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Belo Horizonte-MG
2008, Vol. X, nº 1, 67-79
Resumo
Neste artigo, é feita uma discussão sobre o uso do laboratório experimental como recurso didático no ensino de
Psicologia a partir de aproximações entre a utilização do laboratório no ensino de Ciências e no ensino da Análise do
Comportamento. Questiona-se sobre qual é o papel desempenhado pelo laboratório e quais são suas contribuições
efetivas como recurso didático na aprendizagem dos alunos. As funções tradicionalmente associadas ao Laboratório
Animal Operante são abordadas, assim como suas principais características e críticas recebidas. Ressalta-se, sobretudo,
que as práticas de laboratório devem-se constituir como espaço para criação de condições em que os estudantes possam
desenvolver habilidades que lhe serão imprescindíveis na futura profissão. É destacada, por fim, a pertinência de se
conceber o Laboratório de Análise do Comportamento não necessariamente como Laboratório Animal Operante, mas
como um espaço propício à realização de outras práticas.
Abstract
This article is an argument about using experimental laboratory as a resource in teaching psychology by the approachs
between the use of the laboratory in Teaching Sciences and Behavior Analysis. It is questioned outwhat is the role
played by the laboratory and what are its effective contributions as a teaching resource in students’ learning. The
functions traditionally associated with the Animal Operant Laboratory are addressed, as well as its main features
and his critics. It is emphasized, above all, that the laboratory practices must be as a space for creating conditions in
which students can develop skills that will be indispensable in their future profession. It is emphasized, at last, the
relevance of conceiving the Behavior Analysis Laboratory not necessarily as Animal Operant Laboratory but as a space
conducive to other activities.
Key-words: Teaching behavior analysis, teaching psychology, experimental laboratory, animal operant laboratory,
laboratory of behavior analysis.
Os autores agradecem aos pareceristas pelas críticas e sugestões feitas a este artigo.
Mestre em Educação pela Faculdade de Educação da UFMG. Coordenadora Psicoeducacional da Educação Infantil do Colégio Ima-
culada Conceição / BH. E-mail: manuglopes@gmail.com
Aluno do Programa de Pós-graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social da Faculdade de Educação da UFMG. Profes-
sor do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. E-mail: dingoh@gmail.com
Doutora em Didática das Ciências Físicas e Tecnologia pela Université de Paris VI. Professora do Departamento de Métodos e Téc-
nicas de Ensino da Faculdade de Educação da UFMG. E-mail: silvania.nascimento@cnpq.br
Doutor em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo. Professor do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino
da Faculdade de Educação da UFMG. E-mail: sergiocirino99@yahoo.com
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a história prévia do sujeito e, em alguma me- aquilo que os alunos esperavam estudar em
dida, exercer controle sobre certas variáveis Psicologia e as práticas efetivas realizadas no
desta história. O trabalho com humanos, por laboratório, uma vez que a concepção colo-
sua vez, tem um importante complicador que quial sobre essa disciplina é que ela lida com
é o de se ter uma grande dificuldade no con- sentimentos, emoções e a mente e não com
trole da história do sujeito. ratos.
Matos e Tomanari (2002) utilizam Alguns professores, em decorrência
argumentos muito similares aos apresenta- disso, procuram apontar similaridades entre
dos por Banaco (1990). Entretanto, ao invés características das contingências às quais o
de tratarem sobre a dificuldade de controle rato albino e o ser humano respondem, prin-
das variáveis históricas, indicam que a pre- cipalmente no que se refere aos “esquemas de
ferência pelo uso de ratos albinos se deve reforçamento” (Machado e Silva, 1998). Toda-
principalmente ao fato de que os humanos via, em concordância com Machado e Silva
apresentam respostas altamente refinadas. O (1998), essa forma de exemplificação didática
responder do rato albino, ao contrário, é sim- pode comprometer mais do que auxiliar na
ples, facilitando o controle das variáveis das aprendizagem dos estudantes. Isso ocorre
quais seu comportamento é função. Gomide justamente porque o responder humano, por
e Weber (1985), por sua vez, citam duas justi- mais prosaico que seja, envolve contingências
ficativas para o uso de animais não-humanos extremamente sofisticadas, diferentes da usu-
no laboratório: (1) é uma característica histó- al pressão à barra do rato albino. Essa busca
rica; e (2) esse uso permite o desenvolvimento de similaridades, então, simplifica o respon-
de determinados procedimentos experimen- der humano e desfoca a busca de quais vari-
tais que não seriam possíveis com humanos áveis o comportamento do rato é função no
em decorrência dos procedimentos éticos a ambiente experimental.
