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Homens de alma quieta

HOMENS DE ALMA QUIETA


“Aquietai-vos e sabei que eu sou
Deus; serei exaltado entre as nações;
serei exaltado sobre a terra”
Salmo 46:10

Introdução

Existe no ser humano uma característica


muito especial que o torna diferente de tudo mais
na criação: a capacidade de raciocinar e decidir ou
invés de simplesmente reagir ao instinto.
Criado à imagem e semelhança de Deus o homem
teria como certo em sua vida a comunicação
constante e desimpedida com o seu Criador. No
entanto, como já é de conhecimento de
praticamente todos os cristãos; o homem decaiu
desta condição inicial e foi “destituído da glória de
Deus”. È importante ressaltar que a glória de deus
está intimamente ligada à sua presença, o que
equivale dizer que o homem foi destituído da
presença de Deus. A presença da qual o homem
foi destituído não é a presença geral de Deus, que
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é fruto de seu atributo de onipresença, mas
daquela presença manifesta com o propósito de
interagir; como aquela que se fez notar tantas
vezes no deserto do Sinai, quando a glória do
SENHOR brilhava na Tenda da Congregação; e
em duas oportunidades marcantes do ministério de
Jesus. A primeira vez foi quando Jesus foi batizado
e, após ele ter saído da água, os céus se abriram e
ouviu-se uma voz que se manifestou aos
presentes. A segunda foi quando da transfiguração,
oportunidade em que foi dito aos discípulos que
ouvissem (seguissem) o que Jesus ensinava.
Foi desta presença que o homem foi
destituído, na realidade, Adão e Eva foram
expulsos do Jardim do Éden e assim perderam
aquela comunhão constante que havia.
No evento da queda do homem, houve uma
transposição de base de operação. Uma vez
interrompida a comunhão com o autor da vida, o
espírito do homem ficou sem vigor e acabou
cedendo domínio para a alma, que sabedora do
bem e do mal, passou a fazer escolhas com base
na inteligência e emoções sem a interferência do
espírito que estando “morto” (separado de Deus)
não tinha muito como ajudar.

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Sendo assim, quanto mais progredia o
conhecimento humano, mais as pessoas se
apoiavam em suas mentes para dirigir a sua vida.
No último verso do livro dos Juízes há uma
descrição que mostra muito bem o que acontecia
desde os tempos da queda do homem.
“Naqueles dias não havia rei em Israel, e cada
um fazia o que achava mais certo”
Jz 21:25.
Porém, desde que Deus decidiu destruir toda a
carne, o Criador tem buscado e encontrado
homens que conseguem aquietar as suas almas e
assim podem ouvir Deus no meio de sua
existência.

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Noé

O primeiro deles foi Noé que, nunca tendo


ouvido falar de chuva, pôde colocar a sua mente
em segundo plano e obedecer ao chamado e
plano, aparentemente absurdos. Como alguém que
nunca viu chuva pode trabalhar para escapar de
uma inundação, e durante mais de um século!
Suas emoções deviam bradar aos seus ouvidos
cada vez que ele era zombado e ridicularizado
pelos seus contemporâneos. Muitos de nós
trabalhamos empolgados quando recebemos uma
visão ou plano de Deus para realizar, mas se
passarem-se alguns poucos anos sem resultado,
logo há desânimo e abandono. Noé manteve-se
motivado por longos 120 anos! Tudo porque
mantinha sua alma sob controle, submissa ao seu
propósito firme de obedecer ao Deus com quem
andava e tinha comunhão.

