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MUNDO JURÍDICO 1

artigo de Carla Fernanda de Marco

DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

Carla Fernanda de Marco

Advogada; Mestre em Direito das Relações Econômicas Internacionais

pela PUC SP e doutoranda em Direito Constitucional pela PUC SP.

1. Conceito de princípios

O conceito de princípio constitucional não pode ser tratado sem

correlação com a idéia de princípio no Direito, posto que o princípio constitucional,

além de princípio jurídico, é um princípio que haure a sua força teórica e normativa

do Direito enquanto ciência e ordem jurídica.

Para se analisar, com satisfatoriedade, o conceito de princípio no

Direito, cumpre sejam levantadas, inicialmente, as significações de princípio fora do

âmbito do saber jurídico para depois adentrar-se nesta área.

Princípio sm [do lat principiu]. Ato de principiar; momento em que uma

coisa tem origem; começo ou início. Ponto de partida.1

O dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira2 define princípio

em várias acepções:

Princípio: 1. Momento ou local ou trecho em que algo tem


origem [...] 2. Causa primária. 3. Elemento predominante na
Constituição de um corpo orgânico. 4. Preceito, regra, lei. 5. P.
ext. Base; germe [...]. 6. Filos. Fonte ou causa de uma ação.
7. Filos. Proposição que se põe no início de uma dedução, e
que não é deduzida de nenhuma outra dentro do sistema
considerado, sendo admitida, provisoriamente, como
inquestionável. São princípios os axiomas, os postulados, os
teoremas etc.

Adiante, noutra passagem do referido dicionário, registra-se o

1 MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1998, p. 1697.
2 FERREIRA, Aurélio Buarque de H; FERREIRA, Marina Baird. Dicionário Aurélio Eletrônico – versão 2.0.
Regis Ltda e J. C. M. M. Editores Ltda, 1996.

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significado de princípios – agora no plural -: “Princípios. [...] 4. Filos. Proposições

diretoras de uma ciência, às quais todo o desenvolvimento posterior dessa ciência

deve estar subordinado.”3

No princípio repousa a essência de uma ordem, seus parâmetros

fundamentais e direcionadores do sistema.

A idéia de um princípio ou sua conceituação, seja lá qual for o campo

do saber que se tenha em mente, designa a estruturação de um sistema de idéias,

pensamentos ou normas por uma idéia mestra e por um pensamento chave, de

onde todas as demais idéias, pensamentos ou normas derivam, se conduzem e se

subordinam.

Em qualquer ciência é o começo, o ponto de partida. É a pedra angular

de qualquer sistema.

Para DE PLÁCIDO E SILVA:4

Princípios, no plural, significam as normas elementares ou os


requisitos primordiais instituídos como base, como alicerce de
alguma coisa [...] revelam o conjunto de regras ou preceitos,
que se fixam para servir de norma a toda espécie e ação
jurídica, traçando, assim, a conduta a ser tida em qualquer
operação jurídica [...] exprimem sentido mais relevante que o
da própria norma ou regra jurídica [...] mostram-se a própria
razão fundamental de ser das coisas jurídicas, convertendo-as
em perfeitos axiomas [...] significam os pontos básicos, que
servem de ponto de partida ou de elementos vitais do próprio
Direito.

MIGUEL REALE5 afirma que princípios são:

[...] verdades fundantes de um sistema de conhecimento, como


tais admitidas, por serem evidentes ou por terem sido
comprovadas, mas também por motivos de ordem prática de
caráter operacional, isto é, como pressupostos exigidos pelas
necessidades da pesquisa e da práxis.

3 FERREIRA, Aurélio Buarque de H; FERREIRA, Marina Baird. Dicionário Aurélio Eletrônico – versão 2.0.
Regis Ltda e J. C. M. M. Editores Ltda, 1996.
4 SILVA, De Plácido. Vocabulário Jurídico. 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 639.
5 REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 1980, p. 299.
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GENARO CARRIÓ6 comenta que:

Principio de derecho, es el pensamiento directivo que domina


y sirve de base a la formación de las singulares disposiciones
de Derecho de uma institución jurídica, de um Código o de
todo um Derecho positivo. El principio encarna el más alto
sentido de una ley o institución de Derecho, el motivo
dominante, la razón informadora del Derecho [ratio juris],
aquella idea cardinal bajo la que se cobijan y por la que se
explican los preceptos particulares, a tal punto, que éstos se
hallan com aquélla em la propia relación lógica que la
consecuencia al principio de donde se derivan.