serem adotados. Uma segunda crítica é o fato de que o
rato é um animal que pode ocasionar aversão
Laboratório de Análise do Comportamento por parte dos estudantes e, com isso, influen-
ou Laboratório Animal Operante? ciar a motivação dos mesmos em se engajar
nas atividades. Cientes disso, Matos e Toma-
Embora se esteja de acordo com o res- nari (2000) ponderam que um possível uso do
peito à legislação de ética em pesquisa, seja laboratório seria introduzir, além de explica-
com humanos ou animais não-humanos, o ções das dificuldades do trabalho com huma-
fato de que o comportamento humano é cla- nos, práticas iniciais com humanos, uma vez
ramente mais sofisticado que o dos demais que isso reduziria a resistência dos alunos em
animais e que o controle da história extra-ex- trabalhar com os ratos albinos.
perimental é realmente um complicador nos Miraldo (1985), por exemplo, em um
experimentos com humanos não são motivos estudo que objetivava averiguar quais eram
que justificam o trabalho quase exclusivo com as atitudes e sentimentos de alunos de gra-
ratos albinos. duação em Psicologia de uma universidade
Uma primeira crítica que pode ser de São Paulo, em relação ao Laboratório Ani-
feita a esse uso do laboratório de Análise do mal Operante, indica que os estudantes res-
Comportamento relaciona-se ao momento pondem que a Análise do Comportamento (e
em que ele é inserido no curso de Psicologia. conseqüentemente o laboratório) se destina à
No Brasil, esta inserção se dá no início do aplicação apenas com animais, uma espécie
curso, geralmente entre o segundo e o quarto de “ratologia”. Além disso, esses estudantes
períodos, e como uma disciplina de currículo apontaram que as habilidades desenvolvidas
mínimo para a formação do estudante. Nesse nesse contexto não seriam tão efetivas na prá-
contexto, há possivelmente um choque entre tica clínica, pois trabalhariam com sintomas e
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não com as causas das dificuldades dos clien- ressantes sobre os quais os alunos poderiam
tes. trabalhar, endossando a visão aproblemática
Diante dessas reflexões, pode-se ques- da ciência, como apontado por Pérez, Monto-
tionar se as atividades práticas de laborató- ro, Alís, Cachapuz e Praia (2001). Práticas pla-
rio, da maneira como vêm sendo conduzidas, nejadas e realizadas pelos estudantes, após o
são de fato importantes para a formação do estudo do objeto e dos esquemas experimen-
psicólogo, tal como apontado por Teixeira e tais a serem desenvolvidos, permitiriam a
Cirino (2002). Afinal, se os alunos, após a re- ocorrência daquilo que o Ensino de Ciências
alização destas atividades, abordam sua res- vem denominando de “dado empírico”, que
trita adequabilidade à prática, pode-se inferir pode ser definido como um elemento da prá-
que pouco será incorporado ao fazer dos es- tica experimental que aumenta a probabili-
tudantes no futuro. Assim, é possível indagar dade dos estudantes estabelecerem relações
até que ponto a forma como as atividades de entre os conceitos científicos e os fenômenos
laboratório vêm sendo conduzidas tem con- observados durante o trabalho experimental
tribuído para a formação em Psicologia. (Villani, 2007). Ou seja, contingenciar práticas
Barros (1989) investigou como as ati- das quais não se sabe o resultado a priori per-
vidades práticas circunscritas pelo uso do La- mite o aparecimento de “erros de medida”
boratório Animal Operante se configuravam. que, por sua vez, criam condições para que os
Para tanto, entrou em contato com alguns ma- alunos ponham em prática a análise compor-
nuais que são utilizados como roteiros para tamental do caso, utilizando-se dos processos
as práticas de laboratório e entrevistou vários analítico-comportamentais aprendidos.
