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Resumo
No presente trabalho foram analisados os espectros do hidrogênio e do sódio. Para obtenção destes
espectros foram utilizadas lâmpadas de descarga elétrica em gás destes elementos e um espectrógrafo, usando
como padrão de calibração do equipamento o espectro do mercúrio, cujos comprimentos de onda são bem
determinados na literatura. Utilizando o modelo de Bohr, a fórmula de Balmer e a mecânica quântica, foi possível
determinar valores importantes como a constante de Rydberg, potencial de ionização do hidrogênio e do sódio,
além de verificar a validade dos modelos e as limitações das técnicas utilizadas.
Equação 5
é a constante de Rydberg teórica.
Difusa:
R R Tendo-se a constante de Rydberg, se
κ= − , n =3,4... determina o potencial de ionização do hidrogênio a
(3 + p ) 2 (n − d ) 2 partir da Equação 3. Tomando-se a e b iguais a zero
Equação 6 (sem defeito quântico) e m = 1 (Série Lyman – nível
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de energia que o elétron chega) e n = ∞ (nível de
energia que o elétron “escapa” do átomo), obtemos: Procedimentos experimentais
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κIonização = = RH Equação 12
λIonização Neste experimento foi utilizado o
espectroscópio mostrado na Figura 2.
e a energia de ionização é dada por:
E Ionização = hcR H
A luz que se desejava analisar foi colocada em
Equação 13
frente à fenda de abertura regulável. A distância da
onde h é a constante de Planck e c é a velocidade da fenda à lente acromática do colimador pode ser
luz no vácuo. ajustada de modo a coincidir com o foco, obtendo-se
assim raios paralelos na região da mesa, onde foi
A explicação para a semelhança entre as colocada a rede de difração.
séries de comprimento de onda do espectro dos metais
alcalinos e do hidrogênio vem de que o Li, Na, K, Rb O telescópio, que era montado sobre uma base
e Cs (metais alcalinos) são constituídos de um caroço giratória, cujo ângulo podia ser medido através de
central formado pelo núcleo e pelos elétrons que uma escala graduada (vernier), teve seu foco ajustado
formam camadas fechadas (como na configuração previamente, focalizando um ponto o mais distante
correspondente aos gases nobres), e um único elétron possível no laboratório. A luz difratada pode ser então
externo. Este elétron é chamado elétron óptico, pois observada através do telescópio. Para ajustar com
ele é responsável pela emissão de luz por esses precisão a linha a ser medida no centro do campo de
átomos. Essa estrutura com um caroço fechado e um visão do telescópio, havia um retículo em forma de
único elétron externo tem alguma semelhança com a cruz no interior deste.
de um átomo de hidrogênio. Por isso, o interesse em
estudar o espectro de Na.
Após o modelo de Bohr, que explicava bem o
átomo de hidrogênio, foram feitos aperfeiçoamentos
posteriores, devidos principalmente a Sommerfeld,
que introduziu a teoria das órbitas elípticas para o
elétron e a correção relativística, que permitiram
explicar os espectros dos metais alcalinos, inclusive a
estrutura fina dos dubletos.
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Figura 3 – Difração do feixe de luz pela rede de difração.
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Tabela 1 – Valores medidos para comprimentos de onda do A Equação 15 foi novamente usada para obter
hidrogênio. os valores corrigidos das linhas. A partir desses
Como se vê na Tabela 1, a linha violeta, valores ajustados se comparou os dados com valores
referente ao comprimento de onda de 4101 Å, não foi tabelados e assim foram identificadas as séries e
observada. Com o equipamento utilizado, foi níveis de energia correspondentes a cada transição. As
disponibilizada também uma câmera de vídeo que séries encontradas estão na Tabela 2:
poderia ser acoplada no telescópio em lugar de sua
lente ocular, para que se fossem observados um
número maior de linhas, mas sua operação era difícil
pois era necessário alinhá-la e encontrar o foco ideal
para a observação das linhas, além de ter que se fazer
os ajustes de brilho e contraste do vídeo no
computador. Outra dificuldade encontrada foi que não
havia uma referência na tela para centralizar a linha
observada, como existia o retículo na lente ocular.
Portanto após algum tempo de tentativas frustradas de
se usar a câmera, optou-se por abandoná-la dado o
tempo limitado para a aquisição dos dados em aula.
Foi observada uma linha que não corresponde
ao espectro de hidrogênio com comprimento de onda
de 5892(7)Å. Esta linha era devida a algum
contaminante no gás da lâmpada (provavelmente
sódio de algum sal), mas não se chegou a nenhuma
conclusão, após consultas às referências, com relação
a qual contaminante poderia ser este.
Com os valores de três linhas de
comprimentos de onda da série de Balmer do espectro
do hidrogênio pôde-se calcular o valor experimental
para a constante de Rydberg. Usando a Equação 2, foi
construído um gráfico do tipo y = ax + b, onde o
número de onda representa y, o termo entre parênteses
representa x, e b é esperado igual a zero. Portanto, o
valor do coeficiente angular será a constante de
Rydberg. A partir desse método então obteve-se a
constante de Rydberg: RH = 1,1008(50)x107 m-1.
A partir desse resultado e da Equação 13
pôde-se calcular o potencial de ionização do
hidrogênio, sendo que a constante de Planck e a
velocidade da luz no vácuo são bem determinadas. O
potencial de ionização é E = 13,65(6) eV.
