendo, tendo suas perguntas respondidas
e sendo respeitada a sua liberdade de expor suas preocupações.

Pielonefrite

A pielonefrite é uma infecção do trato urinário ascendente que atingiu a "pielo"


(pelve) do rim. Afeta quase todas as estruturas do rim, incluindo túbulos, sistema
recoletor e interstício. Só o glomérulo é exceção, pelo menos até uma fase avançada.
Existem duas formas de pielonefrite, a aguda, causada por
uma infecção bacteriana, e a crônica, na qual infecções de repetição se conjugam com a
reação do sistema imunitário a essas infecções para produzir o quadro de lesões.

Pielonefrite aguda

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É uma infecção supurativa (com produção de pus). É quase sempre causada por
bactérias e só raramente por vírus (tipo Polioma) ou fungoscomo Candida albicans.
Afeta mais frequentemente três populações: bebês com menos de um ano e
anomalias congénitas do sistema urinário; mulheres de meia idade e homens idosos com
hiperplasia da próstata.

Causas
A pielonefrite é frequentemente causada por bactérias Gram-negativas que são
flora normal no intestino. Estas bactérias
(Escherichia coli,Enterobacter, Proteus Mirabillis, Klebsiella) causam as infecções do
trato urinário (ITUs), mais frequentes nas mulheres. As pielonefrites são quase sempre
complicações decorrentes destas infecções da uretra, bexiga e/ou ureteres - denominada
infecção ascendente. Normalmente os ureteres não recebem urina de volta da bexiga,
devido a mecanismos anti-refluxo. Contudo se estes mecanismos devido a anomalias
congênitas ou a inflamação não forem eficazes, o refluxo de urina pode transportar
bactérias que infectam a bexiga ou a uretra para o rim. Outra condição que
frequentemente leva à pielonefrite é a obstrução do ureter. A obstrução pode ser devida
a litíase renal ("pedra dos rins") ou nos idosos do sexo masculino a hiperplasia benigna
da próstata (uma condição quase universal a partir dos 70 anos) pode provocar
suficiente obstrução também. Nessa situação, a estase da urina acima da
obstrução permite o crescimento bacteriano, que normalmente seria impedido pelo fluxo
constante. A cateterização de doentes acamados ou com outros problemas das vias
urinárias também é um fator de risco.

Sintomas
O início é abrupto, com dor na micção (disúria) e maior frequência e urgência,
inclusivamente acordando o doente à noite (noctúria). Como em qualquer infecção,
há febre, suores, mal-estar. São detectáveis leucócitos em massas cilíndricas na urina
(piúria), devido a terem sido arrastados dos túbulos cilíndricos pela urina.

Tratamento

A resolução inicia-se após alguns dias de terapia com antibióticos.


Infrequentemente, e principalmente em individuos debilitados ou diabéticos podem

94
ocorrer complicações. Estas incluem a septicémia, multiplicação bacteriana no sangue
grave, frequentemente mortal, ou a necrose da pelve renal, com insuficiência
renal crônica.

Pielonefrite crônica

A pielonefrite crônica é derivada de múltiplos ataques de pielonefrite aguda, que


podem ser mais ou menos graves, e que ocorrem frequentemente durante um período
alargado.

Causas
A causa mais frequente é a insuficiência dos mecânismos anti-refluxo, com
refluxo de urina da bexiga para o rim. Outra causa frequente é a litíase renal,
com cálculos obstrutivos do fluxo da urina.

Sintomas
O início pode ser gradual ou dar-se ataque de pielonefrite aguda. Pode complicar
com surgimento de hipertensão arterial de causa renal; síndrome nefrótica;
e insuficiência renal.

Tratamento
A pielonefrite crônica não raramente resulta em insuficiência renal crônica, com
necessidade de diálise. A terapia com antibióticos resolve os episódios agudos, mas não
impede a sua recorrência.

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Doenças da próstata

A próstata é uma glândula exócrina que faz parte do sistema reprodutor dos
mamíferos machos. A função da próstata humana é produzir e armazenar o fluido
seminal, que compõe o sêmen.
As principais doenças que atingem a próstata são o câncer de próstata, a
hiperplasia prostática benigna e a prostatite.

Hiperplasia benigna da próstata:

É uma condição médica caracterizada pelo aumento benigno da próstata que


normalmente se inicia em homens com mais de 40 anos. Pode provocar estreitamento
da uretra com dificuldade de micção.
É caracterizada por uma hiperplasia das células do estroma e do epitélio,
resultando na formação de nódulos na região periuretral da próstata. Quando
suficientemente largos, os nódulos comprimem o canal uretral causando obstrução
parcial, ou às vezes completa, da uretra, desta maneira interferindo no fluxo normal da
urina. Isso causa sintomas de hesitância urinária, poliúria, aumento do risco de infecção
do trato urinário e retenção urinária. Embora os níveis de antígeno prostático específico
possam estar elevados nestes pacientes devido ao volume maior do órgão e inflamação
devido às infecções do trato urinário, a hiperplasia prostática benigna não é considerada
uma lesão pré-maligna.
Os sintomas da hiperplasia benigna da próstata são classificados como
obstrutivos ou irritativos. Os sintomas obstrutivos incluem hesitância, intermitência,
esvaziamento incompleto da bexiga, jato fraco de urina. Os sintomas irritativos incluem
aumento da frequencia de urinar, que é chamado de noctúria quando ocorre à noite, e
urgência (necessidade de esvaziar a bexiga que não pode ser protelada).

Câncer de próstata:
É uma doença na qual ocorre o desenvolvimento de um cancro/câncer na
próstata. Ocorre quando as células da próstata sofrem mutações e começam a se
multiplicar sem controle. Estas células podem se espalhar (metástase) a partir da
próstata em direção a outras partes do corpo, especialmente ossos e linfonodos. O
câncer de próstata pode causar dor, dificuldade em urinar, disfunção erétil e outros
sintomas.
Este tipo de câncer se desenvolve mais frequentemente em homens acima dos 50
anos de idade. Entretanto, muitos homens que desenvolvem câncer de próstata não
apresentam sintomas e acabam morrendo por outras causas. Muitos fatores, incluindo
genética e dieta, tem sido relacionados ao desenvolvimento do câncer de próstata.
O câncer de próstata é mais frequentemente descoberto através de exame físico
ou por monitoração dos exames de sangue, como o teste do "PSA" (sigla em inglês para
antígeno prostático específico).
O câncer de próstata pode ser tratado com cirurgia, radioterapia, terapia
hormonal, quimioterapia ou alguma combinação deste

97
UNIDADE 10 - NEUROLÓGICA - DISFUNÇÕES NEUROLÓGICAS

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC)

As doenças cérebro-vasculares estão entre as primeiras causas de morte em todo


o mundo. No Brasil, representam a terceira “causa mortis”, sendo os acidentes
vasculares cerebrais (AVC), a principal manifestação. O AVC, além de ser uma doença
prevalente, apresenta uma alta taxa de mortalidade, sendo a incapacidade permanente,
que às vezes pode ser regenerada, a principal seqüela.
O acidente vascular cerebral ou encefálico, popularmente conhecido como
“derrame”, é o resultado da insuficiência do suprimento sangüíneo a uma determinada
área do cérebro. Ocorre devido a um processo de evolução crônica de endurecimento da
parede da artéria, relacionado à arteriosclerose. O episódio agudo do AVC acontece
quando há interrupção do fluxo sangüíneo às células cerebrais por trombose, embolia,
hemorragia ou espasmo.
A trombose tem relação com a arteriosclerose, a aterosclerose e a hipertensão
arterial. A embolia cerebral costuma ser decorrente de doenças cardíacas, arritmias,
doenças das válvulas cardíacas, entre outras. A hemorragia cerebral está relacionada à
hipertensão, é mais grave, apresentando evolução rápida com alterações da consciência,
podendo chegar ao coma e à morte.
O acidente vascular cerebral isquêmico ou transitório caracteriza-se por
episódios súbitos da perda de função motora, sensitiva ou visual com recuperação em
24 horas. A maioria tem duração de minutos até uma hora, e a minoria pode durar mais
de 4 horas. Entre os principais sinais e sintomas, podemos destacar: parestesia
(alteração da sensibilidade), disfasia (dificuldade de fala), vertigens, diplopia (visão
dupla), zumbidos e cefaléia.