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Abraão

Outro que teve papel fundamental na história


do povo de Israel e também na nossa história é o
patriarca Abraão. Filho de um fabricante de ídolos
e bem estabelecido em sua terra e sociedade,
deixa sua família e parte para uma terra que ainda
não sabia onde era. Sejamos sinceros, quem
utilizando o cérebro e toda a estrutura lógica do
raciocínio humano seguiria tal indicação tão
imprecisa. Porém Abraão foi e, em obediência a
esta chamada, peregrinou numa terra
desconhecida, enfrentando múltiplas dificuldades.
A proposta era irrecusável, mas a realização era
questionável e demorada. Mas a Bíblia disse que
Abraão creu e isso foi-lhe imputado como justiça.
Sair da tenda e contemplar o céu da palestina dois
mil anos antes de Cristo devia ser algo de tirar o
fôlego (para nós) de tanta estrela. Mas ele
acreditou na Palavra de Deus e desconsiderou as
suas ponderações lógicas e ainda o inconveniente
de ter seu nome mudado para pai de uma multidão
quando não tinha ainda nenhum filho. Era
emocionalmente desgastante ser chamado por um
nome que não representava em nada sua real
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condição no momento. Todavia Abraão conseguiu
silenciar suas emoções e raciocínio aquietando sua
alma e dando preferência à voz de Deus. Um Deus
de quem poderia ter ouvido falar, pois foi
contemporâneo de Sem, o filho mais velho de Noé,
de quem na realidade também descendia. Mas
mesmo assim era uma experiência nova e
inusitada, seguir para um destino desconhecido
acreditando no impossível. Afinal de contas Sara
era estéril e ambos já estavam avançados em
idade. Todavia mantiveram firme a chamada que
receberam, atendendo por seus novos nomes
quando ainda eram apenas uma indicação e não
uma realidade. Somente uma alma quieta poderia
permitir tão singular relacionamento, a ponto de o
próprio Deus chamar Abraão de amigo, isso é
realmente algo para marcar época.

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Moisés:

Moisés é um exemplo diferente. Tendo um


nascimento e criação privilegiados, tentou no início
resolver a situação pela própria força e posição e
acabou se complicando. Provavelmente, o
chamado queimava em seu coração e não
sabendo como atendê-lo procurou seguir apenas o
impulso de suas emoções que o levaram a
extrapolar e agir no momento e da forma
equivocada. Em Ec 8:5b, está escrito que “o
coração do sábio sabe o tempo e o modo”, isto é
há o momento oportuno e a maneira correta de se
fazer o que se deve fazer. Assim Moisés precipitou
uma reação da parte de Faraó que o fez abandonar
a sua posição de “filho da filha de Faraó” e dirigir-
se ao deserto. Imagino que durante os primeiros
momentos a chama de querer libertar os cativos
ainda ardia muito. No seu ímpeto, conseguiu, livrar
sua futura esposa e cunhada de quem as oprimia.
Depois seguiu sua vida conforme as circunstâncias
permitiam. Porém o conhecimento adquirido nas
ciências do Egito ainda estava com ele, e foi este

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conhecimento que deve tê-lo despertado para o
incomum episódio da sarça ardente.
Foram 40 longos anos para aquietar a alma e como
dizem alguns: Deixar de pensar que era alguém e
passar a pensar que era ninguém. Que diferença
do Moisés que décadas atrás havia tentado realizar
pela força o seu chamado para esse de agora
dizendo “envias aquele que hás de enviar, menos a
mim” Ex 4:13. Desprovido de alto conceito de si
mesmo, talvez até receoso, mas com certeza muito
mais maleável e quieto que em seu primeiro
estado. A própria Palavra diz a seu respeito:
“Era o varão Moisés mui manso, mais do que
todos os homens que havia sobre a terra”
Números 12:3
esta mansidão não veio por “imposição de mãos”;
foi um longo trabalhar de Deus naquele que havia
escolhido desde o ventre. Muitos de nós temos
sido muito prematuros, precoces em nossas
atuações, querendo antecipar a realização da
promessa de Deus. E frequentemente o resultado
não é diferente do de Moisés, acabamos tendo que
correr para o deserto e sermos tratados lá.
Depois de treinado neste duro campo de
provas, Moisés enfrentou o vestibular divino da
comissão, e por pouco não foi eliminado quando a

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ira de Deus se acendeu contra ele; mas Moisés
conseguiu dar bom prosseguimento ao plano divino
que acabou por desencadear a “dispensação da
Lei” que acabou praticamente recebendo o nome
de Moisés em referências futuras. Mas ainda havia
um longo caminho a percorrer. Foram muitas as
oportunidades em que Moisés se viu às voltas com
situações em que sua alma seria provocada a
entrar em erupção, contudo em quase todas
Moisés pôde apoiar-se na manifestação da
vontade, presença e glória de Deus. Havia a
questão de julgar o povo, do início da manhã até
ao cair da noite. Chegou a se interpor entre Deus e
o povo, colocando a sua vida em risco a favor do
povo após o Bezerro de Ouro. Pediu a Deus ajuda
para conduzir o povo e 70 anciãos foram
escolhidos para dividir com Moisés a dura tarefa.
Havia um misto de gente (populacho) que subiu
junto com Israel (tipificando o joio) que inflamava a
murmuração no meio do povo; ora era a multidão,
ora era a liderança (Core, Data e Abirão), quando
não, era a própria família que o colocava à prova.
O próprio Deus se indignava com o povo a ponto
de desejar consumi-lo por completo, e lá ia Moisés
para a intercessão outra vez. A alma de um homem

