Oazinguito Ferreira da Silveira Filho – O Ensino de História Desaparece das Escolas
Uchôa, Rubem César ‘pedagogismo’ e o ‘politicismo’
O Ensino de História Fernandes, Manoel Mauricio de de plantão em nossas Desaparece das Escolas Albuquerque. Outros os sociedades, presentes nas seguiram e sofreram as ideologias perversas de Oazinguito Ferreira da Silveira mesmas pressões. pragmáticos agentes do Filho, professor, especialista com Esta disciplina se revigorou, reformismo que caíram de pós-graduação em História do seus professores submissos pára-quedas no período pós Século XX pela Universidade foram substituídos por democratização, condenaram a Candido Mendes. pensadores, investigadores do disciplina ao martírio e atual sistema, que se falecimento. Bem sabemos que por décadas transformaram em agentes de A redução da jornada de aulas o ensino de história do Brasil e revoltas, milicianos de história na grade curricular geral, estiveram subordinados representantes do das escolas estaduais tem se a um processo cíclico de inconformismo da mesma processado nos últimos doze reprodução de sociedade que se encontrava anos de forma avassaladora, acontecimentos, nomes e amordaçada. principalmente nos estados da datas. Foi uma disciplina Com poderosos ‘fórceps região sudeste, considerados escolar subserviente à pedagógicos’, ela se fez mais aculturados. Antes quatro formação do Estado Nação, representar nos currículos aulas, atualmente como no contemplando heróis, escolares, detendo caso do Estado do Rio de adorando a pátria e tradicionalmente quatro aulas Janeiro restam apenas duas, adequando patriotas que na semanais. sendo que tal processo já se época se confundiam com Aulas com conteúdos expandiu. Além deste ‘projeto’, cidadania, ou como no caso da ideológicos, sociológicos, constatou-se a obrigatoriedade História Geral glorificando o filosóficos, libertários, ‘branca’ de esquemas processo de europeização, o democráticos, éticos, curriculares dificílimos de berço, gestação do nosso formadores da opinião publica, serem cumpridos, incipiente Estado Nação. que acompanhavam a simplesmente para a formação Utilizava-se da decoreba como formação dos jovens que de um publico cada vez mais forma de repudiar o questionavam a ‘escuridão’ fiel ao regime de avaliação questionamento sobre a submetida pelo sistema, única no país. formação da mesma jovens que hoje se encontram Como diria Rudá Ricci, sociedade, de seu sistema no poder. gestava-se a formação do ‘boi- histórico de produção entre Muitos estudantes aprenderam de-cambão’ para o sistema. outros elementos essenciais a ler em aulas de história, O aluno não mais sabe ler, para compreensão do processo discutir, pensar, enfim tornou-se um analfabeto histórico e construção de uma tornarem-se cidadãos para operacional. Não sabe mais cidadania. uma nova sociedade. pensar, discutir. Seu peso era por demais Bem sabemos que a origem Os agentes burocráticos então massificador nos currículos desta representatividade passaram a introduzir filosofia escolares. Porém chegou a didática já estava há muito e sociologia, objetivando dar época em que ela se libertou presente na história da uma forma para a criação e das obrigações ‘oficiosas’ e sociedade, principalmente nos pensamento; compensar a passou a gerar perguntas, anos que se insurgiram quanto área tecnológica de tantas passou a buscar respostas, a repressão nazi na Europa, décadas de abandono dando submetida que a sociedade quanto a ditadura colonialista. volume à matemática, física e estava a um sistema ditatorial. Bloch e seus parceiros dos química, como se fossem estas Nomes romperam estes analles haviam sucumbido por as premissas básicas de grilhões e sofreram o ônus, esta nova visão de revolução desenvolvimento; e como como Joel Rufino, Mauricio da sociedade. última proposta, retirar aulas Martins, Werneck Sodré, Pedro Porém em nosso país, o de literatura e de língua de Alcantara, Pedro Celso portuguesa. inclusão de sociologia no um intenso número de Já no inicio dos anos 80, o currículo e ampliação de publicações, filmes e processo que conduzira ao filosofia, exigências previstas documentários, passaram a desaparecimento das em lei federal. rever processos históricos até disciplinas criadas com a Com a medida, os alunos do então obscuros para a maioria ditadura militar, do tipo "Moral ensino público diurno de cidadãos leigos. & Cívica", OSPB entre outras, passaram a ter 80 aulas a Processos onde se discute a fortaleceu o curso de História menos de história, sociedade, sua organização e que se firmou não somente considerando os três anos sua reconstrução. Porém, os com o processo de discussão letivos (redução de 22,2%). professores de história, são da metodologia de pesquisa da No noturno, foram 120 aulas a observados como inimigos ciência, como com o de menos (redução de 37,5%). O pelos sistemas que salvou, e revisão da História do Brasil cálculo foi realizado pelo jornal lentamente compelidos ao que ocorreu de forma veloz e Folha de São Paulo e teve base exílio em nossa sociedade sem acompanhou a democratização no mínimo de 200 dias letivos que possam discutir da sociedade. ao ano (40 semanas), que era transformações, novos Nas salas de aula, o previsto em lei. cenários político- magistério de história passou Constatou-se que nos últimos administrativos, ou a incorporar a discussão do 5 anos, foi a terceira lei que acontecimentos. processo de ideologia, incidia diretamente no ensino Tornaram-se vilãos do moralidade, ética, assim como de História. A primeira foi a lei sistema, porque assim questões como o preconceito nº 10.639, de 2003 e a políticos e burocratas racial, sexual, demografia, etc, segunda, em 2008, pela lei nº exigiram, transformaram-se que atualmente por decretos 11.645, ambas para legitimar em ‘boi-de-cambão’, sem encontram-se desmembradas. o ensino da "história da direito a discutir ou pensar a O grande momento no ensino cultura afro-brasileira e sociedade com seus alunos. de história foi o da discussão indígena", conteúdo Indivíduos perigosos para o do processo de urbanização na importantíssimo, mas que sob novo sistema político. sociedade brasileira que o ar de "obrigatoriedade conduziram a uma revisão do jurídica" causou polêmica programa de planejamento entre os historiadores. familiar, assim como o de As secretarias afirmaram em formação e composição da defesa do processo que sociedade, fornecendo novos ocorreu a necessidade de instrumentos para os alterar o currículo para se ‘burocratas’ e políticos de adaptar à lei federal, aprovada plantão. pelo Congresso Nacional e Porém no ano de 2008 sancionada pelo governo Lula. passamos a assistir aos golpes As mesmas secretarias institucionais que já ocorriam acusavam realizar a adaptação a nível federal e a forte de sociologia e filosofia dentro sensação para os professores da área de humanas, pois os de história da rede pública já temas das disciplinas eram não era mais a mesma, considerados "transversais". E começando por São Paulo que declaravam que não querer acompanhava o Rio de Janeiro, prejudicar as áreas de exatas no que se realizou por decreto. e biológicas, ‘essenciais’. A Secretaria Estadual de Porém a década atual é Educação de São Paulo decidiu mágica em fatos e diminuir a carga horária de acontecimentos para o história no Ensino Médio, como desenvolvimento da Ciência da forma de compensar a História, sendo que a cada dia