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O Brasil pós-1945

Aula de Revisão / Prof. Alvaro de Oliveira Senra

Em 1945 as potências fascistas foram derrotadas, e a II Guerra Mundial terminou. O


Brasil do Estado Novo, apesar de ser um regime ditatorial, apoiou o esforço de guerra
dos países democráticos, e chegou a mandar 25 mil soldados para a Itália, sob comando
norte-americano. Desde 1942, a política externa brasileira passara a apoiar os países
aliados, o que repercutiu internamente com o desejo de retorno à democracia expresso
por vários grupos da sociedade, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), ou por
intelectuais de tendência liberal, que se expressaram no Manifesto dos Mineiros.

Em 1945 Getúlio Vargas concedeu anistia a vários opositores que estavam presos,
além de prever que haveria eleições gerais e a convocação de uma Assembléia Nacional
Constituinte, que elaboraria novas leis para o país.

Vários partidos políticos foram, então, se formando, representando as várias


correntes de opinião que existiam na sociedade brasileira. Os principais partidos daquele
período foram:

- Partido Social Democrático (PSD), partido representativo das oligarquias rurais


estaduais, criado por iniciativa de Getúlio Vargas.

- Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), de base urbana e sindical, e também ligado


a Vargas.

- União Democrática Nacional (UDN), de oposição a Vargas, que reunia parte da


burguesia e da classe média das cidades.

- Partido Comunista Brasileiro (PCB), existente desde 1922, mas proibido desde a
década de 30; tornado legal, seu principal líder era Luís Carlos Prestes.

No ano de 1945, o principal conflito se deu em torno da questão se o retorno


à democracia se daria ou não com Vargas no poder. Os queremistas (reunindo os
setores nacionalistas) queriam Constituinte com Getúlio. Em 29 de outubro de 1945,
Getúlio Vargas foi derrubado por um golpe militar, apoiado pelos setores de oposição,
que pôs no poder José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal. Tinha fim o
período de quinze anos, iniciado com a Revolução de 30, em que Vargas exerceu o
cargo de Presidente da República. Tinha início o período, que se estenderia até 1964,
conhecido como República populista.

I - A República democrática: 1945/1964

.1 - o governo Eurico Dutra (1946-1951)

Nas primeiras eleições presidenciais após quinze anos de governo de Getúlio


Vargas, o vencedor foi o general Eurico Dutra, que teve o apoio do PSD e PTB, com
mais de 55% dos votos. Eduardo Gomes (UDN) teve 35% e Yedo Fiúza (PCB), 10%.
Dutra foi também o primeiro a governar sob a Constituição de 1946, que estabeleceu,
entre outras coisas:

- que o Brasil seria uma República Federativa Presidencialista;

- que o presidente governaria durante cinco anos;

- que o voto seria universal e secreto para todo cidadão maior de dezoito anos,
exceto analfabetos, soldados e cabos;

- que a propriedade da terra seria preservada (dificultando a reforma agrária);

- que, apesar do regime liberal, seria mantida a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), as leis trabalhistas corporativistas criadas por Getúlio Vargas.

Durante o governo Dutra, o Brasil foi um firme aliado dos Estados Unidos, que
lideravam os países capitalistas contra a União Soviética e o bloco socialista, durante o
período inicial da Guerra Fria. Uma importante conseqüência dessa opção se deu em
1947, quando o PCB foi proibido e seus deputados perderam o mandato, sob a alegação
de que aquele partido, por defender o socialismo, era dependente de uma potência
estrangeira, ou seja, a União Soviética.

O governo Dutra também elaborou um plano econômico, o Plano SALTE (Saúde,


Alimentação, Transporte e Energia), que não foi bem sucedido, principalmente por falta
de recursos, pois o Brasil não tinha capitais próprios, e as potências capitalistas estavam
preocupadas em se recuperar da destruição causada pela guerra, não dispondo de
capitais exportáveis.

