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1)
Engenheiro de Materiais, Doutor em Ciência e Engenharia de Materiais, Professor da Universidade
Nove de Julho. São Paulo, SP, Brasil, e-mail: rafael.mesquita@uninove.br.
2)
Engenheiro Metalurgista, Mestre em Engenharia Metalúrgica, Supervisor de Assessoria Técnica da
Villares Metals S. A., Sumaré - SP, Brasil, e-mail: paulo.haddad@villaresmetals.com.br.
1. INTRODUÇÃO
Apesar de presentes na maioria das aplicações industriais, os aços
ferramenta não são tão bem definidos como os aços comuns ao carbono ou baixa
liga. Mesmo assim, existem referências interessantes que reúnem os conhecimentos
destes materiais, como o livro de Roberts [1].
Uma definição interessante de aços ferramenta é apresentada pela seção
específica do manual da “Iron and Steel Society” [2], sendo definidos os aços
ferramenta como: “aços ao carbono, aços liga ou aços rápido, capazes de serem
temperados e revenidos. Geralmente são fundidos em fornos elétricos e produzidos
sob certas práticas para corresponder a especificações especiais. Podem ser
usados em certas ferramentas manuais ou de fixação mecânica em corte e
conformação de materiais na temperatura ambiente ou em elevadas temperaturas.
Aços ferramenta são também empregados numa vasta variedade de outras
aplicações onde a resistência ao desgaste, tenacidade, resistência mecânica e
outras propriedades são selecionadas para ótimo desempenho”. Por esta definição,
três características principais estão presentes: i) a aplicação em processos de corte
e conformação; ii) as características especiais de fabricação e iii) os aspectos de
tratamento térmico.
Apesar de não constar nesta definição, um aspecto interessante dos aços
ferramenta, que também os difere dos materiais estruturais, é que normalmente tais
materiais são empregados até que ocorram falhas que levem a suspensão de uso
da ferramenta [3]. Portanto, torna-se importante avaliar as principais solicitações e
propriedades desses materiais.
No presente trabalho, as várias formas de solicitação e como estas promovem
a falha da ferramenta são discutidas. O foco principal é mantido nas aplicação de
conformação a quente, em processos de forjamento de ligas ferrosas. Assim, são
discutidos vários exemplos de falha e sua relação com as propriedades dos aços
ferramenta. Em especial, são destacadas as possibilidades para retardamento das
falhas, em termos dos aços empregados, tratamentos térmicos e do próprio
processo de forjamento, no qual as ferramentas são empregadas.
a)
b)
Figura 1: Exemplo de perda em dureza em uma ferramenta de trabalho a quente (forjamento de
precisão) após fim de vida. Fonte: ref. [7].
*
O aço DIN 1.2365 também se destaca neste sentido, porém sua aplicação é mais limitada que o
VHSUPER, devido à menor tenacidade e temperabilidade, inviabilizando as aplicações em matrizes
de uso geral
47
Temperatura = 600ºC
45
DIN 1.2365
43
Dureza (HRC)
41 VHSUPER
TENAX 300
39
37 H11
35 H13
33
0,1 1 10 100
Tempo (h)
Figura 2: Curvas típicas de perda em dureza, para varios aços ferramenta de trabalho a quente,
obtida da referência [8].
Figura 3: Corpos de prova submetidos à fadiga térmica [9], em repetidos aquecimentos a 700ºC.
Observar a redução de dureza nas regiões da superfície.
DANO
Figura 4: Punção empregado em forjamento progressivo (Hatebur), com dano por desgaste nas
regiões de trabalho devido ao elevado aquecimento. Fonte: ref. [3].
b)
Figura 6: Exemplos de ferramentas com falha prematura por fragilização dos contornos de grão
austeníticos, após a têmpera. As micrestruturas com contornos de grão marcados é mostrada junto
às fotos das ferramentas. Fonte: ref. [3].
400 360 J
Energia de Impacto sem
1990 (J).
