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Carta a um Teólogo – Dan Barker

Caro Teólogo

Tenho algumas perguntas e acho que você é a pessoa certa para responder. Tenho passado
por momentos difíceis sentado aqui em cima no céu, sem ter com quem falar. Eu falo
conversar, realmente. Na verdade, posso conversar com um destes muitos anjos, mas já que
eles não têm livre arbítrio, e já que fui eu mesmo que criei todos os pensamentos contidos
nas suas mentes submissas, eles não são parceiros muito interessantes. Claro que eu poderia
falar com Jesus ou a "terceira pessoa" da nossa "Santíssima Trindade", o Espírito Santo,
mas já que somos a mesma pessoa, não há nada o que aprender um com o outro. Nós não
poderíamos nem jogar xadrez. Às vezes Jesus me chama de Pai e isto me faz bem, mas
desde que somos a mesma pessoa e temos o mesmo poder, não faz muita diferença. Você é
uma pessoa educada. Estudou filosofia e as religiões do mundo, e você tem um preparo
intelectual que lhe permite travar um diálogo com alguém do meu nível - não que eu não
possa dialogar com qualquer um, mesmo com um crente não educado desses que enchem as
igrejas e me aborrecem com intermináveis solicitações, você sabe como é. Às vezes temos
interessantes interações com um colega. Você leu os clássicos. Escreveu artigos e livros
sobre mim. Conhece-me como ninguém mais. Você poderá estar surpreso em saber como
posso ter dúvidas. Não, não são dúvidas retóricas, vindas de ensinamentos espirituais, mais
dúvidas reais, provenientes de um Deus honesto. Sua curiosidade é herança minha. Você
pode dizer, por exemplo, que o amor é um reflexo da minha natureza em você, não é
verdade? Já que questionar é saudável, isto veio de mim. Alguém certa vez disse que
deveríamos provar tudo, e sustentar firme o que há de bom. Minha primeira pergunta é esta:

DE ONDE EU VIM?

Eu me vejo sentado aqui no céu, olho ao redor e percebo que nada há além de mim e dos
objetos criados por mim. Não tenho conhecimento de nenhuma outra criatura que seja
minha rival, e não vejo ninguém acima de mim que me tenha criado, a não ser que esta
criatura esteja brincando de esconde-esconde. Em qualquer evento, até onde eu saiba (e até
onde eu saiba, eu sei tudo), não há ninguém além de mim em três pessoas e a criação. Eu
sempre existi, diz você. Eu não posso ter criado a mim mesmo, porque se fosse assim, eu
seria maior que eu mesmo. Então, de onde eu vim? Sei como você aborda esta questão de
acordo com sua própria existência. Você afirma que a natureza, como a mente humana,
demonstra a evidência da criação. Você nunca observou uma criação separadamente do
criador. Você alega que o ser humano tem que ter um criador, e você não encontrará
nenhuma discordância de mim. Então, e eu? Como você, percebo que minha mente é
intrincada e complexa. É muito mais intrincada e complexa que a sua, do contrário eu não a
conseguiria criar. Minha personalidade exibe características de organização e propósito. Às
vezes eu me surpreendo até, de o quanto eu sou inteligente. Se você afirma que sua
existência é fruto de uma criação, o que devo pensar de mim? Não sou maravilhoso? Não
funciono de modo ordenado? Minha mente não é uma mistura caótica de pensamentos
confusos. Ela demonstra o que você chama de evidências de criação. Se você tem de ter um
criador, por que eu também não? Você pode até achar esta pergunta uma blasfêmia, mas
para mim não existe este crime. Posso perguntar o que quiser e acho isto justo. Se você
alega que tudo tem de ter um criador e ao mesmo tempo afirma que nem tudo (Eu) tem um
criador, não está você se contradizendo? Excluindo minha pessoa do seu argumento, não
estará você trazendo sua conclusão para o seu argumento? Não é isto raciocínio circular?
