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Título: Onde está o Infinito - pessoal?

Capítulo I

A Pergunta de Muitos

Quem é Deus? Como conhecê-LO? Onde achá-LO? Como obedecê-LO? São perguntas
que normalmente nos fazem e que são peculiares à existência de todos os homens.
Estejam onde estiverem, perguntam as mesmas coisas. Seja na tribo mais longínqua,
na comunidade mais primeva, na Antártida mais gelada, no Tibet mais pobre, na
cidade mais neurotizante e massificada, a pergunta, no entanto, é a mesma. Fazem-
na uns enquanto pesquisam nos laboratórios mais sofisticados do mundo científico.
Outros, depois de um exaustivo dia de trabalho numa cidade mecanizada e
alienadora; outros, no oriente religioso, e outros, ainda, conscientemente deixam de
fazê-la, mas seus gritos frenéticos de desespero, na busca incessante de encontrar
razões para a existência, revelam tal inquirição em meio à profunda inquietação
espiritual que essa pergunta causa enquanto não lhes vem a resposta.

Pensamentos Indefinidos

As estatísticas revelam que 96% dos cidadãos americanos crêem na existência de


Deus. Mas para uma grande parte deles Deus é um ser distante, alienado por
vontade própria, perdido num universo sem paredes e totalmente incognoscível para
o homem. Não é de admirar que tais pessoas lutem entre o pessoal e o impessoal,
entre o "Deus-Ser" e o "Deus-Energia". Há aqueles cujas questões ainda não
tiveram nenhuma linha escrita nas páginas das respostas para a razão
devida para se, e se encontram perdidos num ponto finito do Universo. Olham ao redor
e não encontram
nada de uma existência infinita, pessoal e absoluta e, por nada encontrarem de
infinito em redor do finito, perdem-se na total destituição do significado existencial.
Platão lutou com este conflito existencial até que compreendeu o que mais tarde
Jean-Paul Sartre viria a anunciar em nossa perturbada geração do século XX: "Um
ponto finito não tem significado algum, a menos que haja um ponto infinito como
referência." Diante de tal assertiva, temos que ser co-beligerantes ao lado de Sartre
para admitir que isto é verdade. Se o homem, a matéria e tudo quanto é particular e
finito na existência não tiverem ao redor de si o universal e infinito-pessoal, perdem
total significado e razão.

A Teosofia não Responde

Não obstante a nossa cultura científica, tecnológica e materialista aqui no Ocidente,


há o o oriente religioso, pobre, mórbido e lânguido nos seus anseios materiais. No
entanto, a ênfase por eles dada ao abstrato, paradoxalmente, como se fosse o que
há de mais real na existência, não os tem aproximado da satisfação espiritual e, ao
contrário, lhes tem impingido uma cultura existencial dependente de seres espirituais
mitológicos, dotados de poderes que são exercidos despoticamente no controle das
vidas dos homens.
Na Índia religiosa e sedenta de coisas espirituais, reina, de modo absoluto, um
panteísmo que se impregnou em todas as áreas da concepção religiosa do hindu. Tal
conceito da existência declara: "Tudo é Deus e Deus é tudo." Este conceito não torna
elucidativa a natureza de Deus, porque neste sistema Deus é uma Unidade
Energética destituída de virtudes e sentimentos. No panteísmo, as coisas particulares
da existência não têm significado, mas tão-somente o possui a Unidade Energética.
Sendo assim, o homem, como ser particular, não tem sentido em suas aspirações
particulares de encontrar paz, significado e satisfação para a vida, visto que ele é
apenas uma engrenagem no sistema e o sistema é Deus, e Deus, no sistema, vai do
homem à erva. Em tal raciocínio, o homem é igual a erva, e Deus, que é o homem e
a erva, passa a ser "nada" para a existência particular.

A Política Existencial não Responde

Considere-se agora outro sistema totalmente oposto ao que há pouco foi abordado.
Digo totalmente oposto referindo-me muito mais à área de sua existência no contexto
mundial do que propriamente aos efeitos oriundos de sua prática, porque tanto ele
como o panteísmo trazem influências semelhantes no que tange à pouca importância
dada ao pessoal, individual e particular na existência e à total atenção dada à
unidade, ao coletivo e impessoal. Refiro-me ao comunismo.
Nesse sistema, o homem não tem valor individual, mas apenas como membro de
uma sociedade. E para que revele valores reais na sociedade, necessário é que ele
entenda que a vida na área do ser humano só tem significado político-existencial e
que fora da máquina política o homem não tem qualquer valor transcendental, pois é
apenas um animal social, sem qualquer elemento imaterial na sua existência e
personalidade.
Não havendo respeito pela dignidade particular do homem, pelos seus anseios, por
sua paz interior nem pela satisfação existencial e valorização do individual, mata-se,
elimina-se e debulha-se o próprio homem, em nome da seleção dos mais aptos para
a existência coletiva. Como conseqüência dessa ideologia, Deus, como ser pessoal, é
colocado fora da existência do cosmo, para que a ideologia do impessoal, aliada ao
estatal, possa sobreviver no coração dos homens, num autêntico suicídio da razão, da
poesia e da pessoalidade.
Levanto, no entanto, uma questão: Qual o homem que já encontrou significado para
a existência num cosmo sem um ponto infinito como referência para o finito?

Marx, Frustrado na Base do Ser

Vejamos se, na prática, a teoria política de Karl Marx funcionou, trazendo-lhe


satisfação interior. Meditemos em seu poema "Invocação de um Desesperado":
Um deus roubou-me "o meu todo"
Nas maldições e nos golpes da sorte.
Todos os seus mundos se desvaneceram
Sem esperança de retorno,
E a mim nada mais resta que a vingança.
Eu quero construir um trono nas alturas,
O seu cume será glacial e gigantesco,
Terá por muralhas o terror e a superstição,
Por comandante a mais sombria dor,
Alguém que se volte para este trono com um olhar são,
Desviá-lo-á, pálido e mudo como a morte,
Caído nas garras de uma mortalidade cega e arrepiante.
Possa a sua felicidade cavar o seu túmulo.
(Karl Marx, Obras escolhidas, vol. I, N. York International Publishers, 1974.)
Leiamos o final do seu poema intitulado "Oulanem":
Se existe qualquer coisa capaz de destruir,
eu entregar-me-ei de alma e coração.
Livre para levar o mundo à ruína.
Sim, este mundo que se interpõe entre mim e o abismo,
Eu despedaçá-lo-ei em mil bocados,
À força de maldições,
Eu apertarei nos meus braços a realidade brutal,
Nos meus abraços ele morrerá sem uma palavra
E afundar-se-á no nada.
Liquidado, sem existência:
Sim, a vida passará a ser exatamente isso.
(Do livro de Robert Payne, Karl Marx Desconhecido, New University Press, 1971.)
Estas poesias revelam o total desânimo em relação à vida e o bem arraigado ideal de
suicídio racial de Marx.

Marx e a Dessensibilização Filial

Bom seria se houvesse tempo para um melhor estudo da personalidade de Marx e


mesmo isso foge ao escopo da presente discussão. Não obstante, cremos que as
ideologias marxistas impingiram à mente e à vida de seu fundador uma cauterização
sentimental. Vejamos a prova disso: Marx zangou-se com sua mãe e, em dezembro
de 1863, escreveu a Engels: "Há duas horas recebi um telegrama que me anunciava
a morte de minha mãe. Foi necessário que o destino levasse mais um membro de
minha família. Eu próprio já tenho os pés na cova, mas, nas circunstâncias atuais, a
minha saúde é bem mais útil do que a daquela mulher velha. Certamente irei a
Treveros por causa da herança." Sendo um homem culto, foram apenas estes os
recursos que teve para falar acerca da morte de sua velha e certamente alquebrada e
sofrida mãe!
É inquestionável que o sistema comunista aniquila o sentimental, o pessoal e
particular na existência, como conseqüência do afastamento de Deus e como
debilitado fruto da conversão à mensagem ateística!

Marx e a Dessensibilização Familiar

Vejamos a ideologia de Marx posta à prova no seu relacionamento familiar, onde


jamais se encontrou a presença de Deus ou, melhor dizendo, o temor e o respeito
pelo Criador!
Arnold Kunzli, no seu livro Karl Marx, A psychogram (Europa, Verlag, Zurich, 1966),
narrando-nos a vida de Marx, informa-nos que ele levou ao suicídio duas de suas
próprias filhas e um genro. Sob sua responsabilidade, três crianças morreram por má
nutrição. Sua filha Laura, casada com o socialista Lafargue, teve também de enterrar
três de seus filhos e em seguida suicidou-se juntamente com o marido. Outra de suas
filhas, Eleonor, decidiu com o marido fazer o mesmo; ela morreu, mas ele, no último
minuto, desistiu de seu tresloucado intento.
No dia 25 de maio de 1883, Marx escreveu a Engels: "Oh! Como a vida é vã e vazia
e, simultaneamente tão apetecível!"
Percebe-se nestas palavras a total ausência de significado para a vida e um frenético
desespero de busca de razões existenciais!
A União de Dois Sistemas Frustrantes

Falamos na presente discussão sobre o panteísmo, com seu sistema teosófico, e


também em comunismo, citando a incongruência do proposto com o vivido na prática
por Marx.
A relação entre o marxismo e o teosofismo não é acidental. A teosofia fez alastrar no
Ocidente a doutrina hindu da inexistência da alma individual. O comunismo, por outro
lado, despersonaliza os homens para transformá-los em "robôs", escravos do deus
impessoal chamado de "o Estado".
No entanto, em ambos os sistemas observa-se uma total ausência de satisfação
espiritual, sendo absolutamente certo afirmar-se que o homem necessita conhecer
um Deus pessoal e infinito capaz de satisfazer-lhe o coração, este um universo de
anseios, de anelos variados e de sonhos de felicidade.

