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Infohabitar, Ano VI, n.

º 283
Sobre a casa-pátio: elementos de enquadramento
António Baptista Coelho

Nota inicial: o texto que baseia-se nos elementos desenvolvidos pelo autor para o livro
"Habitação Humanizada", realizado e editado no Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC) e disponível na Livraria do LNEC.

O homem moderno terá, “apenas”, entre 100.000 e 50.000 anos, o pensamento artístico terá
sido desenvolvido há cerca de 25.000 anos, antecipando a invenção, primeiro, dos pequenos
espaços urbanos constituídos por orgânicos aglomerados de casas, sem ruas (a circulação seria
feita pelas coberturas e utilizando escadas, recolhidas em caso de perigo), depois do sistema
de casas ligado e separado por ruas e outros espaços de invenção do sentido cívico, sentido
este que terá levado, finalmente, à racionalização dos traçados, à criação de espaços
públicos específicos, funcionais e representativos, muito provavelmente com pátios públicos e
consequentemente à criação dos espaços domésticos mais privatizados e frequentemente
também estruturados por pátios.

E em tudo isto a casa-pátio tem um papel protagonista, provavelmente marcando a passagem


da consideração do habitar super-individualizado para o habitar agregado que conformou
povoações e cidades.
Fig. 01

Aquela que se pode considerar a aldeia mais antiga até agora identificada é Ohalo, habitada
há cerca de 20.000 anos e situada no leito seco do Mar da Galileia.

E as primeiras povoações com um carácter mais citadino surgem há cerca de 10.000 a 9.000
anos, em simultaneidade com a agricultura e a pastorícia mais sistematizadas; sendo as
primeiras que se conhecem Jericó, com cerca de 5ha, habitada por mais de 2.000 pessoas, e
Çatal Höyük, perto de Konya, na actual Turquia, esta um pouco mais tardia mas que parece
ter atingido uma muito significativa dimensão urbana, reflectida tanto em área ocupada como
em número de habitantes – cerca de 15ha para 8.000 habitantes -, numa soluçao urbana que
funcionou sem interrupções durante pelo menos 800 anos e que devia ser construída e
ampliada em conjunto, e não admitia acréscimos individuais.

Temos, portanto, cerca de 10.000 anos de urbanidade, e nestes cerca de 60%, portanto 6.000
anos foram marcados pela casa-pátio ou “casa urbana oriental”, como lhe chama Schoenauer
(1), que lhe sublinha o seu carácter introvertido com um ou mais pátios privados e o seu uso
em quatro antigas civilizações e nas cidades da Grécia Clássica e de Roma e salienta-se que
“esta casa é ainda, hoje em dia, a forma tradicional de habitar em muitas cidades da Ásia,
África e América do Sul, sendo, tal como sublinha Schoenauer, “uma forma de habitar que
perdurou durante mais de 200 gerações”.

Na mesma obra Schoenauer indica que “a mais importante das suas características é o pátio
ajardinado, espaço privado central e aberto. o pátio é o coração da casa urbana oriental e
não existe em nenhuma outra língua uma expressão mais poética do que a chinesa para
definir o pátio, «oferenda do céu», fonte que proporciona luz, ar e água da chuva à
habitação… outra característica da casa-pátio é que esta introversão proporciona privacidade
visual e acústica não só relativamente à rua, mas também relativamente aos vizinhos."
(p.237)

Complementarmente, Schoenauer salienta, ainda no mesmo livro, a flexibilidade do interior


destas casas orientais como outra sua importante característica, com a maioria dos seus
compartimentos caracterizados como espaços multiusos (p.240); e escreve ainda que ”além
de tudo isto há uma natural civilidade ou urbanidade na casa-pátio na qual se fugia da
ostentação de uma altura elevada também por recomendações religiosas, com idênticos
reflexos na modéstia das fachadas – uma lição de urbanismo, que, ao nível do bairro se
associou ao desenvolvimento de comunidades que não têm níveis homogéneos de
rendimento”, gerando-se e consolidando-se, assim, uma importante regra de integração
social e económica (p.240).

