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DAYRELL
GESIEL MARTINS
GESIEL MARTINS
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E A INCLUSÃO
SOCIAL: NOVAS PERSPECTIVAS PARA A
EDUCAÇÃO
VIRGINÓPOLIS, 2008.
GESIEL MARTINS
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E A INCLUSÃO SOCIAL: NOVAS
PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO
Aprovada em ___/___/___
__________________________________________
Renato Valony Ferreira Pinto
Instituto Superior de Educação Elvira Dayrell
À minha avó Maria (in
memorian)
À minha esposa Carla
Ao meu filho Otávio
AGRADECIMENTOS
A minha família que eu amo tanto pelo imenso e incessante apoio durante essa
trajetória, que muitas vezes abdicando de seus sonhos realizaram os meus, acreditando
em mim.
Aos meus amigos que estiveram sempre do meu lado e torceram pela minha vitória.
Ao meu orientador Renato Valony pelo importante auxílio prestado durante a realização
deste trabalho.
Ao diretor geral do ISEED Argemiro A.D. Lessa pela amizade, carinho, respeito e,
À assistente social Fernanda pela convivência amigável durante estes três anos de curso
Aos meus colegas da turma que estiveram comigo desde o início, passando juntos por
CONFEF (2002)
RESUMO
Este trabalho discute a Educação Física praticada na escola, partindo de uma análise de
sua origem na Europa do final do século XVIII e início do século XIX, onde surgiu com
o nome de Ginástica e, retrata seu percurso histórico ao longo dos séculos aqui no
Brasil. Salienta ainda, as influências e tendências sofridas por essa disciplina em nosso
país, o que pode ter causado à Educação Física uma crise de identidade, desvalorização
histórico da Educação Física Escolar Brasileira visa compreender seu momento atual
nas escolas, a fim de melhorar sua prática educacional, mostrando alternativas para
aulas dinâmicas e inclusivas. Dessa forma a Educação Física será respeitada e
ABSTRACT
This work discusses the Physical Education practiced in the school, leaving from an
analysis of his origin in Europe of the end of the century XVIII and beginning of the
century XIX, where it appeared with the name of Gymnastics and, shows his historical
distance along the centuries here in Brazil. Point out still, the influences and it
disciplines tendencies suffered by that one in our country, which can have caused to the
Physical Education a crisis of identity, devaluation of his practice and importance in the
process of teaching and apprenticeship of the pupil for his full formation like critical
and conscious citizen. This retrospect of the historical process of the Physical School
Brazilian Education aims to understand his current moment in the schools, in order to
improve his education practice, showing alternatives for dynamic and included
classrooms. In this form the Physical Education will be respected and valued in the
school context.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO...................................................................................................................
........09
XXI.....................................................27
4
CONCLUSÃO.....................................................................................................................
.......49
5 REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................53
1 INTRODUÇÃO
necessário conhecer todo o seu contexto histórico, abordando suas origens e principais
influências que marcaram sua implantação aqui no Brasil e que ainda caracterizam esta
disciplina em nossas escolas, delineando seus novos rumos tanto em relação aos seus
conteúdos quanto à forma de ensino. Assim, iniciaremos este estudo, com uma
vigoroso em todo o século XIX, teve sua denominação definida a partir do seu país de
conhecidos no Brasil foram o Método francês, alemão e sueco, sendo o mais divulgado
e que serviu de modelo para um método nacional de ginástica em nosso país, o Método
que diz respeito à concepção da disciplina e suas finalidades, quanto ao seu campo de
atuação e à forma de ser ensinada. Os médicos que tinham grande influência sobre a
escravos negros era grande, havia o temor de uma ‘mistura’ que ‘desqualificasse’ a raça
mundial; alternando assim, seus objetivos e sua forma de ser trabalhada (processo de
ensino-aprendizagem); até que em 1971, a partir do Decreto nº. 69.450, em âmbito
descaso e a
1. A Eugenia é uma ação que visa o melhoramento genético da raça humana, utilizando-se para tanto de
esterilização de deficientes, exames pré-nupciais e proibição de casamentos consangüíneos.
improvisação, que então grassavam nas aulas de Educação Física. Para eles, o esporte
era uma
interferência do
“campo de guerra” com caráter seletivo, onde os mais fortes vencem e são agraciados.
