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Elpídio Reis

PONTA PORÃ
ANTES, DURANTE E DEPOIS

2005
Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul
Campo Grande – Mato Grosso do Sul
Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul
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Exmo. Sr. Major José Guimard dos Santos,
MD. Governador do Acre,
Exmos. Srs. Parlamentares,
Exmo. Sr. Dr. Xavier de Oliveira, brilhante sociólogo,
Exmos. Srs. Magistrados,
Senhoras,
Senhores.
Companheiros.

Designado para falar-vos nesta solenidade, prometo não


usar de outra linguagem que não a estritamente calcada nos fatos
históricos e reais.
PONTA PORÃ, ANTES, DURANTE E DEPOIS é o meu tema, e para
desenvolvê-lo eu vos convido a que nos transportemos em pen-
samento para o extremo Oeste da Pátria, fronteira com o Para-
guai: vale dizer à falada terra que constituiu o saudoso território
de Ponta Porã.
Velho ano de 1924! Daqui partiremos. Ano de revolução!
Lares saqueados, pontes incendiadas e dentre estas a do rio
Amambaí, de valor vital para a região. Fazendas abandonadas
pela fuga dos fazendeiros. Negócios que se desfazem, compro-
missos que não se cumprem, comércio que paralisa, são as vicis-
situdes de um povo cuja única lei era a mira do revólver 44!
Povo heróico porque sacrificado, bravo porque indomável, bem
brasileiro porque alargava as fronteiras da pátria, era a gente
boa e simples de minha terra ao tempo anterior a 1930!
Povo que não conheceu jamais a figura de um presidente
estadual a não ser a de um deles, quando por lá passou em cam-
panha eleitoral!
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Terra sem escolas, onde quem vos fala neste momento só


pôde ingressar numa, já com dez anos de idade!
Terra onde os brasileiros atravessavam a fronteira para
receber lições nas escolas do Paraguai!
Homens nobres os paraguaios, que jamais negaram dar
instruções aos nossos patrícios que os procuraram! A eles os
nossos agradecimentos!
Ano de 1930! Nova forma de governo central para o país.
Novo ânimo invadiu aquela fronteira, que revigorada e
estuante levanta-se predestinada a grandes dias!
Eis, porém, que surgindo a Revolução de 32, desapa-
receram da terra os poucos valores econômicos e logo depois
uma crise financeira, avassaladora e cruel dominou a região.
Presenciou-se gado morrendo nos currais comendo terra,
à cata de sal, porque muitos dos fazendeiros não conseguiam
rendas que lhes permitissem a compra desse indispensável ali-
mento para os rebanhos. Dir-se-ia que era a desgraça experimen-
tando um povo, sem, contudo, dominar-lhe o ânimo, nem ferir-
lhe a fibra de brasileiro audaz. Uma onde de assassínios, contra-
bandos, roubos, assomou a fronteira, e raro era o dia em que
nas mais diferentes zonas da região não surgiam crimes dos
mais degradantes, praticados pelo brutal banditismo que assolava
aquela terra. Dentre esses crimes, um podemos relembrar a título
de exemplo: foi o praticado por quatro indivíduos paraguaios
contra um pacato cidadão, bom chefe de família, estabelecido
com pequeno negócio numa bonita, verdejante e até poética en-
cruzilhada de estradas da campanha. Para ser saqueado em seus
poucos mil réis os bandidos mataram-no a tiros e por indescri-
tível sede de banditismo foram matando todas as pessoas da
casa. Cinco filhos foram mortos, sendo que o último, um bebe-
zinho de três meses, fora degolado na rede, porque naturalmente
na opinião dos bandidos ainda não era digno de merecer uma
bala de revólver.
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Até aqui nada de extraordinário se os malfeitores fossem
justiçados! Por falta de policiamento os bandidos – conhecidos
de toda a gente – perambularam pela região durante anos, até
que dois deles, ao serem reconhecidos quando capinavam uma
lavoura, foram fuzilados, espécie de justiça única então conhe-
cida naquelas terras de fronteira.
Os governos de Mato Grosso, naturalmente sempre bem
intencionados, nunca puderam, por falta de recursos, levantar
na minha terra as pontes que se faziam necessárias ou escolas
que fossem condignas.
A ponte do rio Amambaí, já relembrada de início, só vinte
anos mais tarde foi reconstruída pelo governo federal. E o grupo
escolar de Ponta Porã construiu-o a Companhia Mate Laranjeira.
Em ambiente como esse, é fácil de imaginar-se, nada era possível
se praticar em benefício da nacionalização da fronteira.
Milhares e milhares de brasileiros desconheciam a ban-
deira do nosso país e milhares de outros, nascidos e vivendo em
terras brasileiras, se diziam de nacionalidade paraguaia, unica-
mente porque a língua que falavam no lar era o guarani. Certidão
de nascimento era luxo até mesmo para os mais ricos e o con-
cubinato era, em maioria, a forma de constituição das famílias,
que nem por isso deixavam de ser honradas e respeitáveis.
E aqui transcrevo umas palavras escritas por um ex-
médico da Comissão de Limites. Referindo-se às crianças da
nossa fronteira Brasil-Paraguai, disse:
“Por incrível que pareça desconheciam completamente as
cores da nossa bandeira como símbolo nacional e os que
residiam perto da linha de limites, chamavam-na bandeira da
Comissão de Limites, porque viam, todos os dias, nos acampa-
mentos da Comissão, o pavilhão auriverde – tremulando no
mastro, em frente à barraca do chefe da turma. Ao tempo do
Território nenhuma escola, por mais afastada que se achasse
dos centros povoados, deixava de ter, todos os dias, o seu pa-
vilhão levado ao topo do mastro, com a devida solenidade e,
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em todas elas, o mapa do Brasil materializando, aos olhos da


