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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....

ª VARA
TRABALHISTA DA COMARCA DE CAMPINA GRANDE – PB

MEREDITH JONHSON, brasileira, solteira, Vice Presidente da Empresa


InfoTecnology, portadora da Cédula de Identidade RG nº 00000/SSP-PB, CPF
000.000.000-00, residente na Rua Clementino Procópio – Bodocongó, nesta cidade;

INFOTECNOLOGY, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº


00.000.000/0000-00, com sede na Rua Estelita Cruz – Alto Branco, nesta cidade de
Campina Grande/PB.

Ambos representados por seus advogados adiante assinados, com escritório profissional
na Rua Arnaldo Albuquerque – Alto Branco, nesta cidade, onde recebem notificações e
intimações, vem respeitosamente à presença de V. Exa., apresentar

CONTESTAÇÃO

aos termos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO decorrente de DANOS MORAIS que lhe


move TOM SANDERS, brasileiro, casado, Diretor do Departamento de Produção
Industrial da Empresa InfoTecnology, portador da Cédula de Identidade RG nº
00000/SSP-PB, CPF 000.000.000-00, residente na Rua Álvares de Azevedo – Centro,
nesta cidade de Campina Grande/PB, aduzindo as seguintes razões:
PRELIMINAR DA INÉPCIA DA INICIAL:

Quanto às matérias preliminares da inicial, definidas pelo art 301 do


CPC, consideramos que houve inépcia da petição inicial, conforme artigo 295 do CPC,
o qual indica as hipóteses de indeferimento da inicial:

“Art. 295. A petição inicial será indeferida:

I - quando for inepta;

II - quando a parte for manifestamente ilegítima;

III - quando o autor carecer de interesse processual;

IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição


(art. 219, § 5o);

V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não


corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só
não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;

Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único,


primeira parte, e 284.

Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando:

I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;

II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

III - o pedido for juridicamente impossível;

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.”

No caso em questão, ao se realizar a narração dos fatos na inicial ensejou


o Autor fazer crer que havia sido cometido o ilícito penal de Assédio Sexual por parte
da Acusada, ato que impeliu o Autor a solicitar indenização por danos morais à parte
Ré.
Contudo, dos fatos alegados na inicial não se pode inferir que estaria
tipificado o crime de Assédio Sexual, causa esta que justifica a inépcia da petição inicial
conforme o artigo 295 do CPC, parágrafo único, II, e seu conseqüente indeferimento.

Para comprovar este posicionamento, se faz necessário adentrar no


mérito dessa celeuma com a finalidade de destacar alguns fatos e desconstituir algumas
alegações incorretas realizadas na inicial.

DOS FATOS:

Informa o Autor na inicial:

No dia 13 de setembro de 2010, ao término da reunião que tinha por


finalidade a nomeação da Promovida para a função de vice presidente da Empresa, o
Requerente recebeu o convite informal da sua chefa, ex-namorada, para uma reunião em
sua sala como o suposto intuito de discutir sobre o CD-ROM Arcamax (novo produto a
ser lançado na Empresa).

Aduz o Demandante que na ocasião da reunião, enquanto o Requerente


tentava tratar apenas de assuntos profissionais, Meredith se esquivava relembrando o
passado amoroso de ambos, demonstrando demasiado interesse na atual vida
matrimonial e familiar dele. Durante o tempo em que realizava uma ligação, o
Requerente foi surpreendido pela Promovida com beijos que progrediram para íntimas
carícias. O Autor declara que a Demandada ficou inconformada com a sua resistência
frente às investidas sexuais dela, utilizando-se de violência física, causando arranhões
no peitoral da vítima e, por conseguinte, proferindo ameaça colocando-o em situação de
grande constrangimento no âmbito profissional e familiar.