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assim dificilmente encontra espaço para se
aproveitar, acaba tendo que colaborar com o plano.
Creio que qualquer homem, valendo-se apenas de
suas habilidades naturais teria entrado em pânico,
teria abandonado a empreitada ou coisa
semelhante. Mais de dois milhões de pessoas a
quem dirigir, ensinar, julgar e às vezes até matar; é
demais! Para quem opera somente com base na
alma, situações assim são inconcebíveis; contudo
uma vez treinado na escola divina, o sobrenatural
passa a ser algo constante e equivalente aos
desafios. A própria memória, passa a ser uma
referência quando relembra a lista das proezas de
Deus e que nenhuma falha houve em todas as
suas palavras e que, portanto, é ilógico duvidar de
um Deus com 100% de aproveitamento em suas
manifestações. Como o próprio Jesus disse:
“É na vossa perseverança que ganhareis a vossa
alma.”
Lucas 21:19
Moisés conquistou a sua alma através do manter-
se sob a direção e instrução divina. Pôde
contemplar, como nenhum outro, a presença divina
e isso mudou a sua existência de tal forma que
Moisés era chamado de servo do Senhor não no
mesmo tom em que hoje se rotula qualquer crente

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evangélico; era no mesmo nível em que era
chamado aquele servo mais antigo em relação a
Abraão. Era aquele servo de confiança que põe a
mão embaixo da coxa do seu senhor e jura
fidelidade, a quem era entregue tarefa ímpar.
Assim era Moisés chamado de servo do Senhor.
A própria convivência com os israelitas no
deserto era tarefa muito além da capacidade de
qualquer ser humano. O povo era de dura cerviz,
obstinado e com uma mentalidade medíocre que
só sabia fazer referência ao Egito (única realidade
conhecida da maioria) quando qualquer
adversidade batia à porta. Era desgastante ao
extremo estar sempre às voltas com gente
desmotivada, incrédula e murmuradora, que não se
satisfazia nem com o maná, ao qual chamavam de
“pão vil”, numa clara demonstração de desprezo
pelas coisas de Deus olvidando rapidamente dos
feitos mais recentes do Deus a quem deveriam
servir.
Muito embora Moisés tenha falhado no
episódio das águas de Meribá, e por isso foi
sentenciado a não entrar na Prometida Canaã (ver
Números 20:12), no momento em que Deus o
chama para subir o monte e lá ver a terra e depois
morrer, Moisés age de uma forma muito mansa;
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apenas roga ao Senhor que coloque um homem
adiante do povo para conduzi-lo. Ele mesmo havia
escolhido Josué para seu servidor, mas não tentou
forçar uma indicação, colocou-se mais uma vez em
submissão a Deus aquietando a sua alma e
esperando que de Deus viesse a resposta. O
resultado foi um sucesso como todos já sabemos.
Mas temos que reconhecer que é uma situação
muito inquietante ser chamado pelo nome para
morrer no topo de um monte; e ainda pensar nos
outros e não em si mesmo!? Os incrédulos dirão : “
Esse homem não existiu!”, mas a história confirma,
Moisés foi um homem que sabia aquietar a sua
alma.

