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O Espírito Santo possui área de 45.597 km2, de altitude média em torno de 50 m. No Espírito
sendo que 100% de sua superfície eram cobertas Santo, ocupa uma faixa estreita ao sul, entre as
por Mata Atlântica. Segundo o Instituto Brasi- planícies e as primeiras escarpas das serras inte-
leiro de Geografia e Estatística (IBGE-2004), a rioranas. Ao norte de Vitória alarga-se, tornan-
Mata Atlântica no Estado é composta por floresta do-se expressiva entre Linhares e São Mateus e
ombrófila, floresta estacional semidecidual, for- prolonga-se até o sul da Bahia. A zona serrana,
mações pioneiras (brejos, restingas, mangues) localizada mais ao interior, é formada por vales
e refúgio vegetacional da Serra do Caparaó. O profundos e escavados, nos prolongamentos da
relevo caracteriza-se como montanhoso, com Serra da Mantiqueira.
altitudes que vão desde o nível do mar até 2.897 Na zona dos tabuleiros, ocorre principalmen-
m, cujo ponto culminante é o Pico da Bandeira te a floresta ombrófila densa, sendo caracterizada
(Serra do Caparaó). por uma vegetação com exemplares de altura
Do ponto de vista geológico, Amorim (1984) média acima de 30 m. As árvores são espaçadas,
considerou que o Espírito Santo pode ser dividido o sub-bosque é pouco denso e apresentam-se
em duas zonas principais: zona dos tabuleiros e poucas epífitas. Já a zona serrana é caracterizada
zona serrana. A zona dos tabuleiros compreende pela floresta ombrófila aberta, de altitude, com o
o terraço litorâneo, plano ou levemente ondulado, interior fechado, vegetação rasteira e arbustiva
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tempo, sendo que em 1888, apenas 15,4% do ter- ceptíveis à erosão, promoveu impactos sobre o
ambiente natural: erosão do solo, contaminação
ritório era ocupado pela população humana. Essa
das águas e assoreamento dos rios.
ocupação se limitava ao litoral, cujos principais
No final do século XIX, a produção agrária
núcleos eram, ao norte, São Mateus e, ao sul, Nova
do Estado se caracterizava pela monocultura ca-
Almeida, Guarapari, Benevente e Itapemirim.
feeira e pela pequena propriedade. Mesmo assim,
Nesses últimos, a principal atividade econômica
em 1920, somente 28,6% das terras do Estado
era a produção de cana-de-açúcar, enquanto no
eram ocupadas pelos estabelecimentos agrícolas
norte do Estado era a produção de farinha de e apenas 17,6% dessa área eram cultivadas.
mandioca para exportação. Novos imigrantes europeus, que chegavam
Com a expansão da atividade cafeeira pro- ao Estado fugindo das conseqüências das guerras
veniente da região do Vale do Paraíba, a partir da mundiais, receberam do governo glebas de 30
segunda metade do século XIX, teve início a ocu- ha para implantação da cultura do café. Entre os
pação da região central do Estado pelos primeiros anos 1920 e 1950 era muito comum que novas
imigrantes italianos e alemães, com conseqüente derrubadas de florestas fossem realizadas para
Floresta e
cachoeira em
Santa Teresa
formação), explorando grandes áreas do Estado da alta dos preços, sendo que, com a queda dos
até o esgotamento dos recursos florestais, quando, preços, muitas dessas áreas eram abandonadas
na década de 1970, o setor entra em decadência e transformadas em pastagens. Outro fator que
período de 1990 a 1995, houve desmatamento de lise comparativa com os estudos realizados pela
271 ha representando um decremento de 3,80% própria Fundação SOS Mata Atlântica para os
da cobertura. períodos anteriores. Por exemplo, os resultados
O monitoramento da cobertura florestal apresentados para o período 1995-2000 indicam
para o período 1995 a 2000 amplia a escala de uma cobertura florestal nativa para o Espírito
mapeamento para 1:50.000, o que permite iden- Santo na ordem de 30,28%, o que corresponde
tificar fragmentos florestais, desmatamentos e a 1.398.435 ha, enquanto que os dados de 1995
áreas em regeneração a partir de 10 ha, enquanto indicavam 8,9% de remanescentes.