Os fatores de risco para o AVC são semelhantes aos da hipertensão arterial, da


angina e do infarto do miocárdio, tendo em vista que a patologia básica é o ateroma.
Esses dizem respeito à história familiar e à idade, associados à hipertensão arterial,
diabetes, obesidade, tabagismo, colesterol alto e doenças cardíacas como as arritmias.
O AVC é identificado quando o indivíduo apresenta déficit neurológico de início
abrupto, caracterizado por disfunções motoras, sensitivas e autônomas, como: disartria,
disfagia, diplopia, desequilíbrio, perda do tônus postural e da consciência, cegueira

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transitória, parestesia, paresia, hemiplegia. Podem ocorrer, ainda, cefaléia occipital
grave, tonteira, vômitos, confusão mental e alteração da memória.

As manifestações estão diretamente relacionadas com a extensão e a localização


do acidente no cérebro.

O tratamento é feito mediante a utilização de trombolíticos, que têm a


finalidade de realizar a “quebra” dos êmbolos, de agentes antiagregantes e de
anticoagulantes, em casos dos AVC provocados por trombose.
A intervenção cirúrgica deverá ser realizada quando houver um
comprometimento da estrutura por conta da compressão exercida pelo hematoma, ou
devido à impossibilidade de estancar a hemorragia cerebral.
As opções cirúrgicas são: a endarterectomia das carótidas; drenagem do
hematoma para a descompressão e a clipagem de aneurisma para a hemostasia.

Os exames realizados para confirmação e classificação do AVC são: a


angiografia, a tomografia computadorizada, a cintilografia, a punção lombar e o Dopller
ultra-sônico de carótidas.

As ações de enfermagem são direcionadas de acordo com as manifestações


neurológicas apresentadas pelo cliente, com o grau de comprometimento e com a
resposta deste ao trata-mento.
De uma forma geral, o indivíduo com AVC precisa dos seguintes cuidados:

→ Suporte emocional - os acompanhantes devem ser orientados a não deixarem


este cliente sozinho, e, para tanto, um plano conjunto de assistência deve ser
garantido, possibilitando a continuidade dos cuidados a serem prestados no
processo de recuperação. Além da companhia, é fundamental repassar confiança,
otimismo, dar carinho. É importante que o cliente participe do maior número de
decisões possíveis sobre o encaminhamento do seu tratamento;

→ Prevenção de acidentes decorrentes da incapacidade motora - os objetos de uso


pessoal devem ser colocados ao seu alcance, do lado não afetado; a cama deve
ser mantida em posição baixa e travada, com as grades de proteção elevadas, e a

99
restrição ao leito, quando indicada, deve ser rigorosamente observada. Cliente e
familiares precisam ser alertados quanto ao risco de queda e, conseqüentemente,
lesões podem ocorrer;

→ Realização de exercícios passivos e ativos - a deambulação precoce e auxiliada


precisa ser estimulada, sendo também indispensável promover a integração do
cliente e seus familiares com a equipe de fisioterapia para compreensão e
realização dos exercícios necessários à recuperação de sua autonomia e força
motora, o mais rápido possível;

→ Aplicação de estratégias de comunicação adequadas ao grau de lesão


identificado - a pessoa pode apresentar dificuldades de dicção, fala ou
compreensão. No entanto, a comunicação poderá ser feita, utilizando-se cartões
com figuras que representem ações da vida diária e/ou quadros com letras e
números, e, nesse caso, é preciso fornecer a ela lápis e papel para a escrita,
quando possível, ser atencioso e dar tempo suficiente para que possa formular as
respostas verbais e não-verbais.

A pessoa com AVC pode ainda apresentar os seguintes problemas:

→ Incontinência vesical e fecal: pode acontecer por confusão mental, lapso de


memória, fatores emocionais, dificuldade de comunicação e/ou perda do
controle dos esfíncteres anal e vesical, podendo ocasionar a retenção de fezes
(obstipação/constipação) ou de urina (bexigoma);

→ Úlceras de pressão: a imobilidade no leito, a desnutrição, higiene inadequada e a


incontinência urinária e fecal facilitam o surgimento das úlceras de decúbito e
infecção. Para tanto, é necessário que a equipe de enfermagem mantenha higiene
adequada; realize mudanças de decúbito no leito; coloque o cliente sentado em
poltrona; proteja as suas proeminências ósseas; faça massagem de conforto;
mantenha as roupas de cama secas e sem dobraduras; estimule a aceitação da
dieta e ingestão hídrica, dentre outros cuidados.

100
É importante lembrar que a redução da incidência de AVC está relacionada
também ao controle dos fatores de risco, tais como: hipertensão, diabetes, alcoolismo,
tabagismo, hipercolesterolemia e obesidade, através de campanhas esclarecedoras e
busca ativa para diagnóstico precoce e controle adequado.

COMA: ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA

Podemos dizer que uma pessoa está consciente quando ela está alerta e é capaz
de manter um diálogo coerente e organizado e, caso não seja capaz de falar ou ouvir,
quando compreende a linguagem escrita ou falada.
O encéfalo é o órgão responsável por esta situação. Ele é o órgão mais
importante do corpo, pois recebe impulsos de outros órgãos que o capacitam a controlar
os sinais vitais do indivíduo. O encéfalo controla os batimentos do coração, a fome e a
sede. Dos olhos, ouvido,
nariz e pele, recebe mensagens que informam ao homem a respeito do mundo que o
cerca, fazendo com que ele seja capaz de compreender o seu meio ambiente, manter o
estado de consciência que permite a vigilância e percepção de si mesmo, dos outros e
posicionar-se no tempo e no espaço.
As alterações da consciência ocorrem quando há uma lesão direta no encéfalo,
como traumas, tumor, doença de Alzheimer, acidente vascular cerebral, abscessos, ou
mesmo podem acontecer em decorrência de doenças sistêmicas, como cetoacidose
diabética, hipoglicemia, alcoolismo, intoxicações e deficiência nutricional. A equipe de
saúde, ao cuidar de uma pessoa com alterações de consciência, pode deparar-se com as
seguintes situações:

→ Confusão - a pessoa perde a capacidade de raciocínio rápido, lógico e com


clareza. Encontra-se desorientada no tempo e no espaço e, às vezes, torna -se
inquieta e agitada;

→ Letargia - a pessoa apresenta-se apática, sem expressão), a fala e os movimentos


só ocorrem quando estimulados, mantém-se sonolenta, perdida no tempo e no
espaço, ou seja, “ fora de órbita”;

101
→ Torpor - a pessoa permanece dormindo, com dificuldade de responder a
estímulos verbais, porém reage aos estímulos dolorosos;

→ Coma - a pessoa não responde a estímulos verbais ou dolorosos e nem apresenta


reação aos reflexos de tosse, vômitos e da córnea.

