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Ética de
em
Pesquisa
Índice
Editorial
Ética em Pesquisa ................................................................................................... 3
Análise
Os avanços recentes da ética em pesquisa no Brasil ............................ 4
Perspectivas
Conheça as áreas temáticas especiais ......................................................... 9
Avanço
O conceito de usuário ......................................................................................... 11
Palavra-chave
Entrevista com Willian Saad Hossne .......................................................... 12
Bioética
Cogresso reúne especialistas em Brasíia ................................................. 14
Seminários
Um caminho para a integração dos CEP .................................................. 16
Depoimento
Veja a experiência do CEP da Fiocruz .......................................................... 18
Boas práticas
A ética na pesquisa em HIV/Aids ................................................................ 18
Dúvidas
As respostas da CONEP ................................................................................... 21
Anexos
Fluxograma para pesquisa ............................................................................... 23
Folha de rosto ........................................................................................................ 24
Documentos necessários para análise de projetos ............................. 26
Roteiro para o parecer consubstanciado ................................................. 28
Listagem de registro dos CEP ........................................................................ 29
A íntegra da Resolução 196/96 .................................................................. 34
A íntegra da Resolução 251/97 .................................................................. 43
Editorial
Ética em Pesquisa
A aprovação da Resolução
196/96, contendo as Dire-
trizes e Normas Regulamen-
exigidas pelo avanço tecnológico.
O trabalho dos membros da
Comissão, que estabelece um
tadoras de Pesquisas Envolvendo processo participativo e conta
Seres Humanos, completará dois com contribuições de diversos
anos no próximo mês de outu- setores da sociedade, resulta na
bro e os resultados alcançados, aprovação da Resolução 196,
nesse período, são bastante pro- publicada no Diário Oficial da
missores. Em curto espaço de União em 16 outubro de 1996.
tempo, mais de 120 Comitês de Esta norma, além de reunir as
Ética em Pesquisa (CEP) têm principais diretrizes para a apreci-
suas solicitações de registro apro- ação da ética dos projetos de pes-
vadas pelo Comissão Nacional de quisa, cria um sistema nacional
Ética em Pesquisa. Os dados so- para o seu acompanhamento,
bre essa área demostram um alto constituído de Comitês de Ética
grau de adesão às normas e à pro- em Pesquisa nas instituições que
posta de abrangência da Resolu- as realizam, sob a coordenação da
ção, além de uma clara mudança Comissão Nacional de Ética em
do perfil dos Comitês. Pesquisa, vinculada ao CNS.
A evolução alcançada na últi- A nova resolução procura am-
ma década é fruto da determina- pliar o perfil dos integrantes dos
ção do Conselho Nacional de CEP, em comparação com o dos
Saúde em regulamentar as ativi- participantes dos Comitês de Éti-
dades nessa área a partir de 1988. ca anteriores, principalmente
Naquele ano, a publicação da Re- quanto ao número e diversidade
solução 01/88 determina a cons- de formação dos seus membros.
tituição dos Comitês de Ética A partir de 1996, os CEP devem
para acompanhar pesquisas en- ser constituídos de forma multi-
volvendo seres humanos. Após disciplinar, com “ participação de
sete anos, o CNS constata a ne- profissionais da área de saúde, das
cessidade de se revisar a regula- ciências exatas, sociais e humanas,
mentação sobre o tema, devido, incluindo, por exemplo, juristas,
entre outros fatores, à baixa ade- teólogos, sociólogos, filósofos,
são à norma anterior, seja por bioeticistas e pelo menos um
desconhecimento ou discor- membro da sociedade represen-
dância, às dificuldades para a apli- tando os usuários da instituição”.
cação, a inexistência de forma sis- Eles podem ainda contar com o
tematizada de acompanhamento apoio de consultores, profissio-
da organização e funcionamento nais não pertencentes à institui-
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4 de Ética em dos Comitês, e até mesmo em ção com a finalidade de fornecer
Pesquisa razão das novas abordagens subsídios técnicos.
Mudam também as atribuições ro de 1998, 161 instituições so-
dos Comitês de Ética em Pes- licitam registro de CEP na
quisa. Antes da Resolução 196/ CONEP, dos quais 122 são
96, os Comitês têm um papel aprovados por cumprirem as de-
mais restrito e destinam-se a terminações das normas, repre-
emitir parecer sobre aspectos éti- sentando 76% dos pedidos pro-
cos das pesquisas em saúde, me- tocolados.
diante a revisão dos riscos, dos Quanto à localização, os CEP
benefícios, do termo de consen- se encontram nas principais ins-
timento pós-informação, entre tituições de pesquisa do País,
outros, contidos nos protocolos com expressiva concentração em
de pesquisa, de modo a garantir São Paulo (62), seguido dos Es-
o bem-estar e os direitos dos tados do Rio de Janeiro (24),
voluntários participantes. Minas Gerais (17), Rio Grande
Após a nova norma, os CEP do Sul (13), Paraná (11) e
passam a ter atribuições como: Pernambuco (6). Nos demais
revisar todos os projetos de pes- Estados, estão 28 dos Comitês
quisa envolvendo seres huma- aprovados, hoje presentes em
nos, de modo a garantir e res- quase todo Brasil.
guardar a integridade e os direi- A vocação de pesquisa das uni-
tos dos voluntários, emitindo versidades faz com que elas con-
parecer consubstanciado sobre centrem a grande parte dos CEP,
os mesmos; acompanhar o de- distribuídos ainda em institui-
senvolvimento dos projetos; de- ções como hospitais e clínicas.
sempenhar papel educativo e Dentro das universidades, tam-
consultivo, fomentando a refle- bém é grande o número dos
xão em torno da ética na ciên- Comitês vinculados às reitorias,
cia; receber denúncias de abusos revelando uma diversificação
ou notificação de fatos adversos quanto às áreas de conhecimen-
que possam alterar o curso nor- to, além de faculdades (medici-
mal do estudo. na, odontologia, farmácia e en-
fermagem), núcleos de saúde e
Situação atual dos CEP hospitais universitários.
Após a publicação da norma, O perfil dos membros dos
em outubro de 1996, as insti- CEP revela que a constituição
tuições começam a organizar os dos órgãos tem sido multi-
seus comitês. As que já os ti- disciplinar, com representantes
nham, passam a fazer as adapta- de praticamente todas as áreas do
ções necessárias para requisitar o conhecimento. Em média, os
Cadernos
registro na Comissão Nacional. Comitês congregam cerca de 11 de Ética em 5
Entre janeiro de 1997 e feverei-
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▲
Pesquisa
participantes. Quanto à forma- cebendo projetos em áreas como
ção, observa-se uma maior par- sociologia, educação, antropolo-
ticipação dos profissionais das gia, etc. A nova situação revela
áreas ligadas à saúde, como me- claramente a mudança do perfil
dicina (40%), enfermagem (9%), dos Comitês, antes de caráter
odontologia (4%), nutrição e fi- mais profissional, uma vez que
sioterapia, além daqueles forma- derivados dos Comitês de Ética
dos em direito (9%), teologia Médica, para um colegiado mais
(3%), filosofia (2%), sociologia. diversificado, resultando numa
A representação dos usuários amplitude de enfoques a serem
(9%) tem perfil bastante variado, considerados na prática das aná-
contando com profissionais de lises dos projetos.
diferentes áreas e participantes De acordo com Corina Bon–
de organizações da sociedade tempo, secretária executiva da
civil como associações de porta- CONEP os CEP evitam que pes-
dores de patologias e de volun- quisadores e patrocinadores se-
tários em hospitais e clínicas, as- jam os únicos a julgar os aspec-
sociações de moradores, entida- tos éticos de seus projetos. “Os
des de defesa dos direitos huma- Comitês não devem se ater à bu-
nos ou mesmo religiosas, agen- rocracia, mas tornar-se espaços
tes comunitários de saúde e até de reflexão e monitoramento de
vereadores. condutas, de explicitação de
O grande número de comitês conflitos e de desenvolvimento
formados no primeiro ano de vi- da competência ética da socie-
gência da norma e a composi- dade”, afirma
ção com caráter multidisciplinar Com a experiência de quem
dos novos CEP demonstram o participou do Grupo de Traba-
alto grau de adesão à Resolução lho que elaborou a 196, Corina
196/96. Outro importante in- conclui : “temos agora o desafio
dicador é a adesão à proposta de de fazer os CEP funcionarem de
abrangência da resolução, englo- forma responsável e eficaz, tan-
bando todas as pesquisas envol- to na análise dos projetos de pes-
vendo seres humanos, e não ape- quisa e no acompanhamento da
nas aquelas biomédicas ou em sua execução, quanto na propo-
saúde, como na norma anterior. sição de alternativas viáveis para
Esta maior abrangência pode ser possíveis conflitos éticos encon-
constatada pelo grande número trados, cumprindo, inclusive um
de comitês nas universidade, re- papel educativo”.
