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INTERNACIONAL
Universidade do Minho
Docente:
PROGRAMA
2001/2002
Introdução
Bibliografia obrigatória:
Bibliografia complementar:
Argy, Victor (1994), International Macroeconomics: Theory and Policy, Routledge, London.
Banco de Portugal (1999), Nova Apresentação das Estatísticas da Balança de Pagamentos,
Banco de Portugal, Lisboa.
De Grauwe, Paul (2000), Economics of Monetary Union, 4th edition, Oxford University
Press, Oxford.
Gros, Daniel, and Niels Thygesen (1998), European Monetary Integration: from the
European Monetary System to Economic and Monetary Union, 2nd edition,
Longman, Essex.
Hallwood, C. Paul and Ronald McDonald (2000), International Money and Finance, 3ª
edition, Blackwell Publishers, Oxford.
Husted, Steven and Michael Melvin (2001), International Economics, 5th edition, Addison-
Wesley-Longman, Reading, MA.
Kenen, Peter B. (2000), The International Economy, 4th edition, Cambridge University Press,
Cambridge.
Mendonça, António, Horácio Crespo Faustino, Manuel Branco e João Paulo Filipe (1998),
Economia Financeira Internacional, Schaum, McGraw-Hill de Portugal,
Alfragide.
Rivera-Batiz, Francisco and Luis Rivera-Batiz (1994), International Finance and Open
Economy Macroeconomics, 2nd edition, McMillan, New York.
5
Método de avaliação:
TP-1:
Segunda-feira, das 14:00 às 16:00 horas (CP II – 206).
Quarta-feira, das 9:00 às 10:00 horas (CP II – 210).
TP-2:
Quarta-feira, das 10:00 às 11:00 horas (CP II – 203).
Quinta-feira, das 11:00 às 13:00 horas (CP II – 206).
Horário de atendimento:
INTRODUÇÃO
Tipos de transacções:
- exportações ou importações de bens ou serviços;
- transacções que envolvem a compra ou venda de activos.
Activo: qualquer das formas em que a riqueza pode estar contida
(dinheiro, acções, fábricas, títulos, terras, etc.).
Partidas dobradas:
- todas as transacções dão origem a um crédito e um débito;
- isso faz com que o saldo da BP tenha que ser igual a zero;
- défices ou superavites só aparecem em saldos parciais da BP.
Balança Corrente:
- Mercadorias
- Serviços:
- transportes, turismo, seguros, financeiros, construção, etc.;
- Rendimentos:
- do trabalho ou do investimento (directo ou de carteira);
- Transferências correntes: mudanças de propriedade sem contrapartida
devidas a operações de natureza corrente:
- remessas de emigrantes e imigrantes;
- transferências correntes com a UE;
- fluxos financeiros de cooperação entre estados;
- pensões de emigrantes regressados definitivamente.
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Balança de Capital:
- Transferências de capital:
- da UE para financiamento de infra-estruturas;
- de património resultantes do regresso dos emigrantes;
- perdões de dívida.
- Aquisição/cedência de activos não produzidos não financeiros:
- Activos intangíveis: patentes, franchises, marcas, copyrights ...
- Activos tangíveis: aquisição de terrenos por embaixadas.
Balança de capital:
- o excedente reduziu-se de 2,1% do PIB para 1,4%;
- deveu-se principalmente à diminuição generalizada dos recebimentos
dos fundos estruturais (FEDER, FEOGA-Orientação e Fundo de
Coesão), associados aos atrasos de implementação do QCA III.