A avaliação do nível de consciência deve ser feita usando cinco parâmetros: a


escala de coma de Glasgow, o padrão respiratório, o tamanho e a atividade pupilar, os
movimentos oculares e as respostas reflexas.

O estado de coma

O coma é caracterizado por uma condição em que a pessoa não desperta, seja
por estímulos físicos (estímulo doloroso profundo), psicológicos (presença de familiares
e entes queridos) ou por alguma necessidade fisiológica como a respiração.
O estado de coma apresenta graus variados de profundidade, quais sejam:

→ Superficial – nesse estado, o reflexo de deglutição está presente, as respostas


motoras encontram-se prejudicadas, o indivíduo não mantém contato verbal,
porém reage aos estímulos dolorosos profundos;

→ Profundo - não há reflexos de sucção e de tosse e nem reação aos estímulos


dolorosos profundos. Dependendo do grau de lesão do cérebro, a pessoa pode
apresentar postura de descerebração (membros superiores estendidos e com
rotação interna, membros inferiores estendidos e região plantar fletida) ou
postura de decorticação (membros superiores rígidos e fletidos na direção dos
ombros);

→ Irreversível - neste caso observa-se dilatação de pupila bilateral, hipotermia,


ausência de respiração espontânea e de qualquer resposta aos estímulos. As
funções de outros órgãos já apresentam sinais de falência.

102
O diagnóstico dos tipos de coma é feito por meio de exames invasivos e não-
invasivos. Dentre os não-invasivos, temos a tomografia computadorizada e a
ressonância magnética, métodos modernos de investigação de sangramentos
intracranianos que utilizam o computador para a análise dos dados.

A equipe de enfermagem atua no sentido de prestar esclarecimentos aos


familiares sobre o exame, salientando que poderá haver administração de agentes
contrastantes, que têm como base o iodo, sendo essencial o registro em prontuário de
que o paciente seja ou não alérgico a essa substância. Deve-se ressaltar que a existência
de material metálico dentro do corpo, como prótese e marcapasso, poderá impossibilitar
a realização do exame devido ao campo magnético.

O indivíduo poderá ser submetido a uma punção em região lombar ou cervical,


que consiste na introdução de uma agulha no espaço subaracnóideo nessas regiões, para
a retirada de líquor e identificação da possível causa do coma. Esse exame é utilizado
quando não se consegue visualizar na tomografia computadorizada nenhum
sangramento intracraniano que justifique o estado comatoso.

É papel da equipe de enfermagem auxiliar este procedimento, posicionando a


pessoa em decúbito lateral, com as pernas fletidas sobre o abdômen e a cabeça em
direção às pernas.

A assistência de enfermagem tem como objetivo acompanhar, preservar e


apoiar o cliente comatoso, já que o mesmo se encontra com as funções alteradas quanto
à percepção, segurança, autopreservação e conforto. Deve levar em consideração as
alterações do nível de consciência para prestar os cuidados necessários.

Como medidas de conforto, segurança, prevenção de infecções e manutenção de


suas funções vitais, destacamos:

→ manter a higiene da cavidade oral e corporal;


→ conservar o cliente aquecido;

103
→ fazer mudança de sua posição regularmente, prevenindo úlceras de decúbito e
estase pulmonar;
→ deixar as grades do leito levantadas;
→ controlar o nível de ruído no ambiente, evitando conversas desnecessárias e
músicas altas em torno do leito, visto que o ouvido é o último órgão dos sentidos
a perder sua capacidade;
→ manter as vias aéreas desobstruídas, aspirando secreções da orofaringe e/ou
traqueais;
→ fornecer oxigênio na dosagem e via prescritas; monitorar os sinais vitais para
observação da oxigenação e circulação adequadas;
→ manter uma via venosa permeável para facilitar o acesso de medicamentos
rotineiros e de urgência;
→ monitorar o fluxo urinário e a eliminação de fezes para identificar precocemente
sinais de alterações renais e de retenção de fezes;
→ conservar os olhos umidificados e protegidos como prevenção de escara de
córnea; umidificar a mucosa oral, evitando fissuras e outras lesões;
→ manter sonda nasogástrica desobstruída para evitar vômitos e aspirações de
conteúdo gástrico;
→ manter suporte nutricional e hidratação adequada, fornecendo alimentos e
líquidos através da sonda nasogástrica, para garantir ao organismo melhores
condições de recuperação;
→ realizar movimentos passivos na prevenção da formação de trombos, contraturas
musculares e queda dos pés e mãos;
→ manter conversação, explicando procedimentos a serem realizados,
estabelecendo uma relação de segurança e confiança, ainda que o cliente não
entenda;
→ acompanhar e apoiar os familiares por ocasião das na visitas.

Escala de coma de Glasgow


1 2 3 4 5 6
Olhos Não abre Abre os olhos Abre os Abre os olhos N/A N/A
os olhos em resposta a olhos em espontaneamente

104
resposta a
estímulo de dor
um chamado
Orientado,
Emite sons Pronuncia
Emudeci Confuso, conversa
Verbal incompreensívei palavras N/A
do desorientado normalment
s inapropriadas
e
Flexão Flexão / Reflexo
Não se Extensão a Localiza
anormal a de retirada a Obedece a
Motor movimen estímulos estímulos
estímulos estímulos comandos
ta dolorosos dolorosos
dolorosos dolorosos

Interpretação:

 Pontuação total: de 3 a 15

 3 = Coma profundo (85% de probabilidade de morte; estado vegetativo);
 4 = Coma profundo;
 7 = Coma intermediário;
 11 = Coma superficial;
 15 = Normalidade

ANEURISMA CEREBRAL

Um aneurisma cerebral é uma doença na qual um vaso sanguíneo encontra-se


anormalmente dilatado no cérebro. A dilatação é causada por uma fraqueza da parede de
uma artéria ou veia do cérebro.
O aneurisma cerebral é considerado perigoso pois, ao romper-se dentro da calota
craniana, estrutura inelástica por natureza, produz um aumento da pressão intracraniana,
o que faz com que as estruturas do cérebro responsáveis pela respiração sejam
comprimidas, ocasionando a morte por parada respiratória. O aneurisma cerebral pode
ser congênito ou adquirido.

Causas:

105
Os aneurismas podem resultar de defeitos congênitos, condições pré-existentes
como pressão sanguínea alta e aterosclerose (o desenvolvimento de depósitos
gordurosos nas artérias) ou trauma físico na cabeça. Os aneurismas cerebrais ocorrem
mais comumente em adultos do que em crianças, mas podem ocorrer em qualquer
idade. São um pouco mais comum em mulheres do que em homens.

Sintomas:
Um pequeno aneurisma, em fase inicial não produz sintomas. Ao aumentar, o
indivíduo pode ter sintomas como dor de cabeça, sensibilidade a luz, náusea, vômito e
perda de consciência.
A ruptura do aneurisma é perigosa e geralmente causa sangramento dentro do
cérebro podendo causar morte. Está situação é um dos tipos de derrame cerebral.
A morte pode ocorrer se houver o comprometimento de áreas vitais como as de
controle da respiração ou da pressão arterial.

Tratamento:
O tratamento deve ser rápido e é cirúrgico, sendo complicada devido às
dificuldades no acesso ao local sem lesar mais o cérebro, e como manter íntegra a
circulação sanguínea da parte antes irrigada por esta artéria. Dependendo do local deste
aneurisma no cérebro, a cirurgia pode ser mais ou menos arriscada. É tratada pelo
neurocirurgião.
Existem duas formas básicas de tratamento: por microcirurgia e por via
endovascular.

