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EDUCAÇÃO

E Estatísticas dos
Professores no Brasil

Ministério da Educação

Instituto Nacional de Estudos


e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira
República Federativa do Brasil
Luiz Inácio Lula da Silva

Ministério da Educação (MEC)


Cristovam Buarque

Secretaria Executiva do MEC


Rubem Fonseca Filho

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)


Raimundo Luiz Silva Araújo

Diretoria de Tratamento e Disseminação de Informações Educacionais


José Marcelino de Rezende Pinto
ESTATÍSTICAS DOS
PROFESSORES NO BRASIL

Outubro de 2003
Coordenação-Geral de Sistema Integrado de Informações Educacionais
Carlos Eduardo Moreno Sampaio

Coordenação de Análise Estatística


Liliane Lúcia Nunes de Aranha Oliveira Brant

Carolina Pingret de Sousa


Márcio Correa de Mello
James Richard S. Santos
João Vicente Pereira
Roxana Maria Rossy Campos
Vanessa Néspoli

Coordenação de Sistematização das Informações Educacionais


Jorge Rondelli da Costa

Helio Franco Rull


Lídia Ferraz
Maria Angela Inácio
Maria das Dores Pereira
Reinaldo Gaya Lopes dos Santos
Sumário

1. Apresentação...............................................................................................5

2. Cursos de Formação de Professor..............................................................7

2.1 Cursos de Nível Médio ......................................................................7

2.2 Cursos de Nível Superior...................................................................9

3. Mercado de Trabalho.................................................................................15

4. Escolaridade do Professor.........................................................................21

4.1 Professores que Atuam em Creche.................................................21

4.2 Professores que Atuam em Pré-Escola...........................................22

4.3 Professores que Atuam no Ensino Fundamental.............................23

4.4 Professores que Atuam no Ensino Médio........................................26

4.5 Professores que Atuam na Educação Superior...............................27

4.6 Professores que Atuam na Zona Rural............................................28

5. Indicadores de Remuneração, Gênero e Formação Continuada...............33

5.1 Os salários.......................................................................................33

5.2 Gênero e Formação Continuada .....................................................35

6. Condições de Trabalho do Professor ........................................................43

7. Conclusão..................................................................................................47

3
4
1. Apresentação

Esta publicação reúne algumas das principais estatísticas sobre a


situação dos professores no Brasil. Os dados disponíveis possibilitam traçar um
panorama sobre os profissionais que têm a missão de educar mais de 57,7
milhões de brasileiros que estão matriculados desde a creche até o ensino
superior de graduação.

Apesar de inúmeras leis, resoluções, decretos e pareceres que regulam


a formação e a profissão docente, esta ampla produção normativa ainda não foi
capaz de transformar, de forma efetiva e sustentável, a realidade desses
profissionais, em particular, do professor que atua na educação básica.

Os dados aqui reunidos foram produzidos pelo Inep (Censo Escolar,


Censo da Educação Superior e Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica) e IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Ainda em
2003, o Inep realizará o Censo dos Profissionais do Magistério da Educação
Básica. Com esse levantamento será possível fazer um minucioso diagnóstico
sobre o tema e fornecer importantes subsídios para formulação de políticas
para valorização desses profissionais e melhoria da educação no País.

5
6
2. Cursos de Formação de Professor

A oferta potencial de profissionais habilitados para atuar como


professores da educação básica, de acordo com a legislação vigente, deve
considerar os concluintes do Ensino Médio (Curso Normal e Médio
Profissionalizante) para atender à Educação Infantil e as quatro séries iniciais
do Ensino Fundamental, e os concluintes do Ensino Superior em cursos de
graduação com licenciatura plena, para atuar nas séries finais do Ensino
Fundamental e no Ensino Médio.

A situação refletida pelos números sugere que a decisão de ser


professor, da forma que se apresenta, não tem se mostrado atrativa, em
termos de mercado e condições de trabalho. Uma política de valorização do
magistério contribuiria para resgatar o interesse e a motivação dos jovens em
abraçarem essa carreira, que, em épocas passadas, ocupou um lugar de
destaque.

2.1 Cursos de Nível Médio

Para as escolas que oferecem magistério de nível médio, a série


histórica das estatísticas mostra que a tendência de crescimento observada no
período de 1991/1996 sofreu uma significativa inversão no período 1996/2002,
com a redução pela metade do número de escolas e da quantidade de
matrículas, efeito este que pode ser atribuído claramente à entrada em vigor da
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que apontava para a
progressiva exigência de formação em nível superior para todos os
professores.

Tabela 1 – Magistério de nível médio(1) – Número de escolas, matrículas e concluintes


Brasil – 1991-2002

Total Pública
Variável (2) (2)
1991 1996 2002 1991 1996 2002

Escola 5.130 5.550 2.641 3.605 4.302 2.050


Matrícula 640.770 851.570 368.006 524.158 756.746 331.086
Concluinte 139.556 173.359 124.776 97.984 147.456 108.544
Fonte: MEC/Inep.
Notas: (1) Magistério de nível médio inclui curso normal e médio profissionalizante com habilitação em magistério.
(2) O número de concluintes refere-se ao ano de 2001.

7
900.000 851.570

750.000
640.770

600.000

450.000 368.006

300.000

150.000

0
1991 1996 2002

Gráfico 1 – Magistério de nível médio – Número de matrículas


Brasil – 1991-2002
Fonte: MEC/Inep.

Com a Resolução nº 01/2003 do CNE, que assegura o exercício na


Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental aos professores
com formação Normal de Nível Médio, é possível que esta tendência
acentuada de queda se reverta.

Os dados do Censo Escolar 2002 mostram, ainda, que existem 2.641


escolas de nível médio no País formando professores, das quais 2.050 são
públicas. A grande maioria está localizada na Região Nordeste, que concentra
1.174 estabelecimentos atendendo a 194.090 alunos. Este contingente
representa 53% das matrículas do magistério de nível médio do Brasil. Em
2001 foram formados 124.776 professores, dos quais 108.544 oriundos de
escolas públicas.

Tabela 2 – Magistério de nível médio (1) – Número de escolas, matrículas e concluintes por
dependência administrativa – Brasil e grandes regiões – 2002

Unidade Total Pública Privada


Geográfica Escola Matrícula Concluinte (2)
Escola Matrícula Concluinte (2)
Escola Matrícula Concluinte (2)

Brasil 2.641 368.006 124.776 2.050 331.086 108.544 591 36.920 16.232
Norte 281 41.809 17.855 270 40.975 17.649 11 834 206
Nordeste 1.174 194.090 57.081 939 171.614 49.088 235 22.476 7.993
Sudeste 728 84.858 33.731 500 78.748 28.479 228 6.110 5.252
Sul 296 35.959 9.717 194 28.832 7.265 102 7.127 2.452
Centro-Oeste 162 11.290 6.392 147 10.917 6.063 15 373 329
Fonte: MEC/Inep.
Notas: (1) Magistério de nível médio inclui curso normal e médio profissionalizante com habilitação em magistério.
(2) O número de concluintes refere-se ao ano de 2001.

8
6,1% 3,1% 11,4%
10,6% 9,8%
11,2%

Norte Norte
Nordeste Nordeste
Sudeste Sudeste
Sul Sul
Centro-Oeste 23,1% Centro-Oeste

27,6% 44,5% 52,7%

Gráfico 2 – Magistério de nível médio – Gráfico 3 - Magistério de nível médio –


Distribuição percentual do número de Distribuição percentual do número de
escolas por região – 2002 matrículas por região – 2002

Fonte: MEC/Inep. Fonte: MEC/Inep.

2.2 Cursos de Nível Superior

A demanda na rede pública pelos cursos de graduação que possuem


licenciatura, que em 1991 era de três candidatos por vaga, chegou a cinco em
2002, mesmo considerando o grande aumento de vagas no período, o que é
um fato animador. Por outro lado, ao se avaliar o número de ingressos em
relação ao número de vagas oferecidas, observa-se que os cursos de
graduação que oferecem licenciatura encontram-se entre aqueles com o maior
número de vagas não preenchidas. Em 2002, 6% das vagas nas instituições da
rede pública e 41% nas instituições da rede privada não foram preenchidas.

Outro aspecto que mostra, ainda, o desprestígio relativo da opção pela


licenciatura é que a procura por estes cursos é bem menos acirrada, quando
comparada com outras áreas. Assim, considerando apenas o ensino público,
enquanto a demanda para cursos com licenciatura é de 5 candidatos por vaga,
para os cursos de Economia é de 6, de Administração, 11 e de Direito, 18
candidatos por vaga. Em Medicina, ocorre a maior competição, com 41
candidatos por vaga.

Quando analisamos a evolução da última década, constatamos que os


cursos de graduação que oferecem licenciatura foram aqueles que
apresentaram o maior crescimento no número de ingressantes, chegando a
dobrar de valor no período de 1991/2002, tanto nas escolas públicas como nas
privadas. No entanto, é importante esclarecer que esses dados, coletados pelo
Censo da Educação Superior do Inep, não permitem identificar quantos desses
ingressantes irão concluir seus cursos com habilitação em licenciatura, já que
alguns desses cursos oferecem a opção do bacharelado. Sendo assim, apenas
parte desse quantitativo receberá habilitação adequada para atuar no
magistério.

9
Medicina 41,2

Direito 18,2

Administração 11,1

Economia 6,2

Licenciatura 5,3

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0

Gráfico 5 – Educação Superior – Relação candidato/vaga na rede pública,


por curso – Brasil – 2002
Fonte: MEC/Inep.

Tabela 3 – Relação candidato/vaga e número de ingressos e de vagas por curso segundo


a categoria administrativa – Brasil – 1991-2002

Curso / Categoria Canditato/Vaga Ingressos Vagas


Administrativa 1991 1996 2002 1991 1996 2002 1991 1996 2002
(1)
LICENCIATURA
Pública 3,1 4,2 5,3 62.855 78.081 144.325 74.808 90.719 153.889
Privada 1,4 1,2 1,1 103.468 102.477 217.133 150.970 159.449 366.975
ADMINISTRAÇÃO
Pública 8,0 7,1 11,1 9.468 11.418 14.952 9.944 11.866 15.529
Privada 3,8 2,6 1,4 39.358 52.313 189.093 41.909 60.180 297.894
DIREITO
Pública 14,3 17,4 18,2 6.707 9.765 12.117 7.091 9.922 12.238
Privada 6,4 6,0 2,6 27.362 48.994 122.823 28.016 49.779 166.661
ECONOMIA
Pública 4,8 4,3 6,2 5.627 6.359 6.245 5.962 6.713 6.695
Privada 2,0 1,3 0,9 13.704 11.448 10.140 15.436 15.679 21.630
MEDICINA
Pública 23,2 36,3 41,2 4.404 4.699 5.616 4.640 4.769 5.616
Privada 19,9 24,4 16,9 3.119 3.146 5.214 3.146 3.177 5.627
Fonte: MEC/Inep.
Nota: (1) As informações de número de cursos e matrículas são relativas aos cursos que possuem licenciatura, mas que
contabilizam os bacharéis e os licenciados .

10
150.000 144.325

120.000

90.000

62.855
60.000

30.000
14.952 12.117
9.468
5.627 6.245 6.707 4.404 5.616
-
Licenciatura Economia Administração Direito Medicina

1991 2002

Gráfico 6 – Educação Superior – Número de ingressos na rede pública,


por curso – Brasil – 1991/2002
Fonte: MEC/Inep.

Um dado positivo, como já comentamos, foi o aumento do número de


cursos de graduação, que oferecem licenciatura, que passaram de 2.512 em
1991 para 5.880 em 2002, com uma grande participação da rede pública, que
concentra 3.116 cursos, o que também é um bom indicador. Essa é uma
tendência diferente da observada para outros cursos, como Administração,
Direito, Economia e Medicina, onde o maior crescimento e concentração
ocorreram na rede privada.

