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LIÇÃO 1 - QUEM É O ESPÍRITO SANTO

SEGUNDO TRIMESTRE DE 2011

MOVIMENTO PENTECOSTAL - AS DOUTRINAS DE NOSSA FÉ

COMENTÁRIOS: PR. ELIENAI CABRAL

TEXTO ÁUREO
"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco
para sempre" (Jo 14.16).

VERDADE PRÁTICA
O ESPÍRITO SANTO é a Terceira Pessoa da Trindade Santíssima e, à semelhança
do Pai e do Filho, é DEUS.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: João 14.16, 17, 26; 6.13- 15


João 14
16 - E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique
convosco para sempre,
17 - o ESPÍRITO da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê,
nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós.
26 - Mas aquele Consolador, o ESPÍRITO SANTO, que o Pai enviará em meu nome,
vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.
João 6
13 - Mas, quando vier aquele ESPÍRITO da verdade, ele vos guiará em toda a
verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos
anunciará o que há de vir.
14 - Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de
anunciar.
15 - Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso, vos disse que há de receber do que é
meu e vo-lo há de anunciar.

14.16 O CONSOLADOR. JESUS chama o ESPÍRITO SANTO de "Consolador". Trata-


se da tradução da palavra grega parakletos, que significa literalmente "alguém
chamado para ficar ao lado de outro para o ajudar". É um termo rico de sentido,
significando Consolador, Fortalecedor, Conselheiro, Socorro, Advogado, Aliado e
Amigo. O termo grego para "outro" é, aqui, allon, significando "outro da mesma
espécie", e não heteros, que significa outro, mas de espécie diferente. Noutras
palavras, o ESPÍRITO SANTO dá prosseguimento ao que CRISTO fez quando na
terra.
(1) JESUS promete enviar outro Consolador. O ESPÍRITO SANTO, pois, faria pelos
discípulos, tudo quanto CRISTO tinha feito por eles, enquanto estava com eles. O
ESPÍRITO estaria ao lado deles para os ajudar (cf. Mt 14. 30,31), prover a direção
2

certa para suas vidas (v. 26), consolar nos momentos difíceis (v. 18), interceder
por eles em oração (Rm 8.26,27; cf. 8.34) e permanecer com eles para sempre.
(2) A palavra parakletos é aplicada ao Senhor JESUS em 1 Jo 2.1. JESUS, portanto,
é nosso Ajudador e Intercessor no céu (cf. Hb 7.25) enquanto que o ESPÍRITO
SANTO é nosso Ajudador e Intercessor, habitando em nós, aqui na terra (Rm
8.9,26; 1 Co 3.16; 6.19; 2 Co 6.16; 2 Tm 1.14).
14.17 HABITA CONVOSCO E ESTARÁ EM VÓS. CRISTO declara que o ESPÍRITO
SANTO habitava agora com os discípulos, e lhes promete que futuramente Ele
estaria "em vós". A promessa do ESPÍRITO SANTO para habitar nos fiéis cumpriu-
se depois da ressurreição de CRISTO, quando Ele assoprou sobre eles e disse-
lhes: "Recebei o ESPÍRITO SANTO" (ver Jo 20.22). A seguir, CRISTO lhes ordenou a
aguardarem uma outra experiência no ESPÍRITO SANTO, que lhes daria grande
poder para testemunhar. "Mas vós sereis batizados com o ESPÍRITO SANTO, não
muito depois destes dias... recebereis a virtude do ESPÍRITO SANTO, que há de
vir sobre vós" (At 1.5,8; 2.4).
João 16
16.13 ELE VOS GUIARÁ EM TODA A VERDADE. A obra do ESPÍRITO SANTO quanto
a convencer do pecado não concerne somente ao incrédulo (vv. 7,8), mas
também ao crente e à igreja, ensinando, corrigindo e guiando na verdade (Mt
18.15; 1 Tm 5.20; Ap 3.19).
(1) O ESPÍRITO SANTO falará ao crente concernente ao pecado, a justiça de
CRISTO e ao julgamento da maldade com vistas a:
(a) conformar o crente a CRISTO e aos seus padrões de justiça (cf. 2 Co 3.18);
(b) guiá-lo em toda verdade (v. 13); e
(c) glorificar a CRISTO (v. 14).
Deste modo, o ESPÍRITO SANTO opera no crente para reproduzir no seu viver a
vida santa de CRISTO.
(2) Se o crente cheio do ESPÍRITO SANTO rejeita a sua direção e sua operação de
convencer do pecado, e se o crente não mortifica as obras da carne mediante o
ESPÍRITO SANTO, morrerá espiritualmente (Rm 8.13a). Somente os que recebem
a verdade e são "guiados pelo ESPÍRITO de DEUS" são filhos de DEUS (Rm 8.14),
e assim podem continuar na plenitude do ESPÍRITO SANTO (ver Ef 5.18). O
pecado arruína a vida espiritual e igualmente a plenitude do ESPÍRITO SANTO no
crente (Rm 6.23; 8.13; Gl 5.17; cf. Ef 5.18; 1 Ts 5.19).
16.14 HÁ DE RECEBER DO QUE É MEU. O ESPÍRITO toma o que é de CRISTO e o
revela ao crente. Isto quer dizer que Ele lança mão da presença, amor, perdão,
redenção, santificação, vida, poder, dons espirituais, cura e de tudo o mais que
nos pertence pelo nosso relacionamento com CRISTO mediante a fé e torna reais
estas bênçãos em nossa vida. Por meio do ESPÍRITO, JESUS volta a nós para nos
revelar seu amor, graça e comunhão pessoal (cf. 14.16-23). O ESPÍRITO opera em
nós para despertar e aprofundar nossa consciência da presença de JESUS em
nossa vida e atrai nosso coração a Ele em fé, amor, obediência, comunhão,
adoração e louvor.

PALAVRAS-CHAVE - ESPÍRITO SANTO: [Do heb. Ruah Kadosh; do gr. Hagios


Peneumathos] Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. É um ser dotado de
personalidade e vontade própria.

JESUS E O ESPÍRITO SANTO


Lc 11.13: “Pois, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos,
quanto mais dará o Pai celestial o ESPÍRITO SANTO àqueles que lho pedirem?”

JESUS tinha um relacionamento especial com o ESPÍRITO SANTO, relacionamento


3

este importante para nossa vida pessoal. Vejamos as lições práticas desse
relacionamento.

AS PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO. Várias das profecias do AT sobre o


futuro Messias afirmam claramente que Ele seria cheio do poder do ESPÍRITO
SANTO (ver Is 11.2; 61.1-3).
Quando JESUS leu Is 61.1,2 na sinagoga de Nazaré, acrescentou: “Hoje, se
cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos” (4.18-21; ver Jo 3.34b).

O NASCIMENTO DE JESUS. Tanto Mateus quanto Lucas declaram de modo


específico e inequívoco que JESUS veio a este mundo como resultado de um ato
milagroso de DEUS. Foi concebido mediante o ESPÍRITO SANTO e nasceu de uma
virgem, Maria (Mt 1.18,23; Lc 1.27). Devido à sua concepção milagrosa, JESUS
era um “santo” (1.35), i.e., livre de toda mácula do pecado. Por isto, Ele era
digno de carregar sobre si a culpa dos nossos pecados e expiá-los (ver Mt 1.23).
Sem um Salvador perfeito e sem pecado, não poderíamos jamais obter a
redenção.

O BATISMO DE JESUS. Quando JESUS foi batizado por João Batista, Ele, que
posteriormente batizaria seus discípulos no ESPÍRITO, no Pentecoste e durante
toda a era da igreja (ver Lc 3.16; At 1.4,5; 2.33,38,39), Ele mesmo pessoalmente
foi ungido pelo ESPÍRITO (Mt 3.16,17; Lc 3.21,22). O ESPÍRITO veio sobre Ele em
forma de uma pomba, dotando-o de grande poder para levar a efeito o seu
ministério, inclusive a obra da redenção. Quando nosso Senhor foi para o deserto
depois do seu batismo, estava “cheio do ESPÍRITO SANTO” (4.1). Todos os que
experimentarem o sobrenatural renascimento espiritual pelo ESPÍRITO SANTO,
devem, como JESUS, experimentar o batismo no ESPÍRITO SANTO, para lhes dar
poder na sua vida e no seu trabalho (ver At 1.8).

A TENTAÇÃO DE JESUS POR SATANÁS. Imediatamente após o batismo, JESUS foi


levado pelo ESPÍRITO ao deserto, onde foi tentado pelo diabo durante quarenta
dias (4.1,2). Foi pelo fato de estar cheio do ESPÍRITO SANTO (4.1) que JESUS
conseguiu resistir firmemente a Satanás e vencer as tentações que lhe foram
apresentadas. Da mesma maneira, a intenção de DEUS é que nunca enfrentemos
as forças espirituais do mal e do pecado sem o poder do ESPÍRITO. Precisamos
estar equipados com a sua plenitude e obedecer-lhe a fim de sermos vitoriosos
contra Satanás. Um filho de DEUS propriamente dito deve estar cheio do
ESPÍRITO e viver pelo seu poder.

O MINISTÉRIO DE JESUS. Quando JESUS fez referência ao cumprimento da


profecia de Isaías acerca do poder do ESPÍRITO SANTO sobre Ele, usou também a
mesma passagem para sintetizar o conteúdo do seu ministério, a saber:
pregação, cura e libertação (Is 61.1,2; Lc 4.16-19). (1) O ESPÍRITO SANTO ungiu
JESUS e o capacitou para a sua missão. JESUS era DEUS (Jo 1.1), mas Ele também
era homem (1Tm 2.5). Como ser humano, Ele dependia da ajuda e do poder do
ESPÍRITO SANTO para cumprir as suas responsabilidades diante de DEUS (cf. Mt
12.28; LC 4.1,14; Rm 8.11; Hb 9.14). (2) Somente como homem ungido pelo
ESPÍRITO, JESUS podia viver, servir e proclamar o evangelho (At 10.38). Nisto, Ele
é um exemplo perfeito para o cristão; cada crente deve receber a plenitude do
ESPÍRITO SANTO (ver At 1.8; 2.4).

A PROMESSA DE JESUS QUANTO AO ESPÍRITO SANTO. João Batista profetizara que


JESUS batizaria seus seguidores no ESPÍRITO SANTO (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16,
ver Jo 1.33), profecia esta que o próprio JESUS reiterou (At 1.5; 11.16). Em 11.13,
4

JESUS prometeu que daria o ESPÍRITO SANTO a todos quantos lhe pedissem.
Todos estes versículos acima referem-se à plenitude do ESPÍRITO, que CRISTO
promete conceder àqueles que já são filhos do Pai celestial — promessa esta que
foi inicialmente cumprida no Pentecoste (ver At 2.4) e permanece para todos que
são seus discípulos e que pedem o batismo no ESPÍRITO SANTO (ver At 1.5;
2.39).

