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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA QUÍMICA


PROGRAMA DE CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS E ÁGUA
PAVILHÃO TECNOLÓGICO

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E
BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA

PROF. DR. VICTOR ELIAS MOUCHREK FILHO

PROFA. DRA. ADENILDE RIBEIRO NASCIMENTO

SÃO LUÍS - MA
2005
PROGRAMA DE CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS E ÁGUA
PAVILHÃO TECNOLÓGICO - UFMA

LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA
Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento
adenild@bol.com.br

LABORATÓRIO DE BROMATOLOGIA
Prof. Dr. Victor Elias Mouchrek Filho
victo@ufma.br
PARTE A: ................................................................................................................................................4
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA ................................................................................................5
1 GENERALIDADES ..................................................................................................................................5
2 IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE ÁGUA ................................................................................................10
3 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS ....................................................................................................11
3.1 TEMPERATURA ................................................................................................................................11
3.2 COR ..................................................................................................................................................11
3.3 ODOR E SABOR.................................................................................................................................12
3.4 TURBIDEZ ........................................................................................................................................13
3.5 CONDUTIVIDADE ELÉTRICA ...........................................................................................................14
3.6 DUREZA............................................................................................................................................15
3.7 ALCALINIDADE ................................................................................................................................16
3.8 PH.....................................................................................................................................................16
3.9 CLORO RESIDUAL LIVRE.................................................................................................................17
3.10 CLORETO .......................................................................................................................................17
4 AMOSTRAGEM ....................................................................................................................................18
4.1 QUANTIDADE DE AMOSTRA ............................................................................................................18
4.2 TOMADA DA AMOSTRA....................................................................................................................18
5 LEGISLAÇÃO .......................................................................................................................................19
6 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS ..............................................................................................................19
6.1 DETERMINAÇÃO DA ALCALINIDADE – T.A., T.A.T.......................................................................19
6.2 DETERMINAÇÃO DE CA2+ ................................................................................................................22
6.3 DETERMINAÇÃO DE MG2+ ...............................................................................................................23
6.4 DUREZA TOTAL ...............................................................................................................................23
6.5 DETERMINAÇÃO DE CLORETOS......................................................................................................24
6.6 DETERMINAÇÃO DE PH...................................................................................................................25
6.7 DETERMINAÇÃO DA CONDUTIVIDADE ELÉTRICA .........................................................................25
6.8 DETERMINAÇÃO DA COR ................................................................................................................26
6.9 DETERMINAÇÃO DA TURBIDEZ ......................................................................................................26
6.10 DETERMINAÇÃO DE CLORO RESIDUAL ........................................................................................26
PARTE B ................................................................................................................................................27
ANÁLISE BACTERIOLÓGICA DE ÁGUAS...............................................................................................28
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................................28
2 ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS ...........................................................................................................30
2.1 COLIMETRIA (POTABILIDADE).......................................................................................................30
2.1.1 BACTÉRIAS DO GRUPO COLIFORME ...............................................................................................30
2.1.2 COLETAS DE AMOSTRAS PARA ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA .......................................30
2.1.3 PROCEDIMENTO DE COLETA ..........................................................................................................31
2.1.4 TÉCNICAS DE COLETA DE AMOSTRA ..............................................................................................32
2.1.5 TÉCNICA DOS TUBOS MÚLTIPLOS (NMP/100ML).........................................................................35
2.1.5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ...........................................................................................................35
2.1.5.2 MATERIAL ..................................................................................................................................35
2.1.5.3 METODOLOGIA ...........................................................................................................................37
2.1.6 MÉTODO PARA DETECÇÃO DE COLIFORMES TOTAIS E ESCHERICHIA COLI USANDO MEIOS COM
ONPG E MUG............................................................................................................................................41

3 ENUMERAÇÃO DO NMP/100ML DE ENTEROCOCCUS SP. ...................................................................44


4 TESTE PARA A PRESENÇA DE PSEUDOMONAS SP...............................................................................46
5 BALNEABILIDADE DAS PRAIAS ..........................................................................................................48
APÊNDICES ............................................................................................................................................50
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................58
PARTE A:
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA 5

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA

1 GENERALIDADES

Visto pelo lado de fora, o planeta deveria se


chamar água. Com algumas “ilhas” de terra firme, cerca
de 2/3 de sua superfície são dominados pelos vastos
oceanos.

Os pólos e suas vizinhanças estão cobertos pelas


águas sólidas das gigantescas geleiras. A pequena
quantidade de água restante divide-se entre a atmosfera, o
subsolo, os rios e os lagos.

Estimam-se em cerca de 1,35 milhões de quilômetros cúbicos o volume total de água


na Terra.

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ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA 6

♦ Onde está a água no planeta?

Todos sabem que o Planeta Terra é formado por muita água, mas...

Ou, ainda, distribuída como veremos a seguir.

Geleiras - 1,979%

Oceanos - 97,50%

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Rios e Lagos - 0,006%

Subterrâneas - 0,514% Atmosfera - 0,001%

A situação da água no Brasil

O Brasil detém 13,7% da água doce


superficial do mundo.

Os 70 % da água disponível para


uso estão localizados na Região
Amazônica.

Os 30% restantes distribuem-se


desigualmente pelo País, para atender a
93% da população.

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ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA 8

A generosidade da natureza fazia crer em inesgotáveis mananciais, abundantes e


renováveis. Hoje, o mau uso, aliado à crescente demanda pelo recurso, vem preocupando
especialistas e autoridades no assunto, pelo evidente decréscimo da disponibilidade de água
limpa em todo o planeta.

Recurso natural de valor econômico, estratégico e social, essencial à existência e


bem estar do homem e à manutenção dos ecossistemas do planeta, a água é um bem comum a
toda a humanidade.

A água é um poderoso solvente, sendo assim ela dissolve algumas porções de quase
tudo com o que entra em contato.

Na cidade a água é contaminada por esgoto, monóxido de carbono, poluição,


produtos derivados de petróleo e bactérias.

O cloro utilizado para proteger a água pode contaminá-la ao reagir com as


substâncias orgânicas presentes na água, formando os nocivos trihalometanos.

A agricultura contamina a água com fertilizantes, inseticidas, fungicidas, herbicidas e


nitratos que são carregados pela chuva ou infiltrados no solo, contaminando os mananciais
subterrâneos e os lençóis freáticos.

A água subterrânea também é contaminada por todos estes poluentes que se infiltram
no solo, atingindo os mananciais que abastecem os poços de água de diversos tipos.

A água da chuva é contaminada pela poluição que se encontra no ar, podendo estar
contaminada com partículas de arsênio, chumbo, outros poluentes e inclusive ser uma chuva
ácida.

A indústria contamina a água através do despejo nos rios e lagos de desinfetantes,


detergentes, solventes, metais pesados, resíduos radioativos e derivados de petróleo.

Os contaminantes da água podem ser:

• Biológicos - a água é um excelente meio para o crescimento microbiano.

• Dissolvidos - fazendo parte de sua composição química.

• Em suspensão - fazendo parte da composição física: sedimentos, partículas,


areia, barro, etc.
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Formas de contaminação da água:

Uso de fertilizantes, inseticidas, nitratos, herbicidas e fungicidas utilizados nas


plantações e que se infiltram na terra, atingindo os mananciais subterrâneos.

Detergentes, desinfetantes, solventes e metais pesados que são descarregados no


esgoto (e muitas vezes nos rios) pelas indústrias.

Lixo e detrito que são jogados nos rios e lagos.

Produtos derivados de petróleo que vazam e são arrastados pela água da chuva.

Restos de animais mortos.

Chuva ácida.

Problemas mais comuns na água são:

• Turbidez - A turbidez é a presença de partículas de sujeira, barro e areia, que


retiram o aspecto cristalino da água, deixando-a com uma aparência turva e
opaca.

• Gosto e cheiro estranhos - Gostos e cheiros indesejáveis, como de bolor, de


terra ou de peixe, são causados pela presença de algas, húmus e outros detritos
que naturalmente estão presentes nas fontes de água como rios e lagos.

• Cor estranha - A presença de ferro e cobre pode deixá-la amarronzada. Além


do aspecto visual, essa água pode manchar pias e sanitários. A água que causa
manchas pretas possui partículas de manganês.

• Cheiro de ovo podre - Este cheiro é causado pela presença de hidrogênio


sulfídrico, produzido por bactérias que se encontram em poços profundos e
fontes de águas estagnadas por longos períodos.

• Gosto de ferrugem/gosto metálico - O excesso de ferro e de outros metais


alteram o sabor e aparência da água. O sabor da água pode se apresentar
metálico, mesmo que visualmente a coloração esteja normal, pois a coloração
enferrujada só aparece depois de alguns minutos em contato com o ar.
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ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA 10

• Gosto e cheiro de cloro - O cloro é usado pelas estações de tratamento para


desinfetar a água. Porém, a presença de cloro prejudica o sabor e o cheiro da
água que vai ser utilizada para beber ou na culinária em geral.

2 IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE ÁGUA

A água para ser consumida pelo homem não pode conter substâncias dissolvidas em
níveis tóxicos e nem transportar em suspensão microrganismos patogênicos que provocam
doenças.

A forma de avaliar a sua qualidade é através das análises físico-químicas e


microbiológicas (bacteriológicas) realizadas por laboratórios especializados. No Brasil,
existem padrões de potabilidade regidos por portarias e resoluções legais, que dão subsídios
aos laboratórios na expedição de seus laudos.