Balança financeira:
- registou uma entrada líquida de fundos equivalente a 9,6% do PIB,
traduzindo o aumento das necessidades de financiamento da economia
portuguesa face ao exterior;
- para este facto contribuiu, especialmente, o financiamento do sector
bancário no exterior (cerca de 6.8% do PIB):
- a maior entrada de fundos revestiu, principalmente, a
forma de operações de Outro Investimento, onde se
incluem os créditos comerciais e os depósitos/empréstimos
não titulados (saldo equivalente a 13,2% do PIB);
- os bancos recorreram ao financiamento externo para
compensar a diferença entre a variação do crédito por eles
concedido e a captação de recursos por via da expansão
dos depósitos dos residentes;
- as operações de investimento de carteira apresentaram um défice
equivalente a 1,8% do PIB, que reflecte, principalmente, uma
diminuição do interesse dos não residentes por títulos de dívida
nacionais (com destaque para as obrigações da dívida pública);
- houve uma saída líquida de fundos equivalente a 1,5% do PIB no que
toca ao investimento directo. Em termos de destino geográfico, mais
de 40% do investimento directo no exterior foi dirigido para o Brasil.
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Endividamento externo:
- se financiar o investimento, pode gerar lucros que permitam o seu
pagamento no futuro;
- se financiar o consumo privado ou público, leva a maiores encargos e
a menor consumo no futuro;
- o endividamento não deve ser visto em termos absolutos mas sim em
termos de percentagem das exportações ou do PNB:
- os EUA são o maior devedor do mundo, mas a sua dívida em
percentagem do PNB é de 10%, ou seja, bem menor do que a de
países como a Argentina, Brasil, México, ou até de Portugal.
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Taxas de câmbio:
- permitem comparar os preços dos bens e serviços produzidos em
países diferentes;
- importante papel no comércio internacional;
- são registadas diariamente nos jornais (ver Tabela 13.1).
b) O mercado cambial
Moedas veículo:
- a maioria das transacções entre os bancos envolve trocas de moedas
correntes por dólares dos EUA;
- tal acontece mesmo quando o objectivo é trocar duas moedas que não
o USD:
- é mais barato utilizar o dólar como moeda veículo do que fazer
a troca directa entre as moedas;
- o volume de transacções em dólares é tão grande que todos os
participantes estão dispostos a aceitar os mesmos;
- a taxa de câmbio entre duas moedas obtida através da troca por dólares
chama-se a taxa cruzada (“cross-rate”):
- as taxas cruzadas também são utilizadas na zona-euro para obter
as cotações bilaterais (ver acetato).
Taxa de câmbio à vista (spot): preço combinado para uma transacção imediata
(2 dias úteis).
Swap cambial: venda à vista de uma moeda combinada com uma recompra a
prazo da mesma.
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Contrato de futuros:
- promessa de que uma quantidade específica de moeda será entregue
numa data específica no futuro;
- pode ser vendido antes do fim do prazo de maturidade;
- permite a realização antecipada de ganhos ou perdas.
Contrato de opção:
- dá ao seu proprietário o direito, mas não a obrigação, de comprar ou
vender uma quantidade específica de moeda estrangeira a um preço
específico a qualquer momento até uma data específica de expiração;
- uma “opção europeia” só pode ser exercida no termo do prazo de
maturidade;
- tal como os futuros, são livremente comprados e vendidos.
Risco:
- variabilidade da contribuição do activo para a riqueza do seu detentor;
- embora o grau de aversão ao risco varie de pessoa para pessoa, no
geral, os investidores preferem deter activos menos arriscados.
Liquidez:
- facilidade com que o activo pode ser vendido ou trocado por bens;
- os investidores preferem deter activos mais líquidos como precaução
contra gastos inesperados.
Taxa de juro:
- é a primeira informação necessária para calcular a taxa de rendimento
de um depósito bancário;
- a taxa anunciada é a taxa nominal, que reflecte o acréscimo percentual
no depósito ao fim de um período de tempo.
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Para se saber em que país se deve depositar o dinheiro, devemos saber as taxas
de juro nacional e estrangeira e a variação esperada na taxa de câmbio.
Ee − E
Paridade de Juros a Descoberto (PJD): R=R + *
Ee − E
Se R > R * + , a moeda nacional tenderá a apreciar-se, em resultado do
E
aumento da procura da mesma.
F−E
Paridade de Juros a Coberto: R = R* +
E
F−E
Prémio da moeda estrangeira f =
E
22
Agora, convém saber como esses dois factores são determinados. Depois,
podemos construir um modelo económico que relaciona:
- taxas de câmbio;
- taxas de juro;
- inflação, produção, etc.