O Requerente alega na inicial, que não buscou ajuda de imediato, como


também, não confidenciou os fatos ocorridos a sua esposa, numa tentativa de relevar o
acontecido. O Demandante declara ainda que, no dia seguinte, deparou-se com situações
no ambiente de trabalho que eram visivelmente manipuladas por sua chefa (mudanças
nos horários das reuniões sem aviso anterior, votos contrários as sugestões do
Requerente colocadas em pauta, sem nenhum motivo aparente), a qual, segundo o
Demandante, utilizava-se do poder hierárquico almejando prejudicar o mesmo.
Fatos estes, que conforme o Autor, configurariam o Assédio Sexual.

Da realidade dos fatos:

Na inicial o Autor faltou com a verdade e omitiu diversos fatos


indispensáveis para o processo.

O Autor é funcionário da Empresa InfoTecnology há pelo menos 20


anos, e no dia 13 de setembro de 2010 foi surpreendido com a nomeação de Meredith
Jonhson, sua ex-namorada, para o cargo de vice-presidente da empresa, cargo para o
qual aguardava ser promovido devido a sua experiência e dedicação ao trabalho, ocasião
que lhe causou constrangimento e frustração.

Após a nomeação, Meredith Jonhson convidou o Autor para sua sala,


onde discutiram sobre o novo produto a ser lançado pela Empresa, assim como,
conversaram sobre o passado, visto que já se conheciam e haviam tido relacionamento
amoroso anterior.

Posteriormente, brindaram pelo sucesso profissional da Promovida, e esta


com o intuito de seduzi-lo e relembrar o passado, surpreendeu-o com um beijo e
carícias. Apesar de no início ele tentar demonstrar não corresponder às investidas da
Promovida, o Autor acabou por não resistir à atração que sentia pela Demandada,
correspondendo aos atos libidinosos iniciados pela Promovida.

Porém, antes de se render totalmente aos anseios da Demandada, o


Autor, em um breve momento de racionalidade, percebeu que sua conduta era indevida,
pelo fato de ser casado, e este não ser um comportamento moralmente esperado de um
homem com o seu estado civil. O Demandante acabou por se arrepender de seu
procedimento e decidiu interromper o ato, deixando a Promovida de maneira abrupta.

Diante do exposto, não está configurado o crime de assédio sexual por


parte da Demandada, visto que esta não se utilizou de seu cargo hierarquicamente
superior para constranger o Demandante para obter qualquer vantagem ou
favorecimento sexual, posto que o Autor não realizou qualquer ato contra a sua vontade,
apenas deixou-se seduzir por Meredith, até o instante em que realmente demonstrou-se
arrependido, e só após esse momento, passou efetivamente a rejeitá-la e a repeli-la
fisicamente.

Isto posto, assevera-se que as atitudes da Promovida, não se enquadraram


em qualquer tipo penal que pudesse vir a acarretar pedido de danos morais.

Após o ocorrido, a Demandada sentiu-se rejeitada e em seguida, agiu de


forma imponderada, tentando prejudicar o Promovente, fazendo com que este se
atrasasse para reuniões e fosse visto como irresponsável.

Ademais, é de se notar que essas situações alegadas na inicial, como


configuradores do crime de Assédio Sexual não encontram aporte no Código Penal
Brasileiro, pois se tratam de condutas posteriores ao ato, e não tiveram como finalidade
auferir qualquer vantagem ou favorecimento sexual.

DO MÉRITO:

DA INEXISTÊNCIA DO ILÍCITO:

A Lei nº 10.224, de 16.5.2001 estabeleceu o tipo penal do assédio sexual,


sendo disciplinado no art. 216-A do Código Penal, que estabelece:

“Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou


favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de
superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego,
cargo ou função.”