Continuando com Schoenauer (2) este salienta que “o conceito de casa-pátio foi redescoberto
por alguns arquitectos modernos”, constituindo um “exemplo a seguir tanto no uso do solo
como na conservação da energia e na definição hierárquica das ruas, pois proporciona
identificação mais íntima com a comunidade residente, e é um modelo urbano compacto que
não desperdiça espaço resultando em distâncias pedonais razoáveis e numa densidade
adequada a um eficaz sistema de transportes”. (p.241)

E Schoenauer sublinha ainda, no final da sua extraordinária obra, que “as civilizações
orientais, milhares de anos mais antigas do que as ocidentais, evoluíram, através de um longo
processo de ensaio e erro, até algumas soluções de desenho habitacional urbano que deram
resultados positivos ao longo de muito tempo. Soluções que podem ser adoptadas no cenário
urbano ocidental, com a garantia de terem sido viáveis durante pelo menos 6000 anos”
(p.369); e a isto podemos acrescentar ter-se hoje a noção clara de que muitos dos modelos de
edifícios culturalmente incoerentes ainda mais o são relativamente aos actuais e essenciais
critérios de eficácia energética e de poupança de recursos.

Fig. 02

Salienta-se que as influências orientais da casas-pátio ditaram a forma da clássica casa grega
e romana e, na Idade Média, o conceito continuou a usar-se em mosteiros e conventos.

A casa-pátio, nas suas mais diversas versões e configuraçõe, foi e é ainda um elemento
importante da boa relação entre privacidade habitacional e cidade pública.

E, a propósito, lembro o ambiente de uma domus citada por Ariès e Duby (3), ... “a
residência é antes de mais um largo espaço vazio que se adivinha assim que se penetra no
coração do edifício, e por vezes apenas no seu limiar, uma fileira não de salas fechadas mas
de espaços: pátio coberto, claustro, jardim com os seus jogos de água; são mais os vazios do
que os cheios ... À volta deste vazio estão claramente dispostos pequenos quartos cuja
pequenez surpreende; cada um se retira para a sua cela para ler ou dormir, mas vive-se nos
vazios centrais, sobre os quais se abrem, a todo o seu comprimento, salas de jantar, como
caixas a que faltaria um dos seus quatro lados... Seja na residência rica ou não, uma
decoração de cores vivas recobre o chão, as paredes os tectos de mosaicos, de estuques, de
pinturas decorativas ou mitológicas … aqui reina a imaginação não a pompa. O espaço inútil
era outro luxo e a arquitectura tinha sabido combinar a amplidão do conjunto com a
possibilidade de retiro nos pequenos quartos … o espaço central permite o afastamento... Um
modesto burguês em Paestum numa casa de cerca de 100m2 com cozinha e três pequenos
quartos recortados na margem por um largo pátio”.

Para quem viva, intensamente, as matérias do habitar esta descrição tem extraordinário
interesse e faz pensar que a casa-pátio tem uma dupla virtude: a de se agregar com alguma
facilidade e interesse volumétrico para fazer cidade contínua, protectora e estimulante em
termos de imagens e sequências urbanas, de certa forma como que numa relativa
qualificação mais “doméstica” ou intimista do espaço público; e a virtude de dar a partes
específicas e estratégicas do próprio espaço doméstico valência agradavelmente mutantes ou
diversificadas, como que num mitigado e bem controlado prolongamento do espaço público. E
esta dupla virtude é muito útil e no (re)desenvolvimento de velhas e novas tipologias do
habitar a cidade e a casa.

E lembra-se que a capacidade de compactação urbana e de agregação das habitações


desenvolvidas em torno de pátios parece ser uma arma, bem actual e interessante no
aprofundamento de uma estratégica densificação urbana, tratando-se de um caminho que não
sacrifica as fundamentais privacidades domésticas, e sendo também um caminho claramente
associável ao desenvolvimento de tipologias habitacionais intermediárias, entre o unifamiliar
e o multifamiliar, numa estimulante transfiguração da ideia da casa-pátio, para soluções de
casas-pátio e casa-terraço mutuamente sobrepostas e diversificadamente imbricadas.

Fig. 03

Desenvolve-se, um pouco mais, esta referência ao chamado “habitat intermediário”, com


algumas palavras de Monique Eleb e Anne Marie Chatelet: “há três grandes categorias
habitacionais: o habitat colectivo, o habitat individual e o habitat intermediário, que tal
como o nome indica se liga aos dois precedentes (imóvel colectivo mas com acessos
individualizados e superfícies exteriores significativas tais como terraços)” (4). E as autoras,
numa referência a F. Lamarre, especificam que “os terraços sobrepostos, entradas e caixas
de escada desmultiplicadas conferem ao habitat uma escala intermediária, a meio caminho
entre o individual e o colectivo.”

