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ETAPAS NA
EM SANTA CATARINA
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1. SEMENTE
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Engenheiro Agrônomo. Epagri. Rua Mateus Conceição, 368. CEP 89.520-000, Curitibanos, Santa Catarina.
Telefone 49 3245 06 80. E-mail emcuritibanos@epagri.rct-sc.br
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3. PREPARO DO SOLO
Além de um alho-semente graúdo e sadio, a rotação de culturas é fundamental para
o sucesso dessa cultura. Além da rotação de culturas o alho é muito exigente em
correção do solo, não tolera alumínio tóxico. Responde bem a adubações com fósforo,
nitrogênio e esterco. O preparo antecipado do solo – 35 a 45 dias antes do plantio – é
importante, pois deixara o canteiro totalmente destorroado, facilitando dessa maneira o
plantio. Nessa fase o tratorista tem uma importância muito grande, já que o
encanteiramento deve ser uniforme, com a mesma largura nos entre-canteiros e bem
destorroado.
a. Preparo do solo: depois da colheita dos cereais de verão o solo é preparado de
acordo com a cultura anterior;
i. Feijão: colhe-se o feijão e em seguida coloca-se o calcário, se necessário,
assim como o esterco. Com solo compactado passa-se o subsolador. No
caso de plantar aveia, semeia-se a aveia. Antes do plantio do alho – 30 dias
– o terreno é lavrado para que pegue chuva e geada. No plantio, quando se
passa a enxada rotativa para fazer o canteiro, o solo fica bem destorroado.
Normalmente um conjunto – trator X rotativa – prepara de 1,0 a 1,5 ha por
dia, dependendo do clima. Evitar sempre a utilização de herbicidas pré-
emergentes, pois podem deixar residual pro alho.
ii. Milho : depois de colher o milho, deve-se passar uma roçadeira e/ou grade
pesada para picar a palha. Para apressar a decomposição da palha deve-se
aplicar 2 sacos de uréia por ha com o implemento Vicon. A adição de
calcário e esterco deve ser feita logo após a colheita do milho. As áreas
onde for cultivado milho são mais difíceis de preparar o canteiro,
principalmente em anos chuvosos. Essas áreas devem ser plantadas
preferencialmente em julho. A exemplo do feijão, no milho também evitar
sempre a utilização de herbicidas pré-emergentes.
iii. Área nova de campo: a correção do solo deve ser no mínimo um ano antes
do plantio, para evitar problemas sérios de fitotoxicidez por alumínio.
Deve-se corrigir também o fósforo. Por ocasião da correção com calcário é
interessante a colocação do esterco de aves, para agilizar o processo.
iv. Observações: como o solo da região é argiloso, pesado, o preparo do
mesmo sempre deve ser antecipado, para que o destorroamento seja
perfeito. Com isso a uniformidade de plantio será a desejada. Preparo do
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solo em cima da hora pode acarretar num baixo stand, já que sempre fica
muito torrão que dificulta o plantio.
b. Encanteiramento : essa operação é realizada com enxada rotativa de 1,58m de
largura. Com isso se tem um canteiro de 1,30m de mesa. O intervalo entre-
canteiros é de 1,80 metros em média. Para o plantio de 1,0 por dia, é necessário 1
trator e 1 enxada rotativa. A altura do canteiro deve ser baixa em solos de
lombadas e alto em solos baixos, onde se acumula mais água.
c. Espaçamento : todo o alho é cultivado em cima de canteiros. O espaçamento
indicado é o de 3 linhas duplas para os bulbilhos de 4 a 8 gramas, com a distância
entre fileiras de 10 X 40 X 10 X 40 X 10 por 10 a 12 centímetros entre os
bulbilhos. Pode-se plantar também com 4 ou 5 fileiras simples, variando o espaço
entre dentes dentro da linha. Tem que se disponibilizar o espaço adequado para
cada peso de bulbilho plantado.
d. Localização - gleba : os bulbilhos graúdos devem ser plantados em glebas
distintas dos miúdos já que a tecnologia (especialmente espaçamento, nitrogênio
em cobertura), diferenciação e o ponto de colheita são distintos.
e. Importância: juntamente com o tamanho, qualidade e IVD do alho-semente, o
preparo do solo é fundamental para o sucesso da atividade, já que o stand é
decisivo na produção. Se houver muitas falhas haverá muito alho superbrotado.
