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Todo o conjunto dos ensinamentos do Buda gira ao redor desse tópico. Depois
de quarenta e cinco anos de serviço para a humanidade, o Buda disse “Bhikkhus,
todos estes anos eu apenas lhes ensinei quatro palavras.” Em outra ocasião ele disse:
“Bhikkhus, eu lhes ensinei tudo sem manter nada em segredo.” Ele tomou algumas
folhas da floresta e perguntou o que era maior, a quantidade de folhas na sua mão ou
a quantidade das folhas na floresta. Os bhikkhus responderam que as folhas na mão
dele comparadas com as folhas na floresta eram insignificantes. A floresta possuía
mais folhas do que aquelas na mão dele.
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Qualquer coisa que você leia em nome do Budismo, que não se encaixe dentro
dessas quatro palavras que são o núcleo do ensinamento, pode colocar de lado sem
nenhum problema. A palavra dukkha tem sido interpretada como insatisfatório porque
a palavra sofrimento é muito desagradável. Ao ouvir a palavra você sofre. Você não
quer nem ouvir a palavra, quanto mais entendê-la.
A essas quatro palavras foram adicionadas outras quatro palavras (em Pali),
para indicar a sua função. Isto é, o entendimento perfeito, o abandono completo, a
realização perfeita e a prática perfeita. Você poderá começar por qualquer uma delas.
O entendimento perfeito é compreender o nosso predicamento, nosso problema,
nossa insatisfação. As pessoas não compreendem isso. Elas tentam fazer de conta
que isso não existe, tentam varrê-lo para debaixo do tapete. Elas dizem que isso não é
verdade – a vida é agradável, bela, prazerosa, satisfatória. Não existe o sofrimento.
Assim é como as pessoas enganam a si mesmas, escondem a verdade, fazem de
conta que não sofrem. É por isso que elas continuam permanecendo no samsara. O
Buda descreveu o sofrimento em poucas palavras e elas abrangem tudo aquilo que diz
respeito ao sofrimento.
Quando, antes de deixar a sua casa, o Buda viu as três marcas do sofrimento,
ele compreendeu a sua profundidade. As três marcas que ele viu foram a velhice, a
enfermidade e a morte. Essa não é uma experiência que impressione muita gente
porque ela pode ser ignorada. Velhice acontece para algumas pessoas, não para nós.
Nós nunca envelheceremos. Enfermidade, algumas pessoas se enfermam, nós não
nos enfermaremos. Algumas morrem, nós não morreremos. As pessoas podem
simular dessa forma. Siddhartha viu essas coisas desde a sua infância. É retratado
nos livros que ao ver o homem idoso ele começou a tremer, refletindo sobre o que era
aquilo, como se ele fosse uma pessoa muito estúpida que não soubesse nada. Ele na
verdade era um gênio. Ele não precisava ver aquele homem velho para compreender
a verdade da vida. Ele sabia que a vida é impermanente. Desde a infância ele sabia
da diferença entre ele e o seu pai. O seu pai era alto, velho e ele era jovem e pequeno.
Ele deve ter visto muitas folhas nas árvores – algumas eram velhas, outras novas. Ele
deve ter visto tudo isso e uma pequena coisa teria sido suficiente para despertar a
sabedoria, o conhecimento que ele havia cultivado no samsara. Essa não era a
primeira vez que ele compreendia o problema do sofrimento. Quando ele viu o homem
enfermo essa não foi a única vez que ele compreendeu que as pessoas adoecem.
Desde a sua infância ele havia compreendido isso. Embora ele estivesse afastado de
tudo isso ele compreendia tudo isso. Isso não era um segredo para ele. Quando ele
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viu essas três marcas no seu caminho para a cidade, esse foi um momento decisivo
para a sua decisão de encontrar uma solução para o sofrimento.
Se você pensar nisso, dirá que não quer voltar a nascer. Esta vida é o
bastante. A isto se denomina não obter aquilo que se deseja. Não obter aquilo que se
deseja é sofrimento. Obter aquilo que se deseja também é sofrimento. Essas são as
duas tragédias na nossa vida, ambas são sofrimento. O Buda explicou o que significa
não obter o que se deseja. Você não consegue um emprego, não vive em uma boa
vizinhança, não tem uma boa casa, bom carro, você quer obter essas coisas, mas não
as tem, por isso você sofre. Essa é uma análise superficial. Até mesmo uma criança
poderá compreendê-la.
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Esse é o sofrimento de não obter aquilo que se deseja e obter aquilo que não se
deseja. Você não quer renascer, mas renascerá.
Você poderá se perguntar por que devo obter aquilo que não quero? Não é
justo. Eu sempre acabo obtendo aquilo que não quero. Você criou isso. Você preparou
a si mesmo. O próximo passo é que ao nascer estamos crescendo. Começamos com
uma célula e terminamos com três trilhões de células. Pensamos que isso é o
suficiente. Não queremos crescer mais. Mas isso é parte do trato. Você fez um acordo.