Primeiro passo:
- explicar os efeitos da oferta e da procura de moeda de um país sobre
as taxas de juro e de câmbio:
- os eventos monetários influenciam a taxa de câmbio tanto pela
mudança nas taxas de juro como pela mudança nas expectativas
quanto às taxas de câmbio futuras;
- a oferta e a procura de moeda afectam os preços dos produtos
que, por sua vez, afectam as taxas de câmbio.
O que é moeda?
- Aquilo que é usado como intermediário das trocas;
- papel moeda + depósitos à ordem = M1;
- M1 + depósitos a prazo = M2.
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Funções da moeda:
- meio de troca (meio de pagamento geralmente aceite);
- unidade de conta (medida de valor);
- reserva de valor.
Rendimento esperado:
- a moeda não paga juros e os depósitos à ordem pouco rendem;
- a detenção de moeda implica a perda de juros, tanto maior
quanto maior for a taxa de juro;
- um aumento da taxa de juro causa uma queda na procura por moeda
(maior custo de oportunidade de deter moeda).
Risco:
- não tem grande influência sobre a procura de moeda;
- o único risco é que os preços subam, mas isso também diminuiria a
taxa de juro real obtida através da detenção de títulos.
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Liquidez:
- principal benefício de deter moeda;
- um aumento no valor médio das transacções de um indivíduo ou de
uma empresa eleva a sua procura por moeda.
Para analisar a relação entre a moeda e a taxa de câmbio no curto prazo, vamos
combinar os dois gráficos já estudados, na Figura 14.6:
- 1º diagrama: mostra a determinação da taxa de câmbio, de acordo com
a Paridade de Juros a Descoberto;
- 2º diagrama: determinação da taxa de juro no mercado monetário.
27
Se R e Y forem constantes: ↑ M S ⇒↑ P
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Uma mudança na oferta de moeda não tem efeitos sobre os valores de longo
prazo da taxa de juro ou da produção real:
- um aumento de MS para o dobro será o mesmo que criar uma nova
moeda que vale o dobro da anterior;
- se a economia está inicialmente em pleno emprego, todos os
preços monetários passam para o dobro;
- no longo prazo, a produção não depende da oferta de moeda, mas sim
dos factores de produção e da produtividade dos mesmos.
Na prática, a relação entre oferta de moeda e preços não é tão linear, pois há
outros factores a influenciar a produção, a taxa de juro, e a procura por moeda:
- no caso da América Latina em que os movimentos na oferta de moeda
foram mais pronunciados, é mais fácil encontrar uma relação positiva
entre MS e P (ver Quadro);
- relação para os principais países industrializados (Figura 14.10).
Com tudo o resto igual, um aumento permanente na oferta de moeda num país
leva a uma depreciação proporcional no longo prazo em relação às moedas
estrangeiras.
↑ M S ⇒↑ P ⇒↑ E
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A taxa de câmbio é bem mais variável do que os preços no curto prazo (ver
Figura 14.11):
- tal é verdade para os países com história de relativa estabilidade no
nível de preços;
- não se aplica à América Latina dos anos 70 e 80.
S
M EUA
↑ PEUA ⇒↓ ⇒↑ R$ ⇒↑ E$ / DM
PEUA
Figura 14.13: trajectórias no tempo das variáveis dos EUA após um aumento
da oferta nominal de moeda neste país.
31
↑ M EUA
S
⇒↓ R$ , logo R$ < RDM
- a taxa de juro dos depósitos em dólares só pode ser menor que a dos
depósitos em marcos se se esperar uma apreciação do dólar:
e
E EUA − E EUA
< 0 ⇒ E EUA
e
< E EUA
E EUA
A taxa de câmbio entre as moedas de dois países deve ser igual à relação entre
os níveis de preços dos países. A PPC prevê que:
P
E= ou P = EP *
P*
A versão absoluta da PPC indica que os níveis de preços dos países são iguais
quando medidos em termos da mesma moeda. Se a Lei do Preço Único se
verificar para todos os bens, a PPC verifica-se, mas o inverso já poderá não ser
verdade.
