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O Direito das Obrigações está situado dentro do Código Civil, no Livro I, da Parte
especial, dividindo-se em 4 Títulos, quais sejam: A) Título I – Das Modalidades das Obrigações, que por sua vez é
dividido em 6 Capítulos; B) Título II – Da Transmissão das Obrigações, que por sua vez é dividido em 2 Capítulos; C)
Título III – Do Adimplemento e Extinção das Obrigações, que é dividido em 9 Capítulos; e, D) Título IV – Do
Inadimplemento das Obrigações , que é dividido em 6 Capítulos.
Esta parte especial (Livro I), na realidade é composta de 11 Títulos, no qual inclui-se a
parte relacionada aos CONTRATOS (EM GERAL, ESPÉCIES), ATOS UNILATERAIS, TÍTULOS DE CRÉDITO,
DA RESPONSABILIDADE CIVIL e DAS PREFERÊNCIAS E PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS.
Nosso Código Civil atual (assim como o de 1916), não traz uma definição expressa de
obrigação, o que é perfeitamente correto, tendo em vista que esta definição é intuitiva e não cabe ao LEGISLADOR
definir. Mas a doutrina traz várias definições sobre o que é obrigação.
O direito das obrigações trata de toda relação humana que tem reflexo na ordem
jurídica. Um exemplo de relação humana que não tem reflexo na ordem jurídica é a AMIZADE.
Mas com o passar do tempo, essa obrigação que recaia sobre a própria pessoa, passou a ser
substituída pela garantia dada pelo patrimônio do DEVEDOR, o que veio a valorizar a dignidade humana.
O Código de Napoleão (que deu origem ao Código Francês em vigor até os dias de hoje), já
consagrava expressamente que OS BENS DO DEVEDOR SÃO A GARANTIA COMUM DE SEUS CREDORES.
Essa regra foi fundamental tanto para o Direito Francês, como para o Direito pátrio.
Os DIREITOS DAS OBRIGAÇÕES, não são integrados por qualquer espécie de direito
subjetivo, e sim só serão integrados por DIREITO DE CONTEÚDO ECONÔMICO (direito de crédito), passíveis de
circulação jurídica, e nunca por DIREITOS DA PERSONALIDADE (direito à vida). Esses direitos de crédito são de
natureza essencialmente pessoal, não se confundido com os direitos reais em geral. DIREITO PESSOAL: é o direito
contra determinada pessoa. DIREITO REAL: é aquele que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob
certos respeitos, e a segue em poder de quem que a detenha. As relações e direitos de natureza são tratados no livro
referente ao Direito das Coisas.
Sendo assim, o DIREITO REAL é exercido e recai diretamente sobre a coisa, sobre um objeto
basicamente corpóreo (embora haja titularidade sobre bens imateriais), enquanto o DIREITO OBRIGACIONAL tem
em mira relações humanas. Sob tal aspecto, o DIREITO REAL é um direito absoluto, exclusivo, oponível perante todos
(erga omnes), enquanto o DIREITO OBRIGACIONAL é relativo, uma vez que a prestação, que é seu objeto, só pode
ser exigida do devedor.
Ao contrário dos DIREITOS REAIS (art. 1.225, NCC), os DIREITOS OBRIGACIONAIS são
infinitos.
Sendo assim, o fim natural da OBRIGAÇÃO, seja qual for sua modalidade (DE FAZER, DE
DAR COISA CERTA, INCERTA), é o CUMPRIMENTO, ainda que tenha que ser feito mediante sentença judicial.
Mais uma vez definindo o Direito das Obrigações, é uma relação jurídica, na qual o sujeito
passivo (devedor), obriga-se a cumprir uma prestação patrimonial de dar, fazer ou não fazer (objeto da obrigação), em
benefício do sujeito ativo (credor).
Tanto sujeito ativo, como sujeito passivo devem ao menos ser DETERMINADOS ou
DETERMINÁVEIS.
CONFUSÃO: É a fusão numa só pessoa das qualidades de sujeito ativo (CREDOR) e sujeito
passivo (DEVEDOR), o que ocasiona a extinção da obrigação (artigos 381 à 384 do NCC).
Importante ressaltar que, atualmente as partes NÃO assumem uma posição isolada de CREDOR
ou DEVEDOR. Na grande maioria das vezes, as partes são ao mesmo tempo CREDORAS e DEVEDORAS entre si,
tendo em vista assumirem obrigações (DEVEDOR) e ter direitos (CREDOR), como acontece, por exemplo, no contrato
de compra e venda, chamado, como outros contrato de SINALAGMÁTICOS.