Os alunos que possuíam algum talento ou habilidades para uma modalidade esportiva
“atletas-herói”, exemplo de superação para todos e orgulho para a pátria. Enquanto que
marginalizados.
ensino. Ela é, antes de tudo Educação e como tal participa no processo educacional do
aluno, contribuindo para a sua formação cultural por meio de suas diversas atividades.
Portanto, cabe ao professor lutar para que a Educação Física continue na escola e seja a
cada dia, mais valorizada; para isso deve trabalhar de forma integrada e dinâmica,
críticos e conscientes.
desvalorizada por outros professores, alunos e pais. Há muito tempo temos preocupação
em ver a Educação Física ocupar o espaço que lhe é de direito dentro do sistema
educacional, mas há muito a ser feito; por isso, a necessidade de compreensão de seu
desta área.
Física Escolar Brasileira para compreender o seu momento atual, mostrando alternativas
Educação Física possa ser mais valorizada e que os profissionais da área conscientizem-
CONSTRUÇÃO HISTÓRICA
escola, a lembrança das aulas de Educação Física é marcante: para alguns, uma
Brasil, vem se constituindo ao longo dos séculos com mudanças em suas características
tanto em relação aos seus objetivos e pressupostos quanto aos seus conteúdos
Educação Física Escolar, passa, invariavelmente, pela reflexão sobre o seu processo de
Em 1882, Rui Barbosa (apud PCNs, 1997), deu seu parecer sobre o Projeto
escolas e a equiparação dos professores de ginástica aos das outras disciplinas. Nesse
parecer, ele destacou e explicitou sua idéia sobre a importância de se ter um corpo
século XIX continuou, na medida em que o seu objetivo na escola seria formar homens
fortes para o bem da pátria. Enfatiza-se no decorrer desse século, três períodos: o estado
Física que se mesclava aos objetivos patrióticos e de preparação pré-militar. Não levou
muito tempo e este discurso cedeu lugar aos objetivos higiênicos e de prevenção de
Escolar foi conformada de forma autoritária pelo Estado no Brasil, a partir das reformas
educacionais de 1968 (Lei 5.540) e 1971 (Lei 5.692 e decreto 69.450)” (OLIVEIRA,
físicas.
históricos, mudando assim, seus objetivos e a forma de ser trabalhada tanto em relação
Os programas [de aula] eram distintos para meninos e meninas. Para eles,
precisavam conservar seu corpo delicado com exercícios livres e leves. Para ambos,
uma educação racional de seus corpos sob forte disciplina, mas que deveria respeitar as
diferenças entre eles (VAGO, 1999). Apesar de exercícios diferentes para homens e
excessiva de movimentos.
Na maioria das escolas, até meados dos anos 80, [a Educação Física],
possuía as seguintes características: era tratada de uma forma acrítica e
alienante; não permitia a participação dos alunos na sugestão de atividades,
na liberdade de movimentos nem no processo de avaliação.
professor buscava a perfeição técnica de seus alunos e o alto rendimento, com isso,
de corpos.
atualmente; alguns desses conceitos ou “termos” são bons, outros nem tanto. O
marcaram a história da Educação Física aqui no Brasil e nem escrever com riquezas de
séculos.
exacerbado da prática de atividades físicas para se atingir esse objetivo de corpo puro,
17).
individual das pessoas. Ela agia como um bem comum em toda a sociedade brasileira,
sociedade pela educação, usando como meio principal para alcançar esse objetivo, as
atividades físicas sistematizadas (na escola). Sua idéia central se constitui pela
deviam ser submissos a tudo e a todos; não podiam se manifestar de forma alguma nem
militarista.