Esse artigo deixa clara a necessidade de uma conduta análoga a de


ameaça ou de intimidação por parte do agente para a existência de tal delito. Deve
existir também um dissenso sério, que demonstre que a vítima não tenha aderido à
conduta do agente. O agente deve se utilizar da condição de superior hierárquico e
dirigir sua conduta para a obtenção de vantagem ou favorecimento sexual, estes podem
ser a conjunção carnal ou qualquer ato libidinoso.
Antes de subsumir-se o fato a norma, faz-se indispensável retornarmos a
alguns aspectos a cerca da descrição dos fatos:

Houve consentimento do Promovente no beijo e carícias iniciais da


Acusada, podendo tê-los recusado inicialmente e desvencilhado da mesma, não
deixando que a Promovida continuasse a seduzi-lo, visto que ele é homem, como maior
força física que a Demandada.

A Promovida não praticou qualquer ameaça, nem submeteu o acusado à


violência, e da mesma forma, não utilizou de sua posição hierárquica para tentar
convencer o Autor, intimidando-o. Inclusive, ambos, só praticaram atos libidinosos até
o momento em que o Autor se demonstrou realmente arrependido, e, apenas nesse
instante, praticou conduta comissiva clara de interromper a execução dos atos
concupiscentes, saindo do recinto, após ter facilmente se desvencilhado da Demandada.

Ambos não estavam presos em local fechado e nem o Promovente


encontrava-se impossibilitado de “defender-se”. A Demandada não constituía um
obstáculo suficiente para retê-lo, enquanto o Demandante não tivesse mais o interesse
em se deixar seduzir pela Acusada.

Circunstâncias estas, evidenciam a tese de que o Promovente


permanecera no recinto com a Promovida por seu próprio interesse, visto que o
Promovente correspondeu às investidas da Demandada.

Esclarece o doutrinador Rodolfo Pamplona Filho que:

“o assédio sexual se vincula a condutas não desejadas e desagradáveis


para o receptor, ou seja, impostas, apesar de não correspondidas. Este é o
fator chave que as distingue de outras condutas, praticadas em relações
perfeitamente amistosas”. (PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Assédio
sexual: questões conceituais. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 704, 9
jun. 2005)

O fato é que: do beijo lascivo aos atos eróticos praticados, não se pode
dizer que foram rejeitados de todo pelo Autor; afinal, o mesmo demonstrou que ainda
tinha atração pela Demandada, com a qual já tivera um relacionamento no passado. O
Promovente só se deteve em continuar a relação sexual por um lampejo de moralidade,
que o fez, provavelmente, lembrar que esta se tratava de uma conduta inadequada para
um homem casado.

Conforme exposto, temos que as condutas da Demandada foram


correspondidas pelo Demandante, portanto, a Promovida não teria assediado
sexualmente o Promovente; afinal, as ações da Demandada se dirigiram exclusivamente
à tentativa de seduzir o Demandante.

Destacamos sobre o assunto, trecho da decisão do Juiz Luiz Otávio


Linhares Renault, relativo ao processo nº 00697.2005.070.03.00-6 RO (DJMG 4ª
Turma. Publicação em 26.11.2005), em que desconsiderou a inexistência de assédio
sexual, nestes termos:

“Se a empregada-mulher, alvo mais freqüente de atos dessa natureza,


manteve um relacionamento amoroso com o suposto agressor, durante
certo lapso de tempo, fato esse que passou para o domínio público,
chegando ao conhecimento de familiares, de amigos e de outras
pessoas da comunidade, não há como se estabelecer o nexo de
causalidade entre a conduta do agente e a tipificação do assédio sexual.
Ademais, ainda que atos conducentes ao assédio tenham sido praticados
no início do "affair", o desejo do suposto assediante acabou sendo aceito
e compartilhado pela suposta vítima, que, quando realmente não quer,
repele imediatamente, em idêntica ou até mais forte intensidade,
qualquer, digamos assim, avanço do sinal. Mesmo que o ambiente de
trabalho, pelo convívio diário, seja propício ao assédio sexual, existem
fatores de resistência natural, cultural, moral, inclusive de amor próprio,
além dos traços da personalidade de cada pessoa, que conduzem a um
comportamento de franca e imediata postura de rejeição, de indignação,
de revolta e, se for o caso, até de delação para que medidas severas sejam
tomadas contra o assediante.”