E uma prova teórico-prática desta capacidade urbana agregadora da tipologia-base “casa-


pátio” foi dada, já há muitas dezenas de anos, num excelente livro de Serge Chermayeff e
Christopher Alexander (5), intitulado “Community and privacy, toward a new architecture of
humanism”, no qual os autores demonstram a enorme diversidade de densidades – algumas
bem elevadas –, que são possíveis apenas com recurso a edifícios unifamiliares de diversos
tipos e em diferentes configurações e agrupamentos, articulados por pátios privativos e
comuns. E é preciso sublinhar que se trata de uma obra fundamental para todos aqueles que
se dedicam ao estudo da fundamental relação entre continuidade urbana e privacidade
doméstica.
E, porque se julga oportuno, fazem-se, em seguida, duas citações desse livro, que se
consideram estruturantes destas temáticas: (6)

“Acima de todos os outros um elemento precioso da vida de outrora está em risco de


extinção: a intimidade, essa maravilhosa combinação de afastamento, confiança em si
próprio, solidão, calma, contemplação e concentração” (p. 23)... Uma forma urbana que
tomasse em conta correctamente todas as condicionantes e tensões da nossa época seria
capaz de manter uma vida equilibrada, que eliminaria grande parte do desejo de evasão” (p.
35).

No que toca ao interior do habitar (edifício e fogo), provavelmente a grande aposta está no
(re)inventar de novas tipologias, adequadas às novas famílias e designadamente às cada vez
mais numerosas pessoas sós e aos idosos sós; e a casa-pátio num único piso e na qual o pátio
configura um verdadeiro compartimento é provavelmente uma das mais adequadas tipologias
para idosos; e lembremos aqui bem a propósito as soluções de Jörn Utzon: as suas casas
organizadas em redor de pátios, em Fredenborg (1959-62), cujas raizes o projectista
encontrou nas suas viagens mas também na própria Dinamarca e que misturam referências
das quintas tradicionais dinamarquesas e chinesas e da arquitectura islâmica ... uma espécie
de programa-quadro para o habitar individual, e refere Isabel Salema que é uma arquitectura
que "vai ao encontro das necessidades modernas maravilhosamente, e contudo Fredensborg
quase podia ter sido construído há mil anos.” (7)

Para rematar este texto é preciso sublinhar que nunca será excessivo referir o urgente reforço
da perspectiva histórica nos estudos do habitar. O que não faz qualquer sentido é actuar
como se nada para trás existisse em termos de experiência acumulada e debatida, e como se
um dado edifício de habitação pouco mais fosse do que um conjunto de elementos de
construção e de dispositivos mais ou menos elaborados.

E, afinal, a casa-pátio é uma tipologia que, tal como refere Anton Capitel (8), se identifica
com a própria arquitectura ao longo de largos períodos da história do habitar.

Notas:
(1) Norbert Schoenauer, “6.000 años de hábitat – de los poblados primitivos a la vivienda
urbana en las culturas de oriente y occidente”, 1884 (1981).
(2) Norbert Schoenauer, “6.000 años de hábitat – de los poblados primitivos a la vivienda
urbana en las culturas de oriente y occidente”, 1884 (1981).
(3) Ariès e Duby, "História da Vida Privada I", 1991, pp.303 e 304.
(4) Monique Eleb, Anne Marie Chatelet, "Urbanité, sociabilité et intimité des logements
d’aujourd’hui", 1997, p.18.
(5) Serge Chermayeff e Christopher Alexander, “Intimité et Vie Communautaire – vers un
nouvel humanisme architectural“, 1972 (1963), pp. 191 a 197.
(6) Serge Chermayeff e Christopher Alexander, “ Intimité et Vie Communautaire – vers un
nouvel humanisme architectural “, 1972 (1963).
(7) Isabel Salema, “Jorn Utzon para além da Ópera de Sidney”, Público, 19 Abril 2003.
(8) Anton Capitel, “La arquitectura del pátio”, 2005.
PARTE II

“ A Arquitectura é, em qualquer lugar, a expressão concentrada dos três


vectores essenciais de uma sociedade:

o religioso, o sociopolítico e o económico. Do faustoso palácio à rudimentar


cabana, a localização e a orientação,

o programa, os materiais e as tecnologias de construção, a forma de


ocupação são sinais indeléveis e

inequívocos de quem os vai usufruir.”