Não estou afirmando que discordo do seu argumento. Como eu poderia? Estou apenas
questionando por que é natural que você tenha um criador, e impróprio que eu tenha um. Se
você está dizendo que eu não preciso fazer estas indagações por que eu sou perfeito e
onisciente, enquanto humanos são falíveis, então você não precisa mais do argumento da
criação, não é? Você já admitiu que eu existo. Você pode afirmar isto e eu respeito sua
liberdade. Este argumento a priori e circular pode ser útil e reconfortante para você, mas
isto adianta muito pouco. Isto não me ajuda a saber de onde vim. Você diz que existo
eternamente e acho que não faço qualquer objeção, se eu soubesse o que isto quer dizer. É
difícil para mim, conceber algo de eterno. Simplesmente não dá para me lembrar tão
distante. Eu levaria toda a eternidade para me lembrar de toda a eternidade, não deixando
tempo para mais nada, portanto, é imposs0ível para mim, confirmar se sou eterno. E mesmo
se for verdade, por que o eterno seria maior que o temporário? Um longo sermão é maior
que um pequeno sermão? O que significa "grande"? São pessoas gordas maiores que as
pequenas, ou as velhas maiores que as novas? Você diz que é importante que eu tenha
sempre existido. Vou considerar o que diz, por enquanto. Minha questão não é a duração da
minha existência, mas a origem da minha existência. Não vejo como ser eterno resolva o
problema. Quero saber de onde vim. Só posso imaginar uma única resposta e gostaria de
saber sua opinião. Sei que existo. Sei que não poderia criar a mim mesmo. Sei também que
não há um deus superior que me criou. Já que não posso olhar para cima procurando um
criador, acho que devo olhar aí para baixo para procurar um. Talvez - isto é só especulação,
não se aborreça comigo- talvez você tenha me criado. Não fique chocado. Isto seria um
elogio. Já que demonstro evidência de criação, e já que não vejo nenhum lugar de onde esta
criação exista, sou forçado a procurar um criador na própria natureza. Você é uma parte da
natureza. Você é inteligente - isto é o que seus leitores dizem. Por que não encontraria a
resposta da minha pergunta em você? Ajude-me nisto. Se você me fez, claro que eu não
poderia ter feito você, acredito eu. A razão que me faz acreditar que você me fez é o fato de
você me fazer acreditar que eu fiz você. Você já disse muitas vezes que um criador pusera
uma mente em você. Não seria possível que você tenha colocado uma mente em mim, e
agora estamos nós especulando de onde cada um foi criado? Alguns de vocês têm afirmado
que essas questões são mistérios que só um Deus compreende. Bem, só tenho a agradecer.
A questão está justo aí. De um lado, você usa a lógica para provar minha existência, mas
por outro lado, quando a lógica chega ao fim, você a abandona e invoca a "fé" e o
"mistério". Estas palavras deveriam ser usadas como tábuas de salvação para fatos e
verdades, mas elas não traduzem nada de significativo, até onde eu saiba. Você pode fingir
que "mistério" envolve algo de terrivelmente importante, mas para mim só significa que
você não sabe. Alguns de vocês afirmam que não vim de lugar algum. Eu apenas existo.
Entretanto, vejo vocês afirmando que nada vem de nada. Você não pode usar ambos os
argumentos. Ou eu existo ou não. O que foi isto que me fez existir, em oposição a não
existir de modo algum? Se eu não preciso de uma causa, por que então você precisa? Já que
não me contento em dizer que isto é um mistério, só tenho de aceitar a única explicação que
faz sentido. Você me criou. Acha esta uma idéia terrível? Eu sei que você sabe que muitos
outros deuses foram criados pelo homem: Zeus, Tor, Mercúrio, Elvis. Você reconhece que
essas divindades nasceram dos desejos, medos e necessidades humanas. Se as crenças
abençoadas de bilhões de indivíduos podem ser explicadas como produto da sua cultura,
por que não a sua? Os persas criaram Mitra, os judeus criaram Javé, e você me criou. Se eu
estiver errado sobre isto, por favor, explique-me. Minha segunda pergunta é esta:

PARA QUE EXISTIMOS?