350
Impact Energy
300
UnnotchedNADCA
250
200
150
entalhe,
100 60 J
50 ,
0
HeatAntes
Treated
do Tool Sample,
Apósafter
(as-received) annealing and new
Retratamento retratamento
heat treating
a) b)
Figura 7: a) estudo de tenacidade em impacto, da matriz mostrada na Figura 6a, antes e após
retratamento. b) análise da fratura antes do retratamento, por microscopia eletrônica de varredura,
mostrando o aspecto intergranular, resultante da fragilização dos contornos de grão. Fonte: ref. [3].
a)
b)
1400
Perfil de dureza inicial
1200
Região de Trabalho
Região de trabalho
Região não aquecida
1000
Dureza (HV 0.2)
800
600
400
200
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
c)
Figura 8: a) matriz para forjamento de válvulas de motores, após a falha. b) análise microestrutural
das regiões da trincas. c) perfil de dureza das regiões aquecidas (região de trabalho) e não
aquecidas (perfil inicial). Fonte: ref. [3].
5. CONCLUSÕES
- Dentre as várias propriedades dos aços ferramenta, a tenacidade e a resistência
a quente são as mais importantes, relacionadas à maioria das análises de falha
observadas no presente trabalho.
- Apesar de serem propriedades conhecidas como “do aço ferramenta”, a
tenacidade e a resistência a quente são consideravelmente influenciadas pelas
condições de uso e tratamento térmico das ferramentas.
- O aquecimento em trabalho mostra efeito importante para a vida útil de muitas
ferramentas de forjamento a quente. Em algumas dessas situações, o emprego
de aços de superior resistência ao revenido pode promover melhorias de vida
útil. Em outras, a mudança de processo é necessária, para reduzir o
aquecimento das regiões de trabalho.
- Falhas também podem ocorrer por menor tenacidade, promovida por alterações
microestruturais durante o uso ou tratamento térmico da ferramenta. Nestes
casos, a análise dos fatores causadores é essencial para melhoria da tenacidade
e aumento da vida útil.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] ROBERTS, G.; KRAUSS, G.; KENNEDY, R. Tool Steels. 5. ed. Materials Park, Ohio: ASM
International, 1998. p. 1-123 e p. 219-250.
[2] Tool Steels, Steel Products Manual, Iron and Steel Society, Apr. 1988. 81p.
[3] MESQUITA, R. A. ; BARBOSA, C. A. . Failure Analysis in Tool Steels, p. 311-355. In:
CANALE, L. C. F. ; MESQUITA, R. A. ; TOTTEN, G. E. Failure Analysis of Heat Treated
Steel Components. Ohio: American Society for Metals, 2008. v. 1
[4] BYRER, T. G.; SEMIATIN, A. L.; VOLLMER, D. C. Forging Handbook. Cleveland, Ohio:
ASM, 1985. p. 195-217.
[5] BERNS, H. Strength and Toughness of Hot Working Tool Steels. In: KRAUSS, G.;
NORDBERG, H.; Tool Materials for Molds and Dies: Application and Performance. Ilinois,
EUA: The Colorado School of Mines Press, 1987. p. 45-65
[6] DIETER, G. E. Metalurgia Mecânica. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Dois, 1981. p.
166-212 e p. 378-386.
[7] MESQUITA, R. A. ; HADDAD, P. T. ; BARBOSA, C. A. . A Aplicação do Aço VHSUPER em
Matrizes de Forjamento. Anais do 28 Senafor e 12 Conferência Internacional de Forjamento,
2008, p. 49-62.
[8] MESQUITA, R. A.; BARBOSA, C. A. Novo aço ferramenta de alta resistência a quente.
Tecnologia em Metalurgia e Materiais, São Paulo, v. 3, p. 63-68, 2007.
[9] SJÖSTRÖM, J; BERGSTRÖM, J. Thermal fatigue testing of chromium martensitic hot-work
tool steel after different austenitizing treatments. Journal of Materials Processing Technology,
v. 153–154, p. 1089 -1096. 2004
[10] NADCA no 229/2006 – Special Quality Die Steel & Heat Treatment Acceptance Criteria for
Die Casting Dies, Ed. North American Die Casting Association, Holbrook Wheeling, Ilinois,
2006, 33p.
[11] K. –E. Thelning, Steel and Its Heat Treating, 2nd ed. Butterworths, London, 1984.