A RESSURREIÇÃO DE JESUS. Mediante o poder do ESPÍRITO SANTO, JESUS


ressuscitou dentre os mortos e, assim, foi vindicado como o verdadeiro Messias e
Filho de DEUS. Em Rm 1.3,4 lemos que, segundo o ESPÍRITO de santificação (i.e.,
o ESPÍRITO SANTO), CRISTO JESUS foi declarado Filho de DEUS, com poder, e em
Rm 8.11 que “o ESPÍRITO... ressuscitou dos mortos a JESUS”. Assim como JESUS
dependia do ESPÍRITO SANTO para sua ressurreição dentre os mortos, assim
também os crentes dependem do ESPÍRITO para a vida espiritual agora, e para a
ressurreição corporal no porvir (Rm 8.10,11).

A ASCENSÃO DE JESUS AO CÉU. Depois da sua ressurreição, JESUS subiu ao céu e


assentou-se à destra do Pai como seu co-regente (24.51; Mc 16.19; Ef 1.20-22;
4.8-10; 1Pe 3.21,22). Nessa posição exaltada, Ele, da parte do Pai, derramou o
ESPÍRITO SANTO sobre o seu povo no Pentecoste (At 2.33; cf. Jo 16.7-14),
proclamando, assim, o seu senhorio como rei, sacerdote e profeta. Esse
derramamento do ESPÍRITO SANTO no Pentecoste e no decurso desta era
presente dá testemunho da contínua presença e autoridade do Salvador
exaltado.

A COMUNHÃO ÍNTIMA ENTRE JESUS E SEU POVO. Como uma das suas missões
atuais, o ESPÍRITO SANTO toma aquilo que é de CRISTO e o revela aos crentes (Jo
16.14,15). Isto quer dizer que os benefícios redentores da salvação em CRISTO
nos são mediados pelo ESPÍRITO SANTO (cf. Rm 8.14-16; Gl 4.6). O mais
importante é que JESUS está bem perto de nós (Jo 14.18). O ESPÍRITO nos torna
conscientes da presença pessoal de JESUS, do seu amor, da sua bênção, ajuda,
perdão, cura e tudo quanto é nosso mediante a fé. Semelhantemente, o ESPÍRITO
atrai nosso coração para buscar ao Senhor com amor, oração, devoção e
adoração (ver Jo 4.23,24; 16.14).

A VOLTA DE JESUS PARA BUSCAR SEU POVO. JESUS prometeu voltar e levar para
si o seu povo fiel, para estar com Ele para sempre (veja Jo 14.3; 1Ts 4.13-18).
Esta é a bendita esperança de todos os crentes (Tt 2.13), o evento pelo qual
oramos e ansiamos (2Tm 4.8). As Escrituras revelam que o ESPÍRITO SANTO
impulsiona nosso coração a clamar a DEUS pela volta do nosso Senhor. É o
ESPÍRITO quem testifica que nossa redenção permanece incompleta até a volta
de CRISTO (cf. Rm 8.23). No final da Bíblia, temos estas últimas palavras que o
ESPÍRITO SANTO inspirou “Ora, vem, Senhor JESUS” (Ap 22.20).

A REGENERAÇÃO
Jo 3.3: “JESUS respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele
que não nascer de novo não pode ver o Reino de DEUS.”

Em 3.1-8, JESUS trata de uma das doutrinas fundamentais da fé cristã: a


regeneração (Tt 3.5), ou o nascimento espiritual. Sem o novo nascimento,
ninguém poderá ver o reino de DEUS, i.e., receber a vida eterna e a salvação
mediante JESUS CRISTO. Apresentamos a seguir, importantes fatos a respeito do
novo nascimento.
(1) A regeneração é a nova criação e transformação da pessoa (Rm 12.2; Ef
5

4.23,24), efetuadas por DEUS e o ESPÍRITO SANTO (3.6; Tt 3.5). Por esta
operação, a vida eterna da parte do próprio DEUS é outorgada ao crente (3.16;
2Pe 1.4; 1Jo 5.11), e este se torna um filho de DEUS (1.12; Rm 8.16,17; Gl 3.26) e
uma nova criatura (2Co 5.17; Cl 3.10). Já não se conforma com este mundo (Rm
12.2), mas é criado segundo DEUS “em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24).
(2) A regeneração é necessária porque, à parte de CRISTO, todo ser humano,
pela sua natureza inerente e pecadora, é incapaz de obedecer a DEUS e de
agradar-lhe (Sl 51.5; 58.3; Rm 8.7,8; 5.12; 1Co 2.14).
(3) A regeneração tem lugar naquele que se arrepende dos seus pecados, volta-
se para DEUS (Mt 3.2) e coloca a sua fé pessoal em JESUS CRISTO como seu
Senhor e Salvador (ver 1.12).
(4) A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova
vida de obediência a JESUS CRISTO (2Co 5.17; Ef 4.23,24; Cl 3.10). Aquele que
realmente nasceu de novo está liberto da escravidão do pecado (ver 8.36; Rm
6.14-23), e passa a ter desejo e disposição espiritual de obedecer a DEUS e de
seguir a direção do ESPÍRITO (Rm 8.13,14). Vive uma vida de retidão (1Jo 2.29),
ama aos demais crentes (1Jo 4.7), evita uma vida de pecado (1Jo 3.9; 5.18) e não
ama o mundo ( 1Jo 2.15,16).
(5) Quem é nascido de DEUS não pode fazer do pecado uma prática habitual na
sua vida (ver 1Jo 3.9). Não é possível permanecer nascido de novo sem o desejo
sincero e o esforço vitorioso de agradar a DEUS e de evitar o mal (1Jo 2.3-11, 15-
17, 24-29; 3.6-24; 4.7,8, 20; 5.1), mediante uma comunhão profunda com
CRISTO (ver 15.4) e a dependência do ESPÍRITO SANTO (Rm 8.2-14).
(6) Aqueles que continuam vivendo na imoralidade e nos caminhos pecaminosos
do mundo, seja qual for a religião que professam, demonstram que ainda não
nasceram de novo (1Jo 3.6,7).
(7) Assim como uma pessoa nasce do ESPÍRITO ao receber a vida de DEUS,
também pode extinguir essa vida ao enveredar pelo mal e viver em iniqüidade.
As Escrituras afirmam: “se viverdes segundo a carne, morrereis” (Rm 8.13). Ver
também Gl 5.19-21, atentando para a expressão “como já antes vos disse” (v.
21).
(8) O novo nascimento não pode ser equiparado ao nascimento físico, pois o
relacionamento entre DEUS e o salvo é questão do espírito e não da carne (3.6).
Logo, embora a ligação física entre um pai e um filho nunca possa ser desfeita, o
relacionamento de pai para filho, que DEUS quer manter conosco, é voluntário e
dissolúvel durante nosso período probatório na terra (ver Rm 8.13). Nosso
relacionamento com DEUS é condicionado pela nossa fé em CRISTO durante
nossa vida terrena; fé esta demonstrada numa vida de obediência e amor
sinceros (Hb 5.9; 2Tm 2.12).

A REGENERAÇÃO DOS DISCÍPULOS


Jo 20.22 “E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o
ESPÍRITO SANTO.”

A outorga do ESPÍRITO SANTO por JESUS aos seus discípulos no dia da


ressurreição não foi o batismo no ESPÍRITO SANTO como ocorreu no dia de
Pentecoste (At 1.5; 2.4). Era, realmente, a primeira vez que a presença
regeneradora do ESPÍRITO SANTO e a nova vida do CRISTO ressurreto saturavam
e permeavam os discípulos.
(1) Durante a última reunião de JESUS com seus discípulos, antes da sua paixão e
crucificação, Ele lhes prometeu que receberiam o ESPÍRITO SANTO, como aquele
que os regeneraria: “habita convosco, e estará em vós” (14.17). JESUS agora
cumpre aquela promessa.
(2) Da frase, “assoprou sobre eles”, em 20.22, infere-se que se trata da sua
6

regeneração. A palavra grega traduzida por “soprou” (emphusao) é o mesmo


verbo usado na Septuaginta (a tradução grega do AT) em Gn 2.7, onde DEUS
“soprou em seus narizes [de Adão] o fôlego da vida; e o homem foi feito alma
vivente”. É o mesmo verbo que se acha em Ez 37.9: “Assopra sobre estes
mortos, para que vivam”. O uso que João faz deste verbo neste versículo indica
que JESUS estava lhes outorgando o ESPÍRITO a fim de neles produzir nova vida e
nova criação. Isto é, assim como DEUS soprou para dentro do homem físico o
fôlego da vida, e o homem se tornou uma nova criatura (Gn 2.7), assim também,
agora, JESUS soprou espiritualmente sobre os discípulos, e eles se tornaram
novas criaturas. Mediante sua ressurreição, JESUS tornou-se em “espírito
vivificante” (1Co 15.45).
(3) O imperativo “Recebei o ESPÍRITO SANTO” estabelece o fato que o ESPÍRITO,
naquele momento histórico, entrou de maneira inédita nos discípulos, para neles
habitar. A forma verbal de “receber” está no aoristo imperativo (gr. lebete, do
verbo lambano), que denota um ato único de recebimento. Este “recebimento”
da vida pelo ESPÍRITO SANTO antecede a outorga da autoridade de JESUS para
eles (Jo 20.23), bem como do batismo no ESPÍRITO SANTO, pouco depois, no dia
de Pentecoste (At 2.4).
(4) Antes dessa ocasião, os discípulos eram verdadeiros crentes em CRISTO, e
seus seguidores, segundo os preceitos do antigo concerto. Porém, eles não eram
plenamente regenerados no sentido da nova aliança. A partir de então os
discípulos passaram a participar dos benefícios do novo concerto baseado na
morte e ressurreição de JESUS (ver Mt 26.28; Lc 22.20; 1Co 11.25; Ef 2.15,16; Hb
9.15-17). Foi, também, ness ocasião, e não no Pentecoste, que a igreja nasceu,
i.e., uma nova ordem espiritual, assim como no princípio DEUS soprou sobre o
homem até então inerte para de fato torná-lo criatura vivente na ordem material
(Gn 2.7).
(5) Este trecho é essencial para a compreensão do ministério do ESPÍRITO SANTO
entre o povo de DEUS: (a) os discípulos receberam o ESPÍRITO SANTO (i.e., o
ESPÍRITO SANTO passou a habitar neles e os regenerou) antes do dia de
Pentecoste; e (b) o derramamento do ESPÍRITO SANTO em At 2.4. Isto seguiu-se
à primeira experiência. O batismo no ESPÍRITO no dia do Pentecoste foi, portanto,
uma segunda e distinta obra do ESPÍRITO neles.
(6) Estas duas obras distintas do ESPÍRITO SANTO na vida dos discípulos de JESUS
são normativas para todo cristão. Isto é, todos os autênticos crentes recebem o
ESPÍRITO SANTO ao serem regenerados, e a seguir precisam experimentar o
batismo no ESPÍRITO SANTO para receberem poder para serem suas
testemunhas (At 1.5,8; 2.4; ver 2.39).
(7) Não há qualquer fundamento bíblico para se dizer que a outorga por JESUS do
ESPÍRITO SANTO em 20.22 era tão somente uma profecia simbólica da vinda do
ESPÍRITO SANTO no Pentecoste. O uso do aoristo imperativo para “receber” (ver
supra) denota o recebimento naquele momento e naquele lugar.

O ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO


Jl 2.28,29 "E há de ser que, depois, derramarei o meu ESPÍRITO sobre toda a
carne,e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos,
os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e servas, naqueles dias,
derramarei o meu ESPÍRITO."

O ESPÍRITO SANTO é a terceira pessoa do DEUS Eterno, Trino e Uno (ver Mc


1.11). Embora a plenitude do seu poder não tivesse sido revelada antes do
ministério de JESUS e, posteriormente, no Pentecoste (ver At 2), há trechos do AT
que se referem a Ele e à sua obra. Este estudo examina os ensinamentos do AT a
respeito do ESPÍRITO SANTO.
7

TERMO EMPREGADO. A palavra hebraica para “ESPÍRITO” é ruah que, às vezes, é


traduzida por “vento” e “sopro”. Sendo assim, as referências no AT ao sopro de
DEUS e ao vento da parte de DEUS (e.g., Gn 2.7; Ez 37.9,10,14) também podem
referir-se à obra do ESPÍRITO de DEUS.

A OBRA DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO. A Bíblia descreve várias


atividades do ESPÍRITO SANTO no Antigo Testamento.
(1) O ESPÍRITO SANTO desempenhou um papel ativo na criação. O segundo
versículo da Bíblia diz que “o ESPÍRITO de DEUS se movia sobre a face das
águas” (Gn 1.2), preparando tudo para que a palavra criadora de DEUS desse
forma ao mundo. Tanto o Verbo de DEUS (i.e., a segunda pessoa da Trindade)
quanto o ESPÍRITO de DEUS, foram agentes na criação (ver Jó 26.13; Sl 33.6). O
ESPÍRITO também é o autor da vida. Quando DEUS criou Adão, foi
indubitavelmente o seu ESPÍRITO quem soprou no homem o fôlego da vida (Gn
2.7; cf. Jó 27.3). O ESPÍRITO SANTO continua a dar vida às criaturas de DEUS (Jó
33.4; Sl 104.30).
(2) O ESPÍRITO estava ativo na comunicação da mensagem de DEUS ao seu povo.
Era o ESPÍRITO, por exemplo, quem instruía os israelitas no deserto (Ne 9.20).
Quando os salmistas de Israel compunham seus cânticos, faziam-no mediante o
ESPÍRITO do Senhor (2Sm 23.2; cf. At 1.16,20; Hb 3.7-11). Semelhantemente, os
profetas eram inspirados pelo ESPÍRITO de DEUS a declarar sua palavra ao povo
(Nm 11.29; 1Sm 10.5,6,10; 2Cr 20.14; 24.19,20; Ne 9.30; Is 61.1-3; Mq 3.8; Zc
7.12; cf. 2Pe 1.20,21). Ezequiel ensina que os falsos profetas “seguem o seu
próprio espírito” ao invés de andarem segundo o ESPÍRITO de DEUS (Ez 13.2,3).
Era possível, entretanto, o ESPÍRITO de DEUS vir sobre alguém que não tinha um
relacionamento genuíno com DEUS para levá-lo a entregar uma mensagem
verdadeira ao povo (ver Nm 24.2).
(3) A liderança do povo de DEUS no AT era fortalecida pelo ESPÍRITO do Senhor.
Moisés, por exemplo, estava em tão estreita harmonia com o ESPÍRITO de DEUS
que compartilhava dos próprios sentimentos de DEUS; sofria quando Ele sofria, e
ficava irado contra o pecado quando Ele se irava (ver Êx 33.11; cf. Êx 32.19).
Quando Moisés escolheu, em obediência à ordem do Senhor, setenta anciãos
para ajudá-lo a liderar os israelitas, DEUS tomou do ESPÍRITO que estava sobre
Moisés, e o colocou sobre eles (Nm 11.16,17; ver 11.12). Semelhantemente,
quando Josué foi comissionado para que sucedesse Moisés como líder, DEUS
indicou que “o ESPÍRITO” (i.e., o ESPÍRITO SANTO) estava nele (Nm 27.18). O
mesmo ESPÍRITO veio sobre Gideão (Jz 6.34), Davi (1Sm 16.13) e Zorobabel (Zc
4.6). Noutras palavras, no AT a maior qualificação para a liderança era a
presença do ESPÍRITO de DEUS.
(4) O ESPÍRITO de DEUS também vinha sobre indivíduos a fim de equipá-los para
serviços especiais. Um exemplo notável, no AT, era José, a quem fora outorgado
o ESPÍRITO para capacitá-lo a agir de modo eficaz na casa de Faraó (Gn 41.38-
40). Note, também, Bezalel e Ooliabe, aos quais DEUS concedeu a plenitude do
seu ESPÍRITO para que fizessem o trabalho artístico necessário à construção do
Tabernáculo, e também para ensinarem aos outros (ver Êx 31.1-11; 35.30-35). A
plenitude do ESPÍRITO SANTO, aqui, não é exatamente a mesma coisa que o
batismo no ESPÍRITO SANTO no NT.
No AT, o ESPÍRITO SANTO vinha sobre uns poucos indivíduos selecionados para
servirem a DEUS de modo especial, e os revestia de poder (ver Êx 31.3). O
ESPÍRITO do Senhor veio sobre muitos dos juízes, tais como Otniel (Jz 3.9,10).
Gideão (Jz 6.34), Jefté (Jz 11.29) e Sansão (Jz 14.5,6; 15.14-16). Estes exemplos
revelam o princípio divino que ainda perdura: quando DEUS opta por usar
grandemente uma pessoa, o seu ESPÍRITO vem sobre ela.
(5) Havia, ainda, uma consciência no AT de que o ESPÍRITO desejava guiar as
8

pessoas no terreno da retidão. Davi dá testemunho disto em alguns dos seus


salmos (Sl 51.10-13; 143.10). O povo de DEUS, que seguia o seu próprio caminho
ao invés de ouvir a voz de DEUS, recusava-se a seguir o caminho do ESPÍRITO
(ver Gn 16.2). Os que deixam de viver pelo ESPÍRITO de DEUS experimentam,
inevitavelmente, alguma forma de castigo divino (ver Nm 14.29; Dt 1.26).
(6) Note que, nos tempos do AT, o ESPÍRITO SANTO vinha apenas sobre umas
poucas pessoas, enchendo-as a fim de lhes dar poder para o serviço ou a
profecia. Não houve nenhum derramamento geral do ESPÍRITO SANTO sobre
Israel. O derramamento do ESPÍRITO SANTO de forma mais ampla (cf. 2.28,29; At
2.4,16-18) começou no grande dia de Pentecoste.

A PROMESSA DO PLENO PODER DO ESPÍRITO SANTO. O AT antegozava a era


vindoura do ESPÍRITO, i.e., a era do NT.
(1) Em várias ocasiões, os profetas falaram a respeito do papel que o ESPÍRITO
desempenharia na vida do Messias. Isaías, em especial, caracterizou o Rei
vindouro, o Servo do Senhor, como uma pessoa sobre quem o ESPÍRITO de DEUS
repousaria de modo especial (ver Is 11.1-4; 42.1; 61.1-3). Quando JESUS leu as
palavras de Isaías 61, em Nazaré, cidade onde morava, terminou dizendo: “Hoje,
se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos” (Lc 4.21).
(2) Outras profecias do AT anteviam o período do derramamento geral do
ESPÍRITO SANTO sobre a totalidade do povo de DEUS. Entre esses textos, o de
maior destaque é 2.28,29, citado por Pedro no dia de Pentecoste (At 2.17,18).
Mas a mesma mensagem também se acha em Is 32.15-17; 44.3-5; 59.20,21; Ez
11.19,20; 36.26,27; 37.14; 39.29. DEUS prometeu que, quando a vida e o poder
do seu ESPÍRITO viessem sobre o seu povo, os seus seriam capacitados a
profetizar, ver visões, ter sonhos proféticos, viver uma vida em santidade e
retidão, e a testemunhar com grande poder. Por conseguinte, os profetas do AT
previram a era messiânica. E, a respeito dela, profetizaram que o derramamento
e a plenitude do ESPÍRITO SANTO viriam sobre toda a humanidade. E foi o que
aconteceu no domingo do Pentecoste (dez dias depois de JESUS ter subido ao
céu), com uma subseqüente gigantesca colheita de almas (cf. 2.28,32;At 2.41;
4.4; 13,44,48,49).

A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO


At 5.3,4 “Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração,
para que mentisses ao ESPÍRITO SANTO e retivesses parte do preço da herdade?
Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que
formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a DEUS.”

É essencial que os crentes reconheçam a importância do ESPÍRITO SANTO no


plano divino da redenção. Sem a presença do ESPÍRITO SANTO neste mundo, não
haveria a criação, o universo, nem a raça humana (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl
104.30). Sem o ESPÍRITO SANTO, não teríamos a Bíblia (2Pe 1.21), nem o NT (Jo
14.26, 1Co 2.10) e nenhum poder para proclamar o evangelho (1.8). Sem o
ESPÍRITO SANTO, não haveria fé, nem novo nascimento, nem santidade e
nenhum cristão neste mundo. Este estudo examina alguns dos ensinamentos
básicos a respeito do ESPÍRITO SANTO.

A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO.


Através da Bíblia, o ESPÍRITO SANTO é revelado como Pessoa, com sua própria
individualidade (2Co 3.17,18; Hb 9.14; 1Pe 1.2). Ele é uma Pessoa divina como o
Pai e o Filho (5.3,4). O ESPÍRITO SANTO não é mera influência ou poder. Ele tem
atributos pessoais, a saber: Ele pensa (Rm 8.27), sente (Rm 15.30), determina
(1Co 12.11) e tem a faculdade de amar e de deleitar-se na comunhão. Foi
9

enviado pelo Pai para levar os crentes à íntima presença e comunhão com JESUS
(Jo 14.16-18,26). À luz destas verdades, devemos tratá-lo como pessoa, que é, e
considerá-lo DEUS vivo e infinito em nosso coração, digno da nossa adoração,
amor e dedicação (ver Mc 1.11).

O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO


At 1.5 “Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados
com o ESPÍRITO SANTO, não muito depois destes dias.”