Em 1950 houve novas eleições presidenciais, que levaram Getúlio Vargas,


candidato do PTB, à vitória com quase 50% dos votos, derrotando Eduardo Gomes, que
tinha novamente sido candidato pela UDN.

.2 - o governo democrático de Getúlio Vargas (1951-1954)

Em 1951, ao se tornar novamente presidente, Vargas empreende uma política


nacionalista, visando levar o Brasil a um desenvolvimento industrial autônomo. Ainda
em 1951, por exemplo, ele envia ao Congresso um projeto de lei criando a
PETROBRÁS que seria uma empresa destinada a explorar as reservas brasileiras de
petróleo. Ela somente se transformaria em realidade em 1953, depois de muitos debates
e mobilizações. Além disso, Vargas procurou limitar a remessa de lucros das empresas
estrangeiras que tinham filiais no Brasil, e buscou defender o salário dos trabalhadores,
com o objetivo de garantir o mercado interno.

Essas políticas nacionalistas provocaram desagrado em militares e empresários de


tendências liberais-conservadoras. Liderados pela UDN, eles desejavam o fim do
governo Vargas. Em 1954, a situação se radicalizou, com vários jornais pedindo a
renúncia do presidente, sobretudo após a decretação de um aumento de 100% para o
salário-mínimo. Em agosto do mesmo ano, a tentativa de assassinato de um dos
principais líderes da UDN, Carlos Lacerda, levantou acusações de que membros da
segurança presidencial estariam envolvidos no atentado, que resultou na morte de um
oficial da Aeronáutica, além de ter ferido o próprio Lacerda. Diante da possibilidade de
ser derrubado ou ter que renunciar, Vargas preferiu suicidar-se, o que provocou uma
grande revolta do povo, com jornais sendo incendiados e políticos de oposição sendo
obrigados a fugir do país para não serem atingidos pela ira popular.

Após um período em que o vice-presidente, Café Filho governou, e diante de novas


crises e ameaças de golpe militar, as eleições de 1955 levaram novamente à vitória um
candidato da aliança PSD-PTB, o governador de Minas Gerais Juscelino Kubitschek,
que derrotou Juarez Távora (UDN) e outros candidatos de partidos menores.

.3 - o governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)


Tendo sua posse ameaçada por setores militares ligados à UDN, que foram contidos
pela ação do general legalista Henrique Lott, Juscelino logo se impôs como um político
hábil, que sabia fazer alianças para se manter no poder e afastar ameaças de golpes. Sua
principal realização foi a política do desenvolvimentismo, que, sob o lema 50 anos em 5,
buscou industrializar rapidamente o país, introduzindo na economia brasileira o setor de
bens de consumo duráveis, em grande parte através de investimentos estrangeiros, cuja
entrada foi favorecida pela Instrução 113, da SUMOC (Superintendência da Moeda e do
Crédito). A produção industrial, em seu governo, chegou a crescer a 11% ao ano,
criando empregos e oportunidades. A combinação de crescimento econômico e
estabilidade política criou o mito dos Anos Dourados do período JK. Na verdade, as
desigualdades sociais se mantiveram, deslocando-se inclusive para a periferia das
cidades, que cresciam rapidamente.

A ação governamental de Juscelino se deu em torno do Plano de Metas, que


combinou a ação do Estado (rodovias, energia elétrica, comunicações), capital externo
(setores modernos da indústria) e capital nacional (sobretudo nos ramos tradicionais da
indústria). A meta-síntese foi a construção da nova capital, Brasília, inaugurada em 21
de abril de 1960 no planalto goiano.

O final dos anos cinqüenta também foi marcado, em nosso país, por um período de
grande criatividade da cultura brasileira, fortemente influenciada por idéias
nacionalistas e pela vontade de expressar, pela arte, o caráter de nosso povo, seus
hábitos, problemas e esperanças.