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Gideão

Nosso próximo personagem é Gideão. Vivia


em uma época de aperto e desespero. O povo da
aliança perdera a visão, em vez de ser benção
para todas as famílias da terra, só se preocupavam
com a sua própria benção, a terra, e assim afastou-
se da vontade de Deus. Como não poderia deixar
de ser, as bênçãos decorrentes da obediência se
foram e vieram as maldições conseqüentes da
desobediência. O povo vivia em aperto e
sobressalto; a todo momento inimigos invadiam o
seu território e pilhavam a terra, empobreciam o
povo a tal ponto que a ordem do dia era salvar o
que fosse possível.
Gideão já era um estrategista e por isso, tirou
de sua mente aguçada uma brilhante idéia:
Malhando o trigo no lagar, não seria possível ser
descoberto e o mantimento poderia ser salvo. Não
era uma tarefa de fácil execução levando-se em
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conta o terreno desfavorável, mas era uma saída
de muita inteligência.
Foi neste cenário que acabou sendo
recrutado para as fileiras dos heróis da fé. Ele
escuta o que jamais havia pensado a seu respeito:
“varão valoroso” (Juízes 6:12). A situação era tão
assoladora que já tinha se ido o orgulho e a altivez
do povo hebreu. Gideão não se reconhece naquela
saudação, mas não perde tempo em relembrar as
promessas que haviam sido feitas aquela nação.
Logo depois, o Senhor ordena-lhe que derrube o
altar de Baal que seu pai mantinha e por isso
recebeu o nome de Jerubaal, que significa Baal
contenda com ele. Isso parecia que realmente iria
acontecer, pois a seguir não somente os
midianitas, de quem Gideão escondia o trigo, mas
também aos amalequitas e outros filhos do oriente
ajuntaram-se no vale de Jezreel. A multidão cobria
o vale como gafanhoto, mas o Espírito do Senhor
revestiu Gideão e ao tocar a buzina, se juntaram a
ele os abiezritas, como também todo o restante de
Manassés, Aser , Zebulon e Naftali. Era uma
campanha que começava bem, contudo a mente
de Gideão trabalhava muito e a dúvida bateu à sua
porta. Segue-se então o episódio do velo de lã e o
orvalho. Há quem diga que é muito arriscado
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colocar as provas de algo espiritual no terreno das
coisas naturais (lã, orvalho etc), pois esta é uma
área à qual o inimigo tem fácil acesso. Mas penso
que Gideão, assim como Jó, desconsiderava o
inimigo espiritual te tal maneira à face de Deus que
só podia interagir com quem o chamara enquanto
estava quieto em seus afazeres emergenciais.
Então vem a dupla confirmação de que era mesmo
ele quem haveria de livrar Israel; primeiro o velo
encharcado e secura ao redor dele, depois o velo
seco com orvalho na eira ao redor. Era tudo que
um líder precisava, Deus estava na dianteira e isso
não poderia ser melhor.
Então vem a frase que coloca a batalha não
no campo das idéias e estratégias, mas no campo
da fé. Deus diz a Gideão “É muito o povo que está
contigo”
Não conheço um único líder vivo que admita
esta idéia como vinda de Deus. È praticamente
unânime a idéia de que multidão é sinônimo de
aprovação. Ainda mais que os exércitos a serem
vencidos estavam na proporção de 135.000 para
42.000 uma razão de 3,2 para cada um ou para
números inteiros 16 para cada 5 israelitas. Nenhum
estrategista, por mais astuto que fosse, enfrentaria
uma batalha tão desproporcional.
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É nesta hora que faz diferença uma alma que
se aquieta para ouvir a Deus e não suas próprias
emoções palpitantes pela proximidade do combate.
Era momento de lançar mão daquilo que pode
trazer esperança: os grandes feitos de Senhor. Não
era hora de matemática nem de estratagemas
militares, era hora de calar-se diante da Palavra de
Deus e aquiescer ao Soberano Senhor do
universo, abandonando suas opiniões e posturas.
Lá se vai Gideão e uma multidão já
desfalcada dos 32.000 amedrontados para o
vestibular mais estanho da história das academias
militares em todo o planeta. Dez mil homens
bebendo água. Deveria ser uma cena no mínimo
estranha e de fato arriscada para quem estava em
estado de guerra. E o resultado não poderia ser
pior: apenas 300 passaram no exame de aptidão. A
proporção agora subia a uma esfera astronômica.
Eram 450 inimigos para cada um de Israel. Tal
tarefa era humanamente impossível, era uma
empreitada sem futuro aos olhos de qualquer um.
Mas era exatamente esta a idéia de Deus, indicar
claramente que Israel não conseguiria livrar-se por
seus próprios esforços; para que não viesse a se
vangloriar contra o Senhor.