criança, a configuração da Pátria, em toda a sua opulência.”
Ano de 1943! Criação dos novos territórios.
A redivisão administrativa do Brasil, problema que tem
merecido profundos estudos de grandes conhecedores dos as-
suntos brasileiros, dava com a criação dos novos territórios um
passo avançado altamente promissor. Instalado que foi o governo
do Território de Ponta Porã, renovou-se o ambiente político,
social, econômico, educacional, sanitário e judicial.
Iniciou-se uma era de assistência direta aos homens da
fronteira, até então abandonados e esquecidos.
No setor ligado à segurança da fronteira – antes de qual-
quer medida administrativa, necessária era a eliminação dos cri-
mes – tão eficaz foi a ação salutar do governo territorial, que se
estabeleceu “no seio da população um clima de confiança assaz
promissor, desaparecendo, então, o deprimente espetáculo dos
revólveres à cintura, em qualquer das cidades do Território”.
Foi criada uma guarda territorial, que deu combate sem tréguas
ao contrabando, ao bandoleirismo e aos crimes em geral.
E a prosseguir proferindo palavras minhas, sem cunho de
autoridade, prefiro transcrever trechos de um relatório apresen-
tado pelo capitão Benedito de Paula Correia, da força policial
do Estado de Mato Grosso e cidadão da mais irrepreensível ho-
nestidade profissional. Esse brilhante oficial, ainda hoje servindo
em Ponta Porã, prestou serviços àquela região, antes e durante
o Território.
Ouçamo-lo:
“Como é do conhecimento público, exerci durante oito anos
e meses, sem interrupção, o cargo de delegado de polícia desta
cidade e município, somente me afastando com transferência
para idêntico cargo na cidade de Campo Grande, Estado de
Mato Grosso, em virtude do decreto da criação deste Território,
tendo-me ausentado apenas dois anos e meses. Por conseqüên-
cia, posso com a devida vênia, fazer uma demonstração do
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que era esta faixa fronteiriça quando ligada àquele Estado e
bem assim o desenvolvimento que encontrei, quando Terri-
tório.
Cadeia pública – Não existia este prédio; os presos civis,
uns sentenciados e outros por sentenciar, alguns elementos peri-
gosos, eram recolhidos ao xadrez das praças do destacamento,
o qual nenhuma segurança oferecia para os mesmos.No de-
correr do ano, o referido xadrez permanecia sempre com maior
número de presos, do que o de todas as praças do destacamento.
A prefeitura somente fornecia pensão aos presos reconhe-
cidamente indigentes mesmo após insistentes pedidos da De-
legacia de Polícia, chegando ao ponto de, em várias ocasiões,
os mesmos, forçados pela fome, tentarem revoltar-se contra a
guarda, sendo preciso, para acalmá-los, mandar fornecer, por
conta dos próprios vencimentos do delegado, alimentação aos
mesmos, até que, por interferência do MM. Juiz de Direito da
Comarca, fossem resolvidas essas tristes ocor-rências.
Sofriam os infelizes detentos, com resignação, a falta de hi-
giene e de conforto na prisão, pois até querosene para a ilumina-
ção do xadrez era comprado com o dinheiro da carceragem.
Após a criação do Território, foi mandada adaptar ao mesmo
xadrez uma acomodação para os detentos, os quais se acham
hoje em dia, bem confortados, existindo camas, colchões, etc.
As prisões são visitadas diariamente por um médico da Saúde,
o qual lhes proporciona todos os recursos sanitários, sendo os
mesmo alimentados por conta do Território, com uma diária
de seis cruzeiros (Cr$ 6,00), perfazendo a média mensal de
quatro mil cruzeiros (Cr$ 4.000,00) e ainda percebendo van-
tagens pecuniárias, quando trabalham.”
Prossegue o sr. Delegado Auxiliar:
“Destacamento policial e seu policiamento – O efetivo do
destacamento policial de Mato Grosso, nesta localidade,
sempre foi de sete homens, sendo um sargento, um cabo e
cinco soldados, número deficientíssimo, que mal, apenas
chegava para a guarda do quartel, ficando a cidade e os demais
serviços, por força maior, em completo abandono. A cidade
permanecia completamente sem policiamento e ficaria en-
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tregue aos desocupados, se não mantivesse o 11° Regimento


