Sunteți pe pagina 1din 10

CONVÊNIOS

UTILIZAÇÃO E TRANSPARÊNCIA NA EXECUÇÃO

Carlos Alberto Nogueira de Lima1

As notícias veiculadas recentemente pela mídia sobre o


uso abusivo de convênios induziram-me a buscar
informações que permitissem identificar os controles
utilizados no acompanhamento de convênios pelos
governos federal, estaduais e municipais, e que
possibilitassem saber os volumes financeiros envolvidos,
a segurança e propriedade da sua aplicação.

1. O QUE É CONVÊNIO?

Convênio é um instrumento jurídico que se envolvem instituições públicas e organizações sem


fins lucrativos, para a realização de objetivos determinados e que resultem, obrigatoriamente,
em benefícios de interesse comum.
O Tribunal de Contas da União, através da Secretaria Geral de Controle Externo, no texto
Convênios: principais informações para Municípios, define convênios como “acordos
firmados por entidades públicas de qualquer espécie, ou entre estas e organizações
particulares, para realização de objetivos de interesse comum dos partícipes”.
Convênio consiste, portanto, em compromisso firmado por órgãos do poder público no âmbito
federal, estadual ou municipal, entre eles próprios ou com organizações não governamentais e
outras entidades sem fins lucrativos, que compromete: os primeiros, a repassar certa quantia de
recursos do orçamento público e os outros, a realizar ações combinadas de interesse de alguma
coletividade e dos entes repassadores.
Como o convênio é voluntário, qualquer das partes pode manifestar interesse no seu
encerramento. A entidade beneficiada pode considerar-se incapaz para realizar o serviço
pactuado ou, o órgão repassador dos recursos pode considerar que ela não tem condições de
cumprir o objetivo estabelecido. Ocorrendo este fato, o responsável pelas obrigações
apresentará a prestação de contas dos recursos recebidos, devolvendo aos cofres públicos
algum valor que ainda não tenha sido aplicado.
Registre-se, ainda, que não pode haver celebração de convênio com entidade que tenha fins
lucrativos, exceto quando expressa autorização legislativa, conforme estabelece o artigo 19 da
Lei Federal nº 4.320/64:
Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a qualquer título, a
empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções cuja concessão tenha
sido expressamente autorizada em lei especial.

1 Ator dos e-livros “Breves Comentários à Lei 430/64”, “Teorias Administrativas” e “Setor Público”,
disponíveis no site www:vemconcursos.com.br

1
Alerte-se, por oportuno, sobre as disposições da Lei nº 8.429/1992, apelidada de Lei de
Improbidade Administrativa, que no parágrafo único do seu artigo 1º estabelece a
responsabilização do gestor da entidade privada conveniada quanto às possíveis
impropriedades que ocorram na utilização dos recursos públicos que lhes forem repassados:
Art. 1º . Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou
não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa
incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o
erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou
da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de
improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção,
benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta
por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção
patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

No âmbito federal destacam-se dois dispositivos normativos que regem a matéria:


z Decreto nº 20, de 1 de fevereiro de 1991.
Estabelece critérios e condições para transferências de recursos financeiros do
Tesouro Nacional mediante a celebração de convênios, por parte de órgãos
federais da Administração Pública Federal direta e indireta, inclusive fundações e
dá outras providências.
z Instrução Normativa STN Nº 1, de 15 de janeiro de 1997.
Disciplina a celebração de convênios de natureza financeira que tenham por
objeto a execução de projetos ou realização de eventos e dá outras providências.

Importante destacar que não se deve confundir convênio com contrato. Enquanto o primeiro
representa um termo de compromisso que visa estabelecer os objetivos a serem atingidos, sem
interesse de ganho financeiro para qualquer das partes, o segundo envolve a realização do
objeto de interesse comercial, onde é reservada uma parcela remuneratória para o executante
do serviço.