Quando a prestação for inteiramente IMPOSSÍVEL, será nula a obrigação (viajar ao núcleo do
Planeta Terra) Essa impossibilidade pode ser: I) física: colocar toda a água de uma piscina olímpica em um copo; e, II)
jurídica: é proibida pela própria lei (artigo 426, CC).
A prestação ainda deve apresentar LICITUDE, atendendo os ditames da moral, dos bons
costumes e da ordem pública, sob pena de nulidade. (exemplo: é ilícito contratar alguém para realização de assassinato).
A convenção sobre obrigações morais (como por exemplo, a obrigação legal de não fazer
barulho após determinado horário). Havendo o descumprimento, a pessoa prejudicada poderá discutir em Juízo seus
prejuízos.
A melhor expressão desse vínculo está estabelecida no artigo 391 do Código Civil, que
prescreve que todos os bens do devedor respondem no caso de inadimplemento da obrigação. Esse artigo traz o
chamado PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL DO DEVEDOR. Há que se ressaltar que a
prisão pelo não cumprimento de obrigações (prisão civil por dívidas) não é regra em nosso ordenamento, mas exceção.
Ela só é possível: I) inadimplemento de obrigação alimentícia; e, II) casos envolvendo fiel depositário.
O vínculo jurídico deve ser visto em 2 linhas paralelas. É o que a maioria da doutrina adota e
denomina de TEORIA DUALISTA ou BINÁRIA, ou seja, A OBRIGAÇÃO É CONCEBIDA POR UMA RELAÇÃO
DÉBITO/CRÉDITO. A primeira linha denomina-se SCHULD (débito em alemão ou debitum) – nada mais é do que o
dever legal do devedor cumprir com a obrigação por ele assumida; e a segunda linha denominada de HAFTUNG
(responsabilidade em alemão ou obligatio), é a responsabilidade que surge ao mesmo devedor, em caso do não
cumprimento da obrigação de maneira espontânea.
Vê-se então a primeira linha (SCHULD), que é a existência no vínculo jurídico do DEVEDOR
(ainda não inadimplente – dívida existe, mas ainda não venceu), mas sabedor da existência de débito futuro. A partir da
hora em que o débito vence e o devedor não paga, torna-se inadimplente, invertendo-se as linhas e surgindo a segunda
(HAFTUNG) que é a responsabilidade pelo cumprimento da obrigação.
O vínculo jurídico pode surgir com a existência do débito (SCHULD), mas sem a existência da
responsabilidade pelo cumprimento da prestação (HAFTUNG), ou seja, o débito existe, mas não há a possibilidade de
sua cobrança. EXEMPLO: dívida de jogo.
Contudo, a solidariedade só resulta da lei ou da vontade das partes (artigo 265, Código Civil).
Mas o devedor que cumprir sozinho a prestação exigida, pode cobrar, regressivamente,
a quota-parte de cada um dos co-devedores (artigo 283, CC).
OBRIGAÇÕES DE DAR
A obrigação de dar coisa certa confere ao CREDOR simples direito pessoal (JUS AD
REM) e não real (JUS IN RE). O contrato de compra e venda, por exemplo, gera apenas obrigação pessoal uma vez
que o domínio só será do comprador uma vez que ocorra a TRADIÇÃO (tratando-se de móvel), e o REGISTRO DE
TÍTULO AQUISITIVO junto ao Oficial de Registro de Imóveis competente (tratando-se de bem imóvel).
Uma vez celebrado o contrato, e o alienante não entregar a coisa objeto do contrato,
descumprindo a obrigação assumida, não poderá o credor (adquirente) ajuizar AÇÃO REIVINDICATÓRIA, pois
falta-lhe o domínio, no qual é fundada mencionada ação, podendo simplesmente exigir o cumprimento do contrato,
pedindo inclusive pagamento por perdas e danos comprovados, que gerou a ele direito pessoal.
Mas nessa situação, não será possível o ajuizamento, pelo credor, de ação fundada em
direito pessoal ou obrigacional (JUS AD REM) se o alienante, que assumira a obrigação de efetuar a entrega, não a
cumpre e, antes da propositura da referida ação, aliena o mesmo bem posteriormente a terceiro. Neste caso não terá o
adquirente o direito de reivindicá-lo de terceiro, tendo em vista que o contrato gera efeitos pessoas, e não erga omnes.
