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Critérios de Avaliação
Antes de adentrarmos na análise destas quero propor alguns critérios que as soluções
propostas deveriam satisfazer. As teorias consideradas boas devem satisfazer, tanto quanto
possível, os seguintes quesitos:
As soluções para a origem do universo de base religiosa invocam uma entidade metafísica
chamada “Deus”. Deus seria uma espécie de “Grande Fantasma” que, com seu poder e
sabedoria infinita, criaram o Universo.
As teorias religiosas, apesar de serem amplamente aceitas pela maioria da população, não
passam pela maioria dos critérios de avaliação acima.
As teorias naturais são preferíveis às religiosas por não pressuporem a existência de um ser
de alta complexidade. As teorias naturais podem ser divididas em dois grupos:
– Falha do Critério 1: Se as leis físicas existem e são utilizadas para explicar o universo
então elas também precisariam ser explicadas já que fazem parte do universo que se quer
explicar. Ou seja, a maioria delas, como veremos, tenta explicar a origem do universo
adotando-se alguns dos princípios físicos tais como o “Principio da Conservação da
Energia” ou ainda as leis da “Mecânica Quântica” ou da “Teoria da Relatividade Geral”
sem contudo explicar a origem destas próprias leis.
“"Há ...(1 seguido de 80 zeros) de partículas na região do universo que podemos observar. Donde vieram?
A resposta é que, na teoria quântica, as partículas podem ser criadas a partir de energia em forma de pares
partícula/antipartícula. Mas isto suscitou a questão de saber donde vem a energia. A resposta é que a
energia total do universo é exatamente zero. A matéria do universo é constituída por energia positiva.
Contudo, toda a matéria atrai-se a si própria devido à gravidade. Dois pedaços de matéria que estejam perto
um do outro têm menos energia do que se estiverem muito afastados, porque é preciso gastar energia para os
separar contra a força da gravidade, que os atrai um para o outro. Portanto, em certo sentido, o campo
gravitacional tem energia negativa. No caso de um universo que seja aproximadamente uniforme no espaço,
pode mostrar-se que esta energia gravitacional negativa anula exatamente a energia positiva representada
pela matéria. Portanto, a energia total do universo é zero." (Hawking, 2000, pp. 152-153)"”
Onde destacamos:
“De onde veio universo? A resposta de Guth é: do nada, do zero. As primeiras partículas teriam
surgido de uma simples "flutuação de vácuo", processo de alteração de um campo elétrico que a
física clássica desconhecia, mas que a mecânica quântica, nascida no século passado, acabou por
revelar aos estudiosos da intimidade subatômica. Segundo essa conjetura – conhecida como
teoria do universo inflacionário -, as partículas primordiais emergiram do vazio... A teoria de Guth
afirma que....À primeira vista parece que o fenômeno esbarra no princípio de conservação da energia, que
pressupõe o equilíbrio da energia total em todas as transformações no mundo físico,mas não foi isso o que
aconteceu. No processo inflacionário, a energia positiva da matéria foi contrabalançada pela energia
negativa do campo gravitacional, de modo que a energia total foi sempre zero. Quando, enfim, o material de
gravidade negativa começou a decair, diminuindo o ritmo da expansão, formou-se então a "sopa primordial"
(gás a altíssima temperatura) apresentada como condição inicial na teoria do Big Bang”
Podemos perceber que o surgimento da matéria a partir do “nada” não é novidade e é bem
conhecida da ciência já há algum tempo. Além disso, fenômenos não causados (sem causa)
não é privilégio de entidades exóticas: Considere um átomo excitado com um elétron numa
órbita de alta energia. Não existe nenhuma fórmula nem explicações físicas que possa
prever quando este elétron deixará sua órbita de alta energia para uma órbita de menor
energia. Este evento é considerado puramente aleatório(sem causas). Quando o elétron
decai de orbital um fóton (uma partícula de luz que não existia ) é criada. Ou seja, mesmo
num singelo átomo temos um exemplo da existência de fenômenos sem causa e da criação
de uma entidade física antes inexistente.
Devemos ainda incluir na lista sobre teorias naturais as teorias sobre universo sem uma
criação inicial como as teorias do Universo Pulsante ( Big-bang-Big-Crunch) e também a
teoria do “Estado Estacionário”.
