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10 razões para se indignar

RUTH DE AQUINO

RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br

Um pequeno livro, quase um panfleto, de 30 páginas, tornou-se a sensação


literária na França neste Natal. O nome do autor, Stéphane Hessel, não explica
o sucesso. Sua idade, 93 anos, muito menos. São dois os motivos para o livro
sumir das prateleiras. O preço baixo, de € 3 (R$ 7). E o título provocativo,
Indignez-vous (Fique indignado) . Por incitar os jovens ao não conformismo
pacífico, Hessel virou uma celebridade pop. Lembra o candidato do PSOL à
Presidência, Plínio de Arruda Sampaio, de 80 anos.

Hessel nasceu em Berlim, de pai judeu escritor e mãe pintora. Foi para Paris
aos 7 anos de idade. Na Segunda Guerra Mundial, lutou na Resistência contra
o nazismo. Ajudou a redigir a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de
1948. Suas causas hoje são o Estado palestino, o meio ambiente, os direitos
dos imigrantes, a liberdade de imprensa e a batalha contra o mercado
financeiro. “Meu fim não está muito longe”, escreve. “Desejo, a cada um de
vocês, que tenham um motivo para se indignar. Isso é precioso.”

Uma pessoa indignada não é necessariamente raivosa. Indignar-se com a


injustiça é estar alerta. “Os governos, por definição, não têm consciência”,
escreveu o romancista Albert Camus, em 1954. Felizes são os homens e as
mulheres que não aceitam passivamente os malfeitos dos governos e dos
indivíduos. A indiferença nos faz menos humanos. A resignação pode nos
tornar cúmplices.

Uma pessoa indignada não é necessariamente raivosa. Indignar-se


com a injustiça é estar alerta

Reduzir a lista abaixo depende da vontade política da presidente eleita e da


atitude pessoal de cada um de nós. Eis 10 razões para se indignar no Brasil:

 o número de analfabetos funcionais na oitava economia do mundo. Uma


contradição provocada pela contínua falta de prioridade na educação
fundamental e na qualidade da instrução;
 os absurdos privilégios dos deputados e senadores, que aprovam
aumentos para si mesmos e, além do salário, dispõem de uma verba
extra irreal. Com R$ 26 mil mensais, deveriam abrir mão das
mordomias;
 a influência excessiva da Igreja sobre o Estado laico brasileiro. Em
assuntos como células-tronco, controle da natalidade ou
descriminalização do aborto, por que a religião se sobrepõe a razões de
saúde e ciência? Que se respeitem a fé e os ditames do Vaticano como
opções individuais, mas não como condutores de políticas públicas;
 a impunidade de assassinos confessos, como o jornalista Pimenta
Neves. Com recursos em cascata permitidos por lei, quem tem dinheiro,
prestígio e diploma se safa da prisão, mesmo depois de confessar crime
hediondo e ser condenado por júri popular;
 a agressividade no trânsito, que torna o Brasil recordista em mortes em
acidentes. O antropólogo Roberto Da Matta acaba de escrever um livro
sobre isso: “Dirigir com cautela no Brasil significa ser barbeiro, bobo e
idiota”. Acelerar para assustar pedestres, fechar o outro veículo, entrar
na vaga alheia, bloquear os cruzamentos, xingar. Não é assim no
exterior;
 a falta de educação da elite brasileira. Boa parcela de ricos desenvolve
falta de educação associada à arrogância e à crença na impunidade.
Joga lixo nas praias e da janela de carros importados, dá festanças
ignorando a lei do silêncio, viola a legislação ambiental e sempre quer
levar vantagem;
 os impostos escorchantes, que não resultam em benefício para a
população carente. Cartéis punem o consumidor e tornam produtos e
passagens aéreas no Brasil muito mais caros;
 a falta de sistema de saúde pública que dê dignidade a quem precisa e
aos mais velhos. Gente morrendo em fila de hospital ou por falta de
leitos e médicos é inaceitável. Quantas CPMFs o governo exigirá?;
 a falta de política de habitação decente para os mais pobres, mesmo
com tantos prédios públicos vazios;
 a inexistência de transporte de massas, num país que fez opção
equivocada pelo carro. Metrôs e trens, ligados a uma rede de ônibus
sem ranço de máfias, deveriam transportar todas as classes sociais.

Indigne-se, mas não seja chato. Contribua para a mudança. Melhor ser um
indignado otimista que um resignado deprimido.

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