Escala
Durante um quadro de ruptura de aneurisma, os sintomas permitem alguma
previsibilidade de evolução.
1º Grau: Dor de cabeça leve e leve sensibilidade à luz. Chance de Sobrevivência 80%
2º Grau: Forte dor de cabeça, forte sensibilidade a luz, pequena preguiça. Chance de
Sobrevivência 60%
3º Grau: Forte dor de cabeça, forte sensibilidade à luz, preguiça forte. Chance de
Sobrevivência 50%
4º Grau: Começo de estado vegetal. Chance de Sobrevivência 20%
5º Grau: Coma Profundo, moribundo. Chance de Sobrevivência 10%

106
EPILEPSIA

Epilepsia é uma alteração na atividade elétrica do cérebro, temporária e


reversível, que produz manifestações motoras, sensitivas, sensoriais, psíquicas ou
neurovegetativas (disritmia cerebral paroxística). Para ser considerada epilepsia, deve
ser excluída a convulsão causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos, já que são
classificadas diferentemente.

Causas:
Existem várias causas para a epilepsia, pois muitos fatores podem lesar os
neurônios (células nervosas) ou o modo como estes comunicam entre si. Os mais
frequentes são: traumatismos cranianos, provocando cicatrizes cerebrais; traumatismos
de parto; certas drogas ou tóxicos; interrupção do fluxo sanguíneo cerebral causado por
acidente vascular cerebral ou problemas cardiovasculares; doenças infecciosas ou
tumores.
Podem ser encontradas lesões no cérebro através de exames de imagem, como a
tomografia computadorizada, mas normalmente tais lesões não são encontradas. O
eletroencefalograma (EEG) pode ajudar, mas idealmente deve ser feito durante a crise.
Existe uma discussão sobre a “personalidade epiléptica” no sistema legal, mas de um
modo geral o epiléptico não deve ser considerado inimputável.
Quando se identifica uma causa que provoque a epilepsia, esta é designada por
"sintomática", quer dizer, a epilepsia é apenas o sintoma pelo qual a doença subjacente
se manifestou; em 65 % dos casos não se consegue detectar nenhuma causa - é a
chamada epilepsia "idiopática". Emprega-se o termo epilepsia "criptogénica" quando se
suspeita da existência de uma causa mas não se consegue detectar a mesma.
Conquanto possa ser provocada por uma doença infecciosa, a epilepsia, ao invés
de algumas crenças habituais, não é contagiosa, ninguém a pode contrair em contato
com um epiléptico. Na maioria dos casos a epilepsia deve-se à uma lesão cerebral
causada por traumatismo provocado por acidente físico, num tumor, numa infecção, no
parasita cisticerco, num parto mal feito ou numa meningite, embora em menor
freqüência pode ser genético, significando que, em poucos casos, a epilepsia pode ser
transmitida aos filhos. Outro fator que pode explicar a incidência da epilepsia entre
parentes próximos é que algumas causas como a infecção e a meningite, possíveis

107
causas das lesões cerebrais, são contagiosas, expondo parentes próximos a uma
incidência maior. Do mesmo modo, a cisticercose que é causada pela ingestão de
alimentos contaminados pelo parasita Taenia costumeiramente fazem parte da
alimentação de parentes próximos. A despeito da crença popular que a epilepsia é
incurável, existem tratamentos medicamentosos e cirurgias capazes de controlar e até
curar a epilepsia.
Alguns fatores podem desencadear crises epilépticas:
→ mudanças súbitas da intensidade luminosa ou luzes a piscar (algumas pessoas
têm ataques quando vêem televisão, jogam no computador ou frequentam
discotecas)
→ privação de sono
→ ingestão alcoólica
→ febre
→ ansiedade
→ cansaço
→ algumas drogas e medicamentos
→ verminoses (como a neurocisticercose)

Cuidados:

Ao presenciar uma crise convulsiva (que tanto pode ser causado por epilepsia
como por outros motivos, como verminose, traumatismo craniano e febre alta), percebe-
se a contração involuntária da musculatura provocando movimentos desordenados e
geralmente perda da consciência. As manifestações mais evidentes são a queda,
salivação abundante, eliminação de fezes e urina (às vezes) e movimentos
desordenados.
→ Proteja a cabeça da vítima com um travesseiro ou pano (para que ela não se
machuque se debatendo) e afrouxe-lhe a roupa.
→ A vítima poderá morder a própria língua, mas não irá engolí-la. Por isso, não
coloque objetos em sua boca nem tente puxar a língua para fora.
→ Deixe a vítima debater-se livremente. Coloque-a deitada em posição lateral para
que a saliva escorra e o paciente não engasgue.
→ Mantenha-a em repouso, cessada a convulsão. Deixe-a dormir.

108
→ Nas convulsões infantis por febre alta, deite a criança envolta de uma toalha
úmida.
Procure ajuda médica se:
→ A pessoa se feriu gravemente com a crise (por exemplo, bateu a cabeça em
algum objeto)
→ A crise dura mais do que o normal para aquela pessoa (se não se souber a
duração normal da crise para a pessoa em questão, tomar como limite cinco
minutos)
→ Importante: Não jogue água sobre a vítima, não dê tapas, não tenha receio (a
saliva de uma pessoa com epilepsia não transmite a doença). Não é necessário
fazer massagem no coração ou respiração boca-a-boca.

Tratamento: Os principais medicamentos utilizados são: Fenobarbital, Fenitoína,


Valproato, Carbamazepina .

109
UNIDADE 11 - DISFUNÇÕES CARDIOCIRCULATÓRIAS e VASCULPATIAS

As disfunções circulatórias levam as pessoas a adoecerem. Estas podem ser de


origem congênita, ou seja, a pessoa já nasce com a doença, como a deficiência na
formação de válvulas cardíacas; infecciosa, produzida por bactérias que acometem as
vias aéreas superiores, por doenças reumáticas infecciosas ou crônico-degenerativas,
que não apresentam uma causa definida e, conseqüentemente, não têm cura, mas podem
ser controladas. Tais disfunções, quando não controladas, geram complicações e se
transformam nas principais causas de morte no Brasil e no mundo.
A história familiar, a idade, o sexo e a raça, associados a fatores de risco
relacionados ao estilo de vida das pessoas, como dieta rica em sal, gordura,
carboidratos, uso do álcool, do fumo e de outras drogas, bem como o estresse da vida
moderna, poderão propiciar o aparecimento de doenças crônico-degenerativas como:
hipertensão arterial, angina do peito, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular
cerebral, insuficiência vascular periférica, entre outras.
A base da formação das doenças crônico-degenerativas, ligadas às disfunções
circulatórias, tem como ponto inicial as alterações dos vasos sangüíneos. Com o
envelhecimento, por exemplo, as artérias vão perdendo sua elasticidade, tornando-se
mais endurecidas.
Este fenômeno, quando associado aos fatores de risco, poderá antecipar o
endurecimento precoce das artérias - arteriosclerose, como também propiciar a
deposição de placas de gorduras em seu interior (ateromas) causando a aterosclerose.
Estas alterações levam à oclusão parcial ou total das artérias e até o seu rompimento.