Uma das doutrinas principais das Escrituras é o batismo no ESPÍRITO SANTO (ver
1.4). A respeito do batismo no ESPÍRITO SANTO, a Palavra de DEUS ensina o
seguinte:
(1) O batismo no ESPÍRITO é para todos que professam sua fé em CRISTO; que
nasceram de novo, e, assim, receberam o ESPÍRITO SANTO para neles habitar.
(2) Um dos alvos principais de CRISTO na sua missão terrena foi batizar seu povo
no ESPÍRITO (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Ele ordenou aos discípulos não
começarem a testemunhar até que fossem batizados no ESPÍRITO SANTO e
revestidos do poder do alto (Lc 24.49; At 1.4,5,8).
(3) O batismo no ESPÍRITO SANTO é uma obra distinta e à parte da regeneração,
também por Ele efetuada. Assim como a obra santificadora do ESPÍRITO é
distinta e completiva em relação à obra regeneradora do mesmo ESPÍRITO, assim
também o batismo no ESPÍRITO complementa a obra regeneradora e
santificadora do ESPÍRITO. No mesmo dia em que JESUS ressuscitou, Ele assoprou
sobre seus discípulos e disse: “Recebei o ESPÍRITO SANTO” (Jo 20.22), indicando
que a regeneração e a nova vida estavam-lhes sendo concedidas. Depois, Ele
lhes disse que também deviam ser “revestidos de poder” pelo ESPÍRITO SANTO
(Lc 24.49; cf. At 1.5,8). Portanto, este batismo é uma experiência subseqüente à
regeneração (ver 11.17; 19.6).
(4) Ser batizado no ESPÍRITO significa experimentar a plenitude do ESPÍRITO, (cf.
1.5; 2.4). Este batismo teria lugar somente a partir do dia de Pentecoste. Quanto
aos que foram cheios do ESPÍRITO SANTO antes do dia de Pentecoste (e.g. Lc
1.15,67), Lucas não emprega a expressão “batizados no ESPÍRITO SANTO”. Este
evento só ocorreria depois da ascensão de CRISTO (1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-
14).
(5) O livro de Atos descreve o falar noutras línguas como o sinal inicial do
batismo no ESPÍRITO SANTO (2.4; 10.45,46; 19.6).
(6) O batismo no ESPÍRITO SANTO outorgará ao crente ousadia e poder celestial
para este realizar grandes obras em nome de CRISTO e ter eficácia no seu
testemunho e pregação (cf. 1.8; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1Co 2.4). Esse
poder não se trata de uma força impessoal, mas de uma manifestação do
ESPÍRITO SANTO, na qual a presença, a glória e a operação de JESUS estão
presentes com seu povo (Jo 14.16-18; 16.14; 1Co 12.7).
(7) Outros resultados do genuíno batismo no ESPÍRITO SANTO são: (a)
mensagens proféticas e louvores (2.4, 17; 10.46; 1Co 14.2,15); (b) maior
sensibilidade contra o pecado que entristece o ESPÍRITO SANTO, uma maior
busca da retidão e uma percepção mais profunda do juízo divino contra a
impiedade (ver Jo 16.8; At 1.8); (c) uma vida que glorifica a JESUS CRISTO (Jo
16.13,14; At 4.33); (d) visões da parte do ESPÍRITO (2.17); (e) manifestação dos
vários dons do ESPÍRITO SANTO (1Co 12.4-10); (f) maior desejo de orar e
interceder (2.41,42; 3.1; 4.23-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26); (g) maior amor à Palavra
de DEUS e melhor compreensão dela (Jo 16.13; At 2.42) e (h) uma convicção
cada vez maior de DEUS como nosso Pai (At 1.4; Rm 8.15; Gl 4.6).
(8) A Palavra de DEUS cita várias condições prévias para o batismo no ESPÍRITO
10

SANTO. (a) Devemos aceitar pela fé a JESUS CRISTO como Senhor e Salvador e
apartar-nos do pecado e do mundo (2.38-40; 8.12-17). Isto importa em submeter
a DEUS a nossa vontade (“àqueles que lhe obedecem”, 5.32). Devemos
abandonar tudo o que ofende a DEUS, para então podermos ser “vaso para
honra, santificado e idôneo para o uso do Senhor” (2Tm 2.21). (b) É preciso
querer o batismo. O crente deve ter grande fome e sede pelo batismo no
ESPÍRITO SANTO (Jo 7.37-39; cf. Is 44.3; Mt 5.6; 6.33). (c) Muitos recebem o
batismo como resposta à oração neste sentido (Lc 11.13; At 1.14; 2.1-4; 4.31;
8.15,17). (d) Devemos esperar convictos que DEUS nos batizará no ESPÍRITO
SANTO (Mc 11.24; At 1.4,5).
(9) O batismo no ESPÍRITO SANTO permanece na vida do crente mediante a
oração (4.31), o testemunho (4.31, 33), a adoração no ESPÍRITO (Ef 5.18,19) e
uma vida santificada (ver Ef 5.18 notas). Por mais poderosa que seja a
experiência inicial do batismo no ESPÍRITO SANTO sobre o crente, se ela não for
expressa numa vida de oração, de testemunho e de santidade, logo se tornará
numa glória desvanecente.
(10) O batismo no ESPÍRITO SANTO ocorre uma só vez na vida do crente e move-
o à consagração à obra de DEUS, para, assim, testemunhar com poder e retidão.
A Bíblia fala de renovações posteriores ao batismo inicial do ESPÍRITO SANTO (ver
4.31; cf. 2.4; 4.8, 31; 13.9; Ef 5.18). O batismo no ESPÍRITO, portanto, conduz o
crente a um relacionamento com o ESPÍRITO, que deve ser renovado (4.31) e
conservado (Ef 5.18).
Muitas vezes as pessoas que são usadas por DEUS para ministrarem o batismo
no ESPÍRITO SANTO, são mal-compreendidas. Veja bem: Seria muito difícil
alguém ser batizado sem abrir a boca para falar, pois a evidencia do batismo é o
falar em línguas espirituais, assim pede-se às pessoas para glorificarem a DEUS
para que quando o ESPÍRITO SANTO vier sobre as mesmas, não os ache de boca
fechada e isso venha a impedi-los de receber sua tão desejada bênção. O medo
de falar em línguas de maneira diferente dos outros ou o medo da reação na
hora do batismo têm impedido muitos de serem balizados; também a "doutrina
do merecimento" impede a muitos que pensam que se recebe alguma coisa de
DEUS pelo merecimento; mas o maior impedimento ainda é o pecado não
arrependido e não confessado.

I. A NATUREZA DO ESPÍRITO SANTO:

A) A Personalidade do ESPÍRITO SANTO: O ESPÍRITO SANTO é uma Pessoa,


distinta do Pai e do Filho, e não uma mera influência ou operação divina, e
portanto dotado de intelecto, emoção, autoconsciência e autodeterminação.
1) Pronomes Pessoais Masculinos: Estes pronomes são aplicados ao ESPÍRITO
SANTO (Jo.15:26;16:7,8,13,14), muito embora o vocábulo grego Pneuma seja
substantivo neutro.

2) Substantivo Masculino: O termo masculino Paracleto é aplicado ao ESPÍRITO


SANTO (Jo.14:16,17) como sendo outro (allon) Consolador igual a CRISTO.

3) Características Pessoais:
a) Inteligência (I Co.2:10,11; Rm.8:27).
b) Vontade (I Co.12:11).
c) Amor (Rm.15:30).
d) Bondade (Ne.9:20).
e) Tristeza (Ef.4:30; Is.63:10).
11

4) Atos Pessoais:
a) Ele perscruta (I Co.2:10).
b) Ele fala (Ap.2:7; Gl.4:6; Jo.15:26).
c) Ele intercede (Rm.8:26).
d) Ele ensina (Jo.14:26).
e) Ele guia (Jo.16:12-14; Ne.9:20).
f) Ele chama (At.13:2;20:28).

B) A Divindade do ESPÍRITO SANTO: O ESPÍRITO SANTO é coeterno e


consubstancial com o Pai e o Filho.
1) Nomes Divinos:
a) DEUS (At.5:3,4).
b) Senhor (II Co.3:18).

2) Atributos Divinos:
a) Eternidade (Hb.9:14).
b) Onipresença (Sl.139:7-10).
c) Onipotência (Lc.1:35).
d) Onisciência (I Co.2:10,11).

II. A OBRA DO ESPÍRITO SANTO:

A) Em relação ao universo material: Ele participou da obra da criação (Sl.33:6; Jó


33:4;104:29,30).

B) Em relação aos homens não regenerados:


1) Luta (Gn.6:3).
2) Testifica (Jo.15:26; At.5:32).
3) Convence (Jo.16:8-11).

C) Em relação aos crentes:


1) Regenera (Jo.3:3-6;6:63; Tt.3:5; I Co.2:4;3:6).
2) Batiza (Jo.1:32-34; I Co.12:13; At.1:5).
3) Habita (I Co.3:16;6:15-19; Rm.8:9).
4) Sela (Ef.1:13,14;4:30).
5) Testifica (Rm.8:14,16).
6) Fortalece (Ef.3:16).
7) Enche (Ef.5:18-20).
8) Liberta (Rm.8:2).
9) Guia (Rm.8:14; At.8:27-29;13:2,4).
10) Ilumina (I Co.2:12,14).
11) Instrui (Jo.16:13,14).
12) Capacita (I Ts.1:5; At.1:8; I Co.2:1-5).
13) Produz Frutos (Gl.5:22,23; Fp.3:3; At.2:11).
14) Intercede (Rm.8:26; Jd.20).

D) Em relação a CRISTO:
1) Concebido pelo ESPÍRITO SANTO (Lc.1:35).
2) Ungido pelo ESPÍRITO SANTO (At.10:38; Is.11:2;61:1; Lc.4:14,18; Mt.12:17,18).
3) Guiado pelo ESPÍRITO SANTO (Mt.4:1).
4) Cheio do ESPÍRITO SANTO (Lc.4:1; Jo.3:34).
5) Ministério (Lc.4:14,18,19; Is.61:1).
6) Sacrifício (Hb.9:14).
7) Ressurreição (Rm.8:11; Rm.1:4).
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8) Deu mandamentos pelo ESPÍRITO SANTO (At.1:1,2).

E) Em relação as Escrituras:
1) É o Seu Autor (II Pe.1:20,21; II Tm.3:16; II Pe.3:15,16; Jo.16:13).
2) É o Seu Intérprete (Ef.1:17; I Co.2:9-14; Jo.16:14-16 II Pe.1:20,21; I Jo.2:20,27).

A OBRA DO ESPÍRITO SANTO 2.