Os Anos Não Responderam

A história, a religião e o racionalismo não têm podido aproximar o homem de Deus e,


conseqüentemente, não foram e nem serão suficientes para trazer-lhe realização
interior.
Será que, por ironia do destino, sendo o homem um ser ansioso por Deus, tem que
viver sempre sem Deus no mundo? Será que Deus é um omisso? Ou será que na vida
há uma espécie de dicotomia, onde só encontram Deus aqueles que dão um salto
cego de fé ou aqueles que encontraram a morte? Estas perguntas já começam a
alicerçar-se em muitas mentes no século XX. O pior é que com estas indagações vêm
também o conformismo e o descanso, culminando na morte do desejo de perseguir a
verdade. Com a transferência dos ideais sublimes do coração humano para a
responsabilidade de Deus ou para o dualismo vida-morte, o homem torna-se um
bambu seco, vazio por dentro e, alquebrado pelo repetido impacto das desilusões,
tantas vezes não tem maiores ideais senão o materialismo e a boêmia.
É lícito que tomemos conhecimento de tão grande catástrofe no interior dos homens
sem que esbocemos qualquer reação no sentido de ajudá-los? Ou será que as
soluções que temos já caducaram e se tornaram obsoletas para a exigente geração
do século XX, que não se satisfaz mais com os antigos conceitos que motivaram a
existência de centenas de gerações? Penso que, se permanecermos calados, seremos
1acusados de desumana, cruel e fria omissão.

O Homem Não Mudou

Estou convencido do fato de que o homem não mudou nos seus anseios interiores.
Mudaram os rótulos, as palavras, as roupas, o ambiente e os costumes aparentes,
mas os anseios básicos continuam os mesmos. Há três mil anos atrás exclamava o
homem: "Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim por ti, ó Deus,
suspira a minha alma." A forma poética mudou, o ambiente comum da vida do
homem também, mas o anseio continua sendo o mesmo. Trata-se apenas de uma
nova forma de poesia e não de uma mutação de valores humanos, dado que não
mudamos interiormente.
Ouçamos Solzenitsyn, no século da bomba, exclamar: "No coração de cada homem
russo há um vazio do tamanho de Deus." Consideramos ser desnecessário
estabelecer um paralelo entre o homem do passado e o homem do século XX, ainda
porque não nos sobra tempo nem espaço na presente discussão. Todavia, apelamos
para a simplicidade dos que nos lêem, no sentido de que recebam essa premissa da
imutabilidade dos anseios básicos do coração humano como algo estabelecido e
comprovado, para que, sobre esse alicerce, ergamos o edifício da faculdade do
conhecimento de Deus!

Deus Sempre Falou Para Quem Quis Ouvir

Há um livro cujos relatos nos dão notícia da comunhão que o homem, nas mais
diferentes fases da história, manteve com o seu Criador. Trata-se do livro
mundialmente chamado "A Bíblia". É assim intitulado por ser a reunião de vários
livros harmônicos proclamando a sabedoria de Deus, os seus decretos, os seus juízos
e os seus propósitos para com o homem.
Na Bíblia, encontramos algumas matérias básicas para a faculdade do conhecimento
de Deus. São quatro canais da revelação divina: dois naturais e comuns à percepção
de qualquer homem; dois especiais, ligados à investigação pessoal de cada homem.
Bom é, então, que nos despertemos para o conhecimento de Deus, visto que este é o
fato mais importante na existência do homem. Você precisa desta contundente
resposta para corresponder à exigência do seu espírito insatisfeito!

Capítulo II

A Natureza Demonstra Que Ele Está Aí

A Bíblia ensina, no Salmo 19:1, que: "Os Céus proclamam a glória de Deus e o
firmamento anuncia a obra de suas mãos. Um dia discursa a outro dia e uma noite
revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem nem há palavras e deles não se
ouve nenhum som, no entanto, por toda terra se faz ouvir a sua voz e as suas
palavras até aos confins do mundo."
A natureza tem consigo uma mensagem do Deus Criador, Eterno e Sublime. Paulo,
apóstolo do cristianismo primitivo, declara em Romanos 1:20: "Porque os atributos
invisíveis de Deus, assim como o seu eterno poder e também a sua própria divindade,
claramente se reconhecem desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio
das coisas que foram criadas." Dando prosseguimento à declaração feita acima, Paulo
diz que os homens, conquanto tivessem conhecimento de Deus, não o glorificavam
como Deus, sendo por isso indesculpáveis diante de Deus.

A Monumental Demonstração

A natureza, na sua grandiosidade, traz consigo uma mensagem do Deus Infinito e


Criador, Todo-Poderoso.
Contemplar nos nossos dias um céu maior do que aquele que contemplaram os
nossos antepassados, em razão dos amplos conhecimentos científicos que hoje
possuímos, de modo especial no campo da física e da astronomia, bem como através
da tecnologia de um modo geral, e não ter nenhum vislumbre da glória do Criador
Infinito é estar, no dizer de Paulo, louco e alienado. Saber hoje em dia que um raio
luminoso no espaço, à velocidade de 300 mil quilômetros por segundo, percorre, no
período de um ano, cerca de 9.467.480.000.000 km é assustador. Mas saber também
que o homem tão pequeno é dotado de possibilidades que o levam a perscrutar e a
descobrir estas coisas, é encantador!
Sim, deslumbra-nos saber que o sol tem um diâmetro de 1.390.600km,
aproximadamente cem vezes maior que o da Terra, com 12.757km, o que significa
dizer que, se o sol fosse oco, caberiam dentro dele um milhão de planetas Terra! Há
ainda outra estrela na nossa galáxia, a Antares, cujo diâmetro é de 241.350.000km.
Vemos, portanto, que dentro dessa estrela cabe todo o sistema solar, abrangendo
desde o sol até a órbita do planeta Marte.
Diante de tão grande manifestação de grandeza no espaço físico, e sabendo nós que
a matéria não é filha do "nada-nada", destituída de partículas invisíveis, simplificamos
a questão, para que não nos adentremos num campo onde a metafísica cristã tem
sido incontestável, afirmando tão-somente que este tão grande espaço físico traz
consigo uma mensagem estupenda do Criador Infinito, soberano na sua criação, não
sendo o Universo a extensão da essência divina, mas sendo o Criador independente
de sua criação e Infinito em sua imaterialidade.

A Artística Demonstração

A beleza, a poesia e as cores da natureza também nos trazem uma mensagem do


Criador.
Contemplar os prodígios da beleza no mundo e não reconhecer a realidade de Deus é
estar cego e enclausurado no ostracismo incompatível com a beleza de uma vida
plena e abundante!
A variedade e a harmonia, bem como as cores agressivas ou suaves da natureza,
concitam o espírito do homem a louvar e reverenciar o Criador. Nosso Amazonas é
um colosso repleto de variedade natural, possuindo a fauna e a flora mais
diversificadas de todo o planeta. Mas não só no Amazonas, como em todas regiões e
países do mundo, há lugares que são verdadeiros testemunhos da Criação. Um
Paraíso que no curso dos anos foi sendo destruído, poluído e arrasado pelo homem!
Visitar o Oriente, com sua topografia acidentada, com seus ciprestes, pinheiros e
olivais, traz fascínio ao espírito. Ver as grutas misteriosamente iluminadas das ilhas
mediterrâneas no litoral italiano é encantador para os olhos. Pasmar diante dos Alpes
e dos outeiros constantemente cobertos de neves e contrastar tal majestade com os
campos verdes e vales bem regados que os circundam normalmente é como ver
suntuosos príncipes tendo a seus pés imensos tapetes verdes, cuja harmonia com a
abóbada azul do castelo revela o exuberante gosto do grande artista que os
trabalhou.

A Rigorosa Demonstração

A exatidão da natureza também traz uma mensagem do seu Criador.