Hipertensão arterial

Ao estudar a anatomia e fisiologia do sistema cardiovascular, pode-se entender


que o coração bombeia o sangue para os demais órgãos do corpo por meio das artérias.
Nesse momento, o sangue é “empurrado” contra a parede dos vasos sangüíneos.
Esta tensão, que é gerada na parede das artérias, é denominada pressão arterial, que é o
resultado da contração do coração a cada batimento e da contração dos vasos quando o
sangue por eles passa. Esta pressão é necessária para que o sangue consiga chegar aos
locais mais distantes, como, por exemplo, a extremidade dos pés.

110
Os números de uma medida de pressão arterial representam o valor da pressão
calibrada em milímetros de mercúrio (mmHg). O primeiro número, ou o de maior valor,
é chamado de pressão arterial sistólica ou máxima, que é a pressão do sangue nos vasos
quando o coração se contrai (sístole) para impulsionar o sangue para o resto do corpo; o
segundo número, ou o de menor valor, é chamado de pressão arterial diastólica ou
mínima. Nesse caso, o coração encontra-se na fase de relaxamento (diástole).
A Organização Mundial de Saúde padronizou a medida normal da pressão
arterial entre os limites de 120/80mmHg a 140/90mmHg.
O local mais comum de verificação da pressão arterial é no braço, usando como ponto
de ausculta a artéria braquial. O equipamento utilizado é o esfigmomanômetro e, para
auscultar os batimentos, usa-se o estetoscópio.
A pressão arterial sofre a influência de fatores, tais como: dieta rica em sal,
gordura, obesidade, tabagismo, estresse, alguns medicamentos, sedentarismo, dentre
outros. Portanto, a exposição dos indivíduos a estas condições, denominadas de fatores
de risco, pode elevar o nível da pressão arterial.
E o que é hipertensão arterial? Também conhecida como “pressão alta”, é
definida como uma pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg, e uma pressão
arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg em pessoas que não estão fazendo uso de
medicação antihipertensiva.
Esta elevação anormal pode causar lesões em diferentes órgãos do corpo
humano, sendo a hipertensão arterial um dos principais fatores associados ao
desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como a insuficiência coronariana,
insuficiência cardíaca, e a outras doenças, como insuficiência renal e acidente vascular
cerebral.
Apesar de tantos malefícios, a hipertensão arterial é ainda pouco valorizada,
enquanto problema de saúde, pelas pessoas e até mesmo por profissionais de saúde
despreparados técnica e conceitualmente. Vários fatores contribuem para esse descaso,
como, por exemplo, o fato de a hipertensão, quase sempre, não apresentar qualquer
sintoma, o que muitas vezes dificulta o diagnóstico e a adesão ao tratamento.
Existem dois tipos de hipertensão arterial: hipertensão primária, hoje chamada
de hipertensão arterial sistêmica, e secundária.
A hipertensão sistêmica corresponde a 90% dos casos e se caracteriza por não
haver uma causa conhecida, enquanto os 10% restantes correspondem à hipertensão

111
secundária, onde é possível identificar uma causa, como, por exemplo, problemas
renais, tumores de supra-renal e algumas doenças endócrinas.
O diagnóstico é feito através da medida da pressão arterial, porém uma medida
isolada não é suficiente, sendo recomendado duas ou mais medidas em momentos
diferentes, quando da suspeita de hipertensão arterial. As medidas devem ser obtidas em
ambos os braços, com a pessoa nas posições - sentada e deitada.
Até poucos anos atrás, o tratamento do hipertenso era centrado no uso da
medicação. À medida que foi sendo estudada a correlação com os fatores de risco
citados, anteriormente, iniciou-se uma nova abordagem, valorizando as mudanças de
estilo de vida, associadas ou não ao uso de medicamentos.
É recomendado que o hipertenso grau I (leve) seja controlado mediante uma
dieta equilibrada, com diminuição da ingestão de sal, com a prática de atividade física
regular, controle do peso corporal, abandono do consumo de cigarros, álcool e outras
drogas, quando for o caso.
O hipertenso grau II e III (moderado e grave), além do controle dos fatores de
risco modificáveis, necessitará da utilização de medicamentos para o resto da vida.
Quatro grupos de medicamentos são utilizados no tratamento da hipertensão:
diuréticos, betabloqueadores, inibidores da enzima conversora de angiotensina e os
bloqueadores de cálcio. A prescrição do medicamento depende da idade do portador,
das doenças associadas, do custo, dos efeitos colaterais, da experiência clínica e da
organização do serviço de saúde.
O tratamento não-medicamentoso da hipertensão tem como objetivo principal a
prevenção de complicações (lesões de órgão alvo), pois é muito comum um portador de
hipertensão deixar de lado o tratamento por achar que está curado, voltando então a
níveis pressóricos altos. Este é um erro básico, e uma boa orientação visa conscientizar
o hipertenso de que, embora não haja cura, um controle adequado de sua pressão arterial
é suficiente para prevenir lesão de órgão-alvo. Nos casos de hipertensão secundária,
onde há possibilidade de identificar sua causa, na grande maioria das vezes, o
tratamento é possível, assim como a cura.
Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, a hipertensão pode estar
presente sem qualquer sintoma associado (assintomático). Os sintomas que podem
sugerir relação com a hipertensão devem ser muito bem caracterizados. Muitas
pessoas podem apresentar: dor no peito, cefaléia occipital e matinal, edema nos

112
membros superiores e inferiores ao final do dia, escotomas, irritabilidade, cansaço aos
esforços, tonturas e dispnéia.
Os cuidados com as pessoas hipertensas estão centrados no controle da pressão
arterial, no uso correto da medicação prescrita, bem como no incentivo à prática de
atividades físicas e mentais.
O cliente e sua família são os principais atores desse controle, e o técnico de
enfermagem é um facilitador das mudanças necessárias para a manutenção de níveis
pressóricos adequados.
É fundamental o papel de educador a ser desempenhado por toda a equipe de
saúde, na orientação ao cliente e seus familiares, quanto à importância da mudança de
hábitos de vida, de modo que se possa controlar os fatores de risco modificáveis, tais
como: estresse; glicose e colesterol alto, sedentarismo, obesidade, consumo excessivo
de sal, álcool, fumo e drogas ilícitas.
Os programas educacionais e de assistência ao hipertenso têm obtido resultados
satisfatórios, possibilitando um controle adequado apenas em nível ambulatorial,
diminuindo o índice de hospitalização e prevenindo as complicações cardíacas. Hoje,
quando um hipertenso chega a hospitalizar-se, o motivo mais comum é a elevação
súbita da pressão arterial (crise hipertensiva), ou as manifestações de lesões crônicas
decorrentes da hipertensão não-controlada.

Arteriosclerose

É a situação médica na qual existe o endurecimento e espessamento da parede


das artérias. Pela diminuição da elasticidade arterial, costuma provocar aumento da
pressão arterial sistólica e diminuição da pressão arterial diastólica. É quase universal na
velhice e predominantemente no sexo masculino, já que as mulheres desviam suas
gorduras sangüíneas para a produção de estrogênio.
Aterosclerose

É a doença inflamatória crónica na qual ocorre a formação de ateromas dentro


dos vasos sanguíneos.
Os ateromas são placas, compostas especialmente por lipídos e tecido fibroso,
que se formam na parede dos vasos. Levam progressivamente à diminuição do diâmetro

113
do vaso, podendo chegar a obstrução total do mesmo. A aterosclerose em geral é fatal
quando afecta as artérias do coração ou do cérebro, órgãos que resistem apenas poucos
minutos sem oxigénio.

Trombose Venosa Profunda (TVP)

Trombose venosa profunda (TVP), é a formação de um coágulo sanguíneo


("trombo") em uma veia profunda. Geralmente afeta as veias da perna, como a veia
femoral e a veia poplítea ou veias profundas da pelve.