Pode-se afirmar que os princípios constituem verdadeiras proposições

lógicas, sendo embasamentos do sistema jurídico.

No que tange aos princípios jurídicos, ROQUE ANTÔNIO CARRAZA7

afirma que:

[...] princípio jurídico é um enunciado lógico, implícito ou


explícito, que, por sua grande generalidade, ocupa posição de
preeminência nos vastos quadrantes do Direito e, por isso
mesmo, vincula, de modo inexorável, o entendimento e a
aplicação das normas jurídicas que com ele se conectam.

Quanto ao papel dos princípios, CELSO BASTOS 8 nos traz a seguinte

lição:

[...] nos momentos revolucionários, resulta saliente a função


ordenadora dos princípios. [...] Outras vezes, os princípios
desempenham uma ação imediata, na medida em que tenham
condições para serem auto-executáveis. Exercem, ainda, uma
ação tanto no plano integrativo e construtivo como no
essencialmente prospectivo. [...] Finalmente, uma função
importante dos princípios é a de servir de critério de
interpretação para as normas. Se houver uma pluralidade de
significações possíveis para a norma, deve-se escolher aquela
que a coloca em consonância com o princípio, porque, embora
este perca em determinação, em concreção, ganha em
6 CARRIÓ, Genaro R. Princípios Jurídicos y Positivismo Jurídico. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 1970, p.
33.
7 CARRAZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 7ª ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 1995, p. 29.
8 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 21ª .ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 55-56.

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abrangência.

Para Paulo Bonavides: “Princípios são verdades objetivas, nem

sempre pertencentes ao mundo do ser, senão do dever-ser, na qualidade de normas

jurídicas, dotadas de vigência, validez e obrigatoriedade.” 9

Nos princípios se encontrará as diretrizes valorativas válidas,

aplicáveis à interpretação constitucional.

2. Princípios constitucionais

Faz-se interessante aqui, antes de abordar os princípios

constitucionais, transcrever o pensamento de CANOTILHO:10

[...] a Constituição é, [...] uma lei, configurando a forma típica


de qualquer lei, compartilhando com as leis em geral um certo
número de características (forma escrita, redação articulada,
publicação oficial etc). Mas também, é uma lei diferente das
outras: é uma lei específica, já que o poder que a gera e o
processo que a veicula são tidos como constituintes, assim
como o poder e os processos que a reformam são tidos como
constituídos, por ela mesma; é uma lei necessária, no sentido
de que não pode ser dispensada ou revogada, mas apenas
modificada; é uma lei hierarquicamente superior – a lei
fundamental, a lei básica – que se encontra no vértice da
ordem jurídica, à qual todas as leis têm de submeter-se; é uma
lei constitucional, pois, em princípio, ela detém o monopólio
das normas constitucionais.

Os princípios constitucionais são aqueles que guardam os valores

fundamentais da ordem jurídica.

Nos princípios constitucionais, condensa-se bens e valores

considerados fundamentos de validade de todo o sistema jurídico.

Na concepção de CELSO BASTOS:

Os princípios constituem idéias gerais e abstratas, que

9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 11ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2001, p. 229.
10 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Fundamentos da Constituição. Coimbra: Almedina, 1991, p. 40,
apud ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Conceito de Princípios Constitucionais. 2ª ed. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2002, p. 100.
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expressam em menor ou maior escala todas as normas que


compõem a seara do direito. Poderíamos mesmo dizer que
cada área do direito não é senão a concretização de certo
número de princípios, que constituem o seu núcleo central.
Eles possuem uma força que permeia todo o campo sob seu
alcance. Daí por que todas as normas que compõem o direito
constitucional devem ser estudadas, interpretadas,
compreendidas à luz desses princípios. Quanto os princípios
consagrados constitucionalmente, servem, a um só tempo,
como objeto da interpretação constitucional e como diretriz
para a atividade interpretativa, como guias a nortear a opção
de interpretação. 11

Observa-se que os princípios constitucionais merecem menção

especial. São o ápice do sistema jurídico, tudo que lhes segue têm que estar em

perfeita harmonia e conformidade com seus preceitos. Tais princípios valores que

servirão de critérios para as futuras normas e serão concretizados à medida que

forem sendo editadas normas para sua efetivação.