A matrícula em cursos de graduação que oferecem licenciatura cresceu


90% no período 1991/2002, chegando, em 2002, a um contingente de
1.059.385 alunos. Constata-se, ainda, um aumento progressivo da participação
relativa da rede pública cujas matrículas, em 2002, aproximam-se daquelas da
rede privada. Essa equivalência entre as redes também é observada para o
número de cursos de Economia e Medicina, apesar de apresentarem uma
grandeza bem inferior. A situação das matrículas nos cursos de Administração
e Direito mostra uma significativa concentração na rede privada, na proporção
de uma matrícula pública para sete matrículas na rede privada.

11
Tabela 4 – Número de cursos de graduação, matrículas e concluintes por curso segundo
a categoria administrativa Brasil – 1991-2002
Curso/Categoria Número de Cursos Matrícula em 30/4 Concluintes
Administrativa 1991 1996 2002 1991 1996 2002
(1)
1990 1995 2002
(2)
LICENCIATURA 2.512 3.318 5.880 555.636 638.139 1.059.385 103.875 104.539 176.569
Pública 1.114 1.697 3.116 236.356 329.694 500.968 33.900 44.756 76.784
Privada 1.398 1.621 2.764 319.280 308.445 558.417 69.975 59.783 99.785
ADMINISTRAÇÃO 333 515 1.413 177.838 226.302 493.104 23.384 28.003 54.656
Pública 93 141 182 39.687 51.416 59.657 4.593 6.120 7.930
Privada 240 374 1.231 138.151 174.886 433.447 18.791 21.883 46.726
DIREITO 165 262 599 159.390 239.201 463.135 24.264 29.122 53.908
Pública 55 81 104 38.305 46.983 56.242 5.889 6.812 8.424
Privada 110 181 495 121.085 192.218 406.893 18.375 22.310 45.484
ECONOMIA 177 205 266 71.765 67.055 63.375 5.343 6.787 7.654
Pública 66 73 84 24.846 27.921 28.112 1.908 2.505 3.033
Privada 111 132 182 46.919 39.134 35.263 3.435 4.282 4.621
MEDICINA 80 86 115 46.881 48.667 59.755 6.968 7.194 8.498
Pública 46 51 61 28.387 29.639 31.630 4.145 4.531 4.938
Privada 34 35 54 18.494 19.028 28.125 2.823 2.663 3.560
Fonte: MEC/Inep.
Notas: (1) Matrícula em 30/6/2002.
(2) As informações de número de cursos e matrículas são relativas aos cursos que possuem licenciatura, mas que
contabilizam os bacharéis e os licenciados. Para os concluintes a informação é exclusiva de licenciatura.

O número de concluintes com licenciatura em 2001 foi de 176.569.

Um outro aspecto a se considerar é como este aumento de concluintes


distribui-se entre os diferentes cursos de licenciatura e compará-los com a
demanda por professor nas respectivas áreas. Este esforço comparativo é
apresentado na Tabela 5. Para compor a coluna da demanda de docentes,
consideramos para o Ensino Médio uma relação de 37 alunos por turma (média
nacional) e uma jornada semanal de 20 horas assim distribuídas: Língua
Portuguesa, 4 horas; Matemática, 3 horas; Biologia, Física, Química, História e
Geografia, 2 horas; Língua Estrangeira, Educação Física e Educação Artística,
1 hora. Já para as turmas de 5ª a 8ª série, a jornada de 20 horas está assim
distribuída: Língua Portuguesa e Ciências, 4 horas; Matemática, 3 horas;
História e Geografia, Língua Estrangeira e Educação Física, 2 horas; Educação
Artística, 1 hora.

Analisando os dados da Tabela 5, constatam-se como áreas críticas,


onde o número de licenciados está muito abaixo da demanda estimada, as
disciplinas de Química e Física, em especial se considerarmos que estes
docentes devem compartilhar com os biólogos a disciplina de Ciências. Deve-se,
ainda, considerar que nem todos os concluintes com licenciatura atuarão,
necessariamente, como professores.

12
Tabela 5 – Demanda estimada de funções docentes e número de licenciados
por disciplina – Brasil

Demanda Estimada para 2002 Número de Licenciados


Disciplina Ensino Ensino Fund. (1)
Total 1990-2001 2002-2010
Médio 5ª a 8ª série

Língua Portuguesa 47.027 95.152 142.179 52.829 221.981


Matemática 35.270 71.364 106.634 55.334 162.741
Biologia 23.514 95.152 55.231 53.294 126.488
Física 23.514 55.231 7.216 14.247
(Ciências)
Química 23.514 55.231 13.559 25.397
Língua Estrangeira 11.757 47.576 59.333 38.410 219.617
Educação Física 11.757 47.576 59.333 76.666 84.916
Educação Artística 11.757 23.788 35.545 31.464 12.400
História 23.514 47.576 71.089 74.666 102.602
Geografia 23.514 47.576 71.089 53.509 89.121
Fonte: MEC/Inep.
Nota: (1) Dados Estimados.

Contudo, como sabemos, o Brasil ainda não consegue assegurar a


Educação Infantil e o Ensino Médio a um número significativo de brasileiros
que aspiram a esses níveis de ensino. Logo, não basta ver a demanda atual de
professores sem considerar a expansão do sistema, que tem seu referencial
estratégico definido pelo Plano Nacional de Educação. Estas necessidades
são indicadas na Tabela 6, construída a partir das metas de expansão de
atendimento do PNE e considerando a relação aluno/professor vigente em
2002. Observamos que, com o incremento das matrículas na Creche, a
estimativa de professores para 2006 exigirá a criação de, pelo menos, mais
107 mil funções docentes. No caso da Pré-Escola, a meta de matrículas exigirá
um crescimento de 32 mil novas funções docentes diante da situação de 2002.

Para o ensino fundamental de 1ª a 4ª série, diante da redução esperada


nas matrículas, considerando a manutenção do cenário de políticas para a
regularização do fluxo escolar, a expectativa para 2006 implicará redução de
150 mil postos de professores. Esses profissionais poderão ser remanejados
para outros níveis de ensino, em especial para a Educação Infantil. No ensino
fundamental de 5ª a 8ª série, também em função do cenário de adequação do
fluxo escolar, até o ano de 2006, deverão ser necessários 98 mil novos
professores. Por fim, para o Ensino Médio, que passa por um processo de
grande expansão, a necessidade estimada é de um incremento de 125 mil
novos docentes. Mesmo considerando os dados da Tabela 5 que apontam
para um grande número de novos licenciados na década, estimam-se graves
problemas, em especial nas áreas de Física e Química, para atender ao
incremento da matrícula no Ensino Médio. Vale ressaltar que essa avaliação
considerou constante a relação matrícula/professor registrada em 2002.

13
Tabela 6 – Estimativa(1) de funções docentes no setor público para atendimento das
metas do PNE Brasil – 2002-2006
Ano
Nível e Modalidade de Ensino (2)
2002 2003 2004 2005 2006
Creche (Até 3 anos)
- Matrícula no Setor Público 717.307 755.678 1.207.745 1.729.881 2.688.968
- Funções Docentes no Setor Público 38.750 40.823 65.244 93.451 145.262
Pré-escola (4 a 6 anos)
- Matrícula no Setor Público 3.706.894 3.838.087 3.989.839 4.175.139 4.400.470
- Funções Docentes no Setor Público 172.714 178.827 185.897 194.531 205.030
Ensino Fundamental – 1ª a 4ª série
- Matrícula no Setor Público 17.689.243 17.034.625 16.266.723 15.285.364 13.745.598
- Funções Docentes no Setor Público 701.308 675.355 644.911 606.004 544.958
Ensino Fundamental – 5ª a 8ª série
- Matrícula no Setor Público 14.226.342 14.489.864 14.866.202 15.429.827 16.376.152
- Funções Docentes no Setor Público 646.299 658.271 675.368 700.973 743.964
Ensino Médio
- Matrícula no Setor Público 7.587.684 7.864.600 8.585.991 9.302.083 10.274.160
- Funções Docentes no Setor Público 352.785 365.660 399.201 432.495 477.691
Fonte: MEC/Inep.
Notas: (1) A estimativa considerou constante a relação matrícula/função docente apresentada em 2002.
(2) Dados do Censo Escolar 2002.

14
3. Mercado de Trabalho

Em 2002, o Censo Escolar registrou um total de 2,4 milhões de funções


docentes em Creche, Pré-escola, Classe de Alfabetização, Ensino
Fundamental e Ensino Médio, para um total de 50,6 milhões de alunos
matriculados nesses níveis de ensino.

Dos 68.890 professores que atuam na creche, um pouco menos da


metade está na rede particular de ensino (30.140). Já na pré-escola, esta
proporção é de cerca de um terço.

De acordo com as metas do PNE, a quantidade de docentes em


Creche, Pré-escola e Classes de Alfabetização deve crescer nos próximos
anos. O PNE estabelece a meta de atendimento escolar de 50% das
crianças de até 3 anos de idade e 80% das crianças de 4 a 6 anos. A meta
para as crianças de 6 anos é ainda mais ambiciosa, ou seja, 100% de
atendimento escolar no mesmo período de tempo, isto é, 10 anos. Para
atingir estas metas, a rede pública terá que aumentar consideravelmente
sua participação e conseqüentemente terá aumentado o número de
docentes na Educação Infantil.

Tabela 7 – Número de funções docentes atuando em Creche e Pré-escola


por rede – Brasil e Regiões – 2002
Creche Pré-Escola
Unidade
Rede Rede
Geográfica Total Total
Pública Privada Pública Privada

Brasil 68.890 38.750 30.140 259.203 172.714 86.489


Norte 3.046 2.487 559 17.550 14.050 3.500
Nordeste 15.756 11.163 4.593 80.072 55.432 24.640
Sudeste 29.629 12.216 17.413 112.200 71.438 40.762
Sul 16.703 10.671 6.032 35.219 23.815 11.404
Centro-Oeste 3.756 2.213 1.543 14.162 7.979 6.183
Fonte: MEC/Inep.

O Gráfico 7 mostra que a maioria dos docentes (58%) que atuam em


Creche na Região Sudeste está na rede privada. Para as demais regiões, o
percentual de docentes que atuam em Creche é maior na rede pública, com
destaque para as Regiões Norte (81,6%) e Nordeste (70,8%).

15
%
90
81,6
80
70,8
70 63,9
58,8 58,9
60 56,2

50 43,8
41,2 41,1
40 36,1
29,2
30
18,4
20

10

0
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Pública Privada

Gráfico 7 – Creche – Distribuição percentual de funções docentes por dependência


administrativa – Brasil e regiões – 2002
Fonte: MEC/Inep.

Tabela 8 – Número de funções docentes atuando em Classe de Alfabetização e


Pré-Escola por rede – Brasil – 1991-2002
Classe de Alfabetização Pré-Escola
Ano Rede Rede
Total Total
Pública Privada Pública Privada

1991 89.291 76.188 13.103 166.917 112.056 54.861


1996 75.549 62.357 13.192 219.517 152.641 66.876
2002 38.281 22.880 15.401 259.203 172.714 86.489
Variação 1991-1996 -15,4% -18,2% 0,7% 31,5% 36,2% 21,9%
Variação 1996-2002 -49,3% -63,3% 16,7% 18,1% 13,2% 29,3%
Fonte: MEC/Inep.

Em função das Classes de Alfabetização estarem sendo desativadas,


com a possível absorção dos seus docentes na Educação Infantil ou nas séries
iniciais do Ensino Fundamental, está ocorrendo uma queda no número de
docentes atuando em Classes de Alfabetização (49,3%) no período de 1996 a
2002, sendo esta redução observada com maior intensidade na rede pública de
ensino, com redução de 63,3%, enquanto na rede privada observa-se um
aumento de 16,7%. Esta queda observada na rede pública é conseqüência
direta da entrada em vigor, em 1998, do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino e de Valorização do Magistério (Fundef) que
vincula o repasse de recursos apenas às matrículas no Ensino Fundamental
Regular.