Como contributo para um melhor entendimento e contextualização das


opções tomadas no decorrer do projecto

de um modelo habitacional a ser implantado no Bairro do Alto da Cova da


Moura, detenhamo-nos numa

abordagem, ainda que superficial, ao tema da produção de habitação em


torno de um vazio nuclear – o pátio.

O desenvolvimento da casa em torno de um espaço exterior, de posição


nuclear, é uma forma de organização

espacial fundamental, recorrente na história da arquitectura. O pátio, como


espaço exterior nuclear numa

construção, e a casa-pátio, como organização espacial em torno desse


espaço exterior nuclear, são conceitos

universais na história, na teoria, e na prática da arquitectura.

Abordemos, então, o interior da casa urbana em torno do pátio, e das suas


variantes: o saguão, entidade

espacial, frequentemente definida como derivação do pátio, tomada como


espécie de atrofia deste; e o pátio

comum, como suporte de algumas concepções de alojamento colectivo,


comunitário e cooperativo, espaço

nuclear, organizador e aglutinador, que expressa espacialmente o sentido


comunitário de um conjunto edificado.

6. A CASA-PÁTIO
A casa-pátio como tipologia habitacional encontra referências tão antigas
como a própria origem da actividade

urbana. Na introdução a “La Arquitectura del Patio”, Antón Capitel

atribui ao pátio uma importância fundamental

na história da Arquitectura, desde a antiguidade clássica à idade moderna,


afirmando mesmo que a organização

em torno de pátios – que define como “claustral” – constitui um sistema


compositivo, tão importante para usos e

culturas diversas, que pode identificar-se, em alguns períodos e civilizações,


com a arquitectura, ela própria.

Das grandes civilizações egípcia, mesopotâmica e hindustânica, vários


foram os registos de núcleos urbanos em

que se identifica claramente esta tipologia habitacional. Mas as referências


a este modelo não se esgotam nas

grandes civilizações pré-clássicas, transpondo-se para as clássicas, para a


islâmica, até aos dias de hoje. A

casa-pátio é comum na China, no Médio-Oriente, no Norte de África, no Vale


do Nilo, assim como na África

Ocidental e na América Latina. A sua presença é também reconhecida na


Europa: no sul mediterrânico, em

assentamentos urbanos, com uma formalização comum ao Norte de África e


ao Médio Oriente; No Norte da

Silveira, Ângelo Costa, in “A Casa Pátio de Goa”,

Capitel, Antón, in “La Arquitectura del pátio”, ed. Gustavo Gilli, Barcelona,
2005 27

Europa, na Europa Central e Oriental, em casas rurais, frequentemente


organizadas em torno de um pátio,

definido pelos edifícios – a casa, o celeiro e o estábulo – e elementos de


contenção e acessos – muros, cercas e
portões. A casa-pátio impõe-se por isso como um dos modelos mais
persistentes, denotando um carácter

universal, intemporal e transcivilizacional.

Existem, no entanto, duas vertentes diversas no reconhecimento da


tipologia da casa-pátio:

a) aquela que inclui as construções e os agrupamentos de construções em


torno de um pátio,

independentemente da ordem e coerência formal do conjunto (Fig.19);

b) aquela que considera, num sentido mais estrito, a organização de uma


construção única em torno de

um pátio, enquanto sistema unitário de organização formal e espacial,


centrado na definição e na

presença nuclear desse pátio, como elemento compositivo fundamental


(Fig.20).

6.1 O atrium e o impluvium: o pátio na casa romana

A palavra atrium, na sua forma original, designava o espaço, nuclear e


multifuncional da casa, no qual se fazia o

fogo. A prática de uma abertura no tecto, para extracção do fumo, era


assim inevitável, e foi a partir do momento

em que o lugar do fogo se transferiu para um compartimento próprio, e a


dimensão desta abertura aumentou
significativamente, que este espaço nuclear interior se transformou num
espaço exterior, aberto para o céu, e

Fig.20 – Casa XXIII de Priene, Grécia, séc. IV a.C.,

registada por Antón Capitel, em La Arquitectura del

Pátio, ed. Gustavo Gilli, Barcelona, 2005, p.13

Fig. 19 – Granja em Carélia, Rússia, registada por Johannes Spalt e

Werner Blaser, em Pátios – 5000 años de evolución desde la antigüedad

hasta nuestros dias, ed. Gustavo Gilli, Barcelona, 1997, p.8 28

através do qual os compartimentos envolventes passam a receber


iluminação e ventilação naturais. É também a

partir deste espaço que se passa a constituir a principal relação interior-


exterior deste tipo de casa (Fig.21).