de Cavalaria, uma guarda diária, na linha divisória, a qual man-
tinha uma certa moral sobre os turbulentos. A longa zona de
fronteira desta País com a República do Paraguai, de extensão
de cerca de 143 léguas, achava-se entregue aos malfeitores,
do lado do Brasil, o que não acontecia ao lado do Paraguai,
embora seja uma República pobre, sempre manteve em cada
ponto povoado de sua fronteira, ao lado de uma escola, uma
comissaria, com seu destacamento policial.
Não obstante isto, grandes latrocínios se davam, do lado
do Paraguai, sobre a linha divisória, e seus criminosos autores,
prevalecendo-se da facilidade em transpor a fronteira, pas-
savam para o nosso País e ficavam a vagar livre e impunemente,
afrontando as autoridades do País vizinho, as quais, perdendo
o devido controle e esquecidos de suas responsabilidades,
transpunham armadas, as nossas divisas, em perseguição a tais
criminosos, chegando ao ponto de, em completo desrespeito a
soberania nacional, assestarem metralhadoras na linha divi-
sória, assassinando guardas federais em seus postos de repres-
são ao contrabando, apreendendo partidas de gado de proprie-
dade de brasileiros indefesos, e cometendo os mais degradantes
absurdos dentro do nosso País.
Ao assumir novamente o cargo de delegado de polícia, ago-
ra, em pleno Território, constatei uma melhora considerável,
principalmente no que se refere à repressão aos criminosos e
contraventores. A ordem pública vem sendo mantida, tanto
nas cidades como no interior do Território. Os habitantes
acham-se tranqüilos, e em conseqüência da segurança e res-
peito, grande número de pessoas de outras localidades resi-
dentes fora do Território, afluem ao mesmo, à procura de
trabalho, dispostos mesmo ao emprego de capitais.
Dispõe o Território de inspetorias e guardas suficientes para
a manutenção da ordem, distribuídos nos pontos principais do
interior do Território, resultando de tal medida, maior garantia
para seus habitantes, em conseqüência da presença da auto-
ridade, possibilitando o aumento da renda de erva e asse-
gurando, aos proprietários, a posse a disposição de seus bens.
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Situação da justiça – Não obstante os rigores da nova lei
de júri, os jurados absolviam os réus confessos da prática de
homicídios e de outros crimes, e negavam displicentemente o
primeiro quesito do questionário processual: ‘O réu não ma-
tou!’, contrariando, assim, muitas vezes, até os próprios advo-
gados dos réus, que mais escrupulosos, reconheciam os crimes
dos seus constituintes, embora servindo-se de outros recursos
de fato, para a sua defesa. Assim, eram os criminosos, limpos
de culpas e de penas, postos em liberdade, voltando a viver na
sociedade, por tê-los reconhecido o júri, como bons elementos
sociais. Os detentos, pela certeza que tinha de sua próxima
liberdade, sofriam com resignação, a falta de higiene, de con-
forto na prisão, nunca se registrando fuga de preso, porque
tinham eles a certeza da próxima liberdade, visto conhecerem
a facilidade com que o júri os absolvia. Os advogados conse-
guiam habeas corpus e a Justiça revogava prisões preventivas.
Bandoleirismo – Era freqüente perambularem os bando-
leiros pelos municípios, cometendo constantes assaltos, assas-
sinatos, defloramentos, estupros e outros crimes e depredações.
A polícia, além de impotente para enfrentar esses facínoras,
não dispunha de meios de transporte. O Estado apenas con-
signava uma verba anual de Cr$ 3.200,00 cruzeiros para o
custeio de serviços de transportes. Com a criação do Território,
tal estado de coisas melhorou e no corrente ano, apenas sur-
giram dois grupos de bandoleiros na longínqua zona entre os
municípios de Porto Murtinho e Bela Vista, tendo a autoridade
competente, em seguida, feito transportar a força da Guarda
Territorial ao local, conseguindo dar combate a esses perigo-sos
grupos, resultando prisões de uns e suicídios de outros.”