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6 de Ética em
Pesquisa
Registros históricos
Conheça a evolução recente da questão da ética em pesquisas no Brasil e no mundo:
Pesquisa
da ABA (Associação Brasileira de pesquisada.
Antropologia), do Fórum Perma- As discussões realizadas por
nente de Educação Ambiental do grupos de trabalho com partici-
Estado do Pará, lideranças indí- pantes do encontro resultaram
genas de diferentes Estados, pes- num relatório conclusivo do
quisadores e estudiosos sobre o evento com propostas para a ela-
tema. boração de documento nor-
A conferência de abertura, pro- mativo das pesquisas com popu-
ferida pelo representante da lações indígenas. Compõem o
CONEP, Prof. Dr. Daniel Mu- relatório assuntos como as prin-
ñoz, enfoca o tema Fundamen- cipais áreas de interesse em que
tos Éticos da Pesquisa em Grupos se realizam pesquisas, os proble-
Indígenas: da Liberdade de Agir mas que permeiam estes estudos,
à Autoridade do Pesquisador, no as expectativas das comunidades
qual abordou os princípios da envolvidas, aspectos da relação
bioética e a aplicação de seus as- comunidade-pesquisador, entre
pectos na realização de pesquisas outros.
dessa natureza. Segundo o relatório, os mem-
Muñoz defende que, por se tra- bros das comunidades indígenas
tar de grupos com culturas e es- reconhecem que a pesquisa é um
truturas sociais diferentes, os intercâmbio de valores, mas en-
princípios da bioética devem ser tendem que poderiam ser, de al-
norteadores dos estudos realiza- guma forma, mais envolvidos e
dos junto a populações indígenas. não apenas simples fontes de in-
Para ele, deve-se levar em conta formação. Outro interesse de-
os vários aspectos de cada povo monstrado pelo grupo é a cria-
que se pretende estudar, sem que ção de um cadastro de pesquisas
se imponha normas e condutas que possa ser divulgado entre
não pertinentes à comunidade todas as comunidades indígenas.
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de Ética em 11
Pesquisa
Palavra-chave
rganizado pela Sociedade ganização Mundial da Saúde tem malformação do feto. Marcos de
O Brasileira de Bioética, o II
Congresso Brasileiro de Bioética
realizado para discutir os rumos
da universalidade, acessibilidade
Almeida, da USP, falou da tole-
rância ética que parte da plu-
aconteceu em março deste ano, e cidadania em saúde dos povos ralidade moral da sociedade e cri-
em Brasília, na sede do Conse- nos próximos anos. ticou a omissão oficial diante da
lho Federal de Medicina reunin- Outro estrangeiro, que avaliou questão do aborto. Eliane Aze-
do especialistas nacionais e estran- aspectos éticos da alocação de vedo, da UFBA, analisou os con-
geiros, com grande presença de recursos em saúde e incorporação flitos entre autonomia materna e
público. de tecnologia no setor, foi o pro- vida do embrião e do feto.
Na abertura do evento, o pro- fessor Miguel Kottow, da Facul- Wolnei Garrafa, presidente do
fessor Giovanni Berlinguer, da dade de Medicina, Filosofia e Congresso e professor da UnB,
Universidade de Roma, apresen- Humanidades da Universidade do conclui que a Bioética é laica e
tado pelo então Presidente da So- Chile. “Os avanços da medicina
ciedade Brasileira de Bioética, somente são aceitáveis se produ-
William Saad Hossne, falou so- zirem benefícios para todos, sem
bre “Qualidade, equidade e bem- distinção, o que requer investi-
estar futuro”. Aos 73 anos, sani- mento e destinação suficiente de
tarista, ex-deputado e ex-senador, recursos para a saúde”, avaliou.
Berlinguer, com 40 livros publi-
cados é referência mundial em Polêmicas
Bioética. Nos anos 70 foi relator Não faltaram no Congresso
da legalização do aborto na Câ- mesas- redondas e discussões so-
mara dos Deputados italiana. bre os dilemas éticos mais fre-
“Foi aí que cheguei à convicção quentes da atualidade.
de que há conflitos que não po- Sobre engenharia genética,
dem ter solução unívoca do pon- Fermim Roland Schramm, da
to de vista moral. A sociedade ENSP/Fiocruz aplicou o concei-
deve prover meios para limitar e to de “moralidade genética”, e
prevenir danos”, disse o defen- devolveu à platéia duas questões:
sor de uma Bioética que valoriza Devemos ou não utilizar sempre
os princípios de equidade e justi- que possível a engenharia gené-
ça social. tica? Quando a biotecnociênca
O presidente da Associação pode ser usada para o bem?
Internacional de Bioética, o in- Calorosa, como sempre, foi a
glês Alastair Campbell, atribuiu discussão sobre aborto, mediada
o crescimento do interesse pela pelo Presidente do Conselho Fe-
Bioética ao desenvolvimento deral de Medicina, Waldir Mes-
médico e científico desenfreado, quita. Thomaz Gollop, do Insti-
trazendo dilemas para profissio- tuto de Medicina Fetal e Genéti-
Cadernos
14 de Ética em
nais de saúde e pacientes. Camp- ca Humana da USP defendeu o
Pesquisa bell lidera as reuniões que a Or- aborto em casos especiais de
deve permitir a convivência de
opiniões. Ressaltou que vivemos
o principal momento da Bioética Uma Arena de Discussões
no País.
O Congresso contou ainda “A Bioética é uma grande Criada em 1992 e
com discussões sobre doação pre- arena de discussão e implementada três anos depois,
sumida e consentida de órgãos, confronto”, diz Marco Segre, a Sociedade Brasileira de
os paradigmas éticos da aids, den- presidente da Sociedade Bioética abre mão das funções
tre outras. A Sociedade Brasilira Brasileira de Bioética, ao executivas para investir em
de Bioética irá lançar a publica- analisar a evidência do tema discussões que estão longe de
ção “Bioética no Limiar do Sé- na imprensa e o interesse soar uníssonas. “São todos
culo XXI”, contendo os debates. crescente da sociedade pelo temas polêmicos analisados a
assunto. Segre foi eleito partir das mais diversas
presidente em Brasília, em tendências de opiniões”, diz
março, durante o II Congresso Segre, que participou da
Brasileiro de Bioética. abertura, no Rio, do simpósio
Com abordagens cada vez “Ética em Saúde”, realizado em
mais próximas do dia a dia das maio, quando defendeu a
pessoas e assuntos que Bioética construtiva e
geram discussões em autonomista. Entre outros
diferentes instâncias – do temas, a ética ganhou análises
aborto à engenharia genética, específicas na prática médica,
por exemplo –, a Bioética, nos serviços de saúde e nas
como já aconteceu em Porto pesquisas com seres humanos.
