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Prof. Ms.Eliane Superti [2].
Este artigo analisa a construção teórica de Augusto Comte buscando o entendimento de
sua compreensão sobre a sociedade moderna e as premissas sobre as quais essa
interpretação se fundamenta. A análise se volta também para o projeto político de
reorganização do Estado e da sociedade através da construção de uma nova moralidade
elaborada pelo autor tomando por base a filosofia positiva.
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| is paper analyses t e t eorical construction of Augusto Comte searc ing
t e understanding of is compre ension about modern society and t e premisses w ere
t is interpretation is based. | e analyses also is turned to t e political project of State
and Society reorganization t roug construction of a new morality, worked out by
aut or on t e basis of Positive p ilosop y.
Augusto Comte, como a maior parte dos teóricos sociais que procuraram
interpretar a sociedade moderna, tomou como ponto de partida de suas reflexões a
realidade istórica de sua época. Nessa, ele percebia uma situação de crise emergente,
resultado do confronto entre duas formas de organização social. Uma que lentamente
desaparecia e baseava-se em ordenações feudais de fundo teológico e militar. A outra,
nascente, era marcada pelo advento da indústria e da ciência (COM|E, 1983a).
A existência concomitante e o conseqüente confronto entre essas duas
formas organizativas provocavam a desagregação moral e intelectual da sociedade do
século XIX. |al desagregação era, para Comte, a fonte da qual jorrava a crise que
envolvia seu tempo. Pois, segundo ele, a base fundamental sobre a qual se assentava a
sociabilidade umana e, portanto, a unidade social, era formada por um conjunto de
princípios fundamentais admitido em consenso pelos diferentes membros da
coletividade, que a partir dele formavam uma maneira de pensar, de construir as
representações do mundo social e suas crenças. Assim sendo, só existia sociedade na
medida em que seus membros partil avam de um corpo de pensamento e sentimentos
coerentemente construído e que refletia a etapa de desenvolvimento da umanidade.
Na interpretação comtiana, era esse conjunto consensual, fundamental
para a sociedade, que estava se desagregando frente ao movimento conflituoso de
desaparecimento e nascimento de uma nova ordem social. Esse era o cerne da crise que
precisava ser superada através da constituição de uma nova unidade de pensamento
capaz de recompor a ordem, acelerando sua marc a natural no sentido da modernização
industrial e científica.
?e acordo com nosso autor, não eram as instituições, as relações
materiais e estrutura ierárquica que constituíam o núcleo da sociedade umana, mas
sim o conjunto de idéias, representações e crenças que formavam a maneira de pensar
unanimemente partil ada por todos no grupo, ou seja, que engendrava o consenso,
unindo os omens em uma dada ordem. E por ser assim, tanto a superação da crise
como a reorganização da sociedade não podiam ocorrer com a limitação das ações sobre
as instituições, era preciso uma reforma intelectual que atingisse o modo de pensar, de
representar a vida social (COM|E, 1983b).
Sendo este modo de pensar construído a partir do con ecimento existente
sobre o mundo, Comte separava, em um primeiro momento, a teoria da prática, pois
entendia que a reforma necessária para sanar os males sociais da crise e diminuir os
custos do desenvolvimento devia começar pela teoria capaz de estabelecer a unidade
consensual da nova ordem, para que depois essa pudesse instruir a prática. E, portanto,
para Augusto Comte, não se tratava apenas de compreender a sociedade, mas de fazê-lo
interferindo diretamente na ordem social para seu mel or desenvolvimento.
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A sociedade pensada pelo positivismo teria então uma outra visão sobre o
mundo do trabal o. Pois, procurava torná-lo parte organicamente armoniosa de uma
ordem na qual o poder e a riqueza se concentravam nos detentores do capital, na classe
contraditória à do trabal o.
Mais uma vez esta relação era possível porque dentro da ordem moral,
que o poder espiritual positivista tentava estabelecer, o proletariado se erigia como a
classe destinada a compreendê-la e, sobretudo a senti-la. Era com base nesta classe que
o positivismo realizaria seu destino moral e político, fazendo do operariado o auxiliar
decisivo dos filósofos para a (COM|E, 1934). Isso porque, segundo
Comte, a classe proletária era superior a todas as outras no que diz respeito ao
sentimento social. Esse sentimento era fundamental para a ação, pois esta, mesmo
quando política, não se determina pela inteligência, é preciso que o omem a sinta. Uma
vez que ele é, ao mesmo tempo, sentimento, atividade e inteligência, e o que determina
a ação é o sentimento, a razão apenas controla essa ação. ?e acordo com a máxima
comtiana:
Portanto, na interpretação de nosso autor, ³a ordem supõe o amor e a
síntese não pode se realizar a não ser pela simpatia; a unidade teórica e a unidade prática
são, pois, impossíveis sem unidade moral´ (COM|E apud COS|A, 1959, p.79).
Esse amor, necessário à ordem social, nascia na família, na qual o
omem é iniciado na educação moral e aprendia o devotamento aos seus. Pois, era na
educação doméstica que se ordenavam os instintos egoístas, fazendo a necessária
ligação entre a existência pessoal e a social, tendo em vista que o verdadeiro caráter da
educação moral dependia da submissão do indivíduo à sociedade. Era com o amor
deste que a Humanidade renovaria a conduta moral, e, portanto, era através da
moralidade, do sentimento, contido no positivismo, que Comte pretendia regenerar a
sociedade umana.
|al amor e submissão estavam presentes principalmente entre os
proletários, classe para a qual o positivismo se dirige. ?e acordo com a concepção
positiva, o destino indicado ao proletariado é moral.
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