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Pressão Nulo
L.Eça
Março 2008
1. Introdução
Espessura da
Camada U=0.995Ue
Ue Limite
Região de
transição
Turbulento
Bordo de
ataque Reynolds crítico,
Recr Perfil de
Reynolds transição,
Retr Velocidade
U=f(y)
x
1
Para x=xcr, aparece a primeira frequência de pertubação para a qual o perfil de
camada limite laminar se torna instável (as pertubações tendem a ser ampliadas). A gama
de frequências instáveis alarga-se com o aumento do número de Reynolds e para x≥xtr o
escoamento passa a exibir as características de um escoamento turbulento. Ou seja, o
escoamento torna-se não permanente (não estacionário) com variações instantâneas das
componentes de velocidade numa gama bastante grande de frequências. No entanto, no
caso do escoamento sobre uma placa plana, estas flutuações de velocidade ocorrem em
torno de um valor médio que não varia com o tempo. Temos assim um escoamento
estatisticamente permanente (estacionário). A região entre xcr e xtr é designada por
transição de camada limite de regime laminar a turbulento, ou simplesmente região de
transição.
Nas secção seguinte apresenta-se uma forma de calcular os parâmetros integrais de
camada limite, δ*, θ e H ao longo da camada limite. Inclui-se também a espessura da
camada limite, δ, e o coeficiente de tensão de corte superficial, Cf. A determinação do
coeficiente de resistência para uma placa de comprimento L é apresentada na secção 3. A
representação gráfica das soluções é apresentada na secção 4.
0.5
δ* ν
= 1,72 Re − 0 ,5
x δ = 1,72 x 0,5
*
x Ue
0, 5
θ ν
= 0,664 Re − 0,5
x θ = 0,664 x 0,5 (2)
x Ue
δ*
H= = 2,59
θ
O coeficiente de tensão de corte superficial, Cf, pode ser obtido directamente do perfil
adimensional de velocidade ou simplesmente da equação integral de von Kármán para
gradiente de pressão nulo:
dθ C f τ
= = w2 (3)
dx 2 ρU e
2
Na solução analítica de Blasius, a velocidade U tende assimptoticamente para Ue. A
definição de δ nestas condições não é unívoca. Admitindo que δ corresponde à distância
à placa para a qual U=0.995Ue, obtém-se:
0, 5
δ ν
= 5 Re −0 ,5
x δ = 5 x 0, 5 (5)
x Ue
(δ )x = x tr
> (δ )x = xcr
xtr τw
(θ )x = x > (θ ) x = xcr (θ )x = x = (θ ) x = xcr + ∫ dx
tr tr xcr ρU e2 (6)
(H )x = x tr
< (H ) x = xcr
(C ) f x = xtr
> (C f )x = xcr
θ o = (θ )x = x tr
= (θ )x = xcr
δ o = (δ )x = x tr
> (δ )x = xcr
H o = (H )x = xtr < (H )x = xcr (7)
δ o* = (δ * )x = x < (δ * )x = xtr cr
(C ) f x= x
tr
> (C f )x = x
cr
3
Uma escolha habitual em escoamento turbulento é a utilização de um perfil tipo
potência:
y 1n
U ⇐ y ≤ δ
= δ (8)
U e
1 ⇐y >δ
δ* 1 θ n 2
= , = , H =1+ (9)
δ n +1 δ (n + 1)(n + 2) n
O valor típico de n para uma camada limite em gradiente de pressão nulo é n=7, pelo
que se tem:
δ* 1 θ 7 9
= , = , H= = 1,286 (10)
δ 8 δ 72 7
O perfil tipo potência descrito pela equação (8) não é suficiente para resolver a
equação integral de von Kármán. O coeficiente de tensão de corte superficial, Cf, não se
pode calcular a partir deste tipo de perfil, porque a derivada ∂U ∂y é infinita na parede
(y=0). Desta forma, é necessário utilizar uma correlação empírica que relacione Cf com
um (ou mais) dos restantes parâmetros da camada limite.
Uma hipótese para a obtenção desta correlação é a utilização das relações disponíveis
para o factor de atrito, f, no escoamento completamente desenvolvido em
tubos (U med ≅ 0,81U max ) . Fazendo a analogia:
D
δ≅ , U e ≅ U max (11)
2
−1 4
U D
f = 0,3164 med (12)
ν
−1 4
Cf τ U δ
= w 2 = 0,0227 e (13)
2 ρU e ν
4
Note-se que se podem obter as equações (8) (com n=7) e (13) a partir do perfil de
velocidade
17
U u y
= 8,7 τ (14)
uτ ν
τw Cf
uτ = = Ue (15)
ρ 2
U uτ uτ δ y
17 17
Como para y=δ temos U≈Ue, conclui-se a partir da equação (16) que
17
u uτ δ
8,7 τ =1 (17)
Ue ν
17
U y
= (18)
Ue δ
Para obter a equação (13) a partir da (17), basta substituir uτ por Cf.
