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Faculdade de Direito
Direito Penal II
Professora Selma Santana
16/08/10
Bibliografia:
BITTENCOURT, César. Tratado de Direito Penal, V. 1.
PRADO, Luís Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro, Parte Geral.
SANTOS, Juarez Cirino. Excludentes de culpabilidade.
PRADO. CARVALHO. Teorias das imputação objetiva.
1. Conceito de Crime
A lei não estabelece o conceito de crime, o Código Penal se resume a estabelecer diferença entre
crime e contravenção penal quanto as penas. A doutrina que dá o conceito de crime.
O primeiro conceito de crime foi o formal, que tinha uma visão exteriorizada do que vinha a ser o
crime. O crime vem a ser toda conduta humana que vai de contra à lei. Contudo, não satisfaz, por
exemplo, quem não cumpre um contrato, que não comete necessariamente um crime.
O segundo conceito de crime foi o material, que buscava um elemento para definir o crime. A
periculosidade do criminoso, ou o mal feito a sociedade, ou lesiona bem jurídico. Escolheu-se que é
toda conduta humana comissiva ou omissiva que expõe a perigo ou causa lesão a algum bem
jurídico penal. Ainda assim os penalistas não ficaram satisfeitos.
Então, já no século XX, estabeleceu-se o conceito analítico de crime. Isto é, crime é igual a fato
típico mais antijuricidade mais culpabilidade. Os penalistas mais antigos, como Damásio de Jesus,
entendem que crime é tão somente fato típico e antijuricidade, sendo culpabilidade um pressuposto
da pena. Os mais modernos entendem que são feitos apenas desse três elementos, sendo essa
perspectiva brasileira. Na Europa há outro elemento, um quarto, a punibilidade. Há uma degradação
na análise do crime, que respeita a ordem exposta (FT, A, C).
Fato típico é aquele fato que está previsto na lei penal como crime ou contravenção penal.
Antijurídica será a conduta que é contrária ao ordenamento jurídico, não sendo, portanto, exclusiva
do direito penal. A antijuricidade penal, obviamente, é aquela que contraria a legislação penal.
Sendo antijurídica quando não existe nenhuma causa, nem motivo, que afaste essa antijuricidade
(essas são aquelas que estão no art. 23 da CP, o estado de necessidade, a legítima defesa, o estrito
cumprimento do dever legal e exercício regular dum direito). Há também uma causa supralegal, que
é o consentimento do ofendido quanto aos direitos disponíveis. Caso haja, a antijuricidade fica
afastada.
Culpabilidade é o juízo de reprovação social incidente sobre o indivíduo que realizou uma conduta
típica e antijurídica, havendo uma diversidade de causas de exclusão de culpabilidade.
18/08/10
O primeiro elemento é a conduta, não podendo cogitar-se em crime sem haver conduta. Há
momentos em que se crê que houve conduta, mas não houve. Essa conduta tem de ter vontade livre
para ser relevante para o Direito Penal.
O segundo elemento é o resultado. Há dois tipos de resultado, o naturalístico e o normativo (ou
jurídico). Naturalístico é aquele resultado que implica numa alteração no mundo exterior. Num furto
consumado tem-se resultado naturalístico, uma vez que alguém deixou de ter um bem. Numa lesão
corporal, também tem-se um resultado naturalístico, uma vez que alguém deixou de ter parte de seu
corpo ou parte danificada. O resultado naturalístico não ocorre somente no corpo da pessoa,
também podendo ocorrer, por exemplo, com o patrimônio. Já o normativo, ou jurídico, é mais
amplo, que significa uma agressão ou exposição a perigo de um bem jurídico. É mais amplo pois
envolve o naturalístico. Todo crime tem resultado normativo, mas nem todo tem resultado
naturalístico. Os crimes materiais sempre têm resultado naturalístico. Já os crimes de mera conduta
e os crimes formais somente têm resultado normativo.
O terceiro elemento é o nexo ou relação causal. Este é o vinculo que liga a conduta ao resultado
naturalístico. Só existe para os crimes materiais.
O quarto e último elemento é a tipicidade. A tipicidade será a relação de adequação entre a conduta
típica com o fato típico.
Esses quarto são elementos gerais, não necessariamente ocorrendo em todos os fatos típicos. A
relação causal, por exemplo, nem sempre irá existir. Já os restantes todos devem existir.
1.1.1.1 Dolo
A primeira Teoria, a clássica, é a da Vontade. Para esta teoria, o dolo é a vontade dirigida ao
resultado. Para essa teoria a essência do dolo não é a vontade de violar a lei, mas sim a de realizar a
conduta e alcançar o resultado.
Para a segunda Teoria, a da representação ou previsão, o dolo é a previsão do resultado como algo
certo, provável ou possível.
Para a última Teoria, a do consentimento ou assentimento, o dolo existe quando o agente consente
em causar o resultado ao praticar a conduta.
O Direito brasileiro adotou a teoria da vontade para caracterizar o dolo direto, e o do consentimento
para o dolo eventual.
23/08/10
O outro elemento é volitivo, a vontade. Esse cria diversos problemas, pois a vontade pode não ser
verbalizada. Assim, utiliza-se a prova testemunhal ou as condutas anteriores para suprir essa
demanda.
Ocorre dolo eventual quando o agente prevê o resultado como provável ou possível, entretanto,
apesar de prevê-lo, ele age e aceita o risco de produzi-lo. No dolo eventual, a vontade do agente não
é dirigida ao resultado, mas à conduta. O agente percebe que é possível a ocorrência daquele
resultado, mas entre desistir da conduta e causar o resultado, ele prefere que esta se produza.
Ocorre quando a vontade do agente é dirigida a qualquer resultado típico. Ou seja, não há fim
específico, mas sim qualquer resultado típico.
Dá-se quando o agente quer ou assume o risco de produzir lesão a algum bem jurídico.
(Muito acadêmico)
É a vontade de realizar o fato descrito no núcleo do tipo penal.
O agente realiza a conduta para alcançar um objetivo, sendo que este objetivo está descrito no tipo
penal.
1.1.1.1.3.8 Dolo normativo
É aquele em que o agente não contem a consciência da ilicitude da conduta. Isto será avaliado na
culpabilidade. Nosso dolo é um dolo natural.
O indivíduo realiza uma conduta que acredita ter sido suficiente para atingir o resultado desejado.
Mas esta conduta, não sabe ele, não realizou o que ele queria. Então ele realiza uma segunda
conduta, acreditando que seu resultado já tinha sido realizado, que vai provocar o objetivo buscado
pelo agente. (O caso de Mércia, em que ela foi baleada e depois jogada numa represa, onde ela
morreu afogada).