O atrium passa então a constituir-se como o compartimento principal da


casa, espaço multifuncional e centro da

vida doméstica, fundamental na distribuição interna, rodeado de


compartimentos complementares, com

dimensão e estatuto inferiores.

As culturas Etrusca e Grega influenciaram decisivamente a casa romana. A


casa etrusca, de um único piso,

alinhada ao longo da rua, carecia de janelas. O fogo situava-se no centro da


casa, com uma abertura no tecto,

para extracção do fumo, cuja dimensão veio progressivamente a ser


aumentada. A luz penetrava única e

exclusivamente através desta abertura e da entrada. Este “atrium” era, no


fundo, a sala com tecto aberto,

adoptando, finalmente, a forma de um pátio. O fogo, originalmente no


centro da casa, transferiu-se para outro

espaço, sendo substituído pela recolha da água da chuva. Com esta


evolução, surgem, no centro da casa, no

pátio, um tanque, ou mais tarde, uma fonte. Do “atrium” nasce, assim, o


“impluvium” e o “aljibe” (pátio com

cisterna) árabe (Fig.22).


O pátio como ideia fundadora de uma arquitectura da casa urbana

A perfeição formal do pátio, na cidade do império romano, mesmo em


assentamentos urbanos irregulares,

acentua a importância deste espaço, como entidade fundadora de uma


arquitectura em particular. Antón Capitel,

em “La Arquitectura del Pátio”, reforça esta ideia da seguinte forma:

“ (…) o conjunto é uma forma irregular ocupada por uma espécie de


magma de compartimentos, também

irregular, na qual se recortam nítidos, os pátios como formas perfeitas e


autónomas. Esta figura representa muito

expressivamente o sistema [claustral] e diz-nos que a importância da


arquitectura, e da sua imagem, está nos

pátios que se constituem assim, por completo, seus protagonistas.”

“ O pátio é um lugar ao ar livre completamente próprio, privado, interior, é


esta a sua essência. Ele significa

segurança, a casa abre-se ao exterior sem que nada possa aceder-lhe; mas
ao mesmo tempo significa

privacidade, não só no sentido funcional, mas também possessivo e


representativo: o pátio é um paraíso

privado, um particular centro do mundo. A sua condição isolada e interior


presta-se em especial à assunção

figurativa da perfeição formal que supõe a condição anteriormente


referida.”
5

Também Johannes Spalt refere a importância do pátio como ideia fundadora


de uma arquitectura, e em

particular, de uma arquitectura da casa urbana:

“ O Homem necessita de um espaço de paz e recolhimento, que o proteja


do espaço exterior, hostil e

desconhecido, mas que participe ainda do dia e da noite, do sol e da lua, do


calor, do frio e da chuva. Este

Capitel, Antón, Op. Cit., p.16.

Capitel, Antón, Op. Cit., p.12.

Figs.23, 24 – Peristylum de casa

romana, desenhos de Johannes Spalt

e Werner Blaser, em Pátios – 5000

años de evolución desde la

antigüedad hasta nuestros dias, ed.

Gustavo Gilli, Barcelona, 1997, p. 1230

espaço, que está submetido ao passar dos dias e das estações do ano, às
regras que determinam a existência,

é o pátio.

(…)

Ao longo da sua larga evolução, o pátio manteve-se como lugar central na


casa: o lugar central e aberto, em

oposição aos espaços cerrados [envolventes].”

“ Devido ao seu isolamento, o pátio proporciona aos seus habitantes a


ilusão de uma zona de domínio figurado.”

7
No entendimento do pátio como princípio de formalização, como
protagonista da organização espacial e formal

dos edifícios, dos seus percursos, compartimentação e relação do interior


com o exterior, com a luz e o ar livre,

Antón Capitel, desenvolve em La Arquitectura del Patio

o conceito de sistema claustral, que define como

sistema compositivo no qual a organização do conjunto edificado constrói o


agrupamento de espaços interiores

em torno de um pátio, servindo-se deste, das suas galerias ou das fachadas


exteriores, para obter luz, ventilação

e acesso.

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