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Et − Et −1 Pt − Pt −1 Pt * − Pt *−1
= − *
= Π t − Π *t
Et −1 Pt −1 Pt −1
PEUA
Assume que a PPC absoluta se verifica: E$ / DM =
PA
O equilíbrio nos mercados monetários implica:
S
M EUA M AS
PEUA = PA =
L(R$ , YEUA ) L(RDM , YA )
Com tudo o mais igual, o crescimento da oferta de moeda a uma taxa constante
resulta num crescimento dos níveis de preços à mesma taxa.
- mas, mudanças nessa taxa de inflação não afectam o nível de produção no
pleno emprego ou os preços relativos dos bens e serviços no longo prazo.
Embora a taxa de juro de longo prazo não dependa do nível absoluto de oferta
de moeda, o crescimento contínuo desta afectará a taxa de juro:
E$e/ DM − E$ / DM
PJD R$ = RDM +
E$ / DM
E$e/ DM − E$ / DM
PPC relativa = Π eEUA − Π eA
E$ / DM
Todas as versões da PPC explicam mal as flutuações das taxas de câmbio. Mas,
os desvios face à PPC ajudam-nos a construir modelos mais realistas que a
abordagem monetária:
- a PPC absoluta é imprecisa (ver Figura 15.3);
- a Lei do Preço Único também não se sai bem (ver quadro);
- a PPC relativa é às vezes uma aproximação razoável dos dados, mas
geralmente actua pobremente.
e) Os problemas da PPP
Taxa de câmbio real: medida resumida da amplitude dos preços dos bens e
serviços de um país relativamente ao de outro.
E$ / DM PA PEUA
q$ / DM = ou E$ / DM = q$ / DM
PEUA PA
S
M EUA
PEUA L(R$ , YEUA )
Então, E$ / DM = q$ / DM = q$ / DM
PA M AS
L(RDM , YA )
Para uma dada taxa de câmbio real, mudanças na procura e na oferta de moeda
nos dois países afectam a taxa de câmbio nominal de longo prazo, como na
abordagem monetária.
Mas as mudanças na taxa de câmbio real de longo prazo também afectam
a taxa de câmbio nominal.
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Este modelo permite que factores não monetários também afectem a taxa de
câmbio nominal de longo prazo.
As diferenças entre as taxas de juro dos países dependem não só das diferenças
da inflação esperada mas também de mudanças esperadas na taxa de câmbio
real.
q$e / DM − q$ / DM E$e/ DM − E$ / DM
= − (Π eEUA − Π eA )
q$ / DM E$ / DM
E$e/ DM − E$ / DM
PJD R$ = RDM +
E$ / DM
Ou seja, R$ − RDM =
q$e / DM − q$ / DM
q$ / DM
(
+ Π eEUA − Π eA )
Indica que a diferença entre os juros do dólar e do marco equivalem à soma de:
- taxa esperada de depreciação real do dólar face ao marco;
- diferença esperada entre a inflação dos EUA e da Alemanha.
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Assim, e
rEUA − rAe = (R$ − Π eEUA ) − (RDM − Π eA )
q$e / DM − q$ / DM
e
r
EUA −r =
e
A
q$ / DM
D = C + I + G + CC em que CC = EX – IM
C = C(Yd) ↑Yd ⇒ ↑C
EP * d
Assim, temos: CC = CC ,Y
P
41
EP *
Efeitos de aumentos na taxa de câmbio real: q = :
P
- bens estrangeiros tornam-se relativamente mais caros;
- aumentam as nossas exportações;
- aumenta o preço e diminui o volume das importações:
- efeito ambíguo na CC: - efeito preço piora a CC;
- efeito volume melhora a CC;
- vamos assumir, por agora, que o efeito volume supera o efeito preço,
ou seja, que um aumento na taxa de câmbio real melhora a CC.