16
40,0% 40,0%

20,0%
30,0%
Total Pública
0,0%
Privada
20,0%
-20,0%

10,0% -40,0%

-60,0%
0,0%
Total Pública Privada -80,0%

Variação (%) 1996-2002 Variação (%) 1991-1996 Variação (%) 1996-2002 Variação (%) 1991-1996

Gráfico 8 – Pré-Escola – Variação percentual do Gráfico 9 – Classe de Alfabetização – Variação


número de funções docentes por dependência percentual do número de funções docentes
administrativa – Brasil – 1991-2002 por dependência administrativa – Brasil –
1991-2002
Fonte: MEC/Inep. Fonte: MEC/Inep.

Em 2002, o Censo Escolar registrou um estoque de 38.281 docentes


atuando em Classes de Alfabetização, sendo 22.880 na rede pública. Cabe
observar que este contingente foi de 89.921 em 1991, sendo 76.188 na rede
pública. Resultado do declínio apresentado por essa “modalidade de ensino”.
Na rede pública, as Regiões Sul e Centro-Oeste tiveram menor redução no
número de docentes no período de 1996 a 2002. O Sudeste apresentou maior
declínio, passando de 8.098 em 1996 para 48 em 2.002, seguido do Nordeste,
com um declínio de 41.539 em 1996 para 16.841 em 2002.

Tabela 9 – Número de funções docentes atuando em Classe de Alfabetização e Ensino


Fundamental de 1ª a 4ª por rede – Brasil e regiões – 2002
a a
Classe de Alfabetização Ensino Fundamental de 1 a 4 série
Unidade
Rede Rede
Geográfica Total Total
Pública Privada Pública Privada

Brasil 38.281 22.880 15.401 809.125 701.308 107.817


Norte 5.244 4.087 1.157 76.650 72.175 4.475
Nordeste 25.507 16.841 8.666 278.478 245.539 32.939
Sudeste 4.627 48 4.579 284.380 234.713 49.667
Sul 232 59 173 112.810 101.162 11.648
Centro-Oeste 2.671 1.845 826 56.807 47.719 9.088
Fonte: MEC/Inep.

Enquanto a Pré-escola e o Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série


registram maior percentual de aumento na rede particular, a rede pública
supera a rede particular no Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série e o Ensino
Médio.

17
20,0% 40,0%

30,0%
10,0%
20,0%

0,0% 10,0%
Total Pública Privada

0,0%
-10,0% Total Pública Privada

Variação (%) 1996-2002 Variação (%) 1991-1996 Variação (%) 1996-2002 Variação (%) 1991-1996

Gráfico 10 – Ensino Fundamental – 1ª a 4ª Gráfico 11 – Ensino Fundamental – 5ª a 8ª


série – Variação percentual do número de série – Variação percentual do número de
funções docentes por dependência funções docentes por dependência
administrativa – Brasil – 1991-2002 administrativa – Brasil – 1991-2002
Fonte: MEC/Inep. Fonte: MEC/Inep.

O aumento no número de docentes no Ensino Fundamental de 5ª a 8ª


foi de 30,9% de 1996 para 2002, sendo 34,2% na rede pública. No Ensino
Médio este acréscimo foi de 43,3%, com 50,8% na rede pública. A região que
registrou maior aumento, tanto no Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série quanto
no Ensino Médio, foi a Nordeste. Isso se explica pelo constante aumento das
matrículas no segundo seguimento do Ensino Fundamental nessa região.

Tabela 10 – Número de funções docentes atuando no Ensino Fundamental e no Ensino


Médio por rede Brasil – 1991-2002
Ensino Fundamental Ensino Fundamental
a a Ensino Médio
de 1 a 4 série de 5ª a 8ª Série
Ano
Rede Rede Rede
Total Total Total
Pública Privada Pública Privada Pública Privada

1991 778.176 694.388 83.788 515.831 426.618 89.213 259.380 181.100 78.280
1996 776.537 681.906 94.631 611.710 498.712 112.998 326.827 233.958 92.869
2002 809.125 701.308 107.817 800.753 669.266 131.487 468.310 352.785 115.525
Variação 1991-1996 -0,2% -1,8% 12,9% 18,6% 16,9% 26,7% 26,0% 29,2% 18,6%
Variação 1996-2002 4,2% 2,8% 13,9% 30,9% 34,2% 16,4% 43,3% 50,8% 24,4%
Fonte: MEC/Inep.

18
60,0%

50,0%

40,0%

30,0%

20,0%

10,0%

0,0%
Total Pública Privada

Variação (%) 1996-2002 Variação (%) 1991-1996

Gráfico 12 – Ensino Médio – Variação Percentual do Número de Funções Docentes por


Dependência Administrativa Brasil – 1991-2002
Fonte: MEC/Inep.

Tabela 11 – Número de funções docentes atuando no Ensino Fundamental de 5ª a 8ª por


rede – Brasil e regiões – 2002
a a
Ensino Fundamental de 5 a 8 Série
Unidade
Rede
Geográfica Total
Federal Estadual Municipal Privada

Brasil 800.753 1.637 418.438 249.191 131.487


Norte 52.842 243 28.079 19.716 4.804
Nordeste 221.935 332 86.524 101.136 33.943
Sudeste 332.121 638 182.864 81.540 67.079
Sul 130.464 263 82.587 31.840 15.774
Centro-Oeste 63.391 161 38.384 14.959 9.887
Fonte: MEC/Inep.

Tabela 12 – Número de funções docentes atuando no Ensino Médio por dependência


administrativa – Brasil e regiões – 2002
Ensino Médio
Unidade
Rede
Geográfica Total
Federal Estadual Municipal Privada

Brasil 468.310 8.272 331.054 13.459 115.525


Norte 27.252 719 22.540 176 3.817
Nordeste 110.574 2.524 72.192 9.032 26.826
Sudeste 220.757 2.803 154.219 3.510 60.225
Sul 75.512 1.775 56.830 521 16.386
Centro-Oeste 34.215 451 25.273 220 8.271
Fonte: MEC/Inep.

19
20
4. Escolaridade do Professor

4.1 Professores que Atuam em Creche

A partir das determinações da LDB, que estabelece de forma incisiva,


pela primeira vez na história do País, o vínculo entre o atendimento da criança
de 0 a 6 anos e a educação, cresceram as discussões e os diagnósticos sobre
a situação da educação infantil no Brasil. Nesse contexto, a questão da
habilitação adequada do professor que irá atuar junto a essa clientela é um dos
pontos prioritários, tendo em vista a sua especificidade.

As creches, voltadas para o atendimento das crianças de 0 a 3 anos, e


que, de acordo com o Censo Demográfico 2000 do IBGE, correspondem a 13
milhões de crianças, foram incluídas de forma sistemática no levantamento do
Censo Escolar somente a partir de 1999. Anteriormente esse tipo de
atendimento era pesquisado apenas quando oferecido por estabelecimentos
que tivessem pré-escola, ensino fundamental ou ensino médio.

Em 2000, com a realização do Censo da Educação Infantil, o Inep


iniciou um cadastramento de todos esses estabelecimentos de ensino. Nesse
processo crescente de identificação do universo, os dados do Censo Escolar
2002 mostraram que existem 68.890 funções docentes atuando em Creche.
Ainda em termos absolutos, a grande maioria encontra-se na Região Sudeste,
que concentra 43% das funções docentes desse tipo de atendimento no País.
As Regiões Sul e Nordeste mostram uma relativa equivalência de valores, com
16.703 e 15.756 funções docentes, respectivamente. Nas Regiões Centro-
Oeste e Norte, os valores são bem inferiores, com um número de funções
docentes atuando em Creche em torno de três mil.

Tabela 13 – Funções docentes em Creche por grau de formação – Brasil e regiões – 2002

Grau de Formação
Unidade
Fundamental Médio Superior
Geográfica Total
Incompleto Completo Completo Completo

Brasil 68.890 3.657 5.969 49.103 10.161


Norte 3.046 139 308 2.496 103
Nordeste 15.756 874 1.649 12.070 1.163
Sudeste 29.629 1.390 1.966 20.639 5.634
Sul 16.703 1.075 1.800 11.317 2.511
Centro-Oeste 3.756 179 246 2.581 750
Fonte: MEC/Inep.

Em termos de escolaridade, 14% das funções docentes que atuam em


Creche têm formação inferior ao Ensino Médio, e esse quadro mostra-se
relativamente uniforme ao se comparar as regiões geográficas. Contudo, nunca
é demais ressaltar sobre as precariedades das estatísticas sobre creches no

21
Brasil, visto que uma parcela dessas encontra-se não regularizada e, portanto,
não responde aos questionários do Censo Escolar. Diante disso, podemos
adiantar que os problemas de qualificação dos profissionais nesse segmento
são bem mais graves do que os indicadores da Tabela 13 parecem apontar.

Tabela 14 – Percentual de funções docentes em Creche por grau de formação –


Brasil e Regiões – 2002
Grau de Formação
Unidade
Fundamental Médio Superior
Geográfica
Incompleto Completo Completo Completo

Brasil 5,3 8,7 71,3 14,7


Norte 4,6 10,1 81,9 3,4
Nordeste 5,5 10,5 76,6 7,4
Sudeste 4,7 6,6 69,7 19,0
Sul 6,4 10,8 67,8 15,0
Centro-Oeste 4,8 6,5 68,7 20,0
Fonte: MEC/Inep.

4.2 Professores que Atuam em Pré-Escola

O índice de docentes com formação superior e licenciatura atuando na


Pré-Escola aumentou de 16,3% (1996) para 22,5% (2002). Todas as regiões
contribuíram para esse aumento: Sul, que passou de 21,8% (1996) para 28,4%
(2002); Centro-Oeste, de 21,1% (1996) para 27,5% (2002); Sudeste, de 28,2%
(1996) para 33,5% (2002); Nordeste, de 3,8% (1996) para 8% (2002); e,
finalmente, a Região Norte, com o menor crescimento, passando de 2% (1996)
para 3,1% (2002).

22
Tabela 15 – Percentual de funções docentes que atuam na Pré-Escola por grau de
formação – Brasil e regiões – 1991-2002

Grau de Formação
Unidade Médio Superior
Ano Até
Geográfica Com Sem Sem Com
Fundamental
Magistério Magistério Licenciatura Licenciatura
1991 18,9 56,6 7,4 1,3 15,8
Brasil 1996 16,1 61,4 4,3 2,0 16,3
2002 4,4 64,0 4,2 4,9 22,5
1991 33,3 59,8 5,1 0,1 1,7
Norte 1996 30,4 63,8 3,5 0,3 2,0
2002 6,4 86,8 2,1 1,6 3,1
1991 37,1 54,1 4,9 0,4 3,6
Nordeste 1996 31,1 61,1 3,2 0,8 3,8
2002 8,6 77,1 3,9 2,4 8,0
1991 4,3 60,1 8,2 2,2 25,3
Sudeste 1996 2,4 62,2 4,3 2,9 28,2
2002 1,5 55,1 3,6 6,4 33,5
1991 13,2 53,0 9,8 1,3 22,7
Sul 1996 9,0 58,2 7,7 3,3 21,8
2002 3,9 53,9 6,6 7,3 28,4
1991 13,4 53,8 13,8 2,0 17,1
Centro-Oeste 1996 9,2 62,4 4,8 2,4 21,1
2002 2,9 57,5 6,7 5,4 27,5
Fonte: MEC/Inep.

4,4
15,8 18,9 22,5

1,3 Até Fundamental

7,4 Médio Com Magistério


4,9
Médio Sem Magistério
4,2
Superior Sem Licenciatura

64,0
Superior Com Licenciatura

56,6

Gráfico 13 – Pré-Escola – Percentual de Gráfico 14 – Pré-Escola – Percentual de


funções docentes por grau de formação funções docentes por grau de formação
Brasil – 1991 Brasil – 2002
Fonte: MEC/Inep. Fonte: MEC/Inep.