Talvez eu mesmo me fiz, talvez algum outro deus me fez, talvez você me fez - vamos
colocar esta questão de lado, por enquanto. Estou aqui, agora. Por que estou aqui? Muitos
olham para mim como um propósito para a vida, mas tenho verificado que para muitos, o
propósito da vida é me agradar. (leia Revelações 4:11). Se seu propósito é me agradar, qual
é então meu propósito? Agradar a mim mesmo? Será este o propósito da vida? Se existo
para meu próprio prazer, então, isto é egoísmo. Fica parecendo que eu o fiz como uma
espécie de brinquedo para mim. Haverá alguma coisa que eu possa reverenciar? Algo para
adorar, homenagear, amar? Estaria eu projetado para ficar aqui sentado por toda a
eternidade, divertindo-me com a adoração dos outros? Ou adorar a mim mesmo? Como é
que fica? Tenho lido seus trabalhos sobre o significado da vida e, não me entenda mal, eles
fazem sentido num contexto teológico de objetivos humanos religiosos, mesmo
considerando que não têm utilidade no mundo prático. Muitos de vocês acreditam que o
objetivo da vida é atingir a perfeição. Já que vocês humanos estão longe da perfeição e isto
vocês mesmos admitem (e eu concordo), então, o progresso deixa vocês com uma missão.
Dá a vocês algo a fazer. Algum dia, vocês pensam que são tão perfeitos como acham que
eu sou. Mas desde que sou, por definição, perfeito, não necessito deste objetivo. Estou
apenas como observador, penso eu. Mas eu ainda pergunto por que estou aqui. É bom
existir. É ótimo ser perfeito. Mas isto não deixa para mim nada para fazer. Criei o universo
com todas as suas leis naturais, que governam tudo o que há, de quarks a aglomerados de
galáxias, e tudo parece correr bem por si só. Tive que criar todas essas leis a fim de evitar
que minha vida se transformasse numa sucessão infindável de atividades aborrecidas e
repetitivas, como guiando raios de luz no espaço, empurrando objetos para cair na
superfície da terra, agregar átomos para construir moléculas, e trilhões de outras atividades
mais condizentes com um escravo que com um mestre. Você já deve estar familiarizado
com muitas dessas leis, de modo que deverá ter chegado à mesma conclusão que eu: que
não há nada no universo para que eu fazer. É um tédio aqui em cima. Eu poderia criar
outros universos e outras leis, mas o que adiantaria? Já fiz universos. Criar é como espirrar
ou escrever pequenas histórias. Isto brota de mim. Eu poderia fazer uma orgia de criações.
Criar, criar, criar. Depois de um tempo a gente enche o saco de fazer sempre a mesma
coisa, como quando a gente come uma caixa de chocolate e depois, quanto vai morder o
último, nota que este já não tem mais o mesmo sabor que tinha o primeiro. Depois de já ter
tido dez filhos, para que ter vinte? Estou perguntando a você e não ao papa. Se tanto mais,
melhor, então eu estaria obrigado a fazer um número infinito de filhos, e um número sem
fim de universos. Se me sentir obrigado a isto, eu já seria um escravo. Muitos de vocês
asseguram que é inapropriado procurar um propósito dentro de vocês mesmos, e que isto
tem de vir de fora. Eu acho o mesmo. Não posso achar propósito em mim mesmo. Se
achasse, teria que procurar meus motivos. Teria de descobrir por que eu escolhi uma razão
e não uma outra, e se essas razões vieram de dentro de mim, ou se as peguei numa sucessão
de auto-racionalizações. Já que não possuo nenhuma força poderosa dentro de mim mesmo,
então, não tenho nenhum propósito. Nenhuma razão para viver. É tudo sem sentido.