1.1.1.2 Culpa
Professora deixará na xérox o livro Direito Penal Acadêmico, livro que trata sobre diversos temas, uma coletânea de
artigos. O artigo da professora é o que trata sobre culpa.
Historicamente houve uma grande quantidade de crimes dolosos, sendo sua teoria pacífica, e a
teoria culposa ignorada. Hoje tem-se uma ocorrência muito grande de crimes culposos e, portanto,
tem-se feito um efeito grandioso para restaurar a teoria da culpa. O que a professora dará agora, é o
mais avançado em termo de teoria domática consensual, porém não é a última palavra em Teoria da
Culpa, uma vez que ela está sendo agora montada na Teoria da Responsabilidade Objetiva do
Resultado.
O legislador não define a culpa, apenas dá suas modalidades. A doutrina que a faz.
A culpa se constitui na inobservância do dever objetivo de cuidado, concretizadora do tipo penal,
manifestada numa conduta produtora de um resultado não-desejado, embora objetivamente
previsível.
A censura é dirigida no crime culposo, pois o agente realizou uma conduta descuidada. A censura
não é realizada devido ao resultado ilícito, por não ter pretendido. Isso explica o motivo o qual a
pena do crime culposo é menor que do doloso.
25/08/10
Parte do pressuposto de que, por vivermos em sociedade, temos o dever de ter um comportamento
cuidadoso. O criminoso culposo não atendeu a esse dever, tendo um comportamento descuidado.
Esse cuidado é relativo a atividade ao qual se exerce. A doutrina tem orientado os pesquisadores e
operadores do Direito na avaliação do cuidado.
Foi pacífico durante muitos anos, pois se considerava que o crime culposo era necessariamente
natural. Atualmente, 98% dos crimes culposos são materiais e 2% de mera-conduta. Esse elemento
apenas serve para os crimes culposos materiais.
Esse elemento significa que o indivíduo teve uma conduta descuidada, que, por conta dela, veio o
resultado naturalístico. A conduta descuidada foi requisito direto para que o resultado naturalístico
ocorresse.
Aquele resultado naturalístico é previsível para todas as pessoas. Há também a subjetiva, a qual se
avaliará diante das condições pessoais do agente, ou seja, se o agente, considerando as suas
condições pessoais, tinha condição de prever o resultado.
O desvalor do crime culposo incide tão somente na ação realizada, não no resultado. Por isso que as
sanções aos crimes dolosos são menores que aos crimes culposos. Tanto que o princípio da
insignificância não se aplica a crime culposo, nem existe dano culposo (no comum, mas no militar
sim), apenas responde civilmente.
1.1.1.2.2.1 Imprudência
A conduta comissiva que desatende ao dever objetivo de cuidado. A exemplo do dirigir com sono.
1.1.1.2.2.2 Negligência
1.1.1.2.2.3 Imperícia
Constituem uma das maiores torturas que o operador do Direito enfrenta. Isso pois temos requisitos
objetivos comuns a ambos, tendo uma característica comum subjetiva (a previsibilidade do
resultado). No dolo eventual, além da previsibilidade do resultado, ele consente com a ocorrência
do resultado, já na culpa consciente ele não quer a ocorrência do resultado. Nem sempre temos
prova disso, nós temos que considerar a postura mais branda, por conta do princípio in dubio pro
reu.
Explicam: Teoria da Probabilidade, da Aceitação e da Conformação. (Cap 17)
30/08/10
Toda vez que o tipo penal não se referir nem ao dolo nem a culpa, esse tipo penal é doloso. Para o
tipo penal ser culposo, ele tem que estar previsto expressamente como tal. Isso no Código Penal
comum.
Compensação de culpa apenas existe no campo do Direito Privado, havendo, no Direito Penal, a
concorrência de culpa. Cada um terá que responder pelo crime que cometeu.
São crimes materiais, sempre naturalísticos. Eles podem ser: de conduta e resultado dolosos, de
conduta e resultado culposos, e de conduta dolosa e resultado culposo. Obviamente, a conduta
procura atingir um determinado resultado, diverso daquele que se materializa.
Quando a conduta é dolosa, com resultado culposo, tem-se o preterdolo, uma espécie de crime
qualificado. Exemplo da lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º da CP) e tortura seguida de
morte (art. 1, § 3º da lei 9455/97), que esgotam nossa legislação.
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Só se há de dizer em nexo causal em relação aos crimes omissivos impróprios, os omissivos por
comissão (aqueles praticáveis pelos garantes ou garantidores, que possuem o dever de evitar o
resultado e podem evitá-lo). Isso pois o omissivo é de mera conduta, não ocorrendo em resultado
naturalístico. Ánibal Bruno compreende que é de natureza naturalística. Nelson Hungria entendi que
é de natureza lógica-naturalística. Mais modernos, como o Bittencourth, Dalmão, Mirabeth,
entendem que a natureza é de causalidade normativa. E Juarez Tavares, um dos maiores penalistas
nacionais, reconhece como de natureza normativa-social.
São, contudo, ponto de vistas minoritários, sendo o pensamento majoritário a de que é de natureza
de ficção jurídica. O que será considerado causa é o não ter impedido o resultado.
1.1.2.3.1 GARANTE
A figura do granate está previsto no Art. 13, § 2º da CP. Há três hipóteses exaustivas para
determinar o garante. Critica-se que, na prática, tais hipóteses são insuficientes, sendo que, portanto,
há situações em que o garantidor não será incluído nessas hipóteses, evitando a punição.
Na alínea a) coloca-se que é aquele que tem obrigação legal de cuidar, vigilar e proteger. A doutrina
e jurisprudência tem entendido que apenas aplica-se a família.
Na alínea b) coloca-se que é aquele que, sem decorrência de lei, mas sim devido a uma aceitação
voluntária, contratual ou negocial de um dever de atuar decorrente do exercício da profissão,
assumiu a responsabilidade de evitar o resultado.
E na alínea c) coloca-se que é aquele que, em decorrência de conduta anterior, criou o risco de
ocorrer o resultado. Exemplo disso é o nadador que chama o manolo que não é nadador para fazer a
travessia SSA-Ita, manolo esse que acaba por cansar no meio do caminho, sendo que o nadador
ignora isso e o deixa ao leu, resultando na morte do manolo.