Resumindo:
↑ q ⇒ ↑ CC ↓ q ⇒ ↓ CC
↑ Yd ⇒ ↓ CC ↓ Yd ⇒ ↑ CC
EP *
D = C (Y − T ) + I + G + CC ,Y − T
P
EP *
Y = D = C (Y − T ) + I + G + CC , Y − T
P
Expansão fiscal: ↑ G ⇒↑ D ⇒↑ Y ⇒↑ L ⇒↑ R ⇒↓ E
Expansão monetária: ↑ M S ⇒↓ R ⇒↑ E ⇒↑ q ⇒↑ CC ⇒↑ D ⇒↑ Y
Expansão fiscal: ↑ G ⇒↑ D ⇒↑ Y ⇒↑ L ⇒↑ R ⇒↓ E
Expansão monetária: ↑ M S ⇒↓ R ⇒↑ E ⇒↑ q ⇒↑ CC ⇒↑ D ⇒↑ Y
Efeitos das políticas monetária e fiscal sobre a conta corrente (Fig. 16.17):
↑ Y
↑MS ⇒ ⇒↑ CC
↑ E
↑ Y
↑G⇒ ⇒↓ CC
↓ E
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Contabilidade nacional:
Y = A + NX = C + I + G + X – M
Y = C0 + c[(1-t)Y + TR ] + I0 – bR + G + NX - mY + φq
Y = A + NX + c(1-t)Y – bR - mY + φq
Y [1- c(1-t) + m] = A + NX – bR + φq
Y = α ( A + NX – bR + φq)
Os mercados de activos
Simplificações:
- os agentes detêm moeda doméstica ou títulos;
- não há substituição entre moeda nacional e estrangeira;
- moeda nacional não rende juros;
- a oferta de moeda (MS) é fixa;
- com preços rígidos, MS/P também é fixa;
- a oferta de títulos também é fixa. VS é o stock de títulos;
- riqueza total real da economia:
Wˆ M S
= + V S = LD + V D
P P
D MS
L −
( )
+ V D −V S = 0
P
- de acordo com a lei de Walras, se um mercado está em equilíbrio, o
outro também estará. Logo, podemos-nos concentrar num só mercado
(o monetário):
MS
= LD = L(R, Y ) = kY − hR
P
- resolvendo a equação em ordem a R, obtemos:
1 M S
R = kY −
h P
Determinantes da BP:
BP = CC (q,Y,Y*) + K (R-R*)
- assumindo um país pequeno nos mercados financeiros internacionais,
R* passa a ser uma variável exógena, sendo R a determinar o saldo da
Balança de Capitais;
- com perfeita mobilidade de capitais, uma pequena mudança em R leva
a enormes movimentos de capitais. A arbitragem faz com que R = R*
(curva BP horizontal);
Algebricamente:
MS k 1MS
LM: = kY − hR ⇔ R= Y −
P h h P
IS: Y [1- c(1-t) + m] = A + CC – bR + φq
kb bMS eP *
AD: Y 1 − c(1 − t ) + m + = A + CC + +φ
h h P P
O processo de ajustamento
Políticas fiscais ou qualquer choque nas despesas autónomas não têm efeitos
sobre a procura agregada: consequentemente, não são capazes de alterar o
output no curto nem no longo prazo.
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- Curto prazo:
↑ Y ↑ Y ↑ Y
↑MS ⇒ ⇒↑ E ⇒↑ q ⇒↑ CC ⇒ ⇒
↓ R ↑ R ↑ P
- Longo prazo:
W ↓ Y
Y1 > YF ⇒↑ W ⇒↑ ⇒
P1 ↑ P
Como a taxa de câmbio real volta ao seu nível inicial, o aumento dos preços tem
que ser da mesma magnitude que a depreciação nominal da moeda (assumindo
P* constante):
qˆ = Eˆ + Pˆ * − Pˆ = 0 ⇔ Eˆ = Pˆ se Pˆ = 0
Esterilização
- isto implica:
MS
P
(
= L R* ,Y . )
60
Ao contrário da política monetária, a política fiscal pode ser usada para afectar a
produção sob uma taxa de câmbio fixa. O seu efeito é ainda mais forte do que
sob taxas de câmbio flexíveis.