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Contudo, como Deus é misericordioso, houve
ainda mais uma confirmação da vitória, Deus
manda Gideão e seu moço descerem ao arraial e
ouvirem o que os inimigos diziam. E ali Gideão foi
mais uma vez fortalecido e o resultado da peleja
todos nós já sabemos.
O que eu quero mostrar aqui é o que
aconteceu, e geralmente acontece, entre o
momento da promessa e a efetivação da mesma.
Quando nossas mentes e emoções ficam a nos
desafiar frente à situação. É neste intervalo que
muitos cristãos, com chamados realmente
tremendos de Deus, sucumbem e acabam por
passar pela história de forma medíocre. É este tipo
de batalha que tem derrubado muitos que
poderiam ser campeões, não fosse a preferência
que dão às suas emoções e raciocínios.
Lamentavelmente, muita gente de valor no reino
está abaixo de suas possibilidades, pois não
consegue romper os laços emotivos e racionais
que prendem sua vida como as cordas prendem
um navio ao cais.

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Felipe

Mudamos de época, saindo da dispensação


da Lei para a era da Igreja. Havia alguns anos que
Jesus tinha sido elevado aos céus e ordenado que
o evangelho fosse espalhado pelo mundo. Muitos
ficaram maravilhados com o que acontecia em
Jerusalém e ordem de ir por todo o mundo não se
concretizava. Mas quando Estevão foi morto em
praça pública, a perseguição empurrou o
evangelho para fora de Jerusalém e para além das
fronteiras da Judéia. A grande massa de crentes
era da linhagem judaica e por isso havia certa
relutância em dividir este novo oráculo com os
gentios.

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Foi no meio desta perseguição que Felipe,
um dos sete diáconos escolhidos para “servir as
mesas” acabou por chegar a Samaria e lá iniciou
um trabalho de evangelismo que alcançou as
multidões. Acompanhe a leitura:
“E as multidões unanimemente prestavam
atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e
viam os sinais que ele fazia, pois que os
espíritos imundos saíam de muitos que os
tinham, clamando em alta voz; e muitos
paralíticos e coxos eram curados. E havia
grande alegria naquela cidade.”
Atos 8: 6 a 8
Era o sonho de qualquer evangelista, ver o
evangelho transformando vidas e mexendo com o
jeito de ser de uma cidade inteira. Até os apóstolos
Pedro e João foram enviados para ministrarem aos
que eram batizados, mas ainda não haviam
alcançado o enchimento com o Espírito Santo. A
situação era tão empolgante que até Simão queria
poder para realizar tais maravilhas através de
pagamento, o que acabou saindo mais caro do que
ele esperava (leia o capítulo 8 todo). Se
pudéssemos reproduzir os episódios que ali
aconteceram, creio que ficaríamos muito
entusiasmados e até emocionados vendo as filas
de pessoas sendo batizadas depois se dirigindo a
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Pedro e a João para receberem o enchimento do
Espírito Santo. Era cenário para fazer qualquer um
arrepiar dos pés à cabeça. Felipe como precursor
disto tudo deveria estar radiante e com o senso de
dever cumprido, e ainda mais, por ser fora de
Jerusalém, a confirmação de que era possível ao
evangelho reproduzir o mesmo efeito em qualquer
parte do mundo.
No entanto, durante esta verdadeira festa de
avivamento, Felipe recebe a visita de um anjo que
o instrui a fazer algo realmente inquietante:
“Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo:
Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho
que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha
deserto. Ele se levantou e foi.”
Atos 8:28
Que loucura, deixar um lugar em que tudo
está saindo exatamente como se espera e ainda
acima do esperado (pois havia certa resistência por
parte dos judeus em relação aos samaritanos), e
partir para um lugar que não tem ninguém. Se
estivéssemos numa reunião denominacional de
líderes nos dias de hoje, não faltariam as críticas a
Felipe dizendo que o sucesso de sua campanha
evangelística o deixara soberbo e agora estaria ele
sendo enganado pelo inimigo para tirá-lo do
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propósito de Deus para a “nossa igreja”. Seria bem
possível que alguém o aconselhasse a provar o tal
espírito que lhe aparecera, para ver se não era
armadilha do diabo.
Graças a Deus, Felipe não consultou
ninguém seguiu o discernimento que teve e foi para
onde o Senhor, através de um anjo, o mandara ir.
Sua alma não prevalecia sobre o espírito, sim
sobre seu espírito humano, pois é neste campo em
que as batalhas mais ferrenhas são travadas, sem
que ninguém o saiba muitas vezes.
Paulo escreve:
“Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o
Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo
as profundezas de Deus.Porque qual dos
homens sabe as coisas do homem, senão o seu
próprio espírito, que nele está? Assim, também
as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão
o Espírito de Deus.”
1 Co 2:10-11
Note bem o verso 11 que indica que podemos
saber se a “coisa” é de homem ou se é de Deus.
Felipe conseguiu separar sua opinião daquilo que
Deus havia ordenado e isso fez toda a diferença.
A maravilha de seguir e obedecer a um Deus
tão poderoso é que na sua onisciência, Ele já tem
tudo sob controle e nada pode frustrar seus planos.
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Felipe chega ao caminho indicado e a seguir vem o
tesoureiro da rainha Candace, dos etíopes, voltava
de Jerusalém, onde fora adorar. Felipe, dando
ouvidos mais uma vez ao Espírito, aproxima-se do
carro e provoca o início de uma conversa que
termina com o batismo do alto oficial daquele reino.
Felipe é arrebatado e vem, se encontrar em Azoto,
antiga Asdode dos filisteus que ficava a mais de 40
Km de Gaza. O eunuco ficou tão feliz que tornou-
se um missionário em seu país.
Agora vejamos o resultado da obediência de
Felipe. Lembremos primeiro que a ida a Samaria
foi por causa da perseguição; e mesmo apesar de
tanta alegria e unanimidade, a igreja de Samaria
não existe na atualidade. Mas quando os
missionários chegaram à Etiópia para pregar,
encontraram a igreja dos cooptas que receberam o
evangelho através do tesoureiro da rainha
Candace. Aleluia! A obediência voluntária traz mais
resultados do que a obediência circunstancial
(aquela que é produzida pela força das
circunstâncias), a alma quieta de Felipe permitiu
que ele alcançasse a vontade perfeita de Deus, e
não apenas a vontade permissiva.