Certamente estou tentando dar sentido a você - agradar-me, atingir a perfeição, o que quer
que seja - e talvez seja tudo que lhe diga respeito; mas será que não o aborrece, só um
pouco, que a fonte do sentido para a sua vida não tenha nenhum sentido ele próprio? E que
se isto for verdade, talvez você mesmo não tenha seu próprio sentido? Se o faz feliz esperar
de uma fonte de referência externa na qual encontre significado, por que negar o mesmo a
mim? Também quero ser feliz, e gostaria de encontrar esta felicidade em outro lugar fora de
mim. Seria isto um pecado? Por outro lado, se você acha que eu tenho o direito e a
liberdade de encontrar a felicidade em mim mesmo e nas coisas que criei, então por que
você não teria o mesmo direito? Logo você, que eu criei à minha imagem. Sei que alguns
de vocês propuseram uma solução para este problema. Chamam isto de "amor". Acham que
estou sozinho aqui em cima e crêem que fiz a humanidade para satisfazer minha
necessidade de um relacionamento com alguém que não eu mesmo. Claro, isto nunca
funcionaria, porque seria impossível criar algo que não seja parte de mim mesmo, mas
digamos que eu tentasse mesmo assim. Suponhamos que eu tenha criado isto que se chama
"livre-arbítrio" que seria correspondente à escolha de cada um. Se eu desse a liberdade (e
isto seria forçar a palavra, porque não há nada fora do meu poder), de não me amar, então,
se alguns de vocês alguns poucos, se só um, escolher me amar, eu não ganharia nada além
do que já tinha. Ganhei um relacionamento com alguém que teria escolhido de qualquer
forma. Isto é o que se chama amor, vocês dizem.
Isto é uma grande idéia, no papel. Na vida real, entretanto, ocorre que bilhões de pessoas
tenham escolhido não me amar e eu tenho que fazer algo contra esses infiéis. Não poderia
simplesmente descria-los. Se eu simplesmente destruísse todos os não crentes, eu poderia
ter criado apenas crentes, logo no princípio. Já que sou onisciente, saberia de antemão quais
aqueles que me amariam, e isto não causaria qualquer conflito com o "livre arbítrio", já que
aqueles que não me quereriam já estariam eliminados previamente, simplesmente não tendo
a chance de ser criados. Eu chamaria isto seleção supernatural. Isto me parece muito mais
humano que o inferno. Você não pode ter uma relação de amor com alguém que não é seu
semelhante. Se vocês humanos não têm uma alma eterna, como eu, então são inúteis como
companhia. Se não posso respeitar seus direitos de viver independentemente, e seu direito
de escolher algo que não seja eu, então eu não poderia amar aqueles de vocês que
escolheram a mim. Eu teria de escolher um lugar para aqueles bilhões de almas que não me
escolheram, quaisquer que fossem suas razões. Chamemos de "inferno" aquele lugar que é
não-Deus, ou não-eu. Eu teria de criar esse inferno, se não nem eu nem o descrente poderia
escapar um do outro. Deixemos de lado os detalhes de como eu criaria esse lugar. E
separemos esse inferno de mim, longe de quem nada existe. (Não seria como se eu criasse
algo e depois jogasse fora - não há lixeira cósmica). O ponto é que, já que sou perfeito, este
lugar no exílio seria tudo que é oposto. Seria o último mal, dor, escuridão e tormento. Se eu
criei o inferno, então não gosto de mim mesmo. Se criei um inferno, então não seria
inteligente admitir isso. Como poderia saber se alguém declara me amar por meus próprios
méritos, ou simplesmente teme a punição? Como posso esperar que alguém me ame e ao
mesmo tempo me tema antes de qualquer coisa? O medo da punição eterna poderia assustar
as pessoas até a obediência, mas isto não é nada que inspire amor. Se você me trata com
ameaças e intimidações, eu teria de reconsiderar minha admiração pelo seu caráter. O que
acharia de alguém que criou seus filhos tendo este conhecimento de que alguns deles iriam
ser atormentados eternamente num lugar projetado especialmente para eles? Não seria
melhor nem ter nascido? Sei que alguns de vocês acham que o inferno é só uma metáfora.
