TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DÉCIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2008.002.39091

AÇÃO N° : 2000.068.001299-0 – EXECUÇÃO FISCAL

ORIGEM : 2ª VARA DA COMARCA DE RIO DAS OSTRAS
AGRAVANTE: MUNICÍPIO DE RIO DAS OSTRAS
AGRAVADO: A.M.ROCHA ADM E AGRO PASTORIL
RELATOR :DES. ROBERTO GUIMARÃES

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL.

DECISÃO DO DOUTO MAGISTRADO A QUO QUE
RECONHECEU, DE OFÍCIO, A PRESCRIÇÃO DOS
CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS DE IPTU RELATIVOS
AOS EXERCÍCIOS DE 1993 E 1994,
DETERMINANDO, QUANTO AOS EXERCÍCIOS
SEGUINTES, A DEVIDA REGULARIZAÇÃO PELO
MUNICÍPIO EXEQUENTE. INTERPOSIÇÃO DE
RECURSO DE APELAÇÃO QUE NÃO FOI RECEBIDO
ANTE A INADEQUAÇÃO DA VIA RECURSAL
ELEITA. INCONFORMISMO DO MUNICÍPIO
AGRAVANTE. DECISÃO QUE EXTINGUE
PARCIALMENTE A EXECUÇÃO FISCAL QUE NÃO
TEM NATUREZA JURÍDICA DE SENTENÇA, MAS
DE DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. RECURSO
CABÍVEL QUE, À LUZ DO ART. 522 DO CPC, E EM
OBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE,
VEM A SER O AGRAVO DE INSTRUMENTO.
JURISPRUDÊNCIA ASSENTE. RECURSO AO QUAL
SE NEGA SEGUIMENTO, NA FORMA DO ART. 557,
CAPUT, DO C.P.C., C.C. O ART. 31, INC. VIII, DO
REGIMENTO INTERNO DESTE E. TRIBUNAL DE
JUSTIÇA.

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D E C I S Ã O

Trata-se de Agravo de Instrumento

interposto pelo MUNICÍPIO DE RIO DAS OSTRAS
objetivando a reforma de decisão proferida pelo
Juízo da 2ª Vara da Comarca de Rio das Ostras, nos
autos da ação de execução fiscal nº
2000.068.001299-0, que deixou de receber a apelação
interposta pelo município agravante, ao fundamento
da inaquedação da via recursal eleita.

Alega o agravante que se trata de

execução fiscal de vários títulos cumulados em um
único processo, sendo reconhecida pela douta
magistrada a quo, de ofício, a prescrição do
direito à cobrança dos créditos relativos aos
exercícios de 1993 e 1994. Nesse sentido, sustenta
o recorrente quanto à remansosa jurisprudência no
sentido da possibilidade de interposição de recurso
de apelação para rever tais decisões.
É o relatório.
Ao contrário do sustentado pelo
Município Recorrente, a decisão que inadmitiu o
recurso de apelação não merece reforma.
Isto porque, inicialmente, dispõe o
art. 522 do Código de Processo Civil que:
“Das decisões interlocutórias caberá
agravo, no prazo de dez (10) dias, na
forma retida, salvo quando se tratar de
decisão suscetível de causar lesão grave
ou de difícil reparação, bem como nos
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casos de inadmissão da apelação e nos

relativos aos efeitos em que a apelação
é recebida, quando será admitida a sua
interposição por instrumento”.
Ora, conforme se verifica da decisão
proferida pela douta magistrada às fls. 04, o
decreto de prescrição dos créditos tributários
relativos aos exercícios de 1993 e 1994, não pôs
fim ao processo, devendo seguir regularmente pelo
crédito remanescente.
Assim, contra tal decisão deveria ter
sido interposto o recurso de agravo de instrumento
ou retido, e não de apelação. Esta, por sua vez,
somente seria cabível se o processo fosse extinto
com ou sem julgamento do mérito.
A matéria, aliás, já se faz assente
perante este E. Tribunal de Justiça, podendo ser
destacados os seguintes julgados:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL.

DECISÃO QUE RECONHECEU DE OFÍCIO A
PRESCRIÇÃO PARCIAL DA EXECUÇÃO FISCAL,
DECLARANDO NULOS OS CRÉDITOS DE 1993 E
1994. RECURSO DE APELAÇÃO NÃO RECEBIDO.
A decisão que extingue parcialmente a
execução fiscal não tem natureza
jurídica de sentença, mas de decisão
interlocutória. Nesse sentido, a luz do
art. 522 do CPC, o recurso cabível à
hipótese é o agravo de instrumento, em
observância ao princípio da
taxatividade. Agravo ao qual se nega
seguimento, na forma do art. 557 caput
do CPC”.

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(Agravo de Instrumento nº
2008.001.39054, Décima Primeira Câmara
Cível, Des. Claudio de Mello Tavares,
Julgado em 21/01/2009).
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL ABRANGENDO
VÁRIOS EXERCÍCIOS. PRESCRIÇÃO DE
CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS RELATIVO À PARTE
DOS EXERCÍCIOS RECONHECIDA. RECURSO
CABÍVEL.
A apelação é o recurso cabível contra
toda e qualquer sentença, entendido este
termo, na conformidade do que reza o
art. 162, § 1º, como o ato pelo qual o
juiz põe fim ao procedimento de primeiro
grau, decidindo ou não o mérito da
causa. O artigo 513 do CPC contém
remissão expressa aos arts. 267 e 269,
que enumeram as hipóteses de extinção do
processo de conhecimento, sem julgamento
do mérito e com julgamento do mérito,
respectivamente.
Se na decisão recorrida o juiz não pôs
fim ao processo não tem cabimento a
interposição de apelação, quando o
cabível seria o agravo de instrumento,
portanto, correta a decisão que deixou
de receber a apelação interposta pelo
Recorrente.
RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO, NA
FORMA DO ARTIGO 557 DO CPC”.
(Agravo de Instrumento nº
2009.002.02816, Segunda Câmara Cível,
Des. Elisabete Filizzola, Julgado em
27/01/2009).

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Ademais, nas preciosas e precisas

informações da MM. Juíza de Direito a quo, que se
acham às fls. 15/17 dos autos, ficou registrada a
impossibilidade de aplicação da fungibilidade de
recursos, em face de o recurso de apelo haver sido
interposto “...em prazo incompatível com o prazo do
recurso de Agravo...” (fls. 16, 3º parágrafo).

Por tais fundamentos, por força do

disposto no art. 557, caput, do Código de Processo
Civil e na forma do permissivo do art. 31, inc.
VIII, do Regimento Interno deste E. Tribunal de
Justiça, NEGO SEGUIMENTO ao presente recurso.
I.
Rio de Janeiro, de de 2009.

DES. ROBERTO GUIMARÃES

RELATOR

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Certificado por DES. ROBERTO GUIMARAES

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Data: 14/04/2009 16:56:15Local: Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - Processo: 2008.002.39091 - Tot. Pag.: 5