13/09/10
1.1.2.4 Teoria da Imputação Objetivado Resultado (vide livro homônimo de Luís Regis Prado)
Só se aplica a crimes materiais, uma vez que se trata com nexo causal que necessita do resultado
naturalístico. Na avaliação da conduta, quanto a sua tipicidade, ter-se-á de preocupar inicialmente
com nexo causal, depois a ocorrência de algum dos critérios normativos, seguido do dolo e da
culpa.
(Abordagem de Roxin)
Tem como pressuposto o princípio do risco: a convivência com o risco faz parte de nossa vida. Há,
portanto, uma linha de risco tolerável. Quando, através de uma conduta, o indivíduo aumenta ou
cria um risco não-tolerável, o indivíduo tem sérios indícios que praticou uma conduta típica. Para
poder se avaliar se essa pessoa aumentou ou criou o risco ou não o fez, Roxin estabeleceu critérios
normativos (valorativos).
Um conceito é: “Só pode ser objetivamente imputável um resultado causado por uma ação humana
(no sentido da teoria da comissão) quando a mesma criou, para seu objeto protegido uma situação
de perigo juridicamente proibida e um perigo se materializou no resultado típico.”
Aplica-se tanto para crimes dolosos quanto culposos e, quanto comissivos quanto omissivos.
É usada sobretudo em crimes culposos e junto ao conditio sine qua non.
1.1.2.4.1 Critério da diminuição do risco.
Se uma pessoa que reduzir o risco a outra pessoa, a princípio, ela não pode ser responsabilizada pela
ocorrência de um tipo penal. (Ex. Do cidadão que desvia a pedra que outro, movido a animus
necandi, atira contra a cabeça de terceiro, desvio esse que causa lesão corporal. O cidadão não
responderá por nada, o delinquente responderá por tentativa de homicídio.)
Risco este que passa para a margem do risco não-tolerável, tendo que considerar a probabilidade de
ocorrência, isto é, se for muito provável que ocorra, esse risco concretizar-se-á. (Ex. O sobrinho que
manda o enfermeiro passear com seu tio enfermo em sua cadeira de roda metálica num dia
tempestuosa, com a intenção de que um raio atingisse-o.)
(Ex. A, industrial, infringindo o dever de cuidado (nem sempre significa um crime culposo, uma vez
que o doloso também infringi-se), entrega a seus trabalhadores matéria-prima não desinfetada para
seu manejo, o que provoca a morte de quatro deles. Mais tarde, constata-se que tampouco a
desinfecção aconselhada teria eliminado a possibilidade de as mortes virem a ocorrer.)
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Concurso de pessoas (BITTENCOURT) ← sempre cai em concurso, uma ou duas na parte objetiva e sempre na
subjetiva.
1. Introdução.
Se refere a mais de uma pessoa cometendo o crime. Também é conhecido por Concurso
de agentes.
2. Concurso necessário e concurso eventual.
2.1. Crime monosubjetivo: é aquele que pode ser cometido por uma pessoa e,
eventualmente, por mais de uma pessoa (homicídio). Naturalmente, o concurso é
eventual. Essa teoria apenas se aplica a este caso, do concurso eventual.
2.2. Crime plurissubjetivo: é aquele que só pode ser praticados por mais de uma pessoas,
havendo essa exigência no próprio tipo (quadrilha e rixa). Há, portanto, um concurso
necessário.
3. Teorias:
3.1. Pluralística: numa hipótese de concurso de agentes, cada participante poderia responder
por um crime diferenciado do outro. Poderia se ter tantos crimes quantos forem o
número de participantes do ato criminoso. Tal teoria hoje foi superada.
3.2. Dualista: hoje superada. Haveria um crime para quem realizou o ato executório e outro
para quem não o realizou.
3.3. Monista ou Unitária: agora valendo. Quem, de alguma forma, colaborou para a prática
do crime, seja realizando o ato executório ou não, responderá pelo mesmo crime, tal qual
os demais. (caput do art. 29) Haverá, naturalmente, uma variação na pena. Devido a
diversas exceções (crime de aborto e os crimes de corrupção) há quem diga que não seja
teoria absoluta, mas sim mitigada.
4. Requisitos do concurso de agentes.
Necessitam existir todos ao mesmo tempo.
4.1. Pluralidade de participantes (onde há as figuras do autor, coautor e participe) e
condutas relevantes, que contribuíram para a execução do delito.
4.2. Causalidade física, ou material. Isto é, quando houve uma conduta que teve a
capacidade de contribuir eficazmente para a realização do delito (o sea, tuve una
eficacía causal).
4.3. Causalidade psíquica. Primeiro aspecto: tem de haver uma combinação entre eles
(pensamento majoritário), podendo ser expresso ou tácito, até sendo real-time. O
segundo aspecto é a atuação totalmente dolosa para todos ou totalmente culposa para
todos, existe uma homogeneidade.
5. Autoria.
O autor é aquele que realiza a conduta típica. Há também o autor mediato, o autor
intelectual (que não realiza a conduta típica), o autor colateral e o autor incerto.
5.1. Teoria restitiva:
a) Objetiva formal.
É a adotada aqui no Brasil, que defende que autor é aquele que realiza a conduta
típica e participe é aquele que colaborou para o criem sem realizar a conduta
típica. Essas cincos espécies de autoria, na realidade, quatro delas são espécies de
exceção desta teoria.
b) Objetiva material.
Considera que autor é aquele que realiza a conduta mais perigosa, para o bem
jurídico penal, e participe é aquele que realiza a conduta menos perigosa.
5.2. Extensiva.
Ela escolha o critério subjetivo para distinguir autor de participe. Autor é aquele que
tem vontade de autor, e participe é aquele que tem vontade de participe. Autor é
aquele que quer o fato criminoso como próprio, já participe é aquele que quer fato
criminoso como alheio.
5.3. Domínio do fato.
Foi criada nos idos dos anos 1930, por Hans Welsen. Também é chamada de Teoria
Objetiva Final ou Objetiva-Subjetiva. Se aplica aos crimes dolosos, e hoje em dia
está ganhando um espaço enorme na prática do Direito Penal. Está passando por um
processo de releitura. Na prática, os operadores brasileiros estão aplicando-a
também, junto a restritiva objetiva formal ou a substituindo. Para Welsen, autor é
quem detém domínio do fato, o sea, é quem detém o poder de decisão sobre a
realização do fato, é o poder de estabelecer a finalidade, o se, como, quando e onde
do fato criminoso, ainda que não realize nenhuma conduta típica.
Ela é mais eficaz, porém limita-se aos crimes dolosos. Em relação aos crimes
culposos, ela não faz distinção entre autoria e participação. Neles, ela entende que
everyone é autor.