4.3 Professores que Atuam no Ensino Fundamental

A proporção de docentes com formação até o Ensino Fundamental,


lecionando no Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série, diminuiu de 15,3% (1996)
para 2,8% (2002), e de 1% (1996) para 0,3% (2002) para os que atuam de 5ª a
8ª série. As regiões que mais contribuíram para essa redução, considerando o
Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série, foram: Norte, passando de 33,3% (1996)

23
para 5,6% (2002); e Nordeste, de 27,7% (1996) para 5,1% (2002). Nas demais
regiões, o número de docentes com este nível de formação praticamente
acabou. No Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série, o percentual está em um
nível muito baixo, chegando, no máximo, a 0,6%; podemos destacar a Região
Sudeste que, em 2002, registrou apenas 0,1% dos professores com esse nível
de formação.

De maneira geral observa-se que o nível de qualificação dos docentes


tem melhorado muito nos últimos anos. Há, entretanto, de se avançar mais
para o completo atendimento das metas do PNE.

Tabela 16 – Percentual de funções docentes que atuam no Ensino Fundamental


de 1ª a 4ª série por grau de formação – Brasil e Regiões – 1991-2002
Grau de Formação
Unidade Médio Superior
Ano Até
Geográfica Com Sem Sem Com
Fundamental
Magistério Magistério Licenciatura Licenciatura

1991 17,4 57,7 5,7 0,9 18,3


Brasil 1996 15,3 61,1 3,3 1,8 18,5
2002 2,8 64,0 2,9 3,9 26,4
1991 39,3 53,0 4,5 0,1 3,1
Norte 1996 33,3 60,1 3,9 0,4 2,3
2002 5,6 85,8 2,0 1,3 5,3
1991 31,8 57,8 4,3 0,2 5,9
Nordeste 1996 27,7 61,5 3,0 1,0 6,8
2002 5,1 77,1 2,8 2,6 12,3
1991 3,6 61,9 5,6 1,5 27,4
Sudeste 1996 3,0 63,5 2,2 2,6 28,7
2002 0,8 53,4 2,6 4,8 38,4
1991 9,0 51,9 7,6 1,0 30,6
Sul 1996 5,5 56,7 5,7 2,5 29,6
2002 1,1 50,3 3,4 5,9 39,4
1991 17,3 54,0 9,8 1,8 17,0
Centro-Oeste 1996 11,4 58,2 4,2 2,6 23,7
2002 1,7 50,8 4,9 4,8 37,7
Fonte: MEC/Inep.

24
2,8
18,3 17,4
26,4
Até Fundamental
0,9
Médio Com Magistério
5,7

Médio Sem Magistério


3,9
Superior Sem Licenciatura 2,9
64,0
Superior Com Licenciatura
57,7

Gráfico 15 – E. Fundamental – 1ª a 4ª Gráfico 16 – E. Fundamental – 1ª a 4ª série –


série – Percentual de funções Percentual de funções docentes por grau
docentes por grau de formação de formação – Brasil – 2002
Brasil – 1991
Fonte: MEC/Inep. Fonte: MEC/Inep.

A Tabela 17, que apresenta o grau de formação das funções docentes


de 5ª a 8ª série, indica que há ainda um longo caminho a percorrer para o
pleno atendimento da exigência mínima legal que é a de licenciatura plena.
Pela tabela, constata-se que aproximadamente 32% das funções docentes do
País não possuem esse grau de formação, chegando a 59% na Região Norte e
52% na Região Nordeste. Tendo em vista o aumento esperado nas matrículas
neste setor, em especial nas regiões onde a carência de professores
habilitados é maior, cabe o alerta para o problema em questão.

Tabela 17 – Percentual de funções docentes que atuam no Ensino Fundamental de 5ª a


8ª série por grau de formação – Brasil e regiões – 1991-2002

Grau de Formação
Unidade Médio Superior
Ano Até
Geográfica Com Sem Sem Com
Fundamental
Magistério Magistério Licenciatura Licenciatura
1991 0,8 15,8 9,7 3,0 70,7
Brasil 1996 1,0 18,7 6,6 5,7 68,0
2002 0,3 18,9 5,6 6,9 68,3
1991 1,8 35,2 18,5 2,0 42,4
Norte 1996 2,1 43,4 11,2 6,0 37,3
2002 0,6 46,1 5,8 6,3 41,1
1991 1,6 36,3 13,2 2,2 46,8
Nordeste 1996 1,3 38,1 7,7 6,5 46,4
2002 0,4 37,6 6,7 6,9 48,4
1991 0,3 6,2 7,7 3,6 82,2
Sudeste 1996 0,7 8,1 5,2 5,5 80,6
2002 0,1 5,9 4,3 6,4 83,3
1991 0,7 9,7 7,3 2,4 79,8
Sul 1996 0,8 9,4 5,8 4,5 79,5
2002 0,4 7,6 5,7 8,3 78,0
1991 1,4 20,3 12,3 3,8 62,3
Centro-Oeste 1996 1,5 23,8 9,3 7,3 58,0
2002 0,4 22,5 8,2 7,2 61,7
Fonte: MEC/Inep.

25
0,8 0,3
15,8 18,9

Até Fundamental

9,7 Médio Com Magistério 5,6

3,0
Médio Sem Magistério
6,9

Superior Sem Licenciatura


70,7
Superior Com Licenciatura
68,3

Gráfico 17 – E. Fundamental – 5ª a 8ª Gráfico 18 – E. Fundamental – 5ª a 8ª


série – Percentual de funções docentes série – Percentual de funções docentes
por grau de formação – Brasil – 1991 por grau de formação – Brasil – 2002

Fonte: MEC/Inep. Fonte: MEC/Inep.

4.4 Professores que Atuam no Ensino Médio

Embora o Ensino Médio seja o nível de ensino que detém os


professores com melhor escolaridade, cabe salientar que 21% deles ainda não
têm a formação mínima exigida pela legislação.

A Região Sudeste tem mais de 85% dos seus docentes de Ensino Médio
com nível de formação adequada. Na Região Norte observa-se que 15% dos
docentes, embora tenham curso superior, não são licenciados. Existem
diferenças bastante significativas entre regiões, Estados e municípios, o que
mostra que, assim como nas séries finais do Ensino Fundamental, é preciso
investir na formação dos docentes, em especial naquelas regiões do País e nas
áreas do conhecimento onde a carência é mais crítica.

26
Tabela 18 – Percentual de funções docentes que atuam no Ensino Médio por grau de
formação – Brasil e regiões – 1991-2002
Grau de Formação
Unidade Médio Superior
Ano Até
Geográfica Com Sem Sem Com
Fundamental
Magistério Magistério Licenciatura Licenciatura
1991 0,4 6,8 9,4 8,5 74,9
Brasil 1996 0,3 6,9 6,4 12,1 74,3
2002 0,1 5,2 5,4 10,3 79,0
1991 0,4 11,2 16,9 7,2 64,3
Norte 1996 0,4 13,0 7,2 16,2 63,2
2002 0,0 9,9 5,6 14,9 69,6
1991 0,8 18,8 13,0 7,8 59,7
Nordeste 1996 0,6 16,6 7,8 13,9 61,0
2002 0,1 12,2 7,7 13,3 66,7
1991 0,3 2,2 8,0 8,8 80,8
Sudeste 1996 0,2 2,8 5,4 11,7 80,0
2002 0,0 1,2 3,5 8,3 87,0
1991 0,2 2,7 6,8 8,3 82,0
Sul 1996 0,3 2,6 6,1 10,0 80,9
2002 0,1 2,2 5,9 10,7 81,0
1991 0,5 12,0 10,4 9,5 67,6
Centro-Oeste 1996 0,3 10,9 9,4 11,7 67,7
2002 0,1 11,5 9,1 9,2 70,1
Fonte: MEC/Inep.

0,4 6,8 0,1 5,2


5,4
9,4
Até Fundamental 10,3

8,5 Médio Com Magistério

Médio Sem Magistério

Superior Sem Licenciatura

74,9 Superior Com Licenciatura


79,0

Gráfico 19 – Ensino Médio – Gráfico 20 – Ensino Médio – Percentual de


Percentual de funções docentes por Funções Docentes por Grau de Formação
grau de formação Brasil – 1991 Brasil – 2002

Fonte: MEC/Inep. Fonte: MEC/Inep.

4.5 Professores que Atuam na Educação Superior

O Ensino Superior de graduação tem registrado melhoria constante no


nível de qualificação dos seus professores. Em 1991, mestres e doutores eram
apenas 35% dos docentes. Com um aumento de praticamente 155% no
período (1991 a 2002), o número de mestres e doutores já representa mais de
54% dos docentes neste nível de ensino, efeito que pode ser atribuído à LDB e

27
à legislação posterior que aumentaram as exigências de formação mesmo para
os estabelecimentos isolados de ensino.

Um dado que merece comentário é que, neste aspecto, a situação do


Nordeste não destoa muito daquela das outras regiões do País,
particularmente do Sudeste, fato que pode ser explicado pela maior
participação das instituições públicas na primeira região, que apresentam uma
melhor qualificação de seu pessoal docente, quando comparada com a
segunda.

Tabela 19 – Número de funções docentes atuando na Educação Superior por grau de


formação – Brasil e Regiões ± 2001
Grau de Formação
Unidade
Total Sem
Geográfica Graduação Especialização Mestrado Doutorado
Graduação

Brasil 219.947 301 32.380 68.155 72.978 46.133


Norte 9.341 31 1.827 3.582 2.989 912
Nordeste 34.006 63 5.130 11.682 11.748 5.383
Sudeste 113.647 131 16.883 31.527 36.100 29.006
Sul 45.287 27 5.620 14.827 16.487 8.326
Centro-Oeste 17.666 49 2.920 6.537 5.654 2.506
Fonte: MEC/Inep.

Tabela 20 – Número de funções docentes atuando na Educação Superior por grau de


formação – Brasil – 1991-2001
Grau de Formação
Ano Total Sem
Graduação Especialização Mestrado Doutorado
Graduação
1991 133.135 152 42.375 43.850 29.046 17.712
1996 148.320 333 33.037 53.990 36.954 24.006
2001 219.947 301 32.380 68.155 72.978 46.133

Variação 1991-1996 11,4% 119,1% -22,0% 23,1% 27,2% 35,5%


Variação 1996-2001 48,3% -9,6% -2,0% 26,2% 97,5% 92,2%
Fonte: MEC/Inep.

4.6 Professores que Atuam na Zona Rural

A educação do campo encontra-se na pauta de discussão das políticas


públicas, diante das suas especificidades e da necessidade de que ela seja um
instrumento para o desenvolvimento sustentável dessa região. Diante disso, a
questão do professor exige uma abordagem própria e contextualizada nessa
realidade.

A área rural, no Brasil, concentra cerca de 50% dos estabelecimentos de


ensino de educação básica e apenas 14% dos estudantes. Suas escolas são,
geralmente, pequenas e unidocentes. De acordo com o Censo Escolar 2002,
dentre os 100.084 estabelecimentos rurais de ensino que oferecem o ensino

28
fundamental de 1ª a 4ª série, 63.928 oferecem exclusivamente turmas
multisseriadas. Essa predominância de organização exige que um mesmo
professor, além das atividades administrativas que caberiam a um diretor,
ministre, simultaneamente, aulas para diferentes séries.

Se na zona urbana já se observa carência de pessoal qualificado para


atuar na educação básica, no meio rural esse quadro é ainda mais crítico. No
Brasil, menos de 10% dos docentes da zona rural que atuam nas séries iniciais
do ensino fundamental têm formação superior, enquanto na zona urbana esse
contingente representa 38% das funções docentes. Cabe observar, entretanto,
que nas Regiões Sul e Sudeste os percentuais são bem melhores que nas
demais regiões do País. Isso pode ser explicado pela maior oferta de cursos
superiores, o que acarreta aumento da existência de professores habilitados.
Políticas de remuneração seguramente influenciam ainda mais essas
disparidades.