Na literatura, por exemplo, foram publicados grandes livros, como Grande Sertão:
veredas (escrito por João Guimarães Rosa) e Gabriela, cravo e canela (de Jorge
Amado). Surgiu nessa época o Cinema Novo, com filmes e autores que buscavam
mostrar as questões do Brasil. Entre os cineastas brasileiros, que ganharam prêmios
internacionais, estavam Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha.

Na música, surgiu a Bossa Nova, inspirada sobretudo no samba e expressando o


vigor da classe média urbana. Entre seus principais músicos estão João Gilberto,
Vinícius de Moraes e Tom Jobim.
Em 1960 foram realizadas eleições presidenciais, as únicas daquele período em que
os partidos criados por Vargas (PSD e PTB). O candidato destes partidos, Henrique
Lott, foi derrotado por Jânio Quadros, apoiado pela UDN e por partidos menores.

.4 - o governo Jânio Quadros (1961)

Jânio assumiu prometendo acabar com uma inflação de 31% ao ano, considerada
muito alta, além de moralizar a administração pública, que ele acusava de ser corrupta.
De personalidade autoritária, sem compromisso com os partidos políticos, Jânio adotou
uma política monetária ortodoxa, desvalorizando a moeda em 100% e adotando medidas
que afetaram as condições de vida dos trabalhadores e da classe média.
Contraditoriamente, a política externa de seu governo buscou a independência em
relação aos blocos politico-ideológicos. Jânio reatou relações com a União Soviética
(que haviam sido rompidas no governo de Eurico Dutra) e chegou a condecorar o líder
da Revolução Cubana Ernesto “Che” Guevara, o que desagradou os Estados Unidos e
setores militares e da UDN. Finalmente, em 25 de agosto de 1961, o presidente da
República renunciou, anunciando a pressão de “forças ocultas” e surpreendendo a
opinião pública.

.5 - o governo João Goulart (1961-1964)

A saída de Jânio Quadros abriu uma crise política sem precedentes. Os ministros da
Guerra (Odílio Denys), da Marinha (Sílvio Heck) e da Aeronáutica (Grun Moss) não
aceitavam a posse do vice-presidente, João Goulart, do PTB e ligados aos sindicatos. O
mesmo pensava a UDN, que não perdoava a ligação de Jango (apelido de João Goulart)
com o governo anterior de Vargas, onde exercera o cargo de Ministro do Trabalho. No
Rio Grande do Sul, a posse de Jango foi defendida pelo governador Leonel Brizola, que
organizou a resistência a um possível golpe de Estado. Brizola tinha o apoio de militares
e policiais gaúchos e organizou uma rede de emissoras de rádio, a Rede da Legalidade.
Com o país à beira da guerra civil, a saída encontrada pelo Congresso brasileiro foi a
instituição de um regime parlamentarista. O parlamentarismo existiu no Brasil até
janeiro de 1963, quando um plebiscito devolveu a Jango seus poderes presidenciais
plenos.
O novo presidente assumiu num período em que a inflação crescia e a economia
brasileira estava estagnada. Em 1962, o ministro do Planejamento, Celso Furtado,
apresentou o Plano Trienal, com o objetivo de retomar o crescimento econômico e
reduzir as taxas de inflação. O Plano, no entanto, acabou fracassando, com a inflação
atingindo 80% no ano de 1963.

A grande característica política do governo de Jango foi a radicalização das lutas


políticas no Brasil, em torno das reformas de base (sobretudo a reforma agrária).
Apoiando estas reformas, tínhamos os sindicatos, agrupados em associações, como o
CGT (Comando Geral dos Trabalhadores) e o PUA (Pacto de Unidade e Ação), a UNE,
as Ligas Camponesas (fundadas em 1955 em Pernambuco, e lideradas pelo advogado
Francisco Julião). Contrários a Jango e aos movimentos reformistas, se posicionaram
governadores conservadores, como Magalhães Pinto (Minas Gerais) e Carlos Lacerda
(Guanabara) e organizações conservadoras, como o IPES (Instituto de Pesquisas e
Estudos Sociais) e o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), além, é claro da
maior parte da hierarquia militar e dos Estados Unidos.