20/09/10
6. Autoria mediata.
O autor mediato é aquele que utiliza de uma pessoa não culpável para realizar a conduta
típica. Pessoa esta inimputável, coagida, induzida a erro, etc. Neste caso, não há
concurso de agentes, sendo que é o autor mediato que responde pelo crime. Ela se
encaixa na Teoria do Domínio do Fato, uma vez que ele é quem possuía o domínio de
fato, não o realizador da conduta.
7. Coautoria.
Não é uma figura diferente do autor, apenas demonstra que há mais de um autor. Todos
os “autores” são coautores. Essas condutas típicas não precisam ser iguais, podendo ser
diferentes. Há de se exemplificar a divisão do trabalho delinquente.
Pela Teoria do Domínio do Fato é quando há pelo menos dois indivíduos que têm o
domínio do fato.
8. Participação em sentido estrito.
Prevista no art. 29 do CP, sendo uma norma importantíssima e de extensão. O participe
que não realizou o verbo do fato típico apenas será punido por essa norma. O participe
apenas será punido, também (art. 31) caso o autor, pelo menos, tente realizar o fato
típico. Há de recordar que a tentativa já ato executório, de onde é punível (ato executório
e consumação que, via de regra, são puníveis, sendo que a cogitação e atos preparatórios
não o são... havendo exceções, como a quadrilha).
8.1. Espécies.
a) Instigação em sentido amplo ou participação moral.
• Instigação propriamente dita.
Quando o participe reforça uma ideia criminosa previamente existente na
mente do autor, de qualquer forma. Nem sempre se consegue provar, uma vez
que há de se demonstrar que o autor cometeu o crime devido a influência do
participe. O participe, portanto, responderá pelo mesmo crime cometido pelo
autor. Porém será desresponsabilizado caso seja irrelevante a influencia.
• Indução ou determinação.
O participe inocula a ideia criminosa na mente do futuro autor.
b) Cumplicidade.
A cumplicidade é o auxílio material, auxílio este que pode variar ao empréstimo
de um instrumento, deixar uma porta aberta ou até mesmo dar informações
necessárias. Este auxílio tem de ocorrer num momento especial, que é ou a
consumação ou os atos executórios. Caso seja posterior, será um crime
autônomo, tais como os dos arts. 348 (favorecimento pessoal) e 349
(favorecimento real).
Não se configura em conivência. Vale lembrar que aquele que não é garantidor
não possui a obrigação de notificar a autoridade competente acerca do crime
testemunhado.
8.2. Fundamentos da culpabilidade do participe. Teorias.
a) Teoria da Participação na Culpabilidade.
O participe tem de ser punido pois ele corrompe o autor, tornando-o culpável e
merecedor de pena.
b) Teoria do Favorecimento ou da Causa-Ação (Alemanha, Espanha e Brasil).
O fundamento da punição do participe reside no fato dele ter favorecido ou
induzido o autor a praticado o delito.
8.3. Princípio da assessoriedade na participação.
a) Teoria da Assessoriedade Extrema (Alemanha até Segunda Guerra).
O comportamento do autor deveria ser típico, antijurídico e culpável, daí que se o
autor, por algum motivo, fosse não-culpável, o participe, por conta da
assessoriedade, seria impunível.
b) Teoria da Assessoriedade Limitada.
Defende que, para haver a punibilidade do participe, basta que a conduta do autor
seja típica e antijurídica. O sea, não é necessário que o autor seja culpável, uma
vez que a culpabilidade é uma circunstância pessoal.
22/09/10
9. Concurso em crime culposo.
Na Alemanha, entende-se que não há concurso. Aqueles que agem conjuntamente para a
realização de um crime culposo são autores independentes.
Na Espanha, entende-se que há coautoria e participação.
No Brasil, a maioria da doutrina entende que é possível a coautoria em crimes culposos,
mas não a participação stricto senso. Excepciona-se, por exemplo, Regis Prado, que
entende o contrário. Vê-se, na doutrina majoritária, na teoria restritiva formal, no crime
culposo todos os autores não obedeceram o dever objetivo de cuidado. Já na teoria do
domínio do fato, todos os autores teriam o domínio do fato.
10. Concurso em crime omissivo.
10.1. Participação comissiva em crime omissivo.
A exemplo do político doente que convence o médico a não notificar sua
enfermidade (art. 269).
10.2. Participação omissiva em crime comissivo.
A exemplo do caixa que se deixa furtar.
10.3. Coautoria em crimes omissivos próprios.
A exemplo do condutor e seu carona que veem um pedestre acidentado e recusam a
prestar socorro.
10.4. Coautoria e participação em sentido estrito em crimes omissivos impróprios.
A única diferença entre os dois é se é garante ou não. Se é garante é (co)autor, se não
o é é participe.
11. Autoria colateral.
É uma espécie de autoria que não pressupõe concurso de agentes.
Há autoria colateral quando duas ou mais pessoas, ignorando uma a ação da outra,
realizam condutas convergentes objetivando a execução da mesma infração penal. A
exemplo dos pistoleiros contratados por políticos diferentes para matar um outro, um
pistoleiro que disfere um tiro fatal e outro que não dá um tiro fatal. Ambos,
naturalmente, agindo por animus necandi. Cada pistoleiro (junto a seus clientes)
responderá por um crime diferente, a saber homicídio e tentativa de homicídio.
11.1. Autoria incerta.
Subespécie da autoria colateral, detendo portanto todas as características da última. A
diferença está na ciência de quem produziu o que. Na incerta, como seu nome diz,
não se sabe quem produziu o que. Condenar-se-á ambos, pela construção doutrinária
e jurisprudencial, por tentativa do resultado.
27/09/10
12. Multidão delinquente.
Já existe há muito tempo estudos psicológicos que demonstra que um indivíduo dentro
da multidão amplia sua personalidade. Ela se sente protegida e capaz de realizar atos que
antes não fariam. Melhor exemplo é o linchamento.
Quando um indivíduo faz um crime na multidão, o mesmo tem uma pena atenuado (art.
65, e), por não ter controle plena de sua consciência. In verbis:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
Mas quem provoca, no art. 62, I, agrava, in verbis:
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
13. Participação impunível (art. 31 do CP).
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
O exemplo da participação, que de tão grave ser, se tornou crime autônomo é a indução
ao suicídio (art. 122). Outros são os definidos pelos artigos 227, 228, 248, 286 e 288.