Você acha o mesmo do céu? De qualquer forma, este argumento do amor completo está
errado. Se sou perfeito, não me falta nada. Não posso estar só. Não posso necessitar ser
amado. Nem sequer posso querer ser amado, porque querer é sentir falta de algo. Submeter-
me à questão de dar ou receber amor é admitir que posso ficar magoado com alguém que
decide não me amar. Se você pode me magoar, então não posso ser perfeito. Se não posso
ser magoado, não posso também amar. Se ignoro ou desprezo àqueles que não me amam,
mandando-os para o inferno, então meu amor não é sincero. Se tudo o que estou fazendo é
jogar os dados do livre arbítrio, e escolhendo aqueles que casualmente resolvem me
escolher, então sou um monstro egoísta. Se você joga dessa maneira com as vidas dos
outros, eu chamaria você de insensível, convencido, inseguro, egoísta e manipulador. Eu sei
que você tem tentado livrar a minha barra. Você explica que não sou responsável pelo
sofrimento de não crentes porque a rejeição a Deus é escolha deles, e não minha. Eles têm
uma natureza humana corrupta, você explica. Ora, quem deu a eles a natureza humana? Se
alguns decidem não fazer o bem, quem lhes deu esse impulso? Se acha que foi Satã, quem
criou Satã? E por que alguns homens se submeteriam a Satã a princípio? Quem criou essa
susceptibilidade? Se Satã foi criado perfeito e depois decaiu, de onde veio o erro da
perdição? Se sou perfeito, como, em nome de Deus terminei criando algo não perfeito?
Alguém já disse que uma árvore boa não pode dar frutos ruins. Aqui está o título para seu
próximo texto teológico: Eva era perfeita? Se era, não teria comido o fruto. Se não era,
então criei algo imperfeito. Talvez você ache que tudo isso tenha um propósito. Mas isto
me dá é dor de cabeça (se você não permite a mim uma simples dor de cabeça, então como
pode dar a mim a dor de um amor perdido?) Eu não conseguiria suportar saber que algum
ato meu fez algum mal a alguém. Bem, eu não deveria dizer isto. Já que eu acho que você
me criou, acho que você é quem deveria dizer com quem eu deveria viver. Se acha que é
consistente com meu caráter tolerar amor e vingança ao mesmo tempo, então não tenho
escolha. Se você é meu criador, eu posso cuspir amor por um lado da boca e brutalidade do
outro. Eu poderia dançar com minha amante sobre os ossos dos filhos desencaminhados e
fingir que estou gostando. Seria muito humano, na verdade. Teria milhares de outras
perguntas, mas permita-me mais uma só:

COMO DECIDO O QUE É CERTO E O QUE É ERRADO?