Em 1964, o governo de Jango começou a se definir pelas Reformas de Base. em


comício na Central do Brasil, no Rio, em 13 de março, o presidente anunciou o início da
reforma agrária. Os setores conservadores reagiram com as Marchas da Família com
Deus pela Liberdade, que mobilizaram milhares de empresários, militares, religiosos e
cidadãos de classe média. Finalmente, em 31 de março de 1964, contando com o apoio
de políticos de oposição, de empresários, e do governo norte-americano, Jango foi
derrubado por um golpe militar e teve que fugir para o exterior. Terminava o período da
República Populista no Brasil.

II - O regime militar: 1964/1985

.1 - o governo Castelo Branco (1964-1967)

Com a fuga do presidente da República, o Senado declarou vago o cargo e


empossou provisoriamente o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili. No
dia 15 de abril assumia a presidência o general Humberto Castelo Branco, principal
líder do movimento militar que depôs Jango. O regime militar se instalava, e passava a
impor a nova ordem através de Atos Institucionais. O Ato Institucional no I (AI-I)
ampliava os poderes do Executivo, ao estabelecer o direito do Presidente da República
em suspender direitos políticos de cidadãos por dez anos, de demitir funcionários
públicos, de apresentar emendas constitucionais. Além disso, sindicatos e movimentos
populares sofreram intervenção ou foram dissolvidos, e líderes oposicionistas tiveram
que fugir do país ou ir para a clandestinidade.

Em 1965, ainda houve eleições diretas para governadores estaduais; a vitória de


candidatos oposicionistas em Minas Gerais e na Guanabara levou o governo,
pressionado por militares radicais, a editar o AI-2, que extinguia os partidos políticos
existentes, estabelecia eleições indiretas para presidente, e ainda criava dois novos
partidos, a Arena (Aliança Renovadora Nacional), formada por políticos que apoiavam
o regime militar, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que reunia a oposição
tolerada. Em 1966, o AI-3 fixava que as eleições para governadores também seriam
indiretas, e que os prefeitos das capitais e dos municípios considerados de “segurança
nacional” passariam a ser indicados pelos governadores.

Mas o novo regime não se limitou a medidas políticas. Na economia, os ministros


Roberto Campos e Otávio Gouvêa de Bulhões elaboraram o PAEG (Plano de Ação
Econômica do Governo), com o objetivo de reduzir a inflação e tomar medidas que
favorecessem a retomada do crescimento econômico, com a contenção de salários, o
favorecimento à concentração bancária e aos investimentos estrangeiros, etc.

Foram se estabelecendo aos poucos as características do Estado Militar no Brasil,


cuja base foi a Doutrina de Segurança Nacional, criada em escolas militares norte-
americanas no período da guerra fria. Suas bases principais foram o anticomunismo e o
desenvolvimento capitalista associado a capitais internacionais.

Em 1967 o governo militar aprovou uma nova Constituição, que estabelecia sérios
limites ao funcionamento das instituições democráticas. Também em 1967 foi eleito,
pelo Congresso controlado pela Arena o sucessor de Castelo Branco, . também general
Artur da Costa e Silva.

.2 - o governo Costa e Silva (1967-1969)

O segundo governo militar teve início no momento em que a economia brasileira


voltava a crescer; este crescimento, no entanto, favoreceu principalmente os grandes
grupos econômicos privados, em detrimento da renda dos trabalhadores, cujos
sindicatos estavam rigidamente controlados, e as greves virtualmente proibidas.

