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Potencial de Eletrodo:
Neste experimento, utiliza-se um eletrodo de referência não convencional, de laranja, para medir o potencial
de alguns metais na solução de seus íons, enfatizando a natureza arbitrária e relativa dos valores de potenciais
de eletrodo listados na série das tensões eletroquímicas.
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potencial de eletrodo, potencial de equilíbrio, eletrodo de referência, ensino de Química alternativo
O
principal objetivo deste Desta forma, quando o equilíbrio é atin- gases (8,314 J mol-1 K-1), T a temperatura
trabalho é demonstrar a gido, o metal, assim como a solução, termodinâmica, [Zn2+] a concentração
46 natureza relativa e arbitrária de íons Zn2+ em solução e Eº o potencial
estarão eletricamente carregados. Por-
do valor dos potenciais de eletrodo, tanto, existirá uma separação de cargas padrão (medido nas condições padrão;
utilizando para isso um eletrodo de na interface metal-solução e, como neste caso [Zn2+] = 1,0 mol/L, T = 298
referência não convencional: um cilindro conseqüência, tem-se uma diferença de K). Havendo interesse, a dedução da
de grafita (retirado de pilhas descar- potencial entre o metal e a solução, a versão geral e rigorosa dessa equação
regadas) inserido em uma laranja qual chamamos de potencial de eletrodo pode ser consultada em livros como os
(eletrodo de referência de laranja - ERL). do metal, ∆φ ou E (Compton e Sanders, de Denaro (1974), Moore (1976) e
Trata-se de um experimento simples e 1998; Gentil, 1996). Compton e Sanders (1998). Utilizando-
útil para se construir a série das tensões É importante lembrar que o conceito se logaritmo decimal e substituindo-se
eletroquímicas, utilizando metais facil- de potencial de eletrodo não se limita a os valores de R e F, a 298 K essa
mente encontrados em nosso cotidiano. metais. É possível preparar eletrodos equação é expressa como
Inicialmente, será necessária a in- nos quais há gases em equilíbrio com E = Eº + 0,059/2 log [Zn2+] (3)
trodução de alguns conceitos e de- íons em solução (Denaro, 1974).
finições úteis. A equação de Nernst indica que a
A equação de Nernst diferença de potencial depende da
A origem dos potenciais de eletrodo natureza do metal utilizado, da concen-
Walther Hermann Nernst (1864-
Quando uma lâmina ou fio metálico 1941), um químico alemão, foi o pri- tração de seus íons em solução e da
feito, por exemplo, de zinco é mergu- meiro a deduzir uma equação que per- temperatura.
lhado em uma solução de seus íons, mitiu calcular a diferença de potencial
estabelece-se um equilíbrio na inter- Medidas de potenciais de eletrodo: a
existente entre um metal e a solução necessidade de sistema de referência
face zinco metálico/solução de seus de seus íons, ou seja, o potencial de
íons, que constitui um sistema que eletrodo. Essa equação é conhecida Através de um experimento bastan-
denominamos de eletrodo (neste caso, te simples, como o ilustrado na Figura
atualmente como equação de Nernst
eletrodo de zinco): 1, pode-se observar que é impossível
e, para o caso do eletrodo de zinco,
realizar uma medida de potencial utili-
Zn2+(aq) + 2e– Zn(s) (1) tem a seguinte forma:
zando apenas uma interface eletrodo-
Este equilíbrio indica que as reações E = Eº + RT/2F ln [Zn2+] (2) solução1 (Figura 1a). Assim, surge a
direta {Zn2+(aq) + 2e– → Zn(s)} e in- necessidade da utilização de um
onde E é o potencial de eletrodo (a dife-
versa {Zn(s) → Zn2+(aq) + 2e–} aconte- segundo eletrodo para que a medida
rença entre o potencial do metal, φM, e o tenha sucesso (Figura 1b).
cem com a mesma velocidade e
da solução, φs), F a constante de Fa- É importante ressaltar também que,
envolvem a transferência de elétrons en-
raday (96485 C mol-1), R a constante dos de acordo com o arranjo mostrado na
tre o metal e os seus íons em solução.
Tabela 1: Valores de potenciais de eletrodo obtidos usando um eletrodo de referência de José Carlos Marconato (marconat@rc.unesp.br),
laranja (E*) e usando o eletrodo padrão de hidrogênio (E0) (Compton e Sanders, 1998). bacharel em Química e doutor em Ciências (Físico-
Química) pela Universidade Federal de São Carlos
Eletrodo E*/V (x ERL) E0/V (x EPH) (UFSCar), é docente do Instituto de Biociências da
Zn2+(aq) + 2e– Zn(s) -1,003 -0,763 Universidade Estadual Paulista em Rio Claro (IB/
UNESP). Edério Dino Bidóia (ederio@rc.unesp.br),
Pb2+(aq) + 2e– Pb(s) -0,414 -0,126 bacharel em Química e doutor em Ciências (Físico-
Cu2+(aq) + 2e– Cu(s) 0,062 0,340 Química) pela UFSCar, é docente do IB/UNESP.
