Litisconsórcio ocorre quando duas pessoas podem litigar, no mesmo processo,
ativa ou passivamente, ou seja, se constitui quando há a violação de um direito em que haja mais de um interessado em pleitear (autores) a tutela jurisdicional ou em resistir (réus) a tal pedido. Desse modo, é imprescindível a pluralidade das partes no litisconsórcio, tanto no lado ativo quanto no lado passivo. Quanto ao momento de instauração do litisconsórcio, pode ele surgir na propositura da demanda ou, posteriormente, quando o processo já está instaurado. As espécies de litisconsórcio são: · Facultativo · Necessário · Simples · Unitário
Litisconsórcio facultativo é aquele que se estabelece de acordo com a
vontade do autor da ação. Pode ele, ao instaurar a demanda, ser companhado de outros autores ou contra vários réus. Este tipo de litisconsórcio é comum na ação de cobrança de dívidas solidárias, em que o autor propõe a demanda contra vários devedores. Conforme o CC/02, as partes podem litigar quando (art. 46): I. Entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide. “Ex.: credores ou devedores solidários ou coproprietários na defesa do bem comum”. [1] II. Os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito. “Ex.: acidente de transito causado por empregado de uma empresa. A vítima tem a faculdade de ajuizar a ação contra o motorista e/ou contra o proprietário do veiculo”. [2] III. Entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir. “É facultado ao autor formar o litisconsórcio toda vez que as demandas contra cada co-réu, se ajuizadas distintamente, sejam objeto de reunião para julgamento em conjunto, a fim de evitar decisões conflitantes”. [3] IV. Ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito. “É possível o litisconsórcio mesmo que apenas um dos pontos integrantes da causa de pedir seja afim com aquela objeto de uma futura demanda”. [4] De acordo com o § ú, do art. 46, do CC, acrescido pela Lei nº 8.952/94, o juiz poderá, de ofício ou a pedido do réu, limitar o número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.
Litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela
natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependera da citação de todos os litisconsortes no processo (art. 47). Exemplo de litisconsórcio necessário por disposição da lei está previsto no art. 10 do CPC, referente aos cônjuges. Concernente à natureza da relação jurídica tem-se, como exemplo, “a ação visando a desconstituição de um contrato firmado por várias partes, nos quais a participação de todos os envolvidos na relação jurídica processual é requisito de sua existência.” [5] O juiz, ao perceber que o processo deverá ser de litisconsórcio ativo ou passivo necessário, ordenará ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo (§ ú, art. 47). “Ao citado abrem-se três caminhos: a) comparecer a juízo e assumir o pólo ativo da relação, na qualidade de co-autor, formando-se o litisconsórcio necessário ativo; b) permanecer em silencio, gerando a presunção de aceitação quanto à propositura da demanda, assumindo ele a qualidade de co-autor; c) recusar a qualidade de co-autor, por discordar da propositura da ação, assumindo a qualidade de co-réu e resistindo à pretensão anulatória deduzida pelo autor”. [6]
Litisconsórcio simples é aquele em que as partes do processo são
autônomas em relação à decisão do juiz, isto é, o juiz tem a prerrogativa de julgar distintamente cada um dos litisconsortes. Está presente no litisconsórcio facultativo, com exceções.
Litisconsórcio unitário é aquele em que as partes do processo terão a
mesma decisão pelo juiz, isto é, o juiz deverá julgar igualmente todos os litisconsortes. Está presente no litisconsorte necessário, com exceções.