Alegre, Botocatu e Londrina,
começa a ganhar núcleos Para associar-se à Sociedade
regionais que, na análise de Brasileira de Bioética, os
Segre, é um caminho que interessados devem preparar
dinamiza a partir da um breve currículo e enviá-lo
descentralização. “O para: Sociedade Brasileira de
importante é que sejam Bioética, Instituto Oscar Freire,
preservadas as normas que rua Teodoro Sampaio, 115,
conduzem a discussão em CEP 05405-000, Pinheiros,
nível nacional”, diz Segre. No São Paulo- SP. Deve ser
Rio, por exemplo, o momento é solicitada ainda uma ficha para
de consolidação de uma associação. Outras
sociedade estadual de informações pelo telefone Cadernos
Bioética. (011) 853-9677. de Ética em 15
Pesquisa
Seminários
Cadernos
16 de Ética em
Pesquisa
As Sugestões Básicas aos CEP
A CONEP sugere que:
Cadernos
de Ética em 17
Pesquisa
Depoimento
A Experiência de um CEP
Pesquisa em HIV/Aids
Resposta comunitária
O Fórum de ONGs/aids do Grupo de Incentivo à Vida e
Estado de São Paulo, que GAPA – Grupo de Apoio e
reúne mais de 40 grupos de Prevenção à Aids), que con-
luta contra a aids, criou o tribuíram na elaboração da
CAC – Comitê de Acompa- Resolução 196, têm inter-
nhamento Comunitário, que ferido na condução de pes-
tem a tarefa de acompa- quisas que julgam antiéticas
nhar as pesquisas que en- e atualmente lutam para in-
volvem soropositivos e doen- clusão de representantes
tes de aids em São Paulo. do movimento nos CEPs das
Os integrantes do CAC (Gru- unidades que mantêm pes- Cadernos
po Pela Vidda/SP, GIV – quisa em HIV/aids. de Ética em 19
Pesquisa
tos anti-HIV/aids em nosso
território. Por outro lado, o vo- Manual ensina boas
lume de recursos financeiros des-
tinado à pesquisa em todos os
práticas em ensaios clínicos
campos da epidemia e a quanti- “A ética dos profissionais en- deral de São Paulo. A unidade
dade de atores envolvidos neste volvidos com a saúde deve ser atende a mil pacientes/mês.
processo fazem com que o de- vivida diariamente e ser uma O objetivo do Manual é auxi-
bate sobre os aspectos éticos exi- questão inerente ao dia a dia de liar o pesquisador na área de clí-
ja maior atenção. todos”. A defesa é feita pelos nica médica a conduzir um pro-
A vulnerabilidade dos portado- médicos Conceição Accetturi, jeto de pesquisa de forma crite-
res do HIV voluntários de pes- David Salomão Lewi e Greyce riosa e objetiva. Das fases de um
quisas, a possibilidade de acesso Balthazar Lousana ao apresen- ensaio clínico, passando pela des-
a tratamentos potencialmente tarem o Manual de Boas Práti- crição das funções de cada pro-
inovadores, a pressão comercial cas em Ensaios Clínicos, que eles fissional que trabalha na pesqui-
e o ativismo comunitário para li- publicaram em 97 e que imedi- sa, até as auditorias da CONEP
beração antecipada de uma nova atamente se transformou em e nos CEP, o Manual se cons-
droga, os critérios discrimi- importante referência bibliográ- trói, como escrevem os autores,
natórios de inclusão nos ensaios fica nas pesquisas e tratamentos a partir de um meta que caracte-
clínicos, as especificidades das relacionados à Aids. O manual, riza a rotina do CCDI: o apri-
mulheres e crianças pesquisadas, que tem 130 páginas, foi desen- moramento no atendimento aos
o sigilo e o direito do portador volvido a partir de estudos rea- portadores do vírus HIV, numa
nas coortes epidemiológicas, os es- lizados na Escola Paulista de realidade em que, considerado o
tudos sorológicos em populações Medicina, na Unidade de Pes- uso adequado de novas drogas,
confinadas, entre outros, repre- quisas Clínicas do Centro de a meta principal é otimizar a
sentam alguns desafios a serem Controle de Deficiências Imu- qualidade de vida e diminuir o
compatibilizados com as recentes nológicas (CDDI) do Hospital número de intercorrências clíni-
discussões sobre experimentos São Paulo da Universidade Fe- cas destes pacientes.
envolvendo seres humanos.
Cadernos
20 de Ética em
Pesquisa
Dúvidas?
A CONEP Responde
C frequentes feitas
bastaria um consentimento abran-
gente? Por outro lado é frequen-
pelos Comitês de Ética te a realização de exames, por
exemplo, de biópsias para diag-
em Pesquisa das
nóstico. Tendo sido realizado o
instituições são exame, e havendo interesse em se
apresentadas aqui aproveitar o material para pesqui-
sa, como ficaria a questão do con-
com as respostas da sentimento? E tal consentimen-
CONEP, a partir da to deveria ser específico?
fundamentação ética A resposta
O consentimento livre e escla-
definida nas Diretrizes recido deve ser específico para
e Normas cada projeto ( item VI.3.e) de-
vendo ser obtido após o sujeito
Regulamentadoras de da pesquisa estar suficientemen-
Pesquisas envolvendo te esclarecido de todos os possí-
Seres Humanos, a veis benefícios e riscos e for-
necidas as informações elencadas
Resolução 196/96. no item IV. Obviamente o pro-
jeto deve ter sido aprovado nas
instâncias adequadas.
● O uso do material biológico
ou dos dados obtidos na pesqui-
sa deve se restringir à finalidade
A consulta prevista no protocolo (item
Muitas pessoas que procuram III.3.t e item VI.2.n)
tratamento odontológico numa ● Quando não for possível a
determinada instituição são tam- obtenção do consentimento,
bém sujeitos de pesquisas ali de- como por exemplo nas pesquisas
senvolvidas. Tais pessoas assinam retrospectivas em prontuários, a
termo de consentimento para re- justificativa deve ser explicitada
alização do tratamento indicado, no protocolo para apreciação do
e, quando é o caso, permitem Comitê de Ética em Pesquisa,
também a compilação de dados que aprovará ou não a sua dis-
relativos ao seu caso para levan- pensa, analisando ainda as medi-
tamentos, análises, publicações das de garantia da confiden-
científicas, etc. Nesta situação, cialidade e privacidade dos sujei-
Cadernos
haveria necessidade de um con- tos da pesquisa. de Ética em 21
▲
▲
Fluxograma
Para pesquisa envolvendo seres humanos na área de novos fármacos, medicamentos,
vacinas e teste diagnósticos (A)
CEP
➩
+ carta de aprovação do
registro do CEP na CONEP
PESQUISADOR CONEP
➩
SVS/MS
A) Área Temática 3 - Cap. VIII.4 - Resolução CNS 196/96 e Res. Complementar CNS 251/97, exceto quando projetos com novos fármacos se
enquadrarem também em outra área temática que não tenha Resolução específica e portanto devam ser enviados para apreciação na CONEP.