Na decisão citada, não restou evidenciado o alegado assédio sexual, pois


conforme já salientado, a fim de se caracterizar esta modalidade de assédio, além da
conduta do assediante, de natureza sexual, mediante promessas de benefícios ou
recompensas, ou inversamente ameaças de perda do emprego; é relevante, também, que
a pessoa assediada não tenha consentido nas ações praticadas pelo agente, sendo
significativo, ainda, que a pessoa ofendida tenha repelido imediatamente as primeiras
condutas do agente.

Percebe-se que, de forma análoga à decisão exposta, a conduta da


Promovida, suposta assediante, não poderia configurar ilícito do tipo penal 216A do
Código Penal.
Afinal, na realidade o que existiu foi um envolvimento sexual, entre a
suposta assediadora e o subordinado; pois o Promovente, mesmo após declarar que
pediu a Promovida que cessasse suas investidas, praticou muitos atos
incontestavelmente voluntários, ficando muito difícil, ou melhor, praticamente
impossível, dizer que ele não queria a consumação das condutas libidinosas iniciados
pela Demandada. A atração que sentia pela Promovida fez com que o Promovido,
participasse ativamente e voluntariamente do jogo de sedução iniciado pela
Demandante.

As alegadas lesões corporais causadas pela Demandada não chegam a


constituir conduta típica punível, não obstante possuírem natureza levíssima subsume-se
a este fato o princípio da insignificância ou bagatela.

"É a aplicação da teoria da insignificância que permite, na maioria dos


tipos, excluírem-se os danos de pouca importância, não devendo o direito
penal ocupar-se com bagatelas" (FRANCISCO DE ASSIS TOLEDO,
Princípios Básicos de Direito Penal, Saraiva, 1968, p. 121).

Quanto ao Assédio Moral, citado na fundamentação da peça inicial, no


Brasil não há uma lei específica, mas esta conduta tem sido fundamentada no art 483,
inciso e, da CLT, o qual define que o empregado tem o direito de pleitear indenização
do empregador quando: “praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas
de sua família, ato lesivo da honra e boa fama.”

Assédio moral, nas palavras de Márcia Novais Guedes (Revista LTr, 67-
2/162/165) é o "terror psicológico" aplicado ao trabalhador, "ação estrategicamente
desenvolvida para destruir psicologicamente a vítima e com isso afastá-la do mundo do
trabalho", isto é, para se enquadrar no conceito de assédio moral a humilhação
impingida ao trabalhador, deve ocorrer de forma repetida e prolongada,causando graves
danos à vida, pessoal e profissional, do trabalhador.

Segundo entendimento do ministro João Oreste Dalazen, o assédio se


caracteriza “pela violência psicológica extrema”. O posicionamento do citado ministro é
de que uma situação isolada não deve ser enquadrada como assédio moral, pois para ele
“é preciso haver uma perseguição sistemática”.

Não se confunde o Assédio Moral com o Assédio Sexual, sendo que este
é o constrangimento a alguém, visando levar vantagem ou fornecimento sexual em
razão de sua posição hierárquica superior na pirâmide do complexo empresarial, e
aquele é a humilhação habitual do trabalhador.

Tal modalidade de assédio também não se relaciona a conduta da


Promovida, visto que o único ato da Demandada alegado como assédio moral, pelo
Promovente, foi o fato da Demandada informar horário incorreto da reunião ao
Demandante, visando prejudicá-lo, destarte, tal ação da Promovida não gerou efeitos
negativos para o Demandante, não ocasionando necessidade de reparação de danos. Não
obstante, tal ato teve efeitos diminutos e ocorreu de forma isolada, não
consubstanciando conduta de assédio moral.