O importante, no entanto, é a conscientização do cidadão da necessidade de manter


um programa de monitoramento da qualidade da água que ele consome. A necessidade do
monitoramento deve-se ao fato de possíveis mudanças em algumas características da água que
podem ocorrer com o tempo ou devido a condições externas que possam vir a contaminar o
manancial com substâncias tóxicas, sal, ou bactérias.

A água utilizada na irrigação e na indústria também precisa ser de boa qualidade. Na


irrigação a água não pode conter sais em excesso para não prejudicar as plantas e o solo, e
nem conter substâncias dissolvidas que possam causar danos aos equipamentos. Na indústria,
dependendo de algumas características físico-químicas, a água quando não submetida ao
devido tratamento pode ocasionar incrustação e corrosão dos equipamentos, diminuindo sua
vida útil.

É necessário o conhecimento da qualidade da água também em outras atividades,


como: criação de peixes, camarões, galinha, gado, etc.

Essas análises classificam a água em:

• Potável - adequada para o consumo humano (dentro dos padrões de potabilidade


estabelecidos pelos órgãos especializados);

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• Contaminada - contém microrganismos patogênicos e, para tornar-se potável,


precisa sofrer desinfecção ou ser submetida a fervura;

• Poluída - apresenta qualquer espécie de poluição e pode estar também


contaminada. Mesmo isenta de microrganismos patogênicos, a água poluída é
imprópria para o consumo, pois pode conter tanto substâncias tóxicas, como
grande concentração de substâncias químicas (magnésio, cálcio, metais em forma
de bicarbonatos, sulfatos, cloretos e outros), o que a torna dura ou corrosiva.

3 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS

3.1 TEMPERATURA

Variações de temperatura são parte do regime climático normal, e corpos de água


naturais apresentam variações sazonais e diurnas. A temperatura superficial é influenciada por
fatores tais como latitude, altitude, estação do ano, período do dia, taxa de fluxo e
profundidade. A elevação da temperatura em um corpo d’água geralmente é provocada por
despejos industriais.

As águas têm uma amplitude térmica pequena, variando de 1 a 2°C em relação ao


ambiente.

3.2 COR

A cor de uma água é conseqüência de substâncias dissolvidas. Quando pura, e em


grandes volumes, a água é azulada.

Quando rica em ferro, é arroxeada. Quando rica em manganês, é negra e, quando


rica em ácidos húmicos, é amarelada.

A medida da cor de uma água é feita pela comparação com soluções conhecidas de
platina-cobalto ou com discos de vidro corados calibrados com a solução de platina-cobalto.

Uma unidade de cor corresponde àquela produzida por 1mg/L de platina, na forma
de íon cloroplatinado – Unidade Hanzen (mg Pt Co/L).

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Especial cuidado deve ser tomado na anotação do pH em que foi realizada a medida,
pois sua intensidade aumenta com o pH.

Da mesma forma a cor é influenciada por matérias sólidas em suspensão (turbidez),


que devem ser eliminadas antes da medida.

Para águas relativamente límpidas a determinação pode ser feita sem a preocupação
com a turbidez. Neste caso a cor obtida é referida como sendo aparente.

Para ser potável uma água não deve apresentar nenhuma cor de considerável
intensidade. Segundo a Portaria 518, de 25 de março de 2004 – ANVISA – MS o índice
máximo permitido deve ser 15 mg Pt Co/L ou 15 UH.

3.3 ODOR E SABOR

Odor e sabor são duas sensações que se manifestam conjuntamente, o que torna
difícil sua separação.

O odor e o sabor de uma água dependem dos sais e gases dissolvidos.

Como o paladar humano tem sensibilidade distinta para os diversos sais, poucos
miligramas por litro de alguns sais, como ferro e cobre são detectávis, enquanto que, várias
centenas de miligramas de cloreto de sódio não são percebidas.

Em geral as águas são desprovidas de odor sendo não objetável.

Algumas fontes termais podem exalar cheiro de ovo podre devido ao seu conteúdo de
H2S (gás sulfídrico).

Da mesma maneira águas que percolam matérias orgânicas em decomposição (turfa,


por exemplo) podem apresentar H2S.

A Tabela 1A apresenta a relação de alguns sais dissolvidos e as sensações causadas


ao paladar humano.

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Tabela 1A. Sais dissolvidos com suas respectivas sensações.

Sais dissolvidos Sensações

Cloreto de sódio (NaCl) Salgado

Sulfato de Sódio (Na2SO4) Ligeiramente salgado

Bicarbonato de Sódio (NaHCO3) Ligeiramente salgado a doce

Carbonato de Sódio (Na2CO3) Amargo e salgado

Cloreto de Cálcio (CaCl2) Fortemente amargo

Sulfato de Cálcio (CaSO4) Ligeiramente amargo

Sulfato de Magnésio (MgSO4) Ligeiramente amargo em saturação

Cloreto de Magnésio (MgCl2) Amargo e doce

Gás Carbônico (CO2) Adstringente e picante

3.4 TURBIDEZ

É a medida da dificuldade de um feixe de luz atravessar uma certa quantidade de


água.

A turbidez é causada por matérias sólidas em suspensão (argila, colóides, matéria


orgânica etc.).

A turbidez é medida através do turbidímetro de Jackson, comparando-se o


espalhamento de um feixe de luz ao passar pela amostra com o espalhamento de um feixe de
igual intensidade ao passar por uma suspensão padrão.

Quanto maior o espalhamento maior será a turbidez.

Os valores são expressos em Unidade de Turbidez (UT).

A cor da água interfere negativamente na medida da turbidez devido à sua


propriedade de absorver luz.

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Segundo a Portaria 518, de 25 de março de 2004 – ANVISA - MS o limite máximo


de turbidez em água potável deve ser 5 UT.

As águas normalmente não apresentam problemas devido ao excesso de turbidez.

Em alguns casos, águas ricas em íons Fe, podem apresentar uma elevação de sua
turbidez quando entram em contato com o oxigênio do ar.

3.5 CONDUTIVIDADE ELÉTRICA

A condutividade é uma expressão numérica da capacidade de uma água conduzir a


corrente elétrica.

Depende das concentrações iônicas e da temperatura e indica a quantidade de sais


existentes na coluna d’água, e, portanto, representa uma medida indireta da concentração de
poluentes. Em geral, níveis superiores a 100 µS/cm indicam ambientes impactados.

A condutividade também fornece uma boa indicação das modificações na


composição de uma água, especialmente na sua concentração mineral, mas não fornece
nenhuma indicação das quantidades relativas dos vários componentes.

À medida que mais sólidos dissolvidos são adicionados, a condutividade da água


aumenta. Altos valores podem indicar características corrosivas da água.

A medida é feita através de condutivímetro e a unidade usada é o MHO (inverso de


OHM, unidade de resistência).

Como a condutividade aumenta com a temperatura, usa-se 25ºC como temperatura


padrão, sendo necessário fazer a correção da medida em função da temperatura se o
condutivímetro não o fizer automaticamente.

Contudo, para as águas as medidas usuais de condutividade são dadas em


microMHO/cm.

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Nota: No Sistema Internacional de Unidades, adotado pelo Brasil, a unidade de


condutância é Siemens, abreviando-se S (maiúsculo). Para as águas o correto seria nos
referirmos a microsiemens por centímetro (µS/cm).

3.6 DUREZA

A dureza é definida como a dificuldade de uma água em dissolver (fazer espuma)


sabão pelo efeito do cálcio, magnésio e outros elementos como Fe, Mn, Cu, Ba etc.

Águas duras são inconvenientes porque o sabão não limpa eficientemente,


aumentando seu consumo, e deixando uma película insolúvel sobre a pele, pias, banheiras e
azulejos do banheiro.

A dureza pode ser expressa como dureza temporária, permanente e total.

Dureza temporária ou de carbonatos

É devida aos íons de cálcio e de magnésio que sob aquecimento se combinam com
íons bicarbonato e carbonatos, podendo ser eliminada por fervura.

Em caldeiras e tubulações por onde passa água quente (chuveiro elétrico por
exemplo) os sais formados devido à dureza temporária se precipitam formando crostas e
criando uma série de problemas, como o entupimento.

Dureza permanente

É devida aos íons de cálcio e magnésio que se combinam com sulfato, cloretos,
nitratos e outros, dando origem a compostos solúveis que não podem ser retirados pelo
aquecimento.

Dureza total

É a soma da dureza temporária com a permanente. A dureza é expressa em


miligrama por litro (mg/L) ou miliequivalente por litro (meq/L) de CaCO3 (carbonato de
cálcio) e segundo a Portaria 518, de 25 de março de 2004 – ANVISA - MS o limite máximo
de dureza total em água potável é de 500 mg/L.

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3.7 ALCALINIDADE

É a medida total das substâncias presentes na água capaz de neutralizarem ácidos.

Em outras palavras, é a quantidade de substâncias presentes numa água e que atuam


como tampão.

Se numa água quimicamente pura (pH = 7) for adicionada pequena quantidade de um


ácido fraco seu pH mudará instantaneamente.

Numa água com certa alcalinidade a adição de uma pequena quantidade de ácido
fraco não provocará a elevação de seu pH, porque os íons presentes irão neutralizar o ácido.

Em águas a alcalinidade é devida principalmente aos carbonatos e bicarbonatos.