B) Protocolo contendo todos os itens do Cap. VI - Resolução CNS 196/96, e Cap. IV, Res. 251/97
C) A cópia devolvida ao pesquisador deverá ter suas folhas numeradas e rubricadas pelo CEP
D) Aos documentos entregues pelo CEP (protocolo + parecer consubstanciado + carta de aprovação do CEP), juntar os documentos exigidos pela
Secretaria de Vigilância Sanitária - SVS/MS
E) Posteriormente enviar cópia dos relatórios parciais e final à SVS e parecer sobre os mesmos à CONEP (Itens V.2 e III.1.c da Res. CNS 251/97) Cadernos
de Ética em 23
Obs.: Modificações no protocolo devem ser submetidas ao CEP assim como a notificação imediata de eventos adversos graves. Pesquisa
Anexos
Cadernos
24 de Ética em
Pesquisa
Verso da Folha de Rosto
CÓDIGO – ÁREAS DO CONHECIMENTO
1 - GENÉTICA HUMANA;
2 - REPRODUÇÃO HUMANA;
3 - FARMÁCOS, MEDICAMENTOS, VACINAS E TESTES DIAGNÓSTICOS NOVOS (FASES I, II E III) OU NÃO REGISTRADOS NO PAÍS
(AINDA QUE FASE IV), OU QUANDO A PESQUISA FOR REFERENTE A SEU USO COM MODALIDADES, INDICAÇÕES, DOSES OU
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DIFERENTES DAQUELAS ESTABELECIDAS, INCLUINDO SEU EMPREGO EM COMBINAÇÕES;
4 - EQUIPAMENTOS, INSUMOS E DISPOSITIVOS PARA A SAÚDE NOVOS, OU NÃO REGISTRADOS NO PAÍS;
5 - NOVOS PROCEDIMENTOS AINDA NÃO CONSAGRADOS NA LITERATURA;
6 - POPULAÇÕES INDÍGENAS;
7 - PROJETOS QUE ENVOLVAM ASPECTOS DE BIOSSEGURANÇA;
8 - PESQUISAS COORDENADAS DO EXTERIOR OU COM PARTICIPAÇÃO ESTRANGEIRA E PESQUISAS QUE ENVOLVAM REMESSA
DE MATERIAL BIOLÓGICO PARA O EXTERIOR; E
Cadernos
9 - PROJETOS QUE, A CRITÉRIO DO CEP, DEVIDAMENTE JUSTIFICADO, SEJAM JULGADOS MERECEDORES DE ANÁLISE PELA de Ética em 25
CONEP/MS; Pesquisa
Anexos
Roteiro de Checagem
Documentos e informações necessárias para análise de projeto de pesquisa
sim não
Carta de encaminhamento do CEP institucional
Documento de aprovação pelo CEP
Folha de rosto
Projeto de pesquisa em português
Descrição da pesquisa
antecedentes e justificativa, registro no país de origem, em caso de drogas
e dispositivos para a saúde
descrição de material e métodos, casuística, resultados esperados e bibliografia
análise crítica de riscos e benefícios
duração
responsabilidades do pesquisador, da instituição, do patrocinador
critérios para suspender ou encerrar
local de realização das várias etapas
infra estrutura necessária e concordância da instituição
orçamento financeiro detalhado e remuneração do pesquisador
propriedade das informações
declaração de tornar públicos os resultados
declaração de uso específico do material
Parecer Consubstanciado
Roteiro em caráter experimental. Sugestões até 09/09/1998
I- Identificação
✔ Título do projeto (completo)
✔ Pesquisador responsável
✔ Instituição onde se realizará
✔ Data de apresentação ao CEP
II - Objetivos
V - Parecer do CEP
✔ Explicitar se o projeto será encaminhado à CONEP (áreas
temáticas especiais) e que, neste caso, deve-se aguardar a apreci-
ação final desta para início da execução.
VI - Data da reunião
✔ Assinatura do Coordenador
Cadernos
28 de Ética em
Pesquisa
Registros de CEP
Instituições que solicitaram registro de CEP na CONEP até 30/06/98
Instituições UF Aprovação
Universidade Federal de Alagoas - UFAL AL 20/02/97
Instituto de Medicina Tropical do Amazonas AM 10/02/98
Instituto de Dermatol.Trop. e Vener. “Alfredo da Matta” AM 17/09/97
Maternidade Climério de Oliveira/UFBA BA 03/06/97
Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz BA 30/04/97
Hospital Português BA 18/03/97
CEPARH - Centro de Pesquisa e Assistência em Reprodução Humana BA 27/06/97
Hospital São Rafael/Monte Tabor BA 27/04/98
Santa Casa de Misericórdia da Bahia/Hosp. Santa Izabel BA 06/04/98
Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC BA pendência
Faculdade de Medicina da UFBA BA 27/04/98
Hospital Universitário Walter Cantídio/UFC CE 20/02/97
Universidade Estadual do Ceará - UECE CE pendência
Secretaria de Saúde/FHDF/CEDRHUS DF 18/06/97
Associação das Pioneiras Sociais DF pendência
Universidade de Brasília - Faculdade de Ciências da Saúde DF 18/06/97
Fundação Hemocentro de Brasília DF pendência
Hospital Santa Lúcia DF 27/04/98
Universidade Federal do Espírito Santo - Centro Biomédico ES 03/06/97
Hospital Materno Infantil GO 25/08/97
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás GO 03/06/97
Santa Casa de Misericórdia de Goiânia GO 03/06/97
Hospital São Salvador GO 13/02/98
Fundação Hemominas MG 03/06/97
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte MG 30/04/97
IPSEMG- Hospital Governador Israel Pinheiro MG 20/10/97
Universidade de Alfenas MG 17/06/97
PRONTOCOR S/A MG 18/03/97
Faculdade de Fisioterapia de Patrocínio MG pendência
Hospital SOCOR MG 30/04/97
Centro de Estudos e Pesquisas Clóvis Salgado - CEPECS MG 25/08/97
Universidade Federal de Minas Gerais MG 30/04/97
Hospital Madre Teresa MG 30/04/97
Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora MG 30/04/97 Cadernos
de Ética em 29
Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro MG 03/06/97
Pesquisa
Anexos
Resolução nº 196
De 10 de outubro de 1996
III.3 - A pesquisa em qualquer dades, inclusive em termos de auto- de saúde da coletividade, preservan-
área do conhecimento, envolvendo estima, de prestígio e/ou econômi- do, porém, a imagem e asseguran-
seres humanos deverá observar as co - financeiro; do que os sujeitos da pesquisa não
seguintes exigências: j) ser desenvolvida preferencial- sejam estigmatizados ou percam a
a) ser adequada aos princípios ci- mente em indivíduos com autonomia auto-estima;
entíficos que a justifiquem e com plena. Indivíduos ou grupos vulnerá- p) assegurar aos sujeitos da pes-
possibilidades concretas de respon- veis não devem ser sujeitos de pes- quisa os benefícios resultantes do
der a incertezas; quisa quando a informação desejada projeto, seja em termos de retorno
b) estar fundamentada na experi- possa ser obtida através de sujeitos social, acesso aos procedimentos,
mentação prévia realizada em labo- com plena autonomia, a menos que produtos ou agentes da pesquisa;
ratórios, animais ou em outros fatos a investigação possa trazer benefícios q)assegurar aos sujeitos da pesqui-
científicos; diretos aos vulneráveis. Nestes casos, sa as condições de acompanhamen-
c) ser realizada somente quando o direito dos indivíduos ou grupos to, tratamento ou de orientação,
o conhecimento que se pretende que queiram participar da pesquisa conforme o caso, nas pesquisas de
obter não possa ser obtido por ou- deve ser assegurado, desde que seja rastreamento; demonstrar a prepon-
tro meio; garantida a proteção à sua vulne- derância de benefícios sobre riscos e
d) prevalecer sempre as probabili- rabilidade e incapacidade legalmente custos;
dades dos benefícios esperados so- definida; r) assegurar a inexistência de con-
bre os riscos previsíveis; l) respeitar sempre os valores cul- flito de interesses entre o pesquisa-
e) obedecer a metodologia ade- turais, sociais, morais, religiosos e dor e os sujeitos da pesquisa ou pa-
quada. Se houver necessidade de dis- éticos, bem como os hábitos e cos- trocinador do projeto;
tribuição aleatória dos sujeitos da tumes quando as pesquisas envolve- s) comprovar, nas pesquisas
pesquisa em grupos experimentais e rem comunidades; conduzidas do exterior ou com co-
de controle, assegurar que, a priori, m) garantir que as pesquisas em operação estrangeira, os compro-
não seja possível estabelecer as van- comunidades, sempre que possível, missos e as vantagens, para os sujei-
tagens de um procedimento sobre traduzir-se-ão em benefícios cujos tos das pesquisas e para o Brasil,
outro através de revisão de literatu- efeitos continuem a se fazer sentir decorrentes de sua realização. Nes-
ra, métodos observacionais ou mé- após sua conclusão. O projeto deve tes casos deve ser identificado o pes-