- A revelação do ESPÍRITO SANTO no NT.
(a) O ESPÍRITO SANTO é o agente da salvação. Nisto Ele convence-nos do pecado
(Jo 16.7,8), revela-nos a verdade a respeito de JESUS (Jo 14.16,26),
realiza o novo nascimento (Jo 3.3-6), e faz-nos membros do corpo de CRISTO
(1Co 12.13). Na conversão, nós, crendo em CRISTO, recebemos o ESPÍRITO
SANTO (Jo 3.3-6; 20.22) e nos tornamos co-participantes da natureza divina (2Pe
1.4). (b) O ESPÍRITO SANTO é o agente da nossa santificação. Na conversão, o
ESPÍRITO passa a habitar no crente, que começa a viver sob sua influência
santificadora (Rm 8.9; 1Co 6.19). Note algumas das coisas que o ESPÍRITO SANTO
faz, ao habitar em nós. Ele nos santifica, i.e., purifica, dirige e leva-nos a uma
vida santa, libertando-nos da escravidão ao pecado (Rm 8.2-4; Gl 5.16,17; 2Ts
2.13). Ele testifica que somos filhos de DEUS (Rm 8.16), ajuda-nos na adoração a
DEUS (At 10.45,46; Rm 8.26,27) e na nossa vida de oração, e intercede por nós
quando clamamos a DEUS (Rm 8.26,27). Ele produz em nós as qualidades do
caráter de CRISTO, que O glorificam (Gl 5.22,23; 1Pe 1.2). Ele é o nosso mestre
divino, que nos guia em toda a verdade (Jo 16.13; 14.26; 1Co 2.10-16) e também
nos revela JESUS e nos guia em estreita comunhão e união com Ele (Jo 14.16-18;
16.14). Continuamente, Ele nos comunica o amor de DEUS (Rm 5.5) e nos alegra,
consola e ajuda (Jo 14.16; 1Ts 1.6). (c) O ESPÍRITO SANTO é o agente divino para
o serviço do Senhor, revestindo os crentes de poder para realizar a obra do
Senhor e dar testemunho dEle. Esta obra do ESPÍRITO SANTO relaciona-se com o
batismo ou com a plenitude do ESPÍRITO. Quando somos batizados no ESPÍRITO,
recebemos poder para testemunhar de CRISTO e trabalhar de modo eficaz na
igreja e diante do mundo (1.8). Recebemos a mesma unção divina que desceu
sobre CRISTO (Jo 1.32,33) e sobre os discípulos (2.4; ver 1.5), e que nos capacita
a proclamar a Palavra de DEUS (1.8; 4.31) e a operar milagres (2.43; 3.2-8; 5.15;
6.8; 10.38). O plano de DEUS é que todos os cristãos atuais recebam o batismo
no ESPÍRITO SANTO (2.39). Para realizar o trabalho do Senhor, o ESPÍRITO SANTO
outorga dons espirituais aos fiéis da igreja para edificação e fortalecimento do
corpo de CRISTO (1Co 12—14). Estes dons são uma manifestação do ESPÍRITO
através dos santos, visando ao bem de todos (1Co 12.7-11). (d) O ESPÍRITO
SANTO é o agente divino que batiza ou implanta os crentes no corpo único de
CRISTO, que é sua igreja (1Co 12.13) e que permanece nela (1Co 3.16),
edificando-a (Ef 2.22), e nela inspirando a adoração a DEUS (Fp 3.3), dirigindo a
sua missão (13.2,4), escolhendo seus obreiros (20.28) e concedendo-lhe dons
(1Co 12.4-11), escolhendo seus pregadores (2.4; 1Co 2.4), resguardando o
evangelho contra os erros (2Tm 1.14) e efetuando a sua retidão (Jo 16.8; 1Co
3.16; 1Pe 1.2).
- As diversas operações do ESPÍRITO são complementares entre si, e não
contraditórias. Ao mesmo tempo, essas atividades do ESPÍRITO SANTO formam
um todo, não havendo plena separação entre elas. Alguém não pode ter (a) a
nova vida total em CRISTO, (b) um santo viver, (c) o poder para testemunhar do
Senhor ou (d) a comunhão no seu corpo, sem exercitar estas quatro coisas. Por
exemplo: uma pessoa não pode conservar o batismo no ESPÍRITO SANTO se não
vive uma vida de retidão, produzida pelo mesmo ESPÍRITO, que também quer
conduzir esta mesma pessoa no conhecimento das verdades bíblicas e sua
obediência às mesmas.
13

O ESPÍRITO SANTO
At 5.3,4 “Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração,
para que mentisses ao ESPÍRITO SANTO e retivesses parte do preço da herdade?
Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que
formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a DEUS.”

É essencial que os crentes reconheçam a importância do ESPÍRITO SANTO no


plano divino da redenção. Sem a presença do ESPÍRITO SANTO neste mundo, não
haveria a criação, o universo, nem a raça humana (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl
104.30). Sem o ESPÍRITO SANTO, não teríamos a Bíblia (2Pe 1.21), nem o NT (Jo
14.26, 1Co 2.10) e nenhum poder para proclamar o evangelho (1.8). Sem o
ESPÍRITO SANTO, não haveria fé, nem novo nascimento, nem santidade e
nenhum cristão neste mundo. Este estudo examina alguns dos ensinamentos
básicos a respeito do ESPÍRITO SANTO.

A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO.


Através da Bíblia, o ESPÍRITO SANTO é revelado como Pessoa, com sua própria
individualidade (2Co 3.17,18; Hb 9.14; 1Pe 1.2). Ele é uma Pessoa divina como o
Pai e o Filho (5.3,4). O ESPÍRITO SANTO não é mera influência ou poder. Ele tem
atributos pessoais, a saber: Ele pensa (Rm 8.27), sente (Rm 15.30), determina
(1Co 12.11) e tem a faculdade de amar e de deleitar-se na comunhão. Foi
enviado pelo Pai para levar os crentes à íntima presença e comunhão com JESUS
(Jo 14.16-18,26). À luz destas verdades, devemos tratá-lo como pessoa, que é, e
considerá-lo DEUS vivo e infinito em nosso coração, digno da nossa adoração,
amor e dedicação (ver Mc 1.11, nota sobre a Trindade).

SINOPSE DO TÓPICO (1)


A doutrina do ESPÍRITO SANTO está presente no Antigo e Novo Testamento.
SINOPSE DO TÓPICO (2)
Assim como o Pai e o Filho, o ESPÍRITO SANTO é autoexistente. Os seus atributos
incomunicáveis confirmam sua aseidade.
SINOPSE DO TÓPICO (3)
As ações do ESPÍRITO SANTO evidenciam que Ele é uma pessoa, a Terceira da
Santíssima Trindade.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO
Subsídio Teológico
"O ESPÍRITO SANTO e Sua Pessoalidade
Tanto explícita como implicitamente, a Bíblia trata o ESPÍRITO SANTO como uma
Pessoa distinta. "E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do
ESPÍRITO; e é ele que segundo DEUS intercede pelos santos" (Rm 8.27). "O
ESPÍRITO penetra todas as coisas" (1 Co 2.10). Desse modo, Ele age com
inteligência e sabedoria (ver Efésios 1.17; Isaías 11.2). Ele tem emoções e pode
ser entristecido ou ofendido (magoado, desgostado: Efésios 4.30; Isaías 63.10).
Ele reparte dons "a cada um como quer" (1 Co 12.11). Ele guiou a Igreja Primitiva
e dirigiu os principais movimentos missionários de forma nítida, específica e
pessoal. (Ver Atos 13.2; 16.6). O apóstolo João até usa pronomes pessoais
masculinos para indicar a pessoa do ESPÍRITO. (A palavra espírito em grego é
sempre neutra, e exige, gramaticalmente, pronomes neutros).
Mais importante do que isso, a Bíblia deixa claro que homens e mulheres, os
quais foram movidos pelo ESPÍRITO SANTO, conheciam-no de modo específico e
pessoal.
14

[...] O ESPÍRITO SANTO fornecia calor, a dinâmica, e a alegria que caracterizavam


todo o movimento do Evangelho no primeiro século. Cada parte da vida diária
dos crentes, inclusive seu trabalho e sua adoração, era dedicada a CRISTO JESUS
como Senhor e estava sob a orientação do ESPÍRITO SANTO" (HORTON, Stanley
M. A Doutrina do ESPÍRITO SANTO. 5. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, pp. 8,9).

Subsídio Teológico
"O ESPÍRITO SANTO e Sua Pessoalidade
Tanto explícita como implicitamente, a Bíblia trata o ESPÍRITO SANTO como uma
Pessoa distinta. "E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do
ESPÍRITO; e é ele que segundo DEUS intercede pelos santos" (Rm 8.27). "O
ESPÍRITO penetra todas as coisas" (l Co 2.10). Desse modo, Ele age com
inteligência e sabedoria (ver Efésios 1.17; Isaías 11.2). Ele tem emoções e pode
ser entristecido ou ofendido (magoado, desgostado: Efésios 4.30; Isaías 63.10).
Ele reparte dons "a cada um como quer" (1 Co 12.11). Ele guiou a Igreja Primitiva
e dirigiu os principais movimentos missionários de forma nítida, específica e
pessoal. (Ver Atos 13.2; 16.6). O apóstolo João até usa pronomes pessoais
masculinos para indicar a pessoa do ESPÍRITO. (A palavra espírito em grego é
sempre neutra, e exige, gramaticalmente, pronomes neutros).
Mais importante do que isso, a Bíblia deixa claro que homens e mulheres, os
quais foram movidos pelo ESPÍRITO SANTO, conheciam-no de modo específico e
pessoal.
[...] O ESPÍRITO SANTO fornecia calor, a dinâmica, e a alegria que caracterizavam
todo o movimento do Evangelho no primeiro século. Cada parte da vida diária
dos crentes, inclusive seu trabalho e sua adoração, era dedicada a CRISTO JESUS
como Senhor e estava sob a orientação do ESPÍRITO SANTO"

Subsídio Teológico
"Verbalização Inspirada pelo ESPÍRITO SANTO Antes do Pentecostes
No Antigo Testamento, o ESPÍRITO SANTO se manifestou em uma variedade de
formas. De fato, virtualmente tudo o que o Novo Testamento fala sobre sua obra
e seu ministério já foi encontrado, de algum modo, no Antigo Testamento. Mas,
no Antigo Testamento, a obra recorrente com mais características do ESPÍRITO é
aquela de verbalização inspirada. Os livros proféticos, tanto os maiores quanto os
menores, são vistos na dedução de que o ESPÍRITO inspirou os escritores:
"Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os
homens santos de DEUS falaram inspirados pelo ESPÍRITO SANTO" (2 Pe 1.21).
Além disso, houve muitas situações em que as pessoas profetizaram oralmente
sob a ação do ESPÍRITO. Repetidamente, encontramos relatos de pessoas
profetizando quando o ESPÍRITO do Senhor veio sobre elas (por exemplo, Nm
11.25,26; 24.2,3; 1 Sm 10.6,10; 19.20,21). A inspiração oral do ESPÍRITO para
profetizar é o elo que conecta as verbalizações oraculares do Antigo Testamento
com: (1) a predição de Joel de que um dia todo o povo de DEUS iria profetizar UI
2.28,29) e (2) o desejo intenso de Moisés - o próprio Moisés sendo um profeta -
de que todo o povo de DEUS fosse profetizar (Nm 11.29).
À luz de tudo isso, vemos uma conexão clara entre as verbalizações inspiradas
pelo ESPÍRITO no Antigo Testamento e experiências comparáveis às de pessoas
no pré-pentecostes, incidentes neotestamentários registrados em Lucas 1 a 4.
Isso traz à compreensão correta de que o conceito de profetizar é focalizado na
fonte e não necessariamente inclui um elemento preditivo. Mas esses registros
no Evangelho de Lucas antecipam os derramamentos maiores e mais inclusivos
do ESPÍRITO registrados no livro de Atos. Será instrutivo ver como as
experiências de crentes com o ESPÍRITO em Atos se relacionam com aquelas de
seus predecessores. “Essa volta ao Antigo Testamento e Lucas 1 a 4 para uma
15

compreensão do cumprimento da profecia de Joel é indispensável, porque


estabelece uma ligação clara entre as experiências dos crentes do Novo
Testamento e aquelas dos tempos antigos”

OBS: A FORMATAÇÃO DO PRESENTE ESTUDO FOI MODIFICADA, SENDO


QUE PARTES DO ESTUDO EM COMENTO FORAM EXCLUIDAS, MAS NADA
FOI ACRESCENTADO AO TEXTO ORIGINAL.

Referência:

SILVA, Luiz Henrique de Almeida. LIÇÃO 1. Imperatriz - MA. Disponível em


http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao1-mp-2tr11-
quemeoespiritosanto.htm. Acesso em 30 de março de 2011.