2. RESULTADO DA PESQUISA
Na pesquisa realizada na internet identifiquei, com inicial satisfação, no “Portal da
Transparência” (www.transparencia.gov.br), que é um dos componentes do site da
Controladoria Geral da União, o link “Consulta a Convênios” que fornece informações sobre
os convênios firmados pelo governo federal, agrupadas em 6 segmentos:
1. Convênios por Estado. (Todos os convênios celebrados com instituições e entidades
sediadas no município ou na capital.)
2. Convênio por órgão concedente. (Todos os convênios relacionados pela unidade do
Governo Federal que liberou os recursos.)
3. Últimas liberações na semana. (Relação dos recursos liberados por meio de convênios
no período de 12/07/2008 a 19/07/2008.)
4. Últimas liberações no mês. (Relação dos recursos liberados por meio de convênios no
período de 19/06/2008 a 19/07/2008.)

2
5. Débitos em contas de convênios por Estado. (Relação de movimentação de contas de
convênios no período de 01/02/2007 a 31/10/2007.)
6. Débitos em contas de convênio por Convenente. (Relação de movimentação de
contas de convênios no período de 01/02/2007 a 31/10/2007.)

A consulta no item “Convênios por Estado” permitiu visualizar as quantidades de convênios


firmados no período de 01/01/1996 a 19/07/2008, com o total de valores conveniados e os
liberados por unidade federativa, sendo indicados 307.488 convênios, que comprometeram
cerca de R$ 212,5 bilhões do orçamento federal. As unidades que foram beneficiadas com o
maior volume de recursos foram: Distrito Federal, com R$ 85,5 bilhões, concernentes a 7.636
convênios; São Paulo com R$19,0 bilhões para 34.702 convênios; Rio de Janeiro com R$ 16,2
bilhões, para atender 17.398 convênios; e um pouco mais distantes aparecem Minas Gerais,
com R$9,1 bilhões e 33.522 convênios; Pernambuco, com R$ 7,4 bilhões e 12.855 convênios;
Bahia, com R$ 7,3 bilhões para 15.620 convênios; e Rio Grande do Sul, com R$6,8 bilhões
para 25.129 convênios.
Observe-se o maciço favorecimento do Distrito Federal, que foi privilegiado com recursos que
representam 40% do total comprometido. Os outros 5 estados destacados participam com 31%
e para os outros 20 está distribuída a parcela restante, que representa 29% do total indicado.
Ao clicar no link de cada Estado é demonstrada, de forma cumulativa, a quantidade e valores
dos convênios firmados para cada município e, entrando no seu campo, identifica-se quais
organizações receberam os recursos no período citado, quem foram os convenentes, o objetivo
de cada convênio, o valor de cada um deles e a data e valor da última liberação.
Conforme estabelecido no próprio site, “o objetivo é permitir às entidades públicas, aos
parlamentares e à sociedade em geral um acesso fácil às informações sobre convênios, além
de fomentar o controle social dos atos do governo, ampliando, assim, sua transparência. É
possível verificar junto às entidades municipais, estaduais ou privadas o andamento das
atividades realizadas com recursos federais repassados via convênio”.
Ao tentar saber a situação das prestações de contas destes convênios não consegui nenhuma
informação, ou seja, o Governo Federal demonstra que repassou cerca de 212 bilhões de reais
para, praticamente, todos os municípios brasileiros e não disponibiliza informações que
permitam ao cidadão conhecer a situação de cada um deles quanto à correta aplicação do
numerário recebido e o cumprimento de seu objeto e, acima de tudo, quais os benefícios que
trouxeram para a sociedade.
É bem verdade que aprofundando as pesquisas no link “Convênios por Estado” chega-se ao
item “Detalhes do Convênio” onde, ao clicar sobre o número de um determinado convênio
são dadas as informações básicas sobre ele e fornecida a seguinte orientação sobre gestão do
convênio:
Para informações adicionais sobre a gestão deste convênio, entre em contato com o
Órgão Concedente, ou seja, com o órgão da administração pública federal direta,
autárquica ou fundacional, empresa pública ou sociedade de economia mista,
responsável pela transferência dos recursos financeiros ou pela descentralização dos
créditos orçamentários destinados à execução do objeto do convênio.
Observe-se a orientação acima e imagine-se o tamanho da muralha que foi construída entre o
cidadão comum e a instituição que recebeu os recursos, particularmente se levarmos em conta
a extrema dificuldade que se tem, e que é do conhecimento público, para se obter informações
detalhadas sobre ações governamentais.