todos que não envolvam seres hu- analisar as necessidades de cada um quisador e a instituição nacionais co-
manos; dos membros da comunidade e ana- responsáveis pela pesquisa. O pro-
f) ter plenamente justificada, quan- lisar as diferenças presentes entre eles, tocolo deverá observar as exigênci-
do for o caso, a utilização de placebo, explicitando como será assegurado o as da Declaração de Helsinque e
em termos de não maleficência e de respeito às mesmas; incluir documento de aprovação, no
necessidade metodológica; n) garantir o retorno dos benefí- país de origem, entre os apresenta-
g) contar com o consentimento cios obtidos através das pesquisas dos para avaliação do Comitê de Éti-
livre e esclarecido do sujeito da pes- para as pessoas e as comunidades ca em Pesquisa da instituição brasi-
quisa e/ou seu representante legal; onde as mesmas forem realizadas. leira, que exigirá o cumprimento de
h) contar com os recursos huma- Quando, no interesse da comunida- seus próprios referenciais éticos. Os
nos e materiais necessários que ga- de, houver benefício real em incen- estudos patrocinados do exterior
rantam o bem-estar do sujeito da tivar ou estimular mudanças de cos- também devem responder às neces-
pesquisa, devendo ainda haver ade- tumes ou comportamentos, o pro- sidades de treinamento de pessoal no
quação entre a competência do pes- tocolo de pesquisa deve incluir, sem- Brasil, para que o país possa desen-
quisador e o projeto proposto; pre que possível, disposições para co- volver projetos similares de forma in-
i) prever procedimentos que asse- municar tal benefício às pessoas e/ dependente;
gurem a confidencialidade e a priva- ou comunidades; t) utilizar o material biológico e
cidade, a proteção da imagem e a o) comunicar às autoridades sani- os dados obtidos na pesquisa exclu-
não estigmatização, garantindo a não tárias os resultados da pesquisa, sem- sivamente para a finalidade prevista
Cadernos
utilização das informações em pre- pre que os mesmos puderem contri- no seu protocolo;
36 de Ética em
juízo das pessoas e/ou das comuni- buir para a melhoria das condições u) levar em conta, nas pesquisas
Pesquisa
realizadas em mulheres em idade fér- f) a liberdade do sujeito se recusar recido, através dos representantes
til ou em mulheres grávidas, a avali- a participar ou retirar seu consenti- legais dos referidos sujeitos, sem sus-
ação de riscos e benefícios e as even- mento, em qualquer fase da pesqui- pensão do direito de informação do
tuais interferências sobre a fertilida- sa, sem penalização alguma e sem indivíduo, no limite de sua capaci-
de, a gravidez, o embrião ou o feto, prejuízo ao seu cuidado; dade;
o trabalho de parto, o puerpério, a g) a garantia do sigilo que assegu- b) a liberdade do consentimento
lactação e o recém-nascido; re a privacidade dos sujeitos quanto deverá ser particularmente garanti-
v) considerar que as pesquisas em aos dados confidenciais envolvidos na da para aqueles sujeitos que, embo-
mulheres grávidas devem, ser prece- pesquisa; ra adultos e capazes, estejam expos-
didas de pesquisas em mulheres fora h) as formas de ressarcimento das tos a condicionamentos específicos
do período gestacional, exceto quan- despesas decorrentes da participação ou à influência de autoridade, espe-
do a gravidez for o objetivo funda- na pesquisa; e cialmente estudantes, militares, em-
mental da pesquisa; i) as formas de indenização diante pregados, presidiários, internos em
x) propiciar, nos estudos multi- de eventuais danos decorrentes da centros de readaptação, casas-abrigo,
cêntricos, a participação dos pesqui- pesquisa. asilos, associações religiosas e seme-
sadores que desenvolverão a pesqui- IV.2 - O termo de consentimen- lhantes, assegurando-lhes a inteira
sa na elaboração do delineamento to livre e esclarecido obedecerá aos liberdade de participar ou não da
geral do projeto; e seguintes requisitos: pesquisa, sem quaisquer represálias;
z) descontinuar o estudo somen- a) ser elaborado pelo pesquisador c) nos casos em que seja impossí-
te após análise das razões da descon- responsável, expressando o cumpri- vel registrar o consentimento livre e
tinuidade pelo CEP que a aprovou. mento de cada uma das exigências esclarecido, tal fato deve ser devida-
IV - CONSENTIMENTO acima; mente documentado, com explica-
LIVRE E ESCLARECIDO b) ser aprovado pelo Comitê de ção das causas da impossibilidade, e
O respeito devido à dignidade hu- Ética em Pesquisa que referenda a parecer do Comitê de Ética em Pes-
mana exige que toda pesquisa se pro- investigação; quisa;
cesse após consentimento livre e es- c) ser assinado ou identificado por d) as pesquisas em pessoas com o
clarecido dos sujeitos, indivíduos ou impressão dactiloscópica, por todos diagnóstico de morte encefálica só
grupos que por si e/ou por seus re- e cada um dos sujeitos da pesquisa podem ser realizadas desde que es-
presentantes legais manifestem a sua ou por seus representantes legais; e tejam preenchidas as seguintes con-
anuência à participação na pesquisa. d) ser elaborado em duas vias, sen- dições:
IV.1 - Exige-se que o esclareci- do uma retida pelo sujeito da pes- - documento comprobatório da
mento dos sujeitos se faça em lin- quisa ou por seu representante legal morte encefálica (atestado de óbito);
guagem acessível e que inclua neces- e uma arquivada pelo pesquisador. - consentimento explícito dos fa-
sariamente os seguintes aspectos: IV.3 - Nos casos em que haja qual- miliares e/ou do responsável legal,
a) a justificativa, os objetivos e os quer restrição à liberdade ou ao es- ou manifestação prévia da vontade
procedimentos que serão utilizados clarecimento necessários para o ade- da pessoa;
na pesquisa; quado consentimento, deve-se ain- - respeito total à dignidade do ser
b) os desconfortos e riscos possí- da observar: humano sem mutilação ou violação
veis e os benefícios esperados; a) em pesquisas envolvendo crian- do corpo;
c) os métodos alternativos existen- ças e adolescentes, portadores de - sem ônus econômico financeiro
tes; perturbação ou doença mental e su- adicional à família;
d) a forma de acompanhamento e jeitos em situação de substancial di- - sem prejuízo para outros pacien-
assistência, assim como seus respon- minuição em suas capacidades de tes aguardando internação ou trata-
sáveis; consentimento, deverá haver justifi- mento;
e) a garantia de esclarecimentos, cação clara da escolha dos sujeitos - possibilidade de obter conheci-
antes e durante o curso da pesquisa, da pesquisa, especificada no proto- mento científico relevante, novo e
sobre a metodologia, informando a colo, aprovada pelo Comitê de Éti- que não possa ser obtido de outra
Cadernos
possibilidade de inclusão em grupo ca em Pesquisa, e cumprir as exigên- maneira;
de Ética em 37
controle ou placebo; cias do consentimento livre e escla- e) em comunidades culturalmente
Pesquisa
Anexos
diferenciadas, inclusive indígenas, obrigado a suspender a pesquisa ime- dereço para correspondência do pes-
deve-se contar com a anuência ante- diatamente ao perceber algum risco quisador responsável e do patrocina-
cipada da comunidade através dos ou dano à saúde do sujeito partici- dor, nome e assinaturas dos dirigen-
seus próprios líderes, não se dispen- pante da pesquisa, conseqüente à tes da instituição e/ou organização;
sando, porém, esforços no sentido mesma, não previsto no termo de VI.2 - descrição da pesquisa, com-
de obtenção do consentimento in- consentimento. Do mesmo modo, preendendo os seguintes itens:
dividual; tão logo constatada a superioridade a) descrição dos propósitos e das
f) quando o mérito da pesquisa de um método em estudo sobre ou- hipóteses a serem testadas;
depender de alguma restrição de in- tro, o projeto deverá ser suspenso, b) antecedentes científicos e da-