O Espírito Santo
O Espírito Santo
Michael Welker1
Resumo: A partir dos testemunhos bíblicos do AT e NT, o autor expõe as
características
da ação do Espírito na criação, nas criaturas e na igreja. Ele polemiza
tanto com concepções que tornam a ação do Espírito abstrata e inacessível
quanto
com aquelas que o entendem disponível segundo os reclames e as necessidades
dos crentes. Após apresentar seu entendimento do texto fundante de
Pentecostes,
At 2.1ss, passa a responder a diversas perguntas relacionadas com a atuação
do Espírito a partir do testemunho bíblico como um todo.

Estudos Teológicos, ano 48, n. 1, p. 5-17, 2008


Não existe fé sem a ação do Espírito Santo. É possível, sem dúvida,
entrar numa relação pessoal e particular com Deus por meio da revelação
de Deus em Jesus Cristo. A relação com Deus, no entanto, não é uma relação
paritária abstrata. Em todas as relações pessoais com Deus, não se deve
perder a certeza contida no Sl 139.5: “Tu me cercas por trás e por diante e
sobre mim pões a mão”.2 Os catecismos da Reforma expressaram isso por
meio das discretas locuções, segundo as quais Deus rege e conserva “não
unicamente a mim”, mas também todas as pessoas, todas as demais criaturas,
e segundo as quais Deus elegeu e se comunica “não unicamente com toda a
cristandade, mas também comigo”. Por meio disso fica claro que a relação
com Deus não é uma relação privada. Não se trata de um relacionamento
que só atinge e molda o meu eu interior, ou que acontece somente em meu
coração, em minha alma. Uma fé que não deve testemunho para nenhuma
outra criatura, uma fé que quer permanecer em absoluto isolamento e
absoluta falta de comunicação, não é fé cristã nem fé gerada pelo Espírito
Santo.
O Espírito – aquele que enche todo o mundo,
mas “foge e se distancia”
O Espírito Santo nos introduz num relacionamento com Deus. O
Espírito Santo, porém, também renova, por meio desse relacionamento com
Deus, condições de vida intracriaturais. O Espírito Santo é um poder
vivificador e criador. Isso justamente não significa que – como afirmaram
16

certas pneumatologias – o Espírito seja a causa última para tudo o que


existe e seja onipresente no mundo. Para a doutrina sobre o Espírito Santo
e para a própria Teologia, tanto o individualismo quanto o universalismo
abstratos são simplesmente mortais. Uma das poucas passagens bíblicas
que aparentam defender um universalismo abstrato da ação do Espírito
encontra-se em Sabedoria 1.7: “O espírito do Senhor enche o universo, e
ele, que mantém unidas todas as coisas, não ignora nenhum som”. Basta ler
o que está escrito dois versículos antes para ficar bem claro que Sb 1.7 não
pode ser entendido como testemunho de uma onipresença abstrata e ilimitada
do Espírito. Ora, em Sb 1.5 diz: “Pois o espírito santo, o educador, foge da
2 Nota do tradutor: quando o sentido e a terminologia das versões de textos
bíblicos citados pelo autor
o permitem, utilizam-se, no caso de textos protocanônicos, a BÍBLIA SAGRADA.
Traduzida por
João Ferreira de Almeida. Revista e atualizada no Brasil. 2. ed. Barueri: Sociedade
Bíblica do Brasil,
e, no caso de textos deuterocanônicos, a BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição,
revista e ampliada.
São Paulo: Paulus, 2002.
7
O Espírito Santo
duplicidade, ele se retira diante dos pensamentos sem sentido, ele se ofusca
quando sobrevém a injustiça”.
As declarações admoestadoras em textos neotestamentários, segundo
as quais as pessoas são conclamadas a não abafar, expulsar, apagar,
entristecer o Espírito Santo (cf. 1Ts 5.19; Ef 4.30), seriam incompreensíveis
se pudéssemos pressupor uma presença abstrata e uniforme do Espírito em
todos os tempos e espaços do universo. A vida modelada e adequada à
vontade de Deus, a vida criatural é “mantida unida” pelo Espírito Santo.
Quando Deus retira o Seu Espírito, as criaturas viram pó e deixam de existir
(cf. Jó 34.14s; Sl 104.29s).
O Espírito Santo, no entanto, não só mantém unida a criação. O
Espírito conserva e protege a criação justamente porque a liberta
reiteradamente de poderes inimigos de Deus, renovando-a e reerguendo-a.
Por intermédio do Espírito Santo, Deus age nas e entre as criaturas. Deus
age nelas enquanto que as escolhe para uma vida em Sua presença e as
capacita para esta vida. O Credo Apostólico expressa essa verdade com as
seguintes palavras: “Creio no Espírito Santo, na santa Igreja cristã universal,
a comunhão dos santos [...]”.
O “derramamento” do Espírito e o etos da diferença criativa
Se nos voltarmos às tradições bíblicas e perguntarmos pela natureza
da comunhão dos santos, constituída pelo Espírito Santo, deparamo-nos
com a figura, à primeira vista quiçá curiosa, do “derramamento do Espírito
Santo”. O Espírito Santo é “derramado” do céu sobre as pessoas e as
criaturas. Assim como a chuva do céu renova e refresca toda a terra e faz
brotar e frutificar para uma vida em comum, o Espírito de Deus renova
condições de vida complexas. Os “clássicos” entre as testemunhas da ação
do Espírito são Joel 3 (na versão de Almeida: Joel 2.28-32) e a história de
Pentecostes, em Atos 2.3
A promessa de que Deus “derramará sobre toda a carne” o Seu Espírito
é explicada por Joel destacando a diferenciação: “Vossos filhos e vossas
filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões;
até sobre os servos e servas derramarei o meu Espírito naqueles dias”. Assim
como também em outras afirmações sobre a ação do Espírito de Deus, chama
17

a atenção nessa promessa a equiparação entre mulheres e homens. Para


3 Cf. detalhes para o que segue em WELKER, M. Gottes Geist. Theologie des
Heiligen Geistes. 3. ed.
Neukirchen-Vluyn, 2005. especialmente o cap. 5.
8
Estudos Teológicos, ano 48, n. 1, p. 5-17, 2008
sociedades patriarcais, isso constituía uma sensação. Igualmente sensacional
para sociedades antigas é a equiparação entre pessoas jovens e idosas. A
equiparação destacada de receptoras e receptores jovens e idosos do Espírito
não se coaduna com uma ordem social, na qual só a palavra dos idosos é
respeitada. Aliás, ela também não se coaduna com uma ordem social que
endeusa a juventude e se torna inimiga dos mais idosos. Por fim, a promessa
do derramamento do Espírito destaca com clareza também a equiparação
entre pessoas denominadas livres e servos e servas – na época tratava-se,
provavelmente, de escravas e escravos. Isso foi dito numa sociedade
escravagista, como o era a maioria das sociedades antigas.4 Servidões e
tensões, com as quais ainda hoje nos ocupamos com freqüência, são aqui
expressamente destacadas, a saber, a tensão entre mulheres e homens, a
tensão entre pessoas jovens e idosas e a tensão entre pessoas livres e não
livres, entre pessoas social e politicamente bem colocadas ou mal colocadas.
O derramamento do Espírito conduz todas essas pessoas a uma relação nova
e viva de comunhão com Deus e entre si.
Não entenderíamos corretamente a promessa de Joel se fôssemos
concluir: “Quando age o Espírito, todas as pessoas se tornam iguais no
sentido da subjetividade moderna”. Pois a equiparação que ocorre nessa
promessa é bem especial. São criadas uma igualdade e uma comunhão nas
quais as diferenças da criação são levadas a sério. Não é dito: todas as
pessoas entre vós irão dizer, experimentar e pensar a mesma coisa e, nesse
sentido abstrato, serão iguais. O que se diz, no entanto, é: vossos filhos e
vossas filhas profetizarão, vossos filhos e vossas filhas vão descobrir o
conhecimento de Deus em conjunto e revelá-lo uns aos outros. Da mesma
maneira também vossas pessoas idosas e vossas pessoas jovens darão
reciprocamente testemunho sobre Deus e Sua presença. Isso, porém,
significa: não mais um grupo de pessoas, o grupo que de igual maneira já é
o detentor da palavra, determinará o entendimento de Deus e a fé. A
vivacidade de Deus será percebida e levada a sério em meio a diferenças
criacionais. Com isso são prometidas uma liberdade verdadeira e uma
igualdade que examina as diferenças.
A passagem de um conceito de igualdade abstrato, tipicamente
moderno, de um conceito de igualdade certamente muito louvável, mas
parcialmente também muito falso para um etos de igualdade que seja
dinâmico, sensível a diferenças, que examine diferenças, que distinga
4 Esclarecedor nesta questão é WHITEHEAD, A. N. Abenteuer der Ideen.
Frankfurt, 1971. cap. 2.
9
O Espírito Santo
diferenças criacionais de diferenças injustas e lhes dê nova estrutura – tal
passagem ainda está à nossa frente; essa passagem que realmente percebe
as forças da libertação por meio do Espírito Santo e as leva a sério ainda se
encontra, em grande parte, no nosso futuro.
Que acontece em Pentecostes?
As declarações bíblicas sobre o Espírito e o derramamento do Espírito
vão bem além das formas de comunhão “liberais”. Essas certamente buscam
uma igualdade de todas as pessoas; mas, de fato, um único grupo acaba
18