Sinais e sintomas
O sintoma clássico inclui dor, suores, vermelhidão das pernas e dilatação das
veias superficiais. Mais de 25% dos pacientes hospitalizados podem ter alguma forma
de TVP que permanece clinicamente inaparente (a não ser que se desenvolva o
embolismo pulmonar).
Alguns fatores de risco devem ser observados ao se levantar o histórico do
paciente: uso de estrógenos no caso de contracepção hormonal, viagens de avião
prolongada, histórico de aborto espontâneo, fatores hereditários de TVP.

Diagnóstico
• Venografia intravenosa
• Testes de sangue: tempo de protrombina, tempo de tromboplastina parcial
ativada, fibrinogênio, dosagens de enzimas do fígado, prova de função renal.

Embolia Pulmonar

Embolia pulmonar ou Tromboembolismo pulmonar é a situação que ocorre


quando um êmbolo oclui uma artéria pulmonar ou ramo desta.
Êmbolo, neste caso, é algo que não tenha fluidez necessária para passar por
todos os segmentos da circulação pulmonar. Por exemplo, se um coágulo se forma em
uma veia da perna esquerda e se solta do seu local de origem, o fluxo do sangue o
transportará. Ele sairá da veia original e subirá progressivamente até atingir a veia cava
inferior. Seguirá então por dentro do coração, através do átrio direito e do ventrículo
direito. Daí passará ao tronco da artéria pulmonar, as artérias pulmonares direita ou

114
esquerda e a seus ramos progressivamentes menos calibrosos. Quando atingir um ramo
mais estreito que seu tamanho, o coágulo alí pára, interrompendo a circulação local. Os
êmbolos podem ser coágulos sanguíneos, bolhas de gás ou gordura, entre outras
possibilidades. O termo embolia pulmonar é usado quase como sinônimo de embolia
por coágulo, já que é a situação mais comum.

Conseqüências:
Quando uma embolia pulmonar ocorre, subitamente a circulação é interrompida
em uma parcela do pulmão. Isto fará com que aumente a resistência a circulação do
sangue e diminua a área de funcionamento normal do pulmão. O aumento da resistência
sobrecarrega o coração. A diminuição da área de trocas gasosas leva a menor
oxigenação do sangue. Conforme a situação prévia da pessoa que sofreu a embolia isto
pode deste não ser percebido até provocar morte súbita. A maior parte das embolias é
pequena e não é percebida.

Sintomas:
Dependem do grau de prejuízo trazido ao funcionamento do organismo. Pode
provocar dispnéia, em geral súbita, chiado de peito, tosse e cianose. Pode ocorrer
taquicardia, dilatação das veias do pescoço, hepatoesplenomegalia, além de edema nas
pernas. Como as próprias condições que facilitam a embolia tem sintomas semelhantes,
nem sempre se consegue identificar o surgimento desta.

Tratamento:
O tratamento busca diminuir as conseqüências, com medidas para melhorar a
eficiência circulatória, diminuindo a sobrecarga cardíaca, e melhorar a eficiência
pulmonar, com aumento da oxigenação do sangue. Também são feitas medidas para
dificultar a formação de novos êmbolos, como com o uso de anticoagulantes ou usos de
uma câmara de descompressão após embolia gasosa de mergulhadores.

Angina

Angina pectoris ou ainda angina do peito é a síndrome clínica caracterizada por


crises de dor, queimação ou sensação de pressão na região do tórax. É causada pela
obstrução transitória das coronárias. A causa da dor é o fornecimento inadequado de

115
sangue ao coração, resultando no suprimento insuficiente de oxigênio e de nutrientes
para o miocárdio.
Alguns fatores podem provocar a dor anginosa, como, por exemplo, o esforço
físico, a ingestão de refeição copiosa, a exposição ao frio e a situações estressantes.
A dor da angina deve cessar com repouso ou com o uso da nitroglicerina, num
período de vinte minutos, caso contrário, a indicação é de infarto agudo do miocárdio.
Uma característica importante da dor anginosa é que ela regride quando o fator que a
causou é afastado.
As pessoas idosas podem desenvolver sintomas anginosos mais rapidamente do
que as mais jovens. A dor se manifesta como fraqueza ou desmaio quando expostas ao
frio, já que elas têm menos gordura subcutânea para proporcionar o isolamento térmico.
Os idosos devem ser orientados a usar roupas extras e alertados para reconhecer o sinal
de fraqueza como indicativo de que devem repousar ou tomar os medicamentos
prescritos.
O diagnóstico da angina é frequentemente estabelecido pela avaliação das
manifestações clínicas da dor e pela história da pessoa. De acordo com a gravidade dos
sintomas de angina, da idade do portador e das patologias associadas, exames
diagnósticos poderão ser solicitados, como o eletrocardiograma, Hollter, cintilografia
miocárdica e/ou cateterismo cardíaco.
Existem três formas de tratamento para a angina: o tratamento clínico, a
angioplastia coronariana e a cirurgia de revascularização miocárdica. O objetivo do
tratamento é aumentar a oferta de oxigênio ao miocárdio, utilizando-se da nitroglicerina,
e controlando os fatores de risco (fumo, obesidade, hipertensão arterial,
hipercolesterolemia e hiperglicemia).
Os nitratos ainda são a principal medida terapêutica no tratamento da angina do
peito, por produzirem dilatação das coronárias com o conseqüente aumento do fluxo
sangüíneo ao miocárdio. A nitroglicerina administrada por via sublingual alivia a dor
anginosa em até 3 minutos, devendo ser observadas as seguintes orientações: o usuário
deve ter sempre o medicamento consigo; esse medicamento deve ser conservado em
recipiente escuro e fechado, pois sua ação é alterada na presença de luz; ao usar o
medicamento, manter a língua imóvel e não deglutir a saliva; para evitar as crises de
angina, utilizar nitroglicerina antes de qualquer atividade intensa, como, por exemplo,
as relações sexuais. Alguns efeitos indesejáveis podem surgir, tais como: rubor,
cefaléia, hipotensão e taquicardia.

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Se as crises de angina persistirem, apesar da medicação e do controle dos fatores
de risco, ou se for constatado que a obstrução nas artérias coronárias é muito grave,
poderá ser indicada a angioplastia coronariana, ou a cirurgia de revascularização.
No caso de cirurgia de revascularização do miocárdio, uma veia (safena) é
retirada da perna e colocada sobre a artéria do coração que está entupida, ultrapassando
o local do bloqueio, como se fosse uma ponte - é o que se chama de ponte de safena.
A angioplastia consiste em “esmagar” a placa de ateroma, dilatando a coronária,
através de um procedimento com um cateter especial, com um balão na ponta.
As ações de enfermagem incluem as seguintes orientações que devem ser
prestadas ao portador de angina pectoris, bem como a seus familiares, em nível
ambulatorial ou durante a alta hospitalar:
• manter-se em repouso ao início da dor;
• participar de um programa diário de atividades físicas que não produzam
desconforto torácico, falta de ar e/ou fadiga indevida;
• alternar as atividades diárias com períodos de repouso;
• fracionar as alimentações em menores porções e maior freqüência, evitando
esforço físico durante 2 horas após as refeições;
• evitar ingestão excessiva de cafeína (café e bebidas com cola), que pode fazer
subir a freqüência cardíaca;
• não usar comprimidos para emagrecer, descongestionantes nasais ou quaisquer
outros medicamentos vendidos sem prescrição médica e que podem aumentar os
batimentos cardíacos;
• evitar o fumo, o que eleva a freqüência cardíaca, a pressão arterial e diminui os
níveis sangüíneos de oxigênio;
• utilizar roupas adequadas às variações de temperatura;
• reorganizar os seus hábitos de vida, a fim de reduzir a freqüência e a gravidade
dos ataques de angina, bem como prevenir-se de outras complicações.