Destaca-se também os ensinamentos de LUÍS ROBERTO

BARROSO12:

[...] os princípios constitucionais são, precisamente, a síntese


dos valores mais relevantes da ordem jurídica. A Constituição
[...] não é um simples agrupamento de regras que se
justapõem ou que se superpõem. A idéia de sistema funda-se
na de harmonia, de partes que convivem sem atritos. Em toda
ordem jurídica existem valores superiores e diretrizes
fundamentais que ‘costuram’ suas diferentes partes. Os
princípios constitucionais consubstanciam as premissas
básicas de uma dada ordem jurídica, irradiando-se por todo o
sistema. Eles indicam o ponto de partida e os caminhos a
serem percorridos.

Pela doutrina, são exemplos de princípios consagrados nos textos

constitucionais: Estado de Direito, soberania nacional, dignidade da pessoa humana,

prevalência dos direitos humanos, dentre outros.

11 BASTOS, Celso Ribeiro. Op. Cit., p. 57.


12 BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 142-
143.

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Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO13, princípio jurídico é:

Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce deste,


disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas
comparando-lhes o espírito e servindo de critério para sua
exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a
lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe
confere a tônica e lhe dá sentido hamônico.

Um princípio está sempre relacionado com outros princípios e normas,

que lhes dão equilíbrio e reafirmam sua importância.

Os princípios são encontrados em todos os escalões do


ordenamento jurídico, porém, os constitucionais são os mais
importantes. A Constituição é documento jurídico que contém
em seu texto princípios que encarnam valores supremos e
superiores havidos na sociedade.14

São verdadeiros alicerces e proposições lógicas, na estruturação de

um sistema constitucional.

Constata-se uma tendência do Direito Constitucional contemporâneo,

sendo a Constituição como estrutura sistêmica aberta, composta por princípios e

regras.

CANOTILHO15 insere na Constituição um sistema aberto de regras e

princípios:

Salienta-se na moderna constitucionalística que à riqueza de


formas da constituição corresponde a multifuncionalidade das
normas constitucionais. Ao mesmo tempo, aponta-se para
necessidade dogmática de uma classificação tipológica da
estrutura normativa.

Neste mesmo raciocínio, classifica regras e princípios constitucionais

como duas espécies de normas, contemplando alguns critérios de distinção entre

13 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3ª ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2000, p. 68.
14 FERREIRA, Suzana Maria da Glória. O princípio da igualdade no direito de família à luz do novo Código
Civil. Tese (Tese em Direito) PUC/SP. São Paulo: Biblioteca da PUC, 2004, p. 30.
15 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 5ª ed. Coimbra: Livraria Almedina, 1991,
p.171-172.
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eles:

a) O grau de abstracção: os princípios


são normas com um grau de
abstracção relativamente elevado; de
modo diverso, as regras possuem uma
abstracção relativamente reduzida.
b) Grau de determinabilidade na
aplicação do caso concreto: os
princípios, por serem vagos e
indeterminados, carecem de
mediações concretizadoras (do
legislador? do juiz?), enquanto as
regras são susceptíveis de aplicação
directa.
c) Caráter de fundamentalidade no
sistema das fontes de direito: os
princípios são normas de natureza ou
com um papel fundamental no
ordenamento jurídico devido à sua
posição hierárquica no sistema das
fontes (ex: princípios constitucionais)
ou à sua importância estruturante
dentro do sistema jurídico (ex:
princípio do Estado de Direito).
d) “Proximidade” da idéia de direito: os princípios são
“standards” juridicamente vinculantes; [...] as regras podem ser
normas vinculativas com um conteúdo meramente funcional.
f) Natureza normogenética: os princípios são fundamento de
regras, isto é, são normas que estão na base ou constituem a
“ratio” de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma
função nomogenética fundamentante. 16

Dessa maneira, CANOTILHO propõe uma estrutura sistêmica que

possibilita a compreensão da Constituição como um sistema aberto de regras e

princípios. Pois, segundo essa linha de raciocínio do autor, um sistema constituído

exclusivamente de regras se tornaria um sistema jurídico de limitada racionalidade

prática, exigindo-se, assim, uma disciplina legislativa exaustiva e completa do

mundo e da vida, não havendo qualquer espaço livre para a complementação e

desenvolvimento de um sistema, como o constitucional, que é necessariamente um

sistema aberto. Por outro lado, um sistema baseado exclusivamente em princípios

16 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Op. Cit. , p.172-173.