Mas, em certos casos, o Banco Central poderá julgar desejável uma alteração da
taxa de câmbio (desvalorização ou valorização):
- se houver alguma probabilidade de o banco central alterar a taxa de
câmbio no futuro, os agentes económicos não esperarão que esta se
mantenha para sempre;
- a alteração das expectativas quanto à taxa de câmbio poderá conduzir
a uma crise na balança de pagamentos, ou seja, a uma mudança
significativa nas reservas estrangeiras oficiais.
Nas secções anteriores argumentamos que a política monetária não é eficaz num
sistema de taxas de câmbio fixas.
A evidência empírica fornece pouco apoio para a ideia de que uma intervenção
esterilizada tem efeitos directos significativos sobre as taxas de câmbio.
MS = CP + DO = M1 MS = oferta de moeda
BM = CP + R CP = circulação monetária
MS = µ BM BM = base monetária
R = reservas bancárias
µ = multiplicador da base monetária
c = CP / DO ; r = R / DO
M S C P + DO C P / DO + DO / DO c + 1
µ= = P = P =
BM C +R C / DO + RE / DO c + r
Em economia aberta:
BM = CP + R = DLX + CBC
DLX = disponibilidades líquidas sobre o exterior
CBC = créditos do Banco Central
MS
= LD = L(R, Y ) = kY − hR (LM)
P
BP = CC (q,Y,Y*) + K (R-R*) = 0 (BP)
Se a terceira condição (BP=0) não for satisfeita, o equilíbrio global será obtido
através de uma variação nas reservas que vai afectar a massa monetária:
BP ≠ 0 ⇒ ∆DLX ⇒ ∆M S = µ∆BM = µ∆DLX
b) O Padrão-Ouro, 1870-1914
Orígens do Padrão-Ouro:
- uso de moedas de ouro como meio de troca, unidade de conta e
reserva de valor;
- a partir de 1870 vários países seguiram o exemplo da Inglaterra e
adoptaram também o padrão-ouro: as notas e moedas emitidas pelos
bancos centrais podiam ser trocadas por ouro a uma taxa fixa.
Convertibilidade:
- as moedas deveriam ser convertíveis umas nas outras;
- a convertibilidade das moedas europeias só se verificou em 1958 (após
a União Europeia de Pagamentos) e a do Japão em 1964;
- o dólar tornou-se na principal moeda de reserva.
76
FLUTUANTES
Quando o sistema de Bretton Woods começou a dar problemas no final dos anos
60, vários economistas recomendaram o seu abandono e a transição para um
regime de taxas de câmbio flutuantes (determinadas pelo mercado).
Simetria:
- num sistema de taxas de câmbio flutuantes as assimetrias inerentes ao
sistema de Bretton Woods desapareceriam e os EUA não seriam mais
capazes de estabelecer as condições monetárias mundiais sozinhos;
80
Disciplina:
- os bancos centrais, livres da sua obrigação de fixar as taxas de câmbio,
poderiam envolver-se em políticas inflacionárias;
- a disciplina imposta aos países pelas taxas fixas seria perdida.
As crises do SME:
As crises do SME de 1992-3 resultaram de um conjunto de factores económicos
e políticos que colocaram sérias dúvidas sobre o processo de criação da UEM
previsto no Tratado de Maastricht.
Reunificação alemã:
- os custos com a readaptação da economia da ex-RDA e a paridade
entre a moeda desta e o DM levaram a aumentos da inflação e do
défice orçamental. Os fortes aumentos salariais na ex-RDA agravaram
a inflação e fizeram disparar o desemprego (que aumentou as
despesas orçamentais por via dos subsídios ao desemprego);
- de forma a combater o aumento da inflação, o Bundesbank subiu as
taxas de juro para valores historicamente altos;
92
- esta subida nas taxas de juro alemãs levou a uma pressão para a
apreciação do DM, o que trouxe dificuldades aos restantes países;
- esta subida nas taxas de juro poderia ter sido evitada com uma
revalorização do Marco no SME, mas esta foi recusada pela França.