Tabela 21 – Ensino Fundamental 1ª a 4ª série – Percentual de funções docentes por grau


de formação e localização – Brasil e Regiões – 2002
Percentual de Docentes por Grau de Formação
Unidade Geográfica Até Fundamental Médio Completo Superior Completo
Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural

Ensino Fundamental – 1ª a 4ª série


Brasil 0,8 8,3 61,1 82,9 38,1 8,8
Norte 1,0 11,6 87,9 87,6 11,1 0,8
Nordeste 1,5 9,8 76,3 84,7 22,1 5,4
Sudeste 0,5 2,5 52,9 78,9 46,6 18,6
Sul 0,5 3,7 48,8 73,5 50,6 22,8
Centro-Oeste 0,6 8,8 52,5 77,3 46,9 13,9
Fonte: MEC/Inep.

0,8 8,8 8,3

38,1 Até Fundamental

Médio Completo

61,1
Superior Completo

82,9

Gráfico 21 – E. Fundamental – 1ª a 4ª Gráfico 22 – E. Fundamental – 1ª a 4ª série –


série – Percentual de funções Percentual de funções docentes na
docentes na localização urbana por localização rural por grau de formação
grau de formação Brasil – 2002 Brasil – 2002
Fonte: MEC/Inep. Fonte: MEC/Inep.

29
No segundo ciclo do ensino fundamental (5ª a 8ª série), apesar de o quadro
revelado pelos números do Censo Escolar 2002 ser melhor do que o das séries
iniciais, observa-se que menos da metade dos docentes tem formação superior e,
como era de se esperar, com grandes diferenças regionais. Na zona urbana
praticamente 80% dos docentes têm curso superior.

Vale ressaltar que o universo de escolas rurais que oferecem as séries


finais do ensino fundamental é bastante reduzido, ao se comparar com aquelas
que oferecem as séries iniciais. Ao se analisar o número de matrículas,
observa-se que no ensino fundamental de 1ª a 4ª existiam, em 2002, em torno
de 4,8 milhões de alunos, enquanto nas séries finais o número de alunos não
ultrapassou 1,5 milhões. É possível que boa parcela dos alunos que concluem
a 4ª série do ensino fundamental e que pretendem continuar os estudos fique
obrigada a procurar escolas na área urbana.

Tabela 22 – Ensino Fundamental – 5ª a 8ª série – Percentual de funções docentes por


grau de formação e localização – Brasil e regiões – 2002

Percentual de Docentes por Grau de Formação


Unidade Geográfica Até Fundamental Médio Completo Superior Completo
Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural

Ensino Fundamental – 5ª a 8ª série


Brasil 0,2 0,8 20,7 56,8 79,1 42,4
Norte 0,5 1,2 44,6 79,7 54,9 19,0
Nordeste 0,3 0,6 38,8 71,0 60,9 28,4
Sudeste 0,1 0,1 8,9 37,4 90,9 62,5
Sul 0,3 1,1 11,3 26,5 88,3 72,4
Centro-Oeste 0,2 2,2 28,4 58,7 71,3 39,1
Fonte: MEC/Inep.

0,2 0,8
20,7

Até Fundamental
42,4

Médio Completo
56,8

Superior Completo

79,1

Gráfico 23 – E. Fundamental – 5ª a Gráfico 24 – E. Fundamental – 5ª a


8ª série – Percentual de funções 8ª série – Percentual de funções
docentes na localização urbana por docentes na localização rural por
grau de formação Brasil – 2002 grau de formação Brasil – 2002
Fonte: MEC/INEP

30
Diante da maior complexidade do conteúdo programático do Ensino
Médio, refletido na especificidade das disciplinas, fica evidente a necessidade
da maior habilitação do professor. Mais uma vez observa-se a carência de
profissionais com formação adequada nas escolas rurais. Esse fato tem
repercussão na reduzida oferta desse nível de ensino na zona rural.

No Ensino Médio, as diferenças entre zona urbana e zona rural são


menores, apesar da predominância de melhor formação na zona urbana.
Surpreende a constatação de que na Região Sudeste, mais de 92% dos
docentes que atuam no Ensino Médio em escolas rurais têm formação
superior.

Tabela 23 – Ensino Médio – Percentual de funções docentes por grau de formação e


localização – Brasil e Regiões – 2002
Percentual de Docentes por Grau de Formação
Unidade Geográfica Até Fundamental Médio Completo Superior Completo
Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural

Ensino Médio
Brasil 0,1 0,2 10,4 21,8 89,5 78,0
Norte 0,0 - 15,3 19,3 84,6 80,7
Nordeste 0,1 0,1 19,4 34,0 80,5 65,9
Sudeste 0,0 - 4,7 7,1 95,3 92,9
Sul 0,1 0,1 8,0 13,0 91,8 86,9
Centro-Oeste 0,1 1,5 20,4 30,5 79,6 68,0
Fonte: MEC/Inep.

0,1 10,4 0,2

21,8

Até Fundamental

Médio Completo

Superior Completo

78,0
89,5
Gráfico 25 – Ensino Médio –
Gráfico 25 – Ensino Médio – Percentual de funções docentes
Percentual de funções docentes na localização urbana por grau de
na localização urbana por grau de formação – Brasil – 2002
formação – Brasil – 2002
Fonte: MEC/Inep.
Fonte: MEC/Inep.

Os dados mostram que, de fato, há muito que se avançar para melhorar


as condições de ensino oferecidas à população rural. É tarefa de difícil solução
e que demanda diferentes estratégias. De qualquer forma, melhorar a
qualificação dos docentes que atuam nessas áreas tem como fator limitador a
disponibilidade de mão-de-obra qualificada nessas localidades. Formação

31
continuada para os profissionais que já atuam na zona rural e políticas de
formação e melhoria das condições profissionais são tarefas que podem ser
fomentadas e implantadas pelo poder público para diminuir a distância entre o
meio urbano e o rural.

32
5. Indicadores de Remuneração, Gênero
e Formação Continuada

5.1 Os salários

O conhecimento da forma como os salários em uma economia


diferenciam-se de acordo com certas características dos trabalhadores, como,
por exemplo, o tipo de ocupação, permite decompor as diferenças que existem
entre os salários das diversas regiões do País nas diferentes ocupações. Esse
conhecimento permite auxiliar políticas públicas voltadas para os profissionais
que atuam em áreas estratégicas para o desenvolvimento do país, seja no
treinamento, na formação profissional, ou na remuneração.

Para o salário dos diferentes tipos de ocupação profissional, foi utilizada


a Pnad de 2001 (rendimento mensal da ocupação principal).

Tabela 24 – Rendimento médio mensal e número de profissionais por tipo de profissão


segundo regiões geográficas e Brasil – 2001
(Em R$ 1,00)
1
Número de Rendimento médio por regiões geográficas
Tipos de profissionais profissionais Centro-
no Brasil Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul
Oeste
Professor da educação infantil 201.232 422,78 388,89 232,79 522,44 435,87 749,61
Professor de 1a a 4a série 881.623 461,67 443,17 293,18 599,19 552,72 567,38
Professor de 5a a 8a série 521.268 599,85 600,99 372,81 792,82 633,92 593,52
Funções adm. de nível superior em educação 139.575 849,16 753,20 549,60 1.092,85 738,27 834,86
Professor de nível médio 348.831 866,23 826,28 628,08 979,16 804,32 872,20
Suboficial das Forças Armadas 517.038 868,73 817,55 723,52 986,19 747,23 910,93
Professor-pesquisador no E. Superior 6.448 898,80 215,33 1.150,16 946,56 712,65 875,47
Agente administrativo público 316.761 911,82 661,40 679,31 1.072,50 926,14 1.103,37
Administrador de empresas 502.895 1.202,86 986,87 774,85 1.411,18 1.057,85 1.123,93
Técnico de nível superior – público 421.318 1.310,56 1.053,94 794,02 1.586,97 1.308,30 1.876,79
Policial civil 72.743 1.510,64 1.344,46 1.320,40 1.457,90 1.488,02 2.087,23
Oficial das Forças Armadas 89.387 2.091,53 2.129,41 1.674,46 2.250,53 1.949,68 2.321,03
Economista 44.772 2.254,66 1.700,77 2.009,08 2.227,19 1.641,35 3.592,64
Auditor 68.870 2.408,40 3.512,94 1.584,94 2.588,47 1.986,32 3.133,88
Advogado 271.241 2.496,76 3.893,83 2.245,35 2.431,04 2.597,39 2.768,25
Professor de nível superior 136.977 2.565,47 1.800,30 2.252,08 3.086,95 2.122,77 2.190,10
Delegado/Perito 13.973 2.660,52 2.753,91 1.347,25 2.650,73 3.714,45 5.969,61
Médico 257.414 2.973,06 4.429,82 2.576,78 2.801,77 3.260,41 4.110,87
Juiz 10.036 8.320,70 5.905,38 8.038,88 9.018,42 9.750,00 7.331,08

Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) – 2001.


Nota: (1) Valor em R$ de setembro de 2001.

33
Juiz

9 Médico

Professor de Ed. Superior

7 Advogado
Economista

5 Policial civil

Professor de E. Médio

3 Professor de 5ª a 8ª série

Professor de 1ª a 4ª série

1 Professor de Ed. Infantil

0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000

Gráfico 27 – Rendimento médio mensal em R$ por tipo de Profissão Brasil – 2001


Fonte: IBGE – Pnad 2001

R$ 900,00
R$ 800,00
R$ 700,00
R$ 600,00
R$ 500,00
R$ 400,00
R$ 300,00
R$ 200,00
R$ 100,00
R$ 0,00
Nordeste Norte Brasil Sul Centro- Sudeste
Oeste

Professores de 1ª a 4ª série Professores de 5ª a 8ª série

Gráfico 28 – Rendimento Médio Mensal de Professores de 1ª a 4ª e de 5ª a 8ª séries,


em R$ – Brasil e Regiões – 2001
Fonte: IBGE – Pnad 2001

Entre as profissões consideradas, os profissionais com menor


rendimento mensal são os professores de Educação Infantil e do Ensino
Fundamental seguidos dos professores de Ensino Médio, Suboficial das Forças
Armadas, Professor-Pesquisador do Ensino Superior e agente administrativo
público, que têm salários de 1,4 a até 2 vezes maiores do que os salários do
primeiro grupo de profissionais.

Em seguida, com salários bastante diferenciados, aparecem outros


profissionais de carreira do serviço público e de autônomos, como

34
administrador, técnico de nível superior no serviço público, policial civil, oficial
das Forças Armadas, economista, advogado e médico, que têm salários
médios de três a até sete vezes maiores do que o salário médio dos
profissionais de menor rendimento. No Brasil, médicos e advogados ganham,
em média, quatro vezes o que ganha um professor que atua nas séries finais
do ensino fundamental. Não se trata aqui da questão de quem deve ganhar
mais. A questão em foco é avaliar a magnitude da diferença entre os salários
desses profissionais, ambos com formação em nível superior. A profissão em
destaque é a de juiz, com um rendimento médio de quase 20 vezes o valor do
rendimento médio mensal do professor da educação infantil, por exemplo.

A região com maior variação de salário é a Nordeste, onde as médias


salariais de diversas profissões chegam a ser de 7 a até 34 vezes o valor do
salário de um professor da educação infantil ou do ensino fundamental. A
região que apresenta menor variação é a Região Centro-Oeste, que
apresentou variações de duas a nove vezes entre os menores e os maiores
salários. Em todos os casos, as regiões Norte e Nordeste encontram-se abaixo
da média nacional. As regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul apresentam
médias salariais maiores do que a média do Brasil, sendo a primeira
provavelmente bastante influenciada pelo Distrito Federal. Entre os
professores, existem diferenças muito grandes entre os salários pagos nas
diferentes regiões do Brasil. Um professor do Sudeste, por exemplo, ganha em
média, duas vezes o que ganha um professor do Nordeste.