O credor de coisa certa não pode pretender receber outra coisa, ainda que de valor
igual ou de menor valor, e possivelmente preferida por ele, pois a convenção é lei entre as partes. Sendo assim,
interpretando o artigo retro descrito, o credor não poderá também exigir prestação diversa da acordada, ainda que seja
menos valiosa.
A redação do ARTIGO 237 do Código Civil trata da hipótese em que poderá o devedor
exigir AUMENTO DO PREÇO pelos melhoramentos incorporados ao bem, enquanto o seu PARÁGRAFO ÚNICO
estabelece que OS FRUTOS PERCEBIDOS SÃO DO DEVEDOR, CABENDO AO CREDOR OS PENDENTES..
FRUTOS são as utilidades que uma coisa periodicamente produz, nascem e renascem
da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte (frutos de uma árvore), e são divididos em: NATURAIS,
INDUSTRIAIS e CIVIS.
Prescreve o artigo 234 do Código Civil que “SE A COISA SE PERDER, SEM CULPA
DO DEVEDOR, ANTES DA TRADIÇÃO, OU PENDENTE A CONDIÇÃO SUSPENSIVA, FICA RESOLVIDA A
OBRIGAÇÃO PARA AMBAS AS PARTES.”
Imaginemos a situação em que uma coisa é destruída por um raio, antes da tradição ou
pendente de condição suspensiva (casamento com determinada pessoa), a solução, pelo teor da lei é para que as partes
voltem ao seu estado de origem.
Mas, havendo o perecimento da coisa com culpa do devedor, a solução dada será o
pagamento do equivalente (importância em dinheiro), além da responsabilidade pelo pagamento por perdas e danos. É
exatamente o que dispõe o artigo 234, segunda parte, do Código Civil.
Mas uma vez que HAJA CULPA pela deterioração, as alternativas deixadas serão as
mesmas retro transcritas, com o acréscimo, em qualquer hipótese de exigência ao pagamento pelas perdas e danos
comprovados.
Nada impede que a obrigação seja assumida em moeda estrangeira, ou até em ouro, mas
o seu PAGAMENTO deverá obrigatoriamente ser feito em moeda corrente do país.
Mas não é somente a ESCOLHA que fará com que o cumprimento da obrigação esteja
concentrado em uma coisa. Após a mesma, ocorrerá ou a entrega ou o depósito em pagamento, ou ainda a conferência
do gênero e da quantidade apresentados.
Diz ainda o citado artigo que, a entrega não poderá compreende a melhor coisa e nem a
pior. Foi adotado nesta situação o critério de entrega de coisa intermediária ou de qualidade média.
Podemos aplicar por analogia o artigo 1.930 do Código Civil, o que permitiria que as
partes convencionassem que terceiro efetue a escolha na hora da entrega.
Sendo a escolha determinada expressamente ao credor, será ele citado para esse, sob
pena de perder o direito, que passará ao devedor (ARTIGO 342, CC).
Já, analisando o estatuto processual, na redação do artigo 629, dispõe que, se a escolha
do objeto da prestação couber ao devedor, este será citado para entregá-lo individualizado; mas, se couber ao credor,
este o indicará na petição inicial.
Mas não adianta ainda o ato da escolha para que o devedor possa se eximir da
obrigação, pois de nada adiantará se não houver a entrega ao credor. Uma vez feita a escolha, que se tornará coisa certa
e determinada, TORNA-SE NECESSÁRIA QUE A MESMA ESTEJA A DISPOSIÇÃO DO CREDOR, que poderá
arcar com os riscos da mora, em caso de perecimento.
Desta forma, se o devedor tem a obrigação de DAR ou ENTREGAR alguma coisa (UM
VEÍCULO POR EXEMPLO), mas sem a obrigação de FAZÊ-LA, é considerada OBRIGAÇÃO DE DAR. Mas tendo o
devedor que DAR ou ENTREGAR algo, mas que tenha que por ele ser produzido ou confeccionado (QUADRO DE
ARTISTA RENOMADO), consiste esta em OBRIGAÇÃO DE FAZER.