Em 1968, apesar da repressão, a insatisfação dos trabalhadores e de setores das


classes médias deu sinais de que estava aumentando: neste ano, aconteceram nas
cidades industriais de Osasco e Contagem as primeiras grandes greves desde 1964, e a
inquietação estudantil explodiu numa série de atos e manifestações, que culminaram na
Passeata dos 100 Mil, na cidade do Rio de Janeiro. Os grupos mais radicais dentro do
governo começaram a reagir a estas demonstrações oposicionistas e, em dezembro de
1968, o governo fechou o Congresso Nacional e decretou o Ato Institucional nº 5, que
dava poderes ditatoriais ao Executivo, transformando o país numa ditadura aberta. A
partir do AI-5, ficou praticamente impossível fazer oposição ao governo dentro dos
limites da lei; milhares de pessoas foram presas, a imprensa foi censurada, a tortura
passou a ser empregada em larga escala. Os grupos mais radicais de oposição partiram
para a luta armada: atentados, seqüestros, assaltos a bancos, guerrilha rural, etc., sendo
duramente reprimidos. No final de 1969, Costa e Silva adoeceu e foi substituído por
uma Junta Militar, que promulgou uma Emenda Constitucional que, entre outras coisas,
instituiu a pena de morte.

.3 - o governo Garrastazu Médici (1969-1974)

Em fins de 1969, o general Emílio Garrastazu Médici foi indicado o novo


presidente pelos militares. Seu governo se caracterizou por uma combinação de forte
repressão com altas taxas de crescimento econômico. Para enfrentar a oposição armada
o Estado brasileiro foi fortalecendo uma série de aparelhos repressivos, que, aliado a
uma maciça propaganda governamental, conseguiu isolar e destruir as várias
organizações ilegais de esquerda. O último grande movimento a ser derrotado, já em
meados da década de 70, foi a guerrilha do Araguaia, organizada pelo PC do B
(Partido Comunista do Brasil).

Por outro lado, Médici foi favorecido por uma série de fatores (estabilização
monetária, baixa inflação, empréstimos no exterior, investimentos nacionais e
estrangeiros) que permitiram um período de extraordinário crescimento econômico, o
Milagre Brasileiro, que se estendeu de 1968 a 1973. Em grande parte auxiliado pelos
investimentos públicos em obras gigantescas (hidrelétricas, rodovias como a
Transamazônica, etc.) o Produto Interno Bruto brasileiro atingiu taxas de crescimento
das mais altas do mundo: 11,7% em 1972, 14 % em 1973! Estas taxas, no entanto, não
atingiram todos os setores sociais: se por um lado, beneficiaram a burguesia e a classe
média, favorecida com créditos fáceis, por outro os trabalhadores tiveram seus salários
comprimidos (em 1970 o salário mínimo possuía apenas 69% do valor de 1940)

A economia nacional não rompeu sua dependência com o exterior no período do


Milagre Brasileiro; a partir de 1973, com a crise do petróleo, a conjuntura internacional
fica desfavorável e as taxas de crescimento começam a declinar, afetando a legitimidade
dos próximos governos militares.

.4 - o governo Ernesto Geisel (1974-1979)

Já em seu início, a presidência Geisel se deparou com indícios de que aumentava a


insatisfação social; nas eleições parlamentares de 1974, o MDB obteve uma expressiva
vitória sobre a Arena. No sentido de promover um afrouxamento controlado da ditadura,
o governo iniciou a abertura política, que enfrentou desafios de setores duros dos
militares, e recuos do próprio governo. Em 1975 o jornalista Vladimir Herzog foi
assassinado na prisão em São Paulo, o mesmo ocorrendo no ano seguindo com o
operário Manuel Fiel Filho. Geisel demitiu o chefe militar de São Paulo, ligado à linha
dura militar e contrário à abertura. Em contrapartida, o governo estabeleceu sérios
limites à liberdade política, como a Lei Falcão (1976), que limitava a propaganda
eleitoral, e o Pacote de Abril (1977), que criou a figura do senador biônico, escolhido
pelo governo. Estas medidas visavam impedir novas derrotas eleitorais da Arena.