Tornar uma profissão mais atrativa requer, entre outros fatores, a


possibilidade de obtenção de bons salários. Há, de fato, correlação entre nível
salarial da carreira e demanda nos processos seletivos para ingresso nas
instituições de ensino superior. Comparando a Tabela 24 com a Tabela 3,
constata-se claramente que quanto maior a média salarial de uma profissão de
nível superior, maior é a demanda dos cursos na respectiva área, sobretudo na
rede pública. Nesse aspecto, se é evidente que bons salários não bastam para
melhorar a qualidade do ensino, sem eles dificilmente se conseguirá atrair os
graduandos mais bem preparados para a atividade docente na educação
básica. Uma outra forma de analisar as diferenças é comparar os salários com
o número de profissionais existentes em cada área. Assim, segundo os dados
da Tabela 24, havia, em 2001, cerca de 2 milhões de professores da Educação
Básica, para 271 mil advogados, 257 mil médicos, 137 mil professores
universitários e apenas 14 mil delegados e 10 mil juízes. Assim, o que se
observa, em especial nas carreiras onde o poder público é o maior
empregador, é que quanto maior o número de profissionais, menor o salário.

5.2 Gênero e Formação Continuada

Os dados apresentados a seguir quanto ao gênero e à formação


continuada dos professores foram obtidos a partir da última avaliação do Saeb
realizada em outubro de 2001. O Sistema de Avaliação da Educação Básica
(Saeb), é uma avaliação realizada pelo Inep a cada dois anos, por
amostragem, com objetivo de diagnosticar a Educação Básica. Os alunos de 4ª
série e 8ª série do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio são

35
avaliados nas disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa. Em conjunto
com as provas aplicadas aos alunos, são aplicados questionários para o diretor
da escola, professores de Matemática e Língua Portuguesa e para escola. A
última avaliação ocorreu em outubro de 2001.

A distribuição dos professores por gênero varia bastante segundo a


disciplina e a série, conforme descrito na Tabela 25. Em Língua Portuguesa,
independentemente da série avaliada, a proporção de professores do sexo
feminino representa a maioria. No entanto, a proporção de mulheres vai
diminuindo gradativamente conforme a série pesquisada aumenta. Já em
Matemática, a proporção de docentes do sexo feminino é maior na 4ª série
(91,1%), e diminui gradativamente até a 3ª série do Ensino Médio, quando a
proporção de docentes do sexo masculino assume a maioria, representando
54,7% dos docentes.

Tabela 25 – Distribuição percentual dos professores por disciplina e série, segundo o


gênero e a unidade geográfica – Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb/2001
Disciplina
Unidade Língua Portuguesa Matemática
Gênero do Professor
Geográfica Série Série
a a a a a a
4 - EF 8 - EF 3 - EM 4 - EF 8 - EF 3 - EM
Masculino 7,9 13,3 26,5 8,9 43,7 54,7
Brasil
Feminino 92,1 86,7 73,5 91,1 56,3 45,3
Masculino 13,6 29,0 46,5 18,3 62,9 63,4
Norte
Feminino 86,4 71,0 53,5 81,7 37,1 36,6
Masculino 12,4 20,8 30,6 12,6 57,2 77,4
Nordeste
Feminino 87,6 79,2 69,4 87,4 42,8 22,6
Masculino 2,6 11,6 25,1 3,6 34,4 46,7
Sudeste
Feminino 97,4 88,4 74,9 96,4 65,6 53,3
Masculino 5,2 9,4 16,0 6,3 36,6 39,0
Sul
Feminino 94,8 90,6 84,0 93,7 63,4 61,0
Masculino 9,3 20,5 20,5 10,9 46,0 65,1
Centro-Oeste
Feminino 90,7 79,5 79,5 89,1 54,0 34,9
Fonte: MEC/Inep.

36
100%

80%

60%

40%

20%

0%
4ª- EF 8ª - EF 3ª - EM 4ª- EF 8ª - EF 3ª - EM

Língua Portuguesa Matemática


Masculino Feminino

Gráfico 29 – Distribuição percentual dos professores por disciplina e série, segundo o


gênero – Brasil 2001
Fonte: MEC/Inep.

A percentagem média de professores de 4ª série do Ensino


Fundamental com capacitação em nível de pós-graduação (considerando
Especialização, Mestrado e Doutorado) é muito baixa no Brasil e varia bastante
entre as regiões. Menos de 30% dos professores tinham, em 2001, pós-
graduação no Brasil. A percentagem cai para 10% na Região Norte, na 4ª
série. À medida que a série aumenta, a capacitação dos professores em nível
de pós-graduação também aumenta, tanto em Língua Portuguesa quanto em
Matemática. Na 3ª série do Ensino Médio, cerca de 49,4% dos professores de
Língua Portuguesa e 47,8% dos professores de Matemática possuem pós-
graduação. As desigualdades regionais permanecem na 8ª série do Ensino
Fundamental e na 3ª série do Ensino Médio. Considerando-se apenas
mestrado e doutorado, vemos que o percentual de professores com este grau
de formação, na melhor das hipóteses, não chega a 1% para os professores da
4ª série; 2%, para os professores da 8ª e 5%, para os professores da 3ª série
do Ensino Médio.

37
Tabela 26 – Distribuição percentual dos professores por disciplina e série, segundo o
nível de pós-graduação e a unidade geográfica – Sistema de Avaliação da Educação
Básica – Saeb/2001
Disciplina
Unidade Pós-graduação do Língua Portuguesa Matemática
Geográfica Professor Série Série
a a a a a a
4 - EF 8 - EF 3 - EM 4 - EF 8 - EF 3 - EM
Extensão 2,8 4,6 2,8 2,6 2,7 5,3
Aperfeiçoamento 4,8 6,9 3,4 4,9 6,6 7,6
Brasil Especialização 22,7 34,9 38,7 22,9 36,3 33,0
Mestrado 0,7 1,8 4,2 0,8 1,4 1,7
Doutorado 0,1 0,1 0,3 0,1 0,0 0,2
Extensão 6,7 1,4 2,5 5,6 1,6 2,9
Aperfeiçoamento 2,3 3,5 3,5 2,9 10,1 13,4
Norte
Especialização 7,3 31,7 27,5 7,6 18,8 18,9
Mestrado 0,4 0,5 0,1 0,4 1,4 2,1
Extensão 3,7 1,6 2,9 3,6 3,3 4,3
Aperfeiçoamento 3,7 6,1 6,3 4,8 5,2 8,0
Nodeste
Especialização 14,6 30,3 36,2 14,9 31,7 31,9
Mestrado 0,5 1,0 2,8 0,6 1,5 0,4
Extensão 2,8 6,4 3,6 2,7 3,0 7,0
Aperfeiçoamento 5,1 8,9 3,0 4,8 8,4 7,3
Sudeste
Especialização 21,9 32,7 38,3 22,3 36,0 28,8
Mestrado 0,7 2,0 6,6 0,9 1,7 1,3
Extensão 1,3 6,4 1,2 0,3 1,1 2,1
Aperfeiçoamento 3,9 4,8 1,2 3,9 2,7 3,4
Sul
Especialização 34,2 45,1 66,6 34,2 52,2 57,2
Mestrado 1,5 3,5 2,6 1,1 0,6 3,7
Extensão 1,2 1,9 4,3 1,9 2,6 5,5
Aperfeiçoamento 9,1 4,7 5,6 8,9 4,6 10,9
Centro-Oeste Especialização 34,4 42,8 48,8 33,1 29,3 35,3
Mestrado 0,2 1,0 4,0 0,3 0,9 3,0
Fonte: MEC/Inep.
Nota: O percentual de professores com nível de doutorado somente foi computado, para o Brasil, devido a sua baixa ocorrência.

Norte

Centro-Oeste

Nordeste
Matemática
Brasil

Sudeste

Sul

Norte

Nordeste

Brasil Língua
Portuguesa
Sudeste

Centro-Oeste

Sul

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Com Pós Graduação Sem Pós Graduação

Gráfico 30 – E. Fundamental – 8ª série – Distribuição percentual dos professores com e


sem pós-graduação por disciplina – Brasil e Regiões – 2001
Fonte: MEC/Inep.
Nota: Pós-graduação inclui extensão, aperfeiçoamento, especialização e mestrado.

38
A ampla maioria dos professores avaliados no Saeb nas três séries
pesquisadas alegou ter participado de, pelo menos, alguma atividade de
formação continuada nos últimos dois anos, conforme Tabela 27. Há uma
pequena tendência de queda de participação em atividades de formação
continuada, à medida que a série aumenta.

Tabela 27 – Distribuição percentual dos professores por disciplina e série, segundo o


tipo de formação continuada e a unidade geográfica – Sistema de Avaliação da
Educação Básica – Saeb/2001
Disciplina
Unidade Formação Continuada Lingua Portuguesa Matemática
Geográfica do Professor Série Série
a a a a a a
4 - EF 8 - EF 3 - EM 4 - EF 8 - EF 3 - EM
Participou 89,5 86,9 84,6 89,5 81,0 80,1
Não Participou 10,5 13,1 15,4 10,5 19,0 19,9
Curso (s) 39,7 38,6 38,7 40,7 44,5 38,4
Grupo de Estudos 19,3 12,4 8,5 19,8 21,6 12,6
Brasil
Projeto Interdisciplinar 14,1 18,3 23,1 14,1 15,4 24,2
Seminário 10,0 12,3 11,4 10,1 11,0 6,6
Oficina 11,5 14,2 11,2 12,2 13,3 11,4
Outros 3,0 4,2 7,1 3,2 3,5 5,4
Participou 86,9 85,7 87,6 85,5 79,9 72,8
Norte
Não Participou 13,1 14,3 12,4 14,5 20,1 27,2
Participou 86,3 84,6 81,2 86,2 77,1 73,6
Nordeste
Não Participou 13,7 15,4 18,8 13,8 22,9 26,4
Participou 91,9 87,1 84,3 91,4 80,3 81,1
Sudeste
Não Participou 8,1 12,9 15,7 8,6 19,7 18,9
Participou 93,5 92,1 89,9 94,4 93,0 92,7
Sul
Não Participou 6,5 7,9 10,1 5,6 7,0 7,3
Centro- Participou 89,7 85,4 83,2 90,7 76,4 75,1
Oeste Não Participou 10,3 14,6 16,8 9,3 23,6 24,9
Fonte: MEC/Inep.
Nota: O mesmo professor pode ter participado de mais de um tipo de formação continuada.

Os dados da Tabela 28 que buscam relacionar a participação dos


professores em cursos de pós-graduação com o desempenho dos alunos no
Saeb mostram que, de uma forma geral, este impacto é positivo, em especial
para aqueles que possuem mestrado ou doutorado e ministram a disciplina de
Língua Portuguesa. Há, sempre, contudo, que se olhar com muita cautela
esses dados, pois como não há um controle sobre o perfil dos alunos, o que o
desempenho pode estar captando não é um efeito da melhor qualificação do
professor e sim o fato de que professores mais qualificados tendem a lecionar
para alunos com melhor nível socioeconômico e que, normalmente, já
apresentam melhor desempenho no Saeb. Por outro lado, os cursos de
formação continuada (última linha da Tabela 28), aparentemente apresentam
pouco impacto no desempenho dos alunos, e isto significa que mudanças
sensíveis devem ser feitas nesta área, pois, como vimos, boa parte dos
professores participa desses cursos.