DOS DANOS MORAIS:

Quanto aos danos morais, afinal, temos uma questão interessante: quais
são as condutas imputadas à Acusada que levaram o autor a iniciar uma ação de
indenização?

Como foi analisado, não ocorreu crime de assédio sexual por parte da
acusada, no máximo, a conduta do Autor poderia se caracterizar como crime de
adultério, caso tal delito não tivesse sido revogado pela Lei 11.106/2005, pois o
adultério punia o relacionamento sexual fora do casamento, e a titularidade dessa ação
seria exclusiva da esposa do Autor da inicial.
Apenas nos dias seguintes ao ocorrido, o Autor se mostrou realmente
preocupado como a situação que surgiu do seu envolvimento com a Promovida,
contudo, não demonstrou interesse imediato algum, em propor ação de danos morais,
visto que tinha receio de ser mal compreendido na esfera profissional e na conjugal,
pois o Promovente já havia praticado conduta suspeita de assedio sexual com uma
subordinada em ambiente de trabalho.

É indispensável ressaltar que: a Acusada não constrangeu o Autor


ameaçando declarar o ocorrido à sua esposa, nem aos seus colegas de empresa, a
Promovida contou apenas o fato ocorrido a sua chefia imediata, razão pela qual a
acusada não pode ser imputada a conduta de realizar “terror psicológico” de forma
habitual ou continuada a pessoa do funcionário Demandante.

Quanto à alegada ocorrência de assédio sexual, declaramos que como não


existiram ameaças ou coação por parte da Promovida, e não se observam os demais
elementos do tipo penal, na realidade Demandante e Demandada tiveram um
envolvimento sexual mutuamente consentido.

Não obstante os fatos já elencados nesta Contestação, tal alegação poder


ser confirmada pela conduta do Autor da inicial, o qual consentiu na relação sexual,
deixando-se seduzir, até o momento em que se arrependeu verdadeiramente, ou seja, o
Promovente, ainda assim, realizou muitos atos incontestavelmente voluntários, ficando
difícil dizer que ele não queria a consumação das condutas libidinosas iniciados pela
Demandada.

Então, qual o momento em que ocorreu o dano moral causado pela


Promovida ao Autor? Seria quando este se sentiu constrangido, pensando se contaria ou
não o ocorrido, a sua esposa, ou aos colegas de trabalho, momento em que estes
poderiam considerá-lo um oportunista? Mas, afinal, até que ponto podemos dizer que
houve ato lesivo da honra e boa fama do Promovente?

Nenhum argumento da inicial mostra-se forte o suficiente para manter o


pedido de reparação de danos morais, destarte, a promovida, sequer, espalhou rumores
de envolvimento amoroso-sexual com o Demandante a fim de prejudicá-lo.

Isto posto, fica claro que não devemos fundamentar as questões de mérito
apenas no testemunho e perspectiva do Autor, ou seja, na primeira impressão sobre o
fato, pois mesmo que tal crime seja de difícil prova e as alegações das partes sejam de
inegável importância; devemos, pois, analisar as condutas descritas para ter a certeza, se
a estes atos pode-se aplicar a norma penal em comento.

DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA:

A responsabilidade civil subjetiva é a modalidade de responsabilidade


civil que se assenta fundamentalmente na idéia de culpa, tem por requisito indispensável
que o comportamento do agente tenha contribuído para o alegado prejuízo sofrido pela
vítima, independente para esse fim se a conduta foi culposa propriamente dita ou na
forma dolosa.

Essa idéia de culpa, na qual se baseia a responsabilidade civil subjetiva


está disposta no artigo 186 do Código Civil Brasileiro e se relaciona com as definições
de ação ou omissão voluntária, negligência e imprudência, necessitaria para sua
aplicação que estivesse certo e comprovado que o comportamento ilícito do agente foi o
causador do ato lesivo.