Alcalinidade total é a soma da alcalinidade produzida por todos estes íons presentes
numa água. Águas que percolam rochas calcárias (calcita = CaCO3) geralmente possuem
alcalinidade elevada.

A alcalinidade de uma água é expressa em mg/L de CaCO3 e deve apresentar isenção


de alcalinidade cáustica.

3.8 PH

É a medida da concentração de íons H+ na água.

O balanço dos íons hidrogênio e hidróxido (OH-) determinam quão ácida ou básica
ela é.

Na água quimicamente pura os íons H+ estão em equilíbrio com os íons OH- e seu
pH é neutro, ou seja, igual a 7.

Os principais fatores que determinam o pH da água são o gás carbônico dissolvido e


a alcalinidade.

Segundo a Portaria 518, de 25 de março de 2004 – ANVISA - MS os limites


permitidos variam entre 6,0 a 9,5.

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3.9 CLORO RESIDUAL LIVRE

Conhecer o teor de cloro ativo que permanece após a desinfecção (cloração) da água,
permite garantir a qualidade microbiológica da água, ou seja, se ela está em condições de uso.

Segundo a Portaria 518, de 25 de março de 2004 – ANVISA - MS os limites


permitidos de cloro residual na água são de 0,2 a 2,0 mg Cl2/L.

3.10 CLORETO

O cloreto é o ânion Cl- que se apresenta nas águas subterrâneas através de solos e
rochas.

Nas águas superficiais são fontes importantes as descargas de esgotos sanitários,


sendo que cada pessoa expele através da urina cerca 6 g de cloreto por dia, o que faz com que
os esgotos apresentem concentrações de cloreto que ultrapassam a 15 mg/L.

Diversos são os efluentes industriais que apresentam elevadas concentrações de


cloreto como os da indústria do petróleo, algumas indústrias farmacêuticas, curtumes etc.

Nas regiões costeiras, através da chamada intrusão da língua salina, são encontradas
águas com níveis altos de cloreto. Nas águas tratadas, a adição de cloro puro ou em solução
leva a uma elevação do nível de cloreto, resultante das reações de dissociação do cloro na
água.

Para as águas de abastecimento público, a concentração de cloreto constitui-se em


padrão de potabilidade. Segundo a Portaria 518, de 25 de março de 2004 – ANVISA - MS o
limite máximo permissível para cloreto na água é de 250 mg/L.

O cloreto provoca sabor “salgado” na água, sendo o cloreto de sódio o mais


restritivo por provocar sabor em concentrações da ordem de 250 mg/L, valor este que é
tomado como padrão de potabilidade.

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4 AMOSTRAGEM

4.1 QUANTIDADE DE AMOSTRA

A amostragem da água para análise físico-química é feita coletando-se 1,5-2,0 litros


da água numa garrafa plástica ou de vidro, nova ou que só tenha sido utilizada com água.

4.2 TOMADA DA AMOSTRA

Lava-se o recipiente três vezes com a água do local que se deseja analisar, e na
quarta vez enche-se, identifica-se com dados sobre o interessado, a procedência, local da
coleta, data da coleta e envia-se o mais rápido possível ao laboratório.

Caso não seja possível enviar no mesmo dia, colocar sob refrigeração até o momento
do envio.Cuidar para no momento da coleta não deixar as mãos entrar em contato com a água.
É importante também observar alguns procedimentos que dependem do local da coleta:

a) Tomada de amostra de rio ou lago

Para encher os vidros com água de rio ou lagoa tem que se procurar a amostra a 2 cm
da margem e obtê-la de 20 a 30 cm abaixo do nível da água, a fim de não ficar contaminada, e
que seja representativa. A boca do vidro deve estar na mesma direção da corrente, para que
não entre água superficial.

b) Tomada de amostra de uma torneira

Para análise bacteriológica, abrir a torneira e deixar sair a água por 3 a 4 minutos;
fechar a torneira e flambá-la com um swab embebido em álcool (esterilização direta); em
seguida, deixar correr água por 2 a 3 minutos, encher o vidro e fechar rapidamente.

c) Tomada de amostra de água de piscina ou de caixa de água

Geralmente a água ingressa pela parte superior e sai pela parte inferior. Devemos
tomar duas amostras: quando a água ingressa e quando a água egressa. O objetivo é
determinar se a fonte de contaminação está depositada no tanque reservatório. Nas piscinas ou
em tanques de água similares, devemos tomar uma amostra da zona em que supõe que o fluxo
de água é menor onde a água é mais parada.

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ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA 19

d) Tomada de amostra de água de poço

Geralmente efetua-se por um sistema de roldanas, com um balde na extremidade da


corda. A técnica correta é esterilizar o balde queimando 30 a 40 mL de álcool etílico, em
seguida coletar a amostra de água.

5 LEGISLAÇÃO

Foi publicada pelo Ministério da Saúde a nova Portaria nº 518 de 25 de março de


2004 que estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância
da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras
providências, e a Resolução RDC nº 54 de 15 de junho de 2000, que dispõe sobre o
Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de Água Mineral Natural e
Água Natural.

6 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

6.1 DETERMINAÇÃO DA ALCALINIDADE – T.A., T.A.T.

O conhecimento das alcalinidades permite determinar a quantidade de OH–, CO32– e


HCO3– contidos em uma amostra de água. Em geral não existem hidróxidos, restando os
carbonatos que aparecem com pouca freqüência e o bicarbonato sempre existindo. Sabe-se
que não pode coexistir OH– e HCO3–.

O título alcalimétrico T.A. é efetuado em presença de fenolftaleína, correspondendo


à quantidade de hidróxidos e carbonatos; o título alcalimétrico total T.A.T. é efetuado em
presença de metil orange e corresponde à quantidade de hidróxidos, carbonatos e
bicarbonatos.

Processo analítico:

1. Pipetar 100 mL da amostra para um erlenmeyer de 250 mL.

2. Juntar 2 gotas de fenolftaleína indicador. Se não aparecer coloração rósea, o T.A. é


nulo, isto é, não existe OH– nem CO32–, neste caso omite-se o terceiro passo deste
processo analítico.
- Prof. Dr. Victor Elias Mouchrek Filho -
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA 20

3. Titular com solução de H2SO4 0,04 até descoramento, anotando o gasto como F
mL, onde F é o volume gasto de ácido usando fenolftaleína.

4. Juntar ao mesmo erlenmeyer, 2 gotas de metil orange indicador.

5. Titular com o H2SO4 até coloração rosa (salmão), anotando o gato como M mL
(M = gasto de ácido usando metil orange; T = volume total do ácido gasto com os
dois indicadores).

Cálculo completo dos diferentes casos de alcalinidade

Tomando por base os volumes gastos com fenolftaleína e o volume total


(fenolftaleína + metil orange) o cálculo de alcalinidade vai se enquadrar nos casos a seguir.

► 1º Caso: T = F
CO32– = zero
HCO3– = zero
OH– = 2 x F x 3,398 mg L-1 em CaCO3.

► 2º Caso: F > ½ T
HCO3– = zero
OH– = 2 (2 x F – T) x 3,398 mg L-1 em CaCO3.
CO32– = 4 (T – F) x 5,995 mg L-1 em CaCO3.

► 3º Caso: F = ½ T
OH– = zero
HCO3– = zero
CO32– = 2 x T x 5,995 mg L-1 em CaCO3.

► 4º Caso: F < ½ T
OH– = zero
CO32– = 4 x F x 5,995 mg L-1 em CO3Ca
HCO3– = 2 (T – 2 x F) x 12,2 mg L-1 em CO3Ca.

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ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA 21

► 5º Caso: F = 0
OH– = zero
CO32– = zero
HCO3– = 2 x T x 12,2 mg L-1 em CaCO3.

Os títulos alcalimétricos também podem ser expressos em graus franceses. Nas


determinações de Ca2+ e Mg2+ e dureza total lança-se mão dos métodos complexométricos
(Complexometria).

O preparo de alguns indicadores usados nas determinações está descrito a seguir.

• Murexida (sal amoniacal do ácido purpúrico)

Preparo:

Indicador sólido Æ Mistura-se bem homogêneo 1g de murexida com 199g de NaCl


cristalizado por análise Merck. A mistura é realizada em um grau de porcelana.

Indicador líquido Æ Prepara-se como indicador uma solução aquosa saturada, que
se prepara no momento, dissolvendo aproximadamente 0,17g do murexida em 100mL de água
destilada.

Ácido calconcarboxílico Æ Solução 0,4% de ácido calconcarboxílico Merck em


metanol para análises Merck. Este indicador é específico do cálcio e permite determina-lo em
presença de grandes quantidades de magnésio. O final da dosagem se dá quando há mudança
de cor de vermelho-vinho para azul límpido. Este indicador se conserva por tempo limitado, o
ideal é prepará-lo semanalmente.

Os indicadores citados são utilizados na determinação do Ca2+, o ácido


calconcarboxílico é mais usado por ter a viragem mais nítida, isto é, de vermelho vinho para
azul límpido. Enquanto que a virada com a murexida é confusa, passando de rosa vivo para
roxo claro.

• Eriocromo black T (Negro de eriocromo T): indicador utilizado na


determinação do magnésio. Pode ser sólido ou líquido:

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ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA 22

Preparo:

Indicador sólido Æ Tritura-se, mistura-se em um grau de porcelana 1g do indicador


com 99% de ClNa cristalizado para análise.