professores brasileiros que se utilizavam des- Esses fatores também permitem a dis-
se espaço como recurso didático. Seus resul- cussão sobre o modelo de ciência envolvido
tados apontam que o laboratório tem sido nas atividades de laboratório. A utilização do
usado, basicamente, como um local no qual Laboratório de Análise do Comportamento
se demonstram conceitos a partir de experi- como Laboratório Animal Operante parece
mentos que “sempre dão certo”. Concomitan- contradizer os resultados encontrados por
temente, essa pesquisadora atenta para o fato Arruda e Laburú (1998) acerca da prevalên-
de que tanto a literatura pesquisada quanto cia da concepção epistemológica no uso desse
os professores entrevistados caracterizam o espaço. Isso porque, ao contrário dos resul-
Laboratório Animal Operante como um meio tados encontrados por esses pesquisadores,
motivador para os alunos. as práticas no Laboratório Animal Operante,
Se os experimentos “sempre dão cer- da forma como vêm sendo conduzidas, situ-
to”, como pontuado por Barros (1989), talvez am-se em desacordo com o modelo de ciência
as observações feitas por Arruda e Laburú preconizado pela Análise do Comportamen-
(1996) e Séré (2002) sobre os estudantes no to. Enquanto se propõe um modelo induti-
ensino laboratorial de Ciências também se- vista de ciência, em que a discussão teórica
jam pertinentes para aqueles envolvidos com é feita após os resultados terem sido obtidos,
o Laboratório Animal Operante. Assim, os põe-se em prática uma forma hipotético-de-
estudantes estão predispostos a responder a dutiva, segundo a qual as hipóteses são ela-
contingências que envolvam o contato com boradas antes do trabalho experimental, que
a realidade dos fenômenos comportamen- tem o papel de refutabilidade daquilo que era
tais por meio da confecção de suas próprias esperado. Ou seja, o atual uso do laboratório
perguntas e de experimentos a partir de suas experimental em Análise do Comportamento
próprias idéias e expectativas. Para uma discussão mais detalhada sobre esses dois modelos
A manutenção desses experimentos de ciência e a predileção da Análise do Comportamento pelo
viés indutivista, sugere-se a leitura de: Skinner, B. F. (1950)
clássicos dos quais já se conhecem os resulta- Are Theories of Learning Necessary? Psychological Review, 57,
dos dificulta a ocorrência de elementos inte- p. 193-216 e Skinner, B.F. E(1956) A Case History in Scientific
Method. American Psychologist, n.11 (5), p. 221-233.
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ainda continuam pouco presentes a discussão na possibilidade de sua extinção. Essa possi-
sobre o método empregado, o controle de va- bilidade não está tão distante se verificarmos
riáveis e os processos envolvidos, implicando que existem projetos de lei tramitando e ou-
em uma redução (ou mesmo anulação) de um tros já aprovados em alguns estados brasi-
dos aspectos positivos do laboratório: o de- leiros, por exemplo, Santa Catarina e Rio de
senvolvimento de habilidades de cientista e Janeiro, respectivamente, que proíbem o uso
de outras competências que serão necessárias de animais no ensino e na pesquisa.
na futura profissão. Pode-se avaliar que a melhor saída
O segundo ponto negativo é o fato do não é abandonar o laboratório, mas sim, ve-
rato virtual não apresentar saciação e apren- rificar seu uso e as práticas de ensino ali cir-
der mais rapidamente do que o rato real. A cunscritas antes de optar por sua extinção.
não-apresentação de saciação dificulta dis- Essa opção se justifica pelo fato do laborató-
cussões sobre motivação, já que o sujeito con- rio, como recurso didático, não diferir da sala
tinuará a responder à contingência progra- de aula quanto à sua natureza (Tardif, 2005),
mada, uma vez que o aspecto fisiológico não pois também foca na relação ensino-apren-
criará condições para outros comportamen- dizagem. Dessa forma, a observação de Tei-
tos associados à saciação. Por aprender mais xeira e Cirino (2002) sobre a importância das
rápido, além de dificultar a generalização atividades experimentais se sobressai, uma
do responder dos estudantes ao contexto de vez que as habilidades que podem ser nele
experimentação com ratos reais (Tomanari e desenvolvidas são importantes para a forma-
Eckerman, 2003), implica em condições pou- ção dos alunos.
co efetivas para a prática futura do psicólogo. O que se observa nos estudos ante-
Se esperar que o sujeito se comporte a partir riormente mencionados (Graf, 1995; Karp,
da modificação das contingências em vigor 1995) é que se tenta mudar as atividades ex-
na sessão terapêutica é uma das atribuições perimentais sem se atentar que os elementos
do terapeuta, ter de esperar o rato real res- circunscritos no âmbito dos métodos e técni-
ponder à contingência auxilia nesse processo, cas de ensino encontram-se subsidiados pela
o que não ocorre com “Sniffy”. definição dos objetivos pedagógicos (Mar-
O terceiro aspecto negativo apresen- tins, 1991). Modificar a prática sem averiguar
tado por “Sniffy: o rato virtual”, e pelos de- quais os elementos que lhe subsidiam pode
mais simuladores de ratos albinos, constitui- implicar na manutenção dos problemas e das
se pelo fato de se tratar de uma metáfora. Os deficiências presentes. Dessa forma, o que se
próprios desenvolvedores do software apon- sustenta não são apenas modificações topo-
tam que o trabalho com o rato virtual não gráficas no atual laboratório experimental no
substitui as atividades com o rato real, por ensino de Análise do Comportamento mas,
ele ser apenas uma metáfora. Portanto, se não principalmente, alteração de funções que
substitui o trabalho com o rato real, por que permitam uma nova configuração das contin-
alterar o atual Laboratório Animal Operante gências de ensino ali presentes.
