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Introdução
Existem vários temas na Bíblia que não são pregados comumente em vista de não serem
populares. E há também alguns poucos que o são mui raramente, por seu forte teor
doutrinário e moral. A doutrina sobre o inferno é uma delas.
Do ponto-de-vista geral, os cristãos modernos, em seus vários matizes doutrinários, creem na
existência de um inferno e quando instados até aceitam a ideia de uma existência de
sofrimento eterno após esta vida. Contudo são poucos os que se sentem à vontade para
compartilhar essa crença com seu próximo ou seus familiares e amigos. Causa certo mal-estar
falar de um lugar de tormento, quando o centro de nossa fé é um Deus amoroso e pessoal.
Parece um elemento que não se encaixa na doutrina de Cristo. Muitos cristãos se pudessem
eliminariam esta doutrina incômoda do cânon cristão. Falar somente de amor é mais fácil, e dá
mais ibope.
Não tenho nenhum prazer mórbido em falar sobre o inferno. O assunto em si não me alegra.
Falar sobre o destino eterno das almas que não foram alcançadas pela graça de Cristo é
pesaroso, e é com pesar, temor e tremor que me aplico a este tema nesta noite. O motivo pelo
qual faço não é outro senão a atitude de nosso Mestre Amado, Aquele cujos olhos são como
chama de fogo.
Comecemos afirmando que o Senhor Jesus, a própria encarnação do Amor, pregou várias
vezes sobre este lugar maldito e deixou muito claro que aqueles que não nasceram de novo
não entrarão no Céu, antes irão direto para o inferno.
Aos ouvidos de nossa geração anestesiada pelos prazeres do entretenimento este ensino soa
tremenda e politicamente incorreto. E, no entanto, este é um dos mais claros ensinos cristãos.
Gostemos ou não. Faremos bem ás nossas almas se buscarmos saber um pouco mais sobre
ele. Aliás, a implicação desta doutrina é de aplicação imediata. Enquanto estou pregando,
todas as pessoas que estão morrendo sem Cristo, neste momento, ao redor do mundo, estão
indo diretamente para o inferno. Devemos estar alerta a esta impressionante realidade.
Ainda que tantos tenham ouvido falar sobre o inferno, sabemos exatamente o que é e o que
significa? Qual a realidade do inferno para aqueles que morrem sem Cristo? Vejamos o que as
Escrituras respondem a essas perguntas.
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tornará definitivo ao ser lançado no lago de fogo (ou Geena). E o ímpio, de corpo e alma,
será eternamente destruído no tormento eterno (Mc 9:43,48)
Nesse sentido, o inferno é, para todos os efeitos, o mesmo que o lago de fogo, pois uma vez lá,
não há como sair, a não ser para um inferno ainda mais profundo, a saber a segunda morte, o
lago de fogo, no qual será lançado o diabo e seus anjos. Ao me referir a inferno, portanto, terei
em mente este estado de miséria final do ímpio.
• Lázaro: mendigo, vivia às portas do rico e implorava pequenas migalhas para seu sustento.
O nome que o Senhor lhe dá indica que seu status na presença de Deus. É significativo que
seu nome, uma forma hebraica de Eleazar, seja traduzido como aquele a quem Deus
ajuda/tem misericórdia. Na parábola significa alguém totalmente dependente de Deus, um
indivíduo cuja esperança está totalmente no Senhor. Morre, e levado pelos anjos, é
consolado no seio de Abraão, o paraíso (lugar que o Senhor Jesus prometera para o ladrão
arrependido em Lc 23:43).
• Certo homem rico: de vida regalada, alegrava-se constantemente com seu estado de
riqueza. A vida para ele era para ser aproveitada. Não tinha tempo para os demais, em seu
egoísmo vivia apenas para si. É notório que não é lhe dado um nome, o que no contexto
oriental implica em alguém sem honra, cuja memória sequer é digna de ser pronunciada.
Não deixou nada de significativo nesta vida. Morre, é sepultado e seu destino final é o
inferno.
Assim, é forçoso notar que há duas vidas diferentes que resultam em mortes diferentes e
remetem a destinos eternos diferentes. Um para a consolação e bem-aventurança eternas e
outro para o tomento eterno.
Deixemos a situação de Lázaro para outra oportunidade, basta dizer que estava consolado de
suas aflições aqui na terra, pois confiara unicamente em Deus, mesmo levando uma vida dura
e difícil. Saliente-se que não há nesta parábola qualquer insinuação que a pobreza é porta de
entrada para o Céu e riqueza um passe livre para o inferno. Lázaro não foi para o Seio de
Abraão porque era pobre, mas porque tinha alcançado misericórdia de Deus. O rico não
terminou no inferno porque era rico, e sim porque sua vida era voltada unicamente para si e
para a satisfação de seus desejos. Dito isso, voltemo-nos para o rico e sua situação miserável.