Não sei como cheguei aqui, mas estou aqui. Digamos que meu propósito é escolher as boas
pessoas na minha criação. Suponha que estou aqui para ensiná-lo a ser perfeito como eu, ou
como eu quero que seja. Seu objetivo seria ser pequenos espelhos de mim. Não seria
esplêndido? Eu lhe daria regras e princípios e você tenta segui-los. Isto pode ser ou não
significativo, mas pelo menos nos manteria ocupados. Suponho que sob seu ponto de vista,
seria terrivelmente significativo, já que eu tenho o poder de recompensar e castigar. Sei que
alguns teólogos protestantes acham que recompenso não por boas ações mas apenas por
crer em meu filho Jesus que pagou a punição por suas más ações. Bem, Jesus passou apenas
trinta e seis horas de uma sentença de vida eterna no inferno e agora está de volta aqui
comigo, no aconchego do lar. Ele não foi libertado por bom comportamento. Ele foi
simplesmente liberado. (Ele tinha relacionamentos). Se meu julgamento justo exige
satisfação, Jesus deveria pagar o preço total, não acha? Além disso, fica incompreensível
para mim como eu aceitaria o sangue de um indivíduo como pagamento pelos crimes de
outro. Isto é justo? Isto é justiça? Se você comete um crime, pode a justiça aceitar que seu
irmão pague em seu lugar? Se alguém arromba sua casa, você acha que foi feita justiça se
um amigo compra nova mobília igual à roubada? Você acha que sou um ditador
sanguinário que me contento com a morte de alguém pelo crime de um outro? Você é tão
desrespeitador da justiça a ponto de aceitar um substituto para ser punido por seus crimes?
E a responsabilidade pessoal? Mas vamos ignorar estas objeções. Vamos supor que Jesus e
eu resolvemos tudo isso, e que o mal será punido e o bem recompensado. Como saberei a
diferença? Você insiste que não consulto qualquer manual. Você pede para que eu seja o
Juiz Final. Eu devo simplesmente decidir e você deve aceitar minha decisão. Estarei livre
para decidir o que quiser? Suponha que eu queira que você me honre com um dia meu.
Gosto do número sete, não sei porque, talvez por ser o primeiro número inútil. Dividamos o
calendário com grupos de sete dias e vamos dar o nome desses grupos de semanas. Por
harmonia, suponha que divida grosseiramente cada fase lunar por sete dias. O último dia da
semana - ou talvez o primeiro, não importa - vou reservar para mim mesmo. Vamos chamá-
lo de sábado. Isto parece certo e acho que é o melhor a fazer. Farei uma ordem para que
você guarde os sábados, e se você respeitar, eu o considerarei boa pessoa. De fato, farei
desta lei um dos meus dez grandes mandamentos e o condenarei à morte se desobedecer.
Isto tudo faz perfeito sentido, não sei por que. Ajude-me agora. Como posso escolher o que
é moral? Já que não posso consultar nenhuma autoridade, a coisa a fazer, me parece, deve
ser escolhida aleatoriamente. Coisas serão boas ou más apenas porque eu decido como tal.
Se eu, apenas por cisma, decido que você não fará imagens para adorar, então assim o será.
Se eu decidir que assassinato é bom e compaixão é ruim, você terá de aceitar. Será tudo
assim? Eu apenas decido como der na veneta o que é certo e errado? Claro! Decido baseado
no que me faz sentir bem. Mas já li em sua literatura que você considera esse tipo de atitude
como sendo autoritárias. Alguns de vocês dizem que sou perfeito, que não posso errar
nunca. Tudo que escolho para ser certo ou errado, é de acordo com minha natureza, e já que
sou perfeito, então, minhas escolhas são sempre perfeitas. Em qualquer situação, minha
escolha será sempre melhor que a sua, você sabe. Mas o que significa "perfeito"? Se minha
natureza é perfeita (qualquer que seja seu significado), então eu estou me baseando num
padrão, então não sou Deus. Se perfeição significa algo por si só, diferente de mim, então
sou constrangido a seguir seu caminho. E se, por outro lado, perfeição é algo inerente a
mim, então não significa nada. Minha natureza poderá ser o que quiser, e a perfeição
poderá ser definida de acordo. Vê o problema aqui? Se "perfeição" é "Deus", seria apenas
um sinônimo de mim mesmo, e poderíamos fazer o que quiséssemos com a palavra.