A relativa liberalização política, assim como a deterioração das condições de vida,


sobretudo nas cidades, permitiu ao ressurgimento dos movimentos sociais no Brasil;
vários sindicatos se reorganizaram e passaram a fazer greves, sobretudo em São Paulo,
surgem as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base, ligadas aos setores progressistas da
Igreja Católica), o Movimento Contra a Carestia, etc.

Em fins de seu governo, Geisel indica como sucessor o general João Figueiredo,
chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações) e defensor da abertura. Antes, no
entanto, ele precisou desarticular os setores militares duros, que defendiam a
candidatura de Sílvio Frota, ministro do Exército, que acabou demitido do cargo em
1977. Em 1978, Figueiredo derrotou o candidato oposicionista Euler Bentes em
eleições indiretas em um Colégio Eleitoral.

.5 - o governo João Figueiredo (1979-1985)

Último presidente militar, Figueiredo levou adiante a política de redemocratização,


decretando a anistia política aos opositores do regime, em 1979. No mesmo ano, foi
realizada uma reforma partidária, cujo objetivo fundamental era enfraquecer
eleitoralmente a oposição, dividindo-a. Acabaram a Arena e o MDB, e novos partidos
surgiram:

- PDS (Partido Democrático Social, novo nome da Arena);

- PMDB (nome dado ao MDB, após a reforma partidária);

- PP (Partido Popular, que reunia oposicionistas moderados, como Tancredo Neves;


este partido teve pouca duração, fundindo-se novamente com o PMDB);

- PTB (Partido Trabalhista Brasileiro, sigla concedida pela Justiça ao grupo de


Yvette Vargas, que a disputava com Leonel Brizola);

- PDT (Partido Democrático Trabalhista, liderado por Brizola, representando a


herança do pensamento de Vargas e João Goulart);

- PT (Partido dos Trabalhadores), reunindo grupos de sindicalistas, militantes


ligados à Igreja e movimentos de esquerda. Seu principal líder é Lula, líder metalúrgico
do ABC paulista.

As políticas democratizantes de Figueiredo enfrentaram a oposição de setores de


extrema-direita do Exército, que realizaram atentados na Câmara de Vereadores do Rio
de Janeiro e na sede da Ordem dos Advogados do Brasil. O caso mais grave ocorreu em
1981, quando a explosão prematura de uma bomba em um show pela democracia no
Riocentro resultou na morte de um sargento e em ferimentos graves em um capitão. O
inquérito sobre os atentados foi objeto de forte pressão, tanto dos grupos contrários
quanto dos favoráveis à redemocratização do país.
Em 1982 foram realizadas eleições diretas para governador, que resultaram em
tremenda vitória da oposição, que teve 83% dos votos nas maiores cidades brasileiras, e
conquistou os maiores estados (o PMDB venceu em São Paulo e Minas Gerais, e o PDT
no Rio de Janeiro)

O desgaste político do regime militar foi ainda mais acentuado pela crise
econômica; o acordo firmado em 1982 com o FMI levara a uma recessão e a um
desemprego sem precedentes, e a dívida externa atingia os 100 bilhões de dólares.
Fortalecida, a oposição intensificou a campanha pelo fim do regime militar e por
mudanças nas políticas econômica e social. Em 1983 teve início a campanha das
Diretas Já!, que levou milhões de pessoas às ruas nas principais cidades brasileiras. No
mesmo ano, o deputado do PMDB Dante de Oliveira propôs emenda que restabelecia as
eleições diretas para presidente para o ano de 1995. A emenda foi votada em 25 de abril
de 1984, e derrotada por apenas 22 votos. As eleições de 1985 ainda seriam decididas
em Colégio Eleitoral.