14. Participação de menor importância (art. 29, §1º do CP).
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
É um problema sério para qualquer operador do Direito. Está se falando não de
participante, mas sim de participe. Esta redução poderá dar margem ao juiz fixar uma
pena abaixo da cominada.
No CP, toda vez que se ver o verbo poder, tem-se de ler dever. Se trata de um dever do
juiz, mas não uma mera faculdade. Há uma doutrina minoritária que entende ser
faculdade.
O problema é que a lei não estabelece o que é uma participação de menor importância.
A doutrina tenta suprir, tendo várias concepções. Para Bittencourt, é a menor intensidade
volitiva do participe e a menor ou maior culpabilidade (critérios altamente subjetivos).
Já o Damásio de Jesus, é a menor ou maior aproximação da conduta do participe em
relação ao tipo penal (para a professora, é o melhor compatriota).
Tais subjetividades resultam no apoderamento do juiz.
15. Cooperação dolosamente distinta ou desvio subjetivo de conduta.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste;
essa pena será aumentada até metade, a hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
16. Comunicabilidades das circunstâncias, condições e elementares (antigo art. 30 do CP).
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares
do crime.
Circunstâncias são dados acessórios que circundam o fato principal. Não integram a
figura típica, mas influenciam no aumento e na diminuição da pena. Isto é, não estão no
caput, mas estarão em algum parágrafo posterior. Elas podem ser objetivas ou subjetivas.
As objetivas também são chamadas de materiais ou reais, dizendo respeito ao fato
criminoso objetivamente considerados, à qualidades e condições da vida, ao tempo,
lugar, modo e meio de execução do crime. As subjetivas ou pessoais são aquelas que só
dizem respeito à pessoa do delinquente, os motivos determinantes, suas condições ou
qualidades pessoais, suas relações com a vítima.
Só há condição de caráter pessoal, são as relações do agente com o mundo exterior, com
outros seres, com o Estado civil, seu parentesco, sua profissão.
Elementares são todos os dados que integram a descrição do tipo penal.
Quer dizer, o artigo, que as condições e circunstâncias de um coautor não transmitirá
para o outro.
Primeira regra de César: as circunstância e condições de carácter pessoal não se
comunicam entre coautores e participes por expressa determinação legal, mesmo que se
integrem na esfera de conhecimento de outro.
A segunda da regra de César: as circunstâncias objetivas e as elementares do tipo só se
comunicam se ingressarem na esfera de conhecimento dos participantes. Quebra o crime
próprio, aquele onde o agente tem de ter uma característica material ou jurídica para
cometer o delito (a exemplo do peculato, onde tem de ser funcionário público para
tanto).
Grande exemplo é A, funcionário público, que com ajuda de B (que sabe que A é
funcionário público) comete o crime de peculato. Ambos respondem por peculato, até
mesmo B que nem funcionário público é, mas sabe da condição de seu comparsa.
Outro é A, já casado, instigado por B, solteiro, casa com C. B foi instigador do crime de
bigamia. B, por saber que A já casado era, será também processado por bigamia.
A aconselha B a matar C, sem que A soubesse, B mata C empregando asfixia (Art. 121,
§ 2, III). Apenas B terá sua pena agravada.
29/09/10
Antijuricidade ou Ilicitude
Quando se diz que existe uma antijuricidade penal significa que se tem algo que vá contra uma
norma penal. Não confundir com o injusto penal, que é composto pelo fato típico + antijurídico.
A conduta será antijurídica enquanto não houver uma causa que afaste essa contrariedade. Essas
causas são chamadas de causas justificantes, descriminantes ou causas excludentes de crime. O
conceito dessas é: são situações particulares, diante das quais um fato de outro modo seria
antijurídico não o é pois a lei o impõe ou o consente. Estão elencadas no art. 23. Corresponde ao
consentimento do ofendido quanto aos bens jurídicos disponíveis. O seu elemento subjetivo é a
consciência de estar agindo para proteger direito seu ou de outrem ou atuando no cumprimento do
dever legal ou no exercício do direito. Não há necessidade de saber o nome. Vale, como sempre, a
intenção também.
O Estado de Necessidade.
Art. 24. Há outros, na parte especial, que são, com efeito, como no caso do aborto, constrangimento
ilegal. Quem cria ou aumenta o perigo da conduta não pode alegar estado de necessidade, até for
culposa. Sendo culposo poderá ser condenado por crime doloso (independentemente). Fórmula para
diferenciar o estado de necessidade da legítima defesa (que é uma subespécie do estado de
necessidade): no estado de necessidade tem-se, ao menos, o conflito de dois bens jurídicos, por trás
deles há o interesse legítimo; já na legítima defesa, há uma colisão de bens jurídicos, porém em
relação a um dos bens jurídicos há o interesse ilegítimo (portado por aquele que causou a conduta
injusta).
Há o estado de necessidade justificante e o exculpante/dirimente. A Teoria Unificadora, que admite
apenas a justificante, foi adotada pelo CP brasileiro. Já a Teoria Diferenciadora, que admite ora a
justificante (art. 43) ora exculpante (art. 39), foi adotada pelo CPM, parte do princípio da
importância do bem jurídico. É justificante quando o bem sacrificado tem um valor menor que o
bem protegido. Já é o inverso no exculpante, isto é, quando o bem sacrificado é de valor igual ou
maior que o protegido.
Os requisitos, que são simultâneos, para o estado de necessidade no CP são: 1, a existência de um
perigo atual (considera-se o iminente também) e inevitável (não há outra alternativa); 2, a não-
provocação voluntária do perigo;
18/10/10
3, inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado (tendo que o bem sacrificado ser menor ou igual
ao protegido); 4, direito próprio ou alheio (quando disponível, para alguns autores minoritários,
tem-se que consultar o detentor deste direito queira que o salve), isto é, a pessoa pode agir em
estado de necessidade para proteger um direito seu ou de terceira pessoa (estado de necessidade de
terceiro); 5, o elemento subjetivo, isto é a consciência.
O parágrafo primeiro do art. 24 fala que quem tem o dever legal de enfrentar o perigo não pode
alegar estado de necessidade. O dever legal ocorre enquanto a pessoa estiver em serviço (discorda
disso o Rogério Greco), fora dele não há dever legal. Este parágrafo já foi interpretado de forma
absoluta, sendo hoje interpretada de forma relativa. Deve-se levar em consideração a probabilidade,
ou seja, que quando a probabilidade de “se dar mal” extrapole 50% não se pode exigir que se
enfrente o perigo.
O parágrafo segundo daquele artigo não trata de estado de necessidade. Há estados em que não se
configura em estado de necessidade, tratando-se de condutas criminosas que autorizam a
diminuição da pena.