Referendos:
- a vitória do “não” na Dinamarca criou algumas incertezas quanto à
possibilidade de avançar com a União Económica e Monetária e a
incerteza quanto ao resultado do referendo na França ainda suscitou
mais dúvidas;
- os especuladores decidiram agir antes que aa UEM fosse abandonada
e as moedas mais fracas desvalorizadas;
- tal acção levou a uma enorme pressão especulativa sobre a marka
finlandesa e a coroa sueca, que não pertenciam ao sistema mas
estavam associadas ao mesmo;
- seguiram-se libra e a lira, as moedas mais fracas do SME na altura,
que os respectivos bancos centrais não foram capazes de contrariar ao
fim de uma semana de fortes ataques especulativos;
- nos dias 16 e 17 de Setembro de 1992 a libra e a lira passaram a
flutuar e a peseta foi desvalorizada 5%.
- Para manter a lira nos limites estabelecidos, o banco de Itália teve que
subir as taxas de juro a níveis que os mercados consideraram como
difíceis de manter;
- A partir daí, desenrolou-se um círculo vicioso que só terminou com a
saída da lira do SME em 17/9/92.
Reino Unido:
- O endividamento privado era muito elevado, pelo que uma subida nas
taxas de juro levaria à contracção das despesas;
- Isso iria tornar ainda mais difícil a recuperação da economia,
piorando, até, a recessão que o país vinha atravessando.
França:
- A situação era bem diferente: o franco era estável, a inflação baixa e a
situação orçamental era boa;
- No entanto, as taxas de juro tiveram que subir para valores superiores
aos considerados como óptimos para a economia francesa;
- O referendo aumentou a incerteza quanto à UEM.
Portugal e Espanha:
- Ambos reintroduziram alguns controlos de capitais, o que ajudou a
evitar ataques especulativos em montantes mais elevados;
- A peseta foi desvalorizada 5%;
- Portugal não seguiu o exemplo da Espanha e decidiu “segurar” o
escudo (a desvalorização não ajudaria o combate à inflação).
94
Um país deverá comparar bem os custos e benefícios da sua adesão a uma união
monetária, pois esta nem sempre é desejável (ver fig. 20.5).
Assim, uma Área Monetária Óptima será aquela que traz mais benefícios que
custos para os países membros, tendo estes fortes relações comerciais e um alto
grau de mobilidade dos factores entre si.
Mobilidade do trabalho:
- a deslocação de trabalhadores das áreas em recessão para as áreas em
expansão poderia substituir a política cambial;
- enquanto a mobilidade do trabalho tem um importante papel no
ajustamento aos choques assimétricos nos EUA, tal mobilidade é
muito menor na Europa (tanto entre países como dentro de países);
- grandes diferenças salariais poderão permanecer na Europa.
97
Integração fiscal:
- estudos revelam que o sistema fiscal dos EUA absorve cerca de 40%
das perdas de rendimentos devido a choques assimétricos;
- o orçamento da UE é pequeno demais para desempenhar tal papel;
- os países deviam preservar a sua autonomia fiscal (mas poderiam
surgir problemas de insustentabilidade dos défices);
No que toca ao regime cambial que vigora entre os países da zona euro e os que
ficaram fora desta, foi elaborado um MTC II, cujas regras são as seguintes:
- a participação no MTC é voluntária mas cada país deve permanecer no
mesmo durante pelo menos dois anos antes de aderir à UEM;
- as taxas de câmbio centrais são fixadas em relação ao euro;
- as bandas de flutuação são relativamente largas (±15%), embora um país
possa adoptar bandas mais estreitas se o BCE concordar;
- em princípio, a intervenção nas margens é ilimitada, mas pode ser
interrompida se ameaçar a estabilidade dos preços;
- tanto o BCE como o Banco Central de um país membro do MTC II
podem iniciar negociações para efectuar realinhamentos.
Presentemente, só a Dinamarca faz parte deste MTC II, enquanto o Reino Unido
e a Suécia deixam as suas moedas flutuar face ao euro. A Grécia participou no
MTC II entre 1/1/99 e 31/12/2000.
Constituído por:
- Banco Central Europeu (BCE);
- bancos centrais dos 12 países da zona-euro.