Abstract: Electrode Potential: an Arbitrary and Relative Measurement – In this experiment, a non-conventional reference electrode, an orange, was used to measure the electrode potential of some metals
immersed in a solution of their ions, emphasizing the arbitrary and relative nature of the electrode potential values listed in the electrochemical series.
Keywords: electrode potential, equilibrium potential, reference electrode, alternative chemistry teaching
Resenha
Uma nova obra para o ensino de adotada na elaboração da obra permi- aspectos teóricos que, ao aprofundar a
Ciências da Natureza tirão ao professor do Ensino Fundamen- discussão das questões contemporâ-
tal e ao seu docente formador, no Ensino neas relativas à Educação em Ciências,
Em um contexto de Superior, usar este livro como instrumen- fundamentam uma proposta de ensino.
mudanças na edu- to pedagógico, de forma crítica e criativa. No segundo capítulo de cada uma das
cação brasileira, O livro aborda, de forma prazerosa e partes, que tem o sugestivo título Instru-
principalmente pe- culta, temas e fenômenos do nosso coti- mentação para o ensino, são apresen- 49
las novas propos- diano, de que geralmente a Física, a Quí- tadas atividades, articuladas ao texto,
tas curriculares e mica, a Biologia e a Geologia se ocu- solicitando o trabalho de professores e
pelas diretrizes pa- pam e procuram explicar. Estes são tra- alunos, que podem ser desenvolvidas
ra a formação de tados de forma didática, interligando-se em sala de aula e são orientadas por
professores da a outras questões do saber, da tecno- atividades de pesquisa. Essas são desti-
educação básica, o logia e das outras atividades humanas, nadas a subsidiar as práticas docente e
livro Ensino de Ciências: fundamentos e determinadas sócio-historicamente. Tal discente na apropriação e implementa-
métodos, elaborado pelos professores abordagem interdisciplinar visa auxiliar ção das proposições lançadas pelos
Demétrio Delizoicov, José André Angotti a formação dos estudantes de forma autores e são organizadas em três itens:
e Marta Pernambuco, recentemente lan- que a Ciência sirva como um conteúdo Aprofundamentos para estudos, Desa-
çado pela Editora Cortez, e que integra cultural relevante para viver, compreen- fios e Exemplares – situações típicas que
a coleção Docência em Formação, der e atuar no mundo contemporâneo. materializam as considerações efetua-
constitui uma obra singular e inédita. Os A estrutura do livro permite ao leitor, das e com as quais docentes e licen-
autores são licenciados em Física e dou- ao se defrontar com a proposta de te- ciandos podem ter padrões para criar e
tores em Educação. Dedicam-se há mas científicos significativos, ir discutin- propor outras atividades de ensino e
muitos anos a pesquisar o ensino de do com os autores os diferentes aspec- aprendizagem. Além disso, os capítulos
Ciências e a formação de professores. tos conceituais e implicações práticas e suas partes fazem amplo uso de vín-
O livro reúne e integra diversos e em situações de ensino-aprendizagem. culos (impressos e digitais).
importantes aspectos dos conhecimen- Organizado em seis partes, busca em Enfim, a obra constitui-se num ver-
tos específicos da área de ensino de cada uma delas construir, explicitar e dadeiro programa de ensino, fundamen-
Ciências Naturais com o fazer peda- destacar as várias dimensões envolvi- tado conceitualmente e ligado ao con-
gógico e didático, em sintonia com resul- das na produção do conhecimento texto social e tecnológico contempo-
tados de pesquisas da área de Educa- científico e da tecnologia e uma concep- râneo. Sua qualidade inegável contribui-
ção em Ciências. Destina-se, portanto, ção para o ensino de Ciências, através rá para que as mudanças na Educação,
aos cursos de formação de professores, do uso e da interpretação de situações particularmente no ensino de Ciências,
aos alunos e futuros professores de significativas para os alunos. Cada parte possam efetivamente se concretizar.
Ciências e àqueles das áreas de Quí- é dividida em dois capítulos: o primeiro (Carlos Alberto Marques - UFSC)
mica, Física e Biologia que atuarão no busca, através de um texto, dissertar e
Ensino Médio. argumentar sobre pontos fundamentais Ensino de Ciências: fundamentos e
Os autores procuram tratar os fun- de eixos estruturantes da formação e métodos. Demétrio Delizoicov, José
damentos e métodos do ensino de Ciên- atuação docente, problematizando-os. André Angotti e Marta Maria Pernam-
cias, principalmente no contexto escolar. A ênfase deste primeiro capítulo de cada buco. São Paulo: Editora Cortez, 2003.
Os temas discutidos e a metodologia uma das partes é a apresentação de 366 p. ISBN 8524908580.