3
Visando aprofundar os conhecimentos sobre esta problemática, busquei nos sites dos Estados
e Municípios informações sobre convênios, semelhantes ou não às disponibilizadas pelo
Governo Federal, e nada encontrei. Até onde pude verificar, nenhum Estado ou Município,
sejam pelos órgãos componentes de sua estrutura de administração direta ou entidades da
administração indireta, ou mesmo os Tribunais de Contas, disponibilizam de forma sistemática
e clara informações sobre esta matéria. Para não dizer que a falta de informações é absoluta,
pelo menos com maior visibilidade para o público em geral, é possível obter alguma coisa nos
Diários Oficiais dos Estados e dos Municípios, que publicam sumários de convênios e atas das
sessões dos Tribunais de Contas.
Conhecer o universo de convênios através de publicações nos Diários Oficiais é uma tarefa
hercúlea para quem ousar tentar realizá-la, já que teria que lê-los diariamente e anotar, um por
um, os sumários dos convênios, para depois fazer a catalogação por órgão repassador dos
recursos, beneficiários, valores envolvidos, objeto pretendido, etc. Pela mesma forma, para se
saber o quantitativo das prestações de contas de convênios julgadas pelos Tribunais de Contas,
e se conhecer os resultados dos julgamentos, teriam de ser lidas, também diariamente, todas as
atas das sessões para se fazer a catalogação.
Fica claro, então, que a transparência pretendida ficou prejudicada, pois na verdade, para o
grande público, o mais importante de todo este processo de repasse de recursos através de
convênios é saber se foram corretamente aplicados e nas finalidades pretendidas, quais os
resultados alcançados e, principalmente, se os gestores das instituições ou os prefeitos
municipais que utilizaram indevidamente os recursos que lhes foram repassados sofreram
algum tipo de punição.

3. ACHADOS DE AUDITORIA
Nas informações sobre julgamentos de prestações de contas de convênios obtidas com a leitura
das atas das sessões dos Tribunais de Contas publicadas nos Diários Oficiais dos Estados, foi
possível identificar um elenco de falhas que motivaram desaprovações, imputações de
responsabilidade financeira e multas aos responsáveis, o que demonstra, de forma cristalina, a
necessidade da implementação de um controle consistente e transparente no seu
acompanhamento.
Estão destacadas a seguir as ocorrências que mais se repetiram, seguidas de comentários sobre
suas características:
z Intempestividade na apresentação da prestação de contas.
Normalmente os convênios possuem cláusula estabelecendo que a entidade ou
município favorecido deve prestar contas dos recursos que lhes forem repassados até 30
dias após o vencimento do prazo conveniado. Entretanto, os registros analisados deixam
transparecer que muitas prestações de contas vêm sendo apresentadas depois de vencido
este prazo, com atrasos superiores a seis meses e alguns, de mais de um ano.
z Falta de publicação dos sumários dos convênios.
Foi significativa a quantidade de registros indicando a falta de publicação no Diário
Oficial dos sumários dos convênios firmados. Houve ainda, indicação de casos em que
embora tenha ocorrido, foi feita intempestivamente ou de forma incompleta.