As leis da fecundação, tanto no reino animal como no vegetal, revelam-nos a mais
alta forma de equilíbrio e coletivismo dirigidos.
As rigorosas leis que regulam o desenvolvimento embrionário e pós-embrionário das
criaturas são simplesmente assombrosas e inexplicavelmente organizadas.
A pontualidade cronométrica dos movimentos de todos os astros conhecidos nos diz
de um universo ordenado e dirigido por leis estabelecidas de modo inteligente e
sábio. E onde há leis, pressupõe-se a existência de um legislador que não pode ser
menor do que as leis por ele instituídas.
Eminente cientista, conhecido no campo da pesquisa estatística, revelou que poderia
provar estatisticamente a existência de Deus, ainda que restringindo a pesquisa
apenas ao espaço do corpo humano!
Cuidado com a Alienação

Sem dúvida alguma a natureza traz consigo uma mensagem do seu Criador, e
alienar-se de tal revelação natural é, no dizer do apóstolo Paulo, estar indesculpável
diante de Deus.
Pobre do homem que rompe relações com Deus, ainda que tais relações sejam as
expressas na reverência que lhe devemos em razão do seu poder manifesto nas
coisas criadas. Olhemos, por exemplo, para Darwin, que reconheceu várias vezes em
seus escritos que duas coisas se iam apagando em sua mente à medida que
envelhecia: a primeira delas era sua alegria e satisfação pelas artes e a segunda, sua
alegria pela natureza. Isto é deveras desconcertante! Darwin emitira a teoria de que
a natureza, incluindo o homem, está baseada apenas no impessoal mais o tempo e a
casualidade. E, no final de sua vida, reconhece que isto tivera nele uma repercussão
negativa.
A dificuldade em explicar a natureza e o homem através do tempo vezes o acaso foi o
que levou Darwin a declarar em sua autobiografia e em cartas publicadas por seu
filho o seguinte: "Com a minha mente não posso crer que essas coisas venham ao
acaso." Já velho, disse isso muitas vezes! Em duas ocasiões, acrescentou esta
estranha nota: "Em meu intelecto, sei que isto não pode ser verdade, mas meu
intelecto é como o de um macaco, e quem pode confiar em semelhante intelecto?"
Isto levanta um grande problema. Com esse raciocínio, como poderíamos aceitar
quaisquer conclusões da mente humana, inclusive a própria teoria de Darwin?
Permitam-me, dentro deste contexto, inserir a narrativa de Francis Schaeffer, escritor
suíço, analisando a atual teoria do tempo vezes o acaso: "A ironia de tal situação é
representada por um evento acontecido a John Cage, compositor moderno que
escreve música através da teoria do acaso e seleção ao acaso. Certa vez Leonardo
Bernstein pôs à sua disposição a Orquestra Filarmônica de Nova York. Cage dirigiu
sua própria música ao acaso e quando terminou e começou a se curvar em
agradecimento, pensou ter ouvido vapor escapando do aquecedor. Então percebeu
que eram os músicos que o estavam vaiando. Como expressa John Cage, esta foi
uma traumática experiência. Mas tenho pensado com freqüência no que gostaria de
ter dito aos músicos naquela noite. Tenho certeza de que se alguém convivesse uma
hora com aqueles músicos teria chegado à conclusão de que a maioria deles,
filosoficamente, acreditava exatamente no que John Cage cria - que o universo
começa com o impessoal somado ao tempo e ao acaso. Por que estavam vaiando,
então? Porque não gostaram dos resultados do seu próprio ensinamento quando o
ouviram na base em que eram sensíveis; estavam vaiando a si próprios."
Vejamos a razão de tal concepção absurda narrada honestamente por um dos seus
pais filosóficos. Aldous Huxley confessa sua parcialidade, numa sincera declaração de
seus motivos ateus, em um dos seus livros (Fins e meios, pág. 270), onde escreve:
"Eu tinha motivos para desejar que o mundo não tivesse finalidade;
conseqüentemente, assumi que ele não a tivesse e fui capaz, sem muitas
dificuldades, de encontrar razões satisfatórias para essa suposição. O filósofo que não
encontra nenhum significado no mundo não está preocupado exclusivamente com um
problema de mera metafísica, mas sim em provar que não há razão válida para que
ele não possa fazer aquilo que bem entender fazer; ou para que seus amigos não
possam se apoderar do poder político e governar da maneira que acharem mais
vantajosa para si mesmos... Quanto à minha própria pessoa, a filosofia de não haver
significado no universo foi essencialmente um instrumento de libertação sexual e
política." Não é comum encontrarmos tão honestas confissões de alienamento
deliberado.
De fato, há uma total incompatibilidade entre a teoria do tempo vezes o acaso em
relação a tanta grandeza, beleza, poesia e ordem existentes no universo. Depois
disso, há o fato que mais sufoca tal conceito destituído de sensibilidade: é a
dignidade do homem e a sua sensibilidade para tudo o que é belo e poético, sendo
isso conseqüência de ter sido feito à imagem e semelhança de Deus, que é um ser
pessoal e infinito.
É inalienável o fato de que a natureza prega uma vigorosa mensagem a respeito de
Deus.
Como indivíduos, membros de uma sociedade que a passos gigantescos torna-se
tecnológica em quase todas as suas áreas, não devemos nos robotizar em
programações fechadas no sistema homem-máquina. Olhemos ao redor e nos
lamentemos, mas não com as lamentações dos omissos, e sim com o propósito
daqueles que agem na direção da preservação da natureza.
Saibamos, no entanto, o seguinte: no programa do amor divino, a natureza não traz
a mensagem da plena identificação do homem com Deus, mas sim a pregação da
existência real do Criador, que pode, em sendo conhecido pessoalmente, satisfazer
totalmente às necessidades básicas do espírito perscrutador da criatura humana.
Volvamos os nossos olhos para outro canal da revelação comum da existência do
Criador, conforme linhas adiante.

Capítulo III

A Consciência Fala que Ele Está Aí

Em Provérbios 20:27, lemos: "O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, o qual


sonda todo o mais íntimo do corpo."
Notamos na história do homem a valentia de muitos, que em razão de normas
interiores não se dobravam diante dos mais drásticos e ignominiosos castigos ou dos
mais sedutores apelos da sensualidade e da corrupção moral.
Na vida de milhares de homens e mulheres, a consciência de nobres atitudes
relacionadas com conceitos interiores mais profundos tem sido, no curso de milênios,
coisa das mais importantes a se observar.
A Bíblia chama tal necessidade de coordenação de valores e manifestação de
CONSCIÊNCIA.
Em Jó 27:6, lemos: "À minha justiça me apagarei e não a largarei; não me reprova
minha consciência por qualquer dia da minha vida." A Bíblia ensina que a consciência
dita ao interior dos homens as normas básicas de conduta universal.
Na investigação bíblica, há várias funções da consciência em relação à conduta
humana. Ela pode reprovar, acusar, argüir, golpear, testemunhar e imprimir deveres
ao interior dos homens. Há, no entanto, na apreciação bíblica, a possibilidade de
enfraquecimento e até mesmo de cauterização para a consciência, vindo assim a
cessação completa de sua voz ou dos seus juízos.
Da observação da conduta humana, depreende-se o fato do imperativo de suas leis
interiores, ficando patente, em tal observação, que as normas interiores dos seres
humanos não devem ser ditadas por sua própria vontade ou condicionamento, e sim
pelo mais soberano desígnio da existência: a vontade de Deus.
Em sua Crítica da Razão Pura, Emanuel Kant dizia que apenas duas coisas lhe
causavam assombro - os céus estrelados e a consciência de um homem.
Nos seus diversos graus de sensibilidade, a consciência dá testemunho de Deus ,e
sua existência dentro de nós constitui um manancial de águas vivas, formulando a
inarredável prova do reflexo divino na alma e na existência humana. Sem
consciência, seríamos como navios sem bússolas e sem estrelas para orientação,
como ovelhas que em momento algum ouvem a voz do pastor ou como mísseis
desprovidos de sistema orientador.

O Rigor da Consciência Fala

As piores prisões e flagelos que um homem pode sofrer são aqueles que a
consciência ferida lhe impõe.
Não há prisão tão fria e suja que possa ser comparada com a acusação promovida
pela consciência ferida de um homem honesto, que, momentaneamente, se desviou
da coerência e da integridade. Já houve quem dissesse: "Não sei o que é a
consciência de um homem desonesto. Desonesto não o sou, mas a consciência de
um homem honesto é horrível!"
Violentá-la é violentar-se a si próprio; aniquilá-la é destruir-se por dentro; calá-la é
reconhecer que o silêncio deprime: cauterizá-la é decretar o futuro estado animalesco
da própria existência!
As normas da consciência são pronunciadas ao rei que governa sem piedade e ao
mendigo que rouba por estar com fome, pois a própria consciência não se acovarda
diante de um nem é conivente diante do outro.
A consciência pode ser amiga fiel ou inimiga implacável, dependendo da coerência
que houver entre a sua voz e as atitudes humanas.
Se a deixarmos falar, ela é como um sábio que no decorrer nos anos desdenha da
insensatez e aplaude a verdade. É guia no labirinto dos enganos. É fio de prumo
mostrando as edificações tortuosas que edificamos. É juiz pronunciando sentenças só
revogáveis mediante sincero arrependimento do réu. Onde houver a coerência entre
as suas normas e a conduta humana ela estará sossegada, mas ao menor gesto no
sentido de rebelião interior, levanta-se ela qual guerreiro defensor da verdade,
brandindo sua espada no ar, não se importando com a posição social ou intelectual
do rebelado, porém com a disciplina que ele merece.