definindo a natureza dessa unidade e igualdade. A história de Pentecostes,


bem mais que a promessa de Joel, obriga a levar a sério as diferenças
preservadas entre as pessoas e os grupos de pessoas atingidas pelo
derramamento do Espírito. O relato de Pentecostes acentua expressamente:
aqui surge uma nova maneira de ter algo em comum em meio à diversidade
cultural, nacional e de idiomas, que continua existindo. Numa enumeração
precisa e até enfadonha, são citadas diversas origens nacionais, culturais e
lingüísticas. São mencionados muitos grupos de pessoas que não se
entendem. Diante de nós apresenta-se uma longa lista que deve representar
todos os povos ou que esquadrinha o horizonte de todo o mundo judeu da
época: partos e elamitas, moradores da Mesopotâmia, Judéia e Capadócia,
do Ponto e da província da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito, etc. (cf.
At 2). Aqui se reúne o mundo em toda a sua diversidade nacional, cultural
e de idiomas. E todas as pessoas, assim o lemos, compreendem “os grandes
feitos de Deus”. Ao lado dessa extensa lista, são igualmente acolhidas as
diferenciações enfatizadas na promessa de Joel. A diferenciação dos muitos
povos, culturas e idiomas, a diferenciação de judeus e gentios é, portanto,
drasticamente reforçada por meio da diferenciação enfatizada de homens e
mulheres, jovens e idosos, servos e servas. Essa é a comunhão pentecostal
do Espírito.
É importante notar que o relato de Pentecostes não fala de uma
incompreensibilidade glossolálica, carente de interpretação, mas de uma
maravilhosa compreensibilidade5. O milagre do derramamento do Espírito
reside numa mútua compreensão, improvável em meio à diversidade cultural,
social e lingüística. Sem anular as diferentes línguas, as diferentes pertenças
5 Veja sobre isso minha discussão com Frank Macchia, um teólogo do movimento
pentecostal, que
escreveu a mais perspicaz e construtiva crítica a meu livro Gottes Geist: Spirit
Topics: Trinity,
Personhood, Mystery and Tongues. A Response to Frank Macchia on God the
Spirit. Journal of
Pentecostal Theology, n. 10, p. 29-34, 1997.
10
Estudos Teológicos, ano 48, n. 1, p. 5-17, 2008
culturais e as influências históricas, é fundada uma comunhão universal
diferenciada. Mesmo onde não há pressupostos naturais para uma
compreensão bem-sucedida, as pessoas reunidas por meio do Espírito ou as
que foram tomadas pelo Espírito ou atingidas pelo derramamento do Espírito
podem, não obstante, entender o discurso sobre os grandes feitos de Deus.
Assim sendo, o Espírito de Deus não atua unicamente por meio de um povo
ou de uma cultura, nem somente por meio de homens ou mulheres, nem
unicamente por meio dos mais idosos ou dos que governam ou dos oprimidos.
A constatação dessa comunhão diferenciada, criada pelo Espírito, no entanto,
suscita, no mínimo, três perguntas.
Dificuldades gerais para o entendimento da ação do Espírito
Pergunta 1: Como se relacionam essas declarações com as palavras
de Paulo, de que ali onde atua o Espírito de Deus, onde o Jesus Cristo
ressurreto está presente, não existe nem homem nem mulher, nem judeu
nem grego, nem escravo nem liberto, e que todos somos um em Cristo, que,
por meio do Espírito, todos nós nos tornamos um só corpo?
A ênfase na edificação de uma comunidade diferenciada não se opõe
às muitas declarações sobre a unidade do Espírito ou sobre a unidade dos
crentes, criada pelo Espírito. O Espírito Santo realmente cria uma unidade
da comunidade, uma unidade em que fé, amor e esperança são ativos. Ele
19

cria uma comunidade na qual são buscados sempre, de maneira renovada,


justiça, proteção aos fracos e conhecimento de Deus e da verdade6. Sob a
ação do Espírito Santo, a busca por Deus e o amor a Deus tornam-se
concretos. O Espírito de Deus age persistentemente contra diferenças
injustas. Ele transforma e relativiza diferenças naturais e culturais quando
caracterizadas por injustiça, falta de amor e falta de esperança. Isso não
significa, porém, que o Espírito Santo simplesmente elimine diferenças. A
unidade do Espírito é, antes, a unidade e a interação dos diferentes dons do
Espírito. A unidade do corpo de Cristo é a unidade do corpo com seus
diferentes membros. Paulo sempre de novo ressalta essa comunidade
diferenciada dos santos. É bem verdade que todo o corpo de Cristo está
ordenado segundo o seu Senhor, segundo o “cabeça”, o próprio Jesus Cristo.
Ele não é, porém, em si mesmo, de constituição monoierárquica. Ele
constitui-se num corpo em que as diferenças entre os membros são decisivas
para a sua unidade viva.
6 Para o “cumprimento da lei” no sentido da realização das boas intenções da lei
por meio da ação do
Espírito, veja WELKER, Gottes Geist, cap. 1.3; 3 e 5.3.
11
O Espírito Santo
Paulo expressa isso de forma vívida com as palavras: por meio do
único Espírito fomos todos recebidos num só corpo por intermédio do
batismo, judeus e gregos, escravos e libertos; e todos fomos regados com o
único Espírito. Também o corpo não é constituído de um só membro, mas
de muitos. Quando o pé diz: Eu não sou mão, não pertenço ao corpo!, mesmo
assim pertence ao corpo. Se todo o corpo fosse somente olho, onde ficaria
nesse caso a audição? Se ele só fosse ouvido, onde ficaria então o olfato?
Deus, contudo, dispôs cada um dos membros de tal forma no corpo que
correspondesse ao seu propósito (1Co 12.13ss).
Essa multiplicidade diferenciada e não difusa da comunidade, criada
pelo Espírito, torna bem claro para nós que a perspectiva múltipla e um
pluralismo estruturado7 são característicos para a fé e para o conteúdo da
fé8. A fé engloba sempre testemunhos: um conhecimento e uma certeza e o
conhecimento sobre os limites do conhecimento e da certeza. Essa
complexidade, no entanto, leva-nos a perguntar se, tendo em vista essa
perspectiva múltipla e o pluralismo estruturado, algo semelhante a um
conhecimento de fé e a uma certeza de fé é possível existir algum dia.
Pergunta 2: Essa ação do Espírito, considerada na maneira como a
descrevemos, não é totalmente caótica? O Espírito Santo não passa a ser
um nume?
Como é a fé no Espírito Santo? Ela não perde todo o conhecimento e
toda a certeza? Em relação ao Espírito Santo, essa pergunta se expressa no
ceticismo sobre se é possível esperar ou desejar que haja algo semelhante a
um relacionamento cognitivo com o Espírito Santo possa ser esperado ou
desejado de alguma forma. Essa pergunta pode relacionar-se, por extensão,
com todo o conhecimento da fé. Não é um atrevimento empreender a
tentativa de entrar num relacionamento com Deus que signifique mais do
que um reconhecimento mudo de um poder numinoso? Sempre de novo se
tentou questionar completamente o conhecimento da fé em relação ao
Espírito Santo e, assim, definir a fé em contraposição à ciência.
Sempre de novo foi dito:
Não sabemos pelo que temos que procurar e perguntar quando procuramos
e perguntamos pelo Espírito Santo. Mas justamente assim é que tem que ser
e ficar! O Espírito Santo é um ser numinoso, um poder que foge à nossa
20

7 Para a necessidade de diferenciar o pluralismo estruturado e todos os modos


de vaga pluralidade,
veja WELKER, M. Kirche im Pluralismus. 2. ed. Gütersloh, 2000.
8 Dietrich Bonhoeffer expressou esse entendimento, rico em conseqüências, em
suas Cartas da prisão,
principalmente na carta de 29.5.1944.
12
Estudos Teológicos, ano 48, n. 1, p. 5-17, 2008
compreensão. Quem pretende entender realmente o Espírito Santo, não faz
senão mostrar que não entendeu o Espírito Santo. A única coisa que se pode
saber e dizer com certeza sobre o Espírito é que sobre Ele nada de seguro se
pode saber e dizer.
Essa opinião foi considerada, por vezes, como especialmente piedosa
e temente a Deus. Seus adeptos gostavam de fundamentá-la com João 3.8,
onde se lê: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde
vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”. O
Espírito como um ser numinoso inatingível – seria essa a solução do enigma?
Como o vento, assim também o Espírito não pode ser tocado,
dominado, definido. Essa afirmação não está errada. A favor dela depõe o
fato de que, nas tradições bíblicas, as palavras para Espírito (ruah no Antigo
Testamento e pneuma no Novo Testamento) também podem designar o vento.
O Espírito Santo não pode ser dominado nem definido. Isso certamente é
verdade. Mas ele não pode ser dominado nem definido da mesma maneira
que também não o podem Deus, o Criador, ou Cristo, o crucificado e
ressurreto. Seria absurdo tirar do fato de que não podemos dominar ou definir
Deus a conclusão de que podemos falar do Criador e de Jesus Cristo, mas
não do Espírito Santo. Da mesma forma, seria tolo e insensato tirar do fato
de que o Espírito não se deixa dominar nem definir a conclusão de que nada
podemos falar sobre Deus. “Buscai pelo conhecimento de Deus”! – isso é
válido também em relação ao Espírito Santo. Quando buscamos por
conhecimento de Deus, devemos respeitar Sua vivacidade e Sua liberdade.
Temos que estar conscientes de que não conseguimos dominar ou definir
Deus. Temos que ter clareza de que erramos o alvo em relação a Deus se
tentarmos fazer Dele uma grandeza perfeitamente definida, ou se, por assim
dizer, nos desprendermos da fé e transformarmos Deus numa simples
grandeza do saber. Por outro lado, é errôneo conceder ao Espírito Santo um
papel excepcional na incognoscibilidade de Deus. Os outros modos de ser
de Deus são tão intangíveis como o Espírito Santo; e o Espírito Santo não é
menos receptivo à busca cognitiva de Deus do que Deus, o Criador, ou
Deus, o Filho.
Mas não está escrito em João: “O vento sopra onde quer, ouves a sua
voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é
nascido do Espírito”? Para essa clara pergunta é possível oferecer uma clara
resposta. O Espírito – como o vento – pode-se reconhecer pelos seus efeitos.
E nisso, efetivamente, podemos reconhecê-Lo. Nos seus efeitos, nos dons e
nos frutos do Espírito, o Espírito Santo pode ser reconhecido e distinguido
de outros espíritos. E, no que se refere à palavra do Evangelho de João, ela
acentua muito corretamente que o Espírito é indisponível e não pode ser
13
O Espírito Santo
dominado. Algumas poucas outras passagens da Escritura fazem uma
afirmação semelhante. Centenas de afirmações da Bíblia acentuam, porém,
que isso de forma alguma é tudo o que pode ser conhecido e dito do Espírito.
As passagens que falam da indisponibilidade do Espírito não ultrapassam o
21