pelo do rato virtual? E por que metaforizar Lattal (1978), por exemplo, preocupa-
com um rato? Diante de alternativas como do com a possível má utilização do Laborató-
essas, observa-se que os problemas encontra- rio de Análise do Comportamento em cursos
dos poderiam ser perpetuados, além de ou- introdutórios de Psicologia e com a percepção
tros serem criados. Com a manutenção desse dos estudantes em relação à disciplina, pro-
aspecto, a caracterização poderia continuar põe um programa preparatório para profes-
sendo a de “ratologia”. sores responsáveis pelo ensino da abordagem
Analisando esses problemas encon- comportamental. Essa preparação prévia per-
trados no uso contemporâneo do Laboratório mitiria que os docentes discutissem questões
Animal Operante, pode-se pensar inclusive freqüentemente levantadas pelos estudantes
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no início do curso, tais como: semelhanças e Além disso, esse novo instrumental
diferenças entre o comportamento de huma- deve refratar e refletir mudanças que ocorre-
nos e animais não-humanos, abrangência de ram com o método de pesquisa experimental,
estudos com não-humanos para a compreen- já que ele terá que se moldar ao sujeito ser hu-
são de assuntos humanos, etc (Cirino, 2000). mano, no qual a complexidade do responder
Assim, observa-se que repensar o ensino de e o controle de história dificultam, mas não
Análise do Comportamento perpassa neces- inviabilizam o trabalho. O método também
sariamente pelo trabalho de formação de fu- deverá ser refinado, pois novas exigências de-
turos professores. verão ser atingidas em decorrência do rigor
Mais especificamente ao Laboratório necessário à pesquisa com seres humanos,
de Análise do Comportamento, pode-se pen- como preconizado pelos comitês de ética dis-
sar no desenvolvimento de condições para o tribuídos por todo o Brasil.
ensino e pesquisa em Análise do Comporta- A criação e o desenvolvimento de
mento com a participação de sujeitos huma- formas de trabalho com seres humanos nos
nos. Essa modalidade de uso do laboratório Laboratórios de Análise do Comportamento,
implica não apenas na mudança dos partici- sobretudo por meio de softwares, exigirão a
pantes, mas na alteração das práticas de ensi- reestruturação das condições físicas das insti-
no, uma vez que conduz a modificações nas tuições de ensino, como por exemplo, na com-
várias etapas da produção de conhecimento. pra ou realocação de computadores. Todavia,
As contingências para a formação de pesqui- embora a curto prazo isso requeira custos, já
sador tornam-se mais claras, exigindo dos de início a criação dos laboratórios com hu-
estudantes repertórios que vão desde revisão manos é menos onerosa do que atualmente
da literatura, seleção de participantes, até o é a de fundação de laboratórios de animais
relato dos resultados das manipulações expe- não-humanos para a Psicologia. Esses custos
rimentais. podem, inclusive, ser minimizados pela ado-
Iniciativas como essa já podem ser en- ção de sistemas operacionais baseados em
contradas no Brasil, como é o caso do Labo- “software livre”, geralmente de distribuição
ratório de Análise Experimental do Compor- gratuita. A médio e a longo prazo, os custos
tamento Humano (LAECH) da Universidade de manutenção são efetivamente menores,
Estadual de Londrina (UEL). Além dessa pois dispensa a contratação de bioteristas e
iniciativa, podem ser citados Costa e Banaco a compra de alimentos, medicamentos e ou-
(2002; 2003), que desenvolveram um software tros itens indispensáveis para a manutenção
para trabalho com sujeitos humanos, tanto na de ratos albinos. Esses recursos, por sua vez,
esfera de ensino quanto de pesquisa. Pode-se podem ser alocados no aprimoramento de es-
indicar, ainda, dissertações recentes que, para tudantes que estejam envolvidos diretamente
o estudo com o conceito de história compor- com os laboratórios, tais como os bolsistas e
tamental, contaram com a participação de hu- monitores aprendendo a trabalhar mais sofis-
manos (cf. p.ex. Salgado, 2007). ticadamente com computadores e com softwa-
Ao se propor o uso do laboratório com res de programação e design.
