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Nascemos sem saber o que é uma maçã; formamos a ideia de maçã a partir dos
sentidos: pela cor, pelo aroma, pelo toque na casca, pelo paladar quando a mordemos.
A partir destas sensações a informação chega ao cérebro, dá-se uma reflexão e ficamos
com a ideia de 'maçã'.
Verifica-se que:
–as impressões precedem sempre as ideias correspondentes
–as impressões são as causas das nossas ideias.
–Não existem ideias inatas, estas resultam das impressões/experiências vividas.
–Também somos capazes de ter ideias de coisas que nunca foram percebidas pelos
nossos sentidos:
EX:Unicórnio; fauno, alienígena
Nestes casos, elas são junções de ideias que já tivemos anteriormente.
Ex: unicórnio = ideia de cavalo+ chifre
fauno = ideia de homem+ bode
alienígena = ideia de homem deformado
–Estas proposições não nos dão qualquer conhecimento sobre o que existe ou acontece
no mundo. Permite-nos unicamente formar relações correctas entre ideias.
A ideia de relação causal (de uma ligação necessária entre dois fenómenos) :'sempre foi,
sempre será assim' , é uma ideia que não tem qualquer impressão sensível.
Como o critério de verdade de um conhecimento de facto é que uma ideia corresponda a
uma impressão sensível, não temos legitimidade para falar de uma relação causal entre
os dois fenómenos.
Como nasce então a ideia de uma ligação necessária entre causa e efeito?
A ideia da casualidade surge da regularidade, da união de ideias que se repetem muitas
vezes; quando pensamos numa delas surge-nos a ideia da outra por sucessão.
Ou seja,quando vemos muitas vezes dois acontecimentos unidos, somos levados pelo
habito a esperar que o outro se mostre.
Portanto a ideia de casualidade é uma mera associação de ideias pois o vinculo entre
causa-efeito não pode ser demonstrado como objectivamente necessário,dado que o
curso da natureza pode mudar.
O habito e a crença na regularidade da natureza, explicam a ligação e entre os factos mas
não a sua necessária ligação.
A crença na ideia de causalidade é uma projecção psicológica ( desejo que o futuro seja
previsível e portanto controlável), é uma crença subjectiva sem base racional ou empírica.
Contudo Hume pensa que não podemos deixar de acreditar na ideia da regularidade
constante dos fenómenos porque, sem essa crença, a vida seria impraticável.
A crença numa relação causal é útil não só para a nossa vida quotidiana mas também
para as ciências experimentais.
Com a sua critica ele nunca pretendeu afirmar que não há relações causais no mundo, o
que ele afirma é que racionalmente não podemos justificar essa crença, nem a razão nem
a experiência a podem justificar.
Por uma espécie de instinto natural a mente humana funciona com a ideia de
casualidade, mas isso não significa que seja assim que funciona a natureza.
São portanto estados internos, subjectivos e não constituem prova de que algo
tem uma existência continua e independente fora de nós. (é possível que às
nossas ideias não corresponda nenhuma realidade fora da nossa mente)
È a aparente constância das coisas (as que vimos hoje são semelhantes as que
vimos ontem), que nos leva acreditar que tem uma existência independente
das nossas percepções.(que realmente existem no mundo real)
Para Hume esta crença não é justificável, mas o facto de racionalmente não
poder explicar o mundo externo não quer dizer que ele não exista.
Não podemos conhecer a existência do mundo externo, mas podemos acreditar
que ele existe.