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Nossa civilização tem evoluído através de ciclos históricos, como foi magistralmente descrito por
Arnold Toynbee. Os organismos também evoluem por ciclos. Ou seja, o processo evolutivo, tudo
no Universo, evolui por ciclos. Os antigos Maias tinham noção dessa evolução cíclica da história,
inclusive através da observação astronômica e dos ciclos da natureza. Com o passar do tempo,
nossa civilização foi perdendo o contato com os ciclos da natureza. Nos tornamos excessivamente
onipotentes, achando que podemos ignorar impunemente que fazemos parte da natureza e
estamos sujeitos a seus ciclos, queiramos ou não. De acordo com as leis da natureza, tudo surge,
se desenvolve, amadurece, permanece durante algum tempo, entra em
declínio e desaparece. Os Hindus sabiam muito bem disso, e
representaram esse fenômeno através de suas deidades principais:
Brahma, o deus da criação; Vishnu, o deus da conservação e Shiva, o deus
da transformação. Assim a nossa civilização tem evoluído através dos
séculos. Uma civilização surge, se desenvolve e mantém durante algum
tempo, entra e em declínio e desaparece. Então surge uma nova forma de
civilização, que se reestrutura em novas bases, aprendendo com os erros
da anterior e avançando para níveis mais evoluídos, ou mais complexos.
As novas civilizações não são necessariamente melhores do que as antigas em todos os aspectos,
pois o processo evolutivo não é uniforme. Atualmente nós ainda convivemos (felizmente) com
civilizações que mantém estilos de vida antigos em relação à nossa civilização dita "moderna".
Nosso sistema de crenças nos leva a crer, de modo inconsciente, que nossa civilização é superior
e que, assim sendo, as demais civilizações, mais "atrasadas", devem adotar nossos valores e
estilos de vida. No entanto, civilizações "atrasadas", como as comunidades indígenas do vale do
Xingu (que queremos remover para sabe-se lá onde, porque queremos construir uma mega-usina
para alimentar indústrias predadoras que querem extrair minérios de nosso território para exportar
para países industrializados continuarem desperdiçando os recursos naturais do Planeta) sabem
viver em harmonia com a natureza e extraem dela tudo o que precisam para viver, sem causar
dano, e isso há séculos, muito antes da chegada dos invasores europeus. Como uma criança que
se desenvolve, cada civilização vai criando seu sistema de crenças baseado naquilo que parece
funcionar melhor. Em dado momento esse sistema de crenças se torna rígido e incontestável, tal
qual como a criança que internaliza o que seus pais dizem que é o certo.
Mas, a natureza não quer saber de nosso sistema de crenças, o Planeta não quer saber se ele
funciona para os nossos interesses. A natureza continua evoluindo e quer evoluir para melhor, se
algo estiver em seu caminho ela simplesmente elimina, e o Planeta, literalmente, varre de sua
face, sem dó nem piedade, o que não serve mais, seja através de epidemias, de inundações,
terremotos, deslizamentos de terra, secas, derretimento de calotas polares e outros efeitos
colaterais causados pela atuação predadora da humanidade sobre sua superfície. Então, ficar
aferrados a nossas crenças não permite a flexibilidade necessária para que nos adaptemos às
exigências da natureza e comecemos a mudar para melhor. Tudo que não muda/evolui se
extingue. Quem não acredita pergunte aos dinossauros ou, se preferir falar com humanos,
pergunte aos romanos.
Numa visão retrospectiva dos ciclos civilizatórios, começamos com pessoas que viviam em
harmonia com a Terra e entendiam a natureza do Planeta como material e espiritual. Esse era o
sistema de crença do animismo, como é, por exemplo, até hoje, o sistema de crença dos povos
Nativos das Américas, como foi a civilização druida nos povos anglo-saxões, dos Aborígenes da
Austrália e da civilização tribal africana. Com o declínio do ciclo animista sobreveio o ciclo
politeísta. Os antigos Egípcios, Persas, Sumérios, Gregos e Romanos criaram civilizações
baseadas na crença de existência de vários deuses. Ao politeísmo sobreveio o Monoteísmo, que
prevaleceu por muito tempo, até que Darwin introduziu o entendimento científico sobre a natureza
da vida. A esses ciclos se sobrepõe ciclos econômicos: extrativismo, escravagismo, mercantilismo,
capitalismo. Atualmente vivemos sob o sistema de crenças do materialismo científico, cuja
expressão econômica é o capitalismo, que vê a matéria como a essência do Universo.
O que mais caracteriza uma civilização são suas respostas às
questões perenes: Por que estamos aqui? Como chegamos
aqui? Como fazer o melhor para continuar aqui? Para onde
vamos? Ao longo da história as diferentes civilizações deram
diferentes respostas para essas questões essenciais. À medida
que as crenças mudam, as respostas mudam e a cultura muda para se acomodar ao novo sistema
de crenças dominante, que passa a ser a verdade universal a que todos têm de se submeter. A
partir daí todo o sistema educacional se volta para a transmissão e perpetuação desse sistema de
crenças para as novas gerações. Assim, todos nos criamos aprendendo a acreditar que esse
sistema de crenças é o melhor, o mais verdadeiro e incontestável.
