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Variação sim, preconceito NÃO!

Nos últimos anos, pesquisadores da área da linguagem, principalmente os lingüistas,


desenvolveram trabalhos científicos com o objetivo de identificar, descrever e analisar
fenômenos de variações lingüísticas que ocorrem em diversas regiões brasileiras, e com isso
conhecer a diversidade lingüística que existe. Tais trabalhos demonstram que a Língua
Portuguesa usada no Brasil não é uniforme, mas constituída de muitas variedades, que
apresentam marcas distintas em todo país e é preciso encarar a variação como fato real presente
no dia-a-dia das pessoas. Então, não podemos afirmar que a mesma língua é mais bem falada
em um lugar do que em outro. Toda forma de expressão é válida e compreendida, claro, que
dentro de um contexto, por isso, constantemente, nossa Língua Portuguesa está se modificando.

O conjunto de variações lingüísticas, além de enriquecer o vocabulário, é uma


importante contribuição para a manifestação da cultura do país, uma vez que “a língua é um
conjunto heterogêneo, múltiplo e mutável de variedades, com marcas de classes e posições
sociais, de gêneros e etnias, de ideologias, éticas e estéticas determinadas.” (SOUTO, Ângela [et
al.], 2009, p.75). A língua varia de acordo com a região que é falada (devido a sua cultura,
costumes e classe social) e a variação afeta a norma criando então, uma modalidade de
linguagem para cada situação específica.

Concordar com as variações lingüísticas não é, necessariamente, defender uma


anarquia ortográfica. Se o indivíduo faz-se entender numa forma não-padrão da língua, é
correto, pois atingiu seu objetivo. Porém, as variações têm seus usos; ninguém conversa com
um amigo da mesma forma que se dirige a uma entrevista de emprego. Deve-se sim, capacitar
os nossos estudantes a escolher sobre tais usos, eles devem ser capazes de adequarem a língua
ao meio. Sendo a escola responsável em mostrar-lhes que em nossa sociedade há uma forma
lingüística mais “prestigiada”, e que é através dessa forma que eles terão um acesso maior ao
conhecimento e, conseqüentemente, uma maior ascensão profissional.

Ter consciência destas variações e respeitá-las é muito importante para a construção


e valorização da cultura de um povo. Elas são a marca de uma tradição, de um jeito de ser, de
um aprendizado e de um falar, que se fazem diferentes numa língua tão rica como a língua
portuguesa.

A questão da variação lingüística está inteiramente ligada ao preconceito lingüístico.


Mas o que é preconceito lingüístico? “Preconceito lingüístico é uma forma de preconceito a
determinadas variedades lingüísticas.” (Wikipédia, pt.wikipedia.org). Quando uma variante
lingüística é tida como correta, as demais são denominadas incorretas, sendo assim, as pessoas
que a pronunciam, sofrem com o preconceito lingüístico. Segundo o sociólogo Nildo Viana, "A
linguagem é um fenômeno social e está ligada ao processo de dominação de classe, tal como o
sistema escolar, que é a fonte da dominação lingüística". A ligação entre linguagem, escrita e
educação com os processos de dominação é a fonte do preconceito lingüístico, pois a língua
escrita veiculada pela escola se torna a língua padrão e esta se torna norma geral que todos
devem seguir, mas o seu modelo se encontra entre os setores privilegiados e dominantes da
sociedade. Assim, ele conclui que a escola é a base do preconceito lingüístico, e esta reproduz
as desigualdades sociais. “É inegável que o padrão formal culto é o registro de prestígio social,
via de regra exigido nas relações sociais de caráter profissional ou oficial...” (TERRA, Ernani &
NICOLA, José de, 2009, p.23). Entretanto, não se pode elevar um padrão lingüístico a ponto de
torná-lo um ‘modelo da língua’. Tudo isso gera o preconceito lingüístico e acarreta a
inferiorização daqueles que utilizam a variante não-padrão perante aqueles ditos cultos.

A língua evolui e se modifica com o passar do tempo, essa evolução varia de acordo
com os diversos contatos entre os seres pertencentes à comunidade. Assim, ela é considerada
um objeto histórico, sujeita a transformações, que se modifica no tempo e se diversifica no
espaço. As variantes lingüísticas são divididas em quatro modalidades: variação histórica,
variação geográfica, variação social e variação estilística. No entanto, mesmo que as variantes
expliquem as variações lingüísticas, o falante que não domina a língua denominada "padrão"
por sua comunidade lingüística, sofre preconceitos e é "excluído" da "roda dos privilegiados",
aqueles que tiveram acesso à educação de qualidade e ocupam as classes sociais dominantes e,
sob o pretexto de defender a língua portuguesa, acreditam que o falar daqueles sem instrução
formal e com pouca escolarização é “feio”, e carimbam o diferente sob o rótulo do “erro”.
Algumas pessoas “cultas” muitas vezes sentem-se constrangidas ao falar corretamente e as
pessoas acharem que estamos falando errado ou vice-versa. Infelizmente, preconceito
lingüístico é somente uma denominação “bonita” para um profundo preconceito “social”: não é
a maneira de falar que sofre preconceito, mas a identidade social e individual do falante.

As escolas deveriam tratar a questão do ensino da norma culta e das variantes


lingüísticas de maneira com que os alunos conseguissem compreender a norma e suas variantes.
Deveriam promover aos alunos uma reflexão sobre a língua materna, distinguindo o que é
adequado ou inadequado em determinadas situações de uso. Há também a necessidade de fazê-
los refletir sobre o que é “certo e errado”, levando em consideração as diversas variações
históricas, estilísticas, geográficas e sociais que a linguagem possui. Dessa forma, a classe
desprivilegiada teria a oportunidade de ascensão social e de acesso aos instrumentos culturais,
obtendo prestígio.

No mundo todo existem muitos preconceitos: contra raças, contra os pobres, contra
as mulheres, contra nordestinos..., enfim, incontáveis “absurdos” cometidos por parte dos
“ignorantes”. E para acabar com os preconceitos, é necessário que haja uma democratização da
sociedade, que dê oportunidades “iguais” a todos, reconhecendo e respeitando suas diferenças.
Por isso, é preciso garantir a todos os brasileiros o reconhecimento da sua variação lingüística, e
não o deboche das mesmas.

O preconceito lingüístico não está presente na língua em si, mas nos usuários da
língua, sendo essa mais uma luta do nosso povo, contra mais esse tipo de preconceito, afinal,
respeitar a variedade lingüística de toda e qualquer pessoa equivale a respeitar a integridade
física e espiritual dessa pessoa como ser humano, nunca nos esquecendo que qualquer
comunidade sempre apresentará variação lingüística.

É preciso que se abandone esse pensamento preconceituoso de existir somente uma


variante falada correta do português brasileiro; o país é imenso e somos brasileiros com
sotaques variados e fala de todo o tipo, assim, a língua é uma extensão de nós mesmos, pois é
com ela que passamos ao outro o nosso modo de ser e de ver o mundo e os nossos sentimentos.

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