Formas de Estado de Necessidade:
Tendo em vista a titularidade do interesse protegido, temos dois tipos de estado de necessidade: o
próprio e o de terceiro.
Tendo em vista o aspecto subjetivo do agente: o real, que acabamos de estudar (descrito no art. 24)
e o imputativo (que será visto dentro da teoria do erro).
Tendo em vista o terceiro que sofre a ofensa necessária: agressivo, quando a conduta do agente
atinge bem jurídico de terceiro inocente (ex. Destruir propriedade alheia para impedir a propagação
de incêndio que poria em risco a vida de diversas pessoas), e o defensivo, que se dá quando a
conduta do sujeito atinge interesse de quem causa ou contribuiu para a situação de perigo.
Um dos institutos mais antigos, sendo muito manipulado pelos agressores (havendo a legítima
defesa provocada). Apesar de ser um tipo de estado de necessidade, ela possui suas peculiaridades.
Seus requisitos são, simultaneamente: 1, agressão injusta (aquela que não é abarcada pelo
ordenamento jurídico), atual ou iminente (não pode ser passada nem futura), agressão esta que tem
de ser humana (quem se defende de animal que, sem ordem, agride alguém este se defende em
estado de necessidade), não tendo que ser um ilícito penal, podendo ser uma agressão ativa ou
passivo (ou seja ser uma resposta a uma omissão); (20/10/10) 2, direito próprio ou alheio, podendo
qualquer bem jurídico é defensível pela legítima defesa, tendo que haver um certa
proporcionalidade entre esses bens jurídicos; 3, meios necessários usados moderadamente
(perigosíssimo, segundo Selma), sendo que o necessário nesse caso é o absolutamente necessário, o
crime ocorre quando o meio se torna desnecessário (ocorrendo excesso); 4, elemento subjetivo, isto
é, a consciência de estar agindo para proteger direito seu ou de outrem.
23/10/10
Offendiculas ou Offendiculos
Na verdade, não constitui uma justificante, é apenas um aspecto de discussão na doutrina. São
dispositivos ou instrumentos objetivando impedir ou dificultar a ofensa a um bem jurídico penal.
Alguns autores fazem diferença entre offendiculas e defesas mecânicas predispostas. Para eles, as
offendiculas seriam ostensivas, já as defesas seriam ocultas. Exemplo de offendicula: vidros no
muro de alguém. Exemplo de defesa mecânica predisposta: um foço. As offendiculas, para a
doutrina majoritária, constituem exercício regular de direito. Entretanto, quando acionadas são
legítima defesa preordenada. Quanto a defesa mecânica predisposta, dependerá de regulamentação
municipal. Não havendo regulamentação, será exercício regular de direito.
Justificantes Supralegais
Justificantes que não estão previstas na lei, sendo construção doutrinária, principiológica,
jurisprudencial, enfim, supralegal.
O único bem jurídico indisponível é a vida (humana, naturalmente), os demais o são. Antes, haviam
mais bens jurídicos indisponíveis (como integridade física) devido a um processo de relativação dos
bens jurídicos. CASO o Brasil aceite a eutanásia, será superado este dogma do bem jurídico
indisponível.
Ora é uma causa destipificante, ora é justificante (supralegal). No primeiro ele age na tipicidade, no
segundo na antijuricidade. Para saber em que estágio se encaixa o caso, tem-se que fazer
analiticamente. Ao tratar-se da tipicidade, tem-se que ver se há a exclusão ou integração do mesmo.
Exemplificando: aquele que invade casa alheia com a autorização do seu proprietário (exclusão);
aquele que provoca o aborto com o consentimento da gestante (integração). Será uma justificante
supralegal quando não integrar o tipo.
Os requisitos para a validade deste consentimento são: 1, que a manifestação de vontade seja livre,
sem qualquer vício; 2, que o ofendido, no momento do consentir, possua capacidade (não é a
capacidade civil) para fazê-lo, isto é, compreenda o sentido e as consequências de seu
consentimento (inclui-se lapso de loucura, apesar de ter que se observar se o agressor sabe disso); 3,
que se trate de bem jurídico disponível; e 4, que o fato típico se limite e se identifique com o
consentimento do ofendido.
Enquanto se estiver agindo observando os requisitos objetivos e o subjetivo, não há crime. Mas há
situações onde se extrapola. Se responde a partir do momento em que se houve a extrapolação. Esse
excesso pode ser doloso ou culposo (acontece quando há uma avaliação equivocada do agente, só
respondendo caso haja o tipo penal culposo).
Culpabilidade
Constitui um princípio constitucional implícito devido a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III).
Porém é um tema antiquíssimo, havendo uma série de teorias que mostram como essa ideia foi
desenvolvida (tem em Culpa Temerária). Atualmente, a teoria adotada é a Teoria Normativa Pura,
ou a Teoria Finalista, criada pelo gigantesco Hans Welzel. Para ele é um juízo de censura dirigida à
conduta típica e ilícita realizada pelo agente e mais, esta censura não só não está dirigida ao agente
nem mesmo ao passado do agente.
Elementos da culpabilidade
1. Imputabilidade. (art. 26 e 27)
Conjunto das condições de maturidade e sanidade mental que permitem ao agente
conhecer o caráter ilícito de seu ato e de determinar-se conforme seu entendimento.
Temos três métodos ou sistemas que são utilizados para avaliar se o indivíduo é
imputável ou inimputável: 1, o sistema biológico ou etiológico (menores de 18 anos,
exceção a regra); 2, o sistema psicológico ou psiquiátrico; e 3, biopsicológico ou misto
(adotado pelo Brasil).
Importante a expressão “ao tempo da ação ou omissão” diante das doenças que causam a
inimputabilidade de ordem sazonal.
Cabe ao HCT realizar a perícia, expedindo laudo.
O inimputável etário sempre é ato infracional, havendo uma distinção entre abaixo de 12
anos e acima deste, cuja medida é sócio-educactiva.
Há, ainda, os semi-(in)imputáveis. Isto é, aqueles que tinham alguma condição para
tanto. (parágrafo único do art. 26) Estes terão uma pena reduzida em um a dois terços.
Se durante o cumprimento desta pena ele ficar doente mentalmente, o juiz de execução
penal terá que mudar definitivamente por medida de segurança. Aplica-se aos que eram
completamente imputáveis também. Se chama o sistema vicariante (adotado com a
Reforma de 1984, antecedendo-o o duplobinário que admitia a cumulatividade) que
coloca que não se pode cumprir cumulativamente pena e medida de segurança. Ou um
ou outro.