39
Tabela 28 – Proficiência média dos alunos por série e disciplina, segundo cursos de Pós-
graduação e formação continuada do professor – Sistema de Avaliação da Educação
Básica – Saeb/2001
Disciplina
Lingua Portuguesa Matemática
Capacitação
Série Série
a a a a a a
4 - EF 8 - EF 3 - EM 4 - EF 8 - EF 3 - EM

Sem pós-graduação 158,42 233,80 266,08 181,43 252,27 260,72


Extensão 171,69 245,83 275,64 190,43 269,72 277,31
Aperfeiçoamento 173,14 243,33 274,37 188,01 259,28 268,94
Especialização 170,88 238,49 275,35 190,90 257,98 267,11
Mestrado 180,05 262,74 299,59 187,75 261,81 282,08
Doutorado 178,94 281,43 308,19 176,75 - 355,25

Sem atividade de formação


continuada nos últimos dois 161,50 235,81 264,71 172,17 247,40 261,49
anos
Com atividade de formação
continuada nos últimos dois 165,52 237,45 271,71 177,35 253,21 265,14
anos
Fonte: MEC/Inep.

Fundamental incompleto

Fundamental completo

Nível Médio – outros

Nível Médio – Magistério

Outra Licenciatura

Pedagogia

Nível superior – outros

Licenciatura na área

0 2 4 6 8 10 12 14 16
Escala do Nível Socioeconômico

Gráfico 31 – Ensino Fundamental – 4ª série – Nível Socioeconômico Médio dos Alunos,


segundo o Grau de Formação do Professor – Brasil 2001
Fonte: MEC/Inep.

O Gráfico 31 mostra o que já havíamos comentado: há uma relação


direta entre a formação docente e o nível socioeconômico dos alunos e este é
um problema muito sério, se pretendemos construir um sistema educacional
igualitário. O que os dados mostram é que os alunos que já são
economicamente mais beneficiados também se beneficiam da presença de
professores mais qualificados.

40
Tabela 29 – Distribuição percentual dos professores por escolaridade e série, segundo o
salário do professor – Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb/2001
a a a
4 - EF 8 - EF 3 - EM
Escolaridade Escolaridade Escolaridade
Salário do Professor
Fundamental Médio Superior Fundamental Médio Superior Fundamental Médio Superior

Até R$ 180 39,7 10,5 3,6 2,4 5,2 1,4 - 3,4 0,7
Entre R$ 280 e R$ 360 14,5 36,1 16,9 18,6 43,5 8,5 - 16,0 5,9
Entre R$ 360 e R$ 720 45,9 36,4 33,6 79,0 44,4 25,2 - 42,0 23,4
Entre R$ 720 e R$ 1.080 0,0 12,5 26,9 0,0 4,0 27,2 - 13,5 25,6
Entre R$ 1.080 e R$ 1.620 0,0 3,8 12,3 0,0 2,9 26,5 - 22,8 28,3
Entre R$ 1.620 e R$ 2.160 0,0 0,6 4,8 0,0 0,0 7,5 - 0,3 8,6
Entre R$ 2.160 e R$ 2.280 0,0 0,1 0,3 0,0 0,0 1,0 - 1,5 1,7
R$ 2.280 ou mais 0,0 0,0 1,2 0,0 0,0 2,7 - 0,6 5,7
Fonte: MEC/Inep.

O resultado deste fato é mostrado na Tabela 30, que aponta que há uma
relação forte entre a escolaridade do professor e o desempenho do aluno. Por
isso há que se tomar muito cuidado com as políticas que buscam vincular
prêmios e abonos para os docentes ao desempenho dos seus alunos em
testes padronizados. O risco é que sejam beneficiados exatamente aqueles
professores que já trabalham em melhores condições e com alunos que já
possuem uma melhor cultura escolar em função da melhor escolaridade dos
pais.

Tabela 30 – Proficiência média dos alunos por série e disciplina, segundo o grau de
formação do professor – Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb/2001
Disciplina
Grau de Formação do Língua Portuguesa Matemática
Professor Série Série
a a a a a a
4 - EF 8 - EF 3 - EM 4 - EF 8 - EF 3 - EM

Fundamental incompleto 128,61 - - 137,85 - -


Fundamental completo 158,64 - - 163,00 - -
Nível Médio – Magistério 157,74 218,94 237,22 170,40 223,45 237,72
Nível Médio – outros 156,83 228,55 247,85 169,66 235,84 269,01
Pedagogia 174,06 220,80 256,77 184,65 236,09 256,25
Licenciatura na área 178,39 239,61 272,77 188,92 249,55 264,53
Outra Licenciatura 175,40 235,36 260,45 185,51 241,76 267,10
Nivel superior – outros 174,48 234,90 279,61 185,53 242,38 266,28
Fonte: MEC/Inep.

41
42
6. Condições de Trabalho do Professor

Reconhecer que o processo educativo é alicerce da cidadania e tem


como produto a formação ampla da pessoa e não apenas sua instrução formal
faz com que a profissão de professor tenha um contorno bem mais abrangente
que a maioria das profissões. É no ambiente escolar que se fortalecem os
laços cívicos, o respeito às diferenças, o conhecimento técnico e científico. O
professor, portanto, é peça fundamental na consolidação desses valores. A
maioria das pessoas reconhece esse fato. Infelizmente esse reconhecimento
não se traduz nas condições de trabalho satisfatórias e na melhor remuneração
desses profissionais.

Entre os fatores determinantes para o bom desempenho da função


docente, pode-se destacar a infra-estrutura física e os recursos pedagógicos
disponíveis nas escolas, o tipo de gestão escolar, o projeto pedagógico, etc. As
pesquisas básicas realizadas pelo Inep não permitem um diagnóstico
detalhado desse tema. No entanto, serão abordados alguns aspectos que,
certamente, influenciam no desempenho profissional do professor, e,
conseqüentemente, no desempenho do aluno.

Considerando os dados do Saeb de 2001, observa-se que a maioria dos


docentes tem carga horária semanal superior a 20 horas. A Tabela 31 sugere
que esses profissionais têm como atividade principal o exercício do magistério.
Essa hipótese se fortalece ainda mais nas séries finais do Ensino Fundamental
e no Ensino Médio, exatamente onde se concentram os docentes com
formação superior. A jornada desses profissionais é preocupante, em especial
na 3ª série do Ensino Médio em que quase 25% dos docentes, tanto de Língua
Portuguesa quanto de Matemática, estão submetidos a uma jornada semanal
superior a 40 horas. Este fato provavelmente tem duas razões: 1) a falta de
professores faz com que eles atuem em mais de um turno ou mesmo em mais
de uma escola e, principalmente, 2) a necessidade de aumentar os
rendimentos. Independentemente da causa, a dupla ou tripla jornada, com
certeza, compromete o desempenho do professor, pois concorre com outras
atividades que exigem tempo adicional para docência: planejamento das
atividades em sala de aula, disponibilidade para oferecer atendimento ao aluno
e atividades administrativas relacionadas à escola.

43
Tabela 31 – Distribuição percentual dos professores por disciplina e série, segundo a
carga horária semanal e a unidade geográfica – Sistema de Avaliação da Educação
Básica – Saeb/2001
Disciplina
Unidade Carga Horária Língua Portuguesa Matemática
Geográfica Semanal Série Série
a a a a a a
4 - EF 8 - EF 3 - EM 4 - EF 8 - EF 3 - EM

Até 10 horas 3,6 3,5 2,2 3,4 1,6 1,3


Até 20 horas 42,2 21,4 19,3 42,6 18,4 20,0
Brasil Até 30 horas 17,2 24,4 19,7 18,1 23,6 23,3
Até 40 horas 29,5 32,3 34,3 28,2 34,4 31,5
Mais de 40 horas 7,5 18,5 24,4 7,6 21,9 23,9

Até 10 horas 2,3 4,5 0,0 2,9 2,4 0,7


Até 20 horas 47,3 29,0 43,6 50,8 27,6 30,6
Norte Até 30 horas 5,8 21,1 37,3 6,1 22,9 14,6
Até 40 horas 34,9 27,6 9,2 29,3 26,2 21,2
Mais de 40 horas 9,8 17,8 10,0 10,8 20,9 32,9
Até 10 horas 4,0 4,0 0,0 4,0 2,5 2,1
Até 20 horas 49,7 27,4 28,0 49,2 28,6 22,2
Nordeste Até 30 horas 9,5 18,1 43,3 10,5 18,1 19,3
Até 40 horas 31,6 33,8 8,1 30,4 27,7 27,0
Mais de 40 horas 5,2 16,8 20,6 5,9 23,1 29,3

Até 10 horas 4,0 3,4 0,0 3,7 0,8 0,6


Até 20 horas 37,2 20,2 42,5 37,6 14,6 19,2
Sudeste Até 30 horas 31,3 26,4 32,2 31,8 26,9 27,2
Até 40 horas 17,6 28,4 5,8 17,8 36,0 32,4
Mais de 40 horas 9,9 21,6 19,5 9,1 21,8 20,6

Até 10 horas 3,1 1,6 0,0 2,1 2,8 2,5


Até 20 horas 37,2 12,3 24,1 38,6 10,7 17,7
Sul Até 30 horas 6,4 27,5 25,0 6,9 20,5 17,2
Até 40 horas 48,6 43,1 30,7 46,5 45,8 42,5
Mais de 40 horas 4,6 15,6 20,2 5,9 20,2 20,2

Até 10 horas 2,1 4,7 0,0 2,5 0,2 1,7


Até 20 horas 32,9 18,9 20,8 35,1 13,3 9,2
Centro-Oeste Até 30 horas 18,1 30,7 33,3 19,2 29,9 32,0
Até 40 horas 36,7 32,3 15,7 34,1 33,6 27,5
Mais de 40 horas 10,2 13,3 30,2 9,2 22,9 29,6
Fonte: MEC/Inep.

O número médio de alunos por turma pode ser considerado elevado em


todos os níveis de ensino, conforme descrito na Tabela 32. Na Creche, por
exemplo, observa-se a média de quase 18 alunos por turma. No Ensino Médio
essa medida é de mais de 37, sendo que 20,4% das turmas desse nível de
ensino, em termos nacionais, possuem mais de 40 alunos. As Regiões Norte e
Nordeste possuem as maiores médias de alunos por turma. Esse fato decorre
principalmente de uma tentativa de reduzir os custos educacionais, uma vez
que o salário do professor é o componente de maior peso nos mesmos. O
Fundef, que vincula o repasse de recursos a um valor per capita, tende
também a induzir um inchaço das turmas como forma de fazer o dinheiro
“render”. O problema destas políticas é que, ao final, o barato sai caro, pois a
conseqüência natural das salas cheias é a evasão e a repetência dos alunos.

44
Pela Tabela 32 fica evidente o caráter discriminatório de nosso sistema de
ensino quando percebemos que a rede privada trabalha com uma relação
alunos por turma bem menor que aquela da rede pública. Mais uma vez o
sistema educacional tende a reproduzir as desigualdades já existentes na
sociedade quando seria uma de suas funções minorá-las. Obviamente, o
professor quando atua na escola pública encontra também uma condição de
trabalho, no que se refere a este indicador, pior do que quando ministra aulas
no setor privado.

Tabela 32 – Número médio de alunos por turma segundo o nível de ensino e


dependência administrativa Brasil e regiões – 2002
Número Médio de Alunos por Turma
Brasil Regiões Geográficas
Nível de Ensino
Rede Centro
Total Norte Nordeste Sudeste Sul
Pública Privada Oeste

Creche 17,8 21,1 14,1 26,3 23,7 15,7 15,7 18,4


Pré-Escola 21,1 24,2 15,5 25,3 21,1 21,3 19 20,4
Ensino Fundamental – 1ª a 4ª 26,3 27,9 18,6 28,4 25,3 27,8 23,8 24,9
Ensino Fundamental – 5ª a 8ª 32,4 33,4 26,6 33,7 33,4 33,2 28,7 30,9
Ensino Médio 37,2 38,0 32,6 38,6 39,7 37,2 33,2 35,9
Fonte: MEC/Inep.

Em relação à localização das escolas, os estabelecimentos rurais, em


geral, possuem uma média menor de alunos por turma quando comparados com
os estabelecimentos urbanos, conforme descrito na Tabela 33. Em princípio isso
poderia sugerir um diferencial de qualidade a favor das escolas rurais. Cabe
ressaltar, no entanto, que essa condição deve-se muito mais à distribuição
espacial dos alunos nas escolas rurais ser fragmentada em estabelecimentos de
pequeno porte, boa parte deles multisseriados, ao passo que alunos que
estudam em escolas urbanas concentram-se predominantemente em escolas de
médio ou grande porte.