Infarto Agudo do Miocárdio

A incidência de infarto ainda é maior nos homens acima de 40 anos. Porém,


mulheres no climatério que utilizam anticoncepcional e fumam apresentam uma

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mortalidade maior ao ter infarto. Observa-se que, hoje, há um aumento de pessoas
infartadas com faixa etária menor, em decorrência do estilo da vida moderna.
O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma situação grave que pode ser
confundida com sintomas mais corriqueiros, tais como: flatulência, dor muscular,
tensões, dentre outros. É causado pelo estreitamento de uma artéria coronária pela
aterosclerose, ou pela obstrução total de uma coronária por êmbolo ou trombo,
ocasionando a necrose de áreas do miocárdio. A redução do fluxo sangüíneo também
pode ser resultante de choque ou hemorragias.
Vale lembrar que a angina o suprimento de sangue é reduzido temporariamente,
provocando a dor, enquanto no IAM ocorre uma interrupção abrupta do fluxo de sangue
para o miocárdio.
A dor torácica é o principal sintoma associado ao IAM. É descrita como uma dor
súbita, subesternal, constante e constritiva, que pode ou não se irradiar para várias
partes do corpo, como a mandíbula, costas, pescoço e membros superiores
(especialmente a face interna do membro superior esquerdo).
Muitas vezes, a dor é acompanhada de taquipnéia, taquisfigmia, palidez,
sudorese fria e pegajosa, tonteira, confusão mental, náusea e vômito. A qualidade,
localização e intensidade da dor associada ao IAM pode ser semelhante à dor provocada
pela angina. As principais diferenças são: a dor do IAM é mais intensa; não é
necessariamente produzida por esforço físico e não é aliviada por nitroglicerina e
repouso.
Os profissionais de saúde precisam estar atentos para um diagnóstico precoce,
tendo em vista que esta é uma das maiores causas de mortalidade. O atendimento
imediato, ao cliente infartado, garante a sua sobrevivência e/ou uma recuperação com
um mínimo de seqüelas.
O idoso nem sempre apresenta a dor constritiva típica associada ao IAM, em
virtude da menor resposta dos neurotransmissores, que ocorre no período de
envelhecimento, podendo assim passar despercebido.
O diagnóstico do infarto do miocárdio geralmente se baseia na história da
doença atual, no eletrocardiograma e nos níveis séricos (sangüíneos) das enzimas
cardíacas. O prognóstico depende da extensão da lesão miocárdica.
O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo da extensão e da área
acometida.

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A assistência de enfermagem deve englobar os seguintes aspectos:
• proporcionar um ambiente adequado para o repouso físico e mental;
• fornecer oxigênio e administrar opiáceos (analgésico e sedativo) e ansiolíticos
prescritos para alívio da dor e diminuição da ansiedade;
• prevenir complicações, observando sinais vitais, estado de consciência,
alimentação adequada, eliminações urinária e intestinal e administração de
trombolíticos prescritos;
• auxiliar nos exames complementares, como eletrocardiograma, dosagem das
enzimas no sangue, ecocardiograma, dentre outros;
• atuar na reabilitação, fornecendo informações para que o cliente possa dar
continuidade ao uso dos medicamentos, controlar os fatores de risco, facilitando,
assim, o ajuste interpessoal, minimizando seus medos e ansiedades;
• repassar tais informações também à família.

A equipe de enfermagem tem a possibilidade de criar oportunidades para que


esse cliente compartilhe suas preocupações e seus temores. Uma atmosfera de aceitação
auxilia-o a reconhecer que seus sentimentos são reais e também normais.
As principais complicações do infarto são as arritmias fatais, choque
cardiogênico, edema agudo de pulmão e morte súbita. A seqüela principal é a
insuficiência cardíaca.

Edema Agudo de Pulmão

O edema agudo de pulmão (EAP) é um quadro clínico crítico, decorrente da


incapacidade do ventrículo esquerdo em bombear o sangue pela válvula aórtica,
causando um acúmulo de líquido nos pulmões.
Numerosas patologias cardiovasculares predispõem o aparecimento do EAP,
como a insuficiência coronariana aguda (angina e IAM), a crise hipertensiva, as
arritmias cardíacas, as infecções, a anemia, a hiper-hidratação e a intoxicação digitálica.
Os sinais e sintomas do edema agudo de pulmão incluem: dispnéia e tosse,
produzindo um escarro espumoso e tingido muitas vezes de sangue, taquicardia, pele
cianótica, fria, úmida, inquietação, ansiedade, medo, etc.

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É fundamental que a equipe de enfermagem mantenha-se ao lado do cliente,
demonstrando segurança e monitorando os aspectos essenciais para que o mesmo saia
da crise rapidamente. Esta ação garante a eficiência e eficácia da terapêutica que está
baseada nos seguintes aspectos:
• manutenção de seu conforto, colocando-o em posição elevada para diminuir o
retorno venoso e propiciar uma máxima expansão pulmonar;
• monitorização dos sinais vitais;
• administração de oxigenoterapia e de medicações (opiáceos, diuréticos e
digitálicos);
• manutenção de via venosa pérvia com gotejamento mínimo, evitando sobrecarga
volêmica;
• monitorização do fluxo urinário.
• medo e ansiedade extremos são manifestações predominantes do portador de
edema pulmonar agudo. Tocar a pessoa, falar com ela, passa a sensação de
realidade concreta, e de que ela não está sozinha, atenuando tais sentimentos.

Insuficiência Cardíaca Congestiva

A Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) representa o conjunto de sinais e


sintomas decorrentes do mau funcionamento do coração, quando este não está sendo
capaz de bombear o sangue em direção aos tecidos e suprir a necessidade de oxigênio e
nutrientes do organismo.

O processo que resulta na ICC é gradativo e os eventos têm a seguinte


seqüência:

1. O bombeamento insuficiente do coração leva a uma congestão de sangue no


interior das veias que chegam ao coração,
2. O acúmulo de sangue nas veias, associado à retenção de líquidos pelos rins,
levam ao inchaço (edema) dos tecidos do corpo.

120
3. O inchaço inicialmente afeta as pernas, mas pode subir e também atingir os
pulmões (causando dificuldades para respirar) e em outros tecidos e órgãos
(levando à “barriga d’água, dores abdominais, pouca urina, etc).
4. O cansaço leva à falta de ar, à fraqueza muscular, à diminuição da atividade
física e conseqüente invalidez.
A insuficiência cardíaca congestiva é frequentemente a fase final de outra
doença do coração como:

1. Doença Coronariana (levando à angina e ao Infarto agudo do coração);


2. Hipertensão arterial;
3. Doença Valvular do Coração (incluindo a doença reumática do coração);
4. Síndromes Congênitas do Coração;
5. Miocardiopatias (doença do músculo do coração);
6. Infarto Agudo do Miocárdio;
7. Arritmias Cardíacas;
8. Exposições Tóxicas, incluindo o uso abusivo de álcool.
9. Hipertireoidismo, Diabetes e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (Bronquite)
também são fatores de risco para a ICC.