4
z Falta de informações sobre a qualificação dos conveniados.
Não tem sido observado o devido controle, por parte dos órgãos concessores dos
recursos, de aspectos concernentes à qualificação das entidades que os estão firmando,
particularmente quanto a: regularidade da instituição; competência do representante
indicado para firmar o convênio; comprovação de efetiva existência da entidade, com
indicação de CGC e endereço; informações sobre as atividades desenvolvidas pela
entidade; histórico de suas ações anteriores junto ao Estado; e certidões negativas junto
aos órgãos públicos; e autorização das Câmaras de Vereadores para o Prefeito firmar
convênios.
Muitas entidades que não estão devidamente regularizadas e outras vezes encontram-se
com débitos relativos a impostos e outros encargos públicos tem recebido recursos por
conta de convênios.
z Formalização incorreta das prestações de Contas.
É grande a quantidade de municípios e entidades que estão apresentando as prestações
de contas sem observar plenamente a formalização estabelecida nos instrumentos
normativos pertinentes. Neste aspecto, os demonstrativos financeiros apresentados
pelas entidades que recebem os recursos, que são peças obrigatórias das prestações de
contas, contém falhas no seu detalhamento, dificultando a ação dos técnicos
encarregados de sua análise.
Foram identificados registros do não atendimento, ou atendimento parcial, de
solicitações formais para apresentação de documentos ou correção de outros,
necessários à composição do processo bem como ao auxílio das ações de fiscalização.
z Não abertura de conta especial.
Tem ocorrido que o valor repassado para o convenente é retirado pelo representante da
entidade ou município em sua totalidade e creditado em outra conta que não a do
convênio, descumprindo dispositivo que normalmente consta dos termos e que
estabelece competência ao município para abrir conta especial vinculada em agente
financeiro indicado pelo repassador para o depósito dos recursos recebidos.
Destaque-se que a legislação pertinente classifica os recursos oriundos de convênios
como “vinculados” e estabelece que não podem ser utilizados para finalidades diversas
daquelas expressamente previstas, devendo ser depositados e movimentados em contas
específicas justamente para garantir-se o controle consistente sobre sua aplicação, que
deve estar relacionadas estritamente com o objeto pretendido.
z Liberação indevida de parcelas.
Quando o convênio prevê que os repasses dos recursos sejam em parcelas, a liberação
de cada uma delas está obrigatoriamente dependente da prestação de contas da
imediatamente anterior e de sua aprovação pelo agente repassador . Entretanto, têm sido
repassadas parcelas sem que tenha ocorrido a apresentação da prestação de contas da
anterior e tenha havido sua aprovação pelo agente fiscalizador.
Este procedimento descumpre disposições do artigo 116, §3º, I, da Lei Federal
nº 8.666/93, que determina a retenção de parcelas, quando não houver comprovação da
boa e regular aplicação da anteriormente recebida, na forma da legislação aplicável,
inclusive mediante procedimentos de fiscalização local.

5
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos convênios, acordos,
ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da
Administração.
§ 3º As parcelas do convênio serão liberadas em estrita conformidade com o plano de
aplicação aprovado, exceto nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o
saneamento das impropriedades ocorrentes:
I - quando não tiver havido comprovação da boa e regular aplicação da parcela
anteriormente recebida, na forma da legislação aplicável, inclusive mediante
procedimentos de fiscalização local, realizados periodicamente pela entidade ou órgão
descentralizador dos recursos ou pelo órgão competente do sistema de controle interno
da Administração Pública;
z Não realização de auditorias sistemáticas em municípios.
Não foram identificadas informações sobre a realização sistemática de auditorias em
municípios com vistas ao acompanhamento da execução dos convênios firmados,
havendo, apenas, indicação de visitas para atender a demandas definidas em razão de
irregularidade em um ou outro termo. Nem mesmo nos registros relativos às Contas
anuais dos municípios tal informação aparece de forma clara.
z Não encaminhamento de pendências para a realização de Tomada de Contas.
Tem ocorrido que órgãos repassadores de recursos, ao verificarem que existem
convênios firmados com prazo vencido para a apresentação da prestação de contas, não
estão comunicando o ocorrido aos órgãos competentes para que seja feita a Tomada de
Contas.
Este aspecto é abordado pela Lei nº 4.320/64 em dois momentos: quando trata do
controle interno, no artigo 78, e do controle externo, no 84:
Art. 78. Além da prestação ou tomada de contas anual, quando instituída em lei, ou
por fim de gestão, poderá haver, a qualquer tempo, levantamento, prestação ou tomada
de contas de todos os responsáveis por bens ou valores públicos.
Art. 84. Ressalvada a competência do Tribunal de Contas ou órgão equivalente, a
tomada de contas dos agentes responsáveis por bens ou dinheiros públicos será
realizada ou superintendida pelos serviços de contabilidade.
z Convênio com finalidade incompatível.
Tem sido firmados convênios com entidades e prefeituras municipais, muitos de valor
significativo, para o desenvolvimento de ações que não deveriam ser custeadas com
recursos públicos, algumas vezes vedadas explicitamente pela legislação.
z Investidura indevida em função pública.
Foram celebrados convênios de “cooperação técnica” e de “cessão de pessoal”, tendo
como objetivo colocar à disposição de órgãos públicos servidores das conveniadas para
exercerem atividades em órgãos municipais e estaduais, como se agentes públicos
fossem, sendo-lhes repassado o valor correspondente à sua remuneração. Entretanto, a
investidura em função pública depende de prévia aprovação em concurso público,
ressalvadas apenas as hipóteses de nomeação para cargo em comissão ou contratos
emergenciais, conforme dispõe o artigo 37, incisos II e IX da Constituição Federal:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: (“Caput” do artigo com redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