Você está crescendo. Pergunte a uma criança a idade que ela tem. Ela pode ter quase
cinco anos e ela dirá que tem cinco anos. Ela quer se tornar um adulto e possui essa
ansiedade de crescer. Essa ansiedade não cessa quando a criança cresce e se torna
um adulto. Uma vez que ele alcança uma certa idade, ele quer parar esse
crescimento. Mas ele não consegue. Ele iniciou esse processo e este segue sem
interrupção. O crescimento em si não é doloroso. O que acontece na mente quando
pensamos sobre o crescimento é que causa a dor. Não é a aparência do
envelhecimento que é dolorosa ou o processo de crescimento em si que é doloroso.
Quando pensamos a seu respeito é que surge a dor. Porquê? Porque o crescimento
nos leva a algum lugar. Nos leva numa direção e começamos a antecipar aquilo que
irá ocorrer. Essa é outra coisa que não queremos. Ficamos chocados – as pessoas
morrem. Eu morrerei. Esse pensamento é tão chocante. Se existe qualquer coisa que
possamos fazer para impedir isso, nós a faremos. As pessoas gastam fortunas para
impedir a morte, o crescimento. Não somente a cirurgia plástica, mas muitas outras
coisas também.
Isso é verdade? Como você pode dizer que o sofrimento existe na Índia, na
África, no Sri Lanka, mas não em Melbourne na Austrália ou em Nova Iorque nos
EUA? O sofrimento existe em todo lugar. É muito assustador quando você pensa a
respeito disso – e é por essa razão que algumas pessoas dizem que o Budismo é
pessimista. O Budismo diz a verdade. Mas o Buda não parou por aí. Ele disse que
precisamos compreender, aceitar e entender isso como adultos. Quando os animais
enfrentam esse tipo de situação, eles ficam muito ansiosos e sentem um grande
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sofrimento. Eles não compreendem nada. Nós não queremos ser assim. Queremos
ser seres humanos inteligentes, adultos, maduros e responsáveis. Não queremos fujir
desse fato. Queremos enfrentar isso, mas e daí?
Por outro lado, como conseqüência do desejo surgem quatro tipos de apego.
Os prazeres sensuais criam o desejo de renascer aqui ou ali. Por um lado quando
pensamos nos problemas desta vida, não queremos renascer. Mas por outro lado
quando pensamos nos prazeres que desfrutamos na vida queremos repeti-los,
renascer repetidamente. Você quer renascer com uma certa pessoa na próxima vida.
Quantas vezes você formulou esse juramento? É por isso que o Buda disse que uma
vez que você experimente algo, irá querer repeti-lo. Essa é a natureza do desejo. Mas
esse não é o sofrimento que o desejo causa. O sofrimento causado pelo desejo é
perder aquilo que você tem. O prazer que você desfruta não lhe é fiel. Esse prazer irá
lhe dar as costas, irá abandoná-lo, pois ele é impermanente. Você quer agarrar esse
prazer impermanente, mas ele desaparece. Aquela pessoa com quem você quer ficar
para sempre lhe trai e poderá se tornar sua inimiga. Quando você não quer algo, não
consegue evitá-lo. Depois de algum tempo você volta a querer e então tudo recomeça.
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Portanto, não existe felicidade permanente em qualquer coisa que desfrutemos. O
desejo nos engana e isso é um convite a que repitamos as situações prazerosas.
Assim é o desejo pela sensualidade.
Em segundo lugar, nós temos certas opiniões, idéias. Elas nos conduzem à dor
a ao sofrimento. Temos um desejo por renascimentos repetidos. Onde quer que
nasçamos iremos enfrentar os mesmos problemas, a impermanência e
conseqüentemente o sofrimento.
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crença no eu e no mundo. Essas teorias nos confundem e a isso se denomina moha.
Avijja é uma coisa, moha é outra. Moha é o resultado de avijja. Avijja é não
compreender as Quatro Nobres Verdades.
Ação correta é viver e deixar viver, não matar. Permitir que os outros desfrutem
daquilo que possuem, abster-se de roubar. Permitir que os outros preservem a sua
honra, dignidade, respeito sem feri-los sexualmente ou observando o princípio de
dignidade interiormente. As atividades sexuais dentro dos limites aceitáveis pela lei e
pela sociedade são aceitas. O celibato não é mencionado no Nobre Caminho Óctuplo.
Porque? Porque esse caminho pode ser praticado por qualquer pessoa. Pessoas
leigas podem praticar esse caminho.
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Realizar os seus lucros com decência. Em algumas sociedades os comerciantes
aplicam uma margem de lucro de 50% ou 75% aos produtos. Se alguém aplicar uma
margem de 200% estará agindo de forma desonesta.
Isto conclui a palestra sobre as Quatro Nobres Verdades. Isto é apenas a ponta
do Iceberg. É apenas uma visão geral. Para compreendê-lo você deve gastar pelo
menos quarenta e cinco anos como fez o Buda ou você terá que praticar meditação
por quinhentos anos, ou, se nesta vida você praticar a meditação com honestidade e
sinceridade, de acordo com o Satipatthana Sutta, existe a garantia de alcançar a
iluminação em sete anos. O Buda disse que se você for dedicado, honesto e
consistente e praticar apenas isso, nada mais, poderá alcançar a iluminação em sete
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dias. Você não precisa viver muitas vidas para alcançar a iluminação. Nesta mesma
vida você poderá alcançá-la.