III - O Brasil democrático

Em 1985 o regime militar acabou. Dois candidatos civis disputaram a Presidência da


República no Colégio Eleitoral: Paulo Maluf, pelo PDS, e Tancredo Neves, pela
Aliança Democrática (coalizão do PMDB com o PFL). Em 15 de janeiro de 1985,
Tancredo foi eleito com os votos da Aliança Democrática e de outros partidos
oposicionistas, com exceção do PT, que se recusou a participar do Colégio Eleitoral,
alegando sua ilegitimidade.

Primeiro presidente civil depois do regime militar, Tancredo Neves enfrentaria uma
situação econômica muito difícil: enorme dívida externa, inflação incontrolável,
recessão e desemprego, etc. No entanto, ele nem chegou a assumir: em 14 de março,
véspera de sua posse, foi internado para se submeter a uma cirurgia de emergência, da
qual viria a falecer; seu vice, José Sarney, acabou empossado Presidente da República.

.1 - o governo José Sarney

O novo presidente manteve as promessas democráticas: reconheceu as centrais


sindicais (CUT - Central Única dos Trabalhadores e CGT - Central Geral dos
Trabalhadores), legalizou os partidos comunistas até então clandestinos, convocou uma
Assembléia Nacional Constituinte. No entanto, a “Nova República” não estava
conseguindo resolver os problemas econômicos e sociais que os militares haviam
deixado. Em fevereiro de 1986, em meio a uma inflação insuportável, o governo
lançava o “Plano Cruzado”, que congelou preços e salários e que, de imediato,
conseguiu grande apoio popular. No entanto, ao longo do ano de 1986, os empresários
começaram a boicotar o plano de várias maneiras: desabastecimento, troca de nome de
produtos, etc. No final do ano, o plano começou a fazer água, mas garantiu ao principal
partido do governo, o PMDB, popularidade suficiente para vencer as eleições deste ano
para os governos estaduais e para a Constituinte. Logo após as eleições, o “Plano
Cruzado” foi praticamente destroçado, com o retorno feroz da inflação, apesar das
tentativas do governo em controlá-la. Os últimos anos do governo Sarney se
caracterizaram pelo descontrole inflacionário, pelo fisiologismo nas relações entre o
Executivo e o Congresso e pela crescente insatisfação popular, resultando na vitória dos
partidos de oposição, principalmente o PT, nas eleições municipais de 1988.

Ainda em 1988, foi promulgada a nova Constituição. Apesar da Assembléia


Constituinte ter permitido a participação popular através de emendas assinadas por
cidadãos (foram, no total, 122 emendas assinadas por mais de 12 milhões de pessoas), a
vitória eleitoral dos partidos ligados ao governo (sobretudo o PMDB e o PFL), a
formação e atuação na Constituinte de um grupo de parlamentares conservadores (o
Centrão), as pressões de militares, empresários e latifundiários (que formaram uma
entidade, a UDR - União Democrática Ruralista, para lutar contra a possibilidade de
reforma agrária) permitiram bloquear uma série de mudanças. O resultado foi uma
Constituição contraditória, com avanços nos direitos individuais e sociais, mas
estabelecendo dificuldades no que se refere à refoma agrária, à democratização dos
meios de comunicação, etc.

Em 1989 foram realizadas as primeiras eleições presidenciais diretas desde o início


da década de 60. Vários candidatos se lançaram: Ulysses Guimarães (PMDB),
Aureliano Chaves (PFL), Paulo Maluf (PDS), Leonel Brizola (PDT), Roberto Freire
(PCB), Mário Covas (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira, dissidência do
PMDB), Guilherme Afif Domingos (PL - Partido Liberal, um pequeno partido
conservador), além de uma série de candidatos representantes de partidos inexpressivos.
No entanto, como demonstração da enorme insatisfação popular, os dois candidatos
mais votados para o segundo turno foram Fernando Collor de Mello, candidato por um
partido nanico, o PRN (Partido de Reconstrução Nacional) e Luís Inácio Lula da Silva,
representante do mais combativo setor da oposição (a Frente Brasil Popular, composta
pelo PT, PSB e PC do B).