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também seria inaceitável, pois a indeterminação e a inexistência de regras precisas

só poderiam conduzir a um sistema falho de segurança jurídica e tendencialmente

incapaz de reduzir a complexidade do próprio sistema.

Assim, pode-se afirmar que o sistema jurídico necessita de princípios

ou do valor que eles exprimem, com exemplo: liberdade, igualdade, dignidade,

Estado de Direito.

[...] em caso de conflito entre princípios, estes podem ser


objecto de ponderação, de harmonização, pois eles contêm
apenas “exigências” ou “standards” que, em “primeira linha”
(prima facie), devem ser realizados; as regras contêm “fixações
normativas” definitivas, sendo insustentável a validade
simultânea de regras contraditórias.[...]17

Os princípios possuem um grau de abstração relativamente elevado,

conforme afimação de Canotilho supra, que permitem o balanceamento de valores e

interesses, ao contrário das normas que, devem cumprir a exata medida de suas

prescrições.

[...] é uma tendência predominante no Direito


Constitucional brasileiro, e, ao que parece, no Direito
Constitucional contemporâneo também: falar de princípios
em termos estruturantes – dos princípios mais abertos
aos mais densos, chegando-se ao patamar normativo das
regras, reconduzindo-se, em via de retorno destas,
progressiva e sucessivamente, até os princípios mais
abstratos (de maior estrutura e de menos densidade).
Essa concepção reforça, como se pode deduzir, a idéia
de normatividade dos princípios constitucionais, ao
emprestar-lhe um sentido articulado-estruturante, [...] já
que torna mais plausível a compreensão, a interpretação
e a aplicação dos princípios de maior abertura pelos
princípios de maior densidade e pelas regras
constitucionais.18

3. Classificação dos Princípios Constitucionais

17 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Op. Cit., p.174.


18 ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Conceito de Princípios Constitucionais. 2ª ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2002, p. 185.
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Alguns autores classificam princípios constitucionais, utilizando alguns


critérios.
CANOTILHO19 classifica-os em:
Princípios jurídicos fundamentais: os princípios historicamente
objetivados e progressivamente introduzidos na consciência
jurídica e que encontram uma recepção expressa ou implícita
no texto constitucional. Pertencem à ordem jurídica positiva e
constituem um importante fundamento para a interpretação,
integração, conhecimento e aplicação do direito positivo. [...] os
princípios têm uma função negativa particularmente relevante
nos ‘casos limites’ (Estado de Direito e de Não Direito, Estado
Democrático e Ditadura). [...] eles fornecem sempre directivas
materiais de interpretação das normas constitucionais. Mais do
que isso: vinculam o legislador no momento legiferante, de
modo a poder dizer-se ser a liberdade de conformação
legislativa positiva e negativamente vinculada pelos princípios
jurídicos gerais.
Princípios políticos constitucionalmente conformadores: são os
princípios constitucionais que explicam as valorações políticas
fundamentais do legislador constituinte. Neles condensam as
opções políticas nucleares e se reflete a ideologia inspiradora
da constituição. Os princípios políticos constitucionais são o
cerne político de uma constituição política. [...] situam-se aí, os
princípios definidores da forma de Estado. [...] os princípios
políticos constitucionalmente conformadores são princípios
normativos, rectrizes e operantes, que todos os órgãos
encarregados da aplicação do direito devem ter em conta, seja
em actividades interpretativas, seja em actos
inequivocadamente conformadores.
Princípios constitucionais impositivos: aqui, subsumem-se
todos os princípios que, no âmbito da constituição dirigente,
impõem aos órgãos do Estado, sobretudo ao legislador, a
realização de fins e a execução de tarefas. São, portanto,
princípios dinâmicos, prospectivamente orientados. Estes
princípios designam-se, muitas vezes, por “preceitos
definidores dos fins do Estado”, “princípios directivos
fundamentais” [...]. Como exemplo de princípios constitucionais
impositivos podem apontar-se o princípio da independência
nacional [...]. Traçam, sobretudo para o legislador, linhas
rectrizes da sua actividade política e legislativa.
Princípios-garantia: visam instituir directa e imediatamente uma
garantia dos cidadãos. É-lhe atribuída uma densidade de
autêntica norma jurídica e uma força determinante, positiva e
negativa. Refiram-se a título de exemplo, o princípio [...] do juiz
natural [...], os princípios de non bis in idem e in dúbio pro reo.
[...]. Estes princípios traduzem-se no estabelecimento directo
de garantias para os cidadãos e daí que os autores lhes

19 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Op. Cit., p. 177-179.