Consideramos que 70% do sucesso da lavoura estará encaminhado se o plantio for
feito com semente graúda, IVD de 90% e de boa sanidade, área nova, solo bem
corrigido e adubado, stand desejado com irrigação e brotação inicial vigorosa.
4. PLANTIO
Todo o plantio é manual. Ele é realizado, dependendo da lavoura, desde final de maio
até final de julho. O sucesso da lavoura passa também pelo plantio bem realizado, com o
número de plantas ( stand ) desejado e o ápice dos bulbilhos virados para cima.
Para que o plantio tenha essa uniformidade é necessário que o preparo do solo seja
feito no tempo certo, só assim haverá o destorroamento dos canteiros. A marcação onde será
feito o plantio deve ser bem visível e sem torrão. Com isso o rendimento da mão de obra será
superior. O rendimento médio de plantio varia de 200 a 400 metros de canteiro por dia por
trabalhador.
A remuneração da mão de obra do plantio é por metro de canteiro, em torno dos R$
0,06-0,08/metro de canteiro com 3 linhas duplas.
Em média são necessários 20 trabalhadores rurais para o plantio de 1,0 hectare de
alho.
Como se gasta 12 a 15 dias para o preparo da lavoura, logo com 35 pessoas em média
planta-se 1,0 hectare/dia. O número de pessoas varia entre as regiões produtoras de alho em
função da especialização da mão de obra.
5. IRRIGAÇÃO
Entre os fatores que afetam a produtividade está a irrigação. Ela é importante para
passar da barreira dos 8.000 Kg/ha no sul do Brasil.
Logo após o plantio deve ser feita a primeira irrigação para que a brotação do dente
seja rápida e uniforme. Assim não haverá problemas de falhas devido à incidência do fungo
Penicillim sp e Fusarium sp no bulbilho.
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7. CONTROLE FITOSSANITÁRIO
As condições favoráveis ao desenvolvimento da cultura, especialmente à partir de
setembro, são também favoráveis ao desenvolvimento das doenças foliares e ao tripes.
O controle eficiente é o preventivo, que normalmente inicia-se em final de agosto em
anos de inverno quente ou em meados de setembro em anos de inverno frios. O término dos
tratamentos fitossanitários vai até 15 dias antes da colheita.
No controle das doenças – ferrugem, alternária e bacteriose – são usados vários
fungicidas específicos. A aplicação é feita com trator X pulverizador de barra.
O não controle das doenças acarreta no fracasso da lavoura. A tecnologia de aplicação
é muito importante, como a hora certa de entrar na lavoura, a qualidade da água usada, a
rapidez com que se faz a cobertura da área, o destino das embalagens. Não é só o produto em
si que controla as doenças e pragas.
Para a maior eficiência do controle, deve-se fazer 3 vezes por semana o
monitoramento da lavoura. Baseado no levantamento semanal, com o aparecimento e/ou
evolução das doenças, plantas daninhas e tripes é que se toma a decisão de qual produto
aplicar. Esse monitoramento é fundamental no sucesso do controle fitossanitário e de PD.
Hoje já temos no mercado vários produtos de contato e sistêmico com ação sobre as
principais doenças. Os produtos mais usados para o controle da ferrugem e alternária são:
Dithane ou Manzate, Captan, Rovral, Daconil ou Clorotalonil, Folicur, Score, Nativo, Cabrio
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Top, Amístar, Midas, etc. Existem outros produtos que controlam essas doenças, mas são
usados em menor escala.
Para o controle do tripes, existem muitos produtos, sugere-se o uso alternado de
princípios ativos como um piretróide (Decis, Karate, Pirate, Turbo, etc) e um fosforado
(Sumithion, Orthene) ou as misturas de princípios ativos como o Connect, Deltafos, Polytrin.
8. TRATOS CULTURAS
1. Capina : além do uso de herbicidas a capina deve ser realizada na área toda, já que
o mesmo não controla 100% as invasoras. A capina é realizada baseada no
acompanhamento da lavoura. Deve-se ter o cuidado nos encontros das barras, de 7
X 7 canteiros, onde normalmente há uma área não coberta com herbicida, que
necessita da repassada com a enxada.
2. Adubação de cobertura : o manejo de nitrogênio é a chave do sucesso da lavoura
de alho. A cultura responde bem a adubações de cobertura até 300 Kg/N/ha. São 2
a 4 coberturas realizadas com trator X Vicon, sendo a primeira aos 30 dias, a
segunda se necessário aos 50 dias e a terceira e quarta após a diferenciação.