Para tal concepção, segundo Júnior (2001, p. 18), “a Educação Física deve
para o restante da juventude pela sua bravura e coragem; servidor e defensor da pátria.
necessidade de encarar a Educação Física não somente como uma prática de atividades
escolares; ela é instrutiva e também educativa. Desta forma, é a Educação Física que
colabora decisivamente para que a juventude venha “melhorar sua saúde, adquirir
encarada como algo ‘útil e bom socialmente’, e deve ser respeitada acima das lutas
políticas dos interesses dos diversos grupos ou de classes”. Assim, a Educação Física é
também está a serviço de uma hierarquização e elitização social, havendo para tal a
sociedade, usando como meio para esse objetivo, os desportos. “Seu objetivo principal é
padrões e normas de boa conduta a que todos eram submetidos pela elite detentora do
poder dentro do Brasil. Assim, quando essas pessoas vissem o êxito de atletas jovens, se
físicos quanto psicológicos, não importando o que deveria ser feito para se atingir tal
superação.
trabalhadores, do povo.
voltada para a superação dos limites e das capacidades humanas para alcançar vitórias e
e à diversão por meio das atividades físicas voltadas para a descontração e recreação,
em busca de diversão e qualidade de vida. E, mais que isso, a Educação Física com suas
diversas atividades, serve então aos interesses daquilo que os trabalhadores vêm
contemporâneo, a
Educação Física Escolar Brasileira passou por um verdadeiro renascimento nos anos 80,
através de um lento e gradual processo de abertura política ocorrido no país, após mais
de quinze anos de ditadura militar. Foi, sem dúvida, um período em reflexões, do qual
sociedade em geral ao longo de nossa história, até os dias atuais (OLIVEIRA 1994).
Até o final dos anos 1970, apesar de sua pedagogização, a Educação Física
ainda não era analisada em suas implicações políticas. Neste período, mesmo que em
Educação Física, via didática. Nas palavras de Oliveira (1994, p.17) “Os influxos
importante salto qualitativo não somente em relação a sua prática, mas também quanto
realidade.
inclusive por intelectuais de outras áreas que têm participado dessas reflexões:
primeira à quarta série e a Educação Infantil. Nas aulas de Educação Física então, a
físicos e as capacidades dos alunos na execução das atividades são respeitadas. As aulas
Com essa mudança na Educação Física, no final dos anos 80, surgem escolas
nas quais os alunos participam da proposição dos conteúdos, sendo assim, co-
responsáveis pela sua educação e até pela avaliação; há a valorização do gesto corporal
mistas. Temas da cultura corporal são incluídos nos conteúdos de ensino das aulas; a
As atividades físicas então, passam a ser vistas não mais com a intenção de
adaptar
o ser humano à atividade como algo que existe externamente a ele, que é imposto pelo
(movimentos corporais) acontecem nas escolas por meio da Educação Física para
múltiplas atividades, pode e deve oferecer conhecimentos úteis para esse processo de
Sendo respeitada e valorizada por todos dentro e fora da comunidade escolar; desta
ela seja vista como uma disciplina séria e comprometida com esse objetivo
educacional.
ao longo dos séculos; ainda hoje, em pleno século XXI em meio à modernização e à
outras disciplinas: as aulas de Educação Física são encaixadas nas “janelas” que sobram
nos horários, são vistas como hora de diversão, os professores de outras áreas julgam a
Educação Física como barulhenta e perturbadora da “ordem escolar”, etc. Parte desta
culpa também é nossa. “Pelas características de nossa atividade, pela nossa postura,
pelos profissionais que somos e pelo imobilismo que tivemos por muitos anos”
Segundo uma pesquisa feita por Moreira (1995 apud LIMA,2004, p.6-7):
preconceitos sofridos pela nossa profissão e por nós profissionais de Educação Física.
Cabe a nós profissionais da área, vencer esta luta pela melhoria e valorização de nossa
conquista de novos espaços e ainda, pela descoberta de nossa função como educadores
flexibilidade das aulas, é um importante meio para que o aluno saia do monotonismo de
uma vida sedentária gerado pela evolução tecnológica e consiga, com a prática de
educacional.