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Conclusão

Em cada uma destas situações, as pessoas


obtiveram êxito porque estavam tranqüilas para
ouvir de Deus. Suas inquietações estavam
submissas ao controle de suas vontades.
No Salmo 131: 1,2 podemos ler: “1 ¶
SENHOR, não é soberbo o meu coração, nem
altivo o meu olhar; não me exercito em grandes

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assuntos, nem de coisas maravilhosas demais para
mim.
2 Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha
alma; como a criança desmamada se aquieta nos
braços de sua mãe, como essa criança é a minha
alma para comigo.”
É interessante notar que hoje vemos a
maioria dos líderes cristãos a procura de grandes
coisas e se exercitando em assuntos grandiosos e
atraindo uma multidão de curiosos após si.
Pessoas assim são inquietas e não conseguem
sossegar para poder ouvir o Senhor. Muitas vezes
é necessário que haja um trauma para que gente
assim pare para refletir. Estão tão envolvidos num
ativismo frenético que acabam sendo
impulsionados pela sua própria e intensa e
freqüente movimentação. Há pessoas com a
opinião de que parar um momento para se aquietar
é desperdício de tempo, mas não é assim que o
nosso Deus prescreve.
“Porque assim diz o Senhor JEOVÁ, o Santo de Israel:
Em vos converterdes e em repousardes, estaria a
vossa salvação; no sossego e na confiança, estaria a
vossa força, mas não a quisestes”.
Isaías 30:15
Há um legado da igreja romana que
insistentemente aparece, ainda que de forma
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disfarçada, em nossa “teologia”. É o fazer por
merecer. De uma ou de outra forma, estamos
sempre querendo ser dignos de algo. E na
esmagadora maioria das vezes, o que temos e o
que somos vem graciosamente de Deus que
liberalmente nos abençoa. Mas como estamos tão
preocupados em “perseguir um objetivo”, nos
embrenhamos em nossas atividades em prol de
nós mesmos com a finalidade única de aplacar
nosso ego ansioso por auto-realização. A palavra
diz em Provérbios 21:31 “O cavalo prepara-se
para o dia da batalha, mas do SENHOR vem
a vitória.” Porém muitos preferem o ditado “ sem
batalha não há vitória” e se esforçam na peleja
quando deveriam investir mais tempo com Deus
para que Ele indique o caminho da vitória ou vença
sem que precisemos “apresentar armas”. Isto está
tão arraigado (enraizado) em nós que soa esquisito
descansar em tempos de guerra. O descanso do
qual estamos falando é o espiritual, ou seja,
mesmo em meio a toda a atividade necessária e
pertencente ao nosso cotidiano, podemos estar
tranqüilos na presença de Deus. Nossos braços e
pernas podem estar em movimento, mas o coração
e a mente descansam esperando, no Senhor e
pelo Senhor. Esperar no Senhor é uma postura de
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fé permanente. Esperar pelo Senhor é não se
precipitar nas tomadas de decisão, como fez Saul
quando esperava por Samuel para oferecer
sacrifícios
“Esperou Saul sete dias, segundo o prazo
determinado por Samuel; não vindo, porém,
Samuel a Gilgal, o povo se foi espalhando dali.
Então, disse Saul: Trazei-me aqui o holocausto
e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto.
Mal acabara ele de oferecer o holocausto, eis