Educação
A educação foi outro setor que encontrou por parte do
Governo Territorial medidas oportunas e salutares. As 53 escolas
que funcionavam ao tempo de Mato Grosso – sendo que dessas,
24 eram mantidas pelos municípios – para atender a uma popula-
ção escolar de cerca de 20.000 crianças, permitindo que apenas
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doze por cento desses brasileiros recebessem instrução, foram


aumentadas para 223, todas mantidas pelo Território.
Dentre as escolas criadas, figuravam um Curso Normal
Regional, onze Cursos Populares Noturnos, iniciativa das mais
promissoras para a região.
Nos últimos meses de vida do Território, estava sendo
empregada a importância de Cr$ 340.488,00 exclusivamente
em instrução do povo.

Saúde
O setor Saúde, até então quase que inexistente, pois que
contava apenas com um médico, um prático microscopista e
dois guardas sanitários, passou a receber a assistência de doze
médicos, um farmacêutico, um laboratorista, um prático de la-
boratório, trinta e quatro guardas sanitários, cinco atendentes,
cinco auxiliares administrativos e cinco serventes.
Com esse corpo de auxiliares a assistência médica, sanitária
e educacional se fez sentir de modo concreto e altamente salutar.
Região formada por um magnífico planalto que se estende
entre as serras de Maracaju e Amambaí e gozando de um dos
melhores climas do país, Ponta Porã recebeu por parte do Go-
verno Territorial especial atenção no que diz respeito a estradas,
veias por onde correriam todos os valores humanos e econômi-
cos, num movimento contínuo de vida e progresso. Só por meio
de estradas ao longo da fronteira se tornaria possível a fiscali-
zação, a repressão ao contrabando, além de possibilitar-se assis-
tência em todos os sentidos aos nossos patrícios que vivem nos
mais longínquos recantos, sentinelas avançadas da Pátria e que
por isso mesmo deveriam merecer dos Poderes Públicos uma
atenção mais eficiente. O Território em matéria de estrada era a
única esperança para aquelas fronteiras, esperança essa que
durante os três anos de Território chegou a concretizar-se em
centenas de quilômetros.
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Terras devolutas foram distribuídas a agricultores, prestou-
se assistência técnico-sanitária aos rebanhos da região, e uma
granja modelo e uma fazenda modelo já estariam em pleno fun-
cionamento não fosse a extinção daquele Território.
Com o fim de se fixarem os colonos provindos principal-
mente de São Paulo, Mato Grosso – e havia até os que vinham do
extremo norte do Brasil – foram organizadas colônias agrícolas.
Obras de vulto foram iniciadas, merecendo especial des-
taque a usina elétrica, serraria, carpintaria e oficina mecânica
de Dourados, conjunto orçado em mais de cinco milhões de
cruzeiros. Um correio aéreo encurtava as distâncias, transpor-
tando doentes, feridos, salvando assim numerosos casos fadados
ao perecimento não fossem as medidas de caráter urgente; um
completo serviço de rádiodifusão poria um contato permanente
todas as regiões chaves do Território com o Governo do mesmo,
e este estaria também permanentemente em ligação com o
Governo Central. Um plano de urbanização para as principais
cidades estaria já a esta data em pleno desenvolvimento. For-
taleceu-se o Poder Judiciário, e se desenvolveu uma sadia polí-
tica internacional, possibilitando, destarte, um intercâmbio mais
fraterno entre as populações da fronteira Brasil-Paraguai.
E muito longe iríamos citando grandes empreendimentos
levados a efeito ou que se realizariam no Território, não nos es-
tivesse no pensamento a fatídica idéia de que houve para os
territorianos um dia inesquecível, de luto e de tristezas: 8 de se-
tembro de 1946!
Sim, meus senhores, no dia da extinção do Território
concretizou-se a idéia que jamais poderia ocorrer aos homens
que lutam naquele pedaço de Brasil bem como a todos os que
conhecem bem os altos problemas político-sociais das nossas
fronteiras.
Mas, meus senhores, aceitemos esse fato desolador: a ex-
tinção do Território e examinemos rapidamente as mais funestas
conseqüências.
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No setor Segurança Pública foram as mais desastrosas.