A visão da Educação Física, neste caso, passa a ser ampliada, uma vez que
ver o ser humano como a totalidade indissociável entre esses aspectos, contribuindo
desfrute de atividades lúdicas sem caráter utilitário como forma de descontração e lazer,
em todas as situações vividas por ele, seja dentro da escola ou no seu cotidiano fora
dela.
por meio da pedagogia de jogos, danças, esportes, ginásticas e lutas torna-se uma das
socialização que busca explicitar a maneira de ser, sentir e agir dos indivíduos com
formular a partir daí as propostas do conteúdo de ensino para a Educação Física Escolar.
É de suma importância que o professor de Educação Física perceba os
diversos significados que uma atividade motriz pode trazer para as crianças, identifique
Assim, ele ajudará os alunos na percepção adequada dos seus recursos corporais, de
motrizes.
os sujeitos.
a aula de Educação Física não deve ser mera repetição de movimentos tidos
como ideais ou ‘mais perfeitos’. Os movimentos dessas aulas devem ser
descobertos pelas crianças que buscando alcançar uma meta, vai dia após dia
superando o que fazia anteriormente e estabelecendo novas formas de
conduta que queiramos ou não, não surgem do nada, trata-se de
transformações daquilo que a criança já possui.
que haja interação com o meio ao qual está inserida; colaborando ainda, para a
formação do cognitivo, à medida que provoca reações que a faz tirar conclusões
cultura corporal que serão tratados nos tópicos seguintes compõem um vasto patrimônio
cultural de movimentos que deve ser utilizado, conhecido e desfrutado pelos alunos nas
aulas de Educação Física. Além disso, todo esse conhecimento contribui para a adoção
expressões tanto corporais quanto culturais dos diferentes grupos étnicos e sociais que
compõem as instituições escolares e às pessoas que deles fazem parte; valorizando desta
principal referência, seja como prática corporal propriamente dita, seja pelos princípios
favorecido de um lado a idéia de sua prática com fins educativos voltados para a
conceitual. Revisão esta, baseada em discussões que giraram em torno da busca de uma
compreensão mais ampla do esporte como fenômeno social e cultural, rompendo assim,
conteúdo curricular, por algum tempo pareceu não ter sido apenas adotado como seu
chegou até mesmo a ser confundido num processo conhecido como esportivização da
Educação Física Escolar. Desse modo, o esporte torna-se o conteúdo determinante das
aulas tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio. Isso, porém, não aconteceu
sem que críticas fossem feitas às conseqüências que essa transposição dos sentidos do
dentro da instituição escolar ou, mesmo, desejar sua total desportivização. Mas, sim,
criar adaptações e contextualizar a vivência de sua prática nas aulas de acordo com a
esportivas, (SOUSA et al.) Sob esse aspecto, o esporte se torna aliado da educação no
Dessa forma;
Para que seja realmente entendido como prática educativa escolar, o esporte
ser diferente do esporte que a criança pratica na rua ou em qualquer outro lugar fora da
instituição escolar, uma vez que o primeiro deve ser analisado e estruturado de acordo
com as condições dos alunos para atender a determinados objetivos, como o
garantido na Constituição Brasileira. A Lei nº. 9.615/98, conhecida como “Lei Pelé”,
Esporte de Rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e das práticas
discriminatórios.
prática, estimula que uma criança ajude a outra na aprendizagem de algo que ela já
domina ou possua maior facilidade, fazendo com que ela vislumbre novas
definitivamente fazer parte da Educação Física Escolar, o que não acontecia há alguns
anos atrás; talvez esse fato se deu por influência das Ciências Humanas na área.
profissionais formados nessa época - e, infelizmente, ainda hoje em alguns cursos - não
Até então o corpo era visto somente como um conjunto de ossos e músculos
superação dos limites humanos e não como fenômeno político-social, importante meio
e não como fenômeno cultural, área que pode ser explicada pelas Ciências Humanas.