anteriormente somente áreas acima de 25 ha
eram possíveis de serem mapeadas. Além dessas Situação atual e perspectivas
alterações metodológicas, o processo de mapea- futuras
mento passa a incluir a identificação de formações Apesar do avanço da consciência con-
arbóreas sucessionais secundárias em estágio servacionista, o legado deixado pelo processo
médio e avançado de regeneração, diferindo dos exploratório dos recursos naturais gerou uma
mapeamentos anteriores, nos quais considerava- fragilidade na relação homem/ambiente. As ati-
se como remanescentes florestais apenas as for- vidades antrópicas, em muitos casos, se tornaram
mações arbóreas primárias e aquelas em estágio insustentáveis, principalmente pela baixa capaci-
avançado de regeneração. dade de absorção dos impactos apresentada pelos
Essas modificações não permitem uma aná- sistemas naturais.
ha, constituindo o uso predominante do território do País, com 145.000 ha ao norte do Rio Doce e
capixaba. Sua maior concentração é na mesorre- 35.000 ha ao sul. Hoje, infelizmente ele encontra-
gião Litoral Norte Espiritossantense, totalizando se em processo de desertificação, o que aumenta
618.070 ha. Dentre os 13 municípios integrantes em muito sua importância, devido à fragilidade
dessa mesorregião, o município de Linhares con- que o ambiente apresenta. Através de ações exe-
centra 236.544 ha (38,7% do total de pastagens cutadas (principalmente drenagem) pelo extinto
da mesorregião). Departamento Nacional de Obras e Saneamento
Vale ressaltar que, na mesorregião Litoral (DNOS), entre os anos 1965 a 1970, o patrimônio
Norte Espiritossantense, existem fisionomias mui- biológico foi depredado com o intuito de aumentar
Região de
entorno
do Parque
Nacional do
Caparaó
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um clima ombrófilo e dependente de chuva, até os 100 m acima do mar; de 16° de latitude
sem período biologicamente seco durante Sul a 24° de latitude Sul de 5 m até 50 m;
o ano e excepcionalmente com dois meses de 24° de latitude Sul a 32° de latitude Sul
de umidade escassa, com grande umidade de 5 m até 30 m. É uma formação que em
concentrada nos ambientes dissecados das geral ocupa as planícies costeiras, capeadas
serras. As temperaturas médias oscilam entre por tabuleiros pliopleistocênicos do Grupo
22 e 25ºC. Caracteriza-se por solos de baixa Barreiras. Essa fisionomia é comumente clas-
fertilidade, álicos ou distróficos. sificada como floresta de tabuleiro. Rizzini
Na floresta ombrófila densa, apresen- (1997) definiu a Floresta dos Tabuleiros como
124 tam-se árvores de grande porte nos terraços o corpo florestal que ocorre desde Pernam-
aluviais e nos tabuleiros terciários, enquanto buco até o Rio de Janeiro e caracteriza sua
nas encostas marítimas as árvores são de área central como imponente e define sua
porte médio. Alguns gêneros são típicos e ca- distribuição como sendo da região sul da
racterizam bem essa região da encosta atlân- Bahia até o norte do Espírito Santo. Trata-se
tica até o Rio Doce, como Parkia, Manilkara e de uma faixa litorânea, por dentro das alvas
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Pico do Cristal
262, de Alfredo Chaves a Santa Leopoldina, que somente duas delas são encontradas
com altitudes entre 600 e 800 m. no Espírito Santo:
Floresta estacional semidecidual - Essa Floresta estacional semidecidual de
fisionomia está determinada por duas esta- terras baixas - Encontrada nos tabuleiros cos-
ções, uma chuvosa e outra seca, que condi- teiros terciários do grupo Barreiras e áreas
cionam a sazonalidade foliar dos elementos de litologia do Pré-Cambriano entre 5 e 50 m,
arbóreos dominantes. A porcentagem de em poucos agrupamentos remanescentes,
árvores caducifólias no conjunto situa-se en- no município de Itapemirim, em Itapecoá.
tre 20% e 50%. São dominantes os gêneros Floresta estacional semidecidual sub-
neotropicais Tabebuia, Swietenia, Parate- montana - Própria das áreas de litologia do
coma e Cariniana, entre outras, em mistura Pré-Cambriano e relevo dissecado, ocorren-
com os gêneros paleotropicais Erythrana e do próximo à cidade de Cachoeiro de Itape-
Terminalia e com os gêneros australásicos mirim, em altitudes entre 50 e 500 m.
Cedrela e Sterculia. No Estado, essa região Refúgio vegetacional - São agrupamen-
fitoecológica compreende 1.047.900 ha (23% tos vegetais que destoam da fitofisionomia
da superfície). predominante da região. Podem ser divididos
A floresta estacional semidecidual é em montano e alto montano. De acordo com
subdividida em quatro formações, sendo o levantamento do Radam-Brasil, no Espírito