Mas, NÃO HAVENDO URGÊNCIA, poderá o credor optar pela resolução do contrato,
e contratar outra pessoa para o cumprimento da obrigação, SEMPREJUÍZO DE EXIGIR POSTERIORMENTE
RESSARCIMENTO.
Além dos casos em que o devedor está obrigado a não praticar, existem outros que,
além dessa abstenção, o devedor está obrigado a TOLERAR ou PERMITIR que outrem pratique determinados atos (art.
287, CPC).
Exemplo clássico é o caso do dono do prédio serviente que está obrigado a tolerar que o
dono do prédio dominante se utilize do seu imóvel, para certo fim (art. 1378, CC), não podendo de forma alguma
embaraçar o exercício legítimo da servidão (a.383, CC).
Se o devedor vier a realizar o ato, do qual se obrigou a não fazer, poderá o credor
EXIGIR QUE ELE DESFAÇA, sob pena de ser desfeito à sua custa, além de responsabilização por perdas e danos
(artigo 251, CC). Uma vez realizado o ato pelo qual o devedor se comprometeu a não fazer, poderá ele mesmo
(DEVEDOR), DESFAZÊ-LO e responder ainda por perdas e danos, ou ainda poderá vê-lo ser desfeito pelo credor ou
por terceiro, MEDIANTE DETERMINAÇÃO JUDICIAL EM CASO URGENTE, pagando ainda perdas e danos. EM
AMBAS AS HIPÓTESES O DEVEDOR RESPONDERÁ POR PERDAS E DANOS.
Mas a obrigação de fazer, em certos casos não se torna absoluta, quando por exemplo, o
devedor se obriga a não construir um muro ao redor de uma residência, e o Poder Público determina que tenha que ser
construído. Nesta situação a OBRIGAÇÃO FICARÁ EXTINTA, nos termos do artigo 250, CC.
Nesta situação existem ou VÁRIOS DEVEDORES, cada qual responsável por uma
quota-parte na prestação, ou VÁRIOS CREDORES, os quais só poderão exigir sua quota-parte a que tem direito. Mas,
embora existam várias pessoas, cada credor tem direito de reclamar a prestação por inteiro e cada devedor responde
também pelo todo.
Nossa legislação não trás um conceito do que seja uma OBRIGAÇÃO DIVISÍVEL,
mas, em contrapartida, a redação do ARTIGO 258 do Código Civil, define assim as OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS:
“A OBRIGAÇÃO É INDIVISÍVEL QUANDO A PRESTAÇÃO TEM POR OBJETO UMA COISA OU UM FATO
NÃO SUSCETÍVEIS DE DIVISÃO, POR SUA NATUREZA, POR MOTIVO DE ORDEM ECONÔMICA, OU
DADA A RAZÃO DETERMINANTE DO NEGÓCIO JURÍDICO”
O DEVEDOR, uma vez demandado para responder pela dívida na totalidade, não pode
exigir que o credor acione os outros devedores para que se obriguem a cumprir a prestação.Ressalva-se apenas ao
devedor que é demandado ao cumprimento total da obrigação, sub-rogar-se do crédito, podendo reaver dos outros
devedores as quotas partes por ele satisfeitas. Mas esta sub-rogação não poderá, em qualquer hipóteses, ultrapassar o
que o devedor demandado desembolsou para o cumprimento integral da obrigação (artigo 350, CC).
Em regra, tanto nas obrigações divisíveis, como nas obrigações indivisíveis, cada
devedor só responde por sua quota-parte. Mas tratando-se de OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL, poderá ser compelido a
cumprir a obrigação em sua integridade.
O ARTIGO 262 do Código Civil, permite que um dos credores possa remitir
(PERDOAR) com relação à sua parte no crédito. Mas esta remissão não atingirá os outros credores, que poderão exigir
a dívida total, descontando-se o valor perdoado.
Reza ainda o parágrafo único do mesmo artigo 262, que para os casos de
TRANSAÇÃO, NOVAÇÃO, COMPENSAÇÃO ou CONFUSÃO, serão aplicados os mesmos critérios do caput.
É perfeitamente possível a transferência das obrigações, seja ela com relação ao lado
ATIVO, seja com relação ao lado PASSIVO.
ESPÉCIES: são tidas como espécies: Cessão de crédito; cessão de débito; e a cessão
de contrato.
CESSÃO DE CRÉDITO
Nesta situação, não se torna necessária a participação do DEVEDOR, que deverá ser
comunicado para que possa cumprir a obrigação para com o atual credor.