formações aos sujeitos, tal fato deve oferecendo-se a todos os sujeitos os dos que justifiquem a pesquisa. Se o
ser devidamente explicitado e justi- benefícios do melhor regime. propósito for testar um novo pro-
ficado pelo pesquisador e submeti- V.4 - O Comitê de Ética em Pes- duto ou dispositivo para a saúde, de
do ao Comitê de Ética em Pesquisa. quisa da instituição deverá ser infor- procedência estrangeira ou não, de-
Os dados obtidos a partir dos sujei- mado de todos os efeitos adversos ou verá ser indicada a situação atual de
tos da pesquisa não poderão ser usa- fatos relevantes que alterem o curso registro junto a agências regulatórias
dos para outros fins que os não pre- normal do estudo. do país de origem;
vistos no protocolo e/ou no con- V.5 - O pesquisador, o patrocina- c) descrição detalhada e ordenada
sentimento. dor e a instituição devem assumir a do projeto de pesquisa (material e
responsabilidade de dar assistência métodos, casuística, resultados espe-
V - RISCOS E integral às complicações e danos de- rados e bibliografia);
BENEFÍCIOS correntes dos riscos previstos. d) análise crítica de riscos e bene-
Considera-se que toda pesquisa V.6 - Os sujeitos da pesquisa que fícios;
envolvendo seres humanos envolve vierem a sofrer qualquer tipo de dano e) duração total da pesquisa, a par-
risco. O dano eventual poderá ser previsto ou não no termo de con- tir da aprovação;
imediato ou tardio, comprometen- sentimento e resultante de sua parti- f) explicitaçao das responsabilida-
do o indivíduo ou a coletividade. cipação, além do direito à assistência des do pesquisador, da instituição,
V.1 - Não obstante os riscos po- integral, têm direito à indenização. do promotor e do patrocinador;
tenciais, as pesquisas envolvendo V.7 - Jamais poderá ser exigido do g) explicitação de critérios para sus-
seres humanos serão admissíveis sujeito da pesquisa, sob qualquer ar- pender ou encerrar a pesquisa;
quando: gumento, renúncia ao direito à in- h) local da pesquisa: detalhar as
a) oferecerem elevada possibilida- denização por dano. O formulário instalações dos serviços, centros, co-
de de gerar conhecimento para en- do consentimento livre e esclareci- munidades e instituições nas quais se
tender, prevenir ou aliviar um pro- do não deve conter nenhuma ressal- processarão as várias etapas da pes-
blema que afete o bem-estar dos su- va que afaste essa responsabilidade quisa;
jeitos da pesquisa e de outros indi- ou que implique ao sujeito da pes- i) demonstrativo da existência de
víduos; quisa abrir mão de seus direitos le- infra-estrutura necessária ao desen-
b) o risco se justifique pela impor- gais, incluindo o direito de procurar volvimento da pesquisa e para aten-
tância do benefício esperado; obter indenização por danos even- der eventuais problemas dela resul-
c) o benefício seja maior, ou no mí- tuais. tantes, com a concordância documen-
nimo igual, a outras alternativas já tada da instituição;
estabelecidas para a prevenção, o di- VI - PROTOCOLO j) orçamento financeiro detalhado
agnóstico e o tratamento. DE PESQUISA da pesquisa: recursos, fontes e
V.2 - As pesquisas sem benefício O protocolo a ser submetido à re- destinação, bem como a forma e o
direto ao indivíduo, devem prever visão ética somente poderá ser apre- valor da remuneração do pesquisa-
condições de serem bem suportadas ciado se estiver instruído com os se- dor;
pelos sujeitos da pesquisa, conside- guintes documentos, em português: l) explicitação de acordo preexis-
rando sua situação física, psicológi- VI.1 - folha de rosto: título do tente quanto à propriedade das infor-
Cadernos
ca, social e educacional. projeto, nome, número da carteira mações geradas, demonstrando a
38 de Ética em
V.3 - O pesquisador responsável é de identidade, CPF, telefone e en- inexistência de qualquer cláusula
Pesquisa
restritiva quanto à divulgação públi- risco eventual. Quando apropriado, o provimento de condições adequa-
ca dos resultados, a menos que se trate descrever as medidas para assegurar das para o seu funcionamento.
de caso de obtenção de paten- os necessários cuidados à saúde, VII.4 - Composição - O CEP
teamento; neste caso, os resultados no caso de danos aos indivíduos. deverá ser constituído por colegiado
devem se tornar públicos, tão logo se Descrever também os procedimen- com número não inferior a 7 (sete)
encerre a etapa de patenteamento; tos para monitoramento da coleta membros. Sua constituição deverá
m) declaração de que os resulta- de dados para prover a segurança dos incluir a participação de profissionais
dos da pesquisa serão tornados pú- indivíduos, incluindo as medidas de da área de saúde, das ciências exatas,
blicos, sejam eles favoráveis ou não; e proteção à confidencialidade; e sociais e humanas, incluindo, por
n) declaração sobre o uso e h) apresentar previsão de ressarci- exemplo, juristas, teólogos, sociólo-
destinação do material e/ou dados mento de gastos aos sujeitos da pes- gos, filósofos, bioeticistas e, pelo me-
coletados. quisa. A importância referente não nos, um membro da sociedade re-
VI.3 - informações relativas ao poderá ser de tal monta que possa presentando os usuários da institui-
sujeito da pesquisa: interferir na autonomia da decisão do ção. Poderá variar na sua composi-
a) descrever as características da indivíduo ou responsável de partici- ção, dependendo das especificidades
população a estudar: tamanho, faixa par ou não da pesquisa. da instituição e das linhas de pesqui-
etária, sexo, cor (classificação do VI.4 - qualificação dos pesquisa- sa a serem analisadas.
IBGE), estado geral de saúde, clas- dores: “Curriculum vitae” do pesqui- VII.5 - Terá sempre caráter multi
ses e grupos sociais, etc. Expor as sador responsável e dos demais par- e transdisciplinar, não devendo ha-
razões para a utilização de grupos ticipantes. ver mais que metade de seus mem-
vulneráveis; VI.5 - termo de compromisso do bros pertencentes à mesma catego-
b) descrever os métodos que afe- pesquisador responsável e da insti- ria profissional, participando pesso-
tem diretamente os sujeitos da pes- tuição de cumprir os termos desta as dos dois sexos. Poderá ainda con-
quisa; Resolução. tar com consultores “ad hoc”, pes-
c) identificar as fontes de material soas pertencentes ou não à institui-
de pesquisa, tais como espécimens, VII - COMITÊ DE ÉTICA ção, com a finalidade de fornecer
registros e dados a serem obtidos de EM PESQUISA-CEP subsídios técnicos.
seres humanos. Indicar se esse ma- Toda pesquisa envolvendo seres VII.6 - No caso de pesquisas em
terial será obtido especificamente humanos deverá ser submetida à grupos vulneráveis, comunidades e
para os propósitos da pesquisa ou se apreciação de um Comitê de Ética coletividades, deverá ser convidado
será usado para outros fins; em Pesquisa. um representante, como membro
d) descrever os planos para o re- VII.1 - As instituições nas quais “ad hoc” do CEP, para participar da
crutamento de indivíduos e os pro- se realizem pesquisas envolvendo se- análise do projeto específico.
cedimentos a serem seguidos. For- res humanos deverão constituir um VII.7 - Nas pesquisas em popula-
necer critérios de inclusão e exclu- ou mais de um Comitê de Ética em ção indígena deverá participar um
são; Pesquisa- CEP, conforme suas neces- consultor familiarizado com os cos-
e) apresentar o formulário ou ter- sidades. tumes e tradições da comunidade.
mo de consentimento, específico VII.2 - Na impossibilidade de se VII.8 - Os membros do CEP de-
para a pesquisa, para a apreciação do constituir CEP, a instituição ou o pes- verão se isentar de tomada de deci-
Comitê de Ética em Pesquisa, inclu- quisador responsável deverá submeter são, quando diretamente envolvidos
indo informações sobre as circunstân- o projeto à apreciação do CEP de ou- na pesquisa em análise.