Quanto ao art. 28, I: a emoção é o sentimento intenso e passageiro que altera o estado
psicológico do indivíduo, provocando ressonância fisiológica; já a paixão é o sentimento
permanente ou crônico por algo ou alguém, por tanto o ódio, a ambição, a cobiça podem
ser paixões. Estes somente servirão como atenuante (art. 65, III, c) ou causa de
diminuição de pena (art. 121, § 1º e art. 129, § 4º). A premeditação exclui a emoção.
Quanto ao art. 28, II: a embriaguez tem conceito mais amplo, abrangendo outras dorgas
manolo, que significa um estado de torpeza decorrente de droga depressiva/narcótico
que afeta o sistema nervoso central. A teoria da Actio Libera In Caosa explica
embriaguez voluntária como não-excludente (isto pois é uma embriaguez pré-ordenada
(art. 61, II, l)). A embriaguez superveniente sobrepõe a antecessora. O alcoólatra poderá
ou não ser inimputável, cabendo o caso concreto.
2. Potencial consciência da ilicitude.
Constitui a consciência ou o conhecimento atual, ou possível, da ilicitude da conduta.
Trate-se da possibilidade de o agente conhecer o caráter ilícito de sua ação.
3. Exigibilidade de conduta diversa.
Embora seja o mais simples, é o mais usado pelos advogado para desconstruir o crime
nos autos.
Caso falte alguns dos acima não haverá culpabilidade, não haverá culpabilidade e portanto crime.
Os Tribunais de Justiça do RS e de SP tem trabalhado com este princípio. Mas este foi criado no
século XVIII por Jean Paul Marata.
Sendo a sociedade um local de desigualdade, não se pode exigir o mesmo comportamento em
relaçao à lei de maneira igual. Assim, a culpabilidade deveria ser distribuída entre a sociedade e o
indivíduo que cometeu o delito, através da atenuação (disposta no art. 66) da pena.
O art. 66 faz com que as hipóteses de atenuação de pena ,no art. 66, exemplificativas e não
exaustivas.
O pensamento majoritário entende que a co-culpabilidade é causa atenuante genérica, Pressupõe,
por óbvio, sentença condenatória.
(Arranjar caderno de alguém)
Somos o único país que não adota a co-culpabilidade na América Latina, havendo uma força
histórica a impulsionar a comissão da reforme do Código Penal.
O pensamento de Zaffaroni transcende, falando que é ilógico basear-se apenas na condição
econômica. Abandona a co-culpabilidade e adota a vulnerabilidade. “Entende-se por situação de
vulnerabilidade aquela na qual a pessoa se coloca quando o sistema penal a seleciona e a utiliza
como instrumento para justificar seu próprio exercício de poder, pois é o grau de vulnerabilidade ao
sistema penal que decide a seleção e não o cometimento do injusto, porque há muito mais injustos
penais iguais e piores que deixam o sistema penal indiferente. Assim, existe uma relação intrínseca
entre vulnerabilidade e seletividade.”
AULA DE SEBASTIAN
Para o professor, é uma questão muito subjetiva. Para o latim, está relacionado a responsabilidade e
sofrimento. Em alemão, a dívida.
1. Acepções da culpabilidade.
◦ Princípio.
Tem relação com a responsabilidade pessoal (não pode ser solidária, tal como
era a lesa majestade nas ordenações filipinas) e a responsabilidade subjetiva
(onde há um vínculo entre autor e fato).
◦ Fundamento da pena.
O indivíduo concreto apenas pode ser punível caso seja culpável, isto é, que
ele tenha condições de ser motivado pela lei.
◦ Limite da pena.
Nenhuma pena pode exceder a culpabilidade, não podendo sofrer uma pena
maior que a culpabilidade.
2. Histórico.
◦ Teoria Psicológica da Culpabilidade (de von Liszt)
Para ela é um vínculo psicológico/subjetivo entre o autor e o fato. O crime é
dividido em duas partes, a objetiva (tipicidade e ilicitude) e subjetiva
(culpabilidade). Culpabilidade é dolo ou culpa stricto sensu. A
imputabilidade todavia, não faz parte da culpabilidade, sendo prerrequisito
desta.
Esteve em predominância até a Segunda Guerra Mundial.
Há defeitos, a exemplo do rapto de mulher honesta, cujo o tipo possui um
conteúdo subjetivo, e dos elementos não-subjetivos da culpabilidade.
◦ Teorias Normativas da Culpabilidade (também conhecida como Psicológica-
Normativa ou Neokantismo) (Frank, Goldschmidt e Freudenthal)
▪ Identificação na falta de síntese da culpabilidade na culpa e no dolo, havendo
elementos psicológicos e normativos. Há o elemento valorativo do
magistrado, que é de natureza normativa. Frank introduziu um novo conceito
de culpabilidade, em que há o dolo e a culpa e as circunstâncias
concomitantes. Goldschmidt se contrapôs, reconhecendo que para o crime
tem-se que violar a norma jurídica e a norma dever ou de fidelidade a ordem
jurídica. O conceito final é de Freudenthal, que argumentou que para alguém
ser culpável há de se poder ser exigível conduta diversa. Desenvolveu o
famoso conceito de inexibilidade de conduta diversa, enquanto elemento da
culpabilidade.
▪ Necessidade de imputabilidade, dolo ou culpa e exigibilidade de conduta
diversa para alguém ser culpável.
• Para eles, o dolo pressupõe consciência da ilicitude do fato.
03/11/10
1. Erro de Tipo.
Incide sobre elementos essenciais/estruturais e acessórios do tipo, sendo fáticos ou
normativos.
1.1. Essencial (art. 20, caput).
Incide sobre elementos essenciais/estruturais, sejam eles fáticos ou normativos (isto
é, axiológica). Pode ser de dois tipos:
a) Inevitável, invencível ou escusável.
Ocorre quando não poderia ser evitado pela normal diligência. Por ser inevitável,
este erro afasta o dolo e a culpa, não havendo crime.
b) Evitável, vencível ou inescusável.
Ocorre quando se poderia evitar pela normal diligência. Por ser evitável, este erro
exclui o dolo (exceto se o erro for grosseiro) mas não a culpa, se houver a forma
culposa.
1.2. Acidental.
a) Erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º)
b) Erro na execução (art. 73)
c) Resultado diverso do pretendido (art. 74)
2. Descriminantes putativas (imaginária).
Imagina-se que se encontra numa situação de descriminante. Diferencia-se no tratamento
quanto a onde se incide o erro.