Mas existem créditos que por sua natureza não podem ser cedidos, como os de
CARÁTER PERSONALÍSSIMO e as de DIREITO DE FAMÍLIA (direito a nome, a alimentos).
Em virtude da LEI podemos citar como exemplo alguns artigos: 520, CC; 560, CC;
426, CC; 298,CC. Mas existem algumas situações em que a própria lei permite a cessão, como é o caso do artigo 1.393,
do Código Civil (cessão de usufruto).
Pode ser efetivada de dois modos: I) contrato entre o CREDOR e TERCEIRO, sem a
necessidade de participação do devedor. A este contrato a doutrina denomina de EXPROMISSÃO; e, II) contrato entre
DEVEDOR e TERCEIRO, necessariamente com a concordância do credor. A esse contrato a doutrina denomina da
DELEGAÇÃO.
Prescreve o ARTIGO 301 do Código Civil que: se a substituição do devedor vier a ser
anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este
conhecia o vício que inquinava a obrigação. Entende-se que, anulada a substituição, volta o devedor de origem a ser
responsável pela obrigação, com todas as suas garantias, salvo aquelas prestadas por terceiro.
Por fim, prevê o artigo 303 do Código Civil a única possibilidade de ACEITAÇÃO
TÁCITA da assunção de divida, uma vez não manifestada no prazo especificado.
DA CESSÃO DE CONTRATO
PAGAMENTO
Para que o pagamento produza seu principal efeito, que é o de extinção a obrigação,
devem estar presentes seu requisitos essenciais de validade, que são: A) existência de um vínculo obrigacional; B) a
intenção de solvê-lo (animus solvendi); C) cumprimento da prestação; D) pessoa que efetiva o pagamento (solvens);
pessoa que recebe o pagamento (accipiens).
Não existindo OPOSIÇÃO por parte do devedor, e havendo a negativa do credor com
relação pagamento da obrigação por terceiro não interessado em nome e à conta do devedor, necessário se torna a
CONSIGNAÇÃO, configurando neste caso LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA, conforme previsto na parte final do
ARTIGO 6º do Código de Processo Civil. Nesta situação não poderá consignar em nome próprio, por falta de legítimo
interesse.
Nessa situação, o terceiro só terá direito a reembolso até a importância que realmente
aproveite ao devedor. Exemplo: se a dívida era de R$100.000,00, mas o devedor teria direito a compensar com o credor
a importância de R$50.000,00, resultante e um outro negócio jurídico, poderá o credor cobrar-lhe somente a importância
de R$50.000,00.
A regra do artigo 305 do Código Civil estabelece que o terceiro não interessado, que
paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do
credor. Já o parágrafo único do mesmo artigo, determina que se o pagamento for efetuado antes de vencida a dívida, só
terá direito ao reembolso no vencimento.
Conforme dispões o ARTIGO 308 do Código Civil, o pagamento DEVE ser feito ao
credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em
seu proveito.
Sendo assim, será válido o pagamento ao próprio credor ou a quem o represente. Se a
dívida for INDIVISÍVEL ou SOLIDÁRIA, qualquer um doa co-credores poderá cobrar a dívida em sua totalidade
(artigo 260, e 267, CC). Se a dívida for ao portador, quem apresentar o título, estará apto a receber o pagamento.
Mas nem sempre aquele que não paga diretamente ao credor, terá que pagar novamente.
Como o próprio artigo 308 prescreve, poderá o credor RATIFICAR o pagamento (mediante expedição de recibo por
exemplo) ou ainda comprovar-se que o pagamento FOI REVERTIDO EM FAVOR DO CREDOR (depósitou na conta
do credor).
Uma vez comprovada a BOA-FÉ, ao verdadeiro credor que não recebeu o pagamento,
resta somente voltar-se contra o CREDOR PUTATIVO, que recebeu indevidamente.
A quitação reclama capacidade e sem ela o pagamento não vale. Mas, torna-se
necessário distinguir 2 situações: I) se o devedor tinha ciência da incapacidade, o cumprimento é INVÁLIDO, tendo o
devedor que efetuar o pagamento novamente ou provar que o pagamento foi revertido em favor do incapaz; II) se o
devedor não tinha ciência da incapacidade do credor, o cumprimento será VÁLIDO, independentemente de
comprovação de que o pagamento tenha revertido em favor do credor.