Usou-se o mesmo procedimento para se obter
o espectro do sódio, inclusive a calibração pelas linhas
do mercúrio, pois as medidas para os espectros de
hidrogênio e sódio foram realizadas em dias
diferentes.
Na curva de calibração do mercúrio obtemos
como coeficientes angular (a) 0,9973(25) e linear (b)
154(51).
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Para esta série foi considerado que µ = 0 (na
verdade seu valor é 0,01). A partir do gráfico foi
λ (Å) Série Nível
obtido que o coeficiente linear apresenta o valor
4807 sharp 7
experimental da constante de Rydberg, que foi de
4810 sharp 7
1,084(32)107 m-1 e o limite da série em
4974 difusa 5
Lim = 2,442(18) m-1 , e que equivale a um
5631 difusa 4
comprimento de onda de 4094(31)Å.
5642 difusa 4
5911 principal 3 Com esses resultados, passou-se à análise da
5933 principal 3 série sharp, onde foi utilizado o valor do limite
6104 sharp 5 encontrado anteriormente para obter os valores da
6171 sharp 5 constante R e µ , relativos a série sharp. A partir da
Tabela 2 – Valores medidos para comprimentos de onda do Equação 16 se obteu a seguinte equação de reta, que
sódio relacionados com série e níveis. dá os valores de R e µ como coeficientes da reta:
Após a identificação das séries foi analisada
cada uma delas a partir da equação das séries do 1
n= R −μ
sódio: 1 Equação 17
Lim −
λ
1 R
= Lim − Equação 16
λ ( n + μ) 2 E a partir dessa fórmula e os dados
experimentais fizemos o gráfico da Figura 6:
com λ sendo o comprimento de onda obtido, n o Figura 6 - Análise das transições da série sharp.
nível de energia da transição, R a constante de
Rydberg, Lim o limite da série e µ o defeito quântico.
Primeiro foi analisada a série difusa, onde a
partir dos dados ajustados foi feito o gráfico de 1/λ
por 1/n², conforme o gráfico da Figura 5.
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Conclusão
Para a análise do espectro de hidrogênio, os
objetivos foram alcançados, apesar de não ter sido
possível observar todas as quatro linhas deste
espectro. Os valores da constante de Rydberg para o
hidrogênio e seu potencial de ionização foram
calculados com boa concordância com os dados
experimentais mais atuais encontrados na literatura.
Porém para a análise do sódio os objetivos
não foram alcançados, pois os dados obtidos em
laboratório foram insuficientes para se conseguir
calcular valores confiáveis para a constante de
Rydberg, defeito quântico e potencial de ionização.
Figura 7 – Diagrama de transições do sódio.
Vários fatores atrapalharam a tomada de
dados:
Discussão
- a iluminação da sala, pois haviam monitores
Na análise do hidrogênio foi verificado que de computador dos outros grupos ligados, o que fazia
não é possível observar todas as linhas do espectro com que não se distinguissem um número grande de
devido a luminosidade do laboratório não ser a ideal linhas dos espectros e de não se conseguir relacionar
para o equipamento utilizado, pois haviam vários as linhas medidas à direita e à esquerda do
grupos trabalhando ao mesmo tempo e a luz dos espectroscópio (a análise da série sharp foi muito
monitores dos computadores diminuía a visibilidade prejudicada por isso). Com medidas de um só lado e
das linhas dos espectros. Apesar disso, as linhas em quantidade reduzida, a confiabilidade dos dados é
observadas estavam de acordo com valores comprometida;
comumente encontrados nas referências, como se
pode verificar na Tabela 1. Para a constante de - restrição à faixa do visível, devido à escolha
Rydberg para o hidrogênio, cujo valor era um dos de não usar a câmera de vídeo acoplada ao
objetivos deste experimento, foi obtida como espectroscópio por motivos operacionais.
RH = 1,1008(50)x107 m-1, o valor experimental para Desta forma, mediram-se poucos dados para o
esta constante encontrado nas referências é de sódio, onde encontramos apenas uma transição da
1,09677576(12)x107 m-1 e o valor teórico é de 1,09678 série principal.
x 107 m-1. Vemos que os três valores apresentados são
muito próximos, o que confirma a validade do modelo Os valores da série difusa estão compatíveis
teórico utilizado e que as técnicas utilizadas neste com os valores teóricos, mas os valores da série sharp
experimento são adequadas para a medida da não são compatíveis, o que mostra que os dados
constante de Rydberg. obtidos nesse experimento para o espectro do sódio
não são confiáveis e que as escolhas feitas durante as
Para o potencial de ionização do hidrogênio medidas mostraram-se incorretas.
encontramos o valor de 13,65(6) eV, enquanto que o
valor teórico é de 13,6 eV, confirmando novamente a
adequação da técnica utilizada.
Porém, na análise do espectro do sódio não se
verifica a mesma concordância. Em primeiro lugar, o
valor da constate de Rydberg na série difusa calculado
foi de 1,084(32)107 m-1 e para a série sharp foi de
1,311(19) x107 m-1 , quando estes valores deveriam se
compatíveis pois representam a mesma grandeza,
porém não são, pois diferem de um valor maior que
três desvios padrões.
O valor para o defeito quântico na série sharp
foi calculado de 0,988(34), enquanto que o valor
teórico esperado era de 0,87, novamente apresenta-se
uma diferença maior que três desvios padrões.
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Referências