Indicador líquido Æ O indicador não é estável em solução aquosa, em caso de


necessidade, pode-se dissolver 0,2% em álcool. Entretanto, uma maneira mais estável é a que
se segue: 0,2g do corante em uma mistura de 15mL de trietanolamina pura Merck e 5mL de
C2H5OH absoluto para análise.

A virada desse indicador também é de vermelho vinho para azul límpido.

Para os indicadores líquidos utiliza-se 6 a 7 gotas, enquanto que para os sólidos se


usa pitadas.

• Solução tampão pH = 10

Preparo:

A 200 mL de água destilada se dissolve 54 g de NH4Cl; a esta solução se agrega 350


mL de amoníaco líquido d = 0,910 e se completa para um litro de água destilada.

6.2 DETERMINAÇÃO DE CA2+

Numa alíquota de 50 mL, juntar 2 mL de KOH a 10% (para tornar o pH alcalino),


uma pequena quantidade do indicador murexida ou ácido calconcarboxílico e titular com
solução Na2EDTA 0,02 N. O ponto final de titulação se dá quando há a passagem de
vermelho vinho para azul, no caso de se usar o ácido calconcarboxílico como indicador, e de
rosa vivo para roxo claro se utilizar murexida como indicador. Utiliza-se as equações:

Bx400xf
Ca 2 + = ppm Ca 2 +
mL da amostra

B = mL de Na2EDTA 0,02 N gastos na titulação.

Bx1000
Ca 2+ = ppm CaCO 3
mL da amostra

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ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA 23

6.3 DETERMINAÇÃO DE MG2+

Em uma alíquota de 50 mL adicionar 3 mL de solução tampão, 6 a 7 gotas do


indicador Eriocromo black T e titular com solução Na2EDTA 0,02 N, até a virada do
indicador Eriocromo. Titular com solução Na2EDTA 0,02 N, até virada de vermelho vinho
para azul límpido. Nesta operação se determina cálcio e magnésio conjuntamente; por
diferença se tem o magnésio. A equação é a seguinte:

(A - B)x243xf
Mg 2 + = ppm Mg 2+
mL da amostra

A = volume em mL gasto de Na2EDTA 0,02 N na titulação.

B = volume em mL gasto na titulação de Ca2+.

(A - B)x1000
Mg 2+ = ppm CaCO 3
mL da amostra

6.4 DUREZA TOTAL

A dureza total é expressa pela fórmula:

Ax1000xf
DT = ppm
mL da amostra

• Na2EDTA ou titriplex III (sal dissódico do ácido etilenodiamin tetracético)

Preparo:

Peso molecular do Na2EDTA: 372,24g

Eq. grama = mol/2 = 186,12

Dissolve-se 3,722 g em um pouco de água destilada e se completa a 1000 mL em


balão volumétrico.

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ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA 24

6.5 DETERMINAÇÃO DE CLORETOS

Neste processo analítico, os cloretos são determinados por precipitação usando-se


uma solução padrão de AgNO3 e o indicador K2CrO4.

• Solução padrão de AgNO3 0,0141 N

Preparo:

Dissolve-se 2,3970 g de nitrato de prata em água destilada e completar o volume para


1 litro em balão volumétrico. Homogeneizar.

Dissolve-se 50 g de K2CrO4 em pequena quantidade de água destilada; adicionar a


solução de nitrato de prata até que se firme um precipitado vermelho. Deixar em repouso por
12 horas. Filtrar e diluir o para 1 litro.

Reação:

K2CrO4 + 2AgNO3 Æ Ag2CrO4 + 2KNO3

Processo analítico:

1. Pipetar 50 mL da amostra de água para uma cápsula de cor branca. Se a água for
muito colorida, juntar um pouco de Al(OH)3, filtrar e lavar com água destilada.

2. Colocar aproximadamente a mesma quantidade de água destilada em uma segunda


cápsula, para servir de comparador de cor.

3. Juntar a cada cápsula 1 mL do indicador cromato de potássio.

4. Titular lentamente com solução padrão de AgNO3 agitando sempre com um


bastão, até ligeira coloração vermelha (comparar com a cápsula contendo água
destilada), anotar o volume gasto com A mL.

5. Se o gasto A mL de AgNO3 ultrapassar a 8 mL, deve-se utilizar menor quantidade


da amostra de água e depois diluir a 50 mL com água destilada.

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ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA 25

Cálculo dos cloretos: Utiliza-se a seguinte equação.

(A - 0,2)x0,5x1000xf
= mgL-1Cl −
mL da amostra

A subtração de 0,2 mL corresponde ao volume do indicador necessário para


precipitar o AgCrO4 em quantidade suficiente para avermelhar a solução.

6.6 DETERMINAÇÃO DE PH

A determinação é realizada em um pH-metro. Retira-se a proteção do eletrodo de


vidro, lava-se o mesmo com água destilada. Em seguida calibra-se o pH-metro da seguinte
forma:

• Coloca-se o eletrodo em uma solução tampão pH 6,86 calibrando-se em


seguida.

• Coloca-se o eletrodo em uma solução tampão pH 4,01 calibrando-se em


seguida.

• Coloca-se o eletrodo em na solução na solução amostra e lê-se o pH em


seguida.

6.7 DETERMINAÇÃO DA CONDUTIVIDADE ELÉTRICA

A determinação é realizada em um condutivímetro:

Fórmulas:

1.000 .000
X=
V (lido)

0,935
Y=
X

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ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA 26

6.8 DETERMINAÇÃO DA COR

A determinação é realizada em um espectrofotômetro da seguinte forma:

• Ajusta-se o aparelho para um comprimento de onda de 455 nm;

• Coloca-se a célula com água destilada e calibra-se;

• Em seguida coloca-se a célula com a amostra.

6.9 DETERMINAÇÃO DA TURBIDEZ

A determinação é realizada em um espectrofotômetro da seguinte forma:

• Ajusta-se o aparelho para um comprimento de onda de 860 nm;

• Coloca-se a célula com água destilada e calibra-se;

• Em seguida coloca-se a célula com a amostra.

6.10 DETERMINAÇÃO DE CLORO RESIDUAL

Coloca-se 200 mL de amostra em erlenmeyer de 250 mL. Adiciona-se alguns cristais


de KI, 1 mL de CH3COOH concentrado, e 1 mL da solução de amido a 1%.

Titula-se com solução de Na2S2O3 0,001 N, até que a cor azul desapareça.

Calcula-se o cloro residual pela expressão:

ppm de cloro residual = mL Na2S2O3 x 0,1773

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PARTE B
ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 28

ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A água é um elemento essencial à vida,


conseqüentemente sua potabilidade e qualidade são
importantes para o bem estar e saúde da população.

A microbiologia da água compreende no


estudo das bactérias, vírus, algas, protozoários e
fungos microscópicos. Alguns desses microrganismos
são próprios do habitat local e outros são lançados nas fontes hídricas pela ação do ar, solo ou
ainda provenientes de processos industriais e domésticos.

Os despejos de resíduos industriais e domésticos nas fontes hídricas proporcionam a


sua contaminação trazendo agentes etiológicos de caráter infeccioso ou parasitário, sendo
responsável pela alta incidência de doenças que afetam a população (principalmente crianças
com enterites e diarréias). Os agentes veiculados pela água e causadores de doenças podem
ser de natureza biológica ou química.

As doenças causadas por contaminantes biológicos


presentes na água (bactérias, vírus ou protozoários) constituem-
se nos problemas de saúde pública mais comum em nosso país.
Essas doenças são transmitidas por excrementos humanos e de
animais despejados nas fontes de água, tornando-a imprópria
para o consumo. A transmissão dessas doenças ocorre de forma
direta ou indireta: com a ingestão da água, no preparo de
alimentos, na higiene pessoal, na agricultura ou no lazer. Os
principais microrganismos presentes na água contaminada e responsáveis pelas numerosas
doenças são Salmonella sp, Shigella sp, Escherichia coli, Vibrio cholerae.

As espécies bacterianas existentes nas águas naturais são principalmente espécies dos
gêneros Pseudomonas, Chromobacterium, Proteus, Micrococcus, Bacillus, Enterococcus,
Enterobacter e Escherichia coli. É provável que as três últimas bactérias sejam
contaminantes.

- Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento -


ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 29

Mas existem ainda outros tipos de contaminação relacionada com a água é a presença
de protozoários causadores de infecções parasitárias no homem como a amebíase (Entamoeba
hystolitica), giardíase (Giardia lamblia) e a balantidíase (Balantidium coli).

Outro fator importante da água é a transmissão de algumas doenças endêmicas como


a malária, dengue e febre amarela (a Tabela 1A mostra algumas doenças veiculadas pela
água). A água é um ambiente propício para a evolução do ciclo de vetores responsáveis por
essas doenças. A água é o maior veículo de contaminação humana, portanto, a água
distribuída à população deve ser de boa qualidade com todas as características determinadas
pela legislação vigente (Portaria n.º 36/MS/90, do Ministério de Saúde).

Tabela 1B. Algumas doenças de transmissão hídrica.