sujeitos humanos, novos desafios aparecem. O trabalho com humanos permite
Em princípio, mais estudos devem ser reali- a manutenção do ensino de características
zados caso se opte pelo desenvolvimento de próprias do fazer científico, de conceitos e
softwares para o trabalho com seres humanos, habilidades inerentes ao psicólogo e ao futu-
uma vez que, sofisticando-se o responder dos ro analista do comportamento. Na verdade,
sujeitos experimentais, obrigatoriamente os justamente pelas particularidades do sujeito
instrumentos de trabalho também devem ser e do trabalho com humanos, permite-se uma
refinados. sofisticação maior das habilidades dos futu-
Informações sobre o ProgRef podem ser encontradas em ros psicólogos, pois aprenderão o controle de
http://www2.uel.br/pessoal/caecosta/.
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Discutindo sobre o uso do laboratório de análise do comportamento no ensino de psicologia
variáveis e o pensar científico com elementos didático, o que colabora para o delineamento
bastante próximos ao do futuro ambiente pro- dos seus usos contemporâneos.
fissional. Além disso, em função de estarem A partir de reflexões nesse sentido,
trabalhando com seres humanos e não mais os objetivos de ensino que acompanham o
com ratos albinos, o caráter motivacional pre- uso do laboratório animal operante podem
sente nas atividades de laboratório pode ser ser identificados, ou seja, as regras às quais
potencializado. os professores respondem enquanto utilizam
Repensando o uso do Laboratório de desse espaço para criar condições de apren-
Análise do Comportamento, indicam-se mu- dizagem para os alunos podem ser mais bem
danças também no momento em que ele é descritas. Diante das seções precedentes,
inserido no curso. Se ele fosse um espaço de pontua-se que talvez esse objetivos possam
ensino-aprendizagem destinado a períodos ser agrupados em dois grupos: ensinar habi-
mais avançados, talvez os estudantes pudes- lidades de cientista e ensinar respostas que
sem aproveitar mais das potencialidades des- compõem classes comportamentais típicas de
se local, além de apresentarem menos produ- analistas do comportamento. Ambas são vá-
tos colaterais como os apontados por Miraldo lidas; porém, o laboratório animal operante
(1985): apresentam repugnância quanto aos não é o único espaço para o desenvolvimen-
textos e não querem lê-los; preferem fazer to de habilidades de cientista. Argumenta-se,
créditos a menos em um determinado semes- sobretudo, que novas configurações para o
tre a terem que fazer disciplinas com “beha- Laboratório de Análise do Comportamento
vioristas”, etc. devem ser concebidas e concretizadas, para
além do Laboratório Animal Operante.
Considerações Finais Esta discussão aponta para a necessi-
dade de se repensar o ensino de Análise do
Pode-se observar que a discussão em Comportamento de uma forma geral, uma
torno do uso do laboratório experimental vez que, contemporaneamente, o laboratório
como recurso didático é freqüente no campo e esta abordagem possuem uma relação qua-
da educação, em geral, e no Ensino de Ciên- se inexorável.
cias, em particular. Em acréscimo, os aspectos Nessa direção, novos estudos e pesqui-
situados nessa discussão, embora não inclu- sas precisam ser realizados. Esses trabalhos
am o debate sobre o laboratório experimental devem se debruçar sobre educação e condi-
de Psicologia, apontam questões que se fa- ções de ensino-aprendizagem, implicando em
zem pertinentes para esse contexto, tal como um movimento de aproximação com a área
foi indicado ao longo do presente artigo. da educação, como por exemplo: questionar
O uso do laboratório como recurso sobre o papel do laboratório na formação do
didático em Psicologia, de fato, vem apre- profissional de saúde assim como na do cien-
sentando diversos problemas. Em decorrên- tista das áreas de ciências naturais; investigar
cia disso, torna-se premente uma discussão a questão da pertinência do laboratório como
sobre sua utilização, os objetivos de ensino local especializado para a formação e aquisi-
que lhe subsidiam e os instrumentos que lhe ção de habilidades investigativas; identificar
compõem. Indagar sobre a utilização do la- as representações sociais do laboratório tanto
boratório possibilita uma visão histórica de de alunos como de professores; dentre ou-
como ele foi se desenvolvendo como recurso tros.
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