6
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
(Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional interesse público;
z Dificuldades na verificação do cumprimento do objeto.
Na comparação entre o disposto nos termos de convênio e os pagamentos
concernentes, tem sido apontada a falta de registros sistemáticos sobre o
acompanhamento das ações desenvolvidas, impossibilitando aferir-se plenamente a
propriedade dos desembolsos e se foi desenvolvido conforme o previsto no §1º do
artigo 166 da Lei 8.666/93:
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos convênios, acordos,
ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da
Administração.
§1º A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos órgãos ou entidades da
Administração Pública depende de prévia aprovação de competente plano de trabalho
proposto pela organização interessada, o qual deverá conter, no mínimo, as seguintes
informações:
I - identificação do objeto a ser executado;
II - metas a serem atingidas;
III - etapas ou fases de execução;
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;
V - cronograma de desembolso;
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem assim da conclusão das etapas
ou fases programadas;
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de engenharia, comprovação de que os
recursos próprios para complementar a execução do objeto estão devidamente
assegurados, salvo se o custo total do empreendimento recair sobre a entidade ou
órgão descentralizador.
z Aplicação do recurso em finalidade diversa da pactuada.
Tem sido verificada a ocorrência de despesas que não estavam previstas no plano de
Trabalho apresentado quando da proposição do convênio, configurando-se desvio de
finalidade, o que contraria não apenas disposições naturalmente constantes dos
Convênios, como também, e principalmente, o artigo 116, §3º, II, da Lei Federal
8.666/93:
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, aos convênios, acordos,
ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados por órgãos e entidades da
Administração.
§3º As parcelas do convênio serão liberadas em estrita conformidade com o plano de
aplicação aprovado, exceto nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o
saneamento das impropriedades ocorrentes:
II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação dos recursos, atrasos não
justificados no cumprimento das etapas ou fases programadas, práticas atentatórias
aos princípios fundamentais de Administração Pública nas contratações e demais atos
praticados na execução do convênio, ou o inadimplemento do executor com relação a
outras cláusulas conveniais básicas;

7
Estas despesas são passíveis de glosa, com conseqüente obrigação de devolução dos
recursos aos cofres públicos.
z Não realização de licitação para obras e serviços.
Muitos prefeitos municipais recebem recursos para serviços e obras de recuperação,
reforma, ampliação, conservação e construção e os aplica de forma pulverizada,
deixando de realizar os procedimentos licitatórios devidos, conforme previsto na Lei
Federal 8.666/93, no caput de seu artigo 2º, e com as garantias previstas no caput do
artigo 3º, cujas cópias deveriam ser anexadas aos processos de prestação de contas.
Art. 2º. As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões,
permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros,
serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta
Lei.
Art. 3º. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da
isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade,
da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e
dos que lhes são correlatos.
z Inconsistência em pagamentos efetuados.
Têm sido acostadas às prestações de contas de convênios notas fiscais que revelam
inconsistência na discriminação dos serviços prestados ou dos materiais fornecidos,
seja pela especificação incompoleta, erro de cálculo nos valores unitários ou na
totalização.
As falhas ganham maior significação quando se trata de obras, cujos boletins de
medição apresentaram distorções significativas entre as horas efetivamente realizadas
e as pagas.
z Liberação de saldo contratual sem a prévia vistoria da obra.
Tem ocorrido pagamentos de parcelas contratuais sem que tenha sido atestada a
integral execução do objeto conveniado.
Os convênios cujo objetivo é a realização de obras, normalmente possuem cláusula
prevendo que a última parcela, representando um percentual do valor conveniado,
somente seja liberada após prévia vistoria e aprovação dos serviços por técnicos da
entidade repassadora dos recursos e da prestação de contas final pela entidade
beneficiada, o que também é previsto na legislação pertinente.
• Ausência de comprovação de responsabilidade técnica.
As entidades repassadoras dos recursos não vem exigindo dos conveniados, quando os
recursos são repassados para a execução de obras, a comprovação de Anotação de
Responsabilidade Técnica – ART, descumprindo o disposto nos artigos 1º, 2º e 3º da
Lei federal 6.496/77.
Art. 1º. Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de
quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia
fica sujeito à "Anotação de Responsabilidade Técnica" (ART).
Art. 2º. A ART define para os efeitos legais os responsáveis técnicos pelo
empreendimento de engenharia, arquitetura e agronomia.