Um detalhe inusitado que chama atenção no tormento do rico, o qual está consciente no
inferno, é que parte do mesmo é devido à sede que o assola na chama infernal. Essa sede
nunca será saciada, e é ampliada pela visão do estado beatífico de Lázaro, no verso 24 (que ao
que tudo indica não tem qualquer visão do inferno). Outra parte de seu horrível tormento se
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dá pela lúgubre perspectiva que seus parentes queridos venham a sofrer o mesmo destino,
uma vez que não davam ouvidos à Palavra de Deus (vs 27, 30). Não há para ele qualquer
palavra de esperança ou consolo. Nem mesmo seu rogo por uma visita miraculosa na vida dos
irmãos recebe qualquer resposta de alento.
Abraão deixa claro ao infeliz que a salvação se dá apenas pela Palavra de Deus, e nem mesmo
a visão de uma pessoa ressurreta seria capaz de convencer alguém dos tormentos do inferno,
caso esta se mantivesse incrédula em relação às Escrituras (vs 31). Assim, tenhamos firmes em
nosso coração que a salvação só pode ser outorgada em vida, e por meio da Palavra de Deus.
Se a Palavra de Deus não te convence de pecado não serão filmes, fantoches, métodos,
propósitos, visões, e promessas de homens que te convencerão.
Segundo Charles Ryrie, pode-se resumir o ensino de Cristo nesta parábola acerca do estado
infernal em quatro pontos:
(a) Há uma existência consciente após a morte (vs 23)
(b) O tormento de inferno é real (vs 23-24)
(c) Ausência total de uma segunda oportunidade (vs 26)
(d) Completa impossibilidade de comunicação com os vivos (vs 27-31)
Dito isso, vejamos com temor e tremor um pouco mais sobre a realidade infernal. O que
podemos inferir das Escrituras sobre a realidade eterna de tormentos. Não será um exercício
agradável, mas necessário caso queiramos saber o que nos espera se morrermos sem a Graça
de Cristo
que lhe deu a real possibilidade de escolher não querê-lO, de torna-se Seu inimigo. A realidade
do inferno é uma clara demonstração do amor de Deus pelo homem.
No inferno, o homem encontra-se, pelo exercício de sua liberdade, em um estado
completamente isolado da Graça de Deus (2 Ts 1:7-9), onde os homens estarão banidos da
face de Deus.
“Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu
poder,” (2 Ts 1:9)
Nesta terra, ainda que esteja presente os males advindos do pecado e muitas tragédias e
tribulações nos atinjam, ainda assim estamos sobre a graciosa mão de Deus, cujas benção
derrama sobre justos e injustos (Mt 5:45). Bem ou mal ainda vivemos sob a face da graça de
Deus.
Entretanto, no inferno não será assim. Lá a graça do Senhor não se manifestará. Lá a face do
Senhor não será para abençoar, e sim para eterno juízo. Lá é o lugar no qual o Senhor permite
que homens que não O querem vivam para sempre longe de sua Graça e de sua Presença,
como sempre desejaram. A vontade destes danados será finalmente satisfeita e poderão se
ver livres da presença graciosa de Deus.
Mas que tipo de lugar seria um no qual Deus retirasse a sua Graça? Esse lugar, por definição,
seria o inferno!
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“Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do
perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-
vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?” (Ez 33:11)
“o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da
verdade.” (1 Tm 2:4)
Lembre-se, ainda que não tenha nenhum prazer, o Senhor permite que pessoas que morrem
sem Cristo vão para o inferno, da mesma forma que permitiu a Herodes matar todas as
criancinhas de Belém e arredores, Estevão ser apedrejado, milhares morrerem em tsunamis e
milhões morrerem de gripe espanhola ou pelas guerras no século XX. Não nos enganemos
neste ponto crucial. Se em sua soberania o Senhor Deus permite que desastres e hecatombes
aconteçam e aflijam a humanidade afundada no pecado, também fará cumprir seu juízo sobre
aqueles amam mais as trevas do que a luz (Jo 1:19).
E se isso não é suficiente, considere ainda a seguinte questão: se Ele permitiu até que seu
único e amado filho fosse crucificado em seu lugar, por que não permitirá que alguém que
nunca se dispôs a ouvi-lO, que sempre O rejeitou, vá para o inferno?
Sem mudança de coração, sem o novo nascimento, o homem irá para o inferno e queimará em
tormentos para sempre. E o Senhor permitirá isso.
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5. Da paisagem infernal
Deixe-me falar agora do que não se verá naquele lugar maldito. Lá você até poderá se lembrar
do amanhecer, do pôr-do-sol, do rio Guaíba, das florestas, igarapés, flores, fazendas, serras e
montanhas, dos rostos amigos e beleza de um sorriso acolhedor. Mas você nunca verá estas
coisas no inferno, pois não há qualquer beleza nas regiões abissais. Por definição o inferno é
um lugar em que nenhuma de nossas necessidades será satisfeita, e isso inclui a satisfação
estética. O Senhor Jesus descreveu o inferno como um lugar de trevas (Mt 8:12).