Quando a Consciência Morre

Encontramos na Bíblia referências à cauterização interior, sendo ela conseqüência do


desrespeito perpetuado contra a voz reprovadora da consciência.
Um homem sem consciência ativa é mais perigoso que qualquer besta fera. Cabe a
advertência no sentido de que ninguém despreze a voz que se faz ouvir no seu
interior, quer seja de aprovação ou reprovação dos atos atuais ou dos pensamentos
elaborados para a prática futura.
A recalcitrância no estado de erro declarado e reconhecido é perigosíssima, pois é
capaz de, no decorrer do tempo, fazer calar no jazigo da inconsciência a voz
orientadora do desígnio divino em nossos corações.
Guarde-se no recôndito mais interior da morada da obediência a voz educadora da
consciência. Com ela vêm normas básicas da vontade divina e feliz é o homem que as
pode atender. Não desprezará Deus esse esforço movido pelo temor e pela
obediência.
Conquanto saibamos que a consciência tem consigo normas da vontade divina, temos
mais uma vez que admitir que ela não torna satisfatoriamente elucidada a natureza
de Deus, pelo fato de que a nossa percepção da vontade divina não tem possibilidade
de se aguçar, a ponto de entender e conhecer o divino, sem a revelação vinda do
Alto para os corações humanos. Foi por isso que no início deste opúsculo falamos de
dois canais comuns à percepção de todos os homens e de dois dependentes da
averiguação particular de cada homem, pois são revelações verbalizadas,
proposicionais e pessoais de Deus ao homem.
Conheçamos então as revelações particulares de Deus, iniciando com sua
manifestação proposicional e escrita.

Capítulo IV

As Escrituras Atestam que Ele Está Aí

Deus se revelou nas Escrituras. Ele tem dois manuais: um é comum à existência de
todos os homens e manifesta-se de modo natural, sintetizado na natureza e na
consciência e também chamado de revelação natural; outro, é o manual da
revelação.
No manual da revelação Deus se manifestou verbalmente, e essa palavra
pronunciada sobreviveu a todos os ataques e golpes da pena humana. Resistiu aos
assaltos dos céticos, agnósticos e ateus, e jamais se curvou diante das descobertas
científicas. Continua suprema na sua forma e na sua essência, e quanto mais
numerosas são as descobertas arqueológicas ou científicas, mais se apresenta
comprovadamente idônea.
Perseverantemente os autores da Bíblia declaram que Deus lhes falou. Duas mil vezes
no Antigo Testamento encontra-se Deus falando aos antigos e sinceros profetas de
Israel. No Pentateuco, que são os cinco primeiros livros, encontramos frases como
estas:
"O senhor Deus chamou Adão e disse:"
"O Senhor disse a Noé".
"Deus falou a Israel."
"Disse Deus."
"O Senhor falou dizendo."
"O Senhor ordenou."
"A palavra do Senhor."
"Ouvi a palavra do Senhor."
"Assim diz o Senhor."
"A palavra do Senhor veio a mim."
"Pus minhas palavras em tua boca."
A coerência das afirmativas desses homens, bem como o cumprimento exato de suas
profecias, afasta por completo a acusação de que eles eram mentirosos ou loucos em
delírios e alucinações.
Em II Timóteo 3:16, encontramos a seguinte declaração: "Toda Escritura é inspirada
por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação
na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado
para toda boa obra." Esta foi a repercussão das Escrituras no interior do apóstolo
Paulo, homem culto e bem-dotado mentalmente. Vejamos agora o que Pedro,
homem simples e sem instrução acadêmica, pescador convertido ao Evangelho, nos
declara sobre o assunto: "Sabendo, primeiramente, isto, que nenhuma profecia da
Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi
dada por vontade humana, entretanto homens santos falaram da parte de Deus,
movidos pelo Espírito Santo." Pedro era um pescador acostumado a resultados
práticos e palpáveis, mas se mostrava confiante e dependente da realidade e
inspiração das escrituras, sendo isso também resultado da sua própria experiência
com ela.
Falar em nome de Deus não é, como muitos pensam, missão fácil e tranqüila. Sou
muito agradecido a Deus pela liberdade religiosa que gozamos no Ocidente, mas há,
na presente geração, milhares de homens e mulheres que sofrem nos países atrás da
Cortina de Ferro por sua fé e pela mensagem proferida em nome de Deus!
Na antigüidade, a perseguição não era menor, mesmo não sendo aquele um mundo
cético quanto aos valores espirituais da existência. Entretanto, havia total
incompatibilidade entre a mensagem pregada em nome do Senhor e a vida dissoluta
que os homens viviam. Essa foi a razão da perseguição ou mesmo da morte de
muitos profetas na antigüidade, mas a valentia, a intrepidez e a perseverança desses
homens diante dos mais cruéis martírios trouxeram-nos a prova de que a mensagem
por eles anunciada era digna de ser sustentada como verdade, ainda que a resultante
fosse a morte, sabendo nós, inclusive, que ninguém morre por aquilo que
conscientemente julga ser uma mentira.

Deus Provou que Falou

Há ainda o aspecto científico da exatidão das Escrituras. Vejamos o que diz o doutor
Henri Morris sobre o assunto: "No passado, era costume da alta crítica atacar tudo
quanto está mencionado na Bíblia, taxando-o de não-histórico, escrito muito depois
de os supostos eventos terem ocorrido, ou, por que não, simplesmente fabricado pelo
escritor. Entretanto, desde que começaram a ser acumuladas as descobertas
arqueológicas, em verdadeira multidão, nestes últimos 75 anos, o pêndulo está
balançando para outro extremo, e a Bíblia é considerada, até mesmo por aqueles que
não acreditam na sua inspiração, como um Livro digno de confiança em alto grau, do
ponto de vista histórico."
Sabemos que na cultura tecnológica do Ocidente os números vão se tornando
sinônimo de verdade. Diante deste fato, lançaremos agora provas matemáticas de
que as Escrituras e as profecias bíblicas são dignas de crédito, e não somente isto:
são também inspiradas por Deus, constituindo-se assim em um dos canais da
revelação do conhecimento de Deus para o homem. Damos, então, a palavra ao dr.
Morris: "Existem mais de trezentas profecias no Antigo Testamento que foram
cumpridas por Cristo na ocasião de sua primeira vinda. Na tentativa de determinar a
significação científica desses cumprimentos proféticos, certo matemático do estado
da Califórnia, nos Estados Unidos da América, o professor Peter Stoner, fez
interessante experiência com uma de suas classes. A cada membro da classe foi dada
uma profecia messiânica particular, para ser estudada com o propósito de determinar
a probabilidade estatística de como aquele evento especial poderia ter sido predito
sem o concurso da inspiração sobrenatural. Por exemplo, a profecia de Miquéas 5:2
diz que o Messias nasceria em Belém. Não havia mais motivo para essa aldeia ser
escolhida do que qualquer outra aldeia em Judá. Por conseguinte, sua possibilidade
de cumprimento por acaso é conseguida com a divisão pelo número das aldeias
existentes em Israel naquele tempo. Dessa maneira, as probabilidades de
cumprimento foram determinadas para cada uma das 48 profecias messiânicas."
(Obs.: O dr. Morris refere-se às profecias que, de um modo objetivo, são
reconhecidas como cumpridas claramente nas narrativas da vida de Jesus; no
entanto, há uma sem-número delas que se cumpriram também no primeiro advento
do Messias.)
"Ora as leis da probabilidade matemática mostram que a probabilidade das diversas
ocorrências por acaso, independentes uma das outras, de serem realizadas
simultaneamente, é igual ao produto das probabilidades das diversas ocorrências
individuais. Assim, a probabilidade de todas essas 48 profecias se terem cumpridos
simultaneamente em um indivíduo, o Messias e Salvador prometido, foi calculada
como o produto de todas as probabilidades separadas. E o professor Stoner descobriu
que a probabilidade resultante é a probabilidade entre o número que se escreve com
o algarismo 1 seguidos por 181 zeros. Para percebermos a significação desse número
tremendo, poderíamos imaginar uma enorme bola composta de elétrons solidamente
amontoados. Os elétrons são as menores entidades que conhecemos. Seriam
necessários 2,5 milhões de bilhões deles para fazer uma linha com uma polegada de
comprimento.
A maior coisa que conhecemos a respeito é nosso Universo físico, com cerca de
quatro bilhões de ano luz de diâmetro (um ano luz é a distância que a luz viaja
durante um ano, à velocidade de mais de trezentos mil quilômetros por segundo).
Entretanto, nossa bola de elétrons compacta deveria ter um diâmetro cerca de
quinhentos quatrilhões de vezes maior que o diâmetro de nosso Universo.
Um desses elétrons seria a seguir destacado entre os demais, e então a massa inteira
seria agitada completamente. Seria então enviado um homem de olhos vendados
para encontrar dentre a enorme massa o elétron marcado. A probabilidade que ele
teria de selecionar o elétron correto, na primeira tentativa, seria, em termos
redondos, equivalente à probabilidade de que essas 48 profecias referentes ao
Messias tivessem tido seu cumprimento sem o concurso da inspiração sobrenatural e
divina." (Morris)
Tivéssemos nós tempo, e entraríamos em interessantes descobertas arqueológicas,
que tornam patente que as Escrituras não são simples registros históricos, mas sim a
própria palavra de Deus, em face de sua autoridade e também do cumprimento de
todos os seus veredictos pronunciados à história e aos homens.
Cumpre-nos dizer que as Escrituras não apenas testemunham e revelam a natureza
santa do Criador, mas também orientam o inquiridor sincero até a revelação pessoal
de Deus, que está em seu Filho, Jesus Cristo, sendo Ele próprio a imagem do Deus,
invisível, o Primogênito de toda a criação.
Olhemos então para a revelação pessoal de Deus e conheçamo-LO intimamente
através dela.