Quadro Clínico:

O primeiro sintoma da insuficiência cardíaca congestiva pode ser simplesmente


o cansaço. Como o avanço da doença, pode haver dificuldades para respirar durante os
esforços, e eventualmente um “encurtamento” da respiração durante o repouso, podendo
tornar-se ofegante. Como os fluidos acumulam nos pulmões, os pacientes com
insuficiência cardíaca podem começar a dormir amparado por travesseiros mais altos
para tornar a respiração mais fácil. Os líquidos também podem se acumular nas pernas e
tornozelos, levando ao edema (inchaço). Em pacientes menos ativos, os líquidos podem
acumular na metade inferior do corpo, eventualmente causando edema da parte mais
baixa das costas. Pode ocorrer inchaço dos intestinos que produz desconforto
abdominal. Em alguns pacientes, pode haver uma necessidade de urinar várias vezes
durante a noite, como os rins eliminam os excessos de fluidos do organismo que
acumularam no corpo durante o dia. Como o corpo acumula cada vez mais fluidos, o

121
paciente pode notar significativo ganho de peso. Também pode haver uma tosse crônica
devido ao acúmulo de fluidos nos pulmões.

Diagnóstico:

Os testes diagnósticos normalmente incluem um eletrocardiograma (ECG), uma


Radiografia do tórax para conferir a dilatação do coração e os fluidos nos pulmões.
Outros testes diagnósticos podem ser necessários para estabelecer a causa subjacente de
sua insuficiência cardíaca congestiva. Por exemplo, o ecocardiograma pode ser
executado para procurar anormalidades das válvulas do coração, movimento anormal da
parede do coração (um sinal de infarto do miocárdio) ou outras anormalidades
cardíacas.

Prevenção:

Para evitar a insuficiência cardíaca congestiva você tem que prevenir as várias
formas da doença do coração que a conduzem. Para a doença coronária do coração,
significa ingerir uma dieta de baixo teor de gordura, controlar a hipertensão, manter o
peso do corpo normal e um baixo nível de colesterol no sangue. Significa também
adotar um programa de exercícios regulares e não fumar. A insuficiência cardíaca
congestiva devido ao hipertiroidismo pode ser prevenida com medicamentos ou
cirurgia. Infelizmente, algumas causas de insuficiência cardíaca congestiva não podem
ser prevenidas.

Tratamento:

Tratamento inicial da insuficiência cardíaca congestiva focaliza em controlar os


sintomas agudos. Repouso na cama é prescrito para elevar as pernas e não provocar o
acúmulo de líquidos nos pés e tornozelos. Diuréticos (remédios que estimulam a urina)
são administrados para remover os líquidos do corpo através da produção de urina.
Logo, são prescritos medicamentos para ajudar o coração a bater mais eficazmente.
Estes medicamentos podem incluir um ou mais dos seguintes:

• Digoxina: para fortalecer as contrações do coração

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• Inibidores da enzima conversora da Angiotensina (ECA): para dilatar os vasos
sanguíneos, diminuir a resistência ao fluxo de sangue e ajudar na prevenção da
retenção de água.
• Beta-bloqueadores: melhorar o fluxo de sangue
• Anticoagulantes muitas vezes também são administrados para prevenir coágulos
sanguíneos (para “afinar” o sangue), particularmente se o paciente requer um
período longo de repouso na cama.
• Aldactone (Espironolactona) pode trazer benefícios significativos em pacientes
selecionados com insuficiência cardíaca congestiva crônica.

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UNIDADE 12 - ONCOLOGIA

O Câncer é um processo patológico que tem início quando células anormais se derivam
de células normais devido a um mecanismo de transformação ainda mal compreendida. Essas
células anormais se proliferam ainda em uma área delimitada. Entretanto alcança-se um estágio
no qual células adquirem características invasivas, com desenvolvimento de alterações em
tecidos circunvizinhos. Então, elas se infiltram nesses tecidos e ganham acesso aos vasos
linfáticos e sanguíneos, de onde são transportadas para formar metástases (disseminação
cancerosa)

O câncer não é uma doença com uma única causa. É um grupo de doenças distintas,
com causa, manifestações, tratamentos e prognósticos diferentes.

TUMOR

É um novo crescimento tecidual no qual a multiplicação celular é progressiva e


incontrolável.

TUMOR BENIGNO

É um tumor que é delimitado por uma cápsula definida, que permanece localizada no
tecido do qual se originou e perturba seu hospedeiro somente pela pressão que exerce sobre as
estruturas circunvizinhas e pelo seqüestro do suprimento sanguineo dos tecidos normais. Esses
tumores, em geral, crescem vagarosamente, uma vez removidos, não tendem a recidivar.

TUMOR MALIGNO

Esses tumores não são circundados por uma cápsula,mas crescem por invasão dos
tecidos circunjacentes. Esses tumores invadem os vasos sanguineos ou os linfáticos e estendem-
se rapidamente por esses canais abertos.

METÁSTASES

É o mecanismo de disseminação de um tumor maligno.

Ex: câncer de mama, tumor secundário no pulmão (metástases)

PREVENÇÃO E CONTROLE DE CÂNCER

A prevenção e controle de câncer podem ser conseguidos concentrando-se a atenção em


vários itens; promoção de pesquisa, saúde coletiva, eliminação e controle dos fatores e agentes
causadores do câncer, e,diagnósticos em seus estágios iniciais, quando possível o tratamento
curativo.

SETE MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA O CÂNCER

1 -MAMAS: auto-exame mensal das mamas à procura de massas, nódulos ou mudança


de contorno.

2 – CÓLON E RETO: exame proctoscópico anual, em pessoas com mais de 40 anos.

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3 – PULMÕES: controle e, preferivelmente, eliminação do hábito de fumar,
radiografias de tórax anuais.

4 – CAVIDADE ORAL; exame anual da boca e dos dentes.

5 – PELE: evitar exposição solar indevida.

6 – ÚTERO: exame anual pelo método de Papanicolau de mulheres adultas.

7 – BÁSICO: exame físico anual completo para todos os homens e mulheres adultos,
exames anuais de urina e asangue.

SETE SINAIS DE ALERTA DE RISCO PARA O CÂNCER

→ Alteração dos hábitos intestinais ou urinários.

→ Ferimentos que não cicatrizam.

→ Sangramentos ou secreções anormais.

→ Aparecimento de nódulos nas mamas ou em qualquer outra parte do corpo.

→ Dificuldade de digestão ou de deglutição

→ Alteração notória de uma verruga ou sinal.

→ Tosse incomodativa, rouquidão persistente.

TRATAMENTO PARA O CÂNCER

- Quimioterapia

- Radioterapia

- Cirurgia

RADIOTERAPIA

A radioterapia é um método capaz de destruir células tumorais, empregando feixe de radiações ionizantes.
Uma dose pré-calculada de radiação é aplicada, em um determinado tempo, a um volume de tecido que
engloba o tumor, buscando erradicar todas as células tumorais, com o menor dano possível às células
normais circunvizinhas, à custa das quais se fará a regeneração da área irradiada.

Consiste no emprego de raios radioativos para combater a doença. É usada no tratamento do


câncer porque as células malignas são mais sensíveis a radiação do que as células normais, isto
é, as células malignas são destruídas antes que as normais sejam afetadas pelos raios.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

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- Usar proteção através de roupas impregnadas com chumbo

- Usar luvas de borracha ao manusear excretas do paciente, estas possuem radioaividade.

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BIBLIOGRAFIA

Ver bibliografia fornecida em Plano de ensino Disciplina saúde do adulto. Semestre I - 2010

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