Outro problema das teorias naturais de base física é a sua dificuldade de explicar o universo
observável em relação a alguns parâmetros físicos – constantes que as leis físicas utilizam-
o que faria de nossas supostas leis físicas um conjunto de regras altamente improváveis. Por
exemplo, é alegado que uma pequena alteração na carga do elétron ou da massa do neutrino
ou etc.etc. fariam com que nosso universo rapidamente colapsasse. Vejamos alguns textos
sobre isso:
“"...As chamadas "coincidências antrópicas", nas quais as partículas e forças da física parecem estar
"afinadas com precisão" para a produção de vida à base de carbono são explicadas pelo fato de a espuma do
espaço-tempo ter um número infinito de universos brotando, cada um diferente do outro. Acontece
simplesmente que nós encontramo-nos naquele universo em que as forças e partículas prestam-se à geração
de carbono e outros átomos com a complexidade necessária para permitir a evolução de organismos vivos e
pensantes." (Stenger, 1996)” [6]
“...Isso sugere uma nova resposta a outra questão intrigante: como as leis da física foram sintonizadas de
forma tão perfeita para viabilizar a existência de estrelas, planetas e seres vivos? A resposta clássica era:
acaso fantástico ou milagre divino. Agora há uma terceira alternativa: se cada universo tem leis físicas
diferentes, talvez existamos num dos raríssimos cujas leis possibilitam o surgimento da vida inteligente.” [7]
Podemos perceber que a resposta normalmente dada, nestas teorias, sobre a razão de
nossas alegadas improváveis leis da física é que deve haver infinitos ou múltiplos universos
paralelos ao nosso mas, de alguma forma, desconexos. De modo que nosso universo seria
apenas um, de infinitos possíveis, cada qual com suas próprias leis físicas. Mas isso não é
consistente pois:
-Se as próprias leis da física foram invocadas para explicar o surgimento do Universo, tanto
o nosso como os infinitos outros, como se poderia dizer que nestes outros universos as leis
da física poderiam ser diferentes?!? Se todos partiram das mesmas leis físicas iniciais
deveríamos esperar que estas mesmas leis fossem preservadas também nos universos
gerados por elas!
-Os modelos que apelam para infinitos lançamentos de “dados” apenas para explicar o
número “6” num destes dados, embora resolvam a questão, é algo bastante forte e parece
contrariar a Navalha de Ocam já que não temos evidências de nenhum outro Universo além
do nosso. Uma sucessão contínua de Universos ou um número finito deles seria melhor mas
ainda não totalmente satisfatório.
A principal falha destas teorias que tentam explicar a origem do Universo é que elas não
explicam a origem das leis físicas utilizadas para sua geração. Poderíamos perguntar: “Por
que o principio da conservação da energia deve ser obedecido?” ou ainda “Por que a
mecânica quântica deve valer?” Ou seja, estas teorias partem de algo previamente existente
nem que este algo seja o possível conjunto de leis que o universo deveria seguir. As
explicações físicas, entretanto, são preferíveis às religiosas.
As teorias naturais sobre a origem do universo de base filosófica são aquelas que não se
baseiam nas leis da Física para explicar a criação mas que devem explicar o próprio
surgimento delas. A partir daí, se necessário, o universo poderia ser uma decorrência das
leis Físicas, como as propostas pelas teorias físicas ou então de alguma outra forma.
Para resolver o problema da origem do universo eu criei uma teoria que utiliza a “Navalha
de Ocam” em seu extremo máximo. Assim, para explicar o universo, eu parto do estado
mais simples possível, algo que não precisa de explicação para existir: O “Nada”.
Mas o “Nada” que as pessoas pensam não é o mesmo nada no qual eu parto. Nem mesmo o
nada do qual os físicos partem. Por isso vou denominar o meu nada de o “Nada-Jocaxiano”.
O Nada-Jocaxiano é definido como sendo o estado da natureza nas quais as seguintes
condições são encontradas:
1-Não existem elementos físicos de nenhum tipo (nem matéria nem energia).
2-Não existem leis de nenhum tipo.
O “Nada Jocaxiano” é o Nada Puro, um Nada Absoluto e, portanto, não apresenta regras a
serem seguidas, nem mesmo a regra de que “Nada pode acontecer” e muito menos as leis
de conservação da energia ou os princípios da Mecânica Quântica da Física.