Organismos Doenças
Salmonella Typhi Febre Tifóide
Salmonella sp. Salmonelose
Shigella sp. Shigelose (desinteria bacilar)
BACTÉRIAS Escherichia coli patogênica Gastrenterites
Vibrio cholerae Cólera
Lagionella pneumophila Doença dos legionários
Leptpspira Leptospirose (contato)
Enterovirus Poliomelite, gatroenterites
Rotavírus Gastroenterites
VÍRUS Vírus da hepatite A Hepatite A
Doenças respiratórias,
Adenovírus
conjuntivites.
Entamoeba histolytica Amebíase
PROTOZOÁRIOS Giárdia Lamblia Giardíse
Cryptosporidium Criptpsporidiose
Ascaris lumbricóides Verminoses
Enterobius vermicularis
HELMINTOS Strongyloides stercolaris
Trichuris trichiura
Schistosoma mansoni Esquistossomose

Nota: Há uma serie de outros microrganismos patogênicos que, se presentes, poderão


ser veiculados através de águas de esgoto.

- Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento -


ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 30

2 ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS

2.1 COLIMETRIA (POTABILIDADE)

2.1.1 BACTÉRIAS DO GRUPO COLIFORME

As bactérias do grupo coliforme constituem o indicador de contaminação mais


utilizado em todo o mundo, sendo empregado como parâmetro bacteriológico básico na
definição de padrões para monitoramento da qualidade das águas destinadas ao consumo
humano, bem como para caracterização e avaliação da qualidade das águas em geral.

Os coliformes são definidos como bacilos gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios


facultativos, não formadores de esporos, que fermentam a lactose com produção de ácido e
gás em 48 horas a 35ºC. Neste grupo estão incluídos os gêneros: Citrobacter, Enterobacter,
Klebsiella, Escherichia, etc., sendo que as bactérias do gênero Escherichia são
exclusivamente de origem fecal e os demais membros do grupo coliforme podem ocorrer às
vezes com relativa abundância no solo e mesmo em plantas.

Uma grande vantagem da utilização dos coliformes como indicador de


contaminação, é o fato de serem facilmente isolados da água e identificados. As técnicas
bacteriológicas para a sua detecção são simples, além de rápidas e econômicas, o que pode
permitir a sua aplicação em exames rotineiros para a avaliação da qualidade bacteriológica da
água.

2.1.2 COLETAS DE AMOSTRAS PARA ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA

As coletas de amostras para análises microbiológicas devem sempre anteceder a


coleta de qualquer outro tipo de análise que não exija esterilidade (físico-química, por
exemplo), a fim de evitar o risco de contaminação local de amostragem por frascos e
amostradores não estéreis.

a) Amostragem:

A coleta de amostras líquidas deve ser efetuada conforme recomendações técnicas e


com assepsia; sendo requerido um volume mínimo de 100mL, o qual deve ser coletado em
frascos de vidro neutro ou plástico autoclavável, não tóxico, com capacidade mínima de
125mL, boca larga e tampa a prova de vazamentos.
- Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento -
ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 31

b) Identificação:

As amostras devem ser identificadas com as seguintes informações: número da


amostra, data da coleta, local, pH, temperatura, cloro residual e outras informações
necessárias para que os resultados possam ser interpretados corretamente.

c) Agente neutralizador de cloro residual:

Para amostras de água tratada (piscina, etc.), deve-se adicionar ao frasco de coleta,
antes de sua esterilização 0,1mL de uma solução a 1,8% de Tiossulfato de sódio para cada
100mL da amostra, para neutralizar a ação do cloro residual.

2.1.3 PROCEDIMENTO DE COLETA

a) Coleta em sistemas de abastecimento de água para consumo:

Antes das coletas das amostras, verifique se o ponto de coleta recebe água
diretamente do sistema de distribuição e não de caixas, reservatórios, cisternas, etc. A torneira
não deve conter filtros.

Inicialmente, abre-se a torneira e deixa-se escorrer a água durante 3 a 5 minutos, um


tempo suficiente para eliminar impurezas e águas acumuladas na canalização. Na desinfecção
da torneira, utiliza-se uma solução de hipoclorito de sódio ou álcool a 70% para eliminar
qualquer contaminação externa. No caso da desinfecção com hipoclorito, o mesmo deve ser
completamente removido antes da coleta.

Abre-se a torneira a meia secção para que o fluxo seja pequeno e não haja respingos.
Remove-se a tampa do frasco com todos os cuidados e assepsia, tomando precauções para
evitar a contaminação da amostra pelos dedos, luvas ou outros materiais.

Segura-se o frasco verticalmente próximo à base e efetua-se o enchimento deixando


um espaço vazio de aproximadamente 2,5 à 5 cm do topo, para posterior homogeneização da
amostra antes de iniciar a análise. Fecha-se imediatamente o frasco após a coleta, fixando-se
bem a tampa; identifica-se adequadamente a amostra no frasco ou na ficha de coleta. As
amostras devem ser acondicionadas em caixas isotérmicas contendo gelo (resfriamento
temporário) e encaminhadas ao laboratório. O tempo entre a coleta e entrega da mostra no
laboratório não deve exceder 12 horas.
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ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 32

b) Coleta em poços freáticos:

Em poços equipados com bombas manuais ou mecânicas, bombeia-se deixando


escorrer durante aproximadamente 5 minutos. Realiza-se a desinfecção da saída da bomba,
deixando-se escorrer novamente a água antes da coleta das amostras. Em poços sem bombas,
a amostragem deve ser feita diretamente no poço, utilizando-se frascos estéreis. As amostras
não devem ser coletadas da camada superficial da água, para evitar contaminação com
espumas ou com materiais das paredes do poço.

c) Coletas de águas superficiais (rios, lagos etc.):

Quando as amostras forem coletadas diretamente de um corpo receptor, procura-se


selecionar pontos de amostragem representativos, evitando-se a coleta de amostras em áreas
ou locais próximo às margens. A coleta em águas superficiais pode ser feita manualmente ou
através de equipamentos.

2.1.4 TÉCNICAS DE COLETA DE AMOSTRA

As técnicas de coleta para as diversas amostras de água de torneira e de poço estão


descritas a seguir.

- Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento -


ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 33

a) Água de torneira

► Caso a torneira apresente alguma sujidade na sua parte


exterior, limpar a mesma.

► Abrir a torneira, deixando correr bastante água. Isto é


necessário, porque alguns coliformes podem se multiplicar na
água retida durante algum tempo na canalização ou se
multiplicar nas fibras de juta que servem para vedar a
canalização.

► Abrir a torneira à meia seção (tempo de operação 1 minuto).

► Rapidamente abrir o frasco esterilizado e, no menor tempo


possível, coletar a amostra. Nesta operação é muito importante
não tocar no bocal do frasco e não deixar que a tampa do frasco
toque em qualquer superfície (tempo de operação 30 segundos).

► Ao coletar, encher o frasco com ¾ de seu volume, para poder


tornar possível no laboratório a homogeneização da amostra.

► Após a coleta da amostra, fechar o mais rapidamente possível


o frasco esterilizado e levar ao laboratório para a realização das
análises.

- Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento -


ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 34

b) Água de poço

Se houver torneira ou outra canalização, proceder como item anterior.

Quando não houver, amarrar um barbante no frasco de coleta, tendo sempre todos os
cuidados de assepsia, ou flambar um balde interno e externamente antes de coletar a água.

► Descer lentamente o cordão sem ► Submergir o frasco, permitindo que


permitir que o frasco toque nos lados se obtenha amostras mais profundas.
do poço.

c) Mananciais superficiais

► Observar o sentido da correnteza e a


profundidade mínima de 30 cm.

Após as coletas, as amostras devem ser processadas em tempo adequado.

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ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 35

2.1.5 TÉCNICA DOS TUBOS MÚLTIPLOS (NMP/100ML)

2.1.5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A determinação do Número Mais Provável (NMP), de coliformes em uma dada


amostra é efetuada a partir da técnica de tubos múltiplos. Esta por sua vez consiste na
inoculação de volumes decrescentes da amostra, em meio de cultura adequado ao crescimento
dos microrganismos pesquisados, sendo cada volume inoculado em uma série de tubos.

A técnica do Número Mais Provável (NMP) é um meio de estimar a densidade de


microrganismos viáveis em água e alimentos. O NMP está diretamente relacionado à
freqüência de ocorrência de uma série de resultados positivos que são mais prováveis ocorrer
quando um certo número de organismos estão presentes numa amostra. A técnica está baseada
no conhecimento do tipo de distribuição das bactérias em uma amostra e na teoria das
probabilidades. O NMP é aquele número de organismos por unidade de volume que segundo
a teoria estatística teria maior probabilidade de representar o número real de microrganismos
do que qualquer outro número de amostra analisada.

São várias as aplicações da técnica do NMP. A principal é a utilização na pesquisa de


coliformes na água e alimentos. Por essa esta técnica, pode-se obter informações sobre a
população presuntiva de coliformes (Teste Presuntivo), sobre a população real de coliformes
(Teste Confirmativo) e sobre a população de coliformes de origem fecal (Coliformes Fecais
ou Termotolerantes). A determinação do NMP de coliformes totais e fecais e Escherichia coli,
segue o método recomendado pelo Standard Methods for the Examination of water and
Wastewater-APHA/American Public Health Association (1992).

2.1.5.2 MATERIAL

a) Meios de Cultura

Os meios de cultura destinam-se ao cultivo artificial de microrganismos. Estes meios


fornecem os princípios nutritivos indispensáveis do crescimento microbiano. As exigências
nutricionais estão relacionadas a uma fonte de carbono, de energia e de sais minerais. Alguns
microrganismos também necessitam de outros fatores de crescimento que são substâncias que
eles não podem sintetizar, tais como: vitaminas, aminoácidos, etc. E ainda o pH e o grau de
umidade devem ser observados nos meios de cultura.