cias sob as quais o consentimento será tra instituição, preferencialmente den- VII.9 - Mandato e escolha dos
obtido, quem irá tratar de obtê-lo e a tre os indicados pela Comissão Nacio- membros - A composição de cada
natureza da informação a ser for- nal de Ética em Pesquisa (CONEP/ CEP deverá ser definida a critério da
necida aos sujeitos da pesquisa; MS). instituição, sendo pelo menos meta-
f) descrever qualquer risco, avali- VII.3 - Organização - A organi- de dos membros com experiência em
ando sua possibilidade e gravidade; zação e criação do CEP será da com- pesquisa, eleitos pelos seus pares. A
Cadernos
g) descrever as medidas para pro- petência da instituição, respeitadas as escolha da coordenação de cada Co-
de Ética em 39
teção ou minimização de qualquer normas desta Resolução, assim como mitê deverá ser feita pelos membros
Pesquisa
Anexos
que compõem o colegiado, durante cada protocolo culminará com seu cância à direção da instituição em
a primeira reunião de trabalho. Será enquadramento em uma das seguin- caso de denúncias de irregularidades
de três anos a duração do mandato, tes categorias: de natureza ética nas pesquisas e, em
sendo permitida recondução. · aprovado; havendo comprovação, comunicar à
VII.10 - Remuneração - Os mem- · com pendência: quando o Co- Comissão Nacional de Ética em Pes-
bros do CEP não poderão ser remu- mitê considera o protocolo como quisa-CONEP/MS e, no que cou-
nerados no desempenho desta tarefa, aceitável, porém identifica determi- ber, a outras instâncias; e
sendo recomendável, porém, que se- nados problemas no protocolo, h) manter comunicação regular e
jam dispensados nos horários de tra- no formulário do consentimento permanente com a CONEP/MS.
balho do Comitê das outras obriga- ou em ambos, e recomenda uma VII.14 - Atuação do CEP:
ções nas instituições às quais prestam revisão específica ou solicita uma a) A revisão ética de toda e qual-
serviço, podendo receber ressarci- modificação ou informação rele- quer proposta de pesquisa envolven-
mento de despesas efetuadas com vante, que deverá ser atendida em do seres humanos não poderá ser
transporte, hospedagem e alimenta- 60 (sessenta) dias pelos pesquisa- dissociada da sua análise científica.
ção. dores; Pesquisa que não se faça acompanhar
VII.11 - Arquivo - O CEP deve- · retirado: quando, transcorrido o do respectivo protocolo não deve ser
rá manter em arquivo o projeto, o prazo, o protocolo permanece pen- analisada pelo Comitê.
protocolo e os relatórios correspon- dente; b) Cada CEP deverá elaborar suas
dentes, por 5 (cinco) anos após o · não aprovado; e normas de funcionamento, conten-
encerramento do estudo. · aprovado e encaminhado, com o do metodologia de trabalho, a exem-
VII.12 - Liberdade de trabalho devido parecer, para apreciação pela plo de: elaboração das atas; planeja-
- Os membros dos CEPs deverão ter Comissão Nacional de Ética em Pes- mento anual de suas atividades; pe-
total independência na tomada das quisa -CONEP/MS, nos casos pre- riodicidade de reuniões; número
decisões no exercício das suas fun- vistos no capítulo VIII, item 4.c. mínimo de presentes para início das
ções, mantendo sob caráter confi- c) manter a guarda confidencial de reuniões; prazos para emissão de pa-
dencial as informações recebidas. todos os dados obtidos na execução receres; critérios para solicitação de
Deste modo, não podem sofrer qual- de sua tarefa e arquivamento do pro- consultas de experts na área em que
quer tipo de pressão por parte de tocolo completo, que ficará à dispo- se desejam informações técnicas;
superiores hierárquicos ou pelos in- sição das autoridades sanitárias; modelo de tomada de decisão, etc.
teressados em determinada pesqui- d) acompanhar o desenvolvimen-
sa, devem isentar-se de envolvimento to dos projetos através de relatórios VIII - COMISSÃO
financeiro e não devem estar subme- anuais dos pesquisadores; NACIONAL DE ÉTICA
tidos a conflito de interesse. e) desempenhar papel consulti- EM PESQUISA (CONEP/MS)
VII.13 - Atribuições do CEP: vo e educativo, fomentando a re- A Comissão Nacional de Ética em
a) revisar todos os protocolos de flexão em torno da ética na ciên- Pesquisa - CONEP/MS é uma ins-
pesquisa envolvendo seres humanos, cia; tância colegiada, de natureza consul-
inclusive os multicêntricos, cabendo- f) receber dos sujeitos da pesquisa tiva, deliberativa, normativa, edu-
lhe a responsabilidade primária ou de qualquer outra parte denún- cativa, independente, vinculada ao
pelas decisões sobre a ética da cias de abusos ou notificação sobre Conselho Nacional de Saúde.
pesquisa a ser desenvolvida na ins- fatos adversos que possam alterar o O Ministério da Saúde adotará as
tituição, de modo a garantir e res- curso normal do estudo, decidindo medidas necessárias para o funciona-
guardar a integridade e os direitos pela continuidade, modificação ou mento pleno da Comissão e de sua
dos voluntários participantes nas re- suspensão da pesquisa, devendo, se Secretaria Executiva.
feridas pesquisas; necessário, adequar o termo de con- VIII.1 - Composição: A CONEP
b) emitir parecer consubstanciado sentimento. Considera-se como anti- terá composição multi e trans-
por escrito, no prazo máximo de 30 ética a pesquisa descontinuada sem diciplinar, com pessoas de ambos os
(trinta) dias, identificando com cla- justificativa aceita pelo CEP que a sexos e deverá ser composta por 13
Cadernos
reza o ensaio, documentos estuda- aprovou; (treze) membros titulares e seus res-
40 de Ética em
dos e data de revisão. A revisão de g) requerer instauração de sindi- pectivos suplentes, sendo 05 (cinco)
Pesquisa
deles personalidades destacadas no quelas estabelecidas, incluindo seu i) divulgar esta e outras normas
campo da ética na pesquisa e na saúde emprego em combinações; relativas à ética em pesquisa envol-
e 08 (oito) personalidades com desta- 4- equipamentos, insumos e dis- vendo seres humanos;
cada atuação nos campos teológico, positivos para a saúde novos, ou não j) a CONEP juntamente com ou-
jurídico e outros, assegurando-se que registrados no país; tros setores do Ministério da Saúde,
pelo menos um seja da área de gestão 5- novos procedimentos ainda não estabelecerá normas e critérios para
da saúde. Os membros serão selecio- consagrados na literatura; o credenciamento de Centros de
nados, a partir de listas indicativas ela- 6- populações indígenas; Pesquisa. Este credenciamento de-
boradas pelas instituições que possu- 7- projetos que envolvam aspec- verá ser proposto pelos setores do
em CEP registrados na CONEP, sen- tos de biossegurança; Ministério da Saúde, de acordo com
do que 07 (sete) serão escolhidos pelo 8- pesquisas coordenadas do ex- suas necessidades, e aprovado pelo
Conselho Nacional de Saúde e 06 terior ou com participação estrangei- Conselho Nacional de Saúde; e
(seis) serão definidos por sorteio. Po- ra e pesquisas que envolvam remes- l) estabelecer suas próprias normas
derá contar também com consultores sa de material biológico para o exte- de funcionamento.
e membros “ad hoc”, assegurada a rior; e VIII.5 - A CONEP submeterá ao
representação dos usuários. 9- projetos que, a critério do CEP, CNS para sua deliberação:
VIII.2 - Cada CEP poderá indi- devidamente justificado, sejam julga- a) propostas de normas gerais a
car duas personalidades. dos merecedores de análise pela serem aplicadas às pesquisas envol-
VIII.3 - O mandato dos membros CONEP; vendo seres humanos, inclusive mo-
da CONEP será de quatro anos com d) prover normas específicas no dificações desta norma;
renovação alternada a cada dois anos, campo da ética em pesquisa, inclusi- b) plano de trabalho anual;
de sete ou seis de seus membros. ve nas áreas temáticas especiais, bem c) relatório anual de suas ativida-
VIII.4 - Atribuições da CONEP como recomendações para aplicação des, incluindo sumário dos CEP es-
- Compete à CONEP o exame dos das mesmas; tabelecidos e dos projetos analisados.