Capítulo V

Em Jesus Cristo Ele Veio Aqui

O professor T.W. Manson expressou sua opinião sobre o fascínio da vida de Jesus
com as seguintes palavras: "Um dos aspectos mais surpreendentes da vida intelectual
nos últimos dois séculos é o interesse ininterrupto na vida e no ensino de Jesus e um
esforço contínuo para descobrir os fatos e avaliar sua significação. Pensar-se-ia que,
logicamente, em um campo cultivado de modo tão diligente, por um período tão
longo, nada mais haveria para ser feito e pouca novidade a ser revelada. É de
espantar, porém, que esta expectativa razoável seja constantemente negada pelo
que acontece."
Jesus é a pessoa histórica mais importante que já existiu.
Seu nascimento dividiu a história; Seu ensino revolucionou os costumes de dois
terços do mundo existente, ainda que boa parte dessa influência tenha sido distorcida
ou mesmo paganizada.

Quem é Ele?

Com o Seu nascimento, começaram as perguntas a respeito dEle. Os magos do


Oriente indagaram: "Onde está o recém-nascido Rei dos Judeus?" (Mateus 2:2).
Ainda nos primeiros meses de Sua existência, ao ser levado ao templo, dEle já se
dizia: "Eis que este menino está destinado tanto para a ruína como para
levantamento, e para ser alvo de contradição, para que se manifestem os
pensamentos de muitos corações." (Lucas 2:34-35)
Logo ao iniciar seu ministério, as perguntas se ergueram das mentes em suspense:
"Quem é este que diz blasfêmias?" (Lucas 5:20-21); diante dos seus discípulos
espantados em face do sobrenatural, ouve-se: "Quem é este que até o vento e o mar
lhe obedecem?" (Mar. 4:41); diante dos fariseus intrigados pelo perdão dado a uma
prostituta, escuta-se: "Quem é este que até perdoa pecados?" (Lucas 4:39). Quando
no final do seu ministério entra em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou e
perguntavam: "Quem é este?" (Mateus 21:10). As mesmas perguntas continuam
sendo feitas em muitos círculos, universidades, tribos ou grandes cidades. São
perguntas nossas! E se as fazemos é porque sabemos que de alguma forma elas
podem ser respondidas.

Jesus, o Sui Generis

A pessoa de Jesus nunca foi nem será abandonada pelos homens. Há perguntas
sobre Deus irrespondíveis para os homens que podem ser respondidas pelo próprio
Deus. Um número incontável de pessoas tem afirmado que "nEle estão ocultos todos
os tesouros da sabedoria e do conhecimento", e todos os que assim pensam também
afirmam: "nEle habita corporalmente toda plenitude da divindade." (Col. 2:9)
No Evangelho de João, capítulo I, versículos 1 e 2, encontramos o que segue: "No
princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no
princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle e sem Ele nada
do que foi feito se fez." Concluindo seu pensamento sobre a existência anterior à
matéria, João declara: "E o Verbo (Aquele que existe antes da matéria) se fez carne e
habitou entre nós cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória como a do
Unigênito do Pai." (Jo. 1:14)
Mas as maiores afirmativas do cristianismo não foram feitas pelos discípulos de Jesus,
e sim por ele próprio.
As reivindicações feitas por Jesus assombram os filósofos, causam inquietação nos
céticos, contradizem fundadores de religiões outras e acalentam os corações de
milhares de homens de fé.
O cristianismo está inseparavelmente ligado ao seu Fundador, o que não acontece
com as outras religiões existentes no mundo.
Há sobrevivência para o budismo sem a pessoa de Buda, para o confucionismo sem
Confúcio, para o maometismo sem Maomé. Aliás, foi isso mesmo o que declarou um
dos mais fervorosos discípulos de Maomé, quando este morreu em Medina. O povo
de fé islâmica encontrava-se desolado com a morte do profeta do Corão. Todos
lamentavam como por um sonho cheio de esperanças que se desfizera com a
realidade do despertar, mas Bila, servidor ardoroso do Islã, subiu no alto da Mesquita
de Medina e de lá gritou em alto e bom som para todo o povo: "Maomé está morto.
Quem colocou fé em Maomé, com ele também morreu, mas Alá continua vivo e os
que nele têm posto fé continuarão vivendo." Inserimos esta declaração de Bila no
contexto, mas não concordamos com o fato de que um deus criado pela imaginação
humana, como foi o caso de Alá na sua relação com Maomé, possa satisfazer os
exigentes anseios do coração humano.
O conceito que o Corão, livro dos maometanos, nos traz de Deus é o seguinte: "um
Deus totalmente afastado dos homens, caprichoso em todos os seus atos,
responsável tanto pelo bem como pelo mal." Este conceito não satisfaz o espírito
sedento por uma relação pessoal com o seu Criador. Gostaríamos também de citar
declarações de pessoas verdadeiramente insatisfeitas nesse sistema filosófico-
religioso, bem como em muitos outros sistemas, mas a escassez de tempo não nos
permite fazê-lo.
Dos grandes líderes religiosos do mundo, só Cristo declara que é Deus.
A ênfase que é dada às demais religiões do mundo não se prende aos seus
fundadores, mas aos seus ensinos. Este não é o caso de Jesus. Ele fez de Sua própria
pessoa e obra o ponto central dos seus ensinamentos.
Thomas Carlile, historiador e filósofo do século XIX, afirmou: "Se se perder a doutrina
da divindade de Cristo, o cristianismo desaparecerá como um sonho." Outra
declaração extraímos do dr. W. H. Griffith Thomas, que chegou a ser diretor da
Wycliffe Hall, Oxford: "O cristianismo é a única religião do mundo que permanece na
pessoa do seu Fundador."
A pessoa e a obra de Jesus são a rocha inabalável sobre a qual o cristianismo está
fundado. Sem Cristo, o cristianismo faleceria de tristeza e fraqueza. Cristo é o centro.
Tudo em redor é circunferência.
A diferença básica entre a mensagem de Jesus e a das outras religiões está no fato
da relação do homem com o seu Criador. Nas outras religiões do mundo encontramos
os homens se esforçando para alcançar a Deus. No cristianismo, encontramos Deus
alcançando o homem e relacionando-se de modo pessoal e em plena identificação
com ele.
O dr. D. T. Niles, do Ceilão, declarou: "Nas outras religiões, as boas obras são 'a fim
de'. No cristianismo, as obras são 'o portanto'. Noutras religiões, as obras são os
meios pelos quais a pessoa espera ganhar a salvação. No cristianismo, a salvação se
recebe como um dom gratuito através da obra completa realizada por Cristo, e o
'portanto... das obras vem a ser o imperativo do amor de Deus'. Como alguém já
disse: 'As outras religiões são: faça'. O cristianismo é 'feito'."
A mensagem de Jesus é: "Eu vim buscar e salvar o que se havia perdido." É uma
pregação da preocupação de Deus com as suas criaturas, dotadas de existência
pessoal, e o Seu imenso desejo de se relacionar com elas em amor.
Ainda que os efeitos práticos do cristianismo possam ser reconhecidos na base
existencial do dia a dia, não queremos apelar para um pragmatismo sem explicações.
Desejamos, a partir desta hora, olhar para as reivindicações que Jesus fez para si
próprio. Citamos nesta oportunidade H. P. Liddon, um antigo erudito e chanceler da
Catedral de São Paulo: "Sua mais espantosa revelação não foi Ele próprio." Vejamos
as reivindicações das palavras de Jesus.

Palavras Inimitáveis

O pronome pessoal e o artigo definido são indispensáveis nas declarações de Jesus.


Observemos: "Eu sou a Luz do mundo; quem me segue não andará em trevas; pelo
contrário, terá a Luz da vida." (Jo. 8:12) "Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida;
ninguém vem ao Pai senão por mim." (Jo, 14:6) "Eu sou o Pão da Vida; o que vier a
mim jamais terá fome; e o que crer em mim jamais terá sede." (Jo. 6:35) "Eu sou a
Ressurreição e a Vida. Quem crer em mim não morrerá eternamente." (Jo. 11:25-26)
Em Lucas 4:18-22, encontramos uma espantosa reivindicação que Jesus fez para Si
próprio. Nessa passagem, lemos que estando Jesus em sua cidade natal, entrou em
uma sinagoga e manifestou o desejo de ler as Escrituras. Abriu num texto de Isaías,
numa profecia referente ao Messias, leu-a, e depois, diante de todo o povo,
exclamou: "Hoje se cumpriu a Escritura de acabais de ouvir." Em outras palavras, Ele
asseverava: "Isaías escreveu isso sobre mim."
Numa outra ocasião, diante dos judeus intrigados com Suas afirmativas, Jesus disse:
"Vosso pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se." Perguntaram-
lhe os judeus como isso poderia ter acontecido, porquanto Abraão vivera dois mil
anos antes de Jesus. Ele lhes respondeu: "Antes que Abraão existisse, eu sou."
Ele também afirmou que o Velho Testamento anunciava a Sua vinda e que Moisés
havia escrito a respeito dEle. Diante de uma multidão de homens religiosos e
monoteístas, Jesus afirmou: "Eu e o Pai somos um!" E na noite que antecedeu o Seu
sofrimento e morte, estando reunido com os Seus discípulos, um deles, chamado
Felipe, lhe perguntou: "Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta." Ao que
respondeu Jesus: "Felipe, há tanto tempo estou convosco e não me tens conhecido?
Quem me vê a Mim, vê o Pai; como dizes tu: mostra-nos o Pai? Não crês que eu
estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por
mim mesmo; mas o Pai que permanece em mim faz as suas obras." (Jo. 14:8-10)
Não há possibilidade de coadunarmos qualquer sentido de megalomania da parte de
Jesus e de suas reivindicações pessoais, a não ser com Sua própria divindade. Como
disse C. S. Lewis: : "A discrepância entre a profundidade e a sensatez do Seu ensino
moral de um lado e, do outro, a incomensurável megalomania que teria que subjazer
atrás do Seu ensino teológico, a menos que Ele fosse realmente Deus, nunca foi
superada e explicada satisfatoriamente."
Há aqueles, no entanto, que acham que Jesus mentiu quando fez as asseverações de
Sua divindade para atrair a atenção dos Seus crédulos e ignorantes discípulos. Há
outros que O têm na conta de sincero, porém enganado basicamente naquilo que cria
com sinceridade. Há ainda aqueles que lhe atribuem o plano da paranóia e da
loucura, dizendo que só um louco poderia fazer tais reivindicações. Mas para
enfraquecimento dos argumentos acima mencionados, não há qualquer análise séria
que possa detectar mentira, engano ou loucura na pessoa de Jesus; muito pelo
contrário, Suas afirmativas são perfeitamente congruentes com as obras por Ele
operadas diante dos homens. Se as reivindicações das obras de Jesus podem ser
usadas como elemento apologético incontestável, dando assim realidade às suas
palavras, começa a tornar-se claro o mistério, para milhares de homens, no que diz
respeito a um Deus distante e incognoscível, pois nas reivindicações de Jesus
patenteia-se a realidade de uma mensagem impregnada da unidade existente entre o
seu pregador e o Criador de todas as coisas. Sendo isso verdade, Deus passa a estar
perto e ser cognoscível.

