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É POSSÍVEL UMA INTRODUÇÃO À FILOSOFIA?

Prof. Dr. Wanderley J. Ferreira Jr


Filosofia – FE-UFG
wanderleyjr@fe.ufg.br

Introduzir: Conduzir(ducere) para dentro(intro). Introduzir significa conduzir, levar para dentro.
Introduzir-se na Filosofia, então, significaria levar ou conduzir para dentro da Filosofia. Isto
significa, portanto, que a expressão introdução à Filosofia não tem sentido. Eis algumas razões que
apontam para o absurdo da expressão ´Introdução à Filosofia".
1º - A Filosofia não é um lugar fora do qual nos encontramos, e no qual pudéssemos entrar ou
ingressar por um ato de vontade. Assim como nunca estamos fora da História, também nunca
estamos fora da Filosofia. Pois, a Filosofia nada mais é do que a própria História tomando
consciência de seu próprio destino. Portanto, não tem sentido falar em introdução onde já nos
encontramos.
2º - A paisagem da Filosofia não está em algum lugar esperando que nela se introduza o
pensamento. A Filosofia já está sempre operando em todo pensamento que a afirma ou nega.
Assim, a Filosofia é um caminho no qual nos encontramos desde sempre. Um caminho onde a
busca do caminho é o próprio caminho.
3º - É tão íntima a presença da Filosofia no país dos homens, que se torna impossível uma
introdução. Pois, o mais longo e difícil caminho é aquele que leva ao mais próximo e ao mais íntimo
de nós mesmos.
4º - Há um abismo que separa o modo de ser habitual e familiar da existência ordinária, ou do
modo de ser objetivo e técnico da Ciência, do espaço extra-ordinário em que se move a investigação
filosófica. Esse abismo não pode ser transposto por nenhuma ponte, não porque o espaço da
Filosofia esteja demasiadamente longe ou exilado do mundo dos homens, mas sim porque ele é o
mais próximo e íntimo de nós mesmos, embora a maioria dos homens não saiba disso, pois estão
demasiadamente ocupados em seus negócios e não sabem usufruir do ócio necessário a todo
filosofar, que se traduz na busca do conhecimento pelo simples amor ao saber. O filosofar muitas
vezes nos exige uma peregrinação pelo lado obscuro, problemático e proibido da existência. Nós, os
filósofos, dirá Nietzsche, não temos o direito de separar entre o corpo e alma como o povo separa... não somos rãs
pensantes... temos que parir constantemente o nosso pensamento de nossa própria dor... transmutar tudo o que somos
em luz e chama, eis o que é filosofar...(Nietzsche. Op. Cit.)
5º - Mesmo que fosse possível uma "introdução" na filosofia, ela não se daria de forma gradual, mas
através daquilo que podemos considerar um Salto nas fontes originárias da Filosofia ocidental que
se encontram no mundo grego. Lá, na origem da filosofia entre os gregos, o filósofo não era um
mero amante da Sabedoria, mas o sábio que possuía o Sophón - espécie de discernimento que
tornava manifesto o Hen Pantá (Um:Tudo).
Considerando as colocações precedentes, podemos colocar algumas questões inquietantes: se desde
sempre já estamos na Filosofia, por que a maioria dos homens vive como se estivessem fora da
Filosofia, ou como se ela não existisse? Por que os homens permanecem afundados na imediatez do
dado e alienados e manipulados por uma razão científico-instrumental, que não pensa, mas
apenas planifica e calcula? O fato é que a ciência na sua busca obsessiva pelo que pode ser medido e
calculado - impede o espanto, o estranhamento diante do fato aparentemente banal das coisas
serem o que são? Se lançarmos um olhar sobre a história da filosofia, veremos que a alienação e a
indiferença da maioria em relação à Filosofia é tão antiga quanto a própria Filosofia. Filósofos
como Heráclito (540-470 a . C.) já denunciavam essa indiferença e incompreensão do homem em
relação Lógos [Razão] que tudo governa, e que insiste em agir e pensar conforme sua razão
particular.O Filósofo representa a vigília, a consciência desperta, aquele que fala como o Lógos fala
[homologein]. A maioria dos homens vive na inconsciência, como se presentes estivessem ausentes,
como se acordados estivessem dormindo. A solidão e o sofrimento do filósofo surgem não apenas
da constatação do impensado e indizível em tudo que foi pensado e dito, mas também do fato de
que a maioria dos homens permanece entorpecida, inconsciente e surda ao apelo de seu próprio ser
e do ser das coisas. O pior é que muitos homens não são conscientes da sua inconsciência, não
sabem que não sabem. Essa dupla ignorância é denunciada por Sócrates(469-399 a . C.): o filósofo
não sabe e pergunta aqueles que acreditam saber algo. A constatação é que a maioria dos homens
padece de uma dupla ignorância, não sabem que não sabem. O filósofo não sabe, mas sabe que não
sabe. Ele faz de sua douta ignorantia o ponto de partida do conhecimento. Um dos aspectos do
Conheça-te a ti mesmo é ressaltar nossas limitações diante da grandiosidade e da gravidade dos
problemas que dilaceram a existência. Mas a filosofia, ao denunciar essa letargia e alienação do
homem comum é condenada e banida da cidade - Sócrates é julgado e morto.
Platão (428-347 a . C.) em seu mito da Caverna também retrata a condição humana diante do
saber e do não saber. Os homens como prisioneiros de uma caverna, tomam as sombras pela
verdadeira realidade. A caverna na alegoria platônica representa tudo aquilo que impede a
emergência da consciência filosófica, a intuição das Idéias, enfim, a adequação do ver e o que é
visto(as Idéias), sob a luz da Idéia de Bem: os sentidos, os preconceitos , as paixões, etc. Para
converter o homem ao caminho reto da verdade, Platão propõe uma paidéia que mostra ao homem
o poder da palavra - ao falar e pensar, o homem institui entre si e o dado imediato o fosso da
recusa. A Filosofia deve instituir-se como discurso universal e necessário, um discurso inteiramente
legitimado que supere o jogo violento de opiniões, atingindo o estatuto de ciência.
O fato é que uma introdução à Filosofia deve antes de tudo denunciar a indigência e alienação
do homem. Deve despertá-lo de sua inconsciência e colocá-lo a caminho da verdade, as vezes
nunca alcançada, e de si mesmo. Para muitos filósofos, no lugar da aparente segurança e aconchego
da vida cotidiana, a Filosofia deve propor a busca, a inquietação, a angústia, enfim, a consciência de
que o homem é um eterno ainda não, que recebeu a dádiva do pensamento e da linguagem. Nesse
sentido, podemos considerar que uma Introdução à Filosofia seja uma espécie de despertar da consciência
sobre si mesma e sobre o mundo que ela doa sentido. Sem dúvida o homem pode viver sem a
filosofia, sem pensar com rigor, com radicalidade e criticamente as coisas na perspectiva da
totalidade. Ele pode viver preso à finitude de suas experiências imediatas e particulares, como
acontece com o animal. Mas se ele quiser tornar-se plenamente humano, ele tem que voltar-se
sobre si mesmo, tornar consciente de seu agir, dizer e pensar.
Não existe uma diferença de natureza entre o filósofo e os demais homens: ambos são seres
racionais. Existe sim, uma diferença de grau de consciência - uns estão afundados na finitude e na
imediateidade da consciência espontânea ingênua e dogmática, uma consciência que não reflete
sobre si mesma. Mas o que deve fazer o filósofo diante do desdém e da indiferença da Ciência e do
senso comum para com a filosofia? Deve conformar-se em ser uma exceção, uma ilha de
consciência num mar de inconsciência e insensatez? Deve contemplar com desdém o tédio e a
inquietude fervilhante da massa estúpida e ignara, sempre a cata do mais novo e perdida num
falatório que nada diz? Diante do desinteresse dos homens pela Filosofia, o filósofo deve
desinteressar-se dos homens, contentando-se em viver entre uma minoria de iluminados? Deve
enclausurar-se em sua solidão, orgulhoso de ser o eleito dos deuses? Ou quem sabe, fugir da cidade
para pensar na solidão e comer gafanhotos no deserto? Definitivamente, NÃO! O lugar da Filosofia
e do filósofo é na cidade. O filósofo deve humanizar o homem, tornando-o um verdadeiro cidadão.
E se sua vida torna-se difícil e arriscada na cidade, se a Filosofia é banida do convívio dos homens
pela ação de políticos, empresários, Estados, comerciantes e professores inescrupulosos, então não
bastará ao filósofo possuir o Saber, ele terá também que possuir o poder para realizar a justiça e a
verdade na Cidade.
O filósofo não deve ambicionar o poder que institucionaliza a violência no jogo de opiniões.
O poder que ele deve possuir deve ser-lhe conferido pelo reconhecimento da maioria de que ele é o
mais apto para governar os demais. Sua missão deve ser despertar os companheiros que continuam
prisioneiros na caverna, mesmo com o risco de perder a própria vida. Em sua tarefa, o filósofo
jamais deverá usar a palavra para simplesmente persuadir, mas para des-velar uma verdade nunca
definitivamente conquistada, mas sempre buscada pelo puro e simples amor ao saber.

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