Collor foi apoiado pelo empresariado e pelos meios de comunicação, e seu discurso
entrou fortemente nos setores mais pobres da população, que passaram a enxergá-lo
como um salvador da pátria.

Lula teve o apoio de grande parte dos setores organizados da sociedade (sindicatos,
comunidades religiosas, artistas, etc.), com forte votação nos maiores centros urbanos.

.2 - o governo Fernando Collor (1990-1992)

Logo após sua posse, o presidente lançou um plano econômico profundamente


recessivo, que bloqueou as contas bancárias, extinguiu setores inteiros da administração
pública e demitiu milhares de funcionários. O Plano Collor também iniciou um
processo de abertura econômica que mudava os padrões econômicos adotados no Brasil
desde o período Vargas, por se basear no modelo neoliberal. A enorme recessão, o
retorno da inflação e o aumento do desemprego começaram a indispor a opinião pública
com o presidente, que perdeu popularidade.

Em 1982, o irmão do presidente, Pedro Collor, fez uma série de denúncias à revista
Veja sobre corrupções no governo, envolvendo, além do próprio presidente, sua mulher
e seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias. O Congresso Nacional determinou
uma Comissão Parlamentar de Inquérito que foi desvendando o enorme esquema de
corrupção que dominava o governo; nas ruas, multidões pediam o impeachment do
governo. Finalmente, em 29 de setembro de 1992, o Congresso Nacional votou a
destituição de Collor por 441 votos contra apenas 38, encerrando um dos mais obscuros
períodos da história brasileira.

.3 - o governo Itamar Franco (1992-1994)

Assumiu o vice-presidente Itamar Franco, apoiado por várias forças que tinham
votado a favor do impeachment. Em seu governo foi realizado um novo plano
econômico, o Plano Real, que estabilizou a moeda e garantiu popularidade suficiente
para que o governo conseguisse eleger seu sucessor, o ministro da Fazenda Fernando
Henrique Cardoso, do PSDB, que, em aliança com o PFL, conseguiu derrotar em
primeiro turno o candidato das esquerdas Lula, nas eleições presidenciais de 1994.

.4 - o governo Fernando Henrique Cardoso

A vitória da coligação PSDB-PFL em 1994 não se restringiu ao governo federal; ao


eleger a maioria dos governadores estaduais, deputados e senadores, o governo
conseguiu a estabilidade política necessária para levar adiante um grande plano de
reformas de características neoliberais. Grande número de empresas públicas, incluindo
a Companhia Vale do Rio Doce e os sistemas de energia e telecomunicações, foram
privatizadas, a Previdência Social reformada, etc. O bloco econômico incluindo Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai, o Mercosul, foi consolidado e a abertura econômica
ampliada. Mas o Brasil não conseguiu resolver seus crônicos problemas de distribuição
de renda, com a violência aumentando nos centros urbanos, e movimentos sociais,
como o Movimento dos Sem-Terra (MST) mantendo-se bastante ativos na defesa da
reforma agrária. Em 1997 e 1998, a crise financeira internacional afetou bastante a
economia brasileira, com fuga de capitais e aumento brutal do desemprego e da recessão
econômica.

Em 1998 Fernando Henrique Cardoso, após conseguir aprovar emenda


constitucional que permitia a reeleição dos candidatos a cargos executivos, se
transformou no primeiro presidente brasileiro a conseguir, de forma eleitoral, um
segundo mandato de quatro anos. No entanto, apesar de derrotar novamente Lula no
primeiro turno, os partidos de oposição conseguiram grande crescimento eleitoral,
aumento o número de parlamentares e conseguindo vencer em estados importantes.

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