2.1. Incidente sobre situação de fato → erro de tipo permissivo (art. 20, § 1º, remanescente
da teoria causalista).
Tal como as agressões causadas durante a fuga de um incêndio inexistente. Ou o
sentinela que fuzila o seu colega, quando este lentamente tenta voltar ao bunker.
Sem evitabilidade do erro, o dolo e a culpa ficariam afastados. (Para a teoria do
artigo, é pois não houve culpabilidade). Sendo erro evitável, o indivíduo não
responde por dolo, mas sim por culpa (se houver o tipo na forma culpável).
2.2. Incidente sobre os requisitos de uma justificante → erro de proibição indireto → art.
21, caput, 2ª parte.
Tais requisitos são os objetivos, não a subjetiva. (Exemplo do sujeito que revide a
agressão já realizada crendo estar agindo em legítima defesa).Diminui-se de 1/3 a
1/6.
3. Erro de proibição. (art. 21, caput, e parágrafo único)
No erro de proibição, o agente supõe por erro ser permitido a sua conduta. O agente faz
um juízo equivocado daquilo que é permitido fazer em sociedade. Pode ocorrer tanto nas
condutas culposas quanto nas dolosas.
3.1. A ignorância da lei → art. 21, caput e art. 65, II, do CP.
Matéria de aplicação da lei que, por ficção, se presume conhecida por todos. A
diferença reside em que a ignorância da lei é o desconhecimento dos dispositivos
legislados, ao passo que o erro de proibição é o desconhecimento que a conduta seja
contrária ao Direito.
Funcionária como circunstância atenuante da pena.
3.2. Erro de proibição ou de ilicitude.
Está ligada a consciência de ilicitude. Se inevitável, exclui o dolo e a culpa. Caso
evitável, a pessoa responde por crime culposo ou doloso com a pena diminuída em
um terço a um sexto.
a) Direto.
Quando o agente atua com a convicção de que sua conduta não está contrária ao
Direito.
b) Indireto/Erro de permissão.
Quando, nas hipóteses de descriminantes putativas, ao incidir sobre os requisitos
de uma justificante.
4. Erro provocado por terceiro. (art 20, § 2º)
A princípio quem responde é quem induziu. O terceiro pode induzir de forma culposa ou
dolosa.
08/11/10
5. Características do erro acidental.
O erro acidental incide sobre os elementos acidentais do crime, isto é, são dados
acessórios que não integram a descrição típica do delito, mas serve para aumentar ou
diminuir a pena. Incide sobre os dados acessórios do delito ou sobre sua execução. Não
impede o sujeito de compreender o caráter ilícito do seu comportamento. Não exclui o
dolo.
5.1. Tipos.
a) Erro sobre a pessoa. (error in persona) art. 20, § 3º.
Quando há uma falsa representação em razão ao sujeito que se pretende atingir.
Serão as características da vítima virtual que irão interferir na penalização do
crime, não as da vítima real. Só há em crimes dolosos, vez que a pessoa tem que
querer atingir uma pessoa.
b) Erro na execução (aberratio ictus) art. 73.
Ocorre quando um indivíduo querendo atingir uma pessoa atinge outra, ou por
acidente ou por erro no uso dos meios de execução. Existe o de unidade simples
e o com resultado complexo. A simples tem o mesmo tratamento que o erro sobre
a pessoa. Já o complexo
c) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis ou aberratio delicti) art. 74.
Há culpa quando há previsão e, se ocorre também o pretendido, haverá ocorrerá a
previsão do art. 70.
Concurso de Delitos
1. Considerações Gerais.
No concurso de crimes se haverá uma ou mais conduta que gerará mais de um delito.
2. Conduta.
Engloba as várias ações que ao fim vão resultar no crime.
Juarez Cirino critica, afirmando que não existe, antes do direito, uma conduta. Mas sim o
direito que olha para os atos e diz o que é conduta. O que deveria, para ele, ser tratado
não é a conduta mas sim a ação típica, isto pois a conduta é inexistente. A ação típica é
portadora do tipo penal, estando contida nele. Ele fala em crimes plurissubsistentes, que
são fracionados em vários atos, que pode ser um critério para o tipo penal que vai incidir.
Também fala ele do crime permanente, que consuma de forma estendida pelo tempo.
Quando há repetição da ação típica em rápido transcurso temporal, há uma só conduta,
pode-se falar em simples aumento do injusto. O ânimo agente, todavia, tem que ser o
mesmo.
3. Sistemas de aplicação da pena.
3.1. Absorção.
A pena mais grave absorve a mais leve.
3.2. Exasperação.
Aplica-se a mais grave, mas aumentada. (art. 70). Ocorre quando uma conduta
resulta em mais de um crime.
3.3. Acumulação material.
Soma das penas de todos os crimes praticados. (art. 69). No concurso formal, há
também acumulação, vez que o agente quis a multiplicidade de resultados com só
uma conduta.
3.4. Acumulação jurídica.
Vai-se acumular até certo ponto. Há-se um limite para o acúmulo. (Não temos).
17/11/10
4. Concurso material
Pluralidade de condutas: dois ou mais crimes. (Art. 69)
5. Concurso formal. (art. 70)
Conduta única, em que o agente comete dois ou mais crimes, idênticos ou não. Há-se a
aplicação da pena mais grave e 1/6 a ½ dos mais leves.
5.1. Perfeito.
É quando não tinha
5.2. Imperfeito.
22/11/10
6. Crime continuado.
Ocorre quando uma pluralidade de condutas resulta numa pluralidade de crimes que,
mediante as condições de espécie do crime (da mesma espécie, aqueles que atentam
contra o mesmo bem jurídico), tempo (dentro dum lapso), lugar (no mesmo lugar) e
modo execução (similar) específicos. São cumulativos e, para Juarez Sirino, dão
homogeneidade ao crime, numa perspectiva objetiva. O critério será da exasperação. Há
também um dolo unitária, que persegue todo o crime.
6.1. Justificativa.
Existe por uma opção de política criminal.
6.2. Considerações.
a) Havia uma súmula que dizia que os crimes continuados não se aplicavam aos crimes
de homicídio.
b) A culpabilidade dita no parágrafo único do art. 71 é o grau de reprovação.
c) Diferenciação entre crime permanente, habitual e continuado. O permanente só tem
uma conduta e um crime, sendo sua consumação perfazendo no tempo. Já no crime
habitual, que se perfaz apenas com a conduta reiterada, há várias condutas, vários
atos, que são na verdade uma única ação típica (PARA RUDÁ).