103
Tal como se pode constatar na tabela 22-1 e nos dados do Banco Mundial, as
diferenças de rendimento entre os países mais ricos e os mais pobres são
enormes.
Défices na BTC podem ajudar um país a obter os fundos de que necessita para
investir (BTC = S - I). Mas o país estará a endividar-se no exterior.
107
América Latina:
Após duas décadas de elevado crescimento económico, os choques do petróleo
a desaceleração da produtividade nos países industrializados e o abandono do
Sistema de Bretton Woods, deram início a um período de fraca performance
macroeconómica em muitos países da América Latina:
• o crescimento dos empréstimos bancários aos países em desenvolvimento
a partir de 1973 foi estimulado pelas taxas de juro reais negativas nos
países industrializados e pela necessidade de reciclar os superavites da
BTC dos países da OPEP;
• o segundo choque petrolífero (1978) levou ainda a maior endividamento.
No entanto, os países da OPEP já registavam défices na BTC a partir de
1982, e as taxas de juro aumentaram nos países industrializados, levando
os bancos a emprestar menos aos países em desenvolvimento;
• a subida das taxas de juro e a apreciação do USD aumentaram os
encargos da dívida destes países;
• esperando que as adversidades fossem temporárias, muitos países
endividaram-se ainda mais e financiaram parte das despesas emitindo
mais moeda, como forma de manterem os seus níveis de procura
agregada. Tal resultou em alto endividamento e inflação;
108
A gestão da crise:
• governos, bancos e o FMI juntaram-se para manter um fluxo contínuo
de empréstimos através do reescalonamento da dívida e de
empréstimos concertados;
• o Plano Brady de 1989 reconheceu que o pagamento integral da dívida
seria impossível para alguns países. Assim, pressionou os bancos a
perdoarem parte da dívida ou a possibilitarem a compra da mesma por
parte dos países devedores a preços baixos;
• a queda das taxas de juro nos EUA nos anos 90 reduziu os encargos
dos países endividados e incentivou o capital americano a procurar
maiores taxas de retorno nos países em desenvolvimento;
• tal facto aliado às estabilizações e reformas em alguns desses países
possibilitou um aumento dos fluxos de capitais para os países em
desenvolvimento.
109
Sudeste Asiático:
Do início dos anos 60 até 1997 Coreia do Sul, Hong Kong, Taiwan e Singapura
registaram taxas de crescimento espectaculares, passando do 3º Mundo para o
1º. Nas décadas seguintes, juntaram-se a este grupo de crescimento elevado do
PIB a Malásia, a Tailândia, a Indonésia e a China.
Antes dos anos 90, grande parte do investimento nestes países foi financiado
através das poupanças domésticas. Nos anos 90, a crescente popularidade dos
mercados emergentes levou a entradas substanciais de capitais externos, cuja
contrapartida foram défices consideráveis na conta corrente.
e) Estabilização da inflação
Tipos de programas:
Quanto à sua âncora nominal:
• Baseados na taxa de câmbio: redução progressiva da taxa de
desvalorização leva a uma redução da taxa de inflação: aumenta a
credibilidade da política monetária e limita os aumentos dos preços dos
bens transaccionáveis;
• Baseados no crescimento da massa monetária: redução da taxa de
crescimento da massa monetária leva a uma redução do crescimento da
procura, o que leva à descida da inflação.
Quanto ao uso de controlos de preços e salários:
• Ortodoxos: o remédio consiste em reduzir ou eliminar o défice
orçamental e, consequentemente, o crescimento monetário necessário
para o financiar;
• Heterodoxos: embora a redução do défice seja importante, só apertados
controles de preços, salários e da taxa de câmbio poderiam mudar
abruptamente as expectativas inflacionistas contrariando a inércia da
inflação (resultante da indexação).
112
Todos estes factores contribuem para que a taxa de inflação não seja reduzida
tão depressa como a taxa de depreciação. Assim, à medida que o tempo passa, a
moeda aprecia-se em termos reais.
114
ÍNDICE
PROGRAMA ...................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO................................................................................................................... 6