Do corpo de guardas ao tempo do Território, só nos restam 135
homens, hoje, como outrora sem fardas, com vencimentos dimi-
nuídos e atrasados de três meses. O índice de criminalidade so-
be dia a dia e conforme documentos que possuímos, resultante
principalmente da já extinta revolução no Paraguai, grupos de
bandoleiros – sendo que um deles é composto de vinte e seis
homens bem armados – voltaram a infestar aquela região.
Por medida de economia, a partir do próximo ano, a De-
legacia Regional de Polícia será extinta.
Quanto ao setor Educação, basta dizer que quase todas as
escolas fundadas pelo Território estão hoje fechadas, inclusive
o Curso Normal Regional e os Cursos Populares Noturnos.
Destino esquisito o desse Povo Brasileiro, que tendo se-
tenta por cento de analfabetos, permite que se fechem de um
dia para outro dezenas e dezenas de escolas!
No setor de Obras Públicas o desmoronamento está sendo
completo. As obras já iniciadas mas não terminadas pelo Ter-
ritório, salvo raras exceções para as quais o Governo Federal
ainda mantém as verbas, estão hoje ao relento, perdendo-se assim
milhares e milhares de cruzeiros.
O povo ponta-poranense necessita novamente do Ter-
ritório. Sabemos que o Governo de Mato Grosso não dá maior
assistência ao povo da fronteira porque não tem recursos para
isso e não porque não quer. Sabemos o quanto de boas im-
pressões estão possuídos os ilustres homens públicos de Mato
Grosso. E tanto isto é verdade, que já consideram a restauração
do Território Federal de Ponta Porã, medida de interesse na-
cional, capaz de integrar condignamente na vida do país uma
população de cerca de 120 mil almas.
Mato Grosso muito lucraria com o Território em pleno
funcionamento. As mais elementares noções de Economia Po-
lítica nos ensinam que um vizinho abastado pode proporcionar
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ao negociante um comércio mais desenvolvido, com maiores
lucros e maior continuidade. Ao passo que um filho doente,
analfabeto e pobre – e é esse o caso de Ponta Porã nos dias de
hoje – o máximo que pode fazer é de quando em quando pedir
ao pai, também pobre, uns trocadinhos para as necessidades
mais urgentes.
A restauração do Território de Ponta Porã é uma medida
de sadio patriotismo. Reconhecem-na plenamente os dirigentes
do País e há dentre as altas autoridades os que possuídos de um
amor muito profundo aos altos interesses da Pátria, desinte-
ressados, advogam essa causa vital para a nacionalidade.
Enquanto nos altos círculos do País movimentam-se os
homens de boa vontade para a volta do Território, que – temos
convicção – não tardará o povo territoriano, indomável, audaz
e corajoso, cantar em coro:
Unamos nossas forças num só bloco,
De nosso ideal um luminoso foco
Nos aponta certeiro a direção;
E nós havemos de marchar garbosos,
Tendo no peito corações radiosos
Buscando um sonho só: RESTAURAÇÃO.
Palestra proferida pelo Dr. Elpídio Reis,
vice-presidente da Associação Pró-Restauração do
Território Federal de Ponta Porã, na solenidade
comemorativa do 1° aniversário da mesma
entidade, realizada na A.B.I,
aos 24 de outubro de 1947.

Publicação da mesma Associação,


Rio de Janeiro, 1948.

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