dentro de uma dinâmica cultural, desde os primórdios da evolução humana até hoje,
em si, não trabalha com o esporte, as lutas ou lida com a ginástica somente. Ele lida
com o ser humano num todo indissociável, com suas manifestações culturais e
implicações político-sociais relacionadas ao corpo e ao movimento humanos na
própria condição de vida dos seres humanos. É produto das ações humanas, as quais
significados que fazem parte de um contexto específico, que por mais que se misture
à Educação Física no interior da escola. Mas ressalva que não é qualquer movimento:
andar, correr, pular, gesticular, arremessar algo, dentre tantas outras manifestações
experimentar, avaliar, optar entre alternativas, coordenar ações do corpo com sentidos e
aulas de expressão corporal não sejam apenas meras repetições de movimentos que os
Portanto:
formação; sendo ainda, uma das formas de expressar sentimentos, sensações e emoções
um enraizamento da cultura corporal dentro da Educação Física Escolar como uma área
humanos.
estudado por diversas áreas (Sociologia, Teologia, Ciências Humanas, Filosofia), cada
uma a
sociedade e do ser humano “entendia o corpo numa visão dualista na qual o corpo
estava submisso à alma (espírito); sendo assim, o primeiro, fonte de todos os pecados
tem íntima relação com a compreensão que se tem desses dois conceitos” (PCNs, 1997,
p.23). Por suas origens médicas e militares em nosso país e por seu atrelamento quase
aspectos fisiológicos e técnicos. “O corpo era visto somente como um conjunto de ossos
existentes no corpo humano, isto é, corpo vivo e atuante das pessoas que interagem e se
O corpo então, deixa de ser uma análise minimizada para se tornar uma
suas expressões como um corpo no mundo, uma totalidade que age movida por
intenções. É só por meio do corpo que a manifestação cultural se dá, e esse corpo,
Assim,
dos sujeitos que se interrelacionam - esse corpo não termina nos limites que a Anatomia
e a Fisiologia lhe impõem. Ao contrário, estende-se por meio da cultura, das roupas e
dos instrumentos criados pelo homem, tornando-se ainda mais complexo e com uma
ampla gama de expressividade. “O corpo confere-lhes um significado e sua utilização
escola deve considerar o aluno como um corpo que não foi programado para imitar, que
limitações de seu corpo, descobrir por si só, as coisas maravilhosas que pode realizar
desenvolvida durante longos anos dentro de um espaço físico (escola); com horário para
entrar e sair, professores explicando o conteúdo das aulas, etc. E esquecemos da nossa
formação educacional que ocorre fora desse ambiente por meio de nossas vivências e
experiências individuais, com o conhecimento transmitido por nossos pais, dentre outras
profissão. Muitas vezes, cotas de empregos ou bolsas escolares são reservadas para
essas pessoas como forma de garantir-lhes a inclusão social. Isso é feito para os
dita democrática.
Fazer valer a Educação Inclusiva nas escolas regulares é uma tarefa árdua
que requer empenho de todos - governos, comunidade escolar, pais, alunos - na luta por
direitos iguais.
instituição escolar, verificamos que, até mais ou menos o final do século XX, o que se
natureza excludente da escola. “Então nós temos escola atendendo a um propósito, que
exclusão social que o povo brasileiro está condenado” (SIQUEIRA apud GUIMARÃES
ressignificação da escola para que esta ofereça realmente educação de qualidade para
que ocorrem no interior dessa “nova escola”. Antes, cabia ao aluno adaptar-se à escola;
agora é ela quem deve modificar seu ambiente e funcionamento para atender ao
(2002, p.90-91):
alunado que reflete a diversidade humana presente numa sociedade plural” (SASSAKI
educação inclusiva está assegurado a todos, mas faz-se necessário buscar coerência
entre o discurso legal e a sua prática nas escolas de ensino regular. “Há que buscar
portadores de deficiências físicas, senão todos, foram (e são) excluídos das aulas de
Educação Física. Poucas pessoas sabem que “A participação nessa aula pode trazer
1997).
