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DIREITO ADMINISTRATIVO II

TURMA DA NOITE - 2º ANO

REGENTE: Prof. Doutor Paulo Otero


COLABORADOR: Mestre Miguel Prata Roque

EXAME DE FREQUÊNCIA (Coincidência - 21.Jun.2010)

I. (14 valores)

O Governo aprovou o Decreto-Lei n.º 131/10, nos termos do qual fixou um novo
regime de acção social escolar que, entre outras medidas, determinava que o valor
patrimonial dos bens pertencentes aos encarregados de educação dos candidatos a subsídios
fosse tido em consideração, para efeitos de atribuição de quaisquer prestações sociais, sendo
conferidos aos Directores das Escolas de Ensino Básico e Secundário os poderes para
autorizar o levantamento do sigilo bancário e fiscal daqueles candidatos.

Fixação legal de competências

- princípio da legalidade da competência (artigo 29º/1/CPA)


- previsão de poderes para levantamento de sigilo bancário e fiscal poderá conflituar
com direito fundamental à reserva da intimidade privada, pelo que suscita o problema da
eventual incompetência orgânica do Governo [165º/1/b)/CRP] e da consequente prática de
actos administrativos nulos [133º/2/d)/CPA]

Em cumprimento de despacho da Ministra da Educação nesse sentido, o Conselho


Geral do Agrupamento D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, aprovou as “Regras de Atribuição
de Subsídios Escolares”, nos termos das quais se determinava que a concessão de subsídio
para aquisição de manuais escolares e alimentação caberia à Directora, mediante parecer
favorável da técnica de acção social escolar, a ser proferido no prazo de 10 dias.

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Adopção de regulamento administrativo

- Ponderação da admissibilidade de delegação de poder regulamentar


originariamente detido pelo Governo (35º/1/CPA)
- Problema da fixação constitucional de competência regulamentar do Governo
[199º/c)/CRP]
- Necessidade de invocação da lei a regulamentar (112º/7/CRP)
- Possibilidade de fixação de competências por regulamento (29º/1/CPA)

Exigência regulamentar de parecer

- Obrigatoriedade e não vinculatividade parcial do parecer (98º/2/CPA)


- Ponderação da admissibilidade de alteração de prazos legais por norma
regulamentar (99º/2/CPA)

ALBINO A-MONTE, feirante e pai de VANESSA, aluna daquela escola, requer apoio
social escolar em 15 de Agosto de 2010. Após análise dos extractos bancários de Albino, a
técnica de acção social escolar verifica que os rendimentos efectivos daquele eram muito
superiores ao limite máximo que permitia a concessão do subsídio e profere informação
escrita detalhada, no sentido do indeferimento do pedido, em 05 de Setembro de 2010.

Cumprimento do prazo para adopção de parecer

- Ponderação sobre substituição de prazo legal de 30 dias (98º/2/CPA) por prazo


regulamentar mais exíguo
- Regras de contagem de prazos administrativos (72º/CPA)
- Consequências da falta de adopção tempestiva de parecer: anulabilidade por
preterição de formalidade (135º/CPA); parecer tacitamente indeferido (109º/2/CPA, por
analogia); instauração de acção de impugnação da validade do acto (50º e segs./CPA) ou
acção de condenação à prática de acto devido (60º e segs.)

Dever de fundamentação do parecer

- Exigência especial de fundamentação (99º/1/CPA)

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- Conceito de fundamentação suficiente (125º/1/2/CPA)

Por ainda se encontrar de férias, a Directora envia um correio electrónico à técnica de


acção social escolar, dando-lhe instruções para que comunique a ALBINO A-MONTE que o
pedido de apoio social escolar foi indeferido.

Supressão de ausência de titular de órgão competente

- Delegação de poderes (35º) Vs delegação de assinatura Vs substituição (41º/CPA)


- Admissibilidade de prática de actos administrativos não presenciais, mediante
recurso a meios de comunicação à distância e sua compatibilidade com formalidades do
acto administrativo (123º/CPA)
- O problema da assinatura digital legalmente reconhecida [123º/1/g)/CPA]

Dever de audiência prévia

- Administrado goza do direito de ser ouvido antes da tomada de decisão, mediante


informação do sentido provável da decisão (100º/1/CPA)
- Ausência de motivos para inexistência ou dispensa de audiência prévia (103º/CPA)
- Anulabilidade (135º/CPA - Freitas do Amaral / Vieira de Andrade / jurisprudência)
Vs Nulidade [133º/2/d)/CPA – Sérvulo Correia / Miguel Prata Roque]

Dever de fundamentação

- Admissibilidade de fundamentação mediante mera declaração de concordância com


fundamentação constante de parecer anteriormente proferido no procedimento (125º/1, in
fine/CPA)

Dever de notificação

- Prática de mera operação material por parte da técnica de acção social escolar
- Dever de notificação resultante de decisão relativa a pedido formulado
[66º/a)/CPA], sem que haja motivo de dispensa (67º/CPA)

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Revoltado por ter descoberto que foi concedido um subsídio a uma aluna que era filha
do namorado da Directora – que, apesar de dispor de rendimentos muito superiores, não
dispunha de contas bancárias em seu nome, em consequência de um processo litigioso de
divórcio –, ALBINO A-MONTE protesta contra a decisão perante a Ministra da Educação.
Porém, o Gabinete daquela alega que a lei foi escrupulosamente cumprida, pelo que não pode
alterar a decisão.