As equações apresentadas acima para o perfil de velocidade (8) e coeficiente de
tensão de corte superficial, Cf (13), correspondem às utilizadas nas referências [1] e [2].
Na referência [3] o perfil de velocidade adoptado é idêntico ao apresentado em cima
(equação (8)), mas a correlação que determina Cf é dada por
−1 6
U δ
C f = 0,02 e (19)
ν
5
14
dδ 72 ν
δ 14
= 0,0227 (20)
dx 7 Ue
14 14
dθ 7 ν
θ 14
= 0,0227 (21)
dx 72 Ue
54 14
dδ * 72 1 ν
(δ ) * 14
= 0,0227
dx 7 8
(22)
Ue
A alternativa mais simples para obter as evoluções dos parâmetros de camada limite
em regime turbulento é admitir que a camada limite é turbulenta desde o bordo de ataque
da placa (x=0). Nessas condições temos
14
δ x 72 ν
∫ dδ = ∫ 0,0227 dx
14
δ (23)
0 0
7 Ue
14 14
θ 7 x ν
∫0 ∫0 72 dx
14
θ d θ = 0, 0227 (24)
Ue
54 14
δ* 72 1 ν
∫ (δ )
* 14
x
dδ = ∫ 0,0227
*
dx (25)
0 0
7 8 Ue
0, 2
δ ν
= 0,373 Re −0, 2
x δ = 0,373 x 0 ,8
x Ue
0, 2
θ ν
= 0,0363 Re −0 , 2
x θ = 0,0363 x 0,8
x Ue (26)
0, 2
δ* ν
= 0,0466 Re −x 0, 2 δ * = 0,0466 x 0 ,8
x Ue
dθ
Cf = 2 = 0,0581 Re −x 0, 2
dx
6
2.3.2 Equações incluindo o efeito da transição
As equações (23), (24) e (25) podem também ser integradas tendo em conta que a
camada limite é laminar para x<xtr. Nesse caso obtemos:
14
δ 72
x ν
∫δ oδ dδ = ∫xtr 7 0,0227 U e dx
14
(27)
14 14
θ 7
x ν
∫θ oθ dθ = ∫xtr 72 0,0227 U e dx
14
(28)
54 14
δ* 72 1 ν
∫δ (δ )
* 14
x
dδ = ∫ 0,0227 dx
*
(29)
7 8
*
o x tr
Ue
0, 5
ν
θo = 0,664 Re − 0 ,5
tr xtr = 0,664 xtr0,5
Ue
0, 5
72 72 72 ν
δ o = θ o = 0,664 Retr− 0,5 xtr = 0,664 xtr0,5 (30)
7 7 7 Ue
0, 5
9 9 9 ν
δ = θ o = 0,664 Retr− 0,5 xtr
*
o = 0,664 xtr0,5
7 7 7 Ue
U e
45
ν
14
θ = θ o + 0,0158( x − xtr )
54
U e
(31)
14 45
ν
δ * = (δ o* ) + 0,0217(x − xtr )
54
U e
−1 5
ν
14
ν
14
Ue U e
7
45
δ −5 8
U e x xtr
58
xtr U e x
−1 4
= 11,04 + 0,2921 −
x ν x x ν
45
θ −5 8
U e x xtr
58
xtr U e x
−1 4
= 0,599 + 0,01581 −
x ν x x ν
(32)
−1 4 4 5
δ
*
U x
−5 8
xtr
58
x U x
= 0,821 e + 0,02171 − tr e
x ν x x ν
−1 5
θ U 5 4 x U x
C f = 0,0253 o e + 0,01581 − tr e
ν x ν
É fácil verificar que as equações (31) e (32) são idênticas às equações (26) quando
xtr x → 0. As equações (31) e (32) podem ser escritas numa forma semelhante às
equações (26) corrigindo a coordenada x. Uma vez que se “conhecem” os valores de δo,
δ o* e θo, podemos determinar a coordenada xv a que começaria uma camada limite
turbulenta que repeita as condições iniciais assumidas para a região turbulenta
(denominada habitualmente por origem virtual da camada limite turbulenta).
