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A
tualmente, questões referentes à guerra cambial têm ganhado
espaço na mídia. Apesar da manipulação das taxas de câmbio,
com a finalidade de aumentar artificialmente a competitivida-
de da economia não ser assunto novo, o tema voltou ao centro das
atenções devido tanto à permanência da política cambial chinesa,
quanto à recente política de expansão monetária (quantitative easing)
adotada pelos Estados Unidos. De fato, as questões que geraram a
apreciação da moeda brasileira também mudaram a posição relativa
do Brasil na dita guerra cambial. Mudamos de “lado”: de beneficiá-
rios passamos a prejudicados.
Alem da questão cíclica, que acreditamos momentânea, da políti-
ca de expansão da liquidez pelo governo americano, o Brasil enfrenta
um problema mais estrutural, de perda de competitividade em ma-
nufaturados, e isso exatamente para seu maior parceiro comercial, a
China. Maior responsável pela contínua alta nos preços das commo-
dities desde 2002, fator que iniciou e deu sustentação aos anos de
fartura do governo Lula, a China agora também concorre fortemente,
e com sucesso, contra a indústria nacional, usando sua alta produ-
tividade para penetrar tanto o mercado interno como concorrer nos
mercados externos, especialmente na América Latina, onde o Brasil
sempre teve forte participação na venda de produtos manufaturados.
Procurando mercados alternativos aos dos países desenvolvidos no
período pós-crise, a China está mirando os emergentes para susten-
tar sua fortíssima indústria exportadora.
A estratégia do governo Lula foi a de deixar a economia brasileira
se especializar, de forma passiva, frente à demanda chinesa, utili-
zando a “mais valia” das nossas exportações para sustentar níveis
maiores de consumo, além de uma pequena e discreta alta nos inves-
timentos. Com os baixos níveis de poupança que temos, estamos
sustentando o crescimento da demanda agregada, que supera o cres-
cimento da oferta ano após ano, com crescentes níveis de importa-
ções. Importações que, no período pós-crise, têm crescido em até
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Guerra Cambial: uma nova proposta
86 Política Democrática · Nº 29
Guerra Cambial: uma nova proposta
88 Política Democrática · Nº 29