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10

chamem “princípios em forma de norma jurídica” e considerem


o legislador estreitamente vinculado na sua aplicação.

Na concepção de JORGE MIRANDA20, os princípios constitucionais

são substantivos e adjetivos ou instrumentais, subdividindo o primeiro em outras

sub-categorias, assim delineados:

Princípios axiológicos fundamentais: são os limites


transcendentares do poder constituinte, via de positivação do
Direito natural. Ex: o direito de defesa;
Princípios político-constitucionais: são os limites inerentes do
Poder Constituinte, os signos específicos de cada Constituição
material diante das demais, refletindo as opções de cada
regime. Ex: o princípio democrático;
Princípios constitucionais instrumentais: constituem a
estruturação do sistema constitucional quanto à sua
racionalidade e operacionalidade.

JOSÉ AFONSO DA SILVA21 resume as classificações dos princípios

fundamentais, sintetizando-os em:

Princípios político-constitucionais – Constituem-se daquelas


decisões políticas fundamentais concretizadoras em normas
conformadoras do sistema constitucional positivo, [...].
Manifestam-se como princípios constitucionais fundamentais,
positivados em normas-princípio [...]. São esses princípios
fundamentais que constituem a matéria dos arts. 1º a 4º do
Título I da Constituição. Princípios jurídicos-constitucionais -
São princípios constitucionais gerais informadores da ordem
jurídica nacional.

Conclusões

Os princípios constituem a base, o alicerce de um sistema jurídico. São

verdadeiras proposições lógicas que fundamentam e sustentam um sistema.

Os princípios constitucionais têm uma função estruturante dentro do

sistema jurídico. Na sistemática constitucional brasileira, observa-se desde os

20 MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Direitos Fundamentais. T.IV. Portugal: Coimbra,
1988, p. 197. Apud FERREIRA, Suzana Maria da Glória. O princípio da igualdade no direito de família à luz
do novo Código Civil. Tese (Tese em Direito) PUC/SP. São Paulo: Biblioteca da PUC, 2004, p. 34-35.
21 SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª ed. São Paulo: Malheiros Editores,
2007, p. 93.
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artigo de Carla Fernanda de Marco

princípios mais abertos aos mais densos, chegando-se ao patamar normativo das

regras.

Nos princípios jurídicos fundamentais, por exemplo, aqueles que

estruturam o Estado Democrático de Direito, encontram-se fundamentos para a

interpretação, integração, conhecimento e aplicação do direito positivo constitucional

e infra-constitucional.

Referências bibliográficas

BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. São Paulo:

Saraiva, 1996.

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 21ª .ed. São Paulo:

Saraiva, 2000.

BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 11ª ed. São Paulo: Malheiros

Editores, 2001.

CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 5ª ed. Coimbra:

Livraria Almedina, 1991.

CARRAZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 7ª ed. São

Paulo: Malheiros Editores.

CARRIÓ, Genaro R. Princípios Jurídicos y Positivismo Jurídico. Buenos Aires:

Abeledo-Perrot, 1970.

ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Conceito de Princípios Constitucionais. 2ª ed. São

Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002.

FERREIRA, Aurélio Buarque de H; FERREIRA, Marina Baird. Dicionário Aurélio

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12

Eletrônico – versão 2.0. Regis Ltda e J. C. M. M. Editores Ltda, 1996.

FERREIRA, Suzana Maria da Glória. O princípio da igualdade no direito de

família à luz do novo Código Civil. Tese (Tese em Direito) PUC/SP. São Paulo:

Biblioteca da PUC, 2004.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade.

3ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2000.

MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo:

Melhoramentos, 1998.

MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Direitos Fundamentais. T.IV.

Portugal: Coimbra, 1988.

REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 1980.

SILVA, De Plácido. Vocabulário Jurídico. 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001.

SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 29ª ed. São Paulo:

Malheiros Editores, 2007.

COMO CITAR ESTE ARTIGO:

MARCO, Carla Fernanda de. Dos Princípios Constitucionais. Disponível na internet:

www.mundojuridico.adv.br. Acesso em xx de xxxxx de 200x.

(substituir x por dados da data de acesso ao site)

Artigo publicado no Mundo Jurídico (www.mundojuridico.adv.br) em 25.02.2008

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