(
xv = xtr 1 − 37,83 Re tr−3 8 ) (33)
−0.2 0,2
δ x xv ν
= 0,373 Re x 1 − v 1 − δ = 0,373 (x − xv )0,8
x x x Ue
− 0.2 0,2
θ x xv ν
= 0,0363 Re x 1 − v 1 − θ = 0,0363 (x − xv )0,8
x x x Ue
− 0.2 0, 2
(34)
δ* x xv ν
= 0,0466 Re x 1 − v 1 − δ * = 0,0466 (x − xv )0,8
x x x Ue
− 0.2
x
C f = 0,0581 Re x 1 − v
x
Um dos resultados mais importantes de um cálculo de uma camada limite sobre uma
placa plana é a determinação do coeficiente de resistência da placa, CD. Para uma placa
de comprimento L, o coeficiente de resistência é definido por:
8
L
∫τ w dx 1 L
L ∫0
0
CD = = C f dx (35)
1 2 ρU ∞2 L
−0 , 5
1 L U x
C D = ∫ 0,664 e dx = 1,328 Re −L0,5 (36)
L 0 ν
−0 , 2
1 L Uex
L ∫0
CD = 0,0581 dx = 0,073 Re −L0, 2 (37)
ν
1 xtr
∫xtr C f dx
L
L ∫0
CD = C f dx + (38)
45
− 0 , 5 xtr
1, 25
−1 4 x
CD = 1,328 Retr + 0,0377 Re L 1 − tr (39)
L L
−0 , 2
xtr x xv
CD = 1,328 Re − 0, 5
tr + 0,073 Re L 1 − v 1 −
L xtr L
− 0,2
(40)
x xo − xv
− 0,073 Retr 1 − v
xtr L
9
3.3.2.1 Equação baseada na solução válida desde o bordo de ataque
1 xtr
C f dx + ∫ C f dx − ∫ C f dx
L x tr
CD = ∫
L 0 0 0
(41)
x
(
CD = 0,073 Re −L0, 2 + tr 1,328 Retr− 0,5 − 0,073 Retr− 0, 2 ) (42)
L
Esta aproximação tem uma forma bastante mais simples que as equações (39) ou (40).
No entanto, o nível da tensão de corte admitido para o início da região turbulenta é menor
para esta opção do que para a da secção anterior. Formalmente (do ponto de vista do
modelo matemático adoptado), a equação correcta é a (39) (ou (40)). Contudo, como
ilustraremos na secção seguinte, do ponto de vista físico a aproximação definida pela
equação (42) pode ser mais realista na vizinhança do “ponto” de transição.
δ x
= 5 Re −x 0,5
L L
δ* x
= 1,72 Re −x 0,5
L L para x < xo ∧ Re x < Re tr (43)
θ x
= 0,664 Re −x 0,5
L L
−0 ,5
C f = 0,664 Re x
10
4.1.2 Escoamento Turbulento
4.1.2.1 Escoamento turbulento desde o bordo de ataque
δ x
= 0,373 Re −x 0, 2
L L
*
δ x
= 0,0466 Re −x 0, 2
L L para x > 0 (44)
θ x
= 0,0363 Re −x 0, 2
L L
C f = 0,0581 Re −x 0, 2
45
δ x
54
x − xo −1 4
= 6,83 Re tr−0,5 o + 0,292 Re L
L
L L
45
δ* x
54
x − xo −1 4
= 0,854 Re tr−0,5 o + 0,0217 Re L x ≥ xo
L
L L para (45)
Re x ≥ Re tr
45
θ x
54
x − xo −1 4
= 0,664 Re tr−0,5 o + 0,0158 Re L
L
L L
[
C f = 0,0253 0,6 Re 5tr 8 + 0,0158(Re x − Re tr ) ]
−1 5
11
4.3.1 Espessura da camada limite
1.5
8
1.25 7
(δ/L)×10 3
(δ/L)×10 3
6
1
5
0.75 4
3
0.5
2
0.25
1
0 0
0 2.5E+06 5E+06 7.5E+06 1E+07 0 2.5E+07 5E+07 7.5E+07 1E+08
Rex Rex
1.2
1.1
0.15
1
0.9
(δ*/L)×10 3
(δ*/L)×10 3
0.8
0.1 0.7
0.6
0.5
0.4
0.05
0.3
0.2
0.1
0 0
0 2.5E+06 5E+06 7.5E+06 1E+07 0 2.5E+07 5E+07 7.5E+07 1E+08
Rex Rex
12
4.3.3 Espessura de quantidade de movimento
A figura 4 apresenta θ/L em função do número de Reynolds, Rex. Neste caso existe
continuidade no “ponto” de transição. Como θ está relacionado com a força de resistência
na parede, existe uma diferença sistemática entre as duas aproximações, porque o nível
da tensão de corte na região laminar é diferente para as duas curvas de θ representadas.