Poderíamos usar qualquer das duas palavras. Faça sua escolha. Se sou perfeito, então há
certas coisas que não posso fazer. Se não tenho liberdade para invejar, ter cobiça ou
malícia, por exemplo, então não sou onipotente. Não posso ser mais poderoso do que você,
que pode fazer e sentir coisas que não posso. Além disso, se você acha que Deus é perfeito,
por natureza, então o que significa "natureza"? A palavra é usada para descrever o modo
como coisas acontecem na natureza, mas já que você me considera acima dela, talvez você
esteja considerando outra coisa, talvez "caráter" ou "atributos". Ter uma natureza ou um
caráter, significa ser uma ousa em vez de outra. Significa que há limites. Como posso ser
uma coisa e não outra? Como é decidido que minha natureza é esta ou aquela outra? Se
minha "natureza" é claramente definida, então tenho limites. Não sou Deus. Se minha
natureza não tem limites, como muitos de vocês sugerem, então não tenho nenhuma
natureza, na verdade, e dizer que Deus tem esta ou aquela natureza não tem significado
nenhum. De fato, se não tenho limites, não tenho identidade; se não tenho identidade, não
existo. Quem sou eu? Isto me leva de volta à questão: Se não sei quem sou eu, então quem
decide o que é certo? Devo cutucar a mim mesmo para ver em que dá? Há algo que devo
perseguir e uns de vocês já sugeriram. Devo fazer um pronunciamento sobre o que é melhor
para a humanidade. Vocês têm um corpo físico e circulam num meio físico. Eu deveria
determinar aquelas ações que são saudáveis e benéficas para seres materiais num ambiente
material. Deveria fazer da moralidade algo de material: algo relativo à vida humana, e não
aos meus desejos. Eu deveria declarar (por conclusão, e não por decreto) que destruir a vida
humana é ruim, e que ajudar os outros humanos é bom. Seria como elaborar um manual de
instruções para um produto por mim elaborado e fabricado. Seria necessário que eu
soubesse tudo sobre a natureza humana e o ambiente no qual os humanos vivem, e
comunicar essas idéias a você. Isto faz muito sentido, mas muda meus desafios quanto a
determinar a moralidade e comunicar a moralidade. Se a moralidade está na natureza, então
você não precisa de mim, a não ser talvez, para provocá-lo. Já vi que vocês têm mentes
capazes e a habilidade de usar a razão e a ciência. Há algo de misterioso quando estudamos
a maneira como os humanos interagem entre si e com a natureza, e você precisa contar
sempre com seu conjunto de regras. Alguns de vocês tentaram, alguns milênios antes de
Moisés. Mesmo que suas leis sejam contrárias às minhas, eu não poderia querer suplantá-
las. Pelo menos você deveria ser apto a dar razões às suas leis, o que eu só poderia fazer
submetendo-me à ciência. Se moralidade é definida como os homens se relacionam com a
natureza, então vocês não precisam na verdade de mim. Estou fora do jogo! Até onde eu
saiba, a maioria de vocês têm os pés no chão e não necessitam da minha ajuda. Eu poderia
entregar algumas tábuas contendo coisas que acho certo e errado, mas duvido se iam
adiantar alguma coisa aí no mundo real. Acho que devemos concordar que razão é mais
importante do que um capricho de uma divindade. Esta é uma ótima abordagem, mas o que
me aborrece é que isto pode ajudá-lo a entender que moralidade está no seu próprio
ambiente, mas para mim, pouco vai ajudar. Não tenho um ambiente. Estou aqui ao sabor da
brisa. Invejo você. Nem a abordagem humanista ajuda a vocês quererem que a moralidade
seja dependente de algo absoluto, fora de vocês. Deve ser assustador para aqueles que
precisam de uma âncora para descobrir que não existe fundo no oceano. Bem, para mim é
assustador também. Não tenho minha própria âncora. É por isto que lhe peço ajuda.
Obrigado por ter lido minha carta, e por ter atrapalhado sua vida muito ocupada. Por favor
responda de acordo com sua conveniência. Tenho todo o tempo do mundo.

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