Lá não brilhará a luz da graça de Deus e nada belo se encontrará em suas paragens. O que se
verá serão rostos em agonia, tormento, trevas e terror. Nenhuma face amiga, nenhuma mão
estendida. Apenas as trevas mais densas do coração humano, expostas em sua mais crua e
perversa realidade. O que se vislumbrará é o lago ardente que queima com fogo e enxofre por
toda a eternidade (Ap 21:8).
6. Da sociedade infernal
Meu caro, alguma vez já refletiste em quem estará no inferno te esperando? Eis um
pensamento que poucos ousam pensar. Tenhamos consciência que o inferno é o presídio de
segurança máxima universal, preparado originalmente para abrigar eternamente os piores
seres desta criação.
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7. Da vergonha infernal
O que há de mais vergonhoso em relação a ser lançado no inferno? O que há de tão
humilhante neste tão terrível destino? Será que é estar em companhia tão degradante? Sofrer
eternamente, sem qualquer descanso? Ou quem sabe os outros saberem de sua lastimável
condição?
Quanto às duas primeiras questões, posso dizer que são humilhantes, mas não é o que de fato
envergonha. Quanto à última, afirmo-lhe que na eternidade os que estarão no Céu não se
preocuparão com o destino ou estado lastimável dos ímpios, pois estarão consolados e livres
de tais sentimentos inferiores e os que estiverem no inferno estarão atormentados demais
para emitir qualquer juízo de valor sobre a posição de quem quer que seja por lá, uma vez que
estarão sob a mesma condenação. Não será, portanto, o fato mais humilhante.
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O que haverá de mais vergonhoso, a principal humilhação, o golpe mais forte da consciência,
entregue a si mesmo, reside em um único fato: você não precisaria estar ali! Não deveria estar
ali! E teve todas as oportunidades de estar em outro lugar.
Agora imagine você remoendo eternamente este pensamento. Se aqui nesta terra, devido a
algumas decisões erradas, nos remoemos e recriminamos, imagine lá. “Ah! seu eu tivesse
escutado..., ah! eu escutei, mas..., Oh! Ela me falou, mas fiz pouco caso,...”
Sim, esta é a humilhação máxima. Tiveste muitas oportunidades e terminaste em um lugar em
que não deveria estar.
9. A Salvação do inferno
Desde a queda de Abel pessoas acusam ao Senhor Deus de injusto, de sádico, insensível, por
mandar pecadores renitentes para o inferno, mas escute com atenção: você não precisa ir!!
Deus providenciou, desde a fundação do mundo, o caminho para a salvação. E este caminho é
a fé na obra de Cristo Jesus consumada na cruz. Não a rejeite!!
O Senhor Deus já decidiu em favor do homem cerca de dois mil anos atrás, quando mandou
seu Filho para morrer na cruz em teu lugar. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que
deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
(Jo 3:16).
O apóstolo Pedro afirma que “Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam
demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça,
senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3:9). Esse querer de Deus é também o
desejo de teu coração?
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Em Ez 33:11 o Senhor pergunta porque alguém haveria de escolher a morte, se pode mudar
seu caminho e voltar-se para Deus
“Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do
perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-
vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?” (Ez 33:11)
Todos os homens pecaram, pois são pecadores desde a mais tenra infância (Rm 3:23), e é a
eles que o Senhor estende a promessa do perdão dos pecados. “Vinde, pois, e arrazoemos, diz
o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos
como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã” (Is 1:18).
Todos quantos crerem em Cristo serão feitos filhos de Deus (Jo 1:12). “Se, com a tua boca,
confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os
mortos, serás salvo.” (Rm 10:9). Crês tu nessa verdade?
A todos quantos crerem, é promessa de Deus Pai a libertação do império das trevas e a
entrada no reino de seu Filho Amado. “Ele nos libertou do império das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos
pecados” (Cl 1:13-14). Crês tu nesta promessa? Já vives no reino do Filho? Ou teu caminho
conduz à morte e ao inferno. Escute a Palavra de Cristo:
“Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição,
e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que
conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.” (Mt 7:13-14)
Qual a porta que tens escolhido? Qual é o caminho que tens trilhado? O caminho da vida ou o
da perdição? Em teu caminho teus companheiros são os poucos peregrinos que seguem a
Deus ou são as multidões que andam segundo seus próprios desejos mundanos sem sabem
para onde vão?
A todos que ouvem esta mensagem termino com as palavras do Cristo Ressurreto, na
esperança que se voltem para Deus:
“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não
existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus,
ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono,
dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos
de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já
não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E
aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou:
Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou
o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da
vida. O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho. Quanto, porém,
aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos
idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e
enxofre, a saber, a segunda morte” (Ap 21:1-8)
Queira o Senhor que possas estar com Cristo Jesus e não passes pela segunda morte.
A Ele a glória eternamente. Amém!
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