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ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 36

Os meios de cultura usados para a colimetria de água para consumo são:

• Caldo Lactosado.

• Caldo Verde Brilhante e Bile (CVBB)

• Caldo E.C.

Para a identificação bioquímica das colônias suspeitas de Escherichia coli utiliza-se:

• Agar EMB (Agar Eosina Azul de Metileno) – plaqueamento seletivo;

• Agar TSA (Agar Triptona Soja) para o isolamento das colônias;

• Agar Citrato de Simmons;

• Caldo VM – VP (Teste do Vermelho de Metila e Voges-Proskauer);

• Água Triptonada (Teste do Indol);

As soluções usadas para a realização dos testes bioquímicos:

• Teste de Voges-Proskauer (α- Naftol e Hidróxido de Potássio - KOH);

• Teste do Indol (Reagentes de Kovacs - p – Dimetilaminobenzaldeído);

• Teste do Vermelho de Metila (Reagente Vermelho de Metila).

b) Equipamentos e vidrarias

• Estufa bacteriológica a 35°C;

• Banho-maria regulado a 45°C;

• Bico de Bunsen;

• Alça de platina ou níquel cromo;

• Frascos de coleta esterilizados;

• Tubos de ensaio;

• Tubos de Durham;

• Pipetas esterilizadas (10mL e 1mL).

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ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 37

2.1.5.3 METODOLOGIA

a) Teste Presuntivo

Visa detectar a presença de fermentadores de lactose, especialmente do grupo


coliforme. Células estressadas por tratamentos térmicos, congelamentos, etc., podem ser
recuperadas nessa fase.

Princípio: o teste consiste na semeadura de volumes determinados da amostra em


séries de tubos contendo Caldo Lactosado (CL), onde a lactose é utilizada como fonte de
carbono. Os tubos inoculados são incubados a uma temperatura de 35 ± 0,5ºC, durante
48horas, ocorrendo um enriquecimento de organismos fermentadores da lactose. A
acidificação, com a produção de gás, que é evidenciado no tubo de Durhan, é prova
presuntiva positiva para a presença de bactérias do grupo coliformes (Apêndice A).

b) Teste Confirmativo

Consiste na transferência de cada cultura com resultado presuntivo positivo para


tubos contendo o Caldo Verde Brilhante e bile 2% (CVBB) com o auxílio de uma alça de
platina. A incubação será efetuada também a uma temperatura de 35 ± 0,5°C durante 48
horas. O meio utilizado possui dois inibidores (sais biliares e verde brilhante) do crescimento
da microbiota acompanhante dos coliformes e a lactose como o único carboidrato. Então, a
produção de gás, a partir da fermentação da lactose presente neste meio, é prova confirmativa
para a presença de bactérias do grupo coliforme (coliformes totais) (Apêndice A).

c) Determinação de Coliformes Fecais ou Termotolerantes

O teste baseia-se na transferência de cada cultura com resultado positivo para


coliformes totais (acidificação do meio com produção de gás, após 48 horas a 35 ± 0,5°C), no
Caldo Verde Brilhante, para tubos contendo o caldo E.C., que serão incubados durante 24
horas a 44,5 ± 0,2ºC em banho-maria. O resultado será positivo quando houver produção de
gás a partir da fermentação da lactose contida no meio (Apêndice A). O Número Mais
Provável de coliformes totais e fecais é dado através da Tabela do NMP/100mL
(Apêndice B).

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ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 38

d) Escherichia coli (Identificação)

Todas as culturas positivas no caldo E.C. são repicadas


para Agar EMB, com auxilio da alça de platina ou de níquel cromo,
fazendo estrias (por esgotamento). Cada tubo positivo em caldo E.C.
corresponderá a uma placa de EMB, identificada, para perfeita
correspondência.

Incubar a 35ºC por 24 horas.


Passado este período, verificar o crescimento de colônias típicas de E. coli, isto é,
colônias de 2 a 3mm de diâmetro, com brilho metálico esverdeado ou com centro escuro
abrangendo praticamente toda a colônia.

Agar EMB com colônias típicas


de Escherichia coli◄

De cada placa, correspondente a cada tubo, repicar de duas a três colônias para tubos
contendo o Agar Tripticase Soja (Agar TSA) inclinado. Incubar por 24 horas a 35 ºC.

Efetuar em cada cultura em Agar TSA (cepas), as seguintes provas bioquímicas:


Indol, Vermelho de Metila (VM), Voges Proskauer (VP), Citrato de Simmons. Esta série de
testes é chamada de IMVIC.

Considerar a cultura positiva para E. coli, quando forem obtidos os seguintes


resultados para o IMVIC.

Considerar positivo o tubo de caldo E.C. para E. coli, quando pelo menos uma
cultura dele proveniente for positiva no teste de IMVIC (Apêndice C). A Tabela 2B mostra a
diferenciação dos coliformes em água.

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ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 39

Tabela 2B. Diferenciação dos coliformes da água.

Indol VM VP Citrato de Simmons Tipo

+ + - - Escherichia coli

- + - - Escherichia coli atípica

-/+ + - + Citrobacter

- - + + Enterobacter aerogenes

+/- +/- + + Klebsiella pneumoniae


Fonte: Jay, 2005.

Por fim, verificar na tabela o NMP (Tabela de Hoskin), correspondente aos tubos de
caldo E.C. positivos para a presença de coliformes fecais e expressar o resultado em
NMP/100 mL.

Nota: A Portaria Nº 518 de 25 de março de 2004 da Agência Nacional de Vigilância


Sanitária (ANVISA), estabelece como padrão para potabilidade de águas para consumo,
ausência de coliformes totais e fecais.

e) Contagem Padrão de Bactérias Heterotróficas

A contagem das bactérias heterotróficas na água é definida como o número total de


bactérias que podem crescer quando incubadas em Agar Plate Count a 37ºC por 48 horas. É
importante que a densidade de bactérias heterotróficas seja mantida sob controle, pois
densidades muito elevadas de microrganismos na água podem causar riscos à saúde dos
consumidores, pois algumas bactérias podem atuar como patógenos oportunistas e
deterioração da qualidade da água e alimentos, ocasionando odores e sabores desagradáveis,
podendo produzir limo ou películas.

Além disso, alguns desses microrganismos, quando presentes em número elevado,


podem impedir a detecção de coliformes.

A determinação da densidade de bactérias heterotróficas em águas é um importante


instrumento auxiliar no controle bacteriológico para:

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ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 40

• Avaliação das condições higiênicas e de proteção de poços, fontes, reservatórios,


piscinas e sistemas de distribuição de água para consumo humano;

• Avaliação da eficiência das diversas etapas de operação de estações de tratamento


de água na remoção de bactérias;

• Estimativa da biomassa de bactérias heterotróficas, presentes em corpos de água;

• Determinação das possíveis causas de deterioração da qualidade de água;

• Avaliação das condições higiênicas e da eficiência de operação de piscinas;

• Avaliação das condições higiênicas e de sistemas de envasamento de águas


minerais e potáveis de mesa.

Dentro deste grupo de bactérias estão espécies gram-negativas, aeróbias e anaeróbias


facultativas pertencentes aos seguintes gêneros: Pseudomonas, Aeromonas, Klebsiella,
Flavobacterium, Enterobacter, Citrobacter, Serratia, Acinetobacter, Proteus, Alcaligenes e
Escherichia. Alguns membros deste grupo são patógenos oportunistas, mas pouco se conhece
o efeito das altas contagens de bactérias heterotróficas na saúde humana. Essas bactérias
podem ainda interferir com a detecção de coliformes nas amostras de água.

Material:

• Meio de Cultura: Plate Count Agar (Agar Padrão para Contagem).

• Equipamentos e vidrarias: Estufa bacteriológica; Contador de colônias; Bico de


Busen; Placas de Petri esterilizadas; Pipetas (1mL e 2mL).

Princípio do método:

A determinação da densidade de bactérias heterotróficas em uma amostra baseia-se


no princípio de que, definindo condições de nutrição, temperatura e tempo de incubação, se
houver células viáveis na água, que possam se desenvolver nas condições estabelecidas
haverá formação de colônias, que serão visualizadas após o período de incubação
determinado.

- Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento -


ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 41

Para isso, volumes de 1mL da amostra devem ser pipetados assepticamente e


inoculados em placas de Petri com posterior adição do meio de cultura fundido Agar Plate
Count (Agar Padrão para Contagem / Agar PCA) através da técnica de Pour Plate (inoculação
em profundidade). Após o período de incubação (35°C), é feita a contagem das unidades
formadoras de colônias de bactérias, com auxílio de um contador de colônia, sendo o
resultado expresso em UFC/mL.

Nota: Segundo a Portaria Nº 518 de 25 de março de 2004 da Agência Nacional de


Vigilância Sanitária (ANVISA), o padrão estabelecido para potabilidade de águas para
consumo em relação à contagem de bactérias heterotróficas é de 500 UFC/mL. Se ocorrer
número superior ao recomendado, deverá ser providenciada imediata recoleta e inspeção do
local; confirmada e/ou constatada a irregularidade, deverão ser tomadas providências para sua
correção (desinfecção).

O Apêndice D mostra o esquema para contagem padrão de placas em bactérias


heterotróficas.

Nota: Na análise bacteriológica da água, além dos coliformes outros gêneros de


bactérias são pesquisadas tais como: Pseudomonas e Enterococcus.