Tabela 33 – Número médio de alunos por turma segundo o nível de ensino


e localização – Brasil – 2002
Localização
Nível de Ensino
Rural Urbana

Creche 22,7 17,4


Pré-Escola 20,4 21,2
Ensino Fundamental – 1ª a 4ª 22,5 26,9
Ensino Fundamental – 5ª a 8ª 26,6 33,0
Ensino Médio 31,5 37,3
Fonte: MEC/Inep.

45
Tabela 34 – Distribuição do tamanho das turmas por nível de ensino
segundo categorias – Brasil – 2002

Nível de Ensino
Tamanho da Turma Ensino Fundamental Ensino
1ª a 4ª 5ª a 8ª Médio

Até 10 alunos 3,1 1,2 0,6


Mais de 10 até 20 alunos 21,6 9,7 3,7
Mais de 20 até 30 alunos 59,9 36,4 23,0
Mais de 30 até 40 alunos 15,2 46,3 52,2
Mais de 40 alunos 0,3 6,4 20,4
Fonte: MEC/Inep.

Em relação à infra-estrutura e aos recursos oferecidos pela escola,


pode-se observar que esses variam bastante por rede e em nível regional,
conforme descrito na Tabela 35. Enquanto 80% das funções docentes da rede
privada atuam em escolas com biblioteca, na rede pública esse índice é de
55%. Com relação a laboratório de informática, a relação é de 64% versus
26%, relação similar no que se refere ao acesso à Internet. A desproporção de
recursos mantém-se quando olhamos para a presença de laboratório de
ciências: 46% na privada contra 20% na pública. Esses poucos indicadores
deixam claro o quanto as condições que o professor encontra para realizar o
seu ofício em uma escola pública são piores que aquelas encontradas na rede
privada, muito embora essas últimas também deixem muito a desejar, assim
como o fato de possuir um bem ou serviço não assegura a sua utilização já que
é muito comum encontrarmos em escolas públicas ou privadas bibliotecas e
laboratórios pouco utilizados.

As discrepâncias entre as redes aparecem também entre regiões.


Assim, enquanto na Região Sul 78% das funções docentes atuam em escolas
públicas que possuem biblioteca, 34% que possuem laboratórios informática e
38% laboratórios de ciências, na Região Nordeste esses índices são de,
respectivamente, 34%, 12% e 6%. Cabem aqui as mesmas observações feitas
no parágrafo anterior quanto às diferenças entre as condições de exercício
profissional. Um professor do Nordeste terá muito mais dificuldade que seu
colega do Sul em oferecer um ensino de boa qualidade aos seus alunos,
mesmo supondo um nível de qualificação equivalente.

Tabela 35 – Percentual de Funções Docentes segundo a Infraestrutura Disponível na


Escola - 2002
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Infra-estrutura Disponível
Pública Privada Pública Privada Pública Privada Pública Privada Pública Privada Pública Privada
Biblioteca 54,9 79,7 42,2 71,5 33,7 75,4 65,4 81,9 78,5 82,5 54,9 78,6
Lab. de Informática 25,9 64,2 12,9 51,6 11,9 49,3 37,9 71,5 34,0 68,3 19,2 65,0
Lab. de Ciência 19,5 46,2 6,2 26,8 5,8 29,5 27,4 53,7 37,6 58,7 13,1 39,4
Quadra de Esportes 51,6 67,0 36,9 62,6 26,4 56,9 67,4 71,7 67,6 69,1 58,7 68,3
Sala para TV/Vídeo 37,5 63,2 28,8 52,3 25,0 51,5 47,8 69,2 43,8 69,1 32,5 57,6
TV/Vídeo/Parabólica 64,7 24,2 53,3 32,6 51,0 21,9 74,7 23,7 68,8 28,3 74,2 23,7
Microcomputadores 62,6 88,5 43,9 82,5 32,8 76,1 79,5 93,9 83,2 91,7 78,2 92,2
Acesso à Internet 27,0 65,9 6,8 55,8 10,2 45,1 49,1 75,3 20,5 72,3 18,2 67,2
Água 99,5 100,0 99,3 100,0 98,8 99,9 99,9 100,0 99,9 99,8 99,8 100,0
Energia Elétrica 96,4 100,0 86,9 99,8 93,0 99,9 99,5 100,0 99,7 100,0 98,6 100,0
Esgoto Sanitário 97,8 99,9 92,0 99,7 96,0 99,7 99,6 100,0 99,7 100,0 99,2 99,7
Sanitário Dentro ou Fora 95,6 97,7 92,6 96,5 93,1 97,2 97,1 98,0 97,9 98,0 96,5 97,6
Fonte: MEC/Inep.

46
7. Conclusão

Apesar de o Brasil ainda carecer de um levantamento exaustivo que


defina com clareza o perfil de seu professor, lacuna que agora será sanada
com o Censo dos Profissionais do Magistério da Educação Básica que será
realizado este ano, os dados aqui apresentados já nos apontam vários
indicadores extremamente úteis para o delineamento de políticas públicas para
a área.

O primeiro aspecto a se comentar é que houve uma grande redução no


número de professores leigos atuando na Educação Infantil e no Ensino
Fundamental, assim como um aumento significativo no percentual de docentes
da educação básica com formação de nível superior. Contudo, apenas 57%
dos docentes que atuavam na Pré-Escola, Ensino Fundamental e Ensino
Médio, possuíam formação em nível superior, que seria aquela ideal. Por outro
lado, dada a tendência de crescimento delineada pelo Plano Nacional de
Educação, haverá uma grande necessidade de professores, com nível
superior, para atuar nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino
Médio. A boa notícia é que houve um grande incremento no ingresso de alunos
nos cursos de licenciatura, assim como no número de concluintes. Este
incremento, contudo, não suprirá a necessidade dos sistemas, em especial,
nas áreas de Física e Química que precisariam de uma política específica
destinada a ampliar o número de vagas nas instituições de nível superior e a
assegurar que os concluintes se encaminhem à atividade docente. Outro setor
que necessita de uma política de estímulo especial é a educação rural que
apresenta sérios problemas de qualificação de seus professores com um
número ainda elevado de professores leigos e um pequeno contingente de
docentes com nível superior.

Tão importante quanto possuir cursos destinados a formar professores,


seja de nível médio, seja superior, é garantir que os profissionais formados
nesses cursos dediquem-se efetivamente à atividade docente. Para tanto,
contudo, é preciso que o magistério, entre outras coisas, seja uma profissão
com remuneração atraente. Ora, os dados do IBGE mostram com crueza que,
considerando profissões com nível de formação equivalente, o magistério é
aquela que oferece os piores salários. Um professor que atua no nível médio
ganha, em média, quase a metade da remuneração de um policial civil e um
quarto do que ganha um delegado de polícia. E, por sua vez, como o salário
dos professores é o índice de maior peso no cálculo do custo de um aluno e
como a maioria dos professores da educação básica encontra-se na rede
pública, totalizando 85% das funções docentes, percebe-se a necessidade de
uma política de financiamento da educação que vá muito além dos recursos
atualmente destinados. Se, de fato, o País deseja atrair e manter os bons
profissionais no magistério, é fundamental uma política progressiva e
consistente de melhoria salarial.

47
As estatísticas mostram também que a docência na educação básica é
uma atividade majoritariamente feminina, o que implica que a questão de
gênero não pode ser ignorada como ocorre, mas incorporada como uma
variável importante nas políticas e nos estudos da área.

Constata-se, também, que, apesar de uma boa parte dos professores


participar de cursos de formação continuada, o percentual daqueles que
cursaram uma pós-graduação, mesmo que na modalidade lato sensu, ainda é
pequeno. Pior do que isto, os resultados do Saeb parecem indicar que a
freqüência a estes cursos de formação continuada pouco afeta o desempenho
dos alunos, o que indica a necessidade de ampliar as pesquisas nessa área e,
eventualmente, reorganizar esses cursos, redefinindo seus objetivos e métodos.

Outro elemento importante que este estudo mostra é que a metade dos
professores das áreas de Língua Portuguesa e Matemática, em especial nas
séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, assume jornadas de
trabalho acima de 30 horas semanais (um quinto acima de 40 horas). É evidente
que esta duração de jornada, que envolve, na prática o trabalho semanal com,
pelo menos, uma centena de alunos, compromete a qualidade do trabalho
docente e reflete-se no baixo índice de aproveitamento dos alunos. No mesmo
sentido os indicadores confirmam também uma elevada relação aluno por turma.
Constata-se que mais de 15% das turmas das séries iniciais do Ensino
Fundamental possuem mais de 30 alunos, assim como mais da metade das
turmas das séries finais deste mesmo nível de ensino. No Ensino Médio a
situação é mais crítica: um quinto das turmas possui mais de 40 alunos.

Condição fundamental, embora não suficiente para um ensino de boa


qualidade, é a existência de uma estrutura adequada de equipamentos. Aqui o
que se constata é que quase a metade dos professores da rede pública leciona
em escolas sem bibliotecas; quatro quintos em escolas que não possuem
laboratório de ciências e três quartos em escolas que não possuem laboratório
de informática. No setor privado esses números, embora também ruins, o que
coloca em dúvida a propalada qualidade do setor, são bem melhores que
aqueles apresentados pelas escolas públicas. Esse último fato chama a
atenção para outro aspecto: há uma grande discrepância entre as redes e entre
as diferentes regiões do País no que se refere aos recursos didáticos
colocados à disposição dos professores para que possam exercer seu ofício.
Assim é que apenas um terço dos docentes que atuam na rede pública da
Região Nordeste trabalha em escolas com biblioteca, menos da metade do
índice da Região Sul. O mesmo vale para a presença de laboratórios de
informática ou de ciências. Esta desigualdade que marca como uma lei de ferro
o sistema educacional brasileiro nos faz perguntar sobre até que ponto esse
sistema cumpre o mandamento mais importante da Constituição Federal que
estabelece que todos são iguais perante a lei.

Mudar essa lógica significa mudar o papel da União, dos Estados e dos
municípios no financiamento da educação no País, significa repactuar a
federação. Hoje no Brasil, e o Fundef mostrou isso com clareza, os recursos
financeiros fornecidos pela vinculação constitucional não asseguram um
patamar mínimo de qualidade para a maioria das escolas brasileiras, assim

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como não garantem um padrão mínimo de eqüidade entre as redes pública e
privada e entre as diferentes regiões do País.

Uma escola de qualidade pressupõe um professor qualificado, com um


salário compatível com seu nível de formação, requer ainda uma jornada de
trabalho que garanta, de preferência, a dedicação exclusiva a uma escola, com
turmas não superiores a 30 alunos e com recursos didáticos que incluam, pelo
menos, uma biblioteca com profissional habilitado, um laboratório de ciências e
de informática e um kit de material didático para o aluno e para o professor.
Uma escola dessas não é barata, mas relembrando Anísio Teixeira, um projeto
desses é custoso e caro, porque são custosos e caros os objetivos a que visa.
Não se pode fazer educação barata – como não se pode fazer guerra barata.
Se é a nossa defesa que estamos construindo, o seu preço nunca será
demasiado, pois não há preço para a sobrevivência. E (...) todos sabemos que
sem educação não há sobrevivência possível1.

Se essa frase, pronunciada por ocasião da inauguração do Centro


Educacional Carneiro Ribeiro, já era verdadeira em 1950, o que dizer hoje.

1
Teixeira, 1950, citado por BASTOS, Zélia. Centro Educacional Carneiro Ribeiro: uma
experiência de educação integral em tempo integral de atividades. Bahia: Fundação
Anísio Teixeira, Secretaria da Educação da Bahia, Escola Parque, 2000.

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50
Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas
Ministério
Educacionais Anísio Teixeira da Educação

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