Princípios da igualdade e da imparcialidade

- Sujeição ao princípio da igualdade (5º/1/CPA)


- Sujeição ao princípio da imparcialidade (6º/CPA)
- Existência de causa de impedimento, caso Directora vivesse em economia comum
com o namorado [44º/1/b)/CPA]; caso contrário, haveria mero fundamento para escusa e
suspeição [48º/1/d)/2/CPA]
- Substituição em caso de impedimento (47º/1/CPA)
- Anulabilidade do acto administrativo praticado por titular impedido (51º/CPA)

Recurso hierárquico

- Directora encontra-se sujeita a relação de subordinação hierárquica face à


Ministra da Educação, pelo que é admissível recurso hierárquico [158º/2/b)/CPA e
166º/CPA], no prazo de 3 meses [168º/2/CPA e 58º/2/b)/CPTA] ou a todo tempo
(58º/1/CPTA), consoante o acto seja anulável ou nulo
- Superior hierárquico pode avaliar a conveniência da decisão (juízo de mérito), para
além da mera ilegalidade (167º/2/CPA)

NOTA (conhecimento facultativo e não cotado) – A subordinação hierárquica do Director


dos Agrupamentos resulta expressamente do artigo 29º do Regime Jurídico da Gestão
Escolar (Decreto-Lei n.º 75/2008).

Para além disso, solicita apoio ao Presidente da Junta de Freguesia de São João de
Brito que, para a compensar e contornar a decisão da Directora do Agrupamento Escolar,
atribui a VANESSA A-MONTE um prémio mensal de 500 €, destinado a premiar crianças que
se destaquem pelas suas capacidades artísticas e musicais.

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Desvio de poder

- Noção de desvio de poder como vício típico dos actos administrativos


predominantemente discricionários
- Concessão de prémio mensal configura desvio de poder, na medida em que é
prosseguida uma finalidade distinta (apoio social) à visada pela lei que fundamentou a
criação do prémio (incentivo a capacidades artísticas e musicais)
- Distinção entre desvio de poder para prossecução de interesses públicos e desvio de
poder para prossecução de interesse privados
- Exigência de dolo no caso de prossecução de interesses privados (Marcello
Caetano)
- Em regra, o desvalor jurídico corresponde à anulabilidade (artigo 135º/CPA); em
caso de prossecução de interesses privados, alguma doutrina (Esteves de Oliveira) defende o
desvalor da nulidade [133º/2/d)/CPA]

Após contestação da opinião pública, a Assembleia da República decide aprovar um


decreto destinado a vigorar como lei que revoga o regime de acção social escolar aprovado
pelo Decreto-Lei n.º 131/10 e determina que todos os pedidos anteriormente indeferidos, com
fundamento em levantamento do sigilo bancário e fiscal, devem ser automaticamente
deferidos pelos órgãos competentes. ALBINO A-MONTE apressa-se a alegar que a decisão de
recusa de subsídio deve ser imediatamente cancelada, na medida em que deixou de ser
exigido parecer favorável da técnica de acção social escolar, por força da caducidade das
“Regras de Atribuição de Subsídios Escolares”.

Revogação do regulamento administrativo

- Efeito indirecto da revogação de acto legislativo que fundou a adopção do


regulamento
- Impossibilidade de revogação directa de regulamento administrativo, sob pena de
violação do princípio da separação de poderes

Revogação do acto administrativo

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- Acto legislativo não pode conter decisão individual e concreta (ainda que
corresponda a acto administrativo geral) relativa a situações jurídicas dos
administrados, sob pena de violação do princípio da separação de poderes
- Admissibilidade de revogação de actos administrativos válidos (140º/CPA)
- Revogação da lei que permitia o levantamento do sigilo bancário e fiscal só afecta
normas regulamentares incompatíveis com nova lei, pelo que exigência de parecer
favorável não se afigura como norma caducada

II. (6 valores)

Comente a seguinte afirmação:

“O poder de revogação de actuações administrativas ilegais (independentemente da


respectiva forma), pela Administração Pública, configura uma manifesta entorse ao
princípio da segurança jurídica e ao monopólio do controlo da legalidade pelos
tribunais administrativos”.

- Vinculação da administração ao princípio da legalidade e reparação da ilegalidade


- O regime de revogação de actos ilegais: a dicotomia acto nulo / acto anulável (139º e
141º/CPA)
- A aplicabilidade do regime de revogação de actos administrativos a outras formas de
actuação da administração pública – regulamentos, operações materiais, contratos
- O âmbito e objecto do princípio da segurança jurídica
- A colisão entre o respeito pela legalidade e a preservação dos efeitos de actuações ilegais
consolidadas
- A fiscalização da legalidade pelos tribunais administrativos
- A possibilidade de auto-controlo da legalidade pela Administração (ex: garantias endo-
administrativas) e a sua compatibilidade constitucional (202º e 212º/3/CRP)

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