Entretanto, para que esses alunos participem das aulas são necessários alguns
cuidados:
desses alunos nas aulas de Educação Física. A aula não precisa ser estruturada em
função desses alunos, mas o professor pode ser flexível, dinamizando as atividades e
atitude dos alunos diante dessas diferenças é algo que se construirá na convivência e
dependerá da postura que o professor adotar. É possível integrar essas crianças especiais
ao grupo, respeitando suas limitações e ao mesmo tempo dar oportunidades para que
e de respeito próprio por parte do deficiente e a convivência com ele pode possibilitar a
importante para a formação plena da criança por meio de sua ampla gama de atividades
respeito e a valorização desse alunado exigem que a escola (re) defina sua
parte importante na inclusão social. “Não basta simplesmente colocar o aluno na escola
ressignificação de seus sentidos e objetivos para melhor lidar com a diversidade de seus
alunos. Esse professor deve estar preparado para lidar com alunos mais críticos e até
sempre dinamizar suas aulas e procurar motivar seus alunos para que não desenvolvam
valorizar suas aulas e acabar definitivamente com a imagem de que a Educação Física
Escolar só serve para distrair os alunos, deixando-os à vontade para correr, descarregar
destaque e adaptar a disciplina aos novos tempos da educação para que possa contribuir
CONCLUSÃO
Mais do que rever a trajetória histórica e a evolução da Educação Física no
Brasil desde sua implantação até hoje, a intenção deste trabalho foi atribuir a essa
sofridas pela área ao longo dos séculos. E, mais que isso, entender seu papel como meio
como matéria de ensino - tem suas raízes na Europa de fins do século XVIII e início do
popular e sem qualquer relação com a instituição escolar” (SOARES, 1996, p.8). Mas
com a criação dos chamados Sistemas Nacionais de Ensino, a Ginástica, primeiro nome
dado à Educação Física, foi introduzida na escola como conteúdo obrigatório, ela
pelo Estado, a partir das reformas educacionais de 1968 (Lei 5.540) e 1971 (Lei 5.692 e
tem assento na escola através de leis e decretos. A literatura mostra ser esse um dos
principais motivos para uma das características que ela manteve por um longo período
de tempo: desenvolver sua prática em função das necessidades do Estado de acordo com
sofridas pela Educação Física Brasileira ao longo dos séculos desde sua implantação em
Hoje,
Educação Física, vencendo a batalha pela sua melhoria, pelo reconhecimento de sua
Devemos lutar pela reconquista do espaço da Educação Física, pela descoberta de nossa
função no processo de ensino e aprendizagem dos alunos para sua formação plena como
disciplina educativa lida com o aluno como um ser integral e trabalha entre outras
conviver consigo, com o outro e com o meio ambiente. É por meio de vivências
et al.)
atuação de professores desta área, a fim de que haja condições de, modificando a prática
desta disciplina, esta renasça a partir de uma nova visão acerca das atividades corporais
importância e o alcance cultural de sua prática, pois assim, terá condições de realizar um
sejam intelectuais ou motrizes, mas também, a formação estética, política e ética dos
BRACHT, Valter. A Gênese do Esporte Moderno. 21. ed. rev. Rio Grande do Sul:
Unijuí, 2003.
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Brasil (1968-1984): História e Historiografia. Educação e Pesquisa, São Paulo, 2002,
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OLIVEIRA, Vitor Marinho de. Consenso e Conflito da Educação Física Brasileira. São
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PAIANO, Ronê. Possibilidades de Orientação da Prática Pedagógica do Professor de
Educação Física: Situações de Desprazer na Opinião dos Alunos. Revista Mackenzie de
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VAGO, Tarcísio Mauro. Início e Fim do Século XX: Maneiras de Fazer a Educação
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http://www.scielo.br/pdf/ccedes. Acessado em: 20 out. 2007.