Entretanto, não temos comportamento ilícito da Promovida, que não


assediou sexual ou moralmente o funcionário Promovente, além disso, não houve
qualquer conduta da Demandada para macular imagem ou constranger o Autor da
inicial, que pudesse provocar no mesmo um estado continuado de “terror psicológico”,
pois conforme exposto, não há ilícito na conduta da acusada, sendo que a existência
deste é pressuposto para análise da responsabilidade civil.

Em decorrência da falta de ilícito, não há o que se falar quanto ao dano


moral causado (qual seria este?).

Não poderia haver nexo de causa entre as condutas da Acusada e os


danos que poderiam ser alegados pela ‘vítima’, pois se trata de conduta lícita. Por fim, o
único fato doloso que poderia ser imputado a Acusada é a conduta comissiva de tentar
seduzir o Autor da inicial, fato este atípico.
A responsabilidade civil objetiva relativa à empresa é dependente de
prova da ocorrência da possibilidade de responsabilizar civil e subjetivamente a sua
preposta, a qual é superior hierárquica do Autor da inicial.

Para corroborar tais argumentos seguem decisões nas quais foi indeferido
o pedido de danos morais, com base em alegado assédio moral:

Responsabilidade civil. Dano moral. Assédio moral e a responsabilidade


civil do empregador por ato de preposto. Natureza objetiva de um e
subjetiva de outro. CF/88, art. 5º, V e X. Súmula 341/STF. CCB, art.
159. CCB/2002, art. 186. O empregador, pela culpa na escolha e na
fiscalização, torna-se responsável pelos atos de seus prepostos (Súmula
341/STF). A responsabilidade é objetiva do empregador. Contudo,
torna-se necessária a prova do preposto, logo, temos o fator da
responsabilidade subjetiva, pela modalidade extracontratual (art.
159, CCB, atual 186, CCB/2002). Os requisitos da responsabilidade
civil subjetiva são: a) ato comissivo ou omissivo; b) dano moral; c)
nexo causal; d) culpa em sentido amplo (dolo) ou restrito
(negligência, imprudência ou imperícia). 4. O exame global das provas
indica que não há elementos seguros para justificar a ofensa moral ou as
agressões da Sra. Marta não só em relação ao autor, como também em
relação aos demais funcionários. A prova há de ser cabal e robusta para o
reconhecimento do dano moral. Não há elementos para se indicar a
presença do assédio moral. Se não há o elemento do ato, deixa de se
justificar a existência do próprio assédio. E, por fim, o dano moral é
questionável, notadamente, quando o próprio autor disse que nunca
procurou orientação psicológica ou reclamações perante o Ministério do
Trabalho ou a Delegacia Regional do Trabalho. Diante da inexistência
dos requisitos da responsabilidade civil, descabe a indenização por dano
moral.” (TRT 2ª Região. Processo 02146.2003.902.02.00-6. Acordão de
Tribunal Regional do Trabalho - 2ª Região SP, Juiz FRANCISCO
FERREIRA JORGE NETO, publicado em 22 de Julho de 2003).
ASSÉDIO MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. A indenização por danos
morais em decorrência de assédio moral somente pode ser reconhecida
quando estiver calcada em provas seguras acerca da conduta abusiva
do empregador ou de seu preposto, consubstanciada pela pressão ou
agressão psicológica, prolongada no tempo, que fere a dignidade do
trabalhador, bem como acerca do necessário nexo de causalidade
entre a conduta violadora e a dor experimentada pela vítima. No
caso dos autos, tais elementos não se fazem presentes, motivo pelo qual
mantenho a r. sentença que indeferiu a indenização por assédio moral.
(TRT23. RO 01328.2008.036.23.00-3. 2ª Turma. Relator
DESEMBARGADORA LEILA CALVO. Publicado em 20/03/09)

Quanto ao nexo, relembrando a jurisprudência já citada, para caracterizar


a conduta ilícita como geradora de dano moral, seria “necessário nexo de causalidade
entre a conduta violadora e a dor experimentada pela vítima”. Por parte da acusada
não há conduta típica de assedio sexual ou moral, dessa forma, a “dor” experimentada
pela “vítima” seria decorrente de atos que o próprio Promovente realizou e dos atos com
os quais participou, ou seja, a “dor”, ou melhor, o medo e o receio do Demandante
dizem respeito apenas a conseqüências de seus próprios atos.