3. Corte da haste floral : a quebra da haste floral – pito – deve ser realizada em alhos
que passaram pela câmara fria antes do plantio, quando o mesmo tiver em torno de
25 cm. A quebra do pito muito precoce faz com que se produza um bulbo com as
túnicas externas frouxas. Em anos com invernos muito rigorosos essa prática deve
ser estendida para toda a lavoura. Essa prática faz com que haja um aumento da
produtividade de 10 a 15%. A quebra de pito bem realizada exige em torno de 40
dias homem por hectare, que podem ser remunerados por metro. As maiores
respostas são então com variedades que passaram em câmara fria e/ou que a haste
floral aparece cedo. Em variedades em que o pito sai perto da colheita não há
resposta na produção.
9. COLHEITA
A colheita inicia-se em meados de novembro, com as variedades Contestado. Em
seguida o Jonas, o Caçador, o Chonan, por fim os tardios das variedades Quitéria e São
Valentin ou Esmeralda, já na última semana de dezembro.
Sem considerar os dias de chuva, o período da colheita é de 50 dias.
Para a determinação do ponto de colheita usam-se aspectos visuais como: número de
folhas verdes (4 a 6 folhas), formação do bulbo – achatamento, firmeza, marcação dos dentes
- ciclo, variedades.
Para evitar perdas no final da colheita – alho passando do ponto – procura-se antecipar
um pouco a colheita dos primeiros lotes.
A colheita é manual em 99% das lavouras e apenas 1% mecânica. Na manual arranca-
se o alho, coloca-se em cima do canteiro de maneira que a folha de uma planta proteja o bulbo
da outra, para fazer a pré-cura por 2 a 4 dias, dependendo do clima. Após o alho é amarrado,
colocado em carretas agrícolas ou caminhões e transportado até o barracão onde será
estaleirado. O trabalhador rural com alguma prática consegue arrancar em média 300 metros
de canteiro por dia, logo menos de 20 dias homens por hectare são suficientes para essa tarefa.
Da mesma forma, após a pré-cura, menos de 20 homens são necessários para o amarrio do
alho. Em média se gasta 35 dias homens só para arrancar e amarrar o alho.
O pagamento da mão de obra nessa etapa também é por rendimento, por metro de
canteiro arrancado e amarrado.
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O cuidado nessa etapa é que o alho não deva ser batido e tão pouco pegue sol no
bulbo.
Na colheita mecânica, a máquina de colher arranca e amarra o alho. Sendo necessário
o acompanhamento da mesma para não haver falhas. Após arrancado e amarrado o alho é
colocado em caminhões para ser levado ao barracão. Nesse caso não se faz a pré-cura à
campo. Esse alho deve ser destinado aos barracões mais ventilados, para evitar a mela no
barracão.
A máquina colhe 1,0 hectare por dia. São necessários 8 a 10 pessoas para carregar o
alho ao barracão de cura.
A máquina de colher não deve ser usada em solos de ladeira, em solos muito
compactados e em alhos com ataque severo de bacteriose, para evitar perdas nessa operação.
Além disso, quem não tiver um barracão bem ventilado não deve guardar o alho colhido com
a máquina.
É necessário o repasse manual, após a passagem da máquina de colher. Duas a quatro
pessoas são necessárias para essa tarefa, dependo do estado do solo e do alho.
12. COMERCIALIZAÇÃO
Historicamente o preço do alho tem seus melhores preços – no caso da safra do
sul – em dezembro (precoce) e início de janeiro e após à partir de final de abril, maio, junho e
julho.
O plantio de alhos precoces como o Contestado, ou o uso da câmara fria em alhos
como o Caçador, visa a obtenção de uma mercadoria para a venda em dezembro.
No período em que há uma oferta muito grande no mercado – à partir de meados de
janeiro até final de abril – deve-se procurar vender alho-semente e sair do mercado.
Em final de abril e início de maio o mercado começa a ficar bom novamente. Nesse
período vende-se o alho que não foi tratado com anti-brotante.
De meados de maio até final de julho o mercado é tradicional de entre-safra, com os
melhores preços do mercado, ocasião onde devem ser comercializados os alhos tratados com
anti-brotante.
O alho pode ser armazenado em câmaras frigorícas, após a cura. Sugere-se que o
mesmo seja classificado, colocado em caixas de plástico de 20 Kg e frigorificados de zero a
menos dois graus, com umidade relativa de 70-75%.