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Resumo
1 – Introdução
Diante desse argumento, Harvey (2005) nos aclara que, apesar do termo moderno
ter em sua própria constituição um projeto que sinalizava um esforço intelectual dos
pensadores iluministas com o intuito de desenvolver o que eles chamavam de ciência
objetiva, a proposta do pensamento iluminista estava fundada na idéia de progresso e no
compromisso de ruptura com o passado. Foi, continua Harvey, o movimento secular que
procurou desmistificar e dessacralizar o conhecimento. Esse assumiu a tarefa de libertar
o sujeito da arbitrariedade do poder. Assim, para ele, à medida que a criatividade
humana, a descoberta científica e a busca da valorização do sujeito individual, racional,
autônomo e livre se mostravam mais claras, os pensadores iluministas entendiam as
mudanças como momentos de transitoriedade.
Harvey (2005) afirma que, naquele período, a sociedade era banhada por
doutrinas de igualdade, liberdade e razão universal. Os argumentos que presidiam as
reuniões dos intelectuais eram inspirados em atitudes de esperança e otimismo que
sustentavam o projeto moderno de valorização do homem como sujeito individual,
racional, autônomo e livre, de defesa da igualdade e da liberdade: uma lei seria a lei de
todos, assim como uma proposição de verdade seria verdadeira para todos. Conquanto,
na contemporaneidade, falando de conhecimento, Pierre Bourdieu (2004) diz que o
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manifestos, lutas e influências de relações de forças sociais que não são da esfera da
investigação e da explicação do real, mas que são do mundo cotidiano. Esses interesses,
de uma forma ou de outra, negam a possibilidade da verdade universal. No entanto, para
o autor, é preciso não abandonar a busca pelo conhecimento universal.
Para Japiassú (2001), a crença numa verdade global e unificadora deve se
constituir em base para a vida comum. Os resultados do progresso científico que
significam, a rigor, produção humana traduzidos nas formas de tecnologia, de avanço
tecnológico, de eficácia técnica, de sucesso tecnológico contribuem definitivamente
para a aceitação da possibilidade da verdade universal.
Um outro aspecto que Japiassú (2001) chama a atenção diz respeito à razão como
atividade humana. Ele afirma que, nas últimas décadas, a ciência, como produto da
racionalidade, tem sido profundamente afetada na medida em que a razão, como uma
das potencialidades humanas, não está sendo mais apresentada como fenômeno
evolutivo, como fenômeno que progride de modo contínuo e linear, mas está sendo
tratada como fenômeno que se manifesta por mutações e constantes reorganizações
inspiradas na própria razão.
Chauí (2004) argumenta ainda, que somente pela distinção entre a ciência pura e a
ciência aplicada, pode-se solucionar o impasse entre essas duas concepções sobre o
valor das teorias científicas. Por um lado, uma teoria pode ser elaborada sem a
preocupação com os fins práticos imediatos por ela sugeridos, embora possa, mais tarde,
contribuir para eles; e, por outro lado, pode garantir o caráter científico de teorias
construídas diretamente com finalidades práticas, as quais podem, por sua vez, suscitar
investigações puramente teóricas.
O cientificismo, para Chauí (2004), não passa de uma crença no poder ilimitado
da ciência. Nesta perspectiva, a ciência pode e deve, pela autonomia que lhe foi
concedida, conhecer tudo. De fato, conhece e responde sobre tudo e é a explicação
lógica e causal das leis da realidade, tal como esta realidade se apresenta,
independentemente da moral. No entanto, Chauí (2004) argumenta que o cientificismo
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age contrário à postura científica moderna. A ciência moderna, por sua vez, propõe o
enfrentamento dos problemas que a realidade apresenta, dos enigmas da vida, dos
obstáculos epistemológicos e do senso comum cientificista que, segundo ela, assume as
marcas de uma ideologia e de uma mitologia da ciência.
Ele argumenta que as rupturas radicais entre períodos não envolvem mudanças
completas de conteúdo, mas, antes, a reestruturação de um certo número de elementos já
dados. Traços que eram subordinados, num período ou sistema anterior, tornam-se
então dominantes e traços que tinham sido dominantes, por sua vez, tornam-se
secundários. Nesse sentido, tudo o que decorre de experiências e serve como argumento
de discussão sobre o real pode ser encontrado em períodos anteriores, especialmente no
modernismo.
Por esta ordem social, ressalta Eagleton (2005), o sujeito não pode se portar como
um pesquisador que construa um conhecimento lógico, histórico e racional sobre o real.
A notabilidade dessa nova elite dominante consiste, cada vez mais, em construções
infinitamente adaptáveis, organizadas em sub-culturas e divergentes dos princípios
metodológicos.
3 – Considerações finais
4 – Referências bibliográficas