Obras Inigualáveis

Seu nascimento é narrado como algo sobrenatural. Aliás, só um nascimento


sobrenatural explica uma vida tão cheia de fascínio e poder. Toda a Sua vida foi
marcada pela manifestação do incomum ou mesmo do extraordinário na relação com
as leis da natureza.
Encontramo-Lo no início do Seu ministério jejuando quarenta dias e noites, e
sobrevivendo diante de tão grande abstenção alimentar. A partir daí, vemo-Lo
operando toda sorte de sinais e prodígios na cura dos enfermos, paralíticos, lunáticos,
cegos, mudos e surdos, sem que de Sua parte fosse feito qualquer ritual misterioso.
A harmonia entre as Suas palavras e o efeito por elas obtido na recuperação dos
flagelados do corpo humano é tão encantadora quanto tudo o que o mais hábil de
todos os maestros pode arrancar da mais atenta e afinada orquestra.
Quando observamos todos os homens dotados de possibilidades de efetuar o
sobrenatural, verificamos sempre a necessidade, para eles imprescindível, de
humilhação, petição e espera da manifestação sobrenatural. Tal não acontecia com
Jesus, que com a autoridade dAquele que pode todas as coisas com simplicidade e
consciência ordenava.
Em João 10:25, lemos: "Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome
de meu Pai testificam a meu respeito." Vejamos, então, como estas obras podem
testificar a respeito de Jesus e de Sua divindade.
Entendamos antes de darmos prosseguimento a essa argumentação que, se de fato
as maravilhas operadas por Jesus nos revelam a Sua divindade, podemos, a partir
daí, conhecer a natureza, o caráter e a personalidade de Deus em Cristo Jesus.
Ele tinha poder para transformar os elementos básicos da matéria, pois demonstrou
isto transformando água em vinho.
Cristo nos revelou que tinha possibilidade de saber o que as pessoas estavam
fazendo ou iriam fazer, ainda que delas estivesse distante no tempo e no espaço.
Demonstrou isso ao dizer para Natanael o que este estava fazendo naqueles dias
antes de encontrar-se com Jesus. Revelou-nos, também, na casa do fariseu Simão,
quem era a mulher que lhe lavava os pés. E quando, na cidade de Sicar, narrou para
a mulher com quem conversava à beira do poço toda a história de sua vida
pregressa, patenteou este Seu poder. Entrando em Jericó, ao passar embaixo de um
sicômoro, olhou para cima e disse a um desconhecido: "Zaqueu, desce depressa, pois
hoje me convém pousar em tua casa."
Revelou-nos Sua autoridade sobre a matéria e sua existência tirando-a quase do
nihilo, ou seja, quase "do nada", e num certo sentido "do nada" mesmo. Manifestou
isso duas vezes, sendo uma delas junto ao Mar da Galiléia, diante de cinco mil
pessoas famintas e sem terem o que comer. Quando lhe trouxeram cinco pães e dois
peixes, debaixo da crítica racionalista dos seus discípulos que diziam "Que é isto para
tanta gente?", Ele, entretanto, tendo dado graças, distribuiu os pães e os peixes aos
seus discípulos, e estes, ao povo. E dessa insignificante quantidade de alimentos
participaram cinco mil pessoas, tendo sido recolhidos ao final doze cestos cheios dos
pedaços que haviam sobejado.
Tornou-se-nos também evidente o Seu poder no governo soberano da natureza e das
suas leis quando atravessou o Mar da Galiléia para a cidade de Gadara, na companhia
de seus discípulos. Estes remavam e Jesus, cansado da viagem, dormia um pouco na
popa do barco, quando, de repente, os imensos corredores de pedra que existem em
volta do mar, em face de tantos montes que o circundam, canalizaram para dentro
deste uma indomável tempestade de vento, ficando o barco a ponto de soçobrar. Os
discípulos, então, no mais natural desejo de salvação, acordaram a Jesus, dizendo-
lhe: "Mestre, não te importas que pereçamos?" E Ele, despertando, disse ao
tempestuoso vento: "Cessa." E ao mar: "Acalma-te, emudece." Imediatamente tudo
cessou e fez-se grande calmaria em todo mar.
No mesmo mar, vemo-lo indo ao encontro de seus discípulos andando por sobre as
águas, demonstrando a harmonia que havia entre Ele e a natureza.
Se nos detivéssemos ainda diante dos milagres manifestados por Jesus na área do
corpo humano, simplesmente não nos sobraria mais tempo nem espaço para analisar
o vasto material que os Evangelhos nos apresentam a respeito do assunto. E, em
virtude da exigüidade do tempo, apreciaremos apenas dois acontecimentos
milagrosos.
Parecendo elegante negar os milagres de Jesus, muitas pessoas cultas - ou
aparentemente cultas - levaram esses milagres para o plano da influência poderosa
de Sua mente sobre as pessoas, causando uma influência psicossomática. Sabemos
hoje em dia que muitas doenças, em vez de terem uma origem orgânica, surgem na
fábrica grandiosíssima que há dentro de cada ser humano. Comumente, a cura para
este tipo de doença opera-se com a reorganização das condições normais da mente,
o que de imediato traz o reajuste à condição física.
Pode ser que algumas das curas que Jesus operou tenham uma conotação dessa
benéfica influência, mas algumas estavam obviamente fora desta categoria.
Consideremos, por exemplo, as curas de vários leprosos, ocorridas no ministério de
Jesus. É óbvio que estes não sofriam de influência simplesmente psíquica. Eles
haviam tido uma experiência direta com o Deus que tem poder sobre todos os males.
Detenhamo-nos na fascinante história narrada por João no capítulo 9 do seu
Evangelho. Lá encontramos Jesus na cidade de Jerusalém, confrontando-se com um
homem cego desde o nascimento, tendo, portanto, uma doença congênita. Deste
aproximou-se Jesus, untando-lhe os olhos com saliva e dizendo-lhe: "Vai e lava-te no
tanque de Siloé (que quer dizer Enviado). Ele foi, lavou-se e voltou vendo." Ao ser
interrogado pelos fariseus, o que dantes fora cego disse: "Desde que há mundo
jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença."
Mais assombrosa ainda é a história narrada no capítulo 11 do mesmo Evangelho. Lá
encontramos uma cena das mais sui generis da história do homem. A ocorrência
registrou-se na aldeia de Betânia, perto de Jerusalém. Lá adoeceu Lázaro, amigo de
Jesus, vindo a falecer e a ser sepultado. Tendo sido informado da doença de Lázaro,
ainda permaneceu Jesus alguns dias no lugar onde estava, sem se dirigir a Betânia,
fazendo isso apenas depois de Lázaro ter morrido. Tendo consciência plena da morte
do amigo, Jesus disse aos seus discípulos: "Lázaro morreu; e por vossa causa me
alegro de que lá não estivesse, para que possais crer; mas vamos ter com ele."
Dirigiram-se então ao pequeno povoado. E, lá chegando, encontraram Lázaro já
sepultado havia quatro dias. Diante do sofrimento e das expressões do mais profundo
sentimento de amor manifestos pelas irmãs e amigos de Lázaro, Jesus derramou
lágrimas de comoção. Depois, dirigiu-se para o túmulo onde se encontrava o cadáver
em putrefação, de acordo com o testemunho que as próprias irmãs do morto davam
do seu estado, e, diante da gruta sombria que guardava o cadáver, Jesus ordenou:
"Tirai a pedra." Depois, levantando os olhos ao céu, disse: "Pai, graças Te dou
porque me ouviste; aliás, Tu sempre me ouves, mas assim falei por causa da
multidão presente, para que creiam que Tu me enviaste." Depois de haver dito isto,
com toda autoridade e poder, ordenou: "Lázaro, vem para fora." Diz-nos a Bíblia:
"Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com ataduras, e o
rosto envolto num lenço." Então lhes ordenou Jesus: "Desatai-o e deixai-o ir."
Muitos têm se levantado impiedosamente contra esta narrativa, subestimando-a
como verdadeira e superestimando a ignorância dos presentes. Mas, se é que há um
conhecimento bem difundido em toda área e percepção do ser humano, este é na
possibilidade de alguém perceber a morte de um semelhante, ainda mais quando o
mesmo já está comprometido pela putrefação.
Há, no entanto, um argumento que debulha e esmiuça todo o pensamento que se
levanta contrário à verdade do fato apresentado. Trata-se do testemunho inconteste
que os próprios fariseus presentes em Betânia, inimigos da divindade de Jesus,
prestaram ao evento, sendo eles mesmos os primeiros a admitir a realidade do que
Jesus operara, com as seguintes palavras: "Que estamos fazendo, uma vez que este
homem opera grandes sinais? Se o deixarmos, todos crerão nele."
O problema da incredulidade não se levanta apenas pela falta de evidências, mas na
maioria das vezes é uma prevenção de muitos para encarar a verdade e diante dela
não se curvar. Disse um ateísta convicto em certa ocasião: "O que impressiona... é
que o ateísmo parece ter abandonado a sua busca pela verdade. Fatos e argumentos
que pesam sobre o ateísmo são postos de lado sem resposta." Como alguém já disse:
"Suas únicas cogitações são: Não há Deus."
Não há como negar-se à contundência da ressurreição de Lázaro como realidade
incontestável, inclusive quando sabemos que por duas vezes anteriores Jesus havia
operado o mesmo sinal em pessoas diferentes, e também quando verificamos, na
seqüência da narrativa bíblica, que foi o fato da revivificação física de Lázaro o que
imprimiu na mente das autoridades judaicas a necessidade de matar Jesus, em
virtude das provas inalienáveis que ele tinha para fazer acompanhar a sua
mensagem, irrefragavelmente patenteadora da sua divindade. De sorte que os
fariseus disseram: "Vêde... eis aí vem o mundo após Ele."
Muitos perguntam: "Teria sido Jesus um impostor deliberado? Será que ele tentou
ganhar a adesão dos fariseus forjando para si próprio uma pseudodivindade?"
Estes argumentos têm os seus protagonistas, mas isto é tão difícil de crer em relação
a Jesus. Ele odiava a hipocrisia e sempre deixava transparecer a mais arraigada
sinceridade em todas as suas ações.
Dizem alguns: "Não precisamos chamá-lo de maluco; mas teria ele uma espécie de
ilusão ou fixação com relação à sua própria existência?" Estes pensamentos também
têm os seus partidários, mas é claro que a ilusão deles e maior do que aquela que
pensam ver em Jesus.
O caráter de Jesus mantém suas reivindicações; as obras de Jesus endossam tais
apelos e Suas palavras com isso ganham toda autoridade e direito nos corações.
Entretanto, há alguns que ainda dizem: "É cedo demais para crer. Mostrem-nos mais
evidências." Graças a Deus, é exatamente isto que não falta na pessoa de Jesus:
evidências. Vejamo-las imperativamente apresentadas em Sua histórica ressurreição
de entre os mortos.