aspectos éticos da pesquisa envolven- e) funcionar como instância final
do seres humanos, bem como a ade- de recursos, a partir de informações IX - OPERACIONALIZAÇÃO
quação e atualização das normas ati- fornecidas sistematicamente, em ca- IX.1 - Todo e qualquer projeto
nentes. A CONEP consultará a so- ráter ex-ofício ou a partir de denúnci- de pesquisa envolvendo seres huma-
ciedade sempre que julgar necessá- as ou de solicitação de partes interes- nos deverá obedecer às recomenda-
rio, cabendo-lhe, entre outras, as se- sadas, devendo manifestar-se em um ções desta Resolução e dos docu-
guintes atribuições: prazo não superior a 60 (sessenta) mentos endossados em seu preâm-
a) estimular a criação de CEPs dias; bulo. A responsabilidade do pesqui-
institucionais e de outras instânci- f) rever responsabilidades, proibir sador é indelegável, indeclinável e
as; ou interromper pesquisas, definitiva compreende os aspectos éticos e
b) registrar os CEPs institucionais ou temporariamente, podendo re- leagis.
e de outras instâncias; quisitar protocolos para revisão éti- IX.2 - Ao pesquisador cabe:
c) aprovar, no prazo de 60 dias, e ca inclusive, os já aprovados pelo a) apresentar o protocolo, devida-
acompanhar os protocolos de pes- CEP; mente instruido ao CEP, aguardan-
quisa em áreas temáticas especiais tais g) constituir um sistema de infor- do o pronunciamento deste, antes
como: mação e acompanhamento dos as- de iniciar a pesquisa;
1- genética humana; pectos éticos das pesquisas envolven- b) desenvolver o projeto confor-
2- reprodução humana; do seres humanos em todo o terri- me delineado;
3- farmácos, medicamentos, vaci- tório nacional, mantendo atua- c) elaborar e apresentar os relató-
nas e testes diagnósticos novos (fa- lizados os bancos de dados; rios parciais e final;
ses I, II e III) ou não registrados no h) informar e assessorar o MS, o d) apresentar dados solicitados
país (ainda que fase IV), ou quando CNS e outras instâncias do SUS, bem pelo CEP, a qualquer momento;
a pesquisa for referente a seu uso com como do governo e da sociedade, e) manter em arquivo, sob sua
Cadernos
modalidades, indicações, doses ou sobre questões éticas relativas à pes- guarda, por 5 anos, os dados da pes-
de Ética em 41
vias de administração diferentes da- quisa em seres humanos; quisa, contendo fichas individuais e
Pesquisa
Anexos
Cadernos
42 de Ética em
Pesquisa
Resolução nº 251
de 5 de agosto de 1997
Plenário do Conselho Nacio- I.4 - Em qualquer ensaio clínico e sas se propõem estabelecer uma evo-
O nal de Saúde em sua Décima
Quinta Reunião Extraordiná-
ria, realizada no dia 05 de agosto de
particularmente nos conflitos de in-
teresses envolvidos na pesquisa com
novos produtos, a dignidade e o bem
lução preliminar da segurança e do
perfil farmacocinético e quando pos-
sível, um perfil farmacodinâmico.
1997, no uso de suas competências estar do sujeito incluído na pesquisa b - Fase II
regimentais e atribuições conferidas devem prevalecer sobre outros inte- (Estudo Terapêutico Piloto)
pela Lei nº 8.080, de 19 de setem- resses, sejam econômicos, da ciência Os objetivos do Estudo Tera-
bro de 1990, e pela Lei nº 8.142, de ou da comunidade. pêutico Piloto visam demonstrar a
28 de dezembro de 1990, Resolve: I.5 - É fundamental que toda pes- atividade e estabelecer a segurança a
Aprovar as seguintes normas de quisa na área temática deva estar curto prazo do princípio ativo, em
pesquisa envolvendo seres humanos alicerçada em normas e conheci- pacientes afetados por uma determi-
para a área temática de pesquisa com mentos cientificamente consagrados nada enfermidade ou condição pato-
novos fármacos, medicamentos, va- em experiências laboratoriais, in lógica. As pesquisas realizam-se em
cinas e testes diagnósticos: vitro e conhecimento da literatura um número limitado (pequeno) de
pertinente. pessoas e frequentemente são segui-
I - PREÂMBULO I.6 - É necessário que a investiga- das de um estudo de administração.
I.1 - A presente Resolução incor- ção de novos produtos seja justificada Deve ser possível, também, estabele-
pora todas as disposições contidas na e que os mesmos efetivamente acar- cer-se as relações dose-resposta, com
Resolução 196/96 do Conselho Na- retem avanços significativos em re- o objetivo de obter sólidos anteceden-
cional de Saúde, sobre Diretrizes e lação aos já existentes. tes para a descrição de estudos
Normas Regulamentadoras de Pes- terapêuticos ampliados (Fase III).
quisa Envolvendo Seres Humanos, da II - TERMOS E DEFINIÇÕES c - Fase III
qual esta é parte complementar da II.1 - Pesquisas com novos fár- Estudo Terapêutico Ampliado
área temática específica de pesquisa macos, medicamentos, vacinas ou São estudos realizados em gran-
com novos fármacos, medicamentos, testes diagnósticos - Refere-se às pes- des e variados grupos de pacientes,
vacinas e testes diagnósticos. quisas com estes tipos de produtos com o objetivo de determinar:
I.2 - Reporta-se ainda à Resolu- em fase I, II ou III, ou não regis- . o resultado do risco/benefício a
ção do Grupo Mercado Comum trados no país, ainda que fase IV curto e longo prazos das formula-
(GMC) N.º 129/96, da qual o Bra- quando a pesquisa for referente ao ções do princípio ativo.
sil é signatário, que dispõe acerca de seu uso com modalidades, indica- . de maneira global (geral) o valor
regulamento técnico sobre a verifi- ções, doses ou vias de administração terapêutico relativo.
cação de boas práticas de pesquisa diferentes daquelas estabelecidas Exploram-se nesta fase o tipo e
clínica. quando da autorização do registro, perfil das reações adversas mais fre-
I.3 - Deverão ser obedecidas as incluindo seu emprego em combi- quentes, assim como características
normas , resoluções e regulamenta- nações, bem como os estudos de especiais do medicamento e/ou es-
ções emanadas da SVS/MS, subor- biodisponibilidade e ou bioequi- pecialidade medicinal, por exemplo:
dinando-se à sua autorização para valência. interações clinicamente relevantes,
execução e subsequente acompa- II.2 - Ficam incorporados, passan- principais fatores modificatórios do
nhamento e controle, o desenvolvi- do a fazer parte da presente Resolu- efeito tais como idade etc.
mento técnico dos projetos de pes- ção os termos a seguir referidos que d - Fase IV
quisa de Farmacologia Clínica (Fa- constam da Resolução do Grupo Mer- São pesquisas realizadas depois de
ses I, II, III e IV de produtos não cado Comum (GMC nº 129/96): comercializado o produto e/ou es-
registrados no país) e de Biodis- a - Fase I pecialidade medicinal.
ponibilidade e de Bioequivalência. É o primeiro estudo em seres hu- Estas pesquisas são executadas com
Os projetos de pesquisa nesta área manos em pequenos grupos de pes- base nas características com que foi
devem obedecer ao disposto na Lei soas voluntárias, em geral sadias de autorizado o medicamento e/ou es-
6.360 (23 de setembro de 1976) um novo princípio ativo, ou nova pecialidade medicinal. Geralmente
Cadernos
regulamentada pelo Decreto nº formulação pesquisado geralmente são estudos de vigilância pós-
de Ética em 43
79.094 (5 de janeiro de 1977). em pessoas voluntárias. Estas pesqui- comercialização, para estabelecer o
Pesquisa
Anexos
CONEP
Coordenador: William Saad Hossne
Secretária executiva: Corina
Bontempo de Freitas
Assessora: Geizha B. Gonçalves
CNS
Coordenador: Nelson Rodrigues dos
Santos
Endereço
Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa/Conselho Nacional de
Saúde - Ministério da Saúde - Anexo
- Ala B - 1º andar - Salas 128 a 147
70058-900 Brasília - DF - Fones (061)
225-6672 - 226-8803 - 315-2150
e 315-2151 - FAX : (061) 315-2414
Internet
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