Conforme esclarecido é difícil definir exatamente se algum dos atos não


foi desejado pelo Autor da inicial. Dessa forma, estaria ele querendo ser ressarcido por
uma “dor” que ele mesmo ajudou a provocar em si? Não há, portanto, nexo entre a
conduta da Promovida com a alegada “dor da vítima”, que seria o medo do
conhecimento do fato pela esposa e colegas de trabalho do Promovente, afinal, a
acusada não constrangeu o Autor ameaçando declarar o ocorrido à sua esposa, nem aos
seus colegas de Empresa.

No que tange a culpa em sentido amplo (dolo) ou restrito, as atitudes e


condutas da Demandada quando apresentadas na inicial tentaram demonstrar que havia
dolo da Promovida quanto ao assédio sexual alegado pelo Promovente.

Contudo, o que podemos observar foi apenas a culpa da Demandada em


tentar prejudicar o Autor da inicial, quando esta agiu de forma imponderável e
impulsiva repassando ao Demandante o horário incorreto de uma reunião. Não obstante,
a Promovida apenas teve dolo na conduta de seduzi-lo, mas este ato não é tipificado
como crime no ordenamento jurídico brasileiro.

Isto posto, dada a falta de ilícitos, não se admite a provocação à atuação


do Judiciário com a finalidade de se discutir apenas a respeito da informação incorreta
fornecida pela Demandada, sobre um horário de reunião, fato este, com conseqüências
insignificantes a concepção da atuação profissional do Promovente frente à Empresa, e
que, como visto anteriormente, não configura sequer assédio moral.

DA INDENIZAÇÃO:

Conforme exposto, não é possível demonstrar que houve


responsabilidade civil subjetiva da Acusada, a qual é preposta da Empresa
InfoTecnology, está última também constituída como parte Ré na ação em questão.

Por conseguinte, a Empresa Ré e a funcionária Promovida estão


desobrigadas ao pagamento da indenização solicitada pelo funcionário Promovente.
Afinal, sequer houve por parte da Preposta da Empresa, Meredith Jonhson, conduta
ilícita, razão pela qual, não podemos atribuir qualquer responsabilidade civil objetiva à
Empresa com relação aos pedidos elencados na inicial, pois não foi constituída a
responsabilidade civil subjetiva da Demandada.

DO PEDIDO:

A Demandada requer que:

a) sejam acolhidas as preliminares suscitadas, com a conseqüente


extinção do processo sem julgamento o mérito.
b) Caso as preliminares arguidas sejam ultrapassadas, o que não
se acredita, seja declarada a ausência dos pressupostos ensejadores de responsabilidade
civil da Demandada.
c) Em apreciando o meritum causae, que seja julgado Totalmente
Improcedente o pleito formulado pelo Demandante, pelas razões e fundamentos já
exaustivamente expostos anteriormente.
d) Na remota hipótese de ser considerada devida verba
indenizatória, requer a V. Exa. que a arbitre com a moderação e a razoabilidade que as
circunstâncias do caso reclama;
e) Ad cautelam, requer a produção de todas as provas em direito
admitidas, tal qual a inquirição de testemunhas, depoimento pessoal do Demandante,
juntada posterior de documentos, perícias e tudo mais que se fizer necessário para o
deslinde do feito.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Campina Grande , 19 de novembro de 2010.

MMGV
OAB/PB

PNV
OAB/PB

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