O Fato dos Fatos

A ressurreição física de Jesus Cristo tem sido, no curso de dois mil anos de
cristianismo, a rocha sobre a qual repousa o bem fundado alicerce da fé cristã.
Não se trata de um fato criado pela mente nervosa dos discípulos, como tão
freqüentemente tem sido suposto por alguns homens céticos ou disfarçados com a
máscara da altivez intelectual, afirmando que não podem crer, como verdade
histórica, num fato presenciado por homens antigos e não intelectualizados pela
academia da cultura da época em que viveram.
Várias teorias têm sido levantadas por muitos que não querem se envolver com a
ressurreição de Jesus, ou que conscientemente nela não crêem.
Vejamos estas muitas teorias de um modo bem sintético, porém sem prejuízo dos
argumentos necessários a serem expendidos.
A primeira é a teoria do corpo roubado. Sustentada inicialmente pelas autoridades
judaicas, na tentativa de explicarem as afirmativas que os discípulos faziam a respeito
da ressurreição de Jesus. Esta teoria foi mais tarde defendida pelo escritor Raimarus
e outros. Porém nunca foi considerada, no campo da investigação histórica, como
algo sério, em face do caráter idôneo e bem conhecido de todos os apóstolos e
também de suas mortes pavorosas, em razão do testemunho vibrante que davam da
ressurreição de Jesus.
A segunda teoria é a do túmulo errado. Este argumento foi defendido por Kirsopp,
mas é tão inconsistente que um simples esclarecimento pode derrubá-lo por
completo. Quando eu e minha esposa estivemos em Israel, nos familiarizando com a
geografia bíblica, observamos e também fomos informados que não há em todas as
imediações do Monte Calvário nenhum outro túmulo, a não ser o do Jardim onde
Jesus foi posto, sendo este um túmulo particular outrora pertencente a José de
Arimatéia, não havendo, por isso, possibilidade de erro quanto ao túmulo.
A terceira teoria é a da visão. Pregada fervorosamente por Strauss, afirma que os
discípulos criam tão firmemente na ressurreição que começaram a ter alucinações
individuais, as quais foram sendo narradas em reuniões mantidas com freqüência
após a morte de Jesus, e então, no decorrer do tempo, elas foram sendo escritas
como acontecimentos coletivos. Essa teoria, no entanto, defronta-se com dois
grandes problemas: o primeiro é que a ressurreição de Jesus foi algo admitido contra
a vontade, até mesmo com reações ditadas pela incredulidade, dos próprios
discípulos, fato que pode ser notado em todas as narrativas dos evangelhos, tendo,
inclusive, como tema básico para tal afirmativa as palavras de Tomé, quando disse:
"Se eu não vir nas Suas mãos o sinal dos cravos e no Seu lado não puser o meu
dedo, de modo nenhum acreditarei." O segundo aspecto é que alucinações não são
padronizadas e ordenadas na área da manifestação individual, quanto mais na
ocorrência coletiva como foi no caso dos discípulos.
A quarta teoria é a do longo desmaio. Esta postula que Cristo não morreu, tão-
somente desmaiou e, tendo sido posto num túmulo fresco, restaurou a consciência e
de lá saiu aparecendo aos seus discípulos, que o tiveram como ressuscitado.
A respeito desta teoria dizia o crítico alemão David Strauss, que, diga-se de
passagem, não acreditava na ressurreição, como já foi mencionado na teoria da
visão: "É impossível que alguém que acabava de sair da sepultura, semimorto, que
vinha se arrastando fraco e doentio, que se achava necessitado de tratamento
médico, de ataduras, de fortalecimento, de minucioso cuidado e que por fim
sucumbira ao sofrimento, pudesse jamais ter causado nos discípulos a impressão de
que Ele era o vencedor da morte e da tumba, que Ele era o príncipe da vida. Isto
formaria a base do futuro mistério deles. Uma ressurreição assim só poderia ter
enfraquecido a impressão que Ele havia causado neles em vida e na morte - ou, no
máximo, poderia ter dado a tal impressão um aspecto melancólico -, mas não
poderia por nenhuma possibilidade ter mudado sua tristeza em entusiasmo ou
elevado sua reverência ao nível da adoração!!!"
Sem que possa valer a pena mencionar detalhadamente, há ainda as seguintes
teorias: a do telegerama, a lendária e a hiperbólica, mas estas, menos que as
anteriores, não têm virtude crítica que se esboce diante da realidade dos fatos
apresentados pelos historiadores cristãos.
A ressurreição de Jesus Cristo aconteceu de modo sobrenatural e objetivo em razão
dos seguintes fatos: 1º) Cristo morreu - e tal veredicto foi sacramentado quando os
soldados romanos lhe enfiaram uma espada no coração, já depois de ter sido dado
como morto. (Jo. 19:31-37); 2º) O sepultamento de Jesus foi físico. O corpo de Jesus
foi sepultado no tempo e no espaço, conseqüentemente, foi um evento histórico...!
(Jo. 19:38-42); 3º) O túmulo de Jesus ficou vazio. Este fato foi testemunhado pelos
soldados romanos que guardavam o túmulo e pelas mulheres que o visitavam na
hora da manifestação dos anjos aos guardas romanos. Foi também testemunhado
por Pedro, João e por Maria Madalena, posteriormente. No entanto, há evidência
física de que a ressurreição se deu no corpo de Jesus e não na área do espírito e do
subjetivismo. Pedro e João puderam observar, quando entraram no túmulo, que os
lençóis de linho que envolviam o corpo de Jesus estavam em perfeita ordem,
tornando patente a manifestação mais que ordenada do corpo passando através dos
lençóis, e não se desenrolando deles, como seria normal na área comum das
possibilidades humanas.
A mensagem bíblica da ressurreição apresenta-se como corporal e,
conseqüentemente, histórica e digna de crédito.
A dessemelhança da ressurreição está em suas propriedades manifestadas.
Depois de ressuscitado, Jesus revelou-se em ambientes fechados, sem que, para
entrar, tenha feito uso de portas e janelas. No entanto, em algumas narrativas da
ressurreição vemos O Ressuscitado alimentando-se com alimentos do uso comum,
tais como: peixes e pães. Encontra-se, entretanto, no livro The Truth of Christianity
Series, a seguinte declaração: "Nenhuma substância material, porta ou qualquer
outra coisa, é realmente sólida. Existem sempre espaços entre as moléculas, de modo
que um corpo atravessar outro não é coisa mais difícil de imaginar do que um
regimento passar por outro, marchando, num desfile militar, e se o regimento
contivesse tantos homens quantas moléculas existem numa porta, provavelmente
pareceria tão sólido quanto ela. Além disso, o corpo ressuscitado de Cristo, ainda que
possuindo algumas propriedades materiais, é representado como tendo sido
espiritual, e a maior aproximação de uma substância espiritual de que temos
conhecimento científico é o éter, que também parece combinar propriedades
materiais e imateriais, mostrando-se em algumas particularidades mais um sólido do
que um gás. Pode, no entanto, atravessar todas as substâncias materiais, e isso
certamente nos impede de declarar inacreditável que o corpo ressuscitado de Cristo
passasse por portas fechadas. Na verdade, por tudo quanto sabemos, pode ser uma
das propriedades de seres espirituais a de atravessar substâncias materiais (como
fazem os raios-x) e se mostrarem em geral invisíveis, mas, ainda assim, serem
capazes, se o desejarem, de assumir algumas das propriedades da matéria, tais como
se tornarem visíveis ou audíveis. Na verdade, a menos que sejam capazes de fazê-lo,
é difícil ver como pudessem manifestar-se. E uma pequena alteração nas ondas
luminosas vindas de um corpo o tornariam visível aos olhos humanos, estando fora
de dúvida dizer que Deus, o Onipotente, não pudesse operar tal transformação num
corpo espiritual. Embora um corpo assim fazer-se tangível ou ingerir alimentos não
seja realmente mais maravilhoso do que se tornar visível ou audível, porquanto
quando ultrapassamos a fronteira entre o natural e o sobrenatural tudo é misterioso."
Esta longa citação visa tão-somente demonstrar como, na presente ordem de coisas,
há elementos interessantes, que elucidam basicamente o fato da ressurreição como
algo real no espaço físico.
Não estamos, no entanto, afirmando que as coisas se desenrolaram no campo
científico-experimental, mas sim que não há necessidade para tanto ceticismo,
quando na área experimental da ciência há um similar, ainda que ofuscado pelo
brilho majestoso de tudo quanto envolveu o corpo ressuscitado de Jesus.
A realidade da ressurreição de Jesus perpetrou-se de forma tão soberana na vida de
suas testemunhas que nem o Coliseu, o Capitólio, as Catacumbas, as perseguições
romanas e a fogueira puderam calar a mensagem que revolucionou o mundo!
Encontramos mais historicidade a respeito do evento quando lemos de Josefo, histo-
riador judeu, na época do século I d.C., o seguinte: "Levantou-se por este tempo
Jesus, homem sábio, se é lícito chamar-lhe homem, pois realizava obras
maravilhosas, um ensinador de homens que recebem a verdade com prazer. Ele
persuadiu a segui-LO muitos judeus e muitos gentios. Ele era o Cristo. E quando
Pilatos, a pedido dos principais homens entre nós, O condenou à cruz, aqueles que O
amavam a princípio não O abandonaram; pois Ele apareceu-lhes vivo de novo ao
terceiro dia; como os profetas divinos tinham predito estas e dez mil outras coisas
maravilhosas a respeito dEle."
Houve 13 aparições de Jesus no espaço de quarenta dias, sob todas as condições e
circunstâncias concebíveis. Ele foi visto no Jardim do túmulo na manhã da
ressurreição; pelas mulheres de caminho para casa; por dois discípulos no caminho
para uma cidade chamada Emaús, tendo Jesus andado com eles alguns quilômetros;
pelos seus discípulos no mesmo dia à noite no cenáculo onde estavam reunidos; pelo
mesmo grupo uma semana depois, incluindo a presença de Tomé; em um monte da
Galiléia, e mais tarde, também, a sete deles no Mar da Galiléia, numa das praias da
cidade de Tiberíades; foi visto também por Tiago, por Pedro e finalmente por mais de
quinhentas pessoas, que na época em que Paulo escreveu a primeira epístola aos
Coríntios ainda estavam vivas para contar a história, se necessário fosse.
Certamente se aquela fosse uma época que oferecesse os recursos que a tecnologia
atual põe à disposição do homem, tais como máquinas de fotografar e filmadoras,
teriam os discípulos, inevitavelmente, anexado às provas dos seus testemunhos um
material fotográfico para corroborar com as afirmativas que com lucidez faziam.
Independentemente de todas as aparições de Jesus, há também as dos anjos que
anunciaram o evento, inclusive diante dos soldados romanos que guardavam o
túmulo, tendo estes, com assombro, anunciado a realidade do que viram diante das
autoridades judaicas. Torna-se totalmente idônea essa narrativa da aparição dos
anjos, por não contar com o elemento "esperança visual", de inspiração strausiana,
por parte dos guardas romanos.
Negar a ressurreição do Senhor Jesus é ter também que negar credibilidade ao resto
da história humana! Se há um fato histórico comprovado, este é o da ressurreição
física de Jesus, sendo, portanto, necessário um melhor posicionamento diante
daquele que não pode ser negado.