que chega Samuel; Saul lhe saiu ao encontro,
para o saudar. Samuel perguntou: Que
fizeste? Respondeu Saul: Vendo que o povo se
ia espalhando daqui, e que tu não vinhas nos
dias aprazados, e que os filisteus já se tinham
ajuntado em Micmás, eu disse comigo: Agora,
descerão os filisteus contra mim a Gilgal, e
ainda não obtive a benevolência do SENHOR;
e, forçado pelas circunstâncias, ofereci
holocaustos. Então, disse Samuel a Saul:
Procedeste nesciamente em não guardar o
mandamento que o SENHOR, teu Deus, te
ordenou; pois teria, agora, o SENHOR
confirmado o teu reino sobre Israel para
sempre.”
1 Sm 13: 8-13
Há uma cantiga que se usa muito em
passeatas de protestos e movimentos da
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sociedade que diz “quem sabe faz a hora, não
espera acontecer” e seduz muitos a utilizarem suas
capacidades para atingir seus objetivos. No campo
das realizações espirituais, o sistema de valores é
outro. A forma que Deus escolhe para produzir
seus propósitos é bastante diferente da nossa. Ele
enxerga mais longe, sabe de tudo e acima de tudo
é Todo-Poderoso e Soberano. Não há como, nem
sentido em questionar seus métodos. Ele
simplesmente decide e faz segundo o que Sua
vontade o aconselha a fazer.
E por outro lado, a nossa muita preocupação
pode de fato alterar alguma coisa além de nosso
frágil estado emocional? O nome da atitude em si
já denuncia a sua inutilidade - pré-ocupado, ou
seja, ocupado com aquilo que ainda não
aconteceu. Jesus mesmo foi quem disse:
“Qual de vós, por ansioso que esteja, pode
acrescentar um côvado ao curso da sua vida?”
Lucas 12:25.
Preocupação, mais que representar
responsabilidade, geralmente indica falta de fé.
Nossa atividade em relação a um temor iminente
deve ser o prescrito por Paulo para os Filipenses:

27
Edições Beréia: Conhecimento a serviço do Reino
Homens de alma quieta
“Não estejais inquietos por coisa alguma; antes,
as vossas petições sejam em tudo conhecidas
diante de Deus, pela oração e súplicas, com
ação de graças.” Fp 4:6

Há uma postura ativa de fé nesta prescrição.


Você não nega seus temores e ansiedades,
simplesmente transfere o foco, do plano material
para o espiritual, do instável para o estável. As
ações de graças só podem brotar de quem crê que
Aquele com quem falaram pode e quer fazer o
necessário para o “bem daqueles que amam a
Deus e foram chamados de acordo com o seu
propósito”. O propósito de Deus é geralmente
desconsiderado na análise preliminar de uma
situação; e sem saber o propósito, ficamos sem
foco, na periferia de Sua vontade.
Precisamos resgatar um olhar mais profundo
das situações e aquietarmos nossas almas para
pudermos saber que o Senhor é Deus.
-------------------------------x-----------------------------------
PS.: A mensagem nunca acaba; ela é interrompida
para dar tempo de refletir e reagir à altura da
mesma.

OUTROS TÍTULOS DAS EDIÇÕES BERÉIA


28
Edições Beréia: Conhecimento a serviço do Reino
Homens de alma quieta

• AS IGREJAS ESTÃO EM CRISE VOL 1


• AS IGREJAS ESTÃO EM CRISE VOL 2
• AS IGREJAS ESTÃO EM CRISE VOL 3
• GOVERNO NA IGREJA LOCAL
• CARÁTER E DONS

E VEM MUITO MAIS POR AÍ...

29
Edições Beréia: Conhecimento a serviço do Reino

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