No entanto, atendendo à precisão deste tipo de soluções esta diferença torna-se também
desprezável com o aumento do número de Reynolds.
0.16 1
Equações (43) e (45) (Laminar+Integração a partir de xo) Equações (43) e (45) (Laminar+Integração a partir de xo)
Equação (44) (Turbulento desde x=0) Equação (44) (Turbulento desde x=0)
0.9
0.8
0.12
0.7
0.6
(θ/L)×103
(θ/L)×103
0.08 0.5
0.4
0.3
0.04
0.2
0.1
0 0
0 2.5E+06 5E+06 7.5E+06 1E+07 0 2.5E+07 5E+07 7.5E+07 1E+08
Rex Rex
8 5
6 4
C f×10 3
C f×10 3
4 3
2 2
0 1
0 2.5E+06 5E+06 7.5E+06 1E+07 0 2.5E+07 5E+07 7.5E+07 1E+08
Rex Rex
13
No modelo adoptado, o aumento de Cf no “ponto” de transição para Retr=5×105 é de
mais de 500% (o mesmo tipo de aumento é obtido para Retr=106). Este aumento é
consequência da correlação adoptada para Cf estar a ser utilizada para o início da região
turbulenta, o que neste caso, se torna uma aproximação um pouco grosseira. O nível de
Cf obtido para uma camada limite turbulenta desde o bordo de ataque é inferior e mais
representativo dos valores experimentais no final da região de transição.
5
8
7
4
6
C D×10 3
C D×10 3
5
3
4
3
2
1 1
0 2.5E+06 5E+06 7.5E+06 1E+07 0 2.5E+07 5E+07 7.5E+07 1E+08
ReL ReL
Como se pode observar, as diferenças entre as três correlações tendem para zero com
o aumento do número de Reynolds. No entanto, para valores de ReL próximos de Retr é
importante ter em consideração que a camada limite no início da placa se desenvolve em
regime laminar. Logicamente, a equação (42) conduz a um aumento mais suave de CD
junto ao Retr do que a equação (39) (ou (40)), que está mais de acordo com os resultados
experimentais.
Referências
[2] “Fluid Flow” – R.H. Sabersky, A.J. Acosta, E.G. Hauptmann, E.M. Gates,
Prentice Hall, Fourth Edition, 1999.
[3] “Fluid Mechanics”– F.M. White, Third Edition, McGraw Hill, 1999.
14
Nomenclatura
τw
Cf – Coeficiente de tensão de corte superficial, C f = .
1 2 ρU e2
L
CD – Coeficiente de resistência, C D = ∫τ
0
w dx
.
1 2 ρU ∞2 L
D – Diâmetro do tubo.
f – Factor de atrito do escoamento em tubos, f = 4τ w (1 2 ρU med
2
).
h – Distância à parede superior a δ.
* *
H – Factor de forma. H = δ = δ δ .
θ θ δ
Ho – Factor de forma no início da região turbulenta.
L – Comprimento da placa.
p – Pressão relativa à pressão hidrostática.
Recr – Reynolds crítico, início da transição. Recr=Uexcr/ν.
Retr – Reynolds transição, início da região tubulenta final transição. Retr=Uextr/ν.
ReL – Reynolds baseado no comprimento da placa. ReL=UeL/ν.
Rex – Reynolds baseado na distância ao bordo de ataque. Rex=Uex/ν.
U – Componente de velocidade na direcção horizontal (em média de Reynolds para
escoamento tubulento).
Ue– Componente de velocidade na direcção horizontal no escoamento exterior à camada
limite.
Umed – Velocidade média no escoamento completamente desenvolvido em tubos.
Umax – Velocidade máxima no escoamento completamente desenvolvido em tubos.
x – Coordenada Cartesiana horizontal. Origem no bordo de ataque da placa.
xcr – x crítico. Coordenada x no início da transição.
xtr – x transição. Coordenada x no início da região turbulenta (final da transição).
xv – Coordenada x da “origem virtual” da camada limite turbulenta.
y – Coordenada Cartesiana vertical. Origem na placa.
δ – Espessura da camada limite, U=0.995Ue.
δo – Espessura da camada limite no início da região turbulenta.
δ∗ – Espessura de deslocamento, δ * = ∫ 1 − U dy .
h
0 U
e
∗
δ o – Espessura de deslocamento no início da região turbulenta.
µ – Viscosidade dinâmica.
ν – Viscosidade cinemática.
2
θ – Espessura de quantidade de movimento, θ = ∫h U − U dy .
e U e
0 U
15