Quando o Incognoscível se Torna Cognoscível

Não temos estado a falar todo este tempo sobre Cristo e suas reivindicações por
sermos apaixonados pela advocacia da causa cristã. Nosso único interesse até agora
tem sido fazer um apelo consubstanciado, com provas e premissas, para que sobre
este escopo racional possamos descansar nAquele que é poderoso para desvendar
todos os segredos de Deus, fazendo com que Este se torne uma pessoa tão íntima
quanto possa haver intimidade entre dois seres pessoais.
Lembrem-se os nossos leitores que falamos dos quatro canais da revelação divina.
Assim, vimos a Natureza, a Consciência, as Escrituras e por último a pessoa de Jesus
Cristo. Voltemos, portanto, depois de termos andado pelos campos variados da
argumentação, a fazer as perguntas iniciais: Quem é Deus? Como encontrá-LO?
Como conhecê-LO? Como obedecê-LO?
Creio que depois dos concisos argumentos apresentados, estas perguntas já não
soam com a mesma conotação do incognoscível como soaram no início deste
pequeno trabalho.
Se você, depois de meditar no proposto neste despretensioso opúsculo, sentiu que
uma porta se lhe abriu, um horizonte se lhe mostrou, e nele o sol que ilumina a
morada do "pessoal e particular" raiou, permita-me dizer-lhe: entre por esta Porta,
contemple este Horizonte e deixe-se iluminar por este Sol, que é Jesus.
Não há razão para que você, como criatura de Deus, viva como se não o fosse.
Também não há razão para que você, como ser criado para comunhão pessoal com
Deus, viva em busca de uma relação impessoal com Ele; e ainda, como ser
programado para a felicidade e a satisfação, viva em total desprogramação
existencial!
Hoje você pode atender a dois apelos. O primeiro é o apelo que o seu próprio espírito
faz através dos sentimentos de angústia, de insatisfação, de irrealização pessoal e do
vazio jamais preenchido por coisa alguma até hoje. O segundo é aquele que é feito
por Jesus, que amorosamente quer revelar-se como Deus Pessoal e Infinito ao seu
coração: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo." Sabendo que este é o grande
desejo de Jesus, cumpre-me ilustrar esta citação, para que você entenda que há uma
parcela de responsabilidade e ação de sua parte também.
No quadro de Holman Hunt, artista inglês e bem conhecido do século XIX,
encontramos o versículo acima citado, com os seguintes motivos e expressões: "No
lado esquerdo do quadro é vista essa porta da alma. Esta bem trancada; suas grades
e pregos estão enferrujados; está ligada e entrelaçada a seus batentes por gavinhas
trepadeiras de hera, mostrando assim que tal porta nunca foi aberta. Um morcego
voa por ali; o limiar da porta tem amoreiras silvestres, urtigas e matos... Cristo se
aproxima dali à noite... Cristo está vestido com o manto real e usa uma coroa de
espinhos. Em sua mão esquerda Ele segura uma lanterna, porque Ele é a luz do
mundo, enquanto Sua mão direita está erguida para bater na porta."
Observe agora um detalhe: não há maçaneta na descrição exterior da porta. Cristo
está batendo porque só no interior da casa há maçaneta para abri-la.
Meu caro amigo, você está no interior da casa. Abra hoje a porta, para que Deus, em
Cristo Jesus, entre em sua existência, concedendo-lhe vida, e vida em abundância.
Tudo quanto você deseja conhecer de Deus, Cristo lhe pode revelar, porque foi Deus
quem disse: "De trevas resplandecerá luz -, Ele mesmo resplandeceu em nossos
corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo." (II
Cor. 4:6) Tendo, portanto, plena consciência da revelação pessoal de Deus, podemos
crer no que está escrito: "Invoca-me e te responderei, anunciar-te-ei coisas grandes
e ocultas que não sabes."

Autor: Caio Fábio de Araujo Filho

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