2.1.6 MÉTODO PARA DETECÇÃO DE COLIFORMES TOTAIS E ESCHERICHIA COLI USANDO


MEIOS COM ONPG E MUG

A 19a edição do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater
(APHA/AWWA/WEF, 1995) traz descrição de um método rápido para determinação de
coliformes totais e E. coli usando substratos definidos.

Este método utiliza substratos hidrolisáveis para a detecção simultânea de enzimas


dos coliformes totais e E. coli. Quando assim procedemos, o grupo de coliformes totais é
definido como todas as bactérias possuindo a enzima β-D-galactosidase, que cliva o substrato
cromogênico ONPG (orto-nitrofenil-β-D-galactopiranosideo) resultando na liberação do
cromógeno de cor amarela, denominado ortonitrofenol.

A bactéria E. coli é aquela que dá uma resposta positiva igual para os coliformes
totais e ainda possui a enzima β-glucoronidase, a qual cliva um substrato fluorogênico MUG

- Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento -


ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 42

(4-metilumbeliferil β-D-glucoronídio), resultando na liberação do fluorógeno-4-


metilhumbeliferona que fluoresce sob a luz ultravioleta.

Estes testes podem ser usados nas provas de tubos múltiplos ou Presença/Ausência
P/A (amostra única de 100mL).

Procedimento:

A) Tubos múltiplos

Assepticamente adicionar 10mL da amostra de água em cada tubo, tampar e agitar


bastante para dissolver o meio. Incubar a 35°C±0,5°C por 24 horas.

B) Presença/ausência (P/A)

Assepticamente adicionar o substrato enzimático pré-pesado a 100mL da amostra de


água num frasco de vidro não fluorescente. Em ambos os casos misturar completamente para
dissolver. Incubar a 35°C±0,5°C por 24 horas.

Interpretação:

a) Bactérias coliformes totais

Decorridos às 24 horas de incubação, examinar os tubos ou frascos, por uma


mudança na cor. Quando o substrato é ONPG, este é hidrolisado pela enzima bacteriana para
dar origem ao amarelo ortonitrofenol; esta resposta cromogênica é uma reação positiva para
coliformes totais.

As amostras são negativas para coliformes totais se a coloração amarela não for
observada.

b) Escherichia coli

Os tubos ou frascos positivos para coliformes totais serão examinados para


fluorescência usando lâmpada de ultravioleta de longo comprimento de onda (366nm). A
presença da fluorescência é um teste positivo para E. coli. No caso do procedimento do NMP,

- Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento -


ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 43

calcular o valor do NMP para coliformes totais e E. coli a partir dos tubos positivos, como
feito pelo método tradicional. No caso do procedimento P/A, relatar os resultados como
presente ou ausente em 100mL da amostra.

Resultados:

A verificação da fluorescência deve ser procedida em área com pouca luz, pois o
excesso de iluminação mascara a presença de fluorescência. Lâmpadas ultravioletas
germicidas, por serem de pequenos comprimentos de onda, não são adequadamente para este
propósito.

A enzima β-glucoronidase é produzida por 97% do total de cepas de E. coli. Na


família Enterobacteriaceae, somente E. coli e algumas espécies de Shigella sp. e Salmonella
sp. e poucas do gênero Yersinia sp. produzem aquela enzima. Como o método que utiliza o
MUG, não depende da produção de gás para uma leitura positiva, ele é útil para detectar cepas
de E. coli anaerogênicas (não produtoras de gás).

►1º passo: Adicione o reagente à amostra e


leve a estufa bacteriológica por 24 horas a
uma temperatura de 35ºC.

►2º passo: Leia os resultados:


Incolor = negativo
Amarelo = coliformes totais
Amarelo/fluorescente = E. coli

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ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 44

A Tabela 3B mostra dados referentes às análises microbiológicas para águas oriundas


de diferentes fontes.

Tabela 3B. Análises microbiológicas para águas de diferentes fontes.

Tipos de
Técnica Microrganismos pesquisados
água
Coliformes Totais e Termotolerantes
(NMP/100mL); Pseudomonas aeruginosa.
Poço Tubos Múltiplos
(NMP/100mL) e Contagem Padrão em Placas
(Agar PCA) (UFC/mL)
Torneira,
Coliformes Totais e Termotolerantes
cisternas e
Tubos Múltiplos (NMP/100mL) e Contagem Padrão em Placas
caixas
(Agar PCA) (UFC/mL).
d’água
Tubos Múltiplos
Coliformes Totais e Termotolerantes
OBS: Adicionar 0,1mL de (NMP/100mL), Contagem Padrão em Placas
Piscina solução 1,8% de (Agar PCA) (UFC/mL), Contagem de
Tiossulfato de Sódio Staphylococcus aureus (UFC/mL),
(Na2S2O3) aos frascos de Pseudomonas aeruginosa.(NMP/100mL)
coleta antes de autoclavar.
Usar uma série de 10 tubos Coliformes Totais e Termotolerantes
de Lactosado Duplo, (NMP/100mL); Pseudomonas aeruginosa.
Mineral inoculando 10mL da (NMP/100mL), Contagem Padrão em Placas
amostra em cada tubo. (Agar PCA) (UFC/mL), Enterococcus sp.
(UFC/mL) e Clostridium sp. (UFC/mL)
Diluir as amostras em água
Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL),
Água de marinha sintética e usar
Contagem e identificação de Escherichia coli;
praia Técnica de Tubos
Enterococcus sp. (NMP/100mL)
Múltiplos.

3 ENUMERAÇÃO DO NMP/100ML DE ENTEROCOCCUS SP.

As bactérias do gênero Enterococcus são


classificadas primariamente como cocos Gram positivos
entéricos, catalase negativa. São encontradas no meio
ambiente em diversos locais como: solo, alimentos, água,
plantas, animais, pássaros e insetos.

Enterococcus sp.◄

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ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 45

Em humanos e em outros animais, os enterococos fazem parte da flora bacteriana


normal do trato gastrintestinal. As espécies mais comumente encontradas em humanos são:
Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium.

Material:

Meios de Cultura: Caldo azida dextrose para o cultivo e o Agar m-Enterococcus para
o plaqueamento seletivo. O restante do material, equipamentos e vidrarias são idênticos ao
usado para a determinação de coliformes totais.

Métodos:

Prova Presuntiva:

• Homogeneizar a amostra de água com a agitação do frasco;

• Inocular volumes de 10mL em uma série de três tubos contando o caldo azida em
concentração dupla; em seguida inocular volumes de 1mL e 0,1mL em duas
séries de três tubos contando o caldo azida em concentração simples
respectivamente (Técnica dos tubos múltiplos).

• Incubar os tubos inoculados a 35°C por 24 horas. Observar se há turvação nos


tubos. Caso negativo, fazer nova leitura com 48 horas.

Prova Confirmativa:

• Submeter todos os tubos de caldo azida dextrose com turvação a prova de


confirmação.

• Estriar com auxílio de uma alça de platina uma porção do crescimento de cada
tubo positivo sobre uma placa de Petri contendo o meio seletivo Agar m-
Enterococcus.

• Incubar as placas invertidas a 35°C por 24


horas. Colônias pretas amarronzadas com
halos marrons confirmam a presença de
enterococos fecais.

Agar m-Enterococcus - colônias de Enterococcus sp.◄

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ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 46

Após o período de incubação, a partir dos tubos positivos (turvos), serão feitas estrias
com auxílio de uma alça de platina (técnica de esgotamento) em placas contendo Agar m-
Enterococcus (teste confirmativo). Colônias pequenas de cor marrom são típicas de
Enterococcus sp.

O Apêndice E mostra o esquema para pesquisa de Enterococcus sp. em água


(NMP/100mL). Usa-se a Tabela do NMP para o cálculo do NMP/100mL de Enterococcus
(Apêndice B).

4 TESTE PARA A PRESENÇA DE PSEUDOMONAS SP.

É um gênero de microrganismos pertencentes à família Pseudomonadaceae, que


compreende mais de 100 espécies. São bastonetes curtos e Gram-negativos, autóctones de
ambientes aquáticos, são móveis, aeróbios estritos e não formadoras de esporos. Podem ser
encontradas em vários ambientes diferentes, tais
como solo, água, plantas e tecido de animais.
Ocorre em freqüência baixa também na pele,
garganta e fezes das pessoas sadias. Sobrevive a
temperaturas que variam entre 4ºC e 42ºC. Em
cultura produz um pigmento esverdeado.

Pseudomonas sp.◄

A espécie Pseudomonas aeruginosa tem sido a responsável pela maioria dos casos
de doença infecciosa no homem. Trata-se de um microrganismo oportunista, isto é, causa
doença somente em condições especiais, quando o organismo humano está debilitado por
algum motivo, como, por exemplo, processos cirúrgicos e queimaduras. Nesses casos, esse
microrganismo pode causar bacteremias bem severas, infecções urinárias e respiratórias,
pneumonias, meningites, endocardites, e diversos outros tipos de infecção. Além disso,
Pseudomonas aeruginosa, bem como outras espécies de Pseudomonas, apresentam grande
importância para a indústria de alimentos, pois são microrganismos causadores de
deterioração (produção do muco superficial característico de carnes e produtos cárneos
deteriorados).

Usar Técnica dos tubos múltiplos para a determinação do NMP/100mL.

- Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento -


ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 47

Material:

Meios de Cultura: Caldo Asparagina, Caldo Acetamida, Agar Asparagina, Agar


Cetrimide.