número dos dedos de uma mão. Em contrapartida, as passagens que contêm


afirmações precisas sobre o Espírito somam mais que 300. Em vez de abafar
as inúmeras afirmações sobre a ação precisa do Espírito por meio de poucas
afirmações sobre a Sua indisponibilidade, faz mais sentido, ao contrário,
iluminar as poucas afirmações sobre a indisponibilidade e indefinição do
Espírito com as inúmeras passagens claras a Seu respeito. O Espírito Santo
pode ser reconhecido – em meio a Sua liberdade e indisponibilidade. E é
exatamente isso que precisamos procurar entender.
Pergunta 3: Se é certo que o Espírito Santo age na forma do
derramamento e da criação de uma comunhão diferenciada, por que Deus
atua de forma tão complicada entre nós, seres humanos?
Em relação a essa terceira pergunta, o Credo Apostólico oferece-nos
uma chave: “Creio no Espírito Santo,[...] a comunhão dos santos, na remissão
dos pecados [...]”. Muitas pessoas da cultura atual, no entanto, não sabem o
que fazer com o discurso sobre o perdão dos pecados. Quando se fala sobre
pecado, pressentem elas, trata-se de tutela e domínio de quem se acredita
moralmente superior, por exemplo, de funcionários religiosos ou outros. O
termo pecado tornou-se incompreensível para a maioria das pessoas9.
Quando, na segunda taça de vinho ou no segundo pedaço de torta de nata,
as pessoas dizem “Agora estou pecando”, ou quando se referem a pecados
de trânsito e de estacionamento, elas sinalizam essa falta de compreensão.
Por mais que se esforcem, não conseguem compreender o que significa
pecado. “Nós somos todos pequenos pecadores, sempre foi assim, sempre
foi assim”: é o que se canta em festas populares, em ambientes alegres e ao
balanço do ritmo da música. E, logo em seguida, ouve-se: “Todos, todos,
todos nós chegaremos no céu, porque somos bem-comportados”. O discurso
sobre o pecado faz parte dos conceitos totalmente deteriorados da piedade.
A igreja cristã e a teologia são co-responsáveis por essa situação, pois muitas
vezes entenderam pecado unicamente como culpa, deixando de compreendêlo
e ensiná-lo também como um poder. Essa redução do pecado à mera
culpa infiltrou-se até nas nossas confissões de pecado. As tradições bíblicas
9 BRANDT, S.; SUCHOCKI, M.; WELKER, M. (Hrsg.). Sünde. Ein unverständlich
gewordenes Thema.
2. ed. Neukirchen-Vluyn, 2005.
14
Estudos Teológicos, ano 48, n. 1, p. 5-17, 2008
possuem a esse respeito uma visão bem mais clara. Elas reconhecem que o
pecado certamente tem algo a ver com culpa, mas que é mais do que culpa.
O pecado é também um poder que escraviza as pessoas e do qual elas não
conseguem se desprender. O pecado como culpa e o pecado como poder,
que nos levam a perguntar, clamar e rogar pela justiça de Deus – é isso que
novamente deveria ficar mais claro em nossas confissões de pecados. Então
também iríamos entender por que temos necessidade da força do Espírito
Santo, se é que queremos ser libertados do poder do pecado.
Antigos testemunhos esclarecedores da ação do Espírito
Os testemunhos mais antigos da ação do Espírito encontram-se no
Antigo Testamento, nos livros de Juízes e 1 Samuel. O povo de Deus ou,
pelo menos, partes desse povo encontram-se numa situação sem perspectivas,
em necessidade extrema e total falta de esperança. Sua destruição é iminente
ou já está em pleno andamento. Em situações como esta – como é dito
reiteradamente – também Israel tinha sua parcela de culpa. Havia se afastado
do seu Deus. Havia, como dizem alguns textos, “feito o que era mau aos
olhos de Deus”. Em todas essas situações, o povo, a comunidade havia se
resignado. Ela desiste. Ela chora. Ela lamenta. Ela não sabe mais como
22

prosseguir. A comunidade desespera. Em todas essas situações, portanto,


ela também não quer mais combater. Acentua-se que ela busca evitar uma
solução armada para o conflito. A situação é de tal ordem, que poderíamos
descrevê-la da seguinte forma: tudo perdeu seu sentido. Nós sucumbimos.
Estamos perdidos.
Neste contexto, então, é dito: E o Espírito de Deus veio sobre esta e
aquela pessoa. E essas pessoas conseguem tirar o povo de suas dificuldades.
Segundo os testemunhos bíblicos, esses antigos carismáticos, acometidos
pelo Espírito de Deus, são pessoas absolutamente normais, às vezes até um
tanto ambíguas e desagradáveis. O Espírito de Deus é experimentado como
uma força inesperada e indisponível, que se torna, nessas pessoas, um poder
que salva a comunidade. A salvação é identificável. Mas ninguém sabe dizer
exatamente por que e como ela ocorreu. O motivo não pode residir na
comunidade. Também não na nobre personalidade do carismático. Deus
perdoou o mal que cometemos. Novamente Deus protegeu e fortificou nossa
comunidade. Deus nos libertou da ruína, que já era dada como certa. É
nessa situação que se diz: Desceu o Espírito de Deus.
Nesses testemunhos antigos há muita coisa que permanece ambígua
e obscura. O conhecimento da fé está sujeito a crescimento, ele aumenta no
15
O Espírito Santo
decorrer das tradições e dos testemunhos bíblicos – mas não unilinearmente.
Mesmo assim, já os relatos mais antigos sobre a força libertadora do Espírito
falam de uma comunidade preservada por meio da ajuda de Deus. Falam de
perdão dos pecados. Falam de um restabelecimento, de um soerguimento
da vida que se encontrava à beira da morte, sim, que já parecia entregue a
ela. Dessa maneira, não se encontram distantes da confissão de fé: “Creio
no Espírito Santo, [...] a comunhão dos santos, no perdão dos pecados, na
ressurreição da carne [...]”. De qualquer forma, os relatos da ação do Espírito
em conexão com os assim denominados antigos carismáticos encontram-se
muito mais próximos do Credo Apostólico que o discurso inócuo sobre a
mera incognoscibilidade do Espírito.
O poder do pecado e o poder do Espírito
São muitas as variantes por meio das quais as tradições bíblicas
apresentam a perdição das pessoas, presas pelo poder do pecado. Na cruz
de Cristo esse poder é revelado por meio de um drama de proporções
enormes. A cruz revela o pecado do mundo em sua forma abismal. Revela
que, com os conceitos da ensimesmação e da vanglória, o pecado humano
é apreendido só parcialmente, não de uma forma plena, sim, que tais conceitos
não contribuem senão para minimizá-lo. Jesus Cristo é crucificado
em nome da religião, em nome do direito judaico e romano, em nome da
política reinante e da opinião pública vigente. Na cruz é revelado o pavoroso
triunfo dos poderes do mundo que se servem da boa lei de Deus para
colocar-se contra a presença de Deus e ainda dissimular essa sua ação. A
cruz revela que a boa lei pode transformar-se numa máquina de mentira e
engano sob o poder do pecado. Na cruz se revela como as pessoas se
distanciam, individual e coletivamente, da presença de Deus, sim, como
se opõem violentamente contra a presença de Deus, conseguindo, assim,
ainda irradiar a aparência de justiça, agrado de Deus, necessidade política
e consenso público.
A cruz de Cristo revela-nos o abismo do pecado. Mostra que nossa
religião, nosso direito, nossa política, nossa moral, nossa opinião pública
podem tornar-se armas contra Deus e contra a presença de Deus. É possível
que, nessa prática, ajamos em conjunto com outras pessoas, outras classes,
23

outras culturas, outras religiões. Podemos fazê-lo na maior das ingenuidades


– sem qualquer consciência de ter praticado algo de errado. A cruz de Cristo
coloca-nos sempre de novo diante dessa horrível possibilidade e realidade!
Contra esse perigo mortal, sim, em meio a esse perigo o Espírito de Deus
realiza a justiça intentada por Deus, a justiça própria de Deus.
16
Estudos Teológicos, ano 48, n. 1, p. 5-17, 2008
Nessa situação fica indiscutivelmente claro que o derramamento do
Espírito é coisa completamente diferente que um evento exagerado e absurdo.
Ele é uma necessidade terapêutica. Por meio do Espírito, os diversos
caminhos e formas pelos quais os diferentes grupos de pessoas, épocas e
culturas buscam cumprir a lei de Deus tornam-se mutuamente acessíveis e
sensíveis. Nossa procura por direito, misericórdia e conhecimento de Deus
– ou seja, nossa procura pelo cumprimento da lei – é confrontada com a
busca de outras pessoas pelos mesmos fins. Nossas realizações políticas,
religiosas, morais e jurídicas são questionadas. Nossa autojustificação, minha
própria e a nossa em conjunto, é revelada. Não para simplesmente expor as
pessoas ou envergonhá-las. Não para confundi-las ou conduzi-las ao
relativismo. A autojustificação humana é revelada para que as pessoas
consigam abrir-se à justiça mais completa, à misericórdia maior, ao
conhecimento mais claro de Deus e da verdade. Deus age nelas por meio do
Espírito. É por intermédio do Espírito que Deus as coloca a Seu serviço.
Renovação e soerguimento por meio do Espírito
Com o Espírito de Deus é presenteada uma maravilhosa força e poder
ao ser humano. Indisponível, mas claramente reconhecível. Questionandoo
e animando-o. O Espírito Santo é um poder libertador e aperfeiçoador,
um poder que sempre de novo deixa as pessoas se darem conta do abismo
de sua carência e perdição. Sem o Espírito Santo, elas não conseguem
suportar a mensagem da cruz de Cristo. Sem o Espírito elas desesperariam
diante das tentações do mundo. Sem o Espírito ocorreria com elas a mesma
coisa que com o desesperado Israel do livro de Juízes. E, não obstante, até
as situações mais abismais da vida humana encontram-se sob a promessa:
“O Espírito de Deus foi derramado sobre vós!” Sobre pessoas bem normais,
que – como foi dito – por vezes são inclusive ambíguas e desagradáveis
como os antigos carismáticos tomados pelo Espírito. O Espírito de Deus é
experimentado como força imprevista e indisponível e se torna poder sobre
tais pessoas, um poder que salva a comunidade.
O Espírito de Deus, contudo, não é somente um espírito de salvação.
O Deus Criador salva-nos pelo fato de nos erguer. Por meio do Espírito não
somos somente libertados repetidamente de nossas necessidades e prisões.
O Espírito leva as criaturas de Deus para dentro de uma nova vida. Elas
recebem participação na vida do Cristo ressurreto. Elas recebem a honra de
tornar-se membros do seu corpo. Elas recebem a honra de serem pedras
vivas do templo de Deus. Elas tornam-se membros da “nova criação”. Por
meio do Espírito Santo elas são transformadas em portadoras e portadores
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O Espírito Santo
da presença de Deus. Por meio da força libertadora do Espírito não só é
revelada a situação das pessoas pobres e perdidas sob o poder do pecado.
Essas passam a ser também libertadas desse poder. Elas são libertadas dele
à medida que lhes é outorgado um grandioso valor. A elas são prometidas a
comunhão com Cristo e a comunhão com suas forças vitais. Elas são tornadas
participantes da vitória abençoada e triunfante sobre a resistência das pessoas
à presença de Deus e à comunhão recíproca, festiva e pacífica, vinculada a
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essa presença.
Paulo descreve essa doação parcial ao poder de Deus com o discurso
sobre o “derramamento do amor de Deus em nossos corações, por meio do
Espírito Santo” (Rm 5.5). Ao mesmo tempo, ele descreve, por várias vezes,
um processo de crescimento daqueles que se deixam apoderar e moldar
pelo amor de Deus e pelo amor a Deus por intermédio do Espírito, um
processo não muito fácil de compreender. Eles entram num relacionamento
com o Deus vivo que os transforma – nessa relação! Dessa maneira as
pessoas têm, no amor, participação na identidade e verdade de Deus, assim
que estas possam tomar forma e tornar-se realidade nas pessoas, em seus
corpos e em suas vidas. Paulo descreve isso da seguinte forma: o “amor de
Cristo” praticamente “constrange” as pessoas a reconhecerem que o agir de
Deus nos convida em Cristo para participarmos de Cristo e nos tornarmos
“uma nova criatura” (2Co 5.14-17). Segundo a Carta aos Efésios, os que
amam recebem uma participação cada vez maior na força e no ser de Deus:
“Assim sereis tomados mais e mais de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.19).
Aqui a fé no Deus vivo recebe contornos claros: um conhecimento,
confrontado continuamente com seus limites, uma certeza, conduzida sempre
de novo para além de si própria na pergunta pela verdade. Pois o amor de
Deus quer transformar-nos, a fim de que sejamos “tomados de toda a
plenitude de Deus”. A amplidão e a riqueza da fé são identificáveis
justamente em relação ao Espírito Santo, que nos coloca em contato com o
Deus criador e com a presença do Cristo ressurreto.
Tradutor: Uwe Wegner
Revisor: Nelson Kilpp

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