8
§1º A ART será efetuada pelo profissional ou pela empresa no Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), de acordo com Resolução própria do
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA).
§2º O CONFEA fixará os critérios e os valores das taxas da ART ad referendum do
Ministro do Trabalho.
Art. 3º. A falta da ART sujeitará o profissional ou a empresa à multa prevista na
alínea "a" do art. 73 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e demais cominações
legais.

5. CONCLUSÃO

Como pode ser observado pelo exposto, é fundamental que os governos federal, estaduais e
municipais possuam um sistema efetivo de controle desta movimentação de recursos e
disponibilizem, sistematicamente, informações que permitam ao público o completo
conhecimento da forma como os recursos estão sendo aplicados, particularmente quanto aos
efeitos causados nas comunidades envolvidas, e se foram observados os aspectos da
economicidade, objetividade e oportunidade.
As limitações para conhecer a situação e coletar informações detalhadas deixam algumas
questões que devem ser respondidas pelos órgãos de controle dos governos federal, estaduais e
municipais, para que se tenha uma idéia do universo dos convênios, seja pelo volume dos
recursos que são efetivamente desembolsados ou, principalmente, pelos resultados que
poderiam ser alcançados:
z Os gestores públicos têm noção da relevância da utilização de convênios como meio
para desenvolver, por conta de terceiros, ações que são próprias do setor público,
sabendo definir as prioridades com base no interesse da coletividade?
z Estão sendo adotadas medidas efetivas de controle dos recursos repassados através de
convênios?
z As prefeituras e entidades beneficiadas estão desenvolvendo, efetivamente, as
atividades que lhe são delegadas de acordo com os interesses dos entes repassadores
dos recursos?
z Como vem se comportando o controle interno e externo do serviço público neste
contexto?
z Está existindo transparência na utilização desta modalidade de instrumento?

BIBLIOGRAFIA

ANGÉLICO, João. Contabilidade Pública. 8 ed. São Paulo: Atlas, 1995.


LINO, Pedro Henrique de Souza. Comentários à lei de responsabilidade fiscal: Lei
Complementar nº 101/2000. São Paulo: Atlas, 2001.
NOGUEIRA, Carlos Alberto de Lima. Breves Comentários à Lei 4.320/64. 2006.
www.vemconcursos.com.br.

9
NOGUEIRA, Carlos Alberto de Lima. Setor Público. 2007. www.vemconcursos.com.br.
BAHIA, Secretaria da Fazenda do Estado da. Parâmetros para uma gestão fiscal responsável.
Lei de Responsabilidade Fiscal. Salvador: EGBA, 2000.
Cadernos da Fundação Luiz Eduardo. Gestão Pública – Desafios e Perspectivas. Salvador,
FLEM: 2001.
Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. www2.camara.gov.br
Lei Federal nº 8.666/1993. www2.camara.gov.br
Lei Federal nº 6.496/1977. www2.camara.gov.br
Decreto nº 20, de 01/02/1991. www2.camara.gov.br
Instrução Normativa nº 01/STN. www.stn.fazenda.gov.br

10

S-ar putea să vă placă și