Procedimento:

Teste Presuntivo:

• Inocular 3 tubos com 10mL, 3 com 1mL e 3 com 0,1mL da amostra, em caldo
asparagina em concentração dupla para 10mL da amostra e concentração simples
para volumes de 1mL ou menos.Incubar os tubos a 35°C por 48 horas.

• Após o período de incubação, examine os tubos num quarto escuro sob luz
ultravioleta de comprimento de onda longo (não germicida). A presença de
pigmento fluorescente esverdeado constitui um teste presuntivo positivo para
Pseudomonas.

• Confirmar os tubos positivos, inoculando 0,1mL da cultura em caldo acetamida.


Uma reação positiva confirmatória é dada pelo desenvolvimento do alto pH
indicado pela cor púrpura ou rosa intenso após 24-48 horas de incubação a 35°C.

• Computar e registrar o NMP pela Tabela do NMP (Apêndice B).

O Apêndice F mostra o esquema para pesquisa de Pseudomonas sp. em água


(NMP/100mL).

- Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento -


ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 48

5 BALNEABILIDADE DAS PRAIAS

O programa de monitoramento da balneabilidade das praias deve atender as


especificações da Resolução N° 375 de 17 de março de 2005 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA), que define critérios para a classificação das águas destinadas a
balneabilidade (recreação de contato primário).

O monitoramento deve ser realizado nos pontos de


coleta, distribuídos ao longo da faixa de praias litorânea das
cidades, onde são coletadas amostras de água com freqüência
semanal para posterior análise bacteriológica. No
estabelecimento dos critérios para a escolha dos pontos ou
estações, deve-se considerar entre outros: proximidade do
deságüe de rios, riachos e galerias pluviais, densidade
populacional e freqüência dos banhistas.

Toda semana deve ser fornecido o Boletim de Balneabilidade das Praias, com dados
de colimetria. Os dados obtidos durante certo período de tempo, servem para avaliar a
evolução temporal da qualidade das águas das praias.

A Resolução N° 357 (CONAMA), estabelece critérios para a classificação das águas


doces, salobras e salinas destinadas à balneabilidade (recreação de contato primário) terão sua
condição avaliada nas categorias próprias e impróprias.

As águas consideradas próprias poderão ser subdivididas nas seguintes categorias:

a) Excelente: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada


uma das cinco semanas anteriores, coletadas no mesmo local, houver, no máximo,
250 coliformes fecais (termotolerantes) ou 200 Escherichia coli ou 25
Enterococcus por 100mL.

b) Muito Boa: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em


cada uma das cinco semanas anteriores, coletadas no mesmo local, houver, no
máximo, 500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 400 Escherichia coli ou 50
Enterococcus por 100mL.

c) Satisfatória: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em


cada uma das cinco semanas anteriores, coletadas no mesmo local, houver, no
- Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento -
ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS DA ÁGUA 49

máximo, 1000 coliformes fecais (termotolerantes) ou 800 Escherichia coli ou 100


Enterococcus por 100mL.

Nota: Os padrões referentes aos enterococos aplicam-se somente às marinhas.

As águas serão consideradas impróprias quando for verificada uma das seguintes
ocorrências:

a) Não atendendo aos critérios estabelecidos para as águas próprias;

b) Valor obtido na ultima amostragem for superior a 2500 coliformes fecais


(termotolerantes) ou 2000 de Escherichia coli ou 400 Enterococcus por 100mL.

c) Incidência elevada ou anormal, na região, de enfermidades transmissíveis por via


hídrica, indicada pelas autoridades sanitárias.

d) Presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive esgotos sanitários,


óleos, graxas e outras substâncias capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar
desagradável a recreação.

e) O pH< 6,0 ou pH>9,0 (águas doces), à exceção das condições naturais.

f) Floração de algas ou outros organismos até que se comprove que não oferecem
riscos à saúde humana.

Nota: Nas praias ou balneários sistematicamente impróprios, recomenda-se a


pesquisa de organismos patogênicos.

O Apêndice G mostra o esquema para determinação do NMP de Coliformes a 45ºC


em águas de praia (balneabilidade).

- Profa. Dra. Adenilde Ribeiro Nascimento -


50

APÊNDICES
51

Apêndice A. Enumeração (NMP/100mL) de coliformes totais e a 45ºC.

10ml 1ml 0,1ml


Caldo
Lactosado

ESTUFA
35ºC/24-48h

2 alçadas 2 alçadas

Teste Confirmativo Teste Confirmativo


coliformes a 45ºC coliformes totais
(Caldo E.C.) (Caldo VB)

BANHO-MARIA ESTUFA
45ºC/24h 35ºC/24-48h

Gás (+) Gás (-) Gás (+) Gás (-)


Presença de Ausência de Presença de Ausência de
coliformes a 45ºC coliformes a 45ºC coliformes totais coliformes totais

TESTE BIOQUÍMICO
Teste API-20E
52

Apêndice B. Tabela do Número Mais Provável (NMP), para séries de três tubos.

Número de tubos positivas nas diluições Número de tubos positivos nas diluições

10 mL 1 mL 0,1 mL NMP/100mL 10 mL 1 mL 0,1 mL NMP/100mL

0 0 0 3 2 0 0 9.1
0 1 0 3 2 0 1 14
0 0 2 6 2 0 2 20
0 0 3 9 2 0 3 26
0 1 0 3 2 1 0 15
0 1 1 6.1 2 1 1 20
0 1 2 9.2 2 1 2 27
0 1 3 12 2 1 3 34
0 2 0 6.2 2 2 0 21
0 2 1 9.3 2 2 1 28
0 2 2 12 2 2 2 35
0 2 3 16 2 2 3 42
0 3 0 9.4 2 3 0 29
0 3 1 13 2 3 1 36
0 3 2 16 2 3 2 44
0 3 3 19 2 3 3 53
1 0 0 3.6 3 0 0 23
1 0 1 7.2 3 0 1 39
1 0 2 11 3 0 2 64
1 0 3 15 3 0 3 95
1 1 0 7.3 3 1 0 43
1 1 1 11 3 1 1 75
1 1 2 15 3 1 2 120
1 1 3 19 3 1 3 160
1 2 0 11 3 2 0 93
1 2 1 15 3 2 1 150
1 2 2 20 3 2 2 210
1 2 3 24 3 2 3 290
1 3 0 16 3 3 0 240
1 3 1 20 3 3 1 460
1 3 2 24 3 3 2 1100
1 3 3 29 3 3 3 2400
Fonte: American Public Health Association (APHA, 1992).
53

Apêndice C . Identificação de Escherichia coli

Caldo E.C., presença de gás


(+) para coliformes a 45ºC.

Agar Eosina Azul de Metileno (Agar EMB)


com crescimento de E. coli.

Isolamento em Agar Tripcase Soja


(Agar TSA)

Série Bioquímica

INDOL

E. coli (+)
54

Apêndice D. Esquema para contagem padrão em placas de bactérias heterotróficas.

AM O STR A
(Água)

1m l 1m l

Plate C ount Agar


(Agar PC A)

IN C U B A Ç ÃO
37ºC /48H
55

Apêndice E. Esquema para pesquisa de Enterococcus sp. em água (NMP/100mL).

TESTE PRESUNTIVO

Amostra de água

10ml 1ml 0,1ml

Caldo Azida (concent.


simples e dupla)

(D) (S) (S)

ESTUFA 35ºC/48 horas

TESTE CONFIRMATIVO

10ml 1ml 0,1ml

Tubos (+)
(Turvos)

Agar m-Enterococcus Identificação


ESTUFA 35°C/24 horas
Bioquímica

Isolamento das colônias


típicas
56

Apêndice F. Esquema para pesquisa de Pseudomonas sp. em água (NMP/100mL)

Amostra de água

10ml 1ml 0,1ml

Teste presuntivo
Caldo Asparagina

Conc. ( D ) Conc. ( S ) Conc. ( S )

Teste presuntivo positivo (presença de uma fluorescência


esverdeada na luz ultravioleta)

Teste confirmativo
Caldo Acetamida

ESTUFA
37ºC/48 horas

Teste confirmativo positivo em caldo acetamida para a presença de


Pseudomonas aeruginosa (cor púrpura ou rosa intenso)
57

Apêndice G. Enumeração de Coliformes a 45ºC em Águas de Praia (Balneabilidade).

AMOSTRA

10 mL

90 mL Água Marinha Sintética

10mL 1mL 0,1mL

ESTUFA a 35ºC
24/48 horas

Tubos positivos → turvação com produção de


gás no tubo de Durham

2 alçadas

Caldo
E.C. Coliformes a 45ºC

Banho-Maria
45ºC/24 horas

Gás (-) Gás (+)


Ausência de Presença de
coliformes coliformes
fecais fecais
58

REFERÊNCIAS

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the Examination


of Water and Wastewater. 18 ed. Washington/D.C: APHA/AWWA/WEF.1992.

JAY, J.M. Microbiologia de alimentos. 6.ed. Porto Alegre: ArtMed, 2005.

MACÊDO, J.A.B. Águas & Águas. São Paulo: Varela, 2001.

SILVA, N.; NETO, R.C.; JUNQUEIRA,V.C.A.; SILVEIRA, N.F.A. Manual de métodos de


análise microbiológica da água. Campinas: ITAL/Núcleo de Microbiologia, 2000.

SOARES, J.B.; MAIA, A.C.F. Água: microbiologia e tratamento. Fortaleza: EUFC, 1999.

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