Você pode indagar que “não apresentar regras” é também uma regra a ser seguida, e
portanto a definição do “Nada Jocaxiano” seria inconsistente. A resposta é: - Não
apresentar regras é o estado inicial do Nada, não uma regra que ele tenha que seguir. Da
mesma forma como não apresentar matéria ou energia. Vamos explicar melhor:
Quando um sistema não apresenta regras ou leis de nenhuma espécie isso significa que não
existem leis de restrições e portanto “tudo” pode acontecer... Como também pode não
acontecer nada! Ou seja, a não existência de leis implica que “tudo pode acontecer” como
também a negação disso: ”nem tudo pode acontecer”, onde se inclui “nada pode acontecer”
e isso representa todas as possibilidades possíveis que um sistema pode apresentar. É
portanto uma tautologia, uma verdade absoluta. Podemos considerar a frase “Tudo pode
acontecer” no sentido abrangente que engloba também “Nada pode acontecer” de modo que
se um sistema que não apresente leis é um sistema em que “Tudo pode acontecer”
( inclusive nada pode acontecer ).
Se “tudo” pode acontecer então o nada absoluto pode gerar qualquer coisa. Mas se o nada
pode gerar qualquer coisa ele pode gerar o universo ou então as próprias leis físicas que,
por sua vez, permitem o surgimento do universo. Por outro lado, o nada poderia gerar
também a lei “Nada pode acontecer” e, neste caso, teríamos um nada perpétuo, sem
possibilidade de que nada mais pudesse acontecer. Esta é a idéia que normalmente temos
em mente quando pensamos no “Nada”. Mas esta é apenas uma das infinitas possibilidades
que o “Nada-Jocaxiano” pode gerar.
Assim, eu assumo que a origem de tudo foi o “Nada-Jocaxiano” que, por não apresentar
leis ou regras de nenhuma espécie, “Tudo” – no sentido amplo da palavra – poderia
acontecer. Como não havia regras para o que podia ou não acontecer, podemos concluir
que a ALEATORIEDADE deve ser uma característica deste sistema já que a aleatoriedade
pode ser definida como a impossibilidade de se prever o que vai acontecer.
Se você está lendo este texto, e se a hipótese do Nada-Jocaxiano for verdadeira, podemos
concluir que o Nada não “aleatorizou” (gerou aleatoriamente) a regra “nada pode
acontecer”. Se o Nada-Jocaxiano tivesse gerado esta regra não estaríamos aqui para ler este
texto. Por outro lado, se supusermos que é verdade que seja extremamente improvável um
conjunto de leis Físicas que possam gerar vida então temos um problema: Seria
extremamente improvável o Nada ter “aleatorizado” (gerado aleatoriamente) nosso
universo, e assim deveremos buscar uma resposta para esta improbabilidade.
Nosso Nada tem uma carta nas mangas: Como ele não precisa obedecer a leis físicas ou
outras de quaisquer espécies, tudo poderia acontecer até mesmo, por exemplo, a criação de
nosso universo do modo como o temos hoje, tudo criado neste momento, onde nossas
lembranças e memórias teriam sido criadas consistentemente. Claro que, embora seja
teoricamente possível, isso seria ainda muito mais improvável. Uma das formas de resolver
o problema seria plagiar os teóricos do pré-Big-Bang e dizer que o Nada criou
aleatoriamente uma infinidade de "universos bolhas" cada qual com suas próprias leis
físicas também aleatórias. Assim o nosso universo seria apenas um destes múltiplos
“universos bolhas” cujas leis físicas felizmente propiciaram a vida.
Outra possibilidade seria a criação de universos com prazo de validade: O Nada geraria um
universo com leis físicas geradas aleatoriamente e com um prazo, ou uma condição de
validade aleatória. No fim deste prazo, ou chegada esta condição de término, ele se
extinguiria e voltaríamos ao “Nada-Jocaxiano” original que novamente poderia
“aleatorizar” um novo universo diferente e assim por diante. Esse mecanismo poderia
explicar as “leis físicas” de nosso universo sem a necessidade de criarmos infinitos
universos paralelos. O problema é se porventura o Nada gerar um universo que é o próprio
nada com a seguinte lei “Nada mais poderá acontecer”. Neste caso o “Nada” geraria o fim
de tudo e para todo o sempre.
[1] http://www.infidels.org/library/modern/mark_vuletic/vacuum.html
[2] http://ntl.matrix.com.br/extrabr/cosmo.htm
[3] http://www.infidels.org/library/modern/quentin_smith/uncaused.html
[4] http://www.str.com.br/Scientia/criacao.htm
[5] http://astro.if.ufrgs.br/univ/univ.htm
[6] http://www.str.com.br/Scientia/criacao.htm
[7] http://www.terra.com.br/istoe/1635/ciencia/1635_eterno_retorno.htm