Apesar dessas mudanças, as respostas às questões perenes continuaram as mesmas, até que
Charles Darwin apresentou a teoria da Evolução das Espécies e da Seleção Natural, colocando em
cheque a idéia da criação divina. Apesar da reação da Igreja, na época já não tão poderosa, a
visão científica acabou prevalecendo e nos oferecendo novas respostas: Estamos aqui devido ao
acaso, a matéria foi se combinando até formar organismos vivos que vão mudando e sendo
substituídos pelos mais aptos até chegarem à forma humana. Somos turistas acidentais nesse
Planeta. Vivemos em competição pela sobrevivência do mais
apto, o que inclui o mais forte e o mais esperto. Essa idéia era
mais aceitável do que o mito do Gênesis, assim nasceu o novo sistema de crenças dominado pelo
Materialismo Científico que, entre outras coisas, nos diz que não existe outro mundo, portanto,
temos que tirar o melhor proveito desse mundo e trabalhar feito loucos para levar mais vantagem
que os outros, se não chega outro mais "apto" e toma o seu lugar.
O grande problema do materialismo científico é que ele oferece um fim, mas nenhum significado.
Tudo o que importa é sobreviver e obter o máximo desse mundo, para isso você pode estudar e
usar o seu cérebro ou pode aprender a manusear uma arma ou pode produzir e vender alimentos
ou serviços ou fabricar e vender cigarros, álcool e drogas, o que importa é ser bem sucedido, ou
seja, ganhar muito dinheiro e acumular bens materiais para obter o máximo dessa vida, pois não
haverá outra. Qualquer meio poderá torná-lo um líder. É uma civilização baseada na competição,
não na moralidade. Esse é o clima em que vivemos atualmente. Precisamos energia, é só fazer
uma barragem, inundar uma grande extensão de terra onde vivem uns índios ignorantes, matar
milhares se espécies de animais inúteis que não dão lucro e faturar vendendo minérios para
enriquecer. Se isso causa desequilíbrio ecológico, aquecimento global e inundações é problema de
quem mora em barranco e das próximas gerações. A física Newtoniana substituiu o reino imaterial
do qual as religiões nos falam; já não precisamos do reino espiritual para entender o reino material.
Como resultado as pessoas nessa cultura tratam de acumular o máximo que podem para
sobrepujar os demais em uma desvairada corrida pela sobrevivência ou por aquilo que se
convencionou chamar de "sucesso". A consequência é que estamos dizimando o Planeta, o que
equivale a matar a galinha dos ovos de ouro.
Ponto de Mutação
Um outro mito que está caindo é o da sobrevivência do mais apto. A natureza não dá a mínima
para o mais apto, os nossos mais aptos estão destruindo o Planeta, a resposta da natureza é
simples: varrê-los da face da Terra. As bactérias que sobrevivem aos nossos antibióticos também
são as mais aptas da sua espécie, mas precisamos varrê-las de nosso organismo se quisermos
continuar vivos. Assim, à medida que fica cada vez mais evidente que o individualismo e a
competitividade está nos levando a nos matarmos uns aos outros e a promover a destruição do
ambiente natural do qual dependemos para sobreviver, vamos tomando consciência de que uma
nova teoria da evolução deve se basear em coletivismo e cooperação ao invés de individualismo e
competição.
O último mito que precisa ser derrubado é o de que a evolução é um processo que se dá ao acaso.
Não estamos aqui por acidente. A geometria fractal, um entendimento matemático do Universo,
confirma uma máxima espiritual que diz: "assim como é em cima é embaixo". A geometria fractal
demonstra a natureza científica daquele sistema de crenças mostrando que as imagens se
reproduzem ao longo da vida através de um padrão que não é meramente casual, que possui uma
lógica matemática, ou seja, existe uma inteligência por trás da evolução, embora ainda não
saibamos o que ou quem ela é.
Portanto, o materialismo científico e a civilização que nele se baseia está em seu ocaso. A nova
civilização que está emergindo não é apenas uma nova civilização, mas um novo estágio da
evolução.
Um Novo Começo
Estamos começando a aprender que somos células em um grande organismo. Nesse momento -
assim como está acontecendo no corpo de muitas pessoas - a Terra está sofrendo de uma doença
auto-imune, nas quais as células do corpo estão atacando e matando umas às outras, e se não
aprendermos rápido o suficiente, estamos perdidos. Aqueles de nós
que estão procurando por novas respostas são o futuro de evolução.
Estamos experimentando e investigando como podemos criar uma vida
melhor, que seja capaz de incluir a todos. O único caminho é a
evolução, e para evoluir é preciso desmantelar a antiga estrutura e
construir uma nova. Portanto, não precisamos temer que a atual
estrutura esteja ruindo, esse é um passo necessário para chegar à
próxima etapa, na qual vamos retornar à condição original de viver em
um mundo em que o material e o espiritual se complementam, se
integram e se harmonizam para que possamos viver em paz e harmonia em nosso paradisíaco
Planeta Terra, nosso único lar em todo o Universo, pelo menos por enquanto.
Spontaneous Evolution: Our Positive Future. by Bruce Lipman e Steve Baerman.[Kindle